Hemogasometria em equinos da raça Puro
Sangue Árabe submetidos a exercício em esteira
de alta velocidade e suplementados com
vitamina E
LETÍCIA A. YONEZAWA1; LUCIANA P. MACHADO2; MERE E. SAITO3; MARCOS J. WATANABE4; VERIDIANA F. DA
SILVEIRA5; AGUEMI KOHAYAGAWA6
1. Doutoranda bolsista FAPESP – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Unesp, Botucatu/SP, e-mail: [email protected]
2. Professora Doutora – Universidade Federal do Piauí (UFPI), Bom Jesus/PI
3. Professora Doutora – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Lages/SC
4. Professor Doutor – Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FMVZ, Unesp, Botucatu/SP
5. Professora Doutora – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas/BA
6. Professora Titular – Departamento de Clínica Veterinária, FMVZ – Unesp, Botucatu/SP
INTRODUÇÃO
O exercício em cavalos atletas está relacionado a
alterações do estado ácido-basico e hidroeletrolítico. Normalmente
tendem a apresentar tanto acidose metabólica, devido ao acúmulo
de ácido láctico, como alcalose respiratória, em consequência da
hiperventilação.
O presente estudo objetivou a análise hemogasométrica em
equinos da raça Puro Sangue Árabe submetidos ao exercício físico
e treinamento em esteira de alta velocidade e suplementados com
vitamina E.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 16 equinos da raça Puro Sangue Árabe,
sem treinamento, divididos em dois grupos de oito: controle (GC) e
suplementado com vitamina E (GE) na dose oral diária de 1.000
UI/L. Ambos os grupos foram submetidos a provas de exercício
progressivo em esteira de alta velocidade inclinada a +7%, antes
(P1) e após (P2) a um período de treinamento de 20 dias. O
protocolo de exercício das provas foi: 5 min na velocidade de 1,8
m/s, 3 min a 4,0 m/s, 2 min a 6,0 m/s, e 1 min nas velocidades 8,0
m/s, 9,0 m/s, 10,0 m/s ou até quando os animais conseguissem
manter-se em exercício.
Em ambas as provas foram obtidas amostras de sangue
arterial com seringa previamente preparada com heparina de lítio
nos momentos antes do exercício (M0), imediatamente após (MPE),
15 min e 30 min após o término do exercício físico, sendo
acondicionadas em caixa térmica com gelo picado e água. O exame
hemogasométrico foi realizado em aparelho automatizado e foram
mensurados pH, pressão parcial de oxigênio (PaO2), pressão parcial
de dióxido de carbono (PaCO2) e concentrações dos íons
bicarbonato (HCO3-), sódio (Na+) e potássio (K+).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se diminuição significativa do pH sanguíneo e da
concentração de HCO3- no MPE, em ambos os grupos e provas, e
somente retornaram aos valores basais após 30 min. A provável
causa da acidose é a difusão do ácido láctico das células musculares
para a circulação, uma vez que em exercícios de moderada a alta
intensidade, o requisito energético predominante é mantido pelo
metabolismo anaeróbico da glicose. Essa acidose metabólica foi
compensada pela alcalose respiratória por meio de hiperventilação
pulmonar, verificada pelo aumento da PaO2 e diminuição da PaCO2
imediatamente após o exercício em ambos os grupos e provas, que
retornaram aos valores de repouso em 30 min após o término do
exercício.
Embora as concentrações de Na+ e K+ não se alterarem
significativamente em decorrência do exercício, observa-se uma
tendência à hipocalemia em 15 min após o exercício. Acredita-se que
a diminuição de K+ seja em decorrência da ação de catecolaminas
sobre receptores β-adrenérgicos, que permitem a passagem do íon
do meio extra para o intracelular. Com relação aos grupos e provas,
não se observou diferença significativa quanto aos parâmetros
avaliados, indicando que a suplementação e o treinamento não foram
suficientes para promover alterações.
Figura 1. Médias do pH nas provas P1 (antes
do treinamento) e P2 (após o treinamento) de
exercício progressivo
em
esteira,
nos
grupos controle (GC) e suplementado
com
vitamina E (GE).
Figura 2. Médias da pressão parcial de O2
nas provas P1 (antes do treinamento) e P2
(após o treinamento) de exercício progressivo
em esteira, nos grupos controle (GC) e
suplementado com vitamina E (GE).
Figura 3. Médias da pressão parcial de CO2 nas
provas P1 (antes do treinamento) e P2(após o
treinamento) de exercício progressivo em
esteira, nos grupos controle (GC) e
suplementado com vitamina E (GE).
Figura 4. Médias da concentração de HCO3nas provas P1 (antes do treinamento) e
P2(após o treinamento) de exercício
progressivo em esteira, nos grupos controle
(GC) e suplementado com vitamina E (GE).
Figura 5. Médias da concentração de Na+ nas
provas P1 (antes do treinamento) e P2 (após o
treinamento) de exercício progressivo em
esteira, nos grupos
controle
(GC)
e
suplementado com vitamina E (GE).
Figura 6. Médias da concentração de K+ nas
provas P1 (antes do treinamento) e P2 (após
o treinamento) de exercício progressivo em
esteira, nos grupos
controle
(GC)
e
suplementado com vitamina E (GE).
CONCLUSÃO
Portanto, é possível concluir que o exercício progressivo em esteira
de alta velocidade promove, nos equinos, acidose metabólica e alcalose
respiratória compensatória imediatamente após seu término, com
recuperação em 30 min, e discreta hipocalemia aos 15 min após o
exercício. Entretanto, o período de treinamento de 20 dias e a
suplementação com vitamina E não acarretaram modificações do estado
ácido-básico e hidroeletrolítico.
.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. Aguilera-Tejero, E. et al.Quantitative analysis of acid-base balance in show jumpers
before and after exercise. Res. Vet. Sci., v.68, n.2, p.103-108, 2000.
2. Bayly, W.M. et al. Changes in arterial, mixed venous and intraerythrocytic
concentrations of ions in supramaximally exercising horses. Equine Vet. J. Suppl.,
v.36, p.294-297, 2006.
3. Watanabe, M.J. et al. Alterações do pH, da PO2 e da PCO2 arteriais e da
concentração de lactato sanguíneo de cavalos da raça Árabe durante exercício em
esteira de alta velocidade. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.3, p.320-326, 2006.
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