AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: INDICADOR BÁSICO DA GESTÃO DE
QUALIDADE
José Luiz Torres Mota1
RESUMO
Este artigo sintetiza o estudo de pesquisa (Avaliação Institucional – Opinião dos Discentes)
realizado no Centro Universitário Nilton Lins, com os alunos dos cursos de graduação da IES.
Na composição textual teorizou-se primeiramente o processo comunicativo apresentando-o
como elemento fundamental tanto para as organizações institucionais quanto para a
sistematização de todas as informações e indicadores que compõem esta pesquisa. Na mesma
pesquisa aludiu-se sobre a avaliação institucional como elemento propulsor na busca de
melhorias da gestão de qualidade; bem como fez-se a abordagem da avaliação qualitativa
enquanto instrumento de natureza peculiar porém fundamental para ser trabalhado
simultaneamente à avaliação quantitativa. A concatenação dos dados está sistematizada no
espaço destinado à metodologia que lhes demonstra tanto na busca teórica efetuada acerca do
tema, quanto no estudo empírico que ocorreu durante o estudo, cujos resultados vêm
confirmar a necessidade que há de se criarem instrumentos de mensuração que possibilitem a
reorganização e inovação das estratégias que suscitarão a melhoria da qualidade de serviços.
Finalmente apresentam-se as proposições que certamente poderão suscitar a qualidade dos
serviços acadêmicos em todas as instâncias educacionais.
Palavras-chave: avaliação institucional; educação superior; gestão educacional.
INSTITUTIONAL EVALUATION: BASIC INDEX OF QUALITY MANAGEMENT
ABSTRACT
This article summarizes the research (Institutional evaluation – scholars opinion) done in
Nilton Lins University Center, among the majoring students of this institution. In the textual
composition, what was first theorized was the communicative process in order to present it as
a fundamental element for the institutional organizations as well as for the systematization of
all the information and indexes that consist this study. In this same study the institutional
evaluation was alluded as a start in the search of improvement in quality management; a
qualitative evaluation approach also was done as an instrument of peculiar characteristics but
fundamental to be worked simultaneously with the quantitative evaluation. The concatenation
of data is systematized in the methodology part which illustrates the theoretical search done
about the theme, as the empirical study that took place during this research, in which the
results confirm the necessity to created measurement instruments that make possible the
reorganization and renewal of strategies that will cause the improvement in services quality.
Finally the proposals that will certainly be able to cause quality in academic service in all
educational levels are presented.
Keywords: institutional evaluation; superior education; education management.
1
Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação do Centro Universitário Nilton Lins. Diretor Geral das Faculdades
Cearenses – FAC. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM
e-mail: [email protected].
MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades
Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010.
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SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 O Princípio norteador da interação
institucional. 3 A avaliação: processo de melhoria da qualidade. 4
Antigos métodos – Novas perspectivas. 5 A Avaliação Institucional do
Centro Universitário Nilton Lins. 6 A Comissão Própria de Avaliação
do Centro Universitário Nilton Lins. 7 Considerações Finais.
1 Introdução
Este artigo apresenta um estudo do modelo e da natureza da Avaliação
Institucional desenvolvida no Centro Universitário Nilton Lins, demonstrando as estratégias
que fundamentam e articulam o sistema educacional com suas respectivas funções e práticas
das melhorias buscadas por esta instituição de ensino.
Ao falar de Gestão de Qualidade, admite-se que, no mundo administrativo, há
inúmeras diretrizes e estratégias que estabelecem as diversas linhas de administração e
oferecem possibilidade de serem aplicadas nas diferentes gestões. Assim sendo, a relevância
deste estudo se dá exatamente pelo fato de que nos foi possível delimitar as estratégias que
temos desenvolvido nesta Instituição de Ensino Superior, bem como de se analisar os
procedimentos avaliativos, mensurando seus respectivos resultados. Na avaliação de uma
instituição educacional, os critérios não se diferem tanto de qualquer outro tipo de avaliação
institucional. Nesse presente artigo tenta-se mostrar as mutações e implicâncias nas quais
consiste um processo de avaliação institucional.
O crescimento quantitativo desta instituição de ensino requereu a materialização
da avaliação institucional aplicada através de um processo comunicativo interno possível de
ser utilizado por toda e qualquer organização institucional e especialmente por uma instituição
de ensino superior. Por tais medidas aplicaram-se estratégias através das quais avaliamos os
diversos aspectos indissociáveis das múltiplas atividades-fins e das atividades-meio,
necessárias à sua realização; isto é, mensuramos cada uma das dimensões de ensino da
produção acadêmica, em suas interfaces e interdisciplinaridade. Conseqüentemente, procedeuse uma análise simultânea do conjunto de dimensões relevantes hierarquizando
cronologicamente o tratamento de cada uma delas, a partir de prioridades definidas no âmbito
da instituição e dos recursos disponíveis.
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Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010.
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Partimos do pressuposto de que nosso objetivo institucional é deflagrar, através de
um processo comunicativo, uma reorientação do ensino superior, com vistas a promover
diretrizes que possam nortear o sistema avaliativo da instituição, incorporando maior
conhecimento multidisciplinar requerido pelo Ministério da Educação para atender ao grau de
complexidade crescente dos fatos administrativos das IES brasileiras. Ora, as instituições de
ensino superior defrontam-se com indicadores de uma nova era de descontinuidade, na qual
vivem-se momentos de ensino dinâmico, que requerem novas arquiteturas, estratégias e
culturas organizacionais. Esse emergente cenário organizacional e administrativo que se
apresenta exige, dos gestores, perspectivas totalmente novas que superem as posturas
tradicionais do passado e identifiquem ações a serem promovidas no presente para construir
um marco vitorioso no futuro.
