Roger Dobson
A
MORTE
TEM CURA
e outras 99 hipóteses médicas revolucionárias
Tradução: MARCELO BARBÃO
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Copyright © Cyan Communications Ltd, 2007
Copyright © Editora Aleph, 2008
( edição em lingua portuguesa para o Brasil )
Título Original:
Capa e projeto gráfico:
Revisão técnica:
Revisão:
Editoração:
Coordenação Editorial:
Death can be cured
Delfin
Adilson Silva Ramachandra
Henrique Minatogawa
RS2 Comunicação
Débora Dutra
Delfin
Editor: Adriano Fromer Piazzi
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer
meios. Publicado mediante acordo com Cyan Communications Ltd.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Dobson, Roger
A morte tem cura e outras 99 hipóteses médicas
revolucionárias.
Roger Dobson, tradução Marcelo Barbão.
São Paulo : Aleph, 2008.
Título original: Death can be cured.
ISBN 978-85-7657-061-5
1.Ciência 2.Medicina I. Título.
08-07511
CDD-610
Índices para catálogo sistemático:
1.Ciência e medicina 610
2.Medicina e ciência 610
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SUMÁRIO
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Terrores noturnos, marcas de nascimento e outras teorias científicas
As revelações sempre acontecem em montanhas Pessoas gordas são realmente mais alegres Pesadelos podem matá-lo Marcas de nascimento são provas de reencarnação O aquecimento global reduz a fertilidade Os chuveiros fazem mal ao cérebro As pessoas pequenas podem salvar o mundo A data da sua morte pode ser calculada O jet lag leva a doenças mentais Pessoas com problemas de visão são mais inteligentes
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Queixos, barrigas de cerveja e cera de ouvido
Por que os humanos não são peludos? O propósito da cera de ouvido A razão do queixo O humor aumenta a sobrevivência Bebês sugam para evitar a asma Por que as pessoas que nadam em águas frias não tremem Barriga de cerveja protege homens de idade O comprimento dos dedos pode prever doenças A artrite é o preço a pagar por ter ancestrais saudáveis Sentir nojo é saudável a_cura_texto.indd 7
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Psicopatas são um mal necessário Fibrose cística é um legado da Peste Negra Ouvir vozes pode salvar a sua vida 64
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Monarcas loucos, banheiros modernos e outras teorias históricas
Banheiros modernos arruínam as pernas Jesus, o Sudário de Turim e a combustão espontânea
A Rainha Elizabeth I era meio-homem A esquizofrenia mudou o curso da história inglesa A Doença do Suor inglesa era na verdade antrax O arenque nos salvou de doenças cardíacas Fogueiras pré-históricas protegiam o homem do câncer de pulmão Alfred Nobel foi morto pela dinamite A Síndrome da Guerra do Golfo é na verdade alergia a hambúrguer A fumaça extinguiu os Neandertais 74
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Sexo, loiras e barulhos noturnos
Por que as mulheres gemem durante o sexo A importância de ser impotente Sexo causa pressão alta na gravidez A vasectomia diminui os riscos de câncer de próstata Uma cura para a paixão A depressão do inverno acaba com o sexo O cheiro da casa transforma adolescentes em mulheres Os homens preferem as loiras Depressão pós-parto é causada por falta de sexo As camisinhas aumentam o risco de câncer de mama Periodontite é a causa de bebês abaixo do peso a_cura_texto.indd 8
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Foi o sol (e a lua) que fez isso
Dias ensolarados tornam os homens violentos O sol causa esquizofrenia
O sol fixa a média de vida As epidemias de gripe são afetadas pelo sol Ataques de gota são causados pela lua
Dores no peito são causadas pela lua Como o clima afeta o humor Por que os groenlandeses sofrem menos de câncer 130
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Spray de cabelo, pêlos e outras causas de câncer
Luzes à noite causam câncer Cães são os responsáveis pelo câncer de mama Máquinas de escrever elétricas causam câncer de mama Parar de fumar muito rápido provoca câncer de pulmão O câncer é melhor diagnosticado no verão Spray de cabelo causa câncer Cor da pele e câncer de mama Pessoas peludas desenvolvem menos câncer 152
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Como curar a maioria das coisas e ficar mais alto
A cura da constipação Frutas secas curam dor de dente Sapatos de couro curam doenças Zumbir 120 vezes por dia cura nariz entupido Uma cura para o soluço a_cura_texto.indd 9
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Ímãs podem deixá-lo mais alto Beber água diminui o risco de doenças cardíacas A cura para a maioria das doenças Uma cura para a morte 186
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O poder protetor dos vermes, gatos e cães
Animais de estimação previnem ataques do coração Vermes previnem doenças cardíacas Algas marinhas podem prevenir a AIDS Pegando o elevador para o parto natural Vírus assassinos estão escondidos no gelo
Viagens de carro causam ataques do coração Fumar causa artrite reumática Micróbios vivendo nos pulmões causam asma Como os refrescos podem prevenir o câncer de estômago 196
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Como ficar vivo, magro e ter uma cabeça grande
A pipoca assassina Botox emagrece Por que a cabeça do americano está ficando menor (e a
do francês maior) Defecar à noite para perder peso Dieta dia sim e dia não para perder peso e viver mais Sal, a cocaína da cozinha Comer carne de porco causa esclerose múltipla A doença da farinha louca Ratos espalham a doença da vaca louca entre humanos O leite causa câncer a_cura_texto.indd 10
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TV, saltos altos e outras causas de doenças
Como um medicamento receitado aumentou
a depressão em crianças Sabão causa doenças cardíacas Esclerose múltipla e o gato doméstico Autismo e a vida urbana Os fios de alta-tensão causam depressão Sapatos de salto causam esquizofrenia Flúor deixa os dentes tortos A chuva pode causar coágulos de sangue Mudança de clima causa diabetes O estresse pode danificar seriamente seus dentes Luvas causam asma Programas de TV causam demência 248
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Rins que explodem, guitarras tóxicas e muito mais...
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Posfácio
Referências
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hipótese
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Terrores
noturnos, marcas
de nascimento e
outras teorias
científicas
PESSOAS GORDAS
SÃO REALMENTE
MAIS ALEGRES
Por séculos a gordura esteve associada com a alegria. Do
Papai Noel a Falstaff, Billy Bunter a Benny Hill, qualquer um que
tenha visivelmente comido mais do que o devido é invariavelmente retratado como sendo engraçado, alegre e bastante contente
com sua vida.
Todo mundo sabe que na literatura, na ópera e no cinema, os heróis e as heroínas são pessoas magras e os gordos são divertidos. Os
magros conquistam as garotas; os gordos, as gargalhadas. Mas será
que isso acontece também na vida real? Os obesos são pessoas mais
felizes ou isso é apenas um estereótipo da mídia?
De acordo com uma pesquisa feita por psicólogos da Universidade
de Lakehead, Canadá, a hipótese da alegria causada pela obesidade
pode ser verdadeira, pelo menos para as mulheres. Eles não só encontraram uma ligação, mas sugeriram um mecanismo também – o
estrogênio. Os pesquisadores apresentaram a idéia de que a gordura
do corpo protege as mulheres do mau humor. Em outras palavras,
quanto mais gorda for uma mulher, menