AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: INDICADOR BÁSICO DA GESTÃO DE QUALIDADE José Luiz Torres Mota1 RESUMO Este artigo sintetiza o estudo de pesquisa (Avaliação Institucional – Opinião dos Discentes) realizado no Centro Universitário Nilton Lins, com os alunos dos cursos de graduação da IES. Na composição textual teorizou-se primeiramente o processo comunicativo apresentando-o como elemento fundamental tanto para as organizações institucionais quanto para a sistematização de todas as informações e indicadores que compõem esta pesquisa. Na mesma pesquisa aludiu-se sobre a avaliação institucional como elemento propulsor na busca de melhorias da gestão de qualidade; bem como fez-se a abordagem da avaliação qualitativa enquanto instrumento de natureza peculiar porém fundamental para ser trabalhado simultaneamente à avaliação quantitativa. A concatenação dos dados está sistematizada no espaço destinado à metodologia que lhes demonstra tanto na busca teórica efetuada acerca do tema, quanto no estudo empírico que ocorreu durante o estudo, cujos resultados vêm confirmar a necessidade que há de se criarem instrumentos de mensuração que possibilitem a reorganização e inovação das estratégias que suscitarão a melhoria da qualidade de serviços. Finalmente apresentam-se as proposições que certamente poderão suscitar a qualidade dos serviços acadêmicos em todas as instâncias educacionais. Palavras-chave: avaliação institucional; educação superior; gestão educacional. INSTITUTIONAL EVALUATION: BASIC INDEX OF QUALITY MANAGEMENT ABSTRACT This article summarizes the research (Institutional evaluation – scholars opinion) done in Nilton Lins University Center, among the majoring students of this institution. In the textual composition, what was first theorized was the communicative process in order to present it as a fundamental element for the institutional organizations as well as for the systematization of all the information and indexes that consist this study. In this same study the institutional evaluation was alluded as a start in the search of improvement in quality management; a qualitative evaluation approach also was done as an instrument of peculiar characteristics but fundamental to be worked simultaneously with the quantitative evaluation. The concatenation of data is systematized in the methodology part which illustrates the theoretical search done about the theme, as the empirical study that took place during this research, in which the results confirm the necessity to created measurement instruments that make possible the reorganization and renewal of strategies that will cause the improvement in services quality. Finally the proposals that will certainly be able to cause quality in academic service in all educational levels are presented. Keywords: institutional evaluation; superior education; education management. 1 Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação do Centro Universitário Nilton Lins. Diretor Geral das Faculdades Cearenses – FAC. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM e-mail: [email protected]. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 2 SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 O Princípio norteador da interação institucional. 3 A avaliação: processo de melhoria da qualidade. 4 Antigos métodos – Novas perspectivas. 5 A Avaliação Institucional do Centro Universitário Nilton Lins. 6 A Comissão Própria de Avaliação do Centro Universitário Nilton Lins. 7 Considerações Finais. 1 Introdução Este artigo apresenta um estudo do modelo e da natureza da Avaliação Institucional desenvolvida no Centro Universitário Nilton Lins, demonstrando as estratégias que fundamentam e articulam o sistema educacional com suas respectivas funções e práticas das melhorias buscadas por esta instituição de ensino. Ao falar de Gestão de Qualidade, admite-se que, no mundo administrativo, há inúmeras diretrizes e estratégias que estabelecem as diversas linhas de administração e oferecem possibilidade de serem aplicadas nas diferentes gestões. Assim sendo, a relevância deste estudo se dá exatamente pelo fato de que nos foi possível delimitar as estratégias que temos desenvolvido nesta Instituição de Ensino Superior, bem como de se analisar os procedimentos avaliativos, mensurando seus respectivos resultados. Na avaliação de uma instituição educacional, os critérios não se diferem tanto de qualquer outro tipo de avaliação institucional. Nesse presente artigo tenta-se mostrar as mutações e implicâncias nas quais consiste um processo de avaliação institucional. O crescimento quantitativo desta instituição de ensino requereu a materialização da avaliação institucional aplicada através de um processo comunicativo interno possível de ser utilizado por toda e qualquer organização institucional e especialmente por uma instituição de ensino superior. Por tais medidas aplicaram-se estratégias através das quais avaliamos os diversos aspectos indissociáveis das múltiplas atividades-fins e das atividades-meio, necessárias à sua realização; isto é, mensuramos cada uma das dimensões de ensino da produção acadêmica, em suas interfaces e interdisciplinaridade. Conseqüentemente, procedeuse uma análise simultânea do conjunto de dimensões relevantes hierarquizando cronologicamente o tratamento de cada uma delas, a partir de prioridades definidas no âmbito da instituição e dos recursos disponíveis. