Ano XXVII - Nº 121 - maio/jun 2014
NOTÍCIAS DO CBG
• Carlos Eduardo Barata no Fórum de Genealogistas em Porto Alegre-RS – O evento, realizado pelos:
Oficina das Origens, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e Cúria Metropolitana de
Porto Alegre, aconteceu no dia 17 de maio, na capital gaúcha, com o objetivo de 'conhecer e difundir
grandes pesquisadores do Rio Grande do Sul que consolidaram a genealogia em suas obras; e debater
sobre o legado desses pesquisadores e os rumos da genealogia na atualidade'.
Da Mesa Redonda “Vida e Obra”, que ocupou manhã e boa
parte da tarde, participaram genealogistas e historiadores que
discorreram sobre seis grandes nomes da genealogia sulriograndense: Jorge Godofredo Felizardo (1901-1966), por
Vanessa Gomes de Campos; José de Araújo Fabrício (19031988), por Miguel Frederico do Espírito Santo; Paulo Jaurés
Pedroso Xavier (1917-2007), por Gustavo Py Gomes da
Silveira; Moacyr Domingues (1924-1996), por Vera Lúcia
Maciel Barroso; Carlos Henrique Hunsche (1913-1986), por
sua viúva Maria Astolfi; e Carlos Grandmasson Rheingantz
(1915-1988), Fundador e Presidente Perpétuo do CBG, que foi apresentado por nosso VicePresidente, citado à epígrafe. Note-se que todos os destacados em negrito foram associados do
Colégio e, além disso, Felizardo é o Patrono da Cadeira nº 5 e Paulo Jaurès foi o segundo Titular desta
mesma Cadeira.
Da programação constou também palestra de abertura e, após a Mesa Redonda, o debate Rumo ao
Futuro: quem são os genealogistas?, sendo o evento encerrado com o coquetel de lançamento do
livro Ascendências Rio-grandenses: Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcellos, de autoria de João
Eduardo Monteiro Gomes.
Representando oficialmente o CBG na ocasião, Carlos Eduardo Barata ainda teve oportunidade de
apresentar outros vários gaúchos associados CBG, com obra significativa, surpreendendo a
assistência, já encantada com documentos originais de Rheingantz e fatos por ela desconhecidos
que o vice-presidente havia reservado especialmente para sua atuação no Fórum.
• Novos associados - O CBG dá as boas vindas aos novos associados colaboradores, aprovados pela
Diretoria para integrar o Quadro Associativo CBG: Andréa Santos Costa, de Belo Horizonte – MG e
Antonio Carlos de Oliveira Lima, de Valença - RJ, este retornando ao CBG.
• Biblioteca - Informamos aos novos associados - e recordamos aos antigos - que o Estatuto CBG traz
em seu Art. 12 - item b a obrigação do associado em "doar à biblioteca um exemplar das publicações
de sua autoria nas áreas de interesse do Colégio". Em razão do exíguo espaço para guarda, só temos
como adicionar a nosso acervo obras eminentemente genealógicas ou que tenham, em seu
conteúdo, pelo menos uma boa parte que trate de genealogia, nossa precípua razão de existência.
Registramos nossos agradecimentos aos que enviaram volumes de sua autoria e/ou de outrem, para
ampliar o acervo CBG. São os seguintes os livros registrados no período.
- Sangue, suor, superação, simpatia, sucesso - A saga de uma família vista através da mídia e da
tradição oral - de Heitor Luiz Murat, doação do autor.
Um guia para pesquisa genealógica e histórica de ascendentes e descendentes de Domingos José Meirelles e Joanna
Unden Raming Vianna, visando uma análise da percepção de uma família sobre uma parte da História do Brasil nos
séculos XIX e XX.
CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014 • 01
- Famílias do Sertão Paraibano, de Cornélio Ferreira da Cruz - doação do autor
Desenvolvimento da primeira obra "Laços Genealógicos da Família de João Cruz", a presente obra, de mais de 800
páginas, parte do 11º avô do autor, Pedro Soares da Silva, e abrange o vasto sertão da Paraíba e inúmeros ramos
familiares. Recebida pelo CBG no ano de 2009, já constando do acervo, e, por lapso, não foi informado o recebimento na
ocasião.
- Família Formiga, de Cornélio Ferreira da Cruz - doação do autor.