A implantação e o desenvolvimento da avaliação institucional proposta neste
artigo envolvem uma estratégia analítica da dimensão interna de avaliação que se inspira em
um dossiê técnico compreendendo os aspectos quantitativos e qualitativos da realidade a ser
examinada. A pesquisa foi concebida como oportunidade crítica em que os pares acadêmicos
de vários cursos de graduação avaliaram as práticas universitárias, com vistas à formulação e
acompanhamento de políticas acadêmicas, administrativas, financeiras, de planejamento e
avaliação.
Os sujeitos do estudo consistiram em todos os discentes de graduação dos cursos
de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Enfermagem,
Farmácia, Fonoaudiologia, Jornalismo, Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Geografia,
Letras, Matemática e Sociologia, Medicina; Odontologia e Pedagogia. Os pesquisados
avaliaram os serviços oferecidos pelo Centro Universitário Nilton Lins, mensurando-os
quanto às suas características de qualidade.
Por se tratar de uma investigação sobre a qualidade dos serviços educacionais da
IES, efetuou-se uma pesquisa descritiva, fazendo uso de um formulário constituído por
quatorze questões fechadas com três níveis de classificação (Regular, Bom e Excelente).
A análise e interpretação dos dados foram feitas através do “Indicador de
Qualidade Total – IQT” para aferir a percepção dos usuários dos serviços educacionais,
obtendo informações para a avaliação sob a perspectiva dos discentes nos fatores essenciais
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para a "Qualidade Total" dos processos educacionais e empresariais do Centro Universitário
Nilton Lins.
A seguir, apresentam-se os conceitos adotados por faixa de IQT obtido em cada
questão, curso e área, conforme a fórmula:
IQT = [ (%Reg * 0, 5) + (%Bom * 0, 7) + (%Exc * 1, 0)
Baseado nessa fórmula, o modelo de conceituação foi interpretado com o seguinte
significado: Se todos os alunos atribuem só conceito:
“Regular”
para uma questão, o IQT é de 50 % ou;
“Bom”
para uma questão, o IQT é de 70 % ou;
“Excelente”
para uma questão, o IQT é de 100 %.
Conceitualmente, considera-se para as categorizações qualitativas (Regular, Bom e
Excelente) os intervalos quantitativos do IQT:
REGULAR:
IQT de 50, 0 % a 66, 7 %.
BOM:
IQT de 66, 8 % a 83, 4 %.
EXCELENTE:
IQT de 83, 5 % a 100, 0 %.
O intervalo entre conceitos foi de 1/3 de 50%.
2 O Princípio norteador da interação institucional
A comunicação é fator essencial propulsor de qualquer projeto em todos os tipos
de instituições e, de acordo com Chiavenato (1998, p. 92),
comunicação é a transferência de informação e significados de uma pessoa para
outras pessoas. É a maneira de se relacionar com outras pessoas através de idéias,
fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o que liga as pessoas para que
compartilhem sentimentos e conhecimentos. Dessa forma, as organizações não
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podem existir nem operar sem comunicação; esta é a rede que integra e coordena
todas as partes.
Apesar de a informação ser um dos recursos mais importantes de uma instituição,
as pessoas são solicitadas a gerar informação, o que faz com que as decisões tomadas se
alicercem em informações que surgem no próprio âmbito de trabalho, geralmente baseadas
nas necessidades que contextualizam o mundo produtivo da instituição.
É a comunicação o elemento que proporciona a interação das partes distintas de
um órgão, produzindo as condições para um trabalho coordenado das estruturas institucionais,
permitindo, enfim, que a cúpula organizacional atinja as metas programadas.
Rego (1985) afirma que “a comunicação é um aspecto universal da atividade da
empresa, pois tudo que ela produz, para o meio interno ou externo ao grupo fechado que ela
constitui, está relacionado a um ato comunicativo, a uma troca de sinais de um lugar para o
outro.”
Considerando que a instituição se constitui num sistema de elementos interligados
que formam um todo unitário, visando à realização de objetivos comuns, Buckley (1976,
p.68) define sistema como:
Um complexo de elementos ou componentes, direta ou indiretamente relacionados
numa rede causal, de sorte que cada componente se relaciona pelo menos com
alguns outros, de modo mais ou menos estável, dentro de determinado período de
tempo.
Segundo Kunsch (1986, p. 29), “sistema é um conjunto de elementos
interdependentes, que formam um todo unitário”. Ele afirma que “é a comunicação que ocorre
dentro da organização e a comunicação entre ela e seu público ou o seu meio ambiente que
definem a organização e determinam as condições da sua existência e a direção do seu
movimento.”
O sistema de comunicação de qualquer instituição condiciona seu crescimento e
sua sobrevivência promovendo uma interação constante com a sociedade. A comunicação é
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capaz de proporcionar a renovação do ambiente de uma instituição, facilitando suas relações e
colaborando para a eficácia de suas realizações.