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 3 Partimos do pressuposto de que nosso objetivo institucional é deflagrar, através de um processo comunicativo, uma reorientação do ensino superior, com vistas a promover diretrizes que possam nortear o sistema avaliativo da instituição, incorporando maior conhecimento multidisciplinar requerido pelo Ministério da Educação para atender ao grau de complexidade crescente dos fatos administrativos das IES brasileiras. Ora, as instituições de ensino superior defrontam-se com indicadores de uma nova era de descontinuidade, na qual vivem-se momentos de ensino dinâmico, que requerem novas arquiteturas, estratégias e culturas organizacionais. Esse emergente cenário organizacional e administrativo que se apresenta exige, dos gestores, perspectivas totalmente novas que superem as posturas tradicionais do passado e identifiquem ações a serem promovidas no presente para construir um marco vitorioso no futuro. A implantação e o desenvolvimento da avaliação institucional proposta neste artigo envolvem uma estratégia analítica da dimensão interna de avaliação que se inspira em um dossiê técnico compreendendo os aspectos quantitativos e qualitativos da realidade a ser examinada. A pesquisa foi concebida como oportunidade crítica em que os pares acadêmicos de vários cursos de graduação avaliaram as práticas universitárias, com vistas à formulação e acompanhamento de políticas acadêmicas, administrativas, financeiras, de planejamento e avaliação. Os sujeitos do estudo consistiram em todos os discentes de graduação dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Jornalismo, Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Geografia, Letras, Matemática e Sociologia, Medicina; Odontologia e Pedagogia. Os pesquisados avaliaram os serviços oferecidos pelo Centro Universitário Nilton Lins, mensurando-os quanto às suas características de qualidade. Por se tratar de uma investigação sobre a qualidade dos serviços educacionais da IES, efetuou-se uma pesquisa descritiva, fazendo uso de um formulário constituído por quatorze questões fechadas com três níveis de classificação (Regular, Bom e Excelente). A análise e interpretação dos dados foram feitas através do “Indicador de Qualidade Total – IQT” para aferir a percepção dos usuários dos serviços educacionais, obtendo informações para a avaliação sob a perspectiva dos discentes nos fatores essenciais MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 4 para a "Qualidade Total" dos processos educacionais e empresariais do Centro Universitário Nilton Lins. A seguir, apresentam-se os conceitos adotados por faixa de IQT obtido em cada questão, curso e área, conforme a fórmula: IQT = [ (%Reg * 0, 5) + (%Bom * 0, 7) + (%Exc * 1, 0) Baseado nessa fórmula, o modelo de conceituação foi interpretado com o seguinte significado: Se todos os alunos atribuem só conceito: “Regular” para uma questão, o IQT é de 50 % ou; “Bom” para uma questão, o IQT é de 70 % ou; “Excelente” para uma questão, o IQT é de 100 %. Conceitualmente, considera-se para as categorizações qualitativas (Regular, Bom e Excelente) os intervalos quantitativos do IQT: REGULAR: IQT de 50, 0 % a 66, 7 %. BOM: IQT de 66, 8 % a 83, 4 %. EXCELENTE: IQT de 83, 5 % a 100, 0 %. O intervalo entre conceitos foi de 1/3 de 50%. 2 O Princípio norteador da interação institucional A comunicação é fator essencial propulsor de qualquer projeto em todos os tipos de instituições e, de acordo com Chiavenato (1998, p. 92), comunicação é a transferência de informação e significados de uma pessoa para outras pessoas. É a maneira de se relacionar com outras pessoas através de idéias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o que liga as pessoas para que compartilhem sentimentos e conhecimentos. Dessa forma, as organizações não MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 5 podem existir nem operar sem comunicação; esta é a rede que integra e coordena todas as partes. Apesar de a informação ser um dos recursos mais importantes de uma instituição, as pessoas são solicitadas a gerar informação, o que faz com que as decisões tomadas se alicercem em informações que surgem no próprio âmbito de trabalho, geralmente baseadas nas necessidades que contextualizam o mundo produtivo da instituição. É a comunicação o elemento que proporciona a interação das partes distintas de um órgão, produzindo as condições para um trabalho coordenado das estruturas institucionais, permitindo, enfim, que a cúpula organizacional atinja as metas programadas. Rego (1985) afirma que “a comunicação é um aspecto universal da atividade da empresa, pois tudo que ela produz, para o meio interno ou externo ao grupo fechado que ela constitui, está relacionado a um ato comunicativo, a uma troca de sinais de um lugar para o outro.” Considerando que a instituição se constitui num sistema de elementos interligados que formam um todo unitário, visando à realização de objetivos comuns, Buckley (1976, p.68) define sistema como: Um complexo de elementos ou componentes, direta ou indiretamente relacionados numa rede causal, de sorte que cada componente se relaciona pelo menos com alguns outros, de modo mais ou menos estável, dentro de determinado período de tempo. Segundo Kunsch (1986, p. 29), “sistema é um conjunto de elementos interdependentes, que formam um todo unitário”. Ele afirma que “é a comunicação que ocorre dentro da organização e a comunicação entre ela e seu público ou o seu meio ambiente que definem a organização e determinam as condições da sua existência e a direção do seu movimento.” O sistema de comunicação de qualquer instituição condiciona seu crescimento e sua sobrevivência promovendo uma interação constante com a sociedade. A comunicação é MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 6 capaz de proporcionar a renovação do ambiente de uma instituição, facilitando suas relações e colaborando para a eficácia de suas realizações. 