CURSO NACIONAL DE ATUALIZACAO EM PNEUMOLOGIA 19 A 21 DE ABRIL DE 2007 SÃO PAULO - SP TUBERCULOSE NA ERA PÓS GENÔMICA AFRANIO LINEU KRITSKI Programa Acadêmico de Tuberculose Faculdade de Medicina da UFRJ Tendência da incidência de TB em nível mundial 1990–2004 100 50 Incidence per 100,000 150 0 1990 Year 1995 2000 2005 WHO Report 2006. Global tuberculosis control. WHO/HTM/TB/2006.362 Prevalência de Infecção pelo HIV entre casos de TB em nível mundial HIV prevalence in TB cases, 15-49 years (%) 0-4 5 - 19 20 - 49 50 or more No estimate The boundaries and names shown and the designations used on this map do not imply the expression of any opinion whatsoever on the part of the World Health Organization concerning the legal status of any country, territory, city or area or of its authorities, or concerning the delimitation of its frontiers or boundaries. Dotted lines on maps represent approximate border lines for which there may not yet be full agreement. WHO 2005. All rights reserved Taxas de TBMR entre os casos novos de TB < 3% 3–6% > 6% No estimate TB – multirresistente primária The boundaries and names shown and the designations used on this map do not imply the expression of any opinion whatsoever on the part of the World Health Organization concerning the legal status of any country, territory, city or area or of its authorities, or concerning the delimitation of its frontiers or boundaries. Dotted lines on maps represent approximate border lines for which there may not yet be full agreement. WHO 2006. All rights reserved Tuberculose multirresistente TB-MDR Definição: cepas resistentes a rifampicina e a isoniazida. Emergiram na década de 80-90 nos EUA e Europa. No inquérito de 1996 no Brasil TB-MDR primária 1% excluiu os soropositivos e população de risco. Estudo global entre 1996-1999 (58 regiões) > 3% dos casos novos. “hot spots” Estônia (14,1%) China (10,8%) Letônia (9%) Ivanovo Oblast (9,0%) Iran(5%) Moçambique(3,5%) India(3,4%) Estudo global entre 1999-2002 (77 países) Europa Oriental e Ásia Central com 14% dos casos novos. 79% dos casos são resistentes a pelo menos 3 fármacos OMS,2004 Tuberculose multirresistente TB-MDR (continuação). O RISCO PARA TB-MDR - usuários de drogas intravenosas (OR 4,68) - desabrigados (OR 2,55) -viver em clínica de repouso (OR 2,05) Estudo em 4 países da União Européia. - tuberculose anterior (OR2,03) - prisões (OR 2,02) Casal et al.,2005 - ser contato de paciente com TBMDR (OR 2,01) - imunossupressão sem HIV (OR 1,96) - AIDS (OR 1,96) - trabalhador na área de saúde (OR 1,77) OR: odds ratio (razão de chance) Taxa de notificação de TB em grandes áreas Metropolitanas América Latina - 2004 Área Metropolitana TB/HIV Taxa de incidência TB-MDR /100,000 País Metropi País Bnos. Aires 27 Não há vigilância Sistemática Río de J. Cidade 45,2 114,3 8% 11.2% 42,6% São Paulo 45,2 59,7 8% 19,5% 17,1% 42,5 Lima e Callao 108, 192,3 Montevideo (1997) 18,8 26,3 Metrop Não há vigilância Sistemática Não vigilância Sistemática País Metrop ?? 70% ?? 85% ND OPAS - 2004 Técnicas moleculares e suas contribuições no controle da TB 1. Filogenia (SNPs, RDs, etc) 2. Determinar distribuição geográfica de cepas (Spoligotyping, etc). 