UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
ESTUDOS MORFOMÉTRICOS
MORFOMÉTRICO DE Apis
pis mellifera EM
DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DA PARAÍBA
IVAN DE OLIVEIRA LIMA JÚNIOR
Zootecnista
AREIA-PB
DEZEMBRO de 2009
II
IVAN DE OLIVEIRA LIMA JÚNIOR
ESTUDOS MORFOMÉTRICOS DE Apis mellifera EM
DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DA PARAÍBA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Zootecnia da
Universidade Federal da Paraíba como
parte das exigências para a obtenção do
título de mestre em Zootecnia.
Comitê de orientação:
Profa. Dra. Adriana Evangelista Rodrigues – Orientador principal
Prof. Dr. George Rodrigo Beltrão da Cruz
Prof. Dr. Celso Feitosa Martins
AREIA-PB
DEZEMBRO DE 2009
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
L732e
Lima Júnior, Ivan de Oliveira.
Estudos morfométricos de Apis mellifera em diferentes regiões do
estado da Paraíba.- Areia, PB: CCA/UFPB, 2010.
63 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade
Federal da Paraíba, Areia, 2010.
Bibliografia.
Orientadora: Adriana Evangelista Rodrigues.
1. Abelha (Apis mellifera) 2. Apis mellifera – características vegetativa – Paraíba 3.
Apism mellifera – variáveis morfométricas - Paraíba I. Rodrigues, Adriana Evangelista
(Orientadora) II. Título.
UFPB/BSAR
CDU: 638.12(813.3)
III
IV
IVAN DE OLIVEIRA LIMA JÚNIOR
Dedicação é a chave da porta do próprio objetivo de vida.
Conhecimento é o fruto da dedicação desdenhada ao longo da nossa
existência.
Sabedoria é saber colocar em prática os conhecimentos em pró da
humanidade.
Humildade é ter a sabedoria de saber que todos os dias têm algo a aprender.
Inteligência é ter a humildade de transmitir a sabedoria.
Lucidez é ter o conhecimento que a dedicação é o único caminho para alcançar
a realização.
Ser pesquisador é ter a lucidez e a inteligência de que sem amor, não existe
sentido.
Ivan de Oliveira Lima Júnior
V
Ofereço
Àqueles que acreditam na capacidade sem limites e que creram em mim sem
pensar nas dificuldades e sim no poder divino que tem como resultado a
transposição destas. Obrigado pela confiança incondicional
Dedico
A todos que me auxiliaram direta ou indiretamente para que mais essa etapa
da minha vida e porque não dizer mais esse sonho, se concretizasse, porém a
algumas pessoas em especial (meus pais, minha esposa, meu filho e meus
amigos).
VI
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois ele sempre esteve ao meu lado
e me guiou pelos caminhos da vida nunca me deixando sozinho.
Agradeço aos meus pais seu Ivan e dona Eva pelo eterno apoio. Sou
inenarravelmente grato aos senhores por isso.
Ao meu irmão Ítalo que apesar de ser chato eu sei que ele tem um bom
coração e com sua chatice só tem um objetivo: me ajudar sempre.
À minha esposa Ingrid pela paciência, compreensão e força que sempre
teve comigo, que você continue sempre sendo essa pessoa tão batalhadora,
verdadeira, objetiva, persistente e tenha um pouquinho mais de paciência com
esse pobre mortal que vive sempre ao seu lado e que te ama tanto, chamado
Ivan Júnior.
Ao meu filho Ícaro pela preocupação comigo nos momentos que mais
exigiram fisicamente e mentalmente de mim durante a Pós Graduação. Seus
gestos me passaram uma força muito intensa que só fez reforçar meu
pensamento de que somos capazes de tudo, basta querermos.
Ao Instituto Nacional do Semiárido (INSA), principalmente na pessoa do
Diretor Dr. Roberto Germano Costa pela oportunidade ímpar que foi concedida.
Sou grato pelo resto da minha vida por essa atitude.
À minha orientadora Profa. Dra. Adriana Evangelista Rodrigues, pela
paciência, pelos ensinamentos passados e pelo incondicional apoio que me foi
dado.
Aos meus colegas do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) Tiago
Ferreira, Andrea Souza, Walter Vasconcelos, Wagner Costa, Ricardo Loiola,
Lenildo Souto, Carlos Ticiano, Paulo Luciano, Anastácio Pereira, Alecsandro
Câmara, Mônica Maria, Geovergue Medeiros, Valéria Araújo, Gabriela
Cordeiro, Leonardo Siqueira e Jucileide Barboza.
Aos amigos da pós graduação: Aldivan, Tiago Tobata, Sidnei, Henrique,
Mariany, Taísa, Ana Paula, Ana Cristina, Márcia, Cleber e Samer.
Ao Professor George Rodrigo Beltrão da Cruz pela paciência, pelos
ensinamentos, pela dedicação, pelos conselhos que foram a mim repassados
durante a realização das análises estatísticas.
Aos funcionários do setor de Apicultura Seu Tuta, Roberto e Josenildo
pela amizade que foi construída ao longo do tempo.
Aos colegas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que formam o
Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA) pelo apoio nos momentos necessários.
Aos Professores da Pós Graduação pela dedicação que têm. Continuem
sempre sendo essa família que é o PPGZ.
VII
Biografia
Ivan de Oliveira Lima Júnior, nasceu no dia 05 de dezembro de 1979 na
cidade de São Caetano do Sul-SP, por motivos de saúde do seu irmão (Ítalo),
sua família foi aconselhada pelos médicos a ir morar numa região de clima
mais quente e seco. Como seu pai “Ivan de Oliveira Lima” é natural da cidade
de Parelhas-RN, toda sua família veio recomeçar do “zero” a vida nessa
cidade. Tiveram todo auxílio da sua avó “Antônia Lima” (in memorian). Seu pai
tinha curso de relojoeiro e logo começou a fazer “bicos”, sendo isso a única
fonte de renda da família naquele momento.
Ivan estudou o primário na Escola Estadual Barão do Rio Branco, o
ensino fundamental no Colégio Camilo Toscano (CCT) em Currais Novos-RN e
o ensino médio na Cooperativa Educacional de Parelhas (COEPAR). Em 1998
saiu da casa dos pais para estudar, foi morar na CEC (Casa do Estudante de
Caicó) em Caicó-RN, onde morou durante 1 ano. Nesse período fez cursinho
no Colégio Diocesano Seridoense (CDS). No ano de 1999 foi aprovado no
vestibular de Zootecnia pela UFRN em Natal-RN. No período da graduação,
teve seu primeiro contato com apicultura, através do Professor Gerbson
Mendonça. Ao término da sua graduação, foi morar na cidade de Acaraú-CE
onde ficou durante 6 meses atuando como zootecnista na área de
Carcinicultura
pela
empresa
“Biotek
Marine”.
Ao
voltar
de
Acaraú
desempregado, montou um apiário no sítio de sua família em Parelhas. No final
de 2005 fez seleção para bolsista do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), na
qual foi um dos dez selecionados entre quase trezentos inscritos. Passadas as
fases da seleção, logo ele assumiu a responsabilidade técnica do setor de
apicultura e meliponicultura do INSA. Na gestão do Professor Roberto
Germano Costa como Diretor do INSA, foi dada uma oportunidade ímpar na
sua vida, a de fazer pós graduação a nível de mestrado sem se desligar do
Instituto.
VIII
Sumário
Resumo
12
Abstract
13
Capítulo I
14
1.Evolução das abelhas
15
1.1.Superfamília apoidea
17
1.2.Espécies atuais de Apis
17
1.3. Morfologia e técnicas biométricas em Apis mellifera
18
2. Descrição das áreas de coleta
24
2.1. O estado da Paraíba
24
2.2. As mesorregiões do Estado da Paraíba
26
2.2.1. Mata paraibana
26
2.2.2. Borborema
27
2.2.3. Agreste paraibano
28
2.2.4. Sertão paraibano
29
Referências
31
Capítulo II
34
Resumo
35
Abstract
36
Introdução
37
Material e métodos
38
Resultados e discussão
42
Conclusões
55
Referências
56
Anexos
58
IX
Lista de tabelas
Tabela 1. Descrição dos municípios amostrados.
39
Tabela 2. Média, desvio padrão, coeficiente de variação e valores
máximo e mínimo para as vinte variáveis morfométricas estudadas em
quatro mesorregiões do Estado da Paraíba.
42
Tabela 3. Espécies botânicas encontradas no município de Areia-PB
44
Tabela 4. Coeficiente de correlação entre as oito variáveis selecionadas
para determinação do padrão morfométrico de abelhas (Apis mellifera)
do Estado da Paraíba.
50
Tabela 5. Divisão das populações morfometricamente distintas do
Estado da Paraíba.
51
Tabela 6. Média, desvio padrão e coeficiente de variação das variáveis
CF, CT, CAA, LAA, CAP e LAP dos quatro grupos e abelhas (Apis
mellifera) do Estado da Paraíba.
52
Tabela 7. Distribuição da origem das 270 abelhas pertencentes às
quatro populações morfometricamente distintas do Estado da Paraíba.
53
Tabela 8. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Areia
59
Tabela 9. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Catolé do Rocha
59
Tabela 10. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Cuité
59
Tabela 11. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Ingá
60
Tabela 12. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Jacaraú
60
Tabela 13. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Mogeiro
60
X
Tabela 14. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Princesa Isabel
61
Tabela 15. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de Patos
61
Tabela 16. Coeficientes de correlação das principais variáveis
morfométricas das abelhas do município de São João do Cariri
61
Tabela 17. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das
medidas morfométricas das abelhas da população 1.
62
Tabela 18. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das
medidas morfométricas das abelhas da população 2.
62
Tabela 19. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das
medidas morfométricas das abelhas da população 3.
62
Tabela 20. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das
medidas morfométricas das abelhas da população 4.
62
XI
Lista de figuras
Figura 1. Lâmina com as partes das abelhas a serem tomadas as
medidas morfométricas
41
Figura 2. Representação das médias e doa escores obtidos através das
variáveis canônicas entre os municípios amostrados no Estado
da Paraíba
55
12
ESTUDOS MORFOMÉTRICOS DE Apis mellifera EM DIFERENTES
REGIÕES DO ESTADO DA PARAÍBA
Resumo- Estudos climáticos e de vegetação realizados por pesquisadores
no Nordeste, mostram que essa parte do Brasil não apresenta uniformidade nas
suas condições físicas formando ambientes ecológicos com transições gradativas
acentuadas. O estado da Paraíba apresenta relevo e vegetação diversificados
nas diferentes unidades geomorfológicas ocorrentes e essas condições são
favoráveis às atividades das abelhas nas diferentes épocas do ano, garantindo
boa produção de mel. Cada região com suas condições climáticas típicas e flora
diversificada, apresenta abelhas adaptadas com características morfométricas
diferentes. Os caracteres morfológicos têm sido muito utilizados na caracterização
de diferentes raças e na identificação da formação de subespécies de abelhas
melíferas. Com essa pesquisa objetivou-se caracterizar morfometricamente
subespécies de abelhas Apis mellifera originárias de nove municípios em
diferentes regiões do estado da Paraíba. As medidas morfométricas tomadas
foram: comprimento da asa anterior (CAA), largura da asa anterior (LAA); ângulos
da asa anterior B4, E9, G18, J16, K19, N23, O26, distância b (Db); comprimento
da asa posterior (CAP), largura da asa posterior (LAP), distância L2 (DL2), L5
(DL5), ângulo W3; comprimento do fêmur (CF); comprimento da tíbia (CT);
comprimento do tarso (CTS), largura do tarso (LTS) e comprimento da probóscide
(CP). O procedimento estatístico utilizado foi o de análises multivariadas,
utilizando o software SAS (1996). Os resultados sugerem a existência de quatro
grupos distintos de abelhas concluindo-se que as características climáticas
influenciam diretamente nas características morfométricas das abelhas.
