ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL EM INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS DA
REGIÃO DA AMUREL (SC): DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Bianca Estela dos Santos ([email protected]), UNISUL; Maria Sirlene Pereira
Schlickmann ([email protected]), MSc, UNISUL (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
A educação de tempo integral é uma das possibilidades para que possamos
avançar em termos de qualidade de educação em nosso país, mas ainda constitui-se como
um dos grandes desafios a ser superado no que se refere à definição e implementação das
políticas educacionais em nosso país.
Mediante o exposto, esta pesquisa intitulada ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
EM INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS DA REGIÃO DA AMUREL (SC): desafios e
possibilidades, foi desenvolvida com o objetivo de investigar os limites e desafios
encontrados pelas instituições educacionais da região da AMUREL (SC) que implantaram a
Educação Integral, nos anos iniciais do ensino fundamental. Para desenvolver este estudo,
este objetivo foi desdobrado em outros mais específicos, a saber: identificar quantas escolas
de tempo integral tem nos sistemas de ensino da região da AMUREL (SC); investigar como
ocorreu o processo de implantação da escola de tempo integral nas respectivas instituições;
conhecer como desenvolvem a Proposta Pedagógica para a Educação Integral; investigar os
desdobramentos da implantação da escola de tempo integral para a escola, para os pais e
para as crianças; - Identificar os limites e possibilidades do processo de implementação da
proposta a partir do diálogo com os envolvidos no processo.
O resultado desta pesquisa visa subsidiar os gestores com reflexões que possam
contribuir com os gestores educacionais que objetivam implantar a escola de tempo integral,
assim como com aqueles que já implantaram e que estão em processo de implementação,
como é o caso das instituições pesquisadas que são as únicas na região da AMUREL que até
o momento tem escola integral.
Palavras-chave: Educação; Escola de tempo integral; Ensino integral.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa é de caráter qualitativo e quantitativo. Para o desenvolvimento da pesquisa
fizemos uso da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, em instituições educacionais que
possuem a escola de tempo integral já implantada. Os sujeitos da pesquisa foram: a
coordenadora pedagógica das instituições pesquisadas; os educadores dos projetos
envolvidos na proposta, alunos e pais dos alunos que frequentam as respectivas instituições.
Para coleta dos dados empíricos fizemos uso dos seguintes instrumentos: entrevista com a
coordenação pedagógica, diário de bordo para registro das observações de todos os espaços
e detalhes da pesquisa, e do registro fotográfico. A pesquisa com os professores, alunos e
pais foi realizada através de entrevista semiestruturada. Para o desenvolvimento, da
pesquisa, primeiramente estabelecemos contato com a direção da escola para solicitar
autorização para realização da pesquisa. Em seguida, estabelecemos contato com a
coordenação pedagógica e posteriormente com os professores, alunos e pais, mostrando-lhes
a proposta da pesquisa, para que contribuíssem com o desenvolvimento da mesma.
Os dados empíricos da pesquisa foram analisados a luz do referencial teórico de
base.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em termos de resultado, inicialmente, é importante dizer que na região da
AMUREL, nos anos iniciais do ensino fundamental, temos três experiências de escola com
implantação da escola de tempo integral1. Vale destacar que todas as três instituições com
experiência de tempo integral estão localizadas no município de Tubarão (SC), sendo duas
instituições municipais e uma particular. Na sequência o nome das instituições que possuem
experiências de tempo integral e uma descrição sintética sobre sua forma de organização.
ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA MARIA EMÍLIA ROCHA: A
escola trabalha com oficinas no contra turno escolar, que são proporcionadas pelos
programas “Mais Educação” e “Mais Cultura”, ambos do governo federal e mais três
oficinas (música, xadrez e espanhol) que são proporcionadas pela prefeitura do município. A
escola também conta com o Projeto Caxambu do governo federal, que atende alunos e
comunidade no horário das 17h30min às 18h30min. Neste projeto funcionam oficinas de
dança. As oficinas funcionam no espaço da quadra de futebol e com monitores voluntários.
Ao todo, a escola possui 217 alunos cadastrados nas oficinas e que frequentam a instituição
nos dois períodos da escola, dentre os 320 que matriculados na escola. A coordenadora
pedagógica da escola afirma que as maiores dificuldades para o desenvolvimento do projeto
estão centradas na falta de espaço físico para a realização das oficinas e a falta de monitores
pelo fato de o salário ser baixo. Vale destacar que esta escola pela oferta das oficinas no
contra turno possui atividades para as crianças em período integral, porém a frequência nas
atividades do contraturno depende da matrícula das crianças e também do seu interesse. As
crianças não almoçam na escola por falta de infraestrutura e condições.
ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA FAUSTINA DA LUZ PATRÍCIO:
O projeto de educação em tempo integral nesta instituição teve início no ano de 2012 e no
ano de 2014 o projeto conta com uma nova modelagem. A partir deste ano todas as
atividades desenvolvidas no período integral passam a integrar o currículo e as crianças
matriculadas, necessariamente, precisam frequentar a instituição durante todo o dia. Todos
os professores que trabalham no período integral possuem formação na área em que atuam,
(música, capoeira, futebol, espanhol, inglês, etc.). A assessora pedagógica nos disse que
todas as crianças do 1º ao 5º ano frequentam a escola integral e, quase todos almoçam na
escola (quem não almoça é porque tem algum motivo justificável, mas tem refeição para
todos). As maiores dificuldades estão centradas na falta de salas para as crianças
desenvolverem suas atividades com qualidade. A estrutura física da escola ainda deixa muito
a desejar, não tendo as condições necessárias para atender o período integral de acordo com
o projeto.
Colégio Dehon: As atividades são desempenhadas dentro de projetos de oficinas
pedagógicas e em espaços de aprendizagem diferenciados, como por exemplo, oficinas de
contação de histórias, oficinas de arqueologia, natação, dança, música, entre outras. Em
relação ao almoço, este é opcional para os pais que não podem buscar os filhos ou preferem
deixá-los na instituição. Todos os pais que possuem condições de almoçar com os filhos, a
escola incentiva que o façam e depois as crianças retornam para aula no período vespertino.
As crianças que almoçam na instituição, depois do almoço descansam até às 13h30min,
horário em que começam as aulas normais. Não foram encontradas dificuldades neste
1
É importante destacar que existem outras escolas com tempo integral na região, mas como estas começaram o
processo pelo ensino médio, por não ser foco desta pesquisa, estas instituições não fazem parte desta pesquisa.
processo. Percebemos também um cuidado com a organização da proposta de forma que as
atividades não cansem demais para as crianças.
Analisando a realidade das três escolas, foi possível constatar que nas escolas
públicas, a maior dificuldade em relação ao projeto, é a falta de espaço para o
desenvolvimento do trabalho, dificuldade esta que na escola particular não aparece, porém é
importante destacar a diferença na forma de organização do tempo integral nestas
instituições. Na verdade temos três experiências diferentes, sendo que apenas uma delas
possui escola de tempo integral no sentido pleno deste conceito, trata-se da escola Municipal
Faustino da Luz Patrício. As outras duas, a escola Municipal Maria Emília Rocha e o
Colégio Dehon possuem uma proposta de atividades / oficinas ofertadas no contra turno das
aulas para as quais os alunos interessados (através dos pais ou responsáveis) realizam
matrícula.
Mediante o exposto, podemos dizer que mesmo considerando as diferenças que
caracterizam o projeto em cada uma das instituições, é importante destacar que a educação
integral possibilita explorar o desenvolvimento da criança nas suas diferentes dimensões.
CONCLUSÃO:
Finalizando nossa reflexão vale destacar que o caminho em relação a
implantação da educação integral ainda é longo. Como foi possível perceber as experiências
que existem na nossa região são na sua maioria de ensino médio. Respondendo os objetivos
desta pesquisa encontramos apenas três experiências de educação integral na região da
AMUREL, todas no município de Tubarão (uma numa escola particular e duas em escolas
municipais), mas todas com formato diferente. De acordo com o conceito de educação
integral, aquele em que a criança fica o dia inteiro na escola e possui um currículo
diversificado para atendê-la neste período encontramos apenas a escola Municipal Faustina
da Luz Patrício. Esta escola a partir de 2014 implantou o projeto numa nova modelagem e
está tentando desenvolver todo o projeto dentro da sua proposta pedagógica, assim toda a
proposta está dentro da proposta pedagógica da instituição e depende de frequência e
participação em todas as atividades. As outras duas instituições pesquisadas tem formato
diferente para o desenvolvimento da proposta, embora as duas instituições tenham propostas
diferenciadas de oficinas, nas duas as crianças interessadas devem se matricular para
participar do projeto que acontece no contraturno.
Constatamos ao final desta pesquisa que a escola de tempo integral surge com a
proposta de melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem das crianças, mas para isso ela
precisa oferecer condições adequadas de espaço físico, de organização didático-pedagógica
e com equipe pedagógica com formação e capacitação para o desenvolvimento do trabalho
nesta modalidade de educação.
Neste sentido, podemos dizer que a educação integral é vista pelos educadores
como uma oportunidade de aprendizagem, mas ainda é um grande desafio, pois muito
precisa ser feito para que tenhamos um ensino integral de qualidade e que realmente supra as
necessidades das crianças nas suas diferentes dimensões.
REFERÊNCIAS:
MOTA, Silvia Maria Coelho. Escola de Tempo Integral: Da concepção à prática. Rio de
Janeiro, 2006.
FERREIRA, Cássia Marilda Pereira dos Santos. Escola em tempo Integral: possível
solução ou mito na busca de qualidade. Londrina, 2007.
BRANDÃO, Zaia. Escola de tempo integral e cidadania escolar. Brasília, 2009.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Escola de tempo
integral: Educação é vida e não preparação para vida. Minas gerais, 2007.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Orientações para
implementação da educação em tempo integral em turno único. Curitiba, 2012.
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