3. Estudo da dinâmica de transmissão (RFLP, MIRU?) (Investigação de surtos, desvendar cadeia de transmissão, conhecer a transmissão populações específicas, identificar fatores e grupos de risco) 4. Diferenciar reinfecção exógena de reativação/infecção policlonal (RFLP, DR-PCR) 5. Detectar contaminação laboratorial (RFLP, DR-PCR) 6. Detectar precocemente a TB por técnicas Amplificação Ácidos Nucléicos (i.e.: PCR) 7. Monitorar transmissão de cepas multirresistentes (Innolipa, GenotypeMTBDR) Elementos/Eventos genéticos identificados em M.tuberculosis - bases das ferramentas moleculares. Seqüências repetitivas DRs - Spoligotyping “Single –nucleotide polymorphisms” SNPs Regiões de Deleção (RDs) Seqüências de inserção - RFLP-IS6110 Elementos repetitivos de regiões intergênicas-MIRU-VNTR A importância de estudos populacionais de genotipagem e caracterização integral dos genomas. “Single –nucleotide polymorphisms” SNPs polimorfismo de base única no gene katG códon 463 (Leu463Arg) e no códon 95 (Thr95Ser) do gene gyrA três grupos genéticos principais (PGG) Grupo 1 katG códon 463 CTG (Leu) e gyrA códon 95 ACC (Thr) Ancestrais Grupo 2 katG códon 463 CGG (Arg) e gyrA códon 95 ACC (Thr) ) LAM Sreevatsan et al,1997 Grupo 3 katG códon 463 CGG (Arg) e gyrA códon 95 AGC (Thr) Visão evolucionária proposta por Sreevatsan, 1997. A contribuição da conhecimento das deleções no genoma de M.tuberculosis Seqüênciamento de M.tuberculosis e M.bovis comparação genômica Identificação de regiões de deleção/inserção Ex: 10 regiões deletadas (RD1-RD10) em M.bovisPasteur estão presentes na cepa H37Rv dentre 7 regiões de deleções (RD4-RD3) em M.bovis verificou-se que RD1-RD3 são específicas as regiões RD9 são exclusivas de M.africanum Esquema evolucionário proposto por Brosh et al, 2002 Estirpes modernas M.tb evoluiu em paralelo ao M.bovis Grupo 1 Grupo 2 Grupo3 ESTUDOS DA DINÃMICA DA TRANSMISSÃO DE TB Método padrão ouro de genotipagem RFLP – IS6110 (cepas cluster) “Mycobacterial Interspead Repetitive Units” MIRU-VNTR: Amplificação por PCR de elementos repetitivos dispersos em regiões intergênicas . Repetições possuem 40 a 100pb e variam em número de repetições e comprimento(VNTRs). 12 loci e 15 loci. Manualmente seguida por gel de eletroforese ou automatizado. Técnica mais fácil de realizar que o RFLP. Mas ainda não é considerada padrão ouro para análise de cluster no contexto clínico-epidemiológico O método de genotipagem pelo MIRU-VNTR: Posição dos 41 MIRU-VNTR no cromossomo do M. tuberculosis H37Rv. O primeiro número indica a posição de cada lócus ocupado por um MIRU-VNTR. A letra c indica orientação contraria a estabelecida por Cole et al, em 1998. Algarismos romanos indicam o tipo de MIRU (I, II ou III). Os números seguintes indicam a localização de cada loci. A esfera em preto indica os 12 loci com número variável de MIRU-VNTR. Uso de técnicas moleculares para confirmar reinfecção com nova cepa Mtb, mesmo em países em desenvolvimento Reinfecção exógena de pacientes HIV. Tipagem por DRE-PCR e RFLP Lourenço et al. 2000 no Brasil e Warren R, 2005 na Africa do Sul Países desenvolvidos – Década de 1990 Fatores de risco para agrupamento genotípico (“cluster”) – INFECÇÃO RECENTE • • • • • Atendimento anterior em Hospital sem biossegurança Institucionalização prévia (prisão) HIV e estágio Idade Drogadição • Resistência • Doença cavitária Small et al, 1994; Tabet et al., 1994; Shafer et al., 1995; Ferrazoli et al., 2000 Diaz et al., 2001; Mc Conkey et al., 2002; Tudó et al., 2001; Barnes et al., 1997; French et al., 1998; Lockman et al., 2000 Estudos de epidemiologia molecular - Novo Milênio “Spoligotyping” RFLP Alguns genótipos de Mtb: • se disseminam com maior rapidez • são mais virulentas • mais associadas com falências e recidivas Daley CL. Clin Chest Med 26 (2005) 217 – 231 Bjune G, Clin Exp Immunol. 