3 A avaliação: processo de melhoria da qualidade
O processo de Avaliação Institucional é um instrumento de gestão aplicável
através do processo comunicativo e tem se mostrado poderoso e fundamental para o
desenvolvimento qualitativo das IES.
Até pouco tempo, as empresas empenhavam-se apenas em administrar bem, pois
somente isso era suficiente para a obtenção do lucro, anseio tão comum entre o mundo
empresarial do momento, uma vez que, sem tanta concorrência, não tinham necessidade de se
auto-avaliar ou preocupar com a busca de melhorias. No entanto, a revolução da tecnologia e
a globalização das informações motivaram novas necessidades com as quais surgiram novos
tipos de clientes que se mostram cada vez mais exigentes.
Na avaliação de uma Instituição de Ensino Superior, os critérios não se diferem
tanto de qualquer outro tipo de avaliação institucional. Este artigo mostra as mutações e
implicações nas quais consiste um processo de avaliação institucional, baseado em um
referencial teórico e em linhas temáticas desse processo realizado no Centro Universitário
Nilton Lins.
Reconhecida historicamente como instituição que produz e dissemina o saber
voltado tanto para a busca das verdades científicas quanto para atender às necessidades
básicas da sociedade, espera-se da Instituição de Ensino Superior o desempenho conseqüente
em suas atividades–fim, capazes de garantir bom padrão de qualidade de seus serviços à
sociedade. Se este pressuposto é abrangente, a natureza e a destinação prioritária desses
serviços podem e devem ser discutidas em função da organização e do estágio de
desenvolvimento em que se encontra a sociedade a que serve. O processo de avaliação deve,
portanto, ser o contraponto da proposta institucional desenvolvida pela IES, buscando atender
a uma tripla exigência da Instituição de Ensino Superior contemporânea:
Um processo contínuo de aperfeiçoamento do desempenho acadêmico;
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Uma ferramenta para o planejamento e gestão universitária;
Um processo sistemático de prestação de contas à sociedade.
Isto significa o acompanhamento constante, metódico e sistematizado das ações, a
fim de verificar se as funções e prioridades determinadas coletivamente estão sendo matizadas
e atendidas. É este o contraponto entre o pretendido e o realizado que dá sentido à avaliação.
A avaliação não implica, evidentemente, que todas as discordâncias, dúvidas e
contradições, características do cotidiano acadêmico, venham a desaparecer; ela, ao contrário,
deve contribuir para revelar, preservar e estimular a pluralidade constitutiva da instituição
acadêmica. Enquanto processo de atribuição de valor, a avaliação supõe exame apurado de
uma dada realidade, a partir de parâmetros de julgamento derivados dos objetivos, que
orientam a constituição, desenvolvimento ou produto das ações dessa mesma realidade. Supõe
igualmente racionalidade dos meios e utilização de aferições quantitativas.
Uma sistemática de avaliação institucional da atividade acadêmica, considerando
a descentralização dos procedimentos para a tomada de decisão, deve ser desenvolvida tendo
em vista alguns princípios básicos:
Aceitação ou conscientização da necessidade de avaliação por todos os
segmentos envolvidos;
Reconhecimento da legitimidade e pertinência dos princípios norteadores e
dos critérios a serem adotados;
Envolvimento direto de todos os segmentos da comunidade acadêmica na sua
execução e na implementação de medidas para melhoria do desempenho
institucional.
Outra característica fundamental do processo de avaliação de uma instituição
acadêmica expressa no presente artigo é a intensa participação dos seus membros, tanto nos
procedimentos e implementação, como na utilização dos resultados, traduzidos em medidas
voltadas ao aperfeiçoamento da instituição.
Se, por um lado, a avaliação desenvolvida pelos próprios agentes do processo
apresenta aspectos positivos, como, por exemplo, maior nível de aprofundamento de
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determinadas questões; por outro lado, ela é insuficiente, pois não garante a incorporação da
visão daqueles cientistas e cidadãos atingidos pelas atividades acadêmicas, podendo vir a
refletir uma visão corporativa. Para superar tal dificuldade, a sistemática de avaliação
proposta deve aliar a estratégia de avaliação interna (auto-avaliação) à avaliação externa. Essa
proposta possui a vantagem de combinar importantes subsídios originários da percepção e dos
juízos daqueles indivíduos comprometidos com a instituição e seus resultados com o aporte
de outros segmentos científicos e sociais. Tanto a auto-avaliação quanto a avaliação externa
abarcam dimensões qualitativas e quantitativas de todas as atividades institucionais.
Vale ressaltar, também, a integração de esforços e experiências já existentes na
instituição, com o objetivo de proporcionar o intercâmbio e aproveitar e incentivar
experiências em andamento, no intuito de integrá-los num processo global. Salienta-se que
um processo de discussão desenvolvido pelos vários segmentos da instituição universitária
proporciona maior clareza acerca de aspectos institucionais e também determina maior
conhecimento e compreensão da estrutura global da Instituição de Ensino Superior.
Quanto à questão da periodicidade, o processo de avaliação deve ser contínuo e
sistemático para promover permanente aperfeiçoamento, reflexão constante e redefinição dos
objetivos e das prioridades científicas e sociais da instituição acadêmica. Assim, não deve
estar vinculado a mecanismos de punição ou premiação. Ao contrário, deve prestar-se para
auxiliar na identificação e na formulação de políticas, ações e medidas institucionais que
impliquem atendimento específico ou subsídios adicionais para o aperfeiçoamento de
insuficiências encontradas.