A obra desenvolve a família, de origem Pombal-PB, e suas principais ramificações Queiroga, Ribeiro, Assis e Jurema.
• Notas de Falecimento
- Faleceu na madrugada de 25 de maio, em Porto Alegre-RS, o médico Pedro Almiro Fauth, nascido a
21.03.1951, associado do Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul – INGERS, dedicado
pesquisador da genealogia das famílias germânicas que se estabeleceram no RS, participando da
digitalização de livros de registros das comunidades e do levantamento das lápides dos antigos
cemitérios das colônias.
- Luiz Alberto Franco Junqueira – falecido no dia 20 de junho, em Belo Horizonte,
onde residia. Nascido em 1929, foi co-autor do livro Família Franco: genealogia e
história, com Gabriel Franco; e autor de Famílias de Ituiutaba e Memórias dos
Esquecidos. Biografia na página CBG, seção O Colégio/História/Galeria de
associados.
• Aos Sócios Colaboradores, e Correspondentes brasileiros residentes no exterior – sua biografia
está sendo aguardada para compor nossa página. Que tal colaborar com o Colégio de modo efetivo?
LANÇAMENTO DE LIVROS
• No dia 19 de maio, na Fundação Scheffel em Hamburgo Velho, na cidade de Novo
Hamburgo-RS, o jornalista e escritor Felipe Kuhn Braun apresenta novo livro:
Alemães no Brasil. O autor, de 26 anos, jornalista e autor de outros livros, é Diretor
de Genealogia do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e colaborador do
Instituto de Estudos Históricos da Universidade de Mainz, na Alemanha. Nesta oba,
escreve sobre imigrantes nascidos no final do século XVIII e início do século XIX,
registrando vivências daqueles que chegaram nas primeiras levas do processo
imigratório para o Sul do país, os primeiros pastores e professores, líderes e demais
colonizadores do Vale do Caí, do Vale dos Sinos e do Vale do Taquari. Felipe também traz informações
sobre o modo de vida e a trajetória de cada um deles, hábitos culturais do século XIX e do começo do
século XX, além de muitas fotos.
• No dia 5 de junho, em Vitória-ES, foi lançado o livro Presença de Judith Leão
Ribeiro, organizado por Ester Abreu Vieira. A obra trata dessa que foi a primeira
mulher a ocupar uma vaga no parlamento capixaba, primeira mulher membro da
Academia Espírito-santense de Letras e fundadora da Academia Feminina
Espírito-Santense de Letras.
• Novo Dicionário Biográfico de Minas Gerais: 300 Anos de História
- organizado por Amilcar Vianna Martins Filho.
O livro tem mais de 500 páginas e reúne 1.600 biografias de profissionais de diversas
áreas que influenciaram a história do Estado de Minas Gerais desde os tempos do
Império até os dias de hoje. Há nomes de imediato reconhecimento, como Juscelino
Kubitschek de Oliveira, até anônimos professores, engenheiros e empresários. Além
organizador, são responsáveis também pela obra os professores da UFMG Veralice
Cardoso Silva, João Antônio de Paula, Alexandre Cunha e Marcelo Godoy, além de
Maria do Carmo Salazar e Cleber Araújo, com o reforço de discentes do curso de história da
universidade. Editado pelo Instituto Cultural Amilcar Martins, pode ser encontrado nas livrarias
Quixote e Ouvidor, na capital mineira.
02 • CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014
• Em Curitiba, dia 19 de maio, a autora Marion Aranha Pacheco Muggiati lançou seu
livro sobre imigração alemã no Paraná: O Alvorecer nos Pinheirais – Imigrantes
Alemães na Terra das Araucárias.
A narrativa mescla ficção com fatos históricos, curiosidades e casos marcantes na
sociedade de modo a ambientar o leitor em cada época e lugar. Cerco da Lapa,
Guerra do Contestado, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Ditadura Militar e
Redemocratização: esses são alguns dos eventos que servem de palco às
aventuras, descobertas, dificuldades, conquistas e cenas simples do cotidiano de personagens
(fictícios) que retratam um pouco da história da imigração alemã no Paraná.