3 A avaliação: processo de melhoria da qualidade O processo de Avaliação Institucional é um instrumento de gestão aplicável através do processo comunicativo e tem se mostrado poderoso e fundamental para o desenvolvimento qualitativo das IES. Até pouco tempo, as empresas empenhavam-se apenas em administrar bem, pois somente isso era suficiente para a obtenção do lucro, anseio tão comum entre o mundo empresarial do momento, uma vez que, sem tanta concorrência, não tinham necessidade de se auto-avaliar ou preocupar com a busca de melhorias. No entanto, a revolução da tecnologia e a globalização das informações motivaram novas necessidades com as quais surgiram novos tipos de clientes que se mostram cada vez mais exigentes. Na avaliação de uma Instituição de Ensino Superior, os critérios não se diferem tanto de qualquer outro tipo de avaliação institucional. Este artigo mostra as mutações e implicações nas quais consiste um processo de avaliação institucional, baseado em um referencial teórico e em linhas temáticas desse processo realizado no Centro Universitário Nilton Lins. Reconhecida historicamente como instituição que produz e dissemina o saber voltado tanto para a busca das verdades científicas quanto para atender às necessidades básicas da sociedade, espera-se da Instituição de Ensino Superior o desempenho conseqüente em suas atividades–fim, capazes de garantir bom padrão de qualidade de seus serviços à sociedade. Se este pressuposto é abrangente, a natureza e a destinação prioritária desses serviços podem e devem ser discutidas em função da organização e do estágio de desenvolvimento em que se encontra a sociedade a que serve. O processo de avaliação deve, portanto, ser o contraponto da proposta institucional desenvolvida pela IES, buscando atender a uma tripla exigência da Instituição de Ensino Superior contemporânea: Um processo contínuo de aperfeiçoamento do desempenho acadêmico; MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 7 Uma ferramenta para o planejamento e gestão universitária; Um processo sistemático de prestação de contas à sociedade. Isto significa o acompanhamento constante, metódico e sistematizado das ações, a fim de verificar se as funções e prioridades determinadas coletivamente estão sendo matizadas e atendidas. É este o contraponto entre o pretendido e o realizado que dá sentido à avaliação. A avaliação não implica, evidentemente, que todas as discordâncias, dúvidas e contradições, características do cotidiano acadêmico, venham a desaparecer; ela, ao contrário, deve contribuir para revelar, preservar e estimular a pluralidade constitutiva da instituição acadêmica. Enquanto processo de atribuição de valor, a avaliação supõe exame apurado de uma dada realidade, a partir de parâmetros de julgamento derivados dos objetivos, que orientam a constituição, desenvolvimento ou produto das ações dessa mesma realidade. Supõe igualmente racionalidade dos meios e utilização de aferições quantitativas. Uma sistemática de avaliação institucional da atividade acadêmica, considerando a descentralização dos procedimentos para a tomada de decisão, deve ser desenvolvida tendo em vista alguns princípios básicos: Aceitação ou conscientização da necessidade de avaliação por todos os segmentos envolvidos; Reconhecimento da legitimidade e pertinência dos princípios norteadores e dos critérios a serem adotados; Envolvimento direto de todos os segmentos da comunidade acadêmica na sua execução e na implementação de medidas para melhoria do desempenho institucional. Outra característica fundamental do processo de avaliação de uma instituição acadêmica expressa no presente artigo é a intensa participação dos seus membros, tanto nos procedimentos e implementação, como na utilização dos resultados, traduzidos em medidas voltadas ao aperfeiçoamento da instituição. Se, por um lado, a avaliação desenvolvida pelos próprios agentes do processo apresenta aspectos positivos, como, por exemplo, maior nível de aprofundamento de MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 8 determinadas questões; por outro lado, ela é insuficiente, pois não garante a incorporação da visão daqueles cientistas e cidadãos atingidos pelas atividades acadêmicas, podendo vir a refletir uma visão corporativa. Para superar tal dificuldade, a sistemática de avaliação proposta deve aliar a estratégia de avaliação interna (auto-avaliação) à avaliação externa. Essa proposta possui a vantagem de combinar importantes subsídios originários da percepção e dos juízos daqueles indivíduos comprometidos com a instituição e seus resultados com o aporte de outros segmentos científicos e sociais. Tanto a auto-avaliação quanto a avaliação externa abarcam dimensões qualitativas e quantitativas de todas as atividades institucionais. Vale ressaltar, também, a integração de esforços e experiências já existentes na instituição, com o objetivo de proporcionar o intercâmbio e aproveitar e incentivar experiências em andamento, no intuito de integrá-los num processo global. Salienta-se que um processo de discussão desenvolvido pelos vários segmentos da instituição universitária proporciona maior clareza acerca de aspectos institucionais e também determina maior conhecimento e compreensão da estrutura global da Instituição de Ensino Superior. Quanto à questão da periodicidade, o processo de avaliação deve ser contínuo e sistemático para promover