Estas características do processo de avaliação contribuem para a construção da
legitimidade política, indispensável à implementação de um projeto nacional de avaliação
universitária.
A legitimidade técnica do processo depende de outros fatores:
1. Metodologia: além de construir indicadores adequados, pode utilizar-se de
procedimentos quantitativos e qualitativos e oferecer modelos analíticos e interpretativos
apropriados aos objetivos do processo avaliativo;
2. Fidedignidade da informação e a existência de uma base de dados confiáveis: é
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também condição necessária para qualquer esforço de avaliação que se proponha. A ausência
de um conjunto de informações institucionais e estatísticas confiáveis tem prejudicado a
construção de indicadores para análise do sistema universitário. Exemplos disto são aqueles
relativos à área construída, produção acadêmica, custo por aluno, titulação do corpo
docente, acervo bibliográfico e a própria definição de aluno.
A primeira providência a ser tomada para a construção de uma boa base de dados
é a de obter informações sobre as principais variáveis relativas ao ensino superior,
constituindo um núcleo de dados relevantes produzidos pelas Instituições de Ensino Superior
a partir de critérios comuns pré-definidos.
4 Antigos métodos – Novas perspectivas
Dentre as várias perspectivas possíveis de serem consideradas, foi oportuno, para
o propósito deste artigo, identificar e destacar alguns pontos de referência para reflexões:
4.1 A reorganização das instituições de ensino
Há um consenso entre os pensadores mais destacados do mundo dos negócios que
as tradicionais configurações empresariais são frágeis e inadequadas para as atuais condições.
Porém, as projeções e novas estratégias, ainda que em números pouco significativos, têm sido
mais desenvolvidas nos meios acadêmicos do que no âmbito essencialmente empresarial em
face de suas complexidades operacionais. Raros mesmo são os empresários que têm adotado
formatações organizacionais flexíveis e dinâmicas, virtuais, estruturadas em redes, apesar de
conhecerem as limitações da estrutura departamental, em suas várias configurações, e dos
tradicionais princípios de administração e organização.
Neste novo período da administração de empresas, o acesso ao futuro só pode ser
obtido por meio de veredas, continuamente construídas ou reconstruídas, que assegurem e
sustentem uma posição de referência, por períodos de tempo imprecisos e descontínuos, num
mundo confuso e incerto, inseguro e dinâmico dos negócios educacionais. Há de se trilhar,
como afirma Toffler (1980), uma “terra incógnita”, construindo-se, incessantemente,
caminhos próprios que possam superar a certeza da ocorrência de sucessivas restrições
situacionais.
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Handy (1996), um filósofo da cultura empresarial, em seu artigo sobre o tema
“Encontrar sentido na incerteza”, expressa pensamento a respeito de uma organização
flexível, na forma de redes, a partir de um pequeno centro de pessoas-chave que proporcione
uma competência durável e mantenha todo um conjunto de atividades unido, ao redor do qual,
em um espaço aberto, gravitam atividades operacionais de suporte e uma série de alianças
com organizações fornecedoras, distribuidoras, com profissionais independentes, força de
trabalho permanente e transitória, clientes, etc. Está claro que Charles Handy identifica a
existência de vários paradoxos avaliativos na vida organizacional, os quais necessitam ser
entendidos e aceitos por seus partícipes:
Ser amplas e restritas;
Ter funções gerais e específicas;
Ter funcionários estimulados e socializados, fazendo parte de uma equipe.
Serra e Kastika (1994), em sua obra “Reestruturando Empresas”, reafirmam o
tradicional pensamento “de ser difícil identificar em uma empresa problemas que sejam
exclusivamente comerciais, produtivos ou financeiros e possam, assim, ser resolvidos apenas
sob o ponto de vista específico dessas áreas”. A solução para os complexos problemas
organizacionais deve fluir da associação de distintas formas de pensar porque são problemas
multifuncionais. Tais princípios são plenamente aplicáveis à empresa educacional.
Está claro que a administração que mensura seus serviços por meio de interações
de conhecimentos especializados formará administradores multiscientes e multíplices. Esta
forma de organização e associação de idéias oriundas de diferentes áreas para gerir e avaliar,
principalmente os negócios educacionais, proporciona à empresa a aquisição de
conhecimentos e experiências diversificadas que ajudam na administração de inovações,
institucionalizando, no dizer de Shaw e Perkins (1993), o “aprendizado organizacional”. Na
óptica desses autores, o aprendizado organizacional ocorre quando as pessoas e os grupos
interpretam e refletem eficazmente, através das avaliações, os resultados de sucesso ou de
fracasso de seus atos quando as pessoas e os grupos disseminam pela organização os novos
conhecimentos e agem para produzir a maior vantagem, os melhores benefícios para sua
organização.
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O
aprendizado
organizacional,
rotulado
em
nossos
dias
atuais,
de
“benchmarketing interno”, é uma estratégia de crescimento pelo desenvolvimento do capital
intelectual dos recursos humanos, autênticos propulsores do desempenho bem-sucedido
principalmente das organizações educacionais, o que é consolidado pelas idéias precursoras
de Towne (1886), em seu trabalho “O engenheiro como Economista”, sobre a existência de
conhecimentos desenvolvidos e praticados por várias indústrias que deveriam ser permutadas
entre os executivos dessas diferentes empresas, constituindo, assim, um conjunto de
capacidades sobre o qual deveria ser estabelecida uma ciência administrativa.
