SEGUIMENTO DE JESUS - Psicopedagogia de Jesus
FREI JOÃO CARLOS KARLING, ofm
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SEGUIMENTO DE JESUS1
Quem foi Jesus?
Onde e como viveu?
O que viu? Ouviu? Falou?
Testemunhou?
Como era seu mundo?
Quais eram:
seus sentimentos,
afetos,
desejos,
medos,
angústias,
vontades?
Como se relacionava?
A quem seguia?
Quem sou eu?
Onde e como vivo?
O que vejo? Ouço? Falo?
Testemunho?
Como é meu mundo?
Quais são:
meus sentimentos,
afetos,
desejos,
medos,
angústias,
vontades?
Como me relaciono?
A quem sigo?
1. JESUS SEGUINDO
• Jesus foi seguidor...
• Fez seu caminho de iniciação.
• Como pessoa, fez seu processo de aprender e seguir...
• Viveu trinta anos em Nazaré, onde crescia e se fortalecia (Lc 2, 40).
• “Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos” (Hb
5, 8).
• NÓS, ONDE APRENDEMOS?
O caminho de seguimento de Jesus:
• Nasceu num determinado:
• Lugar.
• Família.
• Povo.
• Cultura.
• Língua.
JESUS:
• Nasce em Belém da Judeia, no Sul (Mt 2, 1).
• Foi criado em Nazaré da Galileia, no Norte (Lc 4, 16), na roça.
• Falava o aramaico, com sotaque de judeu da Galileia.
• Era visto como judeu pela Samaria (Jo 4, 9) e como Galileu pelos judeus da Judeia (Mt
26, 69.73).
• Não pertencia ao clero que cuidava do templo.
• Não era Doutor da Lei.
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A referência básica para as anotações que seguem é de Frei Carlos Mesters. Anotações feitas ao longo dos
anos. Não cito, por isso, referências.
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Não pertencia ao grupo dos fariseus ou essênios.
Nasceu leigo, pobre, sem proteção de uma classe ou família poderosa.
Não se escolhe: nasce judeu! É seu ponto de partida.
É a encarnação. DÁ ALGUNS CONDICIONAMENTOS!
José provavelmente era migrante, vindo de Belém da Judeia (Lc 2, 4).
JESUS:
• Dos 33 anos de vida, passou 30 no anonimato, em Nazaré, cidade sem importância: “De
Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1, 46).
• Viveu com a família e o povo (Lc 2, 52).
• Aprendeu o seguimento em casa, na família, onde vivia com os pais, sendo obediente a
eles (Lc 2, 51).
A. Com a família, aprendeu a:
• Amar.
• Andar.
• Falar.
• Conviver.
• Rezar.
• Trabalhar.
• O povo rezava muito: manhã, tarde, noite, todos os dias, desde criança, decorando os
salmos.
• A mãe ou avó os ensinava (2Tm 1, 5; 3, 15).
• A vida de família para Jesus não foi fácil, especialmente na vida pública. Teve
problemas:
• Parentes achavam que estava louco e queriam que voltasse para casa (Mc 3, 21).
• Depois da fama, queriam promovê-lo (Jo 7, 3-5).
• E, nos dois casos, Jesus discordou deles (Jo 7, 5-6; Mc 3, 31-35).
B. Aprendeu o seguimento na Bíblia: lida na comunidade e ruminada em casa:
• Ele a conhecia de cor.
• Aprendeu em casa com a mãe e na Sinagoga.
• Ninguém tinha a Bíblia em casa. Era necessário ir ao Templo/Sinagoga.
• Escritura:
• Fonte de autoridade (Lc 4, 18).
• Por ela, se orienta e se forma meditando as profecias do Servo de Deus e do Filho do
Homem para saber como realizar a sua missão (Mc 1, 11; 8, 31).
• Nela, encontra respostas para contrapor ao diabo e aos seus adversários (Lc 4, 4.8.12).
C. Aprendeu o seguimento na tradição transmitida pelos Doutores da Lei:
• Reconhece sua autoridade, mas avisa: “façam o que eles dizem, mas não o que eles
fazem” (Mt 23, 3).
• Reconhece que eles transmitem a vontade de Deus, mas dizem muitas coisas que não tem
nada a ver com a mesma (Mc 7, 13).
• Em Jerusalém, discutiu com eles (Lc 2, 46).
• Em Nazaré, dos 12 aos 30 anos, escutou o ensinamento deles e os confrontava com a vida
do povo, a Bíblia e sua experiência.