• Autor do célebre quadro Primeira Missa no Brasil, Victor Meirelles terá uma nova
biografia, escrita pela associada IHGSC Teresinha Sueli Franz, após anos de
pesquisa em arquivos na América do Sul e da Europa. O livro, com importantes
revelações sobre a vida e a obra do mais importante artista catarinense de todos os
tempos, será lançado em breve com o selo da Caminho de Dentro Edições, sob o
título Victor Meirelles – Biografia e legado artístico.
CURIOSIDADES EM ASSENTOS DE BATISMO
Brasil, Minas Gerais.
Aos vinte e dois de dezembro de mil setecentos e oitenta e dois, nesta Matriz de Campanha, o
Reverendo Coadjutor Domingos da Silva Lobo batizou e pôs os santos óleos ao inocente José, filho
legítimo de José angola e Maria crioula, escravos do Furriel Manuel José Ramos, nascido de oito dias.
Foram padrinhos Silvestre José Ramos e Madalena, filha de Isabel Maria de Oliveira. Declara o dito
Furriel Manuel José Ramos que, por desencargo de sua consciência, ter prometido à dita crioula Maria
que em lhe dando dez crias, ficaria fôrra, e aquela ter dado os dez, e o dito inocente onze, e por isso de
sua parte não quer faltar a quem deve ao benefício da alforria da dita mãe e filho batizado, porém que
sua mulher Catarina Maria de Jesus repugna a alforria de ambos por ser a mãe do batizado produto do
seu dote, e não convém que sejam forros, e de como o declarou o dito furriel assinou comigo. O Vigário
Bernardo da Silva Lobo, Manuel José Ramos.
O assentamento acha-se na página 215 do 3º livro de batizados da Campanha, Minas Gerais.
Colaboração do †Monsenhor José do Patrocínio Lefort, publicada no Mensário do Arquivo Nacional nº
105, setembro de 1978.
Portalegre, Portugal.
Batismo de Maria, em Campo Maior, freguesia do distrito de Portalegre, Portugal.
Observação na margem do assento, recolhida por Silvia Buttros:
Esta Maria, filha de M.el Roiz e Ana de Almeida constou ser Mafrodito e que prevaleceu o sexo masculino
dos quatorze anos por diante o que me constou por Certidão de Medicos e o Ilmo. Sr. Bispo D. João de
Souza de Castello Branco o crismou e lhe pos o nome de Manoel e o dito mandou que se declarasse aqui
para constar. Campo Maior, 24 de fevereiro de 1723.
O primeiro casamento religioso registrado na Freguesia de Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis-SC) ocorreu em 7 de
janeiro de 1714. Foi oficiante frei Agostinho da Trindade, e contratantes Domingos Martins e Domingas da Costa, esta filha de
José Tinoco, um dos integrantes da expedição de Francisco Dias Velho.
Fonte: Boletim 181, 2014, IHGSC
CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014 • 03
LÁGRIMAS MEDITERRÂNEAS
A saga dos clãs Conti e Marquis
Por Mario Sergio Conti
Publicado no jornal O Globo em 05.06.2014
Nas terras e nos tempos de Vittorio Emmanuelle III, rei da Itália pela graça de Deus e vontade da Nação,
Marino veio ao mundo. Nasceu em San Lucido, comuna na costa da Calábria, em agosto de 1879.
Pertencia a uma estirpe de marinheiros e pescadores, gente bronca formada no confronto com
cimitarras sarracenas, empunhadas por infiéis afinal expulsos da península. Neste passaporte
esmaecido, emitido há mais de um século, está registrada a profissão de Marino: marinaro, homem do
mar.
San Lucido fica numa faixa litorânea sujeita a sismos cíclicos. Volta e meia, mar e terra tremem. O solo é
esturricado, estéril. A duras penas, vive-se da pesca. É raro o povo que ali se enraíza. Quando Marino
nasceu, a vila contava com três mil almas. No ano passado, não chegavam a seis mil. Em setembro de
1903, o mundo acabou em San Lucido. O terremoto seguido de um vagalhão pôs abaixo as casas e
afundou os barcos. Numa noite, foram-se todos os haveres do clã de Marino, os Conti. O que fazer?