4.2 Trajetória das Instituições de Ensino Superior
Identificar e propor uma postura correta às Instituições de Ensino Superior, apesar
de necessário, não é fácil. Sabe-se que uma decisão não é igual à outra, porém, uma vez
decidido “quê fazer” e “como fazer”, é preciso ter confiança, crer nas medidas e valores
estabelecidos para se oferecerem melhores oportunidades educacionais. Mas essas decisões
deverão incorporar modificações até mesmo nos conteúdos programáticos e componentes
curriculares dos cursos, procurando adequá-los à nova realidade organizacional, ainda que
escassos sejam os livros didáticos que enfoquem os inovadores conhecimentos requeridos
para este novo período de recriação das competências técnicas e administrativas.
As Instituições de Ensino Superior terão de redobrar os seus esforços para
promover uma formação profissional de seus estudantes que corresponda às necessidades das
mudanças nas empresas. Existem Instituições de Ensino Superior que possuem currículos
orientados para soluções integradas dos problemas organizacionais. Contudo, como podem
saber, após cinco anos, no final de um curso de graduação, qual foi a qualidade do ensino
oferecido aos seus egressos se não houve um projeto de monitoramento que, durante o curso,
possibilitasse o conhecimento de sua evolução? Que a especialização é essencial para o
sucesso profissional, quando os alunos têm notícias que, no contexto das empresas avançadas,
existem “espaços” para profissionais multiscientes e multíplices?
Que a unidade de comando, a comunicação verticalizada e os níveis hierárquicos,
dentre outros, são princípios indispensáveis à eficiência administrativa, o que, no dia-a-dia de
nossas empresas, demonstra a existência de um profundo desrespeito ou indiferença a esses
postulados?
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Que a iniciativa dos subordinados deve ser estimulada pelos chefes quando, na
prática empresarial, é habitual os chefes utilizarem-se da sua categorização de autoridade
superior para decidir sem antes analisar e dialogar com os seus comandados a respeito das
alternativas por eles propostas? Diante desse enfoque, propõe-se a dedicação atenta e sensível
à realidade interdisciplinar e administrativa possível de ser evoluída no campo da Avaliação
Institucional do Centro Universitário Nilton Lins.
4.3 Avaliação qualitativa versus quantitativa
Freqüentemente, de acordo com meu ponto de vista, a discussão relativa aos
métodos quantitativos e qualitativos na abordagem das pesquisas sociais tem se desenvolvido
de forma inadequada. Ora, numa pesquisa dessa natureza, há dados de enorme relevância que
não podem ser contidos ou expressos através de números, pois se constituem de informações
ou, especificamente, de significados subjetivos. Destarte é praticamente difícil trabalhar com
números uma vez que se tem um universo de significações, motivos, aspirações, atitudes,
crenças e valores. Esse conjunto de dados considerados “qualitativos” necessita de um
referencial de coleta e de interpretações de outra natureza.
Durante o desenvolvimento do Projeto de Avaliação Institucional do Centro
Universitário Nilton Lins, têm-se reconhecido essas necessidades e buscado aplicar
determinados métodos que se mostram aplicáveis e totalmente adequados face às várias
situações com as quais lidamos e aos objetivos que pretendemos alcançar. Certamente
pesquisas dessa natureza que lidam com dados advindos de opiniões e análises subjetivas não
podem se restringir aos referenciais apenas quantitativos; uma vez que as pesquisas
qualitativas podem ser de qualidade muito superior às que fazem análises quantitativas e que
não existem situações entre qualitativo-quantitativo em que a superioridade estaria para o
aspecto quantitativo. A questão do quantitativo enfatiza o tema da objetividade. Isto é, os
dados relativos à realidade social seriam extremamente objetivos se produzidos por
instrumentos padronizados, visando a eliminar fontes de propensões de todos os tipos e a
observar uma linguagem observacional neutra.
A restrição posta pelos estudiosos à avaliação quantitativa não está relacionada
com a técnica. Isto é, não está em jogo a desvalorização da análise multivariada ou
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quantitativa. Pelo contrário, seus instrumentos são poderosos e reconhecidos. A crítica é feita
no fato de essa forma de avaliação restringir a realidade social uma vez que o que é observado
vai ser apenas quantificado. Quanto a esse tipo de avaliação, os vários autores comentam que
as abordagens quantitativas acabam sacrificando os significados e as informações subjetivas
no altar da matemática.
Enquanto isso, a questão do homem enquanto protagonista social ganha espaço e
faz emergir estudos e pesquisas sociais que impõem a necessidade do pesquisador trabalhar
com indicadores subjetivos, que expressem enfaticamente os significados. Trata-se de um
tempo em que o mundo subjetivo sobrepõe-se ao objetivo. Fase em que se comprova que é
possível qualificar aquilo que se entende por apenas quantificável. Não se trata de desprezar a
quantificação, mas de fazer valer a época em que vivemos na qual o homem é construtor da
sua história, do seu enredo. Sendo autor de sua própria existência, o homem tende a atribuir
significados ao seu mundo, reconstruindo-o, acha sentido a todos os fatos que emergem na
sociedade, extraindo desses fatos e realidades as concepções que lhe são altamente
importantes para a própria subsistência social.