Palavras-chave: Apis, características vegetativas, variáveis morfométricas
13
Morphometric studies of the Apis mellifera in different regions of the state of
Paraíba
Abstract- climatic and vegetation studies conducted by researchers in the
Northeast show that this part of Brazil does not have uniformity in their physical
form ecological environments with gradual transitions marked. The state of
Paraiba has diverse topography and vegetation in different geomorphological units
occurring and these are favorable conditions for the activities of bees in different
seasons, ensuring good honey production. Each region with its typical climatic
conditions and diverse flora, has bee adapted with different morphometric
characteristics. Morphological characters have long been used in the
characterization of different races and in identifying the formation of subspecies of
honeybees. This research aimed to characterize morphometrically subspecies of
Apis mellifera originating from nine districts in different regions of the state of
Paraíba. The morphometric measurements were taken: length of fore wing (CAA),
width of the fore wing (LAA); angles of the fore wing B4, E9, G18, J16, K19, N23,
O26, distance b (Db), length of wing back (CAP), width of the rear wing (LAP),
distance L2 (DL2), L5 (DL5), angle W3; femur length (FL), tibia length (TL), length
of tarsus (CTS), width of the tarsus (LTS) and length of proboscis (CP). The
statistical procedure was used for multivariate analysis using SAS software (1996).
The results suggest the existence of four distinct groups of bees and it was
concluded that the climatic characteristics directly influence the morphometric
characteristics of bees.
Keywords: Apis, vegetative characteristics, variables morphometrics
14
CAPÍTULO I
Referencial Teórico
Interações morfométricas de Apis mellifera com diferentes características
de vegetação do Estado da Paraíba
15
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ABELHAS
Abelhas, em sua essência, são vespas que abandonaram a predação em
favor do aprovisionamento de seus ninhos com néctar e pólen. A maioria das
vespas com ferrão, tidas como abelhas, atacam outros insetos e aranhas para
obter comida para as larvas. Os adultos, porém, se alimentam frequentemente do
néctar das flores, e seu aparelho bucal é normalmente adaptado para sugar e
lamber. Acredita-se que as abelhas, tendo como antepassada a vespa, evoluíram
seu aparelho bucal para serem capazes de ingerir néctar ao invés de caçar e
começaram a coletar pólen para alimentar suas crias (Winston, 2003).
A abelha melífera europeia da espécie Apis mellifera L., é pertencente à
família Apidae, cujos restos fósseis são conhecidos de depósitos de âmbar do
mar Báltico formados há 35 milhões de anos e que se estende desde o Himalaia à
Europa e África. Dentro da família Apidae se distinguem três subfamílias: Apinae,
Meliponinae e Bombinae. O único gênero das Apinae é Apis, cujas abelhas
formam colônias permanentes onde armazenam o alimento e o transformam em
produtos da colmeia. Além da Apis mellifera, outras espécies criadas
racionalmente são: Apis cerana, que vivem nas montanhas da China, Japão e
ilhas adjacentes; Apis dorsata, abelhas grandes da Índia e Apis florea, abelha
pequena da Índia. As duas últimas não constroem ninhos fechados (Lain &
Ferreras, 2000). Segundo Padilla et al. (1992a) a abelha Apis mellifera teve
origem nos trópicos e subtrópicos da África migrando depois para a Ásia ocidental
e Europa. Ocupa hoje regiões de diferentes temperaturas com condições
climáticas e flora diversificada, indo desde o extremo sul da África até os limites
sul da Europa e sul da Escandinávia, sendo que em cada região houve
adaptações dos indivíduos desta espécie. Ela se caracteriza por possuir de 10-11
16
mm de comprimento, sendo a abelha mais conhecida e utilizada comercialmente.
As abelhas africanas Apis mellifera scutellata foram introduzidas no Brasil
em 1956. Cerca de um ano depois, 26 enxames com suas respectivas rainhas,
escaparam e cruzaram com as demais subespécies de abelhas melíferas
européias aqui introduzidas no século XIX: a italiana Apis mellifera ligustica, a
alemã Apis mellifera mellifera e a austríaca Apis mellifera carnica. Com isso
surgiram
populações
polí-hibridas
denominadas
africanizadas,
com
predominância de características das abelhas africanas, tais como a grande
capacidade de enxamear e a rusticidade (Kerr, 1967).
A alta capacidade de defesa, de adaptação a ambientes inóspitos e a
capacidade de reprodução com ciclo de vida mais curto que as demais
subespécies aqui existentes, são características das africanizadas que muito se
assemelham às das abelhas africanas nativas. Tais características permitem a
ambas uma rápida ampliação da biomassa e significativo aumento populacional
(Gonçalves, 1994). A conjunção de todos esses fatores contribuiu para que as
abelhas africanizadas atualmente ocupem quase todo continente americano, do
paralelo 33 ao sul da Argentina até o sudeste de Nevada, Estados Unidos,
percorrendo cerca de 110 Km/ano (Gonçalves, 2001; Krebs, 2001).
As abelhas pertencem à seguinte classificação zoológica:
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Ordem: Hymenoptera
Subordem: Apócrita
Superfamília: Apoidea
17
Família: Apidae
Segundo Gulan e Cranston (2008) todos os tipos de ecossistemas naturais e
modificados, terrestres e aquáticos, sustentam comunidades de insetos que
apresentam uma desconcertante variedade de estilos de vida, formas e funções.
1.1. Superfamília Apoidea
As famílias dos Apoídeos se caracterizam por apresentarem estruturas
anatômicas minuciosas, nesta família estão inclusas as abelhas melíferas. A
nutrição destas se dá através do néctar e pólen das flores, de onde retiram
carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas e ácidos graxos. Em geral, as
espécies sociais se diferenciam das solitárias e das parasitas pela conformação
das pernas posteriores, que possuem uma estrutura especial para recolher
alimento e resina das plantas, estrutura essa chamada corbícula (Carrera, 1980).
1.2. Espécies atuais de Apis
As abelhas do gênero Apis estão incluídas na ordem Hymenoptera,
subordem Aculeados-apócridos, superfamília Apoidea, família Apidae, subfamília
Apinae, tribo Apini (Ravazzi, 2004). Segundo Tarín (1999) a nomenclatura e a
sistemática deste gênero são complexas e têm sido objeto de constantes estudos.
Apinae é a subfamília na qual se incluem as seis espécies do gênero Apis
(florea, dorsata, cerana, adreniformis, laboriosa e koschevnikovi) (Carrera, 1980;
Padilla et al, 1992a). A diferença entre o tamanho dos indivíduos e a arquitetura
do ninho entre as espécies, subdivide a tribo em vários gêneros ou subgêneros
(Ruttner, 1988).
A abelha doméstica ou abelha do mel foi descrita por Linnaeus em 1758. A
18
diversidade dentro do gênero Apis se reflete na morfologia, no comportamento e
na distribuição geográfica de cada espécie (Ruttner 1988).
A Apis florea e a Apis andreniformes, também conhecidas como abelhasanãs da Ásia, possuem cerca de 7 mm de comprimento, são eficientes
polinizadoras e constroem ninhos com um único favo ao ar livre, não
sobrevivendo confinadas. A Apis dorsata são abelhas gigantes do Sul da Ásia e
da Indonésia, com cerca de 17-19 mm de comprimento, constroem só um favo,
possuem grande capacidade de defesa. Apesar da grande variação no tamanho e
comportamento, a Apis cerana é muito semelhante à Apis mellifera, podendo
nidificar em locais fechados, em ninhos pequenos, com vários favos paralelos, no
entanto se defendem de forma mais eficaz que a Apis mellifera e enxameiam com
frequência. A Apis laboriosa ou gigante é uma espécie de abelha maior que a
Apis dorsata, com coloração escura e pêlos longos. A Apis koschevnikovi também
pertence a esse grupo gigante (Couto, 2002).
Dentre as subespécies europeias, a Apis mellifera mellifera se estendeu pela
Península Ibérica, a Apis mellifera ligustica pela Itália e a Apis mellifera carnica
pelo sul dos Balcanes (Ruttner, 1988). Como representante das abelhas
africanas, a Apis mellifera scutellata originária da Savana da África Oriental,
central e equatorial, considerada altamente defensiva, mudou o desenvolvimento
natural das outras raças existentes até então (Padilla et al, 1992a).
1.3. Morfologia e técnicas biométricas em Apis mellifera
A palavra morfometria é formada pelos radicais gregos – morphé e metrikós
que significam respectivamente “a forma” e “o ato de medir”, ou processo de
estabelecer dimensões, ou seja, atividade de medir estruturas anatômicas, cuja
19
função é tornar mais objetiva e precisa a coleta, a apresentação e a análise dos
resultados em pesquisas, permitindo ainda se relacionar as diferentes estruturas
anatômicas com as funções (Texeira et al., 2005).
Biometria
é
o
estudo
estatístico
das
características
físicas
ou
comportamentais dos seres vivos (Wikipédia, 2006). Para as técnicas biométricas
são medidas algumas partes das abelhas, escolhidas de acordo com o objetivo do
estudo. Para Carreira (1980) o mesotórax é a parte mais desenvolvida do tórax;
as asas são membranosas, as anteriores sempre maiores que as posteriores. Na
margem anterior das asas posteriores existem minúsculas estruturas em forma de
ganchos, chamadas hámulos, que se prendem à margem posterior das asas
anteriores. Nas pernas, o trocanter pode ter um ou dois artículos; pernas
posteriores as vezes, com a tíbia e o primeiro tarso bastante alargados,
adaptados a recolher pólen das flores. A tíbia anterior possui uma estrutura
flexível que se junta ao primeiro artículo tarsal que tem como função a
higienização das antenas.
A abelha possui seis pernas, localizando-se um par em cada segmento
(protórax, mesotórax e metatórax), o terceiro par possui na parte externa das
tíbias uma depressão (corbícula) empregada no transporte de pólen. Na borda
inferior existem pêlos (pente de pólen) e no tarso, em sua parte interna, 10 filas de
pêlos denominada de escova de pólen, utilizada para coleta deste (Padilla Alvarez
& Cuesta Lopéz, 2003).
A probóscide é presa por dois tendões na base bucal; as maxilas e as
estruturas labiais centrais são articuladas de tal forma que a probóscide inteira
quando em repouso é recolhida e toma uma forma que lembra o formato da letra
Z (Winston, 2003). A glossa, recoberta de pêlos é utilizada na coleta e ingestão de
20
líquidos, coleta de pólen, desidratação do néctar e na evaporação da água (para o
controle da temperatura do ninho), troca de alimentos e dispersão dos feromônios
da rainha (Couto, 2002). De acordo com Wiese (1993), as abelhas com
prosbóscide mais longa conseguem retirar o néctar das flores com nectários mais
profundos. O comprimento da prosbóscide varia de 4,5 mm a 8,5 mm
dependendo da raça ou da linhagem da abelha melífera.(Wiese, 1993; Itagiba,
1997).
De acordo com Lara (1992) as asas podem ser divididas em diversas áreas
ou regiões: Articular (Ar) é a região da base; Ala (Al) também denominada de
remígio é a porção distal da asa, onde se encontra a maioria das nervuras;
Cubital (Cu) corresponde à região mediana e distal da asa; Anal ou vanal (An)
situa-se no bordo interno da asa, entre a área cubital e jugal.
As asas contêm veias, que não só fortalecem como transportam a hemolinfa.
Possuem tubos de respiração e nervos que se estendem até as extremidades
(Winston, 2003). Segundo Lara (1992) as nervuras podem ser longitudinais e
transversais e sua presença ou posição, bem como as células por elas formadas,
podem classificar algumas ordens de insetos. Ruttner (1988) afirma que as
venações são fontes ricas para análise genética e taxonômica.
O aspecto mais importante da biologia da abelha é a relação entre a forma e
a função. Segundo Ruttner (1998) isto quer dizer que, o tamanho da prosbóscide
por exemplo, está diretamente relacionado à profundidade da corola da flor que
poderá ser visitada e isso poderá refletir na produção da colônia.