Luigi, o primogênito, decidiu partir para a América. Marino quis ir com ele. O mais moço preferia
embarcar para Nova York, mas o mais velho decidiu que o destino seria outro. Aventuroso, Luigi já dera
a volta ao mundo. Calhou de estar no Rio em 15 de novembro de 1889. Como todos os estrangeiros
ancorados em terras cariocas naquele dia de glória, foi agraciado pela República nascente com a
nacionalidade brasileira. Fazia mais sentido, pois, voltar ao Rio. Pelo menos seria cidadão. Fizeram
escala em Nápoles, Gênova, Marselha, e lá tomaram o transatlântico. Vieram na terceira classe.
Chegaram ao Rio com uma mão na frente e outra atrás. Deram-se mal. O pouco dinheiro acabou e
dormiram em bancos de praça. Viviam da venda de bilhetes de loteria na rua. Mas se ergueram. Fizeram
rolos e juntaram uma grana. Marino foi para Santos, onde se deu bem, prosperou. Montou um armazém
de secos e molhados, que logo virou uma firma de importação de artigos da Itália. Subiu a Serra do Mar e
se estabeleceu na capital. Montou uma casa bancária, financiava o café, ficou podre de rico.
Construiu um palacete em Higienópolis que ocupava quase um quarteirão. Casou-se com Rosa, moça
calabresa vinda de San Lucido, e teve cinco filhos — o caçula, Mario, era levado à escola de limusine e
chofer de botas e luvas brancas. Marino tinha frisa no Teatro Municipal e não perdia uma ópera de
companhia italiana. Em 1921, voltou a San Lucido a passeio e tirou um novo passaporte. É este aqui,
com a fotografia dele na maior estica, de bigode de pontas empinadas, rejubilando-se consigo mesmo.
Veio a crise de 1929. Ela teve o mesmo efeito na sua vida que a hecatombe que o forçara a fugir da
Calábria. Marino perdeu o banco, a mansão, a limusine, a frisa, a pose, tudo. Terminou os dias morando
de favor na casa do caçula, Mario, que se formara médico devido à ajuda do irmão mais velho, Menotti.
Depois do jantar, esticava-se no sofá, fumava charuto e contava histórias incompreensíveis. Nunca vi
olhos verdes tão claros.
François Marquis foi outro homem do mar na virada do século passado. Francês metropolitano, piednoir no Marrocos, ele fazia contrabando de Gibraltar, do outro lado do Mediterrâneo, para a África. Teve
problemas com a polícia — de natureza nunca especificada — e fugiu para o sul, para Santos. Era um
homem alto, de cabelos e barba ruiva. François Marquis também logo subiu a Serra, abrasileirou o
sobrenome para “Marques” e se casou com uma portuguesa, Maria.
Perambulava por centenas de cidades do interior, onde repetia o mesmo ritual: ia à barbearia,
informava-se do lugar e se apresentava como médico e farmacêutico, disciplinas que jamais estudara.
Enquanto isso, seu quinto filho, outro caçula que se chamava Mario, distribuía nos arredores folhetos
anunciando a chegada do renomado Dr. François. Ele atendia os pacientes na barbearia, vendia-lhes
beberagens e unguentos. Seguia adiante antes que as poções fizessem efeito.
Um dia, François cansou. Abandonou a família e foi-se embora em silêncio. Soube-se que casou de novo
04 • CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014
no interior do Paraná e teve outros cinco filhos. Sem imaginação, deu a eles os mesmos nomes das
crianças que tivera com Maria.
Sem mais nem menos, décadas depois François voltou a São Paulo. A barba rubra embranquecera. Achou na
Farmácia Paraíso o filho caçula. Ao contrário do pai, Mario virara farmacêutico de verdade. O velho lhe disse
que estava só e sem vintém; pediu-lhe amparo. Do outro lado do balcão, os olhos frios do filho o mediram
de cima abaixo. Respondeu-lhe que não daria abrigo a quem o abandonara. Expulso da Paraíso, François
sumiu para sempre. O filho de Marino veio a se casar com a neta de François. São todos agora lágrimas no
mar do tempo.
NOTAS DE FALECIMENTO SE TRANSFORMAM EM DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Por Tino Ansaloni, publicação da página online Jornal A Voz Ativa.
A mestranda em Letras do ICHS (Instituto de Ciências Humanas e Sociais) e aluna do curso de
jornalismo do ICSA (Instituto de Ciências Sociais Aplicadas), ambos institutos da Universidade Federal
de Ouro Preto - Ufop, defendeu no dia 26 de março a primeira dissertação do curso de Mestrado em
Letras daquela instituição, na linha da linguagem e memória cultural. O tema abordado por Elisabeth
Maria de Souza Camilo é considerado inédito no país quanto ao corpus utilizado, a saber, as cartas
fúnebres que anunciam a morte e as missas de ressurreição (sete dias, trinta dias e outras datas).
Utilizando esse material impresso e afixado em postes, muros e paredes das cidades de Ouro Preto e
Mariana (MG), a mestranda conseguiu validar a hipótese de que as mulheres possuem apelidos mais
delicados do que os homens.
Este tratamento carinhoso é chamado de “hipocorístico” e uma das argumentações de validação é a de
que os apelidos femininos se mantêm mais estáveis desde a Idade Média e isso não mudou com a
colonização do Brasil e mesmo nos períodos atuais. Contudo, a mestranda, ao dividir o corpus em duas
vertentes de análise (pessoas mortas e parentes presentes nas cartas), conseguiu perceber que os
homens também têm sido tratados mais carinhosamente no tempo atual, o que pode ser consequência
da entrada das mulheres no trabalho fora do lar e da presença cada vez mais perceptível dos homens em
casa. O título da pesquisa da aluna foi “Estudo da Onomástica em Anúncios Fúnebres Impressos das
Cidades de Ouro Preto e Mariana-MG: Análise da Frequência de Hipocorísticos Diante de Nomes
Femininos”, sendo que Onomástica é o campo das ciências da linguagem que estuda a denominação de
pessoas e lugares, antroponímia e toponímia, respectivamente.
A aluna afirmou que pretende continuar a pesquisa, usando um viés diferente do mestrado, mas
utilizando o mesmo corpus, em um futuro curso de doutorado. A orientadora da pesquisa foi a
professora Dra. Ana Paula Antunes Rocha, do ICHS/Ufop.
CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014 • 05
OS JUNGMANN DE PERNAMBUCO
Por Regina Cascão
No Diário de Pernambuco de 7 de junho de 1966, portanto há 48 anos, o grande genealogista Orlando
Cavalcanti, Patrono da Cadeira nº 28 do Colégio Brasileiro de Genealogia que - também por causa dele eu me orgulho de ocupar, publicou um de seus muitos artigos sobre famílias e personagens
pernambucanos.
Intitulado “Os Jungmann” e incluído pelo Instituto Genealógico, Histórico e Geográfico Pernambucano
– IAHGP no livro “Gente de Pernambuco” vol. 2, do ano de 2000, versa o artigo sobre o estabelecimento
e a descendência de Georg Friedrich Hermann Jungmann /Jorge Jungmann no Estado de Pernambuco.
Apresento, a seguir, o artigo de Orlando Cavalcanti em itálico, acrescido dos dados de minhas próprias
pesquisas, que se iniciam pelas minhas iniciais RC. Este trabalho é pequena parte de meu próximo livro
a ser publicado: Raízes à beira do Capibaribe – Os Moura Mattos, onde, evidentemente, estará mais
desenvolvido.
OS JUNGMANN de Pernambuco são oriundos de Otto Jungmann, Coronel do exército prussiano, já por mim
referido em notícia divulgada através de “Famílias Brasileiras de Origem Germânica”, órgão conjunto de
publicidade do Instituto Genealógico Brasileiro e do Instituto Hans Staden, de São Paulo. O Cel.
Jungmann casou duas vezes, sendo que a primeira com Paulina Otilia Shopf e a segunda com Hermínia,
ambas alemãs. Nasceram-lhe do primeiro matrimônio os filhos Jorge (de quem me ocuparei a seguir),
Paulo, Eric, Lothar, Johann Bolko e Valeska, que viveram na cidade de Goerlitz.
Jorge Jungmann, cujo nome completo na pátria de origem era Georg Friedrich Hermann Jungmann,
nasceu em Goerlitz e professava o credo luterano, tomou parte no cerco de Paris durante a guerra de 1870,
e foi três vezes ferido. Condecorado com a Cruz de Ferro. Era poliglota e conhecia o mundo inteiro.
Químico e Farmacêutico, formado na Alemanha. Vindo para o Brasil, em Pernambuco foi químico de
algumas empresas industriais, sobretudo as denominadas Estreliana e Beltrão.
