DANOS AMBIENTAIS PROVOCADOS POR
VENDAVAIS NA ÁREA URBANA DE LONDRINA – PR
Marcela Arfelli Silva
Prof. Dr. Marcelo Eduardo Freres Stipp
Mônica Hirata Bertachi
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
INTRODUÇÃO
Vendavais podem ser definidos como deslocamentos intensos de
ar na superfície terrestre devido, principalmente, às diferenças no
gradiente de pressão atmosférica, aos movimentos descendentes e
ascendentes do ar e a rugosidade do terreno. Vianello e Alves (2002)
apud Tominaga, Santoro e Amaral (2009).
Os vendavais muito intensos surgem quando há uma exacerbação
das condições climáticas, responsáveis pela gênese do fenômeno,
incrementando a magnitude do mesmo. (ASTRO, 2003). A ocorrência
destes sempre podem ser ligadas a eventos como árvores derrubadas,
danos às plantações e fiações, interrupções no fornecimento de energia
elétrica e nas comunicações telefônicas; enxurradas e alagamentos;
danos em habitações mal construídas; destelhamento em edificações e
até mesmo traumatismos pelo impacto de objetos transportados pelo
vento.
Londrina, objeto de estudo está localizada na região Norte do
Estado do Paraná, se encontra em uma das regiões brasileiras com maior
vulnerabilidade para a ocorrência desses desastres naturais, vendavais.
Isso ocorre por estar em uma área de embates de Massas Polares,
Intertropicais, Continentais e Oceânicas.
OBJETIVOS
A partir da análise dos vários fenômenos climáticos que vem
danificando o Município de Londrina nos últimos anos, observou-se que
os ventos, em determinadas épocas, chegam a alcançar altíssimas
velocidades provocando grandes danos. Com base nos vários
fenômenos, constatou-se que a área apresenta uma dinâmica atmosférica
que torna bastante propício a ocorrência de fortes vendavais. Dessa
forma, esse trabalho tem por objetivo analisar os danos ambientais
provocados por vendavais na área urbana de Londrina – PR no período
de 2000 a 2010.
METODOLOGIA
Para determinar a ocorrência de vendavais e registros de decretos
de situação de emergência em Londrina- Paraná iniciou-se uma analise
de bibliografias referentes ao tema e manchetes em um importante
periódico do Norte do Paraná, Jornal Folha de Londrina.
A partir dos dados meteorológicos fornecidos pelo Instituto
Agronômico do Paraná (IAPAR), através de sua estação
agrometeorológica principal, e pelo Ministério da Marinha, através de
Cartas Sinóticas obtidas junto ao Centro de Hidrografia da Marinha e ao
Instituto astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo,
elaborou-se uma cartografia básica para o desenvolvimento da pesquisa,
composta pelas seguintes cartas: Hipsométrica, Orientação de Vertentes,
Direção e Velocidade dos Ventos de Superfície e Uso da Terra atual da
área em estudo.
Com base nesses dados foi possível elaborar um gráfico para
uma melhor visualização da dinâmica atmosférica ocorrida nos cinco dias
posteriores à ocorrência dos vendavais, comparando-o com o
levantamento jornalístico do periódico local, como forma de visualização
das destruições causadas na área em estudo.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
As Cartas Sinóticas da Marinha possibilitaram a observação e
análise da circulação atmosférica regional do Norte do Paraná nos
períodos de janeiro/2000 a dezembro/2010 mesmo período em que foram
realizadas as pesquisas no periódico regional.
Durante esses 11 anos, foram relatados 35 eventos de vendavais,
presente em todas as regiões da cidade, sendo mais freqüentes
vendavais na Zona Sul, e a menor incidência na região Central.
Geralmente acompanhados por chuva, ventos de até 90km/h causaram
grandes desastres como quedas de árvores; danos às plantações;
quedas das fiações que provocaram interrupções no fornecimento de
energia elétrica e nas comunicações telefônicas; danos em habitações
mal construídas e/ou mal situadas; destelhamento em edificações;
deslizamentos ou desmoronamentos, como o caso ocorrido em 2002,
onde um cidadão faleceu devido a queda de um muro.
Os dados levantados possibilitaram a identificação dos principais
locais susceptíveis à ação dos vendavais. O único obstáculo para a
velocidade dos fortes ventos foram as edificações residenciais e
comerciais e árvores em ajardinamento, e essas não resistindo à força
dos vendavais são abaladas.
Os vendavais dominantes no Paraná estão associados aos
sistemas convectivos de mesoescala que produzem tempestades nos
meses mais quentes (outubro a março). A magnitude da média das
rajadas máximas anuais varia entre 19 ms-1 e 24 ms-1. O tempo de
duração das velocidades superiores a 10 ms-1 é inferior a 1 hora.
(Golçalvez, sd). Comprovando Golcalvez, tem-se no presente trabalho a
maior incidência de vendavais no ano de 2009, com 8 ocorrências
registradas, sendo 5 nos meses de outubro a março. Ainda em outubro
de 2009, na semana do dia 16, pela incidência de fortes vendavais, foi
decretado estado de emergência no município de Londrina.
Analisados 5 dias anteriores ao dia 16 de outubro de 2009 as
temperaturas médias máximas e mínimas oscilaram entre 27°C e 13,2°C.
A temperatura máxima absoluta nos cinco dias que antecederam ao
episódio variaram devido a entrada de uma Frente Fria; que causou a
queda brusca da temperatura máxima.
CONCLUSÃO
Pode-se observar através das análises, que nos períodos de
2000 a 2010 os dias que antecederam aos vendavais, foram de grande
movimentação atmosférica, com entradas de Frentes Quentes e Frias na
região Sul do Brasil.
Os embates temporais que ocorreram na área foram gerados por
elevadas amplitudes barométricas, resultando na ocorrência de fortes
vendavais e tempestades que têm causado inúmeros desastres
climáticos. Este trabalho sugeriu algumas propostas de mitigação para
esses impactos ambientais, tais como implementação de quebra ventos
(plantações de algumas espécies vegetais capazes de suportar
vendavais), alteração do plano de expansão urbana da cidade, entre
outras.
A área em estudo região de Londrina/PR, encontra-se em fase de
plena expansão; neste contexto deve-se planejar o seu desenvolvimento
visando garantir segurança à população local ante à ameaça do impacto
dos vendavais.
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AGRADECIMENTOS
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