D. Aprendeu o seguimento na convivência com o Povo de Nazaré:
• Nazaré: povoado pequeno, todos se conheciam.
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• Conheciam a família de Jesus (Mc 6, 3).
• Jesus conhecia o povo (Jo 2, 24-25).
• Nos trinta anos, aprendeu o que também nós aprendemos: as tradições, os costumes, as
festas, os cânticos, os tabus, as histórias, os medos, as doenças, os poderes, os remédios...
Quando Jesus se afasta de algumas práticas do dia a dia, o povo não gosta e nem acredita (Mc
6, 4-6).
• Quando na reunião da comunidade, começa a ligar a Bíblia com a vida (Lc 4, 21), a briga
foi tanta que queriam matá-lo (Lc 4, 22-30).
E. Aprendeu o seguimento no trabalho:
• Aprendeu a profissão de seu pai (Mt 13, 55).
• Serviu seu povo como carpinteiro (Mc 6, 3).
• Carpintaria e roça... Trabalho duro para viver e sobreviver... Terra boa, mas alta
exploração de impostos (Mc 2, 14-15).
F. Aprendeu o seguimento na escola:
• Em todos os povoados da Galileia, havia, junto à Sinagoga local, a “beth-há-midrasch”, a
casa da letra. Lá, os meninos iam aprender a ler e escrever. Jesus sabia ler (Lc 4, 16-17).
G. Aprendeu o seguimento no mundo:
• A Galileia no tempo de Jesus tinha uma maneira diferente de conviver com os povos. Era
mais aberta, cercada por cidades pagãs, grandes centros comerciais, como: Damasco, Tiro,
Sidônia, Ptolomaide, Cesareia, Samaria, Decápole...
• Os judeus da Galileia tinham mais contato com os pagãos do sul e os chamavam de
“Galileia dos pagãos” (Is 8, 23; Mt 4, 15).
• Esse contato com os outros povos influenciou a formação de Jesus. Ele viajou e foi para
várias regiões:
• Tiro e Sidônia (Mc 7, 24.31).
• Decápole (Mc 5, 1.20; 7, 31).
• Cesareia de Filipe (Mc 8, 27).
• Samaria (Lc 17, 11).
• Conversa com o povo (Mc 7, 24-29; Jo 4, 7-42), o que era proibido.
• Reconhece a fé das pessoas que não eram judias e aprende com elas (Mt 8, 10; 15, 28).
• Com as pessoas, muda de opinião (Mt 15, 24.28).
H. Aprende o seguimento no coração:
• No tempo de Jesus, o livro do Eclesiástico era muito conhecido e ele recomendava:
“Frequente sempre aquelas pessoas das quais você sabe que elas são fiéis aos mandamentos
de Deus e que têm a mesma disposição de você e que, quando você tropeça, sofrem com você
e o ajudam. Porém, acima de tudo, siga o conselho de seu próprio coração, porque o coração
da gente é de confiança, é fiel a você e te aconselha melhor do que sete sentinelas colocadas
no alto da torre. E, por fim, reza ao Deus altíssimo, para que ele dirija os seus passos de
acordo com a verdade” (Eclo 37, 12-15).
• E Jesus começa a escutar o coração, onde mora o Pai.
I. Aprendeu o seguimento na vida de intimidade com Deus, seu Pai:
• Jesus, o filho, rezava e rezava muito!
• Passava noites e noites em oração (Lc 6, 12).
• Na oração, procurava saber o que o Pai queria dele (Mt 26, 39).
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2. JESUS QUE CHAMA AO SEGUIMENTO
• Jesus anuncia e chama ao seguimento dos 30 aos 33.
• Na Galileia, limitado a um tempo e espaço físico.
Jesus chama as pessoas para segui-lo:
• Nos evangelhos, o chamado de Jesus não é uma coisa de um só momento ou de uma vez
só. Ele o faz de vários e repetidos convites.
• Jesus chamando:
• Começa com poucos à beira-mar (Mc 1, 16).
• Só termina depois da ressurreição (Mt 28, 18-20; Jo 20, 21).
• Começa na Galileia (Mc 1, 14-17) e, no fim, depois da ressurreição, recomeça novamente
na Galileia (Mc 14, 28; 16, 7), também à beira do lago (Jo 21, 4-17).
• Recomeça sempre... Seguimento é assim... Sempre... Sempre... Sempre...
• Jesus chamando:
• Sua maneira de chamar é simples e variada.