permanente aperfeiçoamento, reflexão constante e redefinição dos objetivos e das prioridades científicas e sociais da instituição acadêmica. Assim, não deve estar vinculado a mecanismos de punição ou premiação. Ao contrário, deve prestar-se para auxiliar na identificação e na formulação de políticas, ações e medidas institucionais que impliquem atendimento específico ou subsídios adicionais para o aperfeiçoamento de insuficiências encontradas. Estas características do processo de avaliação contribuem para a construção da legitimidade política, indispensável à implementação de um projeto nacional de avaliação universitária. A legitimidade técnica do processo depende de outros fatores: 1. Metodologia: além de construir indicadores adequados, pode utilizar-se de procedimentos quantitativos e qualitativos e oferecer modelos analíticos e interpretativos apropriados aos objetivos do processo avaliativo; 2. Fidedignidade da informação e a existência de uma base de dados confiáveis: é MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 9 também condição necessária para qualquer esforço de avaliação que se proponha. A ausência de um conjunto de informações institucionais e estatísticas confiáveis tem prejudicado a construção de indicadores para análise do sistema universitário. Exemplos disto são aqueles relativos à área construída, produção acadêmica, custo por aluno, titulação do corpo docente, acervo bibliográfico e a própria definição de aluno. A primeira providência a ser tomada para a construção de uma boa base de dados é a de obter informações sobre as principais variáveis relativas ao ensino superior, constituindo um núcleo de dados relevantes produzidos pelas Instituições de Ensino Superior a partir de critérios comuns pré-definidos. 4 Antigos métodos – Novas perspectivas Dentre as várias perspectivas possíveis de serem consideradas, foi oportuno, para o propósito deste artigo, identificar e destacar alguns pontos de referência para reflexões: 4.1 A reorganização das instituições de ensino Há um consenso entre os pensadores mais destacados do mundo dos negócios que as tradicionais configurações empresariais são frágeis e inadequadas para as atuais condições. Porém, as projeções e novas estratégias, ainda que em números pouco significativos, têm sido mais desenvolvidas nos meios acadêmicos do que no âmbito essencialmente empresarial em face de suas complexidades operacionais. Raros mesmo são os empresários que têm adotado formatações organizacionais flexíveis e dinâmicas, virtuais, estruturadas em redes, apesar de conhecerem as limitações da estrutura departamental, em suas várias configurações, e dos tradicionais princípios de administração e organização. Neste novo período da administração de empresas, o acesso ao futuro só pode ser obtido por meio de veredas, continuamente construídas ou reconstruídas, que assegurem e sustentem uma posição de referência, por períodos de tempo imprecisos e descontínuos, num mundo confuso e incerto, inseguro e dinâmico dos negócios educacionais. Há de se trilhar, como afirma Toffler (1980), uma “terra incógnita”, construindo-se, incessantemente, caminhos próprios que possam superar a certeza da ocorrência de sucessivas restrições situacionais. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 10 Handy (1996), um filósofo da cultura empresarial, em seu artigo sobre o tema “Encontrar sentido na incerteza”, expressa pensamento a respeito de uma organização flexível, na forma de redes, a partir de um pequeno centro de pessoas-chave que proporcione uma competência durável e mantenha todo um conjunto de atividades unido, ao redor do qual, em um espaço aberto, gravitam atividades operacionais de suporte e uma série de alianças com organizações fornecedoras, distribuidoras, com profissionais independentes, força de trabalho permanente e transitória, clientes, etc. Está claro que Charles Handy identifica a existência de vários paradoxos avaliativos na vida organizacional, os quais necessitam ser entendidos e aceitos por seus partícipes: Ser amplas e restritas; Ter funções gerais e específicas; Ter funcionários estimulados e socializados, fazendo parte de uma equipe. Serra e Kastika (1994), em sua obra “Reestruturando Empresas”, reafirmam o tradicional pensamento “de ser difícil identificar em uma empresa problemas que sejam exclusivamente comerciais, produtivos ou financeiros e possam, assim, ser resolvidos apenas sob o ponto de vista específico dessas áreas”. A solução para os complexos problemas organizacionais deve fluir da associação de distintas formas de pensar porque são problemas multifuncionais. Tais princípios são plenamente aplicáveis à empresa educacional. Está claro que a administração que mensura seus serviços por meio de interações de conhecimentos especializados formará administradores multiscientes e multíplices. Esta forma de organização e associação de idéias oriundas de diferentes áreas para gerir e avaliar, principalmente os negócios educacionais, proporciona à empresa a aquisição de conhecimentos e experiências diversificadas que ajudam na administração de inovações, institucionalizando, no dizer de Shaw e Perkins (1993), o “aprendizado organizacional”. Na óptica desses autores, o aprendizado organizacional ocorre quando as pessoas e os grupos interpretam e refletem eficazmente, através das avaliações, os resultados de sucesso ou de fracasso de seus atos quando as pessoas e os grupos disseminam pela organização os novos conhecimentos e agem para produzir a maior vantagem, os melhores benefícios para sua organização. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 11 O aprendizado organizacional, rotulado em nossos dias atuais, de “benchmarketing interno”, é uma estratégia de crescimento pelo desenvolvimento do capital intelectual dos recursos humanos, autênticos propulsores do desempenho bem-sucedido principalmente das organizações educacionais, o que é consolidado pelas idéias precursoras de Towne (1886), em seu trabalho “O engenheiro como Economista”, sobre a existência de conhecimentos desenvolvidos e praticados por várias indústrias que deveriam ser permutadas entre os executivos dessas diferentes empresas, constituindo, assim, um conjunto de capacidades sobre o qual deveria ser estabelecida uma ciência administrativa. 4.2 Trajetória das Instituições de Ensino Superior Identificar e propor uma postura correta às Instituições de Ensino Superior, apesar de necessário, não é fácil. Sabe-se que uma decisão não é igual à outra, porém, uma vez decidido “quê fazer” e “como fazer”, é preciso ter confiança, crer nas medidas e valores estabelecidos para se oferecerem melhores oportunidades educacionais. Mas essas decisões deverão incorporar modificações até mesmo nos conteúdos programáticos e componentes curriculares dos cursos, procurando adequá-los à nova realidade organizacional, ainda que escassos sejam os livros didáticos que enfoquem os inovadores conhecimentos requeridos para este novo período de recriação das competências técnicas e administrativas. As Instituições de Ensino Superior terão de redobrar os seus esforços para promover uma formação profissional de seus estudantes que corresponda às necessidades das mudanças nas empresas. Existem Instituições de Ensino Superior que possuem currículos orientados para soluções integradas dos problemas organizacionais. Contudo, como podem saber, após cinco anos, no final de um curso de graduação, qual foi a qualidade do ensino oferecido aos seus egressos se não houve um projeto de monitoramento que, durante o curso, possibilitasse o conhecimento de sua evolução? Que a especialização é essencial para o sucesso profissional, quando os alunos têm notícias que, no contexto das empresas avançadas, existem “espaços” para profissionais multiscientes e multíplices? Que a unidade de comando, a comunicação verticalizada e os níveis hierárquicos, dentre outros, são princípios indispensáveis à eficiência administrativa, o que, no dia-a-dia de nossas empresas, demonstra a existência de um profundo desrespeito ou indiferença a esses postulados? MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 12 Que a iniciativa dos subordinados deve ser estimulada pelos chefes quando, na prática empresarial, é habitual os chefes utilizarem-se da sua categorização de autoridade superior para decidir sem antes analisar e dialogar com os seus comandados a respeito das alternativas por eles propostas? Diante desse enfoque, propõe-se a dedicação atenta e sensível à realidade interdisciplinar e administrativa possível de ser evoluída no campo da Avaliação Institucional do Centro Universitário Nilton Lins. 4.3 Avaliação qualitativa versus quantitativa Freqüentemente, de acordo com meu ponto de vista, a discussão relativa aos métodos quantitativos e qualitativos na abordagem das pesquisas sociais tem se desenvolvido de forma inadequada. Ora, numa pesquisa dessa natureza, há dados de enorme relevância que não podem ser contidos ou expressos através de números, pois se constituem de informações ou, especificamente, de significados subjetivos. Destarte é praticamente difícil trabalhar com números uma vez que se tem um universo de significações, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores. Esse conjunto de dados considerados “qualitativos” necessita de um referencial de coleta e de interpretações de outra natureza. Durante o desenvolvimento do Projeto de Avaliação Institucional do Centro Universitário Nilton Lins, têm-se reconhecido essas necessidades e buscado aplicar determinados métodos que se mostram aplicáveis e totalmente adequados face às várias situações com as quais lidamos e aos objetivos que pretendemos alcançar. Certamente pesquisas dessa natureza que lidam com dados advindos de opiniões e análises subjetivas não podem se restringir aos referenciais apenas quantitativos; uma vez que as pesquisas qualitativas podem ser de qualidade muito superior às que fazem análises quantitativas e que não existem situações entre qualitativo-quantitativo em que a superioridade estaria para o aspecto quantitativo. A questão do quantitativo enfatiza o tema da objetividade. Isto é, os dados relativos à realidade social seriam extremamente objetivos se produzidos por instrumentos padronizados, visando a eliminar fontes de propensões de todos os tipos e a observar uma linguagem observacional neutra. A restrição posta pelos estudiosos à avaliação quantitativa não está relacionada com a técnica. Isto é, não está em jogo a desvalorização da análise multivariada ou MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 13 quantitativa. Pelo contrário, seus instrumentos são poderosos e reconhecidos. A crítica é feita no fato de essa forma de avaliação restringir a realidade social uma vez que o que é observado vai ser apenas quantificado. Quanto a esse tipo de avaliação, os vários autores comentam que as abordagens quantitativas acabam sacrificando os significados e as informações subjetivas no altar da matemática. Enquanto isso, a questão do homem enquanto protagonista social ganha espaço e faz emergir estudos e pesquisas sociais que impõem a necessidade do pesquisador trabalhar com indicadores subjetivos, que