2006 Sep;145(3):389-97 Estudos que avaliaram distribuição de cepas W/Beijing Na América Latina, não há dados a respeito dos resultados do tratamento anti-TB; associaçao com fatores genotipicos das Foi descrito associação cepas M. tb; frequência de de surtos MDR em mutações dos genes de hospitais e prisões resistência Relevância: • Identificar marcadores geneticos associados a resistencia a drogas, doença, falência tratamento= desenvolvimento novos testes de identificação simples e rápidos “Spoligotyping” A. Estrutura das DR no genoma das micobactérias B. Amplificação das DR por PCR C. Padrões de hibridização spoligo-tipos Kamerbeek et al, 1997 “Spacer oligonucleotide typing” Spoligotyping Baseado no locus “direct-repear” DRcópia única com 10 a 50 repetições de DR com 36pb separadas por seqüências espaçadoras 37 a 41 pb (PCR + Hibridização reversa) Principais famílias/sub-famílias do Complexo M. tuberculosis: • East African and Indian”-5 sub-famílias • Haarlem – 3 sub-famílias • Middle Eastern Asian -2 sub-famílias • ”T”, “S”, “X” • Latin America and Mediterranean” (LAM) - 10 sub-famílias • Beijing (sub-tipo antigo e moderno) Distribuiçao de genótipo Beijing de tuberculose - 2005 Mutator gene mut, ogt >29,000 pacientes de 35 países Blue: stable, no drug resistance; Red: increasing, associated with drug resistance; Green: increasing, drug sensitive; Yellow: absent; Striped: trend and/or drug resistance not known Relação entre TB resistente e Wgenótipo Beijing em ArchangelRussia - 2005 80% 60% 40% 20% 0% W-Beijing non-Beijing W-Beijing community E non-Beijing prison H R S Drobniewski F, JAMA 2005; 293 (22): 2726-2731 . Virulência de M. tuberculosis em camundongo BALB/c 8 genotype strains (2001) 17 genotype strains (2002) Em camundongo infectado com cepa Beijing: • maior mortalidade • maior n. de bacilos no pulmão • menor produção de TNF + IFN • menor proteção de vacinação com BCG Rad M.E. EID 2003; 9:838-845 Lopez B. Clin Exp Immunol 2003; 133:30-7. Cepas resistentes a Isoniazida mais virulentas Análise molecular - Holanda Transmissibilidade de cepa de M. tuberculosis resistente Estudo populacional • Holanda, 1993 - 2002 • 8334 pacientes, 59% estrangeiros • todos os isolados: TSA, IS6110 RFLP • determinação de katG315 de cepas INH resist 592 (7,1%) INH resistente 323 (54,6%) katG315 mutante 269 (45,4%) katG315 tipo selvagem Van Doorn HR, Clin Microbiol Infect 2006. 12 (8): 769-75 Relação entre perfil katG315 com a ocorrência de agrupamento (cluster) entre cepas Mtb resistentes a INH Cluster INHs Sim Não 3922 3818 Odds ratio Ref (95% CI) INHr INHr 315wild 315mutant 112 157 163 160 0.69 0.99 (0.54-0.89) (0.79-1.25) Van Doorn HR, Clin Microbiol Infect 2006. 12 (8): 769-75 The population structure of Mycobacterium tuberculosis in different geographic areas Beijing genotype LAM; Haarlem LAM; Beijing Haarlem Projects using spoligotyping Phylogeny Spol DB3 (Institut Pasteur, Guadeloupe; Filliol et al. JCM 2003) (SpolDB4; Brudney et al. 2006) – 12.000 strains (+/- 150 Brazilian) (39.000) – > 90 countries (140) – population genetics, biogeographic distribution and phylogeny of Mtb Complex – Rio: 400 patients • • • • • >50% LAM 7% Haarlem 10% new LAM Only 2 Beijing Finetuning with MIRU-VNTR MDR TB epidemic in Argentina: rise, decline, aftermaths MDR TB outbreaks arose in the early ´90s in two overpolutated cities Rosario AIDS association Buenos Aires Hospital setting Explosive transmission Rapid progression to disease Population Country: 36,000,000 Buenos Aires: 11,000,000 Rosario: 1,100,000 Fatal outcome MDR TB outbreak Hospital Muñiz, Buenos Aires, 1991-2000 No. of cases No. of cases Initial M D R M D R T B - A ID S neg 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 91 92 93 TB MR-SIDA 94 95 96 97 98 99 2000 TB MR inicial-HIV neg T B - HIV Profile of outbreak MDR TB strains Strain City M Number of