• Às vezes, ele toma a iniciativa: passa, olha e chama (Mc 1, 16-20).
• Outras vezes, são os discípulos que convidam parentes e amigos (Jo 1, 40-42.45-46).
• Ou é João Batista que aponta a Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35-39).
• Outras vezes é a própria pessoa que se apresenta a Jesus e pede para segui-lo (Lc 9, 5758.61-62).
• A maior parte das pessoas que é chamada já conhecia Jesus e já havia tido alguma
convivência com ele.
• Vêem-no ajudar o povo ou o escutam na sinagoga (Jo 1, 39; Lc 5, 1-11).
• Sabem quem é Jesus, como vive e o que ele pensa.
• Sabem que é uma pessoa perseguida e contestada (Jo 15, 20).
• Que convive com os marginalizados (Mc 2, 15-16; Lc 7, 37-50).
• E cujo jeito de ver as coisas é diferente das autoridades da época (Mc 1, 21-22).
• Jesus chamando:
• O chamado é gratuito, não custa.
• Mas... Acolher o chamado exige muita decisão e compromisso. E Jesus não esconde as
exigências. Quem quer segui-lo deve saber o que está fazendo:
• Deve mudar e crer na boa nova (Mc 1, 15).
• Estar disposto a abandonar tudo e assumir, com ele, uma vida pobre e itinerante. Quem
não estiver disposto a isso “não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33).
• O centro não está na renúncia, mas no amor.
• É por amor a Jesus (Lc 9, 24) que o discípulo deve renunciar a si mesmo, todos os dias, e
carregar a sua cruz, para segui-lo (Mt 10, 37-39; 16, 24-26; 19, 27-29).
• É por amor ao evangelho (Mc 8, 35).
• O chamado é como um novo nascimento (Jo 3, 3-8), aceito deve-se deixar os mortos
enterrarem os mortos (Lc 9, 60), seguindo em frente, sem olhar para trás (Lc 9, 62).
• O chamado é como um tesouro, uma pedra escondida, pela qual se abandona tudo para
seguir Jesus (Mt 13, 44-46), entrando em nova família e comunidade (Mc 3, 31-35).
3. PESSOAS CHAMADAS PARA SEGUIR JESUS
• Nem santos, nem perfeitos: como nós, com virtudes e defeitos. O evangelho informa
pouco, mas o pouco que informa é consolo e incentivo para nós, que queremos seguir Jesus.
Olhemos:
Pedro
• Generoso e entusiasta (Mt 14, 28-29).
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• Na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia, e ele voltava atrás (Mt 14, 30; Mc
14, 66-72).
• Jesus rezou por ele (Lc 22, 32), para que fosse pedra de apoio (Mt 16, 18) e não de
tropeço (Mt 16, 23).
Tiago e João
• Estavam dispostos a sofrer com Jesus: “Sois capazes de beber a taça que eu vou
beber...?... Podemos” (Mc 10, 39).
• Mas eram muito violentos (Lc 9, 54): “Senhor, queres que mandemos que caia um raio do
céu e acabem com eles?”.
• Jesus os chamou de filhos do trovão (Mc 3, 17).
Filipe
• Tinha muito jeito para colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1, 45-46).
• Não era muito prático em resolver os problemas (Jo 6, 5-7; 12, 20-22).
• Jesus chegou a perder a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com
vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14, 8-9).
André
• Mais prático.
• Ele encontrou o menino com os cinco pães e dois peixes (Jo 6, 8-9).
• É a ele que Filipe recorre para resolver o caso dos gregos que queriam ver Jesus (Jo 12,
20-22).
• É ele que chama Pedro para encontrar-se com Jesus (Jo 1, 40-43).
Tomé
• Era cabeçudo, capaz de sustentar sua opinião por uma semana ou mais contra o
testemunho de todos os demais (Jo 20, 24-25).
• Era sincero. Quando viu que estava errado, não teve medo em reconhecer a sua falta (Jo
20, 26-28).
• Era generoso e estava disposto a morrer com Jesus: “Vamos também nós morrer com ele”
(Jo 11, 16).
Natanael
• Era bairrista e não admitia algo de bom vindo de Nazaré (Jo 1, 46).
• Diante da evidência da pessoa de Jesus, reconhece nele o Filho de Deus (Jo 1, 49).
• Aparece só em João, alguns o identificam com Bartolomeu (Mc 3, 18).