As realidades sociais são construídas nos significados e, através deles, e podem
ser identificados na medida em que se mergulha na linguagem significativa da interação
social. Na avaliação qualitativa, a realidade se constitui numa totalidade em que tanto os
fatores visíveis como as representações sociais integram e configuram um modo de vida
condicionado pelo modo de produção específico.
Certamente, na presente pesquisa, que priorizou a análise da Avaliação
Institucional, foram desenvolvidos prioritariamente os aspectos qualitativos sem os quais não
poderíamos representar com propriedade os indicadores qualitativos da instituição.
As diferentes formas de percebermos a realidade social suscitam a discussão sobre
os aspectos qualitativos x quantitativos de uma avaliação. Hughes (1983) afirma que a
principal influência do positivismo nas ciências sociais foi a utilização dos termos de tipo
matemático para a compreensão da realidade e a linguagem das variáveis para especificar
atributos e qualidades do objeto que está sendo investigado. Os fundamentos da pesquisa
quantitativa nas ciências sociais são os próprios princípios positivistas.
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5 A Avaliação Institucional do Centro Universitário Nilton Lins
Os gestores de instituições educacionais, sejam elas públicas ou privadas, sabem
que as Instituições de Ensino Superior (IES) são organizações extremamente complexas e
difíceis de administrar, dada a sua natureza peculiar.
Enquanto sua porção administrativa se assemelha à de qualquer empresa
prestadora de serviços, a parte pedagógica lida de modo mais direto com as complexidades e
incertezas das dimensões lógicas do conhecimento e do pensamento humano. Esses aspectos
peculiares das Instituições de Ensino Superior fazem com que seu monitoramento e controle
exijam procedimentos específicos, adequados às suas características especiais. É nesse sentido
que a Avaliação Institucional se impõe como exímio instrumento para a gestão de sistemas
educacionais.
Devido ao rápido crescimento do Centro Universitário Nilton Lins, teve-se a
necessidade de se adotar a Avaliação Institucional como forma de se examinar o seu
desempenho enquanto Instituição de Ensino Superior, bem como a qualidade de seus serviços
e as condições da estrutura física, de suas instalações, especialmente dos segmentos que
oferecem direto atendimento como bibliotecas, laboratórios e salas de aula. Além do que,
mais importante que as instalações, são as interações altamente necessárias no ambiente
acadêmico, em que as relações internas e externas entre os pares e o público acabam
determinando a eficácia do processo ensino-aprendizagem.
Por se tratar de uma instituição que tem um compromisso com a educação de
qualidade, o Centro Universitário Nilton Lins cultiva uma visão compreensiva e crítica sobre
o conjunto articulado de dimensões que constituem a totalidade do seu sistema educacional a
fim de obter os seguintes objetivos:
Contribuir para o aperfeiçoamento contínuo de sua atividade-fim;
Instrumentalizar-se com ferramentas apropriadas para o planejamento de sua
gestão empresarial e educacional;
Permitir a construção de um processo sistemático para a prestação de suas
contas;
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Buscar a excelência do nível de serviço educacional como diferencial
competitivo;
Viabilizar o processo de desenvolvimento institucional.
Avaliação Institucional é componente fundamental para a diferenciação entre o
gerenciamento inteligente e o gerenciamento irracional, fornecendo subsídios para a
justificativa de investimentos passados e futuros, agregando valor à Instituição, através do
fortalecimento da gestão do sistema educacional e empresarial dada à melhoria que traz ao
processo de planejamento e tomada de decisões pela obtenção de benefícios como:
O monitoramento de todos os processos, dimensões e tendências relevantes da
Instituição;
A obtenção e uso de modelos que mostrem como atuam os mecanismos
condicionantes dos processos e tendências observados no sistema empresarial e
educacional atuais;
A identificação das necessidades estratégicas e orientações específicas acerca
da melhor forma de supri-las.
Através do conhecimento produzido pela Avaliação Institucional e dos
mecanismos de controle que são colocados à disposição dos gestores, são produzidas as
condições para que a instituição possa maximizar a sua qualidade e minimizar suas perdas e
custos, ganhando tanto em eficiência quanto em eficácia. Os dados obtidos com a avaliação
institucional realizada em um semestre refletem o passado e o presente da instituição, o que
permite elaborar metas para o futuro. Ao final da Avaliação Institucional (que culmina com a
apreciação, ponderações e decisões dos gestores), espera-se que as seguintes questões estejam
respondidas:
Como a instituição está atualmente?
Onde se quer chegar?
Quais mudanças devem ser feitas?
MOTA, José Luiz Torres. Avaliação Institucional: indicador básico da Gestão de Qualidade. Faculdades
Cearenses em Revista, Fortaleza, v.2, n.2, p. 1-23, jan./jun. 2010.
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6 A Comissão Própria de Avaliação do Centro Universitário Nilton Lins
A Comissão Própria de Avaliação (CPA) vem desenvolvendo em conjunto com as
Pró-Reitorias da IES, passo a passo, um projeto de Avaliação Institucional, sem importação
de modelos, através do qual haja empenho em se autoconhecer, em enxergar seus pontos
fracos para buscar torná-los fortes e, percebendo seus pontos fortes, agir para atingir a
excelência.