É difícil fazer uma identificação precisa das abelhas africanizadas, com base
em inspeção visual ou em indicadores taxonômicos convencionais (Abramson &
Aquino, 2002). Os aspectos morfológicos têm sido muito empregados na
21
caracterização das diferentes raças de abelhas.
Testando uma hipótese de processo de adaptação de uma espécie em um
novo ambiente Oliveira-Jr et al. (2000) realizaram análises morfométricas em
amostras de colônias de abelhas africanizadas e em amostras da população.
Suas análises mostraram que as colônias que mais se desenvolveram são
formadas por indivíduos mais próximos da média da população quanto às
características morfológicas.
Padilla Alvarez et al. (1998), realizaram estudos morfológicos com abelhas
operárias procedentes de 49 colmeias localizadas em quatro ilhas do Arquipélago
das Canárias. Foram analisadas 18 características morfológicas, dentre elas:
comprimento da probóscide, comprimento do fêmur, comprimento da tíbia, largura
do metatarso e distância de a e b. Os mesmos concluíram que as abelhas de
Gran Canária e Tenerife pertencem ao mesmo grupo. Os animais de La Gomera
constituem um grupo próximo ao de Gran Canario e Tenerife e as abelhas de La
Palma formaram um grupo independente. Também compararam os dados obtidos
com os procedentes de colmeias situadas no sul da Península Ibérica e ao Norte
da África e concluíram que as abelhas do norte da África constituem um grupo
independente e que os animais do sul da Península se incluem no grupo de La
Palma.
Realizando estudos genéticos em abelhas africanizadas provenientes da
província de Yucatan, México, combinando análises morfológicas, enzimáticas e
DNAmt. Quezada-Euán (2000) obteve resultados que mostraram que as colônias
tiveram graus variados de associação morfológica entre europeias e africanas,
sugerindo que tamanho da população, as condições ambientais e características
de estabelecimento da população proveu oportunidades quantitativas e
22
qualitativas para o ingresso de genes europeus na população, e assim, melhor
explica a composição genética presente nas abelhas africanizadas do sudeste do
México.
Tilde et al. (2000), usando 39 características morfométricas estudaram a
diversidade de Apis cerana nas Filipinas e os dados foram analisados por meio de
estatística de fator discriminante e análise de agrupamento. O fluxo de gene
paterno de abelhas africanizadas tinha acontecido na população europeia
residente, mas o fluxo de gene materno da população de africanizadas na
população local era desprezível. Porém, havia uma troca com ambos os alelos
nucleares africanos (65%) e africanizados mitocondrial (61%) dominando os
genomas de colônias domésticas. Os mesmos autores sugerem que apesar da
estabilidade dos alelos europeus estes correm riscos de extinção.
Analisando a diferenciação de populações de abelhas africanizadas no
contexto de espaço e heterogeneidade ambiental baseado em 10 caracteres
morfológicos medidos em 268 populações Diniz-Filho et al. (2000) encontraram
resultados que mostram que as populações apresentaram unidades evolutivas de
adaptação às condições locais.
Segundo
Padilla
et
al.
(1992b)
as
características
biológicas
e
comportamentais apresentadas pelas abelhas da Península Ibérica são menos
conhecidas que as de outras raças europeias. Diante disto, os mesmos
estudaram
as
características
morfológicas
(comprimento
da
probóscide,
comprimento e largura da asa anterior direita, venação cubital a, venação cubital
b, índice cubital a/b, comprimento e largura da asa posterior direita, comprimento
do fêmur, comprimento da tíbia, comprimento e largura do metatarso,
comprimento do tomentum do 4º tergito e pigmentação do 3º tergito), concluindo
23
que seus resultados coincidem com os descritos para as abelhas A. mellifera
iberica.
Análises multivariadas de características morfométricas de A. cerana
provenientes da região sul do Himalaia foram realizadas por Hepburn et al.
(2001), os quais chegaram à conclusão de que as abelhas diminuem em tamanho
de oeste para leste, mas aumenta em tamanho com altitude crescente.
Características morfológicas de A. cerana provenientes da Província de
Yunnan, China, foram estudadas por Ken et al. (2003) usando métodos
morfométricos. Os resultados mostraram um alto grau de variação que
correlataram a parâmetros geográficos e que as abelhas de áreas de elevadas
altitudes eram claramente maiores e mais escuras.
Em diferentes apiários de Andalusia e das Ilhas Canárias, Castejón (1987),
estudou a influência do gradiente sul sobre as características biométricas das
abelhas para enquadrá-las dentro das raças conhecidas, chegando à conclusão
de que os seus resultados são semelhantes com as medidas da Apis mellifera
iberica.
Sereno et al. (2004) procurando um conjunto de variáveis que facilitasse a
identificação de colônias africanizadas analisaram as seguintes variáveis:
comprimento da probóscide, comprimento e largura da asa anterior, comprimento
e largura da asa posterior, comprimento do fêmur, comprimento da tíbia,
comprimento e largura do tarso, comprimento das venações A e B da asa
anterior, ângulos da asa anterior A4, B4, D7, E9, G18, I 10 e L13. Estudando
nove características corporais, Padilla & Sereno (2005) chegaram à conclusão
que as abelhas oriundas do Brasil formam um grupo morfológico próprio.
Provavelmente pela capacidade adaptativa das abelhas influenciada pela
24
diversidade da flora e das diferentes Unidades Geomórfologicas.
2. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS DE COLETA
2.1. O Estado da Paraíba
A geologia, os fósseis e as características das plantas parecem indicar que o
Nordeste foi úmido nos milênios passados, Duque (2004), e que a erosão
geológica, os sedimentos areníticos e de seixos rolados, as árvores e os animais
fossilizados encontrados nos aluviões, no Curimataú, no cretáceo, e a morfologia
dos vegetais arbóreos e arbustivos são sintomas de uma modificação lenta do
ambiente, que ensejou uma adaptação às condições evolutivas. O mesmo autor
afirma que estudo de solos e da flora e observações meteorológicas do Nordeste
já revelaram que essa parte do Brasil não é uniforme nas suas condições físicas,
mas que há diferenciações em grupos de municípios que formam ambientes
ecológicos com as suas nuances acentuadas.
O Estado da Paraíba possui 223 municípios compreendidos em uma área de
2
56.439,838 km com uma população estimada em 3.641.395, clima tropical úmido
no litoral e chuvas mais abundantes. À medida que se desloca para o interior,
depois da Serra da Borborema, o clima torna-se semiárido e sujeito a estiagens
prolongadas. A economia tem como base a agricultura (cana-de-açúcar
(Saccharum afficinarum), abacaxi (Ananais sativa), mandioca (Manihot esculenta),
milho (Zea mays), feijão (Phaseolus vulgaris)), a indústria (alimentícia, têxtil, sucoalcooleira), a pecuária (de modo mais relevante, caprinos, na região do Cariri) e o
turismo. (IBGE, 2007).
Localiza-se na porção oriental do Nordeste brasileiro, estende-se de leste a
25
oeste entre o Atlântico e a fronteira com o estado do Ceará. A variedade da
paisagem natural resulta de um relevo diversificado, de uma cobertura vegetal
bastante diferenciada e de um clima que varia de quente úmido ao semiárido
(quente-seco), além de uma rede hidrográfica composta de rios perenes e rios
temporários. A essas características climáticas corresponde uma vegetação
diversificada como campos de várzeas, formações florestais (matas e mangues),
cerrados, vegetação de praias, e caatingas (Rodriguez, 2000).
O relevo e a hidrografia mostram-se diversificadas nas diferentes unidades
geomorfológicas ocorrentes. No litoral tropical úmido, dominam unidades
geomorfológicas modeladas em rochas sedimentares (baixada litorânea e baixo
planalto costeiro). A partir do tabuleiro até a região sertaneja, dominam as
unidades
geomorfológicas
modeladas
nas
rochas
cristalinas
(depressão
sublitorânea, depressão do curimataú, depressão do rio Paraíba, maciço da
borborema e pediplano sertanejo), com exceção da bacia do rio do peixe, de
origem sedimentar. Cada uma dessas grandes unidades geomorfológicas é
constituída por formas de relevo diferentes, porque foram trabalhadas por
diferentes processos, atuando sob climas distintos e sobre rochas pouco ou muito
diferenciadas (Carvalho et al. 2002a).
O estado da Paraíba apresenta aptidão para a atividade apícola pela grande
diversidade de espécies vegetais presentes. Comercialmente, os produtos das
abelhas, sejam exóticas ou nativas, têm ganhado cada vez mais espaço nas
indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica, e outras, onde há procura de
produtos de origem natural. Estas indústrias investem na aquisição destes
produtos como base para os produtos industrializados (Evangelista-Rodrigues,
2005).
26
Belchior-Filho (2003) afirma que a apicultura tem se apresentado nos últimos
anos como uma importante alternativa econômica para o meio rural. A flora ainda
diversificada do Nordeste brasileiro associada às condições climáticas favoráveis
e às atividades das abelhas durante todo o ano, asseguram boas produções de
mel.
Diante
das
dificuldades
enfrentadas
pelos
demais
segmentos
da
agropecuária nordestina, a apicultura vem tornando-se interessante para os
produtores e atraindo muitos adeptos.
2.2. As mesorregiões do estado da Paraíba
De acordo com a Enciclopédia dos Municípios Paraibanos (1987) e Carvalho
et al. (2002b), a Paraíba é formada por quatro mesorregiões (Mata paraibana,
Borborema, agreste e Sertão) que podem ser descritos da seguinte forma:
2.2.1. Mata Paraibana
Este trecho compreende a faixa litorânea, predominando o baixo planalto
sedimentar terciário, sendo cortado pelos rios Paraíba do Meio e Mamanguape.
No leito destes rios estão esculpidas amplas várzeas com depósitos argilosos e
ricos materiais orgânicos. O clima é temperado com máxima de 32º C e mínima
de 18º C, com precipitação pluviométrica de março a julho (período chuvoso)
normalmente ao longo do ano. A vegetação é originalmente constituída por uma
mata subcaducifólia com árvores de porte médio de copas largas e irregulares,
como exemplo, o cajueiro (Anacardium occidentale) e a aroeira (Myracrodruon
urundeuva). O Boletim nº 15 (1972) descreve a vegetação que surge logo após as
praias, de porte arbustivo, às vezes arbóreo-arbustivo, de densidade variável,
apresentando com frequência espaços abertos (campos), onde predominam
27
gramíneas. No substrato são encontradas gramíneas, ciperáceas, polipodiáceas,
aráceas, bromeliáceas, orquidáceas e a cactácea coroa-de-frade (Melocactus
violaceus). Duque (2004), adotando as denominações locais com que o povo da
região define o seu meio, descreve como vegetação de mata as faixas chuvosas
que não sofrem secas. Afirma ainda que o nome “mata” provém das condições do
clima e do solo para o crescimento das florestas e que a mata paraibana inclui os
tabuleiros do litoral com as suas areias, cajueiros e mangabeiras (Hancornia
speciosa), os vales úmidos, pantanosos tufosos.