expressem enfaticamente os significados. Trata-se de um tempo em que o mundo subjetivo sobrepõe-se ao objetivo. Fase em que se comprova que é possível qualificar aquilo que se entende por apenas quantificável. Não se trata de desprezar a quantificação, mas de fazer valer a época em que vivemos na qual o homem é construtor da sua história, do seu enredo. Sendo autor de sua própria existência, o homem tende a atribuir significados ao seu mundo, reconstruindo-o, acha sentido a todos os fatos que emergem na sociedade, extraindo desses fatos e realidades as concepções que lhe são altamente importantes para a própria subsistência social. As realidades sociais são construídas nos significados e, através deles, e podem ser identificados na medida em que se mergulha na linguagem significativa da interação social. Na avaliação qualitativa, a realidade se constitui numa totalidade em que tanto os fatores visíveis como as representações sociais integram e configuram um modo de vida condicionado pelo modo de produção específico. Certamente, na presente pesquisa, que priorizou a análise da Avaliação Institucional, foram desenvolvidos prioritariamente os aspectos qualitativos sem os quais não poderíamos representar com propriedade os indicadores qualitativos da instituição. As diferentes formas de percebermos a realidade social suscitam a discussão sobre os aspectos qualitativos x quantitativos de uma avaliação. Hughes (1983) afirma que a principal influência do positivismo nas ciências sociais foi a utilização dos termos de tipo matemático para a compreensão da realidade e a linguagem das variáveis para especificar atributos e qualidades do objeto que está sendo investigado. Os fundamentos da pesquisa quantitativa nas ciências sociais são os próprios princípios positivistas. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 14 5 A Avaliação Institucional do Centro Universitário Nilton Lins Os gestores de instituições educacionais, sejam elas públicas ou privadas, sabem que as Instituições de Ensino Superior (IES) são organizações extremamente complexas e difíceis de administrar, dada a sua natureza peculiar. Enquanto sua porção administrativa se assemelha à de qualquer empresa prestadora de serviços, a parte pedagógica lida de modo mais direto com as complexidades e incertezas das dimensões lógicas do conhecimento e do pensamento humano. Esses aspectos peculiares das Instituições de Ensino Superior fazem com que seu monitoramento e controle exijam procedimentos específicos, adequados às suas características especiais. É nesse sentido que a Avaliação Institucional se impõe como exímio instrumento para a gestão de sistemas educacionais. Devido ao rápido crescimento do Centro Universitário Nilton Lins, teve-se a necessidade de se adotar a Avaliação Institucional como forma de se examinar o seu desempenho enquanto Instituição de Ensino Superior, bem como a qualidade de seus serviços e as condições da estrutura física, de suas instalações, especialmente dos segmentos que oferecem direto atendimento como bibliotecas, laboratórios e salas de aula. Além do que, mais importante que as instalações, são as interações altamente necessárias no ambiente acadêmico, em que as relações internas e externas entre os pares e o público acabam determinando a eficácia do processo ensino-aprendizagem. Por se tratar de uma instituição que tem um compromisso com a educação de qualidade, o Centro Universitário Nilton Lins cultiva uma visão compreensiva e crítica sobre o conjunto articulado de dimensões que constituem a totalidade do seu sistema educacional a fim de obter os seguintes objetivos: Contribuir para o aperfeiçoamento contínuo de sua atividade-fim; Instrumentalizar-se com ferramentas apropriadas para o planejamento de sua gestão empresarial e educacional; Permitir a construção de um processo sistemático para a prestação de suas contas; MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 15 Buscar a excelência do nível de serviço educacional como diferencial competitivo; Viabilizar o processo de desenvolvimento institucional. Avaliação Institucional é componente fundamental para a diferenciação entre o gerenciamento inteligente e o gerenciamento irracional, fornecendo subsídios para a justificativa de investimentos passados e futuros, agregando valor à Instituição, através do fortalecimento da gestão do sistema educacional e empresarial dada à melhoria que traz ao processo de planejamento e tomada de decisões pela obtenção de benefícios como: O monitoramento de todos os processos, dimensões e tendências relevantes da Instituição; A obtenção e uso de modelos que mostrem como atuam os mecanismos condicionantes dos processos e tendências observados no sistema empresarial e educacional atuais; A identificação das necessidades estratégicas e orientações específicas acerca da melhor forma de supri-las. Através do conhecimento produzido pela Avaliação Institucional e dos mecanismos de controle que são colocados à disposição dos gestores, são produzidas as condições para que a instituição possa maximizar a sua qualidade e minimizar suas perdas e custos, ganhando tanto em eficiência quanto em eficácia. Os dados obtidos com a avaliação institucional realizada em um semestre refletem o passado e o presente da instituição, o que permite elaborar metas para o futuro. Ao final da Avaliação Institucional (que culmina com a apreciação, ponderações e decisões dos gestores), espera-se que as seguintes questões estejam respondidas: Como a instituição está atualmente? Onde se quer chegar? Quais mudanças devem ser