Mateus
• Publicano, pessoa excluída da religião dos judeus, colaborava com o sistema romano (Mt
9, 9).
• Chamado de Levi em Marcos e Lucas (Mc 2, 14; Lc 5, 27).
• Mateus = dom de Deus. Excluídos = dom de Deus para a comunidade.
Simão
• Era zelote (Mc 3, 18).
• Só sabemos o seu nome e apelido.
• Zelote: fazia parte do movimento popular da época que se opunha ao sistema opressor do
império romano.
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Judas
• Guardava o dinheiro do grupo (Jo 12, 6; 13, 29).
• Tornou-se traidor (Jo 13, 26-27).
• Nome completo: Judas Iscariot (Iscariotes) (Mc 3, 19; Mt 10, 4).
• Alguns acham que ele era da Kariot ou Keriot, lugarejo na Judeia. Nesse caso, seria o
único judeu num grupo de onze galileus.
• João o chama de ladrão (Jo 12, 4-6).
Nicodemos
• Membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época.
• Homem importante.
• Aceitava a mensagem de Jesus, mas, no início, com medo de manifestá-la publicamente.
• Falava com Jesus só de noite (Jo 3, 1).
• Mas ele cresceu na fé e no seguimento e no fim teve coragem de defender Jesus diante
dos membros do Supremo Tribunal (Jo 7, 51).
• Ajudou José de Arimateia a retirar o corpo de Jesus da cruz (Jo 19, 39-40).
Joana
• Esposa de Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galileia.
• Junto com Suzana e outras mulheres, seguia Jesus e o servia com seus bens (Lc 8, 2-3):
“Acompanhavam-no os doze e algumas mulheres que havia curado de espíritos imundos e de
enfermidades. Maria Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cusa, o
mordomo de Herodes; Suzana e muitas outras, que os atendiam com seus bens”.
Maria Madalena
• Nascida em Magdala, daí seu nome.
• Jesus a curou de sete demônios (Lc 8, 2).
• Uma das maiores amigas de Jesus e o seguiu até o pé da cruz (Mc 15, 40).
• Foi ela que recebeu de Jesus a ordenação de anunciar a Boa Nova da Ressurreição aos
irmãos (Jo 20, 17; Mt 28, 10).
Jesus chamando...
• Passou noites em oração antes de escolher (Lc 6, 12-16).
• Rezou para escolher e escolheu os que vimos.
• Não escolheu a elite, não escolheu pessoas prontas, formadas ou altamente qualificadas.
Escolheu:
• Gente simples, sem muita instrução (At 4, 13; Jo 7, 15).
• Quase todos pobres ou excluídos (Lc 4, 18; Mt 11, 25).
Jesus escolhendo...
• Homens e mulheres, pais e mães de família (Lc 8, 2-3; Mc 15, 40s).
• Pescadores (Mc 1, 16.19).
• Publicanos (Mt 9, 9).
• Zelotas, Simão, do movimento popular (Mc 3, 18).
• É possível que alguns tenham vindo dos mesmos grupos de revoltosos, pois carregavam
armas e tinham atitudes muito violentas (Mt 26, 51; Lc 9, 54; 22, 49-51).
• Outros tinham sido curados por Jesus ou libertos de espíritos maus (Lc 8, 2).
• Mais ricos: Joana e Suzana (Lc 8, 3), Nicodemos (Jo 3, 1-2), José de Arimateia (Jo 19,
38), Zaqueu (Lc 19, 5-10).
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• Jesus escolhendo...
• Os escolhidos sentiram na carne o que é seguir:
• Nicodemos ao defender Jesus foi vaiado (Jo 7, 50-52).
• José de Arimateia, ao pedir o corpo de Jesus, correu o risco de ser considerado inimigo
dos romanos e judeus (Mc 15, 42-45; Lc 23, 50-52).
• Zaqueu devolveu quatro vezes mais o que roubou e deu a metade de seus bens aos pobres
(Lc 19, 8).
Jesus chamando...
O objetivo do chamado é duplo:
a) “Vem e segue-me” (Mc 1, 17).
Jesus chama para estar com ele, formar comunidade/fraternidade (Mc 10, 21).
b) “Farei de vocês pescadores de homens” (Mc 1, 17; Lc 5, 10).
Chamados, para segui-lo, estar com ele e trabalhar na missão!
4. JESUS CHAMA OS QUE ELE QUER!
• Ao seu redor, formam-se grupos concêntricos:
• Um núcleo menor de 12 (Mc 3, 13-19).