2.2.2. Borborema
Apresenta-se como uma área de depressão entre os tabuleiros terciários a
leste e a escarpa da Borborema a oeste. A sua situação climática é de clima
quente e seco, com máxima de 32º C e mínima 20º C. O período chuvoso é
compreendido entre os meses de abril a agosto. A semiaridez do clima
caracteriza a paisagem. Sobre essas condições desenvolve-se a vegetação de
caatinga das regiões do Cariri e Curimataú paraibanos, destacando-se a jurema
(Mimosa hostilis). Duque (2004) descreve os cariris-velhos como sendo o planalto
paraibano da Boroborema; de Curimataú as glebas arenosas, intercaladas entre
as serras, os cariris-velhos e o agreste de esperança. De acordo com o mesmo
autor ecologicamente os cariris-velhos são uma caatinga alta (altitude de 400 a
600 m) composta de espécies espinhentas, de pequeno porte de caules duros
(exceto as cactáceas), unidas, densas ou fechadas, onde o chão é coberto de
macambiras
(Bromelia
laciniosa),
de
caroás
(Neogiaziovia
varregata)
entremeadas de arbustos lenhosos e retorcidos e o curimataú uma flora
constituída de uma subvegetação de bromélias nativas. A cobertura maior é de
28
vegetais resistentes à seca, principalmente as cactáceas e as árvores, sendo a
vegetação verde somente na fase rápida das chuvas, perdendo as folhas no
período seco e predominando o xerofilismo. Para o presente estudo foi escolhido
o município de São João do cariri
2.2.3. Agreste Paraibano
Sua estrutura contém duas microrregiões: Agreste da Borborema e Brejo
Paraibano, sendo uma área de transição. A primeira microrregião caracteriza-se
por ser uma faixa de transição entre o litoral úmido e o sertão seco. Clima
temperado, com máxima de 28º C e mínima de 20º C e o período de chuvas é de
fevereiro a agosto. A segunda microrregião, o Brejo Paraibano, caracteriza-se
pela porção situada sobre os pontos do planalto da Borborema e suas encostas.
De clima temperado com máximas de 30º C e mínimas de 28º C, estação de
chuvas no período de março a agosto. Sua vegetação é constituída por uma
mata subcaducifólia de transição, com espécies xerófilas de caatinga e algumas
espécies de mata úmida. Segundo o Boletim nº 15 (1972) a mata subcaducifólia
apresenta-se mais clara, menos densas e com porte em torno de 20 m com
caules geralmente retilíneos, claros, de esgalhamento alto e predominam as
árvores de folhas pequenas e na estação seca parte dos indivíduos perdem sua
folhagem devido ao processo de caducifoliedade. Entre as espécies principais
destacam-se o juazeiro (Ziziphus joazeiro), o umbuzeiro (Spondias tuberosa), a
catingueira (Caesalpinia pyramidalis), a aroeira (Myracrodruon urundeuva), o
cedro (Cedrela adorata), o pau-d’arco (Tabebuia serratifolia), etc.
Dentre os municípios alvo desta pesquisa, estão localizados no Agreste, as
cidades de Areia, Cuité, Ingá e Mogeiro.
29
2.2.4. Sertão Paraibano
Divide-se em sete microrregiões devido ao maior ou menor grau de umidade
que caracteriza suas diversas áreas. O Seridó Paraibano é uma área seca e de
solos em condições piores frente às outras de sua proximidade, de clima quente e
seco, com máxima de 35º C e mínima de 18º C e chuvas de março a junho. A
microrregião da Depressão do Alto-Piranhas possui um clima temperado com
máxima de 38º C e mínima de 23º C, chuvas de janeiro a maio, corresponde à
parte mais deprimida dessas planuras, ao longo do eixo de drenagem do Rio
Piranhas. A vegetação é típica da caatinga primitiva, arbustiva esparsa, onde se
destacando-se o marmeleiro (Croton sonderianus), pereiro (Aspidosperma
pyrifolium), jurema preta (Mimosa tenuiflora), angico (Anadenanthera colubrina),
dentre outras. Apresentam como características, as formas comuns de resistência
à carência d’água como sejam: redução da superfície foliar, transformação das
folhas em espinhos, cutículas cerosas nas folhas, órgãos subterrâneos de
reserva, sendo porém a mais importante e comum a quase todas as espécies a
caducidade foliar (Boletim nº 15, 1972).
A microrregião do Sertão de Cajazeiras é a porção sertaneja mais afastada
do litoral, de clima seco e quente, com máxima de 36º C e mínima 20º C, o
período de chuvas ocorre de fevereiro a maio de cada ano. A microrregião da
serra de Texeira é caracterizada por ser uma região composta por serras e com
clima predominantemente seco, quando comparada a outras serras úmidas do
Estado da Paraíba, de clima temperado com máxima de 28º C e mínima de 13º C
e chuvas de março a junho.
Apresentando uma vegetação típica de caatinga. A microrregião de Catolé
do Rocha é o trecho do sertão paraibano que penetra no Rio Grande do Norte,
30
fazendo parte da área deprimida do Sertão de Piranhas, seu clima é temperado
com máxima de 32º C e mínima de 28º C. O período de chuvas é regularmente de
março a julho. A microrregião do Curimataú caracteriza-se como uma das áreas
mais secas da Paraíba, seu clima é quente e seco, com máxima de 30º C e
mínima de 18º C, com chuvas durante o período de fevereiro a junho. Para
finalizar, a microrregião dos Cariris Velhos, corresponde à zona mais seca do
Estado, seu clima é temperado, com máxima de 30º C e mínima de 20º C e seu
período chuvoso é de fevereiro a agosto.
O sertão, Duque (2004), é uma região bem definida, com vegetação típica
que o cobre. A subvegetação, abundante no período de chuva, é composta de
dezenas de espécies de gramíneas, de leguminosas, de malváceas, de
convolvuláceas, formando o primeiro tapete superficial, seguido de outro de
arbustos variados, não densos, e a terceira camada é a das árvores de copas
baixas e galhos curtos.
No Sertão estão as cidades de Catolé do Rocha, Patos e Princesa Isabel
entre as 9 cidades alvo desta pesquisa.
31
Referências
ABRAMSON, C. I. e AQUINO, I. S. As Scanning Eletron Microscopy Atlas of
the Africanized “Killer” Honey Bee (Apis meliifera): a Selection of Photographs for
the General Public. Campina Grande: Artexpress, 2002. 155 p. il.
BELCHIOR-FILHO, V. Apicultura no Rio Grande do Norte e a Importância da
Apimondia. Mensagem Doce, n. 74, 23-24, nov. 2003. São Paulo/SP. Brazil
BOLETIM TÉCNICO nº 15.
I
Levantamento
Exploratório
–
Reconhecimento de Solos do Estado da Paraíba. II Interpretação para o Uso
Agrícola dos Solos do Estado da Paraíba. Brasil, MA. Rio de Janeiro. 1972.
CARRERA, M. 1907 –
Entomologia para você
Carrera – 5 ed. ver. e atualizada – São Paulo: Nobel, 1980.
/
Messias
CARTEJÓN, I. S.
Caracterización Enzimática y Morfológica de
Populaciones de Apis mellifera iberica del Sur de España. Tese (Doutorado) Universidad de Córdoba, 1987.
CARVALHO, M. G. R. F. de; TRAVASSOS, M. do S. B.; MACIEL, V. da S. Relevo
eHidrografia. In: RODRIGUEZ J. L. (Ed.)
Atlas Escolar da Paraíba.
3.
ed. GRAFSET, ©. João Pessoa. 2002a. p. 112.
CARVALHO, M. G. R. F. de; TRAVASSOS, M. do S. B.; MACIEL, V. da S. Clima,
Vegetação e Solo. In: RODRIGUEZ J. L. (Ed.) Atlas Escolar da Paraíba. 3. ed.
GRAFSET, ©. João Pessoa: 2002b. p. 112.
COUTO, R. H. N. Apicultura: manejo e produtos por Regina Helena Nogueira
Couto e Leomam Almeida Couto. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2002. 191 p.
DINIZ-FILHO, J. A. F.; HEPBURN, H. R.; RADLOFF, S.; FUCHS, S. Spatial
Analysis of Morphological Variation in African Honeybees (Apis mellifera L.) on a
Continental Scale. Apidologie, 31, 191–204. 2000. Les Ulis
DUQUE, J. G.
O Nordeste e as lavouras xerófilas. 4. ed.
Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004. 330 p.
EVANGELISTA-RODRIGUES A.; SILVA E. M. S. da; BESERRA E. M. F.;
RODRIGUES M. L. Análise Físico-Química dos Méis das Abelhas Apis mellifera e
Melipona scutellaris Produzidos em Duas Regiões no Estado da Paraíba. Ciência
Rural, v.35, n. 5, set-out, 2005. Santa Maria/RS. Brazil
GONÇALVES, L.S. 1994. A influência do comportamento das abelhas
africanizadas na produção, capacidade de defesa e resistência à doenças. Anais
do I Encontro Sobre Abelhas de Ribeirão Preto; p. 69-79.
GONÇALVES, L.S. 2001. Impactos biológicos causados pela africanização e pela
competição das abelhas africanas Apis mellifera scutellata com seu parasita
32
obrigatório, o pseudoclone de Apis mellifera capensis. Anais do V Encontro
Sobre Abelhas de Ribeirão Preto, p. 72-77.
GULLAN, P.J; CRANSTON, P.S. Os insetos um resumo de entomologia, 3 ed.
ROCA, 2008
HEPBURN, H. R.; RADLOFF, S. E.; VERMA, S.; VERMA, L.R. Morphometric
analysis of Apis cerana Populations in the Southern Himalayan Region.
Apidologie, 32, 435–447. 2001. Les Ulis
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, localizado no site: www.
ibge.gov.br.acessado em outubro de 2009
ITAGIBA, M. G. O. R. Noções básicas sobre a criação de abelhas. São Paulo:
Nobel. 1997. 12-17 p
KEN, T.; FUCHS, S.; KOENIGER, N.; RUIGUANG, Z. Morphological
Characterization of Apis cerana in the Yunnan Province of China. Apidologie, 34,
553–561. 2003. Les Ulis
KERR, W.E. 1967. The history of introduction of African bees to Brazil. South
african Bee Journal, 39(2): pp. 3-5.
KREBS, C. J. 2001. Ecology. Benjamin Cummings Press, Fifth Edition, San
Francisco, 695p.
LAIN, C. S. e FERRERAS, C. G. Mieles Españolas Características e identificación
mediante El análisis Del pólen, Ed. Ediciones Mundi-Prensa, 2000. 23p.
LARA, F. M. 1944. Princípios de Entomologia/Fernando Mesquita Lara. 3. ed.
São Paulo: Ícone, 1992. 331 p.; il.
OLIVEIRA-JR, W. P.; BRANDEBURGO, M. A. M.; MARCOLINO, M. T.
Morfometrics and Adaptatives Aspects in Africanized Honeybees (Apis mellifera).
Revista Brasileira de Biologia, 60 (2): 307-314. 2000. São Carlos/SP. Brazil
PADILLA ÁLVAREZ, F. e CUESTA LÓPEZ, A. E. 2003. Zoologia Aplicada. Ed.
Dias de Santos. Madrid – España. 462 p.; il.
PADILLA ÁLVAREZ, F.; HERNÁNDEZ FERNÁNDEZ R.; REYES LÓPEZ J. et al.
Estudio Morfológico de las Abejas Melíferas del Archipiélago Canario. Archivos
de Zootecnia 47: 451-459. 1998. Córdoba. Espanha.
PADILLA, F.; PUERTA, F.; FLORES, J. M. e BUSTOS M. Bees, Apiculture and
the New World.
Archivos de Zootecnia, 41 (extra): 563-567. 1992a.
Córdoba.
PADILLA, F.; PUERTA, F.; FLORES, J. M. e BUSTOS M. Morphometric Study of
Andalusian Bees. Archivos de Zootecnia, 41 (extra): 363-370. 1992b. Córdoba.
Espanha.
33
PADILLA ÁLVAREZ, F. e SERENO, F. T. P. de. Estudio de la Diversidad
Morfológica Existente en las Abejas Melíferas (Apis Mellifera L.) del Sur de
Europa y del Continente Sudamericano. Archivos de Zootecnia, 54: 221-226.
2005. Córdoba. Espanha.
QUEZADA-EUÁN, J. J. G. Hybridization between European and Africanized
honeybees in Tropical Yucatan, Mexico. II. Morphometric, Allozymic and
Mitochondrial DNA Variability in Feral Colonies. Apidologie, 31, 443–453. 2000.
Les Ulis
RAVAZZI, G. 2004. Las abejas. Editorial de Vecchi, S. A. U. Barcelona.