A avaliação institucional é o primeiro passo para o diagnóstico da instituição, é
um compromisso que, sabemos, apenas é satisfatoriamente cumprido se pudermos contar com
a colaboração co-responsável de cada membro deste Centro Universitário. Pode-se dizer que,
até agora, se tem manifestada a colaboração e interesse de toda a comunidade acadêmica para
com a avaliação institucional, sendo necessário, no entanto, sensibilizar a direção geral,
gestores, professores, alunos, técnicos-administrativo, egressos e comunidade externa para
uma efetiva participação e comprometimento com esse processo.
É necessário avaliar uma instituição de forma global, pois, em seu âmbito
profissional, há espaço para o desenvolvimento das competências e capacidades inovadoras
das forças de trabalhos que somam positivamente na busca do êxito. No entanto, há também
necessidade de reavaliações freqüentes de estratégias da avaliação institucional, que
certamente definirão o sucesso ou fracasso do processo. Daí, a importância deste trabalho
através do qual extrairemos indicadores positivos e/ou negativos de nossa avaliação
institucional conduzida pela Comissão Própria de Avaliação do IES.
7 Considerações Finais
A avaliação institucional sempre foi considerada como importante instrumento de
aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem. Assim sendo, coube ao Centro
Universitário Nilton Lins, nesta pesquisa, o papel de articular as formas mais eficazes para
que o processo de avaliação promovesse melhorias, não somente na qualidade de ensino,
como também no próprio desempenho da comunidade acadêmica. É no uso desses princípios
que, através dos resultados do processo de Avaliação Institucional, há o diagnóstico dos
problemas que incidem sobre a realidade da IES, proporcionando possibilidades de
reestruturação ou redimensionamentos.
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Por intermédio de um sistema chamado “diálogo das dimensões”, partícipes da
Instituição puderam realizar a pesquisa de opinião como um dos instrumentos do processo de
avaliação institucional constantes do modelo de Avaliação Institucional, gerando-se subsídios
às demais instâncias administrativas na implementação de melhores estratégias de ensino e
gestão educacional.
No quadro 1, podemos evidenciar uma participação efetiva dos discentes na
pesquisa, em um processo totalmente feito de forma eletrônica, via web, através de um
sistema desenvolvido na própria instituição.
Diálogo das Dimensões
Administração
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
120
155
112
Direito
Enfermagem
103
Farmácia
108
114
Fonoaudiologia
133
211
122
101
138
168
Jornalismo
Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas, Geografia, Letras, Matemática e Sociologia
Medicina
Odontologia
Pedagogia
Quadro 1. Diálogo das Dimensões. Fonte: Pesquisa Institucional, 2008.
A experiência obtida com o processo de Avaliação Institucional no Centro
Universitário Nilton Lins mostra o potencial da avaliação para aprimorar os processos
empresariais e educacionais desta IES.
Em síntese, a avaliação institucional do Centro Universitário Nilton Lins, no
segundo semestre de 2008, mostrou que os cursos acima apresentaram os seguintes
problemas:
A pouca participação dos alunos nas atividades extracurriculares oferecidas pela
instituição;
Necessidade de atualização do acervo de periódicos científicos / acadêmicos;
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Baixa freqüência dos alunos à biblioteca;
Ampliação de equipamentos para as aulas práticas;
A pouca disponibilidade dos professores do curso para orientação extraclasse;
Necessidade de diversificar o uso do material didático;
A pouca utilização de recursos audiovisuais e meios de tecnologia educacional
com base na informática;
Melhorias no espaço pedagógico;
Oferecimento de mais atividades complementares condizentes com as horas
exigidas na matriz curricular;
Pouca divulgação das atividades de ação comunitária;
Baixa participação dos estudantes em atividades acadêmicas além das
obrigatórias.
Conforme demonstrado através dos vários indicadores apresentados na avaliação,
foram recomendadas as seguintes ações:
Incentivar o aumento do número de horas dedicadas ao estudo;
Incentivar o hábito da leitura;
Incentivar o uso da biblioteca;
Adquirir mais números de exemplares suficientes para atender a demanda do
curso;
Incentivar o uso do serviço de pesquisa bibliográfica;
Oferecer e divulgar as ações comunitárias;
Disponibilizar mais recursos audiovisuais e meios tecnológicos educacionais com
base na informática;
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Ofertar, divulgar e integrar ao currículo as atividades de extensão, monitoria e
iniciação científica;
Ofertar as atividades complementares de acordo com as exigências propostas na
matriz curricular;
Incentivar a participação nas várias atividades extracurriculares;
Criar indicadores de gestão que possam ajudar na tomada de decisões e ajustes
necessários aos cursos, conforme apresentamos a seguir:
1. Cursos com altas taxas de evasão;
2. Cursos com altas taxas de inadimplência;
3. Cursos com baixas taxas de discentes por docentes;
4. Cursos com baixas taxas de concentração de alunos;
5. Cursos com altas taxas de concentração de docentes;
6. Cursos com alto custo médio por docentes;
7. Cursos com baixo custo médio por docentes;
8. Cursos com baixa participação no resultado financeiro;
9. Cursos com alta taxa de reprovação;
10. Cursos com alta taxa de aprovação;
11. Cursos com baixa taxa de qualificação de docentes;
12. Cursos com baixa taxa do Índice de Qualidade Total (IQT).
Na apresentação desses resultados, quando da divulgação da pesquisa,
recomendou-se que, para a análise dos indicadores de avaliação institucional acima, fossem
levados em consideração a interrelação, a totalidade e dependência dos mesmos, dado que não
são coerentes análises baseadas nos indicadores de forma isolada.