• Comunidades mais amplas de homens e mulheres (Lc 8, 1-3).
• Um grupo maior de 72 (Lc 10, 1-12).
• Dentro do núcleo dos 12, formam-se grupos menores:
• Em momentos de oração  Pedro, Tiago e João (Mt 26, 36-46; Lc 9, 28-36).
SEGUIMENTO DE JESUS - TRÊS DIMENSÕES
1 - IMITAR O EXEMPLO DO MESTRE
• Jesus era o modelo a ser recriado na vida do discípulo ou discípula (Jo 13, 12-17).
2 - PARTICIPAR DO DESTINO DO MESTRE
• Não aprendizado teórico, mas de vida.
• Estar com ele nas tentações (Lc 22, 28-30).
• Estar com ele nas perseguições (Mt 10, 24-25).
• Estar disposto a carregar a cruz e a morrer com ele (Mc 8, 34-35; Jo 11, 16).
3 - TER A VIDA DE JESUS DENTRO DE SI
• É experiência mística (Gl 2, 20; Fl 3, 10-11).
SEGUIMENTO DE JESUS
No ritmo diário em casa:
• * As 18 bênçãos (M/T/N).
• * O Shemá, composto de três benditos e três leituras:
• 1. Um bendito ao Deus Criador que gera o povo.
• 2. Um bendito ao Deus Revelador que elege o povo.
• 3. Três Leituras:
– Dt 6, 4-9: receber o jugo do Reino.
– Dt 11, 13-21: receber o jugo da Lei de Deus.
– Nm 15, 37-41: receber a consagração.
• 4. Um bendito ao Deus Redentor que liberta o povo.
• * Tudo misturado com Salmos.
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No ritmo semanal na sinagoga/comunidade:
• Pirquê Abot dizia: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”.
Bíblia, celebração, serviço.
• Todo povo o fazia, aos sábados, na Sinagoga.
• Mesmo durante as viagens, Jesus e os discípulos tinham o “costume” de se reunir com a
comunidade local para:
• Ouvir as Leituras da Bíblia (Lei).
• Rezar e louvar a Deus (Culto).
• Discutir os serviços a serem realizados para a edificação da Comunidade (Amor) (Lc 4,
16-21.44; Mc 1, 39).
No ritmo anual, no Templo, no meio do povo:
• Cada ano, o povo tinha que fazer três romarias para visitar a Deus no templo, nas três
grandes festas da História do Povo:
• Páscoa  Pentecostes  Tendas (Ex 23, 14-17).
• Jesus e os discípulos participavam das Romarias e visitavam o Templo de Jerusalém (Jo
2, 13; 5,1; 7,14; 10, 22s; 11, 55-57).
•  Seguimento: participação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de
Jesus.
Na missão da comunidade:
• TESTEMUNHAR A NOVA EXPERIÊNCIA DE DEUS:
•  Deus é Abba, pai/mãe.
•  Pessoas irmãos/irmãs.
• * Realidade é diferente!
• * Jesus proclama sua missão:
 Lc 4, 18-19.
 Jo 20, 21.
Mc 1, 16-45
1 - Mc 1, 16-20 - CRIAR COMUNIDADE
• Jesus chama os discípulos para segui-lo.
• Primeiro objetivo da missão: reunir as pessoas em torno de Jesus.
• Criar comunidade/fraternidade.
2 - Mc 1, 21-22 - DESPERTAR CONSCIÊNCIA CRÍTICA
• A primeira coisa que o povo percebe é a diferença do ensinamento de Jesus e dos
escribas.
• Missão: denunciar a religião que esconde o rosto de Deus.
3 - Mc 1, 23-28 - COMBATER O PODER DO MAL
• O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um espírito imundo.
• Missão: combater o mal que estraga a vida das pessoas, da natureza, da criação.
4 - Mc 1, 29-34 - RESTAURAR A VIDA PARA O SERVIÇO
• Jesus curou a sogra de Pedro.
• Ela levantou-se e começou a servir.
• Missão: preocupar-se com os doentes, para que possam voltar a prestar serviços aos
outros, ser úteis.
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5 - Mc 1, 35 - PERMANECER UNIDO AO PAI PELA ORAÇÃO
• Depois de um dia de trabalho, no outro, bem cedo, levanta para poder rezar num lugar
deserto.
• Missão: permanecer unido à fonte da boa nova, o Pai, pela oração.