RODRIGUEZ, J. L. Mapeamento Cultural – Paraíba. 2. ed. João Pessoa:
GRAFSET, © 2000. 64 p. 21-26.
RUTTNER, F. Biogeography and Taxonomy of Honeybees. Springer-Verlag,
Berlin. 1988. 248 p.
SERENO, F. T. P. S.;PADILLA, F. A.; MESSAGE, D. e VILELA E. F.
Diferenciación de Colônias Apis mellifera Africanizadas, Europeas y Del Norte de
África por Características morfológicas. Archivos Latinoamericanos de
Producción Animal. v. 12 (supl. 1): 22-25. 2004. Maracaibo. Zulia
SOUZA, L. G. Análise de desempenho das culturas agrícolas da Paraíba.
Capítulo III: caracterização das terras agrícolas paraibanas disponíveis em: <
http://www.eumed. Net/libros/2006ª/1gs/1c.htm.
TARÍN, P. de la R. Variabilidad Genética, Análisis Molecular y Filogenia de
Poblaciones Ibéricas y Canárias de Apis mellifera (Linneo 1758) (Hymenoptera:
Apidae). Tese (Doutorado). Universidad de Murcia, 1999.
TEIXEIRA, V. de P. A.; PEREIRA, S. A. de L.; RODRIGUES, D. B. R. et al.
Técnicas de Morfometria: Princípios Básicos e Aplicações da Morfometria.
Editado em 15/05/2001 e atualizado em 22/10/2005. Disponível em:
<http://www.uftm.edu.br/instpub/fmtm/patge/morfometria01.htm>
TILDE, A. C., FUCHS S., KOENIGER, N. e CERVANCIA C. R. Morphometric
Diversity of Apis cerana Fabr. Within the Philippines. Apidologie, 31, 249–263.
2000. Les Ulis
WIESE, H., Novo manual de apicultura. Guaíba: Agropecuária. 1993. 295 p
WINSTON, M. L.
A biologia da abelha. Tradução de Carlos
Osowski – Porto Alegre: Magister. 2003. 276p.; il.
WIKIPÉDIA. Biometria. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Biometria .
A.
34
CAPÍTULO II
_______________________________________________________
Interações morfométricas de Apis mellifera do estado da Paraíba
35
Interações morfométricas de Apis mellifera do Estado da Paraíba
RESUMO: Na realização desta pesquisa utilizou-se 270 insetos oriundos de
nove municípios do estado da Paraíba, sendo 30 abelhas de cada município. As
abelhas foram coletadas nas seguintes localidades: Areia, Catolé do Rocha,
Cuité, Ingá, Jacaraú, Mogeiro, Patos, Princesa Isabel e São João do Cariri. Esta
pesquisa teve como objetivo associar medidas morfométricas com características
de vegetação e climáticas. As variáveis analisadas foram: comprimento da asa
anterior (CAA), largura da asa anterior (LAA); ângulos da asa anterior B4, E9,
G18, J16, K19, N23, O26, distância b (Db); comprimento da asa posterior (CAP),
largura da asa posterior (LAP), distância L2 (DL2), L5 (DL5), ângulo W3;
comprimento do fêmur (CF); comprimento da tíbia (CT); comprimento do tarso
(CTS), largura do tarso (LTS) e comprimento da probóscide (CP). Para
comparação das variáveis estudadas foram feitas análises multivariadas
utilizando-se o software SAS (1996). Para as medições das amostras utilizou-se
um equipamento de análise de imagens. A morfometria sugeriu a existência de
quatro grupos de abelhas para o estado da Paraíba, sendo que as variáveis que
mais influenciaram para esse resultado foram: comprimento da asa anterior
(CAA), largura da asa anterior (LAA), comprimento do fêmur (CF); comprimento
da tíbia (CT); comprimento do tarso (CTS), largura do tarso (LTS) e comprimento
da probóscide (CP). comprimento da asa posterior (CAP), largura da asa posterior
(LAP)
Palavras-chave: Apis, características vegetativas, variáveis morfométricas
36
Interactions morphometric of Apis mellifera to the state of Paraíba
ABSTRACT - In this research we used 270 animals from 9 cities in the state
of Paraíba, and 30 animals of each municipality. The bees were collected at the
following locations. The bees were collected at the following locations: Areia,
Catolé do Rocha, Cuité, Inga, Jacaraú, Mogeiro, Patos, Princesa Isabel, São João
do Cariri. This study aimed to associate with morphometric measurements
vegetative characteristics, climatic and geographical, making the correlations due.
The variables were analyzed: length of fore wing (CAA), width of the fore wing
(LAA); angles of the fore wing B4, E9, G18, J16, K19, N23, O26, distance b (Db);
length of the underwing ( CAP), width of the rear wing (LAP), distance L2 (DL2),
L5 (DL5), angle W3; femur length (FL), tibia length (TL), length of tarsus (CTS),
width of the tarsus ( LTS) and length of proboscis (CP). For comparison of the
variables used in multivariate analysis. For measurements of the sample was used
a equipment image analysis.The Morphometry determined four groups of bees to
the state of Paraíba. The variables that most influenced this result were: length of
fore wing (CAA), width of the fore wing (LAA), femur length (FL), tibia length (TL),
length of tarsus (CTS), width of the tarsus (LTS) and length of proboscis (CP).
length of the rear wing (CAP), width of the rear wing (LAP)
Keywords: Apis, vegetative characteristics, variables morphometrics
37
Introdução
Atualmente, muito se conhece sobre as abelhas e sobre a diversidade de
sua morfologia e comportamento. Segundo Couto (2002) as abelhas sociais são
as mais conhecidas por serem exploradas para obtenção em especial do mel
estocado em suas colônias e para a polinização.
Falconer (1989) estudando valores dependentes das medidas de qualidade
tanto quanto de quantidade, encontrou uma correlação entre o genótipo e o
fenótipo, que é modificada pelos efeitos ambientais. Sabendo-se que as abelhas
exóticas foram introduzidas no Brasil há pouco mais de cem anos e, tendo os
insetos uma rápida renovação na sua população, acredita-se que esses insetos
apresentem características próprias adaptativas ao meio em que vivem.
Nos apiários existentes no Sul do Brasil a genética predominante ainda é a
das espécies europeias, no entanto no Nordeste os genes predominantes são os
das espécies africanas. Os apiários formados no Nordeste são, em sua maioria,
de captura de enxames na natureza onde os cruzamentos ocorrem de forma
espontânea (Padilla & Sereno, 2005) afirmam que no Brasil foram introduzidas
inicialmente abelhas de origem europeia, como por exemplo, Apis mellifera
ligustica, e que atualmente muitos apiários apresentam um alto grau de
hibridização entre as raças europeias e as abelhas de origem africana, Apis
mellifera scutellata.
A morfometria de abelhas é uma ferramenta muito importante na
constatação da biodiversidade apícola, esta técnica vem sendo utilizada há muito
tempo e ultimamente vem ganhando muita importância devido ao seu baixo custo
e grande eficiência apresentados (Francoy et al. 2008).
A análise de Agrupamentos comporta uma variedade de algoritmos de
38
classificações diferentes, todos voltados para uma questão importante em várias
áreas da pesquisa como organizar dados observados em estruturas ambientais,
ou como desenvolver taxonomias capazes de classificar dados observados em
diferentes classes. Importante é considerar inclusive, que essas classes devem
ocorrer "naturalmente" no conjunto de dados (Wangenhein, 2006).
Diante do exposto, objetivou-se com esse trabalho estimar coeficientes de
correlação entre as medidas morfométricas das abelhas com a finalidade de
associar essas medidas com o meio ambiente em que estão inseridas,
identificando o grau de correlação entre as medidas e estudar as metodologias
de agrupamentos para verificar a possível existência de populações distintas
como instrumento de verificação de capacidade de adaptação ao ambiente como
um todo, utilizado como habitat.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se um banco de dados
formado em 2006. Este banco foi composto por indivíduos coletados em 27
colônias localizadas nos municípios de Areia, Catolé do Rocha, Cuité, Ingá,
Jacaraú, Mogeiro, Patos, Princesa Isabel e São João do Cariri, descritos na
Tabela 1. De cada município foram coletadas abelhas aleatoriamente de apiários
formados de colônias naturais, em colmeias modelo Langstroth e essas foram
conservadas em álcool a 70%.
Para a tomada de medidas morfométricas das partes das abelhas, foram
utilizados 30 indivíduos de cada município para a montagem das lâminas,
totalizando 270 abelhas amostradas. Na dissecação foram retiradas as asas
39
Tabela 1. Descrição dos municípios amostrados.
Municípios
Mesorregião
Localização
Geográfica
Área
territorial
(km)
Localização em
relação ao nível
do mar (m)
Clima
Relevo
Vegetação
Temperatura ºC
Máxima
Mínima
Areia
Agreste
Paraibano
06º57’46” S
35º41’31” O
269 61
618
Úmido
Vales, encostas
abruptas e morros
escarpados
Mata úmida
26
18
Catolé do
Rocha
Sertão
Paraibano
06º20’38” S
37º44’90” O
552 27
272
Temperado
Borborema e
inselberg
Caatinga
32
28
Cuité
Agreste
Paraibano
06º29’06” S
36º09’25” O
735 64
649
Mesotérmico
e semiárido
Planalto da
borborema
Caatinga
30
18
Ingá
Agreste
Paraibano
07º16’51” S
35º36’16” O
288 20
200
Quente e
seco
Área de depressão
entre tabuleiros
Subcaducifólia
de transição
32
20
Jacaraú
Mata
paraibana
06º36’43” S
35º17’34” O
253 87
87
Temperado
Baixo planalto
sedimentar
Mata
subcaducifólia
32
18
Mogeiro
Agreste
paraibano
07º17’58” S
35º28’46” O
219 17
17
Quente e
seco
Área de depressão
entre tabuleiros
terciários e escarpa
de borborema
Subcaducifólia
de transição
32
20
Patos
Sertão
Paraibano
07º01’28” S
37º16’48” O
513 24
242
Quente e
seco
Pediplano Sertanejo
Caatinga
38
23
Princesa
Isabel
Sertão
Paraibano
07º44’12” S
37º59’36” O
368 683
683
Quente e
seco
Serra (serra seca)
Caatinga
31
23
São joão do
Cariri
Borborema
07º23’27” S
36º31’ 58” O
702 52
520
Seco e
fresco
Superfície da
Borborema
Caatinga
Hiperxerófila
30
20
40
posterior e anterior, a terceira perna, todas do lado direito das abelhas, além da
cabeça e probóscide. As lâminas foram devidamente identificadas com o local,
data de coleta e o número da amostra.
As medidas morfométricas foram tomadas através de um microscópio
estereoscópico biocular (lupa) Olympus SZ40, utilizando-se um adaptador para
câmera digital SONY modelo ZEISS 7.2 MP que foi acoplada a uma das oculares
da lupa para que as estruturas das abelhas fossem fotografadas. Cada lâmina foi
colocada na platina do estereoscópio sobre uma folha de papel milimetrado, na
posição horizontal. A imagem visualizada apresentou a leitura correspondente das
peças sobre a imagem de uma objetiva ocular de 10x em um aumento
micrométrico de 1,5 = 15x.
As variáveis analisadas foram: comprimento da asa anterior (CAA), largura
da asa anterior (LAA); ângulos da asa anterior B4, E9, G18, J16, K19, N23, O26,
distância b (Db); comprimento da asa posterior (CAP), largura da asa posterior
(LAP), distância L2 (DL2), L5 (DL5), ângulo W3; comprimento do fêmur (CF);
comprimento da tíbia (CT); comprimento do tarso (CTS), largura do tarso (LTS) e
comprimento da probóscide (CP).
Os dados foram analisados estatisticamente através da análise de
correlação utilizando o procedimento de Pearson entre todas as variáveis para
estimar
coeficientes
de
correlação
existente
entre
as
mesmas.
