IX Encontro de
Linguística de Corpus
Projeto de pesquisa de mestrado:
Bases teórico-metodológicas para um dicionário monolíngue
de português brasileiro para aprendizes estrangeiros.
Kleber Valenti Schenk – Bacharel em Letras Português – Inglês –
Espanhol. Mestrando em Lexicografia UFRGS. Bolsista no Programa de Português para
Estrangeiros UFRGS. Pesquisador do projeto Ensino de português como língua
estrangeira: bases para um dicionário on-line para suporte de atividades em EAD.
Orientadora: Profa. Dra. Maria José Bocorny Finatto
Porto Alegre, 8 de outubro de 2010
1
Foco deste trabalho
“No Brasil, não existe ainda um dicionário
de ‘português para falantes de outras
línguas’”. (Welker 2005, p. 222)
Para se fazer um primeiro delineamento
desse material didático em português
brasileiro, traz-se aqui uma revisão teórica
sobre dicionários para aprendizes de LE.
2
Condição ideal: o desejo da teoria I
Dicionários para aprendizes de LE

definições, exemplos de uso e explicações
linguísticas simples; apresentação bem clara

facilita e possibilita um bom uso.
(Adaptado de McArthur, 1992, verbete learner’s dictionary)
3
Condição ideal: o desejo da teoria II
Palavras-entrada

escolhidas mediante o critério de frequência

levantamentos estatísticos em grandes
corpora muito diversificados.
(Adaptado de Biderman, 2000, p. 37 apud Welker, 2005, p. 93)
4
A matéria-prima
Composição e extensão do corpus Banco de Português (em 2000)
Registro
Ocorrências
Imprensa
120.537.854
Fala *
3.178.882
Ficção literária
1.488.195
Escrita acadêmica
502.438
Documentos escritos de negócios
220.252
Total de ocorrências
125.927.624
Total de formas
469.745
Freqüência média de cada forma
268,1
* Conversas, entrevistas, aulas, reuniões, conversas telefônicas.
SARDINHA, 2004. p. 165.
5
O foco principal do projeto
Padrões do português popular escrito: o
vocabulário do Jornal Diário Gaúcho :
Caracterização do léxico e da feição da
linguagem em um texto mais simplificado, feito
para ser compreendido com facilidade por
pessoas de um determinado grupo social e
econômico, com uma bagagem cultural mais
ou menos tipificada e com um grau de
escolaridade relativamente baixo.
6
Nossa proposta: dicionário + corpus jornal
Qual a melhor matéria-prima?
Corpus que contemple um português mais simplificado