6 - Mc 1, 36-39 - MANTER A CONSCIÊNCIA DA MISSÃO
Os discípulos gostaram do resultado e queriam que Jesus voltasse. Ele segue adiante.
Missão: não se fechar sobre o resultado já obtido, manter viva a consciência.
7 - Mc 1, 40-45 - REINTEGRAR OS MARGINALIZADOS NA CONVIVÊNCIA
Jesus cura um leproso e pede que ele se apresente ao sacerdote para ser purificado e voltar a
conviver com o povo.
Faz parte da missão acolher os marginalizados e reintegrá-los na convivência humana.
Jesus anuncia o reino  para todos  a partir dos pobres/excluídos.
ACOLHE OS QUE NÃO ERAM ACOLHIDOS  RECEBE-OS COMO irmãos:
 “OS IMORAIS”: PROSTITUTAS E PECADORES
(Mt 21, 31-32; Mc 2, 15; Lc 7 ,37-50; Jo 8, 2-11)
 “OS HEREGES”: PAGÃOS E SAMARITANOS
(Lc 7, 2-10; 17, 16; Mc 7, 24-30; Jo 4, 7-42)
 “OS IMPUROS”: LEPROSOS E POSSESSOS
(Mt 8, 2-4; Lc 11, 14-22; 17, 12-14; Mc 1, 25-26)
 “OS MARGINALIZADOS”: MULHERES, CRIANÇAS E DOENTES
(Mc 1, 32; Mt 8, 17; 19, 13-15; Lc 8, 2s)
 “OS COLABORADORES”: PUBLICANOS E SOLDADOS
(Lc 18, 9-14; 19, 1-10)
 “OS POBRES”: O POVO DA TERRA E OS POBRES SEM PODER
(Mt 5, 3; Lc 6, 20.24; Mt 11, 25-26)
 Jesus é claro: não é possível segui-lo apoiando um sistema que marginaliza!
ESCOLHER:
• “Ou Deus, ou o dinheiro! Servir aos dois não dá” (Mt 6, 24).
• “Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres. Depois, vem e segue-me” (Mt 19, 21).
• Seguir Jesus: lutar pela vida, estando com ele nas tentações (Lc 22, 28); nas perseguições
(Jo 15, 20; Mt 10, 24-25); na morte (Jo 11, 16).
JESUS, NAS PARÁBOLAS, PEDE SERIEDADE:
•  No uso dos bens (Mt 25, 21-30; Lc 19, 11-28).
•  Dinheiro a serviço da vida (Lc 16, 9-13).
• Ser pobre não é sinônimo de relaxado e descuidado!
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SEGUIMENTO DE JESUS
Atitudes
1 - TODOS IRMÃOS
• Ninguém aceitar o título de mestre, pai, guia, pois “um só é o mestre e todos vocês são
irmãos” (Mt 28, 3-10).
• (se compreendesses o dom de Deus...).
• A base do seguimento não é o saber, nem o poder, nem hierarquia, mas sim, a igualdade
de todos como irmãos, ao redor do mestre.
2 - IGUALDADE - HOMEM E MULHER
- Jesus muda o relacionamento homem-mulher.
- A) tira o privilégio do homem com relação à mulher (Mt 19, 3-12).
- B) Não só os homens, também as mulheres “seguem” Jesus desde a Galileia (Mc 15, 4041; Lc 23, 49; 8, 1-3).
- C) Ele revela seus segredos tanto aos homens como às mulheres. À samaritana, revelou
que é o Messias (Jo 4, 26). A Pedro, revelou que é o Filho de Deus (Mt 16, 16). À Madalena,
apareceu por primeiro e lhe deu a ordem de anunciar a boa nova aos apóstolos (Mc 16, 9-10;
Jo 20, 11-18).
3 - PARTILHA DOS BENS
- Na sua comunidade, ninguém tinha nada de próprio (Mc 10, 17-28);
- Havia caixa comum, aberto também aos pobres (Jo 13, 29).
- Nas viagens, confiava no povo. Dependia da partilha que recebia (Lc 10, 7).
- Elogiou a viúva que deu até do necessário (Mc 12, 41-44).
4 - AMIGOS E NÃO EMPREGADOS
• A partilha tem como base o econômico, mas deve chegar ao coração (At 1, 14; 4, 32).
• A comunhão deve ser tal que rompe os segredos: “já não vos chamo de empregados, mas
sim, de amigos. Pois tudo o que ouvi do meu Pai contei para vocês” (Jo 15, 15).