41
Figura 1.Lâmina com as partes das abelhas a serem tomadas as medidas dos
morfométricas
Para a análise de agrupamento utilizou-se as seguintes variáveis:
comprimento da asa anterior (CAA), largura da asa anterior (LAA),
comprimento da asa posterior (CAP), largura da asa posterior (LAP),
comprimento do fêmur (CF), comprimento da tíbia (CT), comprimento do tarso
(CTs), largura do tarso (LTs) e comprimento da prosbóscide (CP). Estas
variáveis foram utilizadas por apresentarem maiores coeficientes de correlação
entre elas. Com os dados dos componentes principais, foi construída a matriz
de correlação e determinados os agrupamentos para identificação de
populações distintas.
Após a análise de componentes principais realizou-se uma análise de
cluster com a finalidade de agrupar os indivíduos em populações distintas.
42
Resultados e Discussão
Os valores obtidos pela análise estatística das 20 medidas morfométricas
que serão discutidas neste capítulo são referentes aos 270 animais amostrados
em 9 municípios pertencentes a 4 mesorregiões do Estado da Paraíba.
Na tabela 2 são apresentados os valores médios, desvio padrão,
coeficiente de variação (CV) e valores máximo e mínimo para os parâmetros
estudados.
Tabela 2. Média, desvio padrão, coeficiente de variação e valores máximo e mínimo
para as vinte variáveis morfométricas estudadas em quatro mesorregiões do Estado
da Paraíba.
Média
Desvio Padrão
CV(%)
Max.
Min.
mm
5.09
0,58
11.36
6.57
4.27
2.39
0.12
5.06
2.83
2.15
2.92
0.16
5.62
3.57
2.55
1.88
0.13
6.74
2.25
1.09
1.16
0.07
6.20
1.69
0.97
8.44
0.36
4.31
9.93
7.83
2.98
0.12
4.23
3.42
2.76
5.85
0.28
4.84
6.74
5.20
1.71
0.08
5.11
2.03
1.52
0.22
0.03
14.03
0.30
0.12
0.30
0.02
8.68
0.38
0.21
0.13
0.13
99.17
0.96
0.05
Graus
B4
103.31
6.44
6.23
118.74
81.56
E9
20.42
1.86
9.13
25.12
15.37
G18
96.29
8.35
8.67
106.65
10.59
J16
93.06
7.02
7.54
104.51
10.62
K19
76.05
4.82
6.33
96.31
66.68
N23
92.48
4.81
5.20
105.71
72.99
O26
38.88
6.32
16.27
92.29
3.82
W3
25.35
1.59
6.28
30.22
20.34
CV- Coeficiente de variação, mm- milímetro, Max- máximo, Min- mínimo CPComprimento da probóscide, CF- comprimento do fêmur, CT- comprimento da tíbia,
CTs- comprimento do tarso, LTs- largura do tarso, CAA- comprimento da asa anterior,
LAA- largura da asa anterior, CAP- comprimento da asa posterior, LAP- largura da asa
posterior, Db- distância b, B4- ângulo, E9- ângulo, G18- ângulo, J16- ângulo, K19ângulo, N23- ângulo, O26- ângulo W3- ângulo, DL2- distância L2, DL5- distância L5.
Medidas
CP
CF
CT
C Ts
L Ts
CAA
LAA
C AP
L AP
Db
DL2
DL5
43
De uma forma geral os valores para coeficientes de variação, desvio
padrão e os valores máximo e mínimo das variáveis analisadas, apresentaram
uma oscilação acentuada, provavelmente devido à variação dos caracteres
morfométricos das abelhas do Estado da Paraíba. Isto porque, estas abelhas
não tiveram isolamento reprodutivo, não passaram por processo de
melhoramento genético, sendo os seus cruzamentos 100% ao acaso. Para
populações com estas características é admissível um coeficiente de variação
entre 5% e 6% para as variáveis morfométricas.
As medidas de comprimento de asa posterior CAP (5,85±0,28 mm),
largura de asa posterior LAP (1,71±0,08 mm), comprimento do fêmur CF
(2,39±0,12 mm) e comprimento do tarso CTs (1,88±0,13 mm) encontradas,
corroboram com os resultados encontrados por Padilla & Sereno (2005), que
analisando amostras oriundas do Brasil obtiveram valores médios próximos aos
encontrados nesta pesquisa
(6,00±0,21mm ; 1,78±0,05mm ; 2,36±0,11mm;
1,93±0,06 mm) para CAP, LAP, CF e CTs respectivamente.
As variáveis que apresentaram maiores coeficientes de variação foram as
medidas de prosbóscide, DL2, DL5 e os ângulos B4, E9, G18, J16, K19, N23,
O26, e W3.
A ocorrência de um maior coeficiente de variação para a prosbóscide em
relação a
outros parâmetros
se deve,
provavelmente,
às diferentes
características de vegetação existentes entre os municípios que fazem parte
deste trabalho. As diferenças entre os tipos de vegetação podem ter como
consequência a adaptação anatômica das abelhas ao longo do tempo. Essa
adaptação se dá em relação às características ambientais da região onde
estão inseridas, o que pode resultar na formação de novos grupos de abelhas
44
morfometricamente distintos.
Silva (2008) estudando a flora apícola do estado da Paraíba identificou
que no brejo Paraibano é onde encontra-se a maior parte das espécies
vegetais do estado, sendo um total de 16 famílias, como é o caso da cidade de
Areia.
As espécies botânicas encontradas em Areia são as seguintes:
Acerola, Agave ou sisal de aleluia, Amarra cachorro branco e lilás, amor
agarradinho, astrapeia, barba de bode, Benedita, bredo com espinho, caboatã
de rego, cajá, cajueiro, camará colorido e branco, camuzé, cana fístula, cana
fístula rósea, capim buffel, chanana, cipó balaio, coqueiro, cosmea, cosmos,
cravo de defunto, crista de peru, cupiuba, dente de leão do mato, erva de
passarinho, ervanço, espinheiro, fato de piaba, flamboyant, flor verde, freijó,
goiabeira, guabiraba, ingazeira, ipê amarelo, ipê roxo, jitirana, juazeiro, jucá,
jurema branca, jurema preta, jurubeba, lágrima de santa Luzia, leucena,
malícia, malva (branca rosa e amarela), malva preta, mamona, mangueira,
maniçoba, manjericão de cavalo, marmeleiro, mata fome, mata pasto, mela
bode, melão de são Caetano, murici, mussambê, mutre, nuvem, pega pinto,
pitombeira, prauba, quebra panela, relógio, sabiá, siriguela, sucupira, vassoura
amarela, vassoura roxa, vassoura vermelha, vassoura de botão, vassourinha
de botão grande, velame.
Tabela 3. Espécies botânicas encontradas no município de Areia-PB
Nome comum
Nome científico
Família
Acerola
Malpighia glabra
Malpighiaceae
Agave
Ageratum sp.
Amarilidaceae
Amarra cachorro
Jaquemontia asarifolia
Convolvulaceae
Amor agarradinho
Antigonon leptopus
Polygonaceae
45
Nome comum
Nome científico
Família
Astrapeia
Dombeya wallichi
Sterculiaceae
Benedita
Zinnia elegans
Asteraceae
Bredo com espinho
Amaranthus retroflexus
Amaranthaceae
Caboatã do rego
Cupania revoluta
Sapindaceae
Cajá
Spondias mombim
Anacardiaceae
Cajueiro
Anacardium ocidentalis
Anacardiaceae
Camará colorido
Lantana camara
Verbenaceae
Camuzé
Albizia polycephala
Mimosoideae
Cana fístula
Senna spectabilis
Caesalpinoideae
Capim buffel
Cencrhus ciliaris
Gramineae
Chanana
Stylosanthos humilis
Solanaceae
Cipó balaio
Pyrostegia venusta
Bignoniaceae
Coqueiro
Cocus nucifera
Arecaceae
Cosmea
Cosmos sp.
Asteraceae
Cosmos
Cosmos caudatos
Asteraceae
Cravo de defunto
Tegetes erecta
Compositae
Crista de peru
Heliotropium indicum
Boraginaceae
Cupiuba
Tapirira guianensis
Anacardiaceae
Dente de leão do mato
Taraxacum sp.
Asteraceae
46
Nome comum
Nome científico
Família
Erva de passarinho
Strutanthus marginatus
Loranthaceae
Ervanço
Alternanthera brasiliana
Amaranthaceae
Espinheiro
Acácia cf. langsdorfii
Mimosaceae
Fato de piaba
Richardia grandiflora
Rubiaceae
Flambloyant
Delonix regia
Caesalpinoideae
Flor verde
Miconia candolleana
Melastomaceae
Freijó
Cordia alliodora
Boraginaceae
Goiabeira
Myrcia sp.
Myrtaceae
Guarabira
Campomanesia
Myrtaceae
synchoma
Ingazeira
Inga bahiensis
Mimosaceae
Ipê amarelo
Tabebuia chrysotricha
Bignoniaceae
Ipê roxo
Tabebuia impetiginosa
Bignoniaceae
Jitirana
Ipomea bahiensis
Convolvulaceae
Juazeiro
Ziziphus joazeiro
Rhamnaceae
Jucá
Caesalpinea férrea
Caesalpinoideae
Jurema branca
Pithecolobium
Mimosoideae
desmodum
Jurema preta
Mimosa tenuiflora
Mimosoideae
Jurubeba
Solanus paniculatum
Solanaceae
Lágrima de santa Luzia
Commelina sp.
Commelinaceae
47
Nome comum
Leucena
Nome científico
Leucaena leucocephala
Família
Mimosoideae
Malícia
Schrankia leptocarpa
Mimosoideae
Malva (branca rosa e Sida cordifolia
Malvaceae
amarela)
Malva preta
Lantana cf. salzman
Verbenaceae
Mamona
Ricinus communis
Euphorbiaceae
Mangueira
Mangifera indica
Anacardiaceae
Maniçoba
Manihot glaziovii
Euphorbiaceae
Manjericão de cavalo
Vermonia scabra
Verbenaceae
Marmeleiro
Croton sonderianus
Euphorbiaceae
Mata fome
Serjania glabrata
Sapindaceae
Mata pasto
Senna obtusifolia
Fabaceae
Mela bode
Herissantia crispa
Malvaceae
Melão de são Caetano
Momordica charantia
Cucurbitaceae
Murici
Byrsonima sericea
Caesalpinoideae
Mussambê
Cleome spinosa
Caparaceae
Mutre
Aloysia virgata
verbenaceae
Nuvem
Plumbago auriculata
Plumbaginaceae
Pega pinto
Boerhavia coccinea
Nyctaginaceae
Prauba
Simarouba amaru
Simaroubaceae
Quebra panela
Machaerium angustifolium
Fabaceae
48
Nome comum
Nome científico
Família
Relógio
Tridax procumbens
Asteraceae
Sabiá
Mimosa caesalpinifolia
Mimosaceae
Siriguela
Spondia pupurea
Anacardiaceae
Sucupira
Bowdichia virgilioides
Fabaceae
Vassoura amarela
Malvastrum
Malvaceae
coromendelianum
Vassoura roxa
Centratherum punctatum
Rubiaceae
Vassoura vermelha
Emilia sochifolia
Asteraceae
Vassoura de botão
Spermacoce capitata
Rubiaceae
Vassoura
de
botão Spermacoce verticilata
Rubiaceae
grande
velame
Croton campestris
euphorbiaceae
Segundo Basbosa et al (2004) a microrregião do brejo paraibano, que
localizada-se na mesorregião do Agreste paraibano, apresenta cobertura
florestal exuberante (floresta perenifólia e subperenifólia), circundada por
caatingas hipo e hiperxerófilas. É portanto uma ilha biogeográfica ou refúgio
ecológico de elevada biodiversidade.
