XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Desenvolvimento de cera auto-emulsionante formadora de nanoemulsões para uso cosmético Letícia de Andrade Maia1, Temis Weber Furlanetto Corte1 (orientadora) 1 Faculdade de Farmácia, PUCRS Resumo As emulsões são sistemas dispersos de fases imiscíveis onde uma fase é dispersa em outra através da energia mecânica do movimento de agitação e se mantêm estável pela adição de emulsionantes. O mercado para nanoemulsão cosmética é promissor, pois as mesmas apresentam vantagens em relação às emulsões convencionais como estabilidade, melhor distribuição sobre a pele, alternativa para lipossomas e vesículas e presença de cristais líquidos em sua estrutura, caracterizando-se pelo tamanho das partículas da fase menores que 500 nanômetros, coloração azulada, movimento browniano das partículas da fase dispersa. As nanoemulsões podem ser produzidas com matérias-primas usualmente empregadas na cosmetologia, mas para isso, devem ter seus componentes, proporção entre eles e técnica de preparação bem definidos. Após estas especificações, a fase composta pelos emolientes e emulsionantes pode ser transformada em um produto comercializável, a cera auto-emulsionante formadora de nanoemulsões, amplamente usada por facilitar a obtenção de emulsões com características sensoriais e reológicas conhecidas. Por isso, este trabalho tem por objetivo desenvolver formulações de nanoemulsão composta por emolientes, emulsionantes, conservantes e água. A partir da formulação de emolientes e emulsionantes preparar a cera auto-emulsionante e a partir desta, preparar diferentes emulsões, associando os dois métodos de inversão de fases da emulsão através de parâmetros estabelecidos como temperatura empregada, adição fracionada de água e velocidade de emulsificação fim de diminuir o tamanho das partículas da fase dispersa e obter nanoemulsão. Assim, a cera autoemulsionante teria como mercado pequenas indústrias e farmácias de manipulação que compõe uma importante parcela do mercado cosmético e que teriam com esta formulação possibilidade de desenvolver produtos com alto valor agregado. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 443 . Introdução A nanotecnologia encontra-se em grande desenvolvimento em diferentes áreas do conhecimento, por essa razão a busca por novas matérias-primas com foco em nanocosméticos torna-se imprescindível para a competitividade entre as empresas desse ramo. As nanoemulsões são constituídas por glóbulos com distribuição de tamanho entre 20 e 500nm, ou seja, com dimensões entre os glóbulos microemulsões e macroemulsões. (Fernandez, 2004). Após a definição de seus componentes, a proporção entre eles e a técnica de preparação, a fase composta pelos emolientes, que facilitam a espalhabilidade da emulsão na pele e pelos emulsionantes, que favorecem o aparecimento de cristais líquidos nas emulsões, podem ser transformadas em um produto comercializável denominado de cera auto-emulsionante. Assim, o desenvolvimento dessa cera formadora de nanoemulsões para uso cosmético e farmacêutico tem elevado valor agregado pela facilidade de preparação das formulações pelos fabricantes, bem como a apresentação das características finais e a estabilidade dos produtos. Apresentam vantagens como permitir liberação rápida e eficiente dos ativos, maior penetração na pele, fluidez, estabilidade, mesmo sem agentes espessantes, além de conferir sensação agradável ao consumidor durante a aplicação na pele. (Morais, 2008; Tadros, 2004). As nanoemulsões podem ser preparadas por métodos de alta de emulsificação que necessita de tensão de cisalhamento elevada obtida através de equipamentos de elevado custo como homogeneizadores de alta pressão, microfluidizadores, entre outros. Já o método de baixa energia de emulsificação pode ser obtido empregando equipamentos convencionais, desde que durante a emulsificação ocorra a inversão de fase da emulsão pelo aumento da temperatura ou pela alteração da fração volumétrica. Nesse projeto associamos os dois métodos de inversão de fases da emulsão através de parâmetros estabelecidos como temperatura empregada, adição fracionada de água e velocidade de emulsificação a fim de diminuir o tamanho das partículas da fase dispersa e obter a nanoemulsão. Metodologia As matérias-primas empregadas no desenvolvimento das emulsões foram miristato isopropila, óleo de amêndoas, polissorbato 20, álcool estearílico 2OE, diazolidinil uréia + iodopropil butil carbamato, e água MilliQ. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 444 As emulsões são preparadas usando a técnica quente/quente na temperatura de inversão de fases determinada anteriormente no condutivímetro. Para a emulsificação empregou-se reator de vidro fechado com agitador mecânico. A observação das emulsões foi realizada através de microscopia óptica de luz polarizada e a distribuição do tamanho de partículas da fase dispersa, por difração de raio laser. O controle de qualidade será realizado através da determinação do pH, das características reológicas e espalhabilidade. No estudo de estabilidade as amostras de emulsões serão estocadas em estufas a 40°C, em geladeira a -5°C durante 6 meses e a 22° C durante todo o experimento. Resultados Com as matérias-primas testadas foi obtida uma formulação em que as partículas da fase dispersa apresentam características do estado submicrométrico como o movimento browniano. A partir desta formulação foi preparada a cera auto-emulsionante com os emulsionantes e agentes de consistência. A partir dessa cera foi preparada emulsão que apresentou as mesmas características da emulsão original. Conclusão Os experimentos até a presente data vêm demonstrando ser possível desenvolver a cera auto-emulsionante formadora de nanoemulsão. No entanto, os estudos precisam continuar para que novos parâmetros sejam testados como velocidade e temperatura de emulsificação, características reológicas bem como novas associações de emulsionantes. Referências FERNANDEZ P.; ANDRÉ V.; RIEGER J.;KÜHNLE A. Nano-emulsion formation by emulsion phase inversion. Colloids and Surfaces A: Physicochem. Eng.Aspects, Nº 251, (2004), pp.53–58. MORAIS, J.M., Desenvolvimento e avaliação do processo de obtenção de emulsões múltiplas A/O/A em etapa única empregando óleo de canola e tensoativo não iônico derivado do óleo de rícino. São Paulo: FCFRP, 2008. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, 2008. TADROS T.; IZQUIERDO P.; ESQUENA J.; SOLANS C. Formation and stability of nano-emulsions. Advances in Colloid and Interface Science, N° 108-109, (2004), pp. 303-318. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 445