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Como produto final esperado de cada avaliação de curso, deverá ser elaborado um
relatório contendo comentários referentes a alguns dos indicadores de avaliação
institucional apresentado e, ainda, respostas às seguintes questões:
1. Quais as finalidades ou os objetivos do curso?
2. Qual a situação atual do curso? A resposta a esta pergunta deve incluir um
diagnóstico de:
Ameaças / Problemas / Pontos fracos;
Oportunidades / Pontos fortes.
3. O que o curso precisa para um melhor alcance dos seus objetivos?
Ações relativas à infraestrutura (pessoal, equipamentos, ambiente físico,
material de consumo);
Ações relativas à estrutura curricular do curso (articulação horizontal e
vertical das disciplinas, conteúdos programáticos, relação teoria/prática).
4. Que metodologia foi adotada para a realização da avaliação?
Participantes (número de alunos, professores, ex-alunos);
Duração;
Tipos de atividades (grupos de estudo/trabalho, discussões em grande
grupo/plenárias/assembléias);
Temas abordados.
Para complementar os itens acima e, também, como sugestão para o conteúdo
das discussões, apresenta-se o roteiro a seguir:
1. Existe um projeto de curso? De que forma ele se manifesta?
2. Existe uma concepção homogênea sobre a formação deste profissional no
curso como um todo?
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3. Como se dá a relação teoria/prática na dinâmica do curso?
4. Como são desenvolvidos os estágios supervisionados?
5. O conhecimento da realidade de trabalho onde irá operar o aluno formado é
sempre levado em conta no desenvolvimento das várias disciplinas que
compõem o curso?
6. De que forma os alunos são estimulados a participar de atividades extraclasses
(seminários, congressos, eventos culturais artísticos e políticos)?
7. De que forma as atividades dos cursos de pós-graduação relacionados ao curso
em questão contribuem para a melhor formação de professores e alunos da
graduação?
8. Como se dá a necessária articulação ensino-pesquisa-extensão no âmbito deste
curso?
9. Qual a importância no seu curso do Programa Bolsas de Iniciação Científica,
Monitorias, Estágio Curricular?
10. Existe no curso o Núcleo Docente Estruturante (NDE)?
11. Existe na Instituição o Núcleo de Apoio Psicossocial (NAPS)?
De forma geral, a avaliação deve ser vista como um instrumento importante para
gerar idéias de aprimoramento, mas nunca como uma verdade absoluta devido às limitações
das metodologias existentes que são viáveis de serem implementadas, entretanto, se bem
interpretadas, tornam-se de grande importância para o autoconhecimento, aprimoramento
institucional, auxiliando a gestão e a tomada de decisão.
Durante a pesquisa institucional detectou-se o aparecimento de alguns resultados
do processo positivos na IES, tais como:
Melhoria da imagem institucional pela evolução da credibilidade e do respeito da
comunidade acadêmica e da sociedade;
Melhoria do processo de comunicação com o público interno e externo;
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Criação de canal e instrumento de mediação do clima institucional;
Implantação e desenvolvimento substancial de fatores de diferencial competitivo;
Evolução da qualidade dos serviços educacionais e organizacionais;
Melhoria do clima institucional pela redução dos conflitos em sala de aula;
Promoção da cooperação para a solução dos problemas comuns;
Promoção da competição pela busca de resultados setoriais;
Melhoria do índice de qualificação de docentes;
Finalmente, percebem-se, ainda, alguns aspectos interessantes no processo de
avaliação institucional:
1. Avaliar não é um processo onde impera a imparcialidade;
2. Para se avaliar, é necessário decompor o todo em partes que possam ser mensuráveis, ou
seja, comparáveis com padrões preestabelecidos;
3. Se a avaliação corresponde a algo valorado pelos avaliadores, ela difere conforme quem a
avalia: corpo docente, corpo discente, os antigos alunos, etc. Cada um irá dar ênfase
diferente aos aspectos julgados, principalmente em razão de sua vivência e necessidades,
ou seja, um aspecto positivo ou importante para um poderá ser negativo ou irrelevante
para outro;
4. Além disso, valorar é algo dinâmico, este ato admite novas interpretações quando feito ou
mesmo analisado em momentos diferentes. Portanto, há necessidade de se avaliar
periodicamente para acompanhar a evolução dos fatores avaliados.
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Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1976.
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integrada. 3. ed. São Paulo: Summus, 1986.
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fracassos produtivos. In NADLER et al. Arquitetura Organizacional. Rio de Janeiro. Campus,
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Educacionais Anísio Teixeira, 2004.
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LEITE JÚNIOR, Jayro Cerqueira. Auto-avaliação: uma estratégia para planejamento de
gestão em Instituições de ensino superior. Faculdade de Educação, Universidade de Brasília,
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MARANHÃO, Éfrem de Aguiar. Qualidade: a grande tendência da educação superior
brasileira. In: LÁZARO, André. (Org.). Visão e ação: a universidade no século xxi. Rio de
Janeiro: EdUERJ, 1999.
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