O município de Areia apresenta sete famílias vegetais endêmicas entre os
nove municípios alvo desta pesquisa. As famílias são as seguintes:
Bignoniaceae, Compositae, Malpighiaceae, Melastomaceae, polygonaceae,
Simaroubaceae e Sterculiaceae. Além dessas famílias, Areia também possui
outras espécies vegetais endêmicas que possuem a famílias que não são
endêmicas, como é o caso da Cupiuba (Tapirira guianensis) que só foi
49
encontrada no município de Areia e pertence à família anacardeceae.
A floração da Cupiuba (Tapirira guianensis) é de grande importância para
a apicultura do município de Areia, pois, segundo Silva (2009) esta contribuiu
com de 54% da produção de mel de apiários localizados ao entorno de uma
áreas com predominância desta espécie vegetal, sendo detectado 54% de
grãos de pólen dessa espécie nas amostras de meis oriundos do município de
Areia.
A Cupuiba (Tapirira guianensis) é uma espécie vegetal arbórea que chega
a 14 metros de altura, o que obriga as abelhas a voarem a elevadas altitudes, o
que pode levar estes indivíduos a modificações morfométricas ao longo do
tempo. Este fato, aliado aos fatores climáticos do município de Areia servem
como embasamento para a explicação do fato de as abelhas desta localidade
possuirem asas e corpo maiores que as abelhas das outras localidades.
Padilla et al (2001) se reportam ao comprimento da prosbóscide como um
fator discriminante para a formação de novos grupos de abelhas e Sereno et al.
(2002) concluíram que a média de caracteres morfológicos por colônia permite
comparar diferentes grupos de abelhas.
Avaliando morfometricamente as abelhas do estado da Paraíba, Souza
(2009), encontrou que os ângulos avaliados nas asas das diferentes regiões
amostradas não apresentaram diferença significativa. Segundo Ruttner (1988)
os ângulos das venações são independentes do tamanho da asa, porém
sofrem influência significativa da variação geográfica e reagem sensivelmente
aos processos evolutivos.
Na tabela 4 são apresentados os coeficientes de correlação entre as
medidas de asas e patas dos indivíduos amostrados em todas as
50
mesorregiões.
Tabela 4. Coeficientes de correlação entre as oito variáveis selecionadas para
determinação de padrão morfométrico de abelhas (Apis mellifera) do estado da
Paraíba
Variáveis CF
CT
CTs
L Ts
CAA
LAA
CAP
L AP
1
0.767 0.581
0.518
0.791
0.734
0.756
0.675
CF
1
0.608
0.550
0.751
0.690
0.738
0.723
CT
1
0.421
0.590
0.571
0.542
0.511
CTs
1
0.525
0.479
0.540
0.481
LTs
1
0.891
0.875
0.785
CAA
1
0.784
0.757
LAA
1
0.766
CAP
1
LAP
CF- Comprimento do fêmur, CT- Comprimento da tíbia, CTs- Comprimento do tarso,
LTs- Largura do tarso, CAA- Comprimento da asa anterior, LAA- Largura da asa
anterior, CAP- Comprimento da asa posterior, LAP- Largura da asa posterior.
Sabe-se que há a necessidade de adaptação das asas e patas para um
adequado forrageamento buscando atender as necessidades nutricionais da
colônia, em função das características vegetativas e climáticas e em função
disso entende-se o fato de haver correlações positivas entre estas medidas.
Observa-se que existiu maiores correlações entre as variáveis que dizem
respeito às medidas de largura e comprimento de asa, fêmur e tíbia. Vê-se que
o CAA apresenta 89% de correlação com a LAA, que o CT e o CF são 79% e
75% correlacionados com o CAA respectivamente. Isso significa que essas
variáveis possuem uma alta correlação entre si, o que quer dizer que a
probabilidade que essas medidas têm de crescer proporcionalmente umas às
outras é alta.
No entanto, para a largura e comprimento de asa e medida de tíbia e
fêmur que tem ligação direta com o deslocamento dos indivíduos, mesmo a
correlação sendo superior a 0,70, podendo se aproximar de 0,90 indica-se que
essas medidas continuem sendo tomadas individualmente.
51
Como os tamanhos das estruturas podem estar diretamente relacionadas
com a busca de alimento na natureza e devido ao fato do estado da Paraíba
estar localizado em uma região semiárida, que tem como uma de suas
características a escassez de alimento durante a época seca, provavelmente
as abelhas Apis mellifera desenvolveram características adaptativas ao longo
dos anos.
A tabela 5 mostra a quantidade de animais presentes em cada grupo de
abelhas encontrado através da análise de agrupamento e a porcentagem
equivalente.
Tabela 5. Divisão das populações morfometricamente distintas do estado da Paraíba
Populações
Frequência %
Frequência acumulada
% acumulada
1
119
44.07
119
44.07
2
14
5.19
133
49.26
3
121
44.81
254
94.07
4
16
5.93
270
100.00
As populações 2 e 4 possuem menor número de indivíduos em relação
às populações 1 e 3. Possivelmente as populações 2 e 4 formem um mesmo
grupo morfométrico e as populações 1 e 3 formem outro.
A tabela 6 apresenta os resultados de média, desvio padrão e
coeficiente de variação das medidas comprimento do fêmur CF, comprimento
da tíbia CT, comprimento da asa anterior CAA, largura da asa anterior LAA,
comprimento da asa posterior CAP e largura da asa posterior LAP das 4
populações de abelhas morfometricamente distintas do Estado da Paraíba. As
medidas de comprimento e largura de tarso (CTs e LTs), não fazem parte desta
análise por que não apresentaram significância suficiente a ponto de distinguir
populações.
52
Tabela 6. Média, desvio padrão e coeficiente de variação das variáveis CF, CT, CAA,
LAA, CAP e LAP dos quatro grupos de abelhas (Apis mellifera) do estado da Paraíba.
Populações distintas de abelhas (Apis mellifera) do Estado da Paraíba
I
II
III
IV
Variáveis
X
DP
CV
X
DP
CV
X
DP
CV
X
DP
CV
em mm
CF
2.32 0.05 2.48 2.64 0.08 3.19 2.39 0.08 3.34 2.65 0.06 2.37
CT
2.83 0.09 3.15 3.28 0.12 3.70 2.92 0.11 3.69 3.25 0.09 3.05
CAA
8.18 0.12 1.43 9.18 0.11 1.24 8.47 0.12 1.43 9.43 0.17 1.78
LAA
2.91 0.05 1.97 3.21 0.06 1.99 2.99 0.07 2.29 3.32 0.06 1.81
CAP
5.65 0.13 2.29 6.36 0.09 1.54 5.88 0.13 2.22 6.59 0.09 1.37
LAP
1.67 0.05 3.02 1.87 0.05 2.67 1.70 0.06 3.38 1.92 0.05 2.94
X- média, DP- desvio padrão, CV- Coeficiente de variação, CF- comprimento do fêmur,
CT- comprimento da tíbia, CAA- comprimento da asa anterior, LAA- largura da asa
anterior, CAP- comprimento da asa posterior, LAP- largura da asa posterior
Na análise de agrupamento verificou-se que os componentes principais
que influenciaram para a distinção dos grupos foram: comprimento do fêmur
CF, comprimento da tíbia CT, comprimento da asa anterior CAA, largura da asa
anterior LAA, comprimento da asa posterior CAP e largura da asa posterior
LAP.
É perceptível a semelhança entre as medidas dos grupos I e III e as
medidas entre os grupos II e IV. Os menores coeficientes de variação
apresentam-se nas medidas de comprimento de asa anterior CAA, largura de
asa anterior LAA e comprimento de asa posterior CAP, o que dá embasamento
para afirmar que principalmente as medidas de comprimento e largura da asa
anterior (CAA e LAA) são determinantes para a diferenciação de grupos de
abelhas morfometricamente distintos do estado da Paraíba.
Segundo Francoy (2006), uma única medida de célula de asa pode ser
determinante para a diferenciação de grupos distintos de abelhas.
As outras medidas (CF, CT, CAP e LAP), que apresentaram coeficientes
de variação mais elevados, provavelmente são indícios de evolução às
53
condições ambientais que podem estar acontecendo ao longo dos anos, pois,
segundo Diniz Filho (2000), a riqueza de detalhes nas estruturas indica uma
diversidade de processos evolucionários muito lentos, chegando a ser
suficientemente significativos a ponto de diferenciar populações, porém
dificultando a determinação de um padrão, portanto é importante considerar a
correlação entre a morfologia e os fatores ambientais.
A tabela 7 apresenta a origem das 270 abelhas analisadas nesta pesquisa,
discriminando a quantidade de abelha em cada cidade e em que cluster estão
incluídas.
Tabela 7- Distribuição da origem das 270 abelhas pertencentes às quatro populações
morfometricamente distintas do Estado da Paraíba
Freq- frequência, CR- Catolé do Rocha, PI- Princesa Isabel, SJC- São João do Cariri
Agrupamento
Freq
Freq
Freq
Local Cluster1 (%) Cluster2 (%) Cluster3
(%)
Areia
14
0
0
100
0
0
CR
13
10,92
0
0
17
14,05
Cuité
19
15,97
0
0
11
9,09
Ingá
25
21,01
0
0
5
4,13
Jacaraú
21
17,65
0
0
9
7,44
Mogeiro
12
10,08
0
0
18
14,88
PI
5
4,20
0
0
25
20,66
Patos
16
13,45
0
0
14
11,57
SJC
8
6,72
0
0
22
18,18
Total
119
14
121
100,00
100,00
100,00
Freq
Cluster4
(%)
16
100
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
16
100,00 270
Na tabela 7 estão apresentadas a distribuição da origem das 270
divididas entre as 9 cidades, seus respectivos grupos (clusters) e a
porcentagem de abelhas encontradas em cada município.
Na análise de grupamento das abelhas do estado da Paraíba, observa-se
perfeitamente que a cidade de Areia forma 100% dos clusters 2 e 4. Através
desta constatação pode-se tratar destes clusters como sendo apenas uma
população de 30 indivíduos.
54
A cidade de Areia está localizada na mesorregião do Agreste paraibano,
mais especificamente na microrregião do Brejo paraibano. Areia é a única das
cidades entre as nove estudadas, caracterizada por possuir clima úmido,
vegetação formada por mata úmida com resquícios de mata atlantica, relevo
formado por vales, encostas abruptas e morros escarpados, é a cidade que
apresenta a temperatura média mais baixa, variando entre 18 a 26ºC, além de
ter a pluviosidade mais elevada entre as nove cidades analisadas, com uma
média anual de 1407,12mm nos últimos 16 anos segundo dados da AESA
(Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba).
Ken et al. (2003), usando métodos morfométricos, concluíram que a Apis
cerana proveniente da Província de Yunnan na China demonstrou uma
variação correlacionada a parâmetros geográficos e que abelhas de áreas de
elevadas altitudes eram maiores e mais escuras.
Levando em consideração que as médias das medidas morfométricas das
abelhas do município de Areia, foram maiores que todas as médias dos outros
municípios e que as abelhas africanas se adaptam melhor a climas quentes,
podemos dizer que provavelmente em Areia, o processo de africanização não
tenha sido muito intenso. Possivelmente as abelhas africanizadas daquela
localidade possuam genética europeia mais apurada, porém, essa hipótese só
poderá ser confirmada através de análise genética.
Gonçalves (1970), citado por Francoy (2006) encontrou menores valores
para as medidas morfométricas de abelhas africanizadas, quando comparada
com abelhas europeias.
As abelhas africanas nativas possuem ampla distribuição geográfica,
ocupando todo o território da África compreendido entre o Sahara e o Kalahari
55
(Kerr, 1992). Nas Américas, as abelhas africanizadas estão restritas às regiões
de baixas altitudes e lugares de invernos amenos (Kerr, 1989).
Souza (2009), corroborando com os resultados desta pesquisa concluiu
que o município de Areia forma um grupo de abelhas morfometricamente
distinto no estado da Paraíba, suas análises canônicas resultaram no seguinte
gráfico mostrado na figura 2.