No Recife, a 23.4.1881 (Boa Vista 5, 85) casou com Maria do Carmo Coelho Leite, filha de Augusto Coelho
Leite e de Clélia Elvira Augusta de Moura Mattos; neta paterna de José Claudino Leite e de Francisca
Justina Coelho dos Santos; neta materna de Francisco Sérgio de Mattos, Inspetor da Alfândega do Recife,
e de Maria Salomé de Moura Mattos (meia-irmã do Desembargador Firmo José de Mattos, Barão de
Casalvasco.
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RC: Maria do Carmo Coelho Leite nasceu no Recife em dezembro de 1857, não
sendo possível determinar o dia preciso em razão de o assento de batismo,
realizado a 01.08 na Matriz do SSmo. Sacramento da Boa Vista (BV 9, 128),
dizer apenas que contava sete meses de idade. Foram seus padrinhos o avô
José Claudino Leite, viúvo e Marcolina Coelho Leite, solteira,
presumivelmente sua irmã. No casamento, foram os noivos dispensados do
impedimento "cultus disparitas": o noivo era luterano.
Filha do médico Augusto Coelho Leite, fal. 27.01.1888 e de sua mulher Clélia
Augusta de Moura Mattos, nasc. 28.08.1833, casados no oratório privado dos
pais da noiva em 06.12.1856 (Sto.Antônio 7, 13v). Não se encontrou em
anotação alguma que Clélia Augusta – mãe de Maria do Carmo - portasse
outro prenome (Elvira), como OC apresenta, podendo-se supor que haja
ocorrido certa confusão com uma de suas sobrinhas, Elvira Clélia de Moura
Mattos Lima.
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06 • CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014
Filhos (1 a 6):
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RC: será necessário alterar a ordem dos filhos apresentada por OC. De acordo com os documentos
encontrados, seria esta a ordem:
Orlando Cavalcanti
1. João Jungmann
2. Carmen Jungmann Pinto
3. Augusto Leite Jungmann
4. Jorge Jungmann
5. Paulina
6. Amélia
Regina Cascão
1. Paulina Otilia Leite Jungamnn
2. Jorge Jungmann Filho
3. Amélia Leite Jungamnn
4. Carmen Leite Jungmann
5. Augusto Leite Jungmann
6. João Leite Jungmann / João Jungmann
1 / OC 5 – Paulina, faleceu aos 15 anos.
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RC : Paulina Otilia Leite Jungamnn faleceu a 10.01.1900 no Recife-PE, cfe. jornal "A Provincia" de
14.01.1900, anúncio de missa de 7º dia em 17. A informação de OC, de que teria falecido aos 15 anos de
idade, nos leva a seu nascimento c.1885.
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2 / OC 4 – Jorge Jungmann. Funcionário da Secretaria de Segurança Pública em Pernambuco. Casou com
Elvira Alves da Silva, sem filhos.
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RC: Jorge Jungmann Filho nasceu a 05.08.1887, Recife-PE , batiz. 30.12.1888 (Sto Antonio-Recife 27,
2v) na Capela do Engº Vicente Campelo, Escada – PE, de propriedade de Eutália Ismênia de Moura
Mattos, segunda mulher e viúva de Manoel Gonçalves Pereira Lima, tendo sido padrinhos Engenheiro
José Claudino Leite e Amélia Leite, representada por Elvira de Mattos Lima. A data de nascimento foi
estimada a partir do assento de batismo: “com 1 ano e 4 meses"; e de publicação na coluna social do
jornal “A Provincia” de agosto de 1915, que diz que se festejou seu aniversário no dia 05.
Casou a 05.10.1914 (Recife, 2ª Vara Casamentos 26, 80) com Elvira Alves da Silva, filha de João Alves
da Silva e Josepha Alves da Silva.
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3 / OC 6 – Amélia, faleceu aos 2 anos e meio.
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RC: Amelia Leite Jungmann nasceu a 26.09.1889, Recife-PE, batiz. 26.05.1891 na Matriz SSmo.
Sacramento de Sto.Antônio (SAnt 27, 92), tendo sido padrinhos Arthur de Siqueira Cavalcanti e s/m
Elvira Lima Cavalcanti.