 seleção de verbetes;
 escolha do vocabulário para as paráfrases definitórias;
 seleção dos exemplos de uso.
7
Desejo: esboço teórico do dicionário I
Quanto à macroestrutura:
Prefácio, introdução, paradigmas de conjugação,
explicação de símbolos e de siglas usadas no
dicionário, a informação da origem do inventário léxico
e os anexos.
(Adaptado de Haensch, 1997. p. 239)
 front matter  uma breve apresentação sobre o funcionamento
da língua e uma chave de pronúncia.
 back matter  apresentação de guias de consulta para o
usuário e a indicação de fontes consultadas.
(Adaptado de Hartmann, 2001. p. 169 a 176)
8
estrutura intermediária  ilustrações, recursos sonoros
e caracterização de cenários de comunicação.
mediostrutura  sistema de remissões e
referências cruzadas que servem para remeter o
usuário de um lugar para outro.
(Adaptado de Rey-Debove, 1989 apud Welker, 2005, p. 177)
9
Desejo: esboço teórico do dicionário II
Quanto à microestrutura:
Indicação do lema; informações fonéticas,
ortográficas, gramaticais e léxicas; a definição;
as indicações sobre o uso da palavra em
contextos com exemplos; parte pragmática com
indicações de sinônimos, antônimos, parônimos,
hipônimos e hiperônimos.
(Adaptado de Ettinger, 1982. p. 135)
10
Para a construção do dicionário é
necessário analisar:
 Estrutura dos cursos oferecidos pelo Programa de
Português para Estrangeiros da UFRGS;
 Dicionários de português impressos e on-line préexistentes;
 Gramáticas básicas do português e livros didáticos
voltados para o uso de aprendizes estrangeiros;
 Critérios para certificação de proficiência em
português como língua estrangeira no Brasil (Exame
Celpe-Bras).
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Para a construção do dicionário é
necessário:
• Fazer um estudo de perfil de usuário, iniciando-se pela
pesquisa das necessidades dos alunos e professores do
Programa de Português para Estrangeiros da UFRGS;
Quem estuda português como língua
estrangeira e para quê?
• Definir um corpus adequado para seleção de verbetes,
definições e exemplos. Entre os componentes formadores
do corpus estariam os textos utilizados em materiais
didáticos de PLE e provas do Exame Celpe-Bras;
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• Selecionar os verbetes (com base no corpus);
• Planejar a microestrutura por tipos de palavras:
verbos, palavras relacionais, adjetivos, etc;
• Definir a macroestrutura;
13
• Definir o desenho e a implementação de recursos do
dicionário on-line assim como o planejamento da
estrutura a ser implementada em site específico (tarefa a
ser desempenhada pelo estudante de Ciências da
Computação, bolsista do projeto Ensino de português
como língua estrangeira: bases para um dicionário online para suporte de atividades em EAD);
• Testar em prováveis usuários; os testes iniciais seriam
feitos com os estudantes do PPE/UFRGS e os estudantes
de português da Hankuk University of Foreign Studies,
em Seul, na Coreia do Sul → parceria com Tanara Khun.
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Elementos que devem fazer
parte do dicionário:
• Descrição gramatical básica e interativa sobre o
português do Brasil voltado para aprendizes de
português como língua estrangeira com textos
instrucionais simplificados de apoio;
• Guia de utilização para professores;
• Guia de utilização para estudantes;
• Conjunto de palavras de alta frequência na língua;
• Reprodução de pronúncia;
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• Exemplos de uso de palavras e expressões em
frases escritas colhidas de textos jornalísticos;
• Dicas de uso da palavra em diferentes
situações e construções;
• Sugestões de exercícios/atividades individuais
e em grupos de alunos;
• Espaço para postagem de depoimentos de
aprendizes sobre o uso/sentido da palavra em
foco em cada verbete;
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Exemplo de verbete
naja /'naƷӘ/ na.ja
substantivo feminino
1 Cobra que cospe veneno, quando ataca se ergue e
achata seu pescoço, que toma a forma de um prato: (...)
a escultura de cobra que enfeita o gabinete do deputado
é a de uma naja. (FSP – 06/12/07)
2 (Figurado) Mulher muito má: Naja! O apelido cai
como uma luva para a invejosa Surya, personagem de
Cleo Pires em Caminho das Índias. (DG – 20/06/09)
Veja cobra, serpente
naja
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Referências
AMARAL, M. F. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006.
ETTINGER, S. et al. La lexicografía: de la Lingüística Teórica a la
Lexicografía Práctica. Madrid: Editorial Gredos, 1982.
HAENSCH, G. Los diccionarios del español en el umbral del siglo XXI.
1 ed. Salamanca: Universidad de Salamanca, 1997.
HARTMANN, R. R. K. Teaching and Researching Lexicography. Essex:
Longman, 2001.
MANUAL DE REDAÇÃO DO DIÁRIO GAÚCHO. Agosto de 2005.
McARTHUR, T. The Oxford Companion
Language. Oxford: Oxford University Press, 1992.
to
the
English
SARDINHA, T. B. Lingüística de Corpus. Barueri – SP: Manole, 2004.
WELKER, H. A. Dicionários – uma pequena introdução à lexicografia.
2. ed. Revista e ampliada. Brasília: Thesaurus, 2005.
18
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