5 - PODER COMO SERVIÇO
• É O PONTO NO QUAL JESUS MAIS INSISTE.
• Vejamos: Lc 22, 24-26; Jo 13, 12-17; Mt 20, 17-28; (Mc 10, 32-45).
• APRENDEU DE SUA MÃE QUE DISSE: “EIS AQUI A SERVA DO SENHOR.
FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA” (Lc 1, 38).
6 - PODER DE RECONCILIAR E PERDOAR
• O poder de perdoar em nome de Deus foi dado a Pedro (Mt 16, 19), aos apóstolos (Jo 20,
23) e às comunidades (Mt 18, 18).
• O perdão de Deus passa pela comunidade, lugar de perdão e reconciliação e não de
condenação mútua.
7 - ORAÇÃO EM COMUM
• Eles iam juntos à romaria do templo (Jo 2, 13; 7, 14; 10, 22-23).
• Rezavam antes das refeições (Mc 6, 41; Lc 24, 30).
• Frequentavam as sinagogas (Lc 4, 16).
• Jesus se retirava com eles para rezar, em grupos menores (Lc 9, 28; Mt 26, 36-37).
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8 - ALEGRIA
• JESUS DIZ AOS SEUS:
• “Felizes são vocês” porque:
• Vossos nomes estão escritos no céu (Lc 10, 20).
• Seus olhos vêem a realização da promessa (Lc 10, 23-24).
• O reino é de vocês (Lc 6, 20).
• Alegria convive com dor e perseguição (Mt 5, 11).
• Ninguém consegue roubá-la (Jo 16, 20-22).
SEGUIMENTO DE JESUS
Suas atitudes
O AMIGO QUE CONVIVE E FORMA PARA O SEGUIMENTO NA MISSÃO
Formação para o seguimento se dá na convivência.
Como Jesus convivia com eles? Como passava sua experiência do Pai?
• É amigo, partilhando tudo, até mesmo os segredos do Pai (Jo 15, 15).
• É carinhoso, provoca respostas fortes de amor (Lc 7, 37-38; 8, 2-3; Jo 21, 15-17; Mc 14,
3-9; Jo 13, 1).
• É atencioso, preocupa-se com a alimentação dos discípulos (Jo 21, 9).
• Cuida do descanso deles e procura estar a sós com eles para descansar (Mc 6, 31).
• Ele inspira paz e reconciliação: “a paz esteja com vocês” (Jo 20, 19; Mt 10, 26-33; Mt 18,
22; Jo 20, 23; Mt 16, 19; Mt 18, 18).
• É compreensivo, aceita os discípulos do jeito que são, até mesmo a fuga, a negação, a
traição, sem romper com eles (Mc 14, 27-28; Jo 6, 67).
• É comprometido, defende os amigos quando são criticados pelos adversários (Mc 2, 1819; 7, 5-13).
• É realista e observador, despertando a atenção dos discípulos para as coisas da vida
através do ensino das parábolas (Lc 8, 4-8).
• É livre, liberto, desperta liberdade e libertação. “O ser humano não foi feito para o sábado
mas...” (Mc 2, 27; 2.18.23).
• É misericordioso, manso e humilde, convida os pobres: “venham todos a mim” (Mt 11,
28).
• É preocupado com a situação do povo, esquece o próprio cansaço e acolhe o povo que o
procura (Mt 9, 36-38).
• É sábio, conhece a fragilidade do ser humano, sabe o que se passa no seu coração e, por
isso, insiste na vigilância e ensina-os a rezar (Lc 11, 1-13; Mt 6, 5-15).
• É homem de oração, aparece rezando em todos os momentos importantes e desperta nos
outros o desejo de rezar: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11, 1-4; Lc 4, 1-13; 6, 12-13; Jo 11,
41-42; Mt 11, 25; Jo 17, 1-26; Lc 23, 46; Mc 15, 34).
JESUS É
• HUMANO.
• MUITO HUMANO.
• TÃO HUMANO COMO SÓ DEUS PODE SER!
Jesus envolve os discípulos na missão (Lc 9, 1-2; 10,1):
• Devem ir dois a dois (Mt 10, 7; Lc 10, 1.9).
• Curar os doentes (Lc 9, 2).
• Expulsar os demônios (Mc 3, 15).
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• Anunciar a paz (Lc 10, 5; Mt 10, 13).
• Rezar pela comunidade da missão (Lc 10, 2).
• Faz revisão de vida com os seus (Lc 9, 1-2; 10, 1; 10, 17-20).