1,5
CR
P
I
PI
1
0,5
0
-2
-0,5
C
J
0
2
4
6
M
-1
sjc-1,5
-2
Figura 2. Representação das médias e dos escores obtidos através das variáveis
canônicas entre os municípios amostrados no Estado da Paraíba.
A- Areia, PI- Princesa Isabel, CR- Catolé do Rocha, P- Patos, I-Ingá, C- Cuité, MMogeiro, J-Jacaraú e SJC- São João do Cariri
As abelhas das outras oito localidades deste estudo, formaram dois outros
grupos, porém são morfometricamente similares. Segundo Diniz Filho (2000),
alguns caracteres estão mais associados com variações ambientais, o que
reflete na similaridade morfométrica entre abelhas de locais distantes.
Conclusões
Com base em variáveis morfométricas, sugere-se a presença de quatro
grupos distintos de abelhas para o estado da Paraíba.
As abelhas Apis mellifera possuem capacidade de adaptação das suas
variáveis
morfométricas
quando
submetidas
geomorfológicas, climáticas e de vegetação.
às
diferentes
regiões
A
8
55
Referências
BARBOSA, M. R. V.; AGRA, M. de F.; ANDRADE, L. A.; BARRETO, E. V. de
S.; CUNHA, J. P. da. Diversidade florística da mata do Pau Ferro, Areia,
Paraíba. In: Kátia C. Pôrto; Jaime J. P. Cabral; Marcelo Tabarelli. (org.). Brejos
de altitude em Pernambuco e Paraíba. 1 ed. Brasília: CID – AMBIENTAL, 2004,
v. 1, p. 111 - 122
COUTO, R. H. N. Apicultura: manejo e produtos por Regina Helena Nogueira
Coutoe Leomam Almeida Couto. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2002. 191 p.
DINIZ FILHO, J. A. F., HEPBURN, H. R., RADLOFF, S., FUCHS, S. Spatial
analyses of morphological variation in African honeybees (Apis melliferaL.) on a
continental scale. Apidologie 31, 191-204. 2000.
FALCONER, D. S. 1989.
Introduction to Quantitative Genetics,
third edition, Logman, Harlow. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM S
INSTITUTE. Users Guide. Noth Caroline SAS. Institute Inc. 1999. Us.
FRANCOY, T. M., PRADO, P. R. R., GONÇALVES, L. S., COSTA, L. F. e
JONG, D. Morphometric differences in a single wing cell can discriminate Apis
mellifera racial types. Apidologie 37, 91-97. 2006.
FRANCOY, T. M.; GONÇALVES, L. S.; FONSECA, V. L. I., A morfometria
geométrica de asas e a identificação dos Meliponini. Anais do VIII encontro
sobre abelhas, 2008. Ribeirão Preto, São Paulo.
GONÇALVES L.S. (1970) Análise genética do cruzamento entre Apis mellifera
ligustica e Apis mellifera adansonii. Escolha e analise genética de caracteres
morfológicos da cabeça e do tórax, Ph.D. Thesis, Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, University of São Paulo, 141 p.
KEN, T.; FUCHS, S.; KOENIGER, N.; RUIGUANG, Z. Morphological
Characterization of Apis cerana in the Yunnan Province of China. Apidologie,
34, 553–561. 2003. Les Ulis.
KERR, W.E. 1989. Distribuição da abelha africanizada em seus limites ao sul.
Ciência e Cultura, 34 (1): 499-502.
KERR, W. E. 1992. Abejas africanas, su introduccion y expansion en el
continente Americano. Subespécies e ecotipos africanos. Industria Apícola, 13:
12-21.
PADILLA ALVAREZ, F.; VALERIO DA SILVA, M. J.; CAMPANO CABANES, F.;
JIMENEZ VAQUERO, E.; FLORES SERRANO, J. M.; PUERTA PUERTA, F. Y
BUSTOS RUZ, M. 2001. Discriminación entre poblaciones de abejas (Apis
mellifera L.) del Sur de España, centro de Portugal y Madeira. Archivos de
Zootecnia, 50 (189 190): 79 89.
PADILLA ÁLVAREZ, F. e SERENO, F. T. P. de. Estudio de la Diversidad
56
Morfológica Existente en las Abejas Melíferas (Apis Mellifera L.) del Sur de
Europa y del Continente Sudamericano. Archivos de Zootecnia, 54: 221-226.
2005. Córdoba. Espanha.
RUTTNER, F. Biogeography and Taxonomy of Honeybees. Springer-Verlag,
Berlin.1988. 248 p.
SAS INSTITUTE. Advanced general linear models with na emphasis on mixed
models. Cary: Statistical Analysis System Institute, 1996.
SERENO, F. T. P. S.; PADILLA, F. A.; MESSAGE, D., et al. Diferenças
morfométricas entre colmeias de três regiões brasileiras. IN: REUNIÃO ANUAL
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38, 2002, Recife. Anais...
Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, [2002]. CD-ROM. Pequenos
animais domésticos e silvestres.
SOUZA, et al. Análises morfométricas entre Apis mellifera da mesorregião do
sertão paraibano. Archivos de Zootecnia (Universidad de Córdoba), v. 58, p.
65-71, 2009.
WANGENHEIN, A. V.; Análise de agrupamentos,
http://www.inf.ufsc.br/~patrec/agrupamentos.html
disponível
em:
57
ANEXOS
58
Tabela 8. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Areia
CP
CP
1
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CF
-0.096
CT
-0.288
CTs
0.014
L Ts
0.168
CAA
0.206
LAA
0.058
CAP
0.183
L AP
-0.255
1
0.694
1
0.266
0.359
1
0.281
0.079
-0.095
1
0.158
-0.074
0.258
0.093
1
0.011
0.084
0.084
-0.003
0.603
0.254
0.024
0.094
-0.026
0.643
0.151
0.180
0.061
-0.0
0.394
1
0.550
1
0.531
0.551
1
Tabela 9. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Catolé do Rocha
CP
CP
1
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CF
0.445
1
CT
0.075
0.282
1
CTs
-0.277
-0.022
0.345
1
L Ts
-0.081
0.018
-0.033
0.094
1
CAA
0.205
0.475
0.540
0.250
-0.026
1
LAA
0.264
0.386
0.361
0.340
0.049
0.540
1
CAP
0.367
0.489
0.265
-0.094
-0.028
0.440
0.250
1
L AP
0.236
0.250
0.358
0.091
-0.049
0.438
0.347
0.221
1
Tabela 10. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Cuité
CP
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CP
1
CF
-0.048
1
CT
0.047
0.332
1
CTs
0.248
0.448
0.663
1
L Ts
0.069
0.122
0.253
0.056
1
CAA
0.343
0.354
0.511
0.426
0.600
1
LAA
0.050
0.625
0.536
0.370
0.589
0.708
1
CAP
0.313
0.254
0.432
0.295
0.305
0.721
0.430
1
L AP
0.151
0.289
0.290
0.321
0.188
0.374
0.324
0.049
1
59
Tabela 11. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Ingá
CP
CP
1
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CF
0.154
CT
0.052
CTs
0.031
L Ts
-0.159
CAA
-0.239
LAA
0.322
CAP
0.179
L AP
0.146
1
0.126
1
o.183
0.142
1
0.033
0.570
0.141
1
0.295
0.295
0.072
0.320
1
0.137
0.254
0.396
0.194
0.404
1
0.573
-0.012
-0.284
0.104
0.183
0.127
1
0.238
0.295
0.340
0.120
0.130
0.255
0.134
1
Tabela 12. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Jacaraú
Variável
CP
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CP
1
CF
0.188
1
CT
0.068
0.540
1
CTs
0.425
0.425
0.296
1
L Ts
-0.206
0.298
0.320
0.118
1
CAA
0.138
0.179
0.005
0.455
0.137
1
LAA
-0.014
0.160
0.011
0.297
0.056
0.809
1
CAP
0.234
0.180
0.105
0.049
0.359
0.286
0.124
1
L AP
0.052
0.145
0.331
0.256
0.099
0.539
0.469
0.633
1
Tabela 13. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Mogeiro
CP
CF
CT
CTs
L Ts
CAA
LAA
CAP
L AP
CP
1
-0.347 -0.146 -0.281 -0.170 -0.023 -0.090 -0.308 0.219
1
0.581
0.286
0.386
0.491
0.391
0.584
0.245
CF
1
0.215
0.228
0.354
0.385
0.377
0.520
CT
1
0.398
0.131
0.243
0.124
0.069
CTs
1
0.155
0.221
0.142
0.066
LTs
1
0.601
0.601
0.296
CAA
1
0.386
0.411
LAA
1
0.031
CAP
1
LAP
60
Tabela 14. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Princesa Isabel
CP
CP
1
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CF
-0.284
1
CT
-0.235
0.513
1
CTs
-0.173
0.380
0.614
1
L Ts
0.031
0.457
0.090
0.192
1
CAA
-0.238
0.320
0.384
0.379
0.026
1
LAA
-0.533
0.0007
0.589
0.426
0.058
0.718
1
CAP
-0.365
0.447
0.577
0.351
0.157
0.444
0.661
1
L AP
-0.155
0.260
0.533
0.437
0.214
0.466
0.475
0.620
1
Tabela 15. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de Patos
CP
CF
CT
CTs
LTs
CAA
LAA
CAP
LAP
CP
1
CF
-0.038
1
CT
0.192
0.602
1
CTs
-0.015
0.234
0.228
1
L Ts
0.239
-0.053
0.230
0.021
1
CAA
0.029
0.610
0.390
0.161
0.026
1
LAA
0.236
0.420
0.483
0.263
0.297
0.432
1
CAP
0.168
0.316
0.331
0.083
0.426
0.514
0.220
1
L AP
0.183
0.122
0.194
-0.289
0.240
0.265
0.125
0.511
1
Tabela 16. Coeficientes de correlação das principais variáveis morfométricas das
abelhas do município de São João do Cariri
CP
CF
CT
CTs
L Ts
CAA
LAA
CAP
L AP
CP
1
0.040
0.060
-0.135 0.113
-0.066 0.002
0.160
0.160
1
0.287
0.295
0.377
0.059
0.052
0.304
0.437
CF
1
0.086
0.267
0.163
0.032
0.340
0.419
CT
1
0.311 0.039
0.058
0.196
0.341
CTs
1
-0.074 0.016
0.191
0.311
LTs
1
0.773
0.636
0.334
CAA
1
0.642
0.376
LAA
1
0.444
CAP
1
LAP
61
Tabela 17. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das medidas
morfométricas das abelhas da população 1
Variável
CF
CT
CAA
LAA
CAP
LAP
Nº de indivíduos
119
119
119
119
119
119
Média
2,31
2,83
8,18
2,91
5,65
1,66
Coeficiente de Variação
2,49
3,15
1,43
1,97
2,29
3,02
Tabela 18. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das medidas
morfométricas das abelhas da população 2
Variável
CF
CT
CAA
LAA
CAP
LAP
Nº de indivíduos
14
14
14
14
14
14
Média
2,63
3,28
9,18
3,21
6,36
1,87
Coeficiente de Variação
3,19
3,71
1,25
1,99
1,54
2,67
Tabela 19. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das medidas
morfométricas das abelhas da população 3
Variável
CF
CT
CAA
LAA
CAP
LAP
Nº de indivíduos
121
121
121
121
121
121
Média
2,39
2,91
8,46
2,99
5,88
1,70
Coeficiente de Variação
3,34
3,69
1,43
2,29
2,23
3,38
Tabela 20. Número de indivíduos, média e coeficiente de variação das medidas
morfométricas das abelhas da população 4
Variável
CF
CT
CAA
LAA
CAP
LAP
Nº de indivíduos
16
16
16
16
16
16
Média
2,65
3,25
9,43
3,31
6,59
1,92
Coeficiente de Variação
2,37
3,05
1,78
1,81
1,37
2,95
Download

Dissertao cpia virtual - CCA/UFPb