cases in SubLineage katG 315 1995 2005 Buenos Aires 150 51 Haarlem 2 mut Ra Rosario 15 12 LAM3 mut Rb Rosario 8 6 T1 (Tuscany) wild C Buenos Aires 15 1 T5 wild Análise molecular demonstra a epidemia por TB-MDR de cepas Mtb tipo Haarlem 2 na Argentina Papel de outros genótipos de M.tuberculosis em países em desenvolvimento ? • Genótipo Beijing infrequente na America Latina (<5%) • Escassos dados sobre surtos de TB, resistência as drogas analisados com ferramentas moleculares • Genótipo Haarlem também apresenta mutator gene e pode estar associado com maior virulência e/ou desenvolvimento de resistência • Sympatric - allopatric Interações diferentes do bacilo com hospedeiro Homem ?? Diagnóstico da Tuberculose Método Vantagens Desvantagens simples rápido, custo sensibilidade baixa (40% a 70%) todas as TB sensível, específico demorado trabalhoso igual a cultura mais rápido custo equipamento Tuberculina custo baixo inespecífico Radiológico rápido inespecífico Amplificar ácido nucléico Rápido, elevada sensibilidade e especificidade amostra respirat Custo equipamento Baciloscopia Cultura BACTEC n Nucleic Acid Amplification Trials Assay Author Gen Probe Abe Miller Pfyffer O'Sullivan Roche D’Amato Wobeser Carpentier Moore Bergman Ichyama BD Ichyama Pfyffer n 135 594 515 555 985 1480 2073 1009 956 530 530 799 Sens/Spec Smear + Sens Smear - Sens 92/100 91/99 94/98 91/99 67/100 79/99 86/98 83/99 79/100 89/100 95/99.8 98/96.5 100 100 100 100 95 98 95 99 98 77 73 83 75 55 53 74 66 43 100 92 Métodos Diagnósticos Amplificação de Ácidos Nucleicos (AAN) Kits commerciais E-MTD assay (Gen Probe Inc) aprovado pelo FDA: baar (-) (+) AMPLICOR MTB kit (Roche )* LC x Probe System (Abbot)* Strand Displacement Amplification* * aprovados pelo FDA para escarro baar (+) LCx® Mycobacterium tuberculosis Assay Validados APENAS para: 1. amostras respiratórias 2. pacientes adultos, 3. HIV soronegativos, 4. não tratados para TB Cobas Amplicor™ Mtb Test Métodos de detecção da resistência Métodos Genotípicos Métodos Fenotípicos DNA Heteroduplex Proporções (Canetti et al1963) SSCP(Single Strand Conformation Polymorphism) Automatizados Bactec 460-TB, MGIT 960 Line Probe Assay (INNO-Lipa Rif TB)** LRP - Luciferase Report Phage Teste Hain p/ INH e RIF ** E-test Sequenciamento de DNA MIC (MABA,MTT, etc.) * Padrão ouro; ** Comercializados na Europa Molecular MDR screening with line probe Comparison GenoType® MTBDR and INNO-LiPA Rif.TB GenoType® MTBDR INNO-LiPA Rif.TB Hain Lifescience Innogenetics M. tub detection Yes yes Detection of RMP Resistance of M. tub Complex Yes yes Detection Isoniazid Resistance of M. tub Complex Yes no Strip Assay Yes yes DNA-Basis: PCR Yes yes Culture requested Yes yes Direct assay No yes (modified version M. tub-Komplex Detection: 23S-rRNA/16S-rRNA Yes yes RMP-Resistance: rpoB gene Yes yes INH-Resistance: katG gene Yes no Universalcontrol Yes no rpoB unicontrol Yes no kat G unicontrol yes no Company Prioridades para pesquisa e investimento em Tuberculose – 2006 OMS, UNICEF, Banco Mundial, Universidades de Harvard e da Zâmbia Fonte: Lancet 367:940-42; march 2006 Melhorar o diagnóstico: otimizar os métodos existentes e implementar novos sob modelo de custo-efetividade Desenvolvimento de novos fármacos e regimes terapêuticos Remodelar estratégias de tratamento Pesquisa social e agenda global: reduzir o risco e a vulnerabilidade Capacitar unidades para ensaios clínicos Nosso paciente com TB nao conta com novas tecnologias, como outras pacientes com • Hepatite B, C • HIV • Doenças Cardíacas • Doenças Renais PORQUE?? Cidade do Rio de Janeiro Obrigado OBRIGADO PELA ATENÇÃO [email protected]