feitas? MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 16 6 A Comissão Própria de Avaliação do Centro Universitário Nilton Lins A Comissão Própria de Avaliação (CPA) vem desenvolvendo em conjunto com as Pró-Reitorias da IES, passo a passo, um projeto de Avaliação Institucional, sem importação de modelos, através do qual haja empenho em se autoconhecer, em enxergar seus pontos fracos para buscar torná-los fortes e, percebendo seus pontos fortes, agir para atingir a excelência. A avaliação institucional é o primeiro passo para o diagnóstico da instituição, é um compromisso que, sabemos, apenas é satisfatoriamente cumprido se pudermos contar com a colaboração co-responsável de cada membro deste Centro Universitário. Pode-se dizer que, até agora, se tem manifestada a colaboração e interesse de toda a comunidade acadêmica para com a avaliação institucional, sendo necessário, no entanto, sensibilizar a direção geral, gestores, professores, alunos, técnicos-administrativo, egressos e comunidade externa para uma efetiva participação e comprometimento com esse processo. É necessário avaliar uma instituição de forma global, pois, em seu âmbito profissional, há espaço para o desenvolvimento das competências e capacidades inovadoras das forças de trabalhos que somam positivamente na busca do êxito. No entanto, há também necessidade de reavaliações freqüentes de estratégias da avaliação institucional, que certamente definirão o sucesso ou fracasso do processo. Daí, a importância deste trabalho através do qual extrairemos indicadores positivos e/ou negativos de nossa avaliação institucional conduzida pela Comissão Própria de Avaliação do IES. 7 Considerações Finais A avaliação institucional sempre foi considerada como importante instrumento de aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem. Assim sendo, coube ao Centro Universitário Nilton Lins, nesta pesquisa, o papel de articular as formas mais eficazes para que o processo de avaliação promovesse melhorias, não somente na qualidade de ensino, como também no próprio desempenho da comunidade acadêmica. É no uso desses princípios que, através dos resultados do processo de Avaliação Institucional, há o diagnóstico dos problemas que incidem sobre a realidade da IES, proporcionando possibilidades de reestruturação ou redimensionamentos. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 17 Por intermédio de um sistema chamado “diálogo das dimensões”, partícipes da Instituição puderam realizar a pesquisa de opinião como um dos instrumentos do processo de avaliação institucional constantes do modelo de Avaliação Institucional, gerando-se subsídios às demais instâncias administrativas na implementação de melhores estratégias de ensino e gestão educacional. No quadro 1, podemos evidenciar uma participação efetiva dos discentes na pesquisa, em um processo totalmente feito de forma eletrônica, via web, através de um sistema desenvolvido na própria instituição. Diálogo das Dimensões Administração Ciências Contábeis Ciências Econômicas 120 155 112 Direito Enfermagem 103 Farmácia 108 114 Fonoaudiologia 133 211 122 101 138 168 Jornalismo Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Geografia, Letras, Matemática e Sociologia Medicina Odontologia Pedagogia Quadro 1. Diálogo das Dimensões. Fonte: Pesquisa Institucional, 2008. A experiência obtida com o processo de Avaliação Institucional no Centro Universitário Nilton Lins mostra o potencial da avaliação para aprimorar os processos empresariais e educacionais desta IES. Em síntese, a avaliação institucional do Centro Universitário Nilton Lins, no segundo semestre de 2008, mostrou que os cursos acima apresentaram os seguintes problemas: A pouca participação dos alunos nas atividades extracurriculares oferecidas pela instituição; Necessidade de atualização do acervo de periódicos científicos / acadêmicos; MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 18 Baixa freqüência dos alunos à biblioteca; Ampliação de equipamentos para as aulas práticas; A pouca disponibilidade dos professores do curso para orientação extraclasse; Necessidade de diversificar o uso do material didático; A pouca utilização de recursos audiovisuais e meios de tecnologia educacional com base na informática; Melhorias no espaço pedagógico; Oferecimento de mais atividades complementares condizentes com as horas exigidas na matriz curricular; Pouca divulgação das atividades de ação comunitária; Baixa participação dos estudantes em atividades acadêmicas além das obrigatórias. Conforme demonstrado através dos vários indicadores apresentados na avaliação, foram recomendadas as seguintes ações: Incentivar o aumento do número de horas dedicadas ao estudo; Incentivar o hábito da leitura; Incentivar o uso da biblioteca; Adquirir mais números de exemplares suficientes para atender a demanda do curso; Incentivar o uso do serviço de pesquisa bibliográfica; Oferecer e divulgar as ações comunitárias; Disponibilizar mais recursos audiovisuais e meios tecnológicos educacionais com base na informática; MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 19 Ofertar, divulgar e integrar ao currículo as atividades de extensão, monitoria e iniciação científica; Ofertar as atividades complementares de acordo com as exigências propostas na matriz curricular; Incentivar a participação nas várias atividades extracurriculares; Criar indicadores de gestão que possam ajudar na tomada de decisões e ajustes necessários aos cursos, conforme apresentamos a seguir: 1. Cursos com altas taxas de evasão; 2. Cursos com altas taxas de inadimplência; 3. Cursos com baixas taxas de discentes por docentes; 4. Cursos com baixas taxas de concentração de alunos; 5. Cursos com altas taxas de concentração de docentes; 6. Cursos com alto custo médio por docentes; 7. Cursos com baixo custo médio por docentes; 8. Cursos com baixa participação no resultado financeiro; 9. Cursos com alta taxa de reprovação; 10. Cursos com alta taxa de aprovação; 11. Cursos com baixa taxa de qualificação de docentes; 12. Cursos com baixa taxa do Índice de Qualidade Total (IQT). Na apresentação desses resultados, quando da divulgação da pesquisa, recomendou-se que, para a análise dos indicadores de avaliação institucional acima, fossem levados em consideração a interrelação, a totalidade e dependência dos mesmos, dado que não são coerentes análises baseadas nos indicadores de forma isolada. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 20 Como produto final esperado de cada avaliação de curso, deverá ser elaborado um relatório contendo comentários referentes a alguns dos indicadores de avaliação institucional apresentado e, ainda, respostas às seguintes questões: 1. Quais as finalidades ou os objetivos do curso? 2. Qual a situação atual do curso? A resposta a esta pergunta deve incluir um diagnóstico de: Ameaças / Problemas / Pontos fracos; Oportunidades / Pontos fortes. 3. O que o curso precisa para um melhor alcance dos seus objetivos? Ações relativas à infraestrutura (pessoal, equipamentos, ambiente físico, material de consumo); Ações relativas à estrutura curricular do curso (articulação horizontal e vertical das disciplinas, conteúdos programáticos, relação teoria/prática). 4. Que metodologia foi adotada para a realização da avaliação? Participantes (número de alunos, professores, ex-alunos); Duração; Tipos de atividades (grupos de estudo/trabalho, discussões em grande grupo/plenárias/assembléias); Temas abordados. Para complementar os itens acima e, também, como sugestão para o conteúdo das discussões, apresenta-se o roteiro a seguir: 1. Existe um projeto de curso? De que forma ele se manifesta? 2. Existe uma concepção homogênea sobre a formação deste profissional no curso como um todo? MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 21 3. Como se dá a relação teoria/prática na dinâmica do curso? 4. Como são desenvolvidos os estágios supervisionados? 5. O conhecimento da realidade de trabalho onde irá operar o aluno formado é sempre levado em conta no desenvolvimento das várias disciplinas que compõem o curso? 6. De que forma os alunos são estimulados a participar de atividades extraclasses (seminários, congressos, eventos culturais artísticos e políticos)? 7. De que forma as atividades dos cursos de pós-graduação relacionados ao curso em questão contribuem para a melhor formação de professores e alunos da graduação? 8. Como se dá a necessária articulação ensino-pesquisa-extensão no âmbito deste curso? 9. Qual a importância no seu curso do Programa Bolsas de Iniciação Científica, Monitorias, Estágio Curricular? 10. Existe no curso o Núcleo Docente Estruturante (NDE)? 11. Existe na Instituição o Núcleo de Apoio Psicossocial (NAPS)? De forma geral, a avaliação deve ser vista como um instrumento importante para gerar idéias de aprimoramento, mas nunca como uma verdade absoluta devido às limitações das metodologias existentes que são viáveis de serem implementadas, entretanto, se bem interpretadas, tornam-se de grande importância para o autoconhecimento, aprimoramento institucional, auxiliando a gestão e a tomada de decisão. Durante a pesquisa institucional detectou-se o aparecimento de alguns resultados do processo positivos na IES, tais como: Melhoria da imagem institucional pela evolução da credibilidade e do respeito da comunidade acadêmica e da sociedade; Melhoria do processo de comunicação com o público interno e externo; MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 22 Criação de canal e instrumento de mediação do clima institucional; Implantação e desenvolvimento substancial de fatores de diferencial competitivo; Evolução da qualidade dos serviços educacionais e organizacionais; Melhoria do clima institucional pela redução dos conflitos em sala de aula; Promoção da cooperação para a solução dos problemas comuns; Promoção da competição pela busca de resultados setoriais; Melhoria do índice de qualificação de docentes; Finalmente, percebem-se, ainda, alguns aspectos interessantes no processo de avaliação institucional: 1. Avaliar não é um processo onde impera a imparcialidade; 2. Para se avaliar, é necessário decompor o todo em partes que possam ser mensuráveis, ou seja, comparáveis com padrões preestabelecidos; 3. Se a avaliação corresponde a algo valorado pelos avaliadores, ela difere conforme quem a avalia: corpo docente, corpo discente, os antigos alunos, etc. Cada um irá dar ênfase diferente aos aspectos julgados, principalmente em razão de sua vivência e necessidades, ou seja, um aspecto positivo ou importante para um poderá ser negativo ou irrelevante para outro; 4. Além disso, valorar é algo dinâmico, este ato admite novas interpretações quando feito ou mesmo analisado em momentos diferentes. Portanto, há necessidade de se avaliar periodicamente para acompanhar a evolução dos fatores avaliados. REFERÊNCIAS BUCKLEY, Walter. A sociologia e a moderna teoria dos sistemas. Tradução de Octávio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1976. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. São Paulo: Atlas. 1998. MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010. 23 HANDY, Charles. 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