• Corrige os erros quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9, 33-35; 10, 14-15).
• Sabe aguardar o momento oportuno para corrigir (Lc 9, 46-48; Mc 10, 14-15).
• Ajuda-os a discernir (Mc 9, 28-29).
• Interpela-os quando são lentos (Mc 4, 13; 8, 14-21).
• Prepara-os para o conflito e a perseguição (Jo 16, 33; Mt 10, 17-25).
• Manda observar a realidade (Mc 8, 27-29; Jo 4, 35; Mt 16, 1-3).
• Reflete com eles as questões do momento (Lc 13, 1-5).
• Confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6, 5).
• Ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12, 7.12).
• Tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4, 34; 7, 17; 9, 30-31; 10, 10; 13, 3).
• Sabe escutar mesmo quando o diálogo é difícil (Jo 4, 7-42).
• Ajuda as pessoas a se aceitar a si mesmas (Lc 22, 32).
• É exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10, 17-31).
• É severo com a hipocrisia (Lc 11, 37-53).
• Faz mais perguntas do que respostas (Mc 8, 17-21).
• É firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8, 33; Lc 9, 54).
• Andar com Jesus e conviver com ele não era ainda garantia de ser seu discípulo. Havia o
risco do “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15).
• E nós, que fermento trazemos? Neoliberalismo? Consumismo? Individualismo?
Preconceitos de família? Cultura?
• Na formação, vigilância para:
Formação do Grupo
1. Superar a mentalidade de grupo fechado (Mc 9, 38).
2. Superar a mentalidade do grupo que se considera superior aos outros (Lc 9, 54).
3. Superar a mentalidade de competição e prestígio (Mc 9, 33-35).
“Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45; Mt 20, 28; Jo 13, 1-16).
4. Superar a mentalidade de quem marginaliza o pequeno.
“Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10, 14).
5. “Quem não receber o Reino como uma criança não pode entrar nele” (Lc 18, 17).
6. Superar mentalidade de quem segue a opinião da ideologia dominante.
“Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego”? (Jo 9, 2).
SEGUIMENTO DE JESUS
Formação do Grupo - conteúdos e recursos didáticos
1. TESTEMUNHO DE VIDA
• JESUS FORMA PELO SEU TESTEMUNHO:
• “Segue-me” (Lc 5, 27).
• “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 16).
• “Quem me vê vê o Pai” (Jo 14, 9).
• O discípulo tem na vida do Mestre uma norma (Mt 10, 24-25).
2. A BÍBLIA E A HISTÓRIA DO POVO
• Jesus cita o AT seguidamente, reza os salmos, medita. Faz em vista do povo, da missão.
3. A CRUZ E O SOFRIMENTO
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•
•
Os discípulos não querem aceitá-la (Mc 8, 31-33).
Jesus quer ajudá-los a superar o escândalo da Cruz (Mc 8, 31-34; 9, 31-32; 10, 33-34).
4. A VIDA DA NATUREZA
• As parábolas são exemplo (Mt 13, 1-52).
5. OS PROBLEMAS DA VIDA, OS FATOS, AS PERGUNTAS DO POVO
• O crime de Pilatos contra alguns romeiros na Galileia, a queda da torre em construção
que matou 18 operários (Lc 13, 1-4); a discussão dos discípulos pelo caminho (Mc 9, 33-36);
a fome do povo (Lc 9, 13); o ensinamento dos escribas (Mc 12, 35-37)...
6. MOMENTOS A SÓS COM OS DISCÍPULOS
• Muitas vezes, Jesus os convida para um lugar retirado, seja para:
• INSTRUIR (Mc 4, 34; 7, 17; 9, 30-31; 10, 10; 13, 3).
• DESCANSAR (Mc 6, 31).
7. MEMORIZAÇÃO NA BASE DA REPETIÇÃO
• Não havia livros, manuais... Final do Sermão da Montanha (Mt 7, 24-25 e 26-27).
8. ORAÇÃO E AMBIENTE DE ORAÇÃO
• Os salmos eram aprendidos de memória, com suas expressões corporais:
• PROCISSÃO (Sl 95, 2).
• PROSTRAÇÃO (Sl 95, 6).
• ESTENDER AS MÃOS (Sl 63, 5).
• PAI-NOSSO (Mt 6, 9-13; Lc 11, 2-4).
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1 SEGUIMENTO DE JESUS - Psicopedagogia de Jesus FREI JOÃO