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FIM DA 1ª PARTE- continua no próximo número Carta Mensal nº 122 Jul-Ago
O atual ocupante da Cadeira nº 4 CBG Adauto Ramos é paraibano como o seu Patrono, Maurílio Augusto de
Almeida. Médico, professor titular e fundador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba, Maurílio
foi membro de diversos institutos e academias de letras e artes, e, além de inúmeros trabalhos na área médica
publicados, foi autor de representativas obras em história e genealogia. Associou-se ao CBG em 1988, foi eleito Titular
em 1989 e faleceu aos 72 anos em 1998, deixando – apaixonado por livros que sempre foi - uma biblioteca com cerca
de 50 mil livros catalogados.
CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014 • 07
FRAGMENTOS CULTURAIS
Colaboração da pesquisadora Josimeire Baggio.
• Mecanismos de buscas em hemerotecas digitais nacionais: possibilidades e desafios para a pesquisa
histórica - Leandro Antonio de Almeida
"O objetivo deste artigo é refletir sobre as possibilidades abertas para a pesquisa histórica pelos mecanismos de busca nas
hemerotecas digitais brasileiras, avaliando um processo em curso do ponto de vista de um historiador e usuário dessas
hemerotecas."
- Revista de História e Estudos Culturais, v. 10, n. 2, jul-dez/2013
http://www.revistafenix.pro.br/PDF32/ARTIGO_08_SECAO_LIVRE_LEANDRO_ANTONIO_DE_ALMEI
DA_FENIX_JUL_DEZ_2013.pdf
• Histórias da (I)migração: Imigrantes e migrantes em São Paulo entre o final do século XIX e o início do
século XXI - Odair da Cruz Paiva
De caráter didático-pedagógico, o livro é parte da coleção Ensino & Memória, e "analisa a migração, a imigração, os
diferentes migrantes e imigrantes na formação da sociedade paulista entre o final do século XIX e o início do século XXI.
Busca apontar um equilíbrio entre fatores político-econômicos e os sonhos e utopias que incitam os sujeitos e grupos
sociais a se deslocarem. Traz também as transformações ocorridas no território urbano da cidade de São Paulo, as formas de
sobrevivência encontradas pelos migrantes e imigrantes, bem como as migrações contemporâneas."
- Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2013 (lançado em 15/05/2014) - gratuito
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/difusao/editorial_download.php
• Sírios e libaneses e a expulsão de estrangeiros na Primeira República - Julio Bittencourt Francisco e
Sérgio Lamarão
O artigo "retrata, através de apresentação e análise dos processos de expulsão de sírios e libaneses do Brasil, a vida privada
de alguns membros dessa comunidade de imigrantes no país, nas primeiras décadas do século XX. Percebe-se como intrigas
de ordem familiar, conflitos e divisões no interior do grupo contribuíram para o decreto de expulsão."
- Revista Acervo, v. 26, n. 2, 2013
http://revistaacervo.an.gov.br/seer/index.php/info/article/view/636
EXPEDIENTE
Boletim Informativo
COLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA
Av. Augusto Severo, 8 - 12º andar - Glória
20021-040 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 2221-6000
Diretoria:
Presidente Regina L. Cascão Viana
Vice-Presidente Carlos Eduardo de Almeida Barata
1º Secretária Patrícia de Lima Bocaiúva
2º Secretária Eliane Brandão de Carvalho
1º Tesoureiro Antonio Cesar Xavier
2º Tesoureiro Guilherme Serra Alves Pereira
Dir. Publicações Leila Ossola
Auxiliares Cinara Maria Bastos J. A. do Nascimento
Clotilde Santa Cruz Tavares
Eliana Quintella de Linhares
Gilson Flaeschen
Laura de Saint-Brisson Ferrari
Conselho Fiscal:
Attila Augusto Cruz Machado
Hugo Forain Junior
Victorino C. Chermont de Miranda
Dias e horários de funcionamento:
2ª-feira de 13 às 17 horas / 3ª-feira de 14 às 17 horas
Página:
www.cbg.org.br
Email:
[email protected]
Diagramação:
Escale Serviços de Informática
Impressão:
Letras e Versos
08 • CBG - Carta Mensal 121 - maio/jun 2014
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Carta Mensal nº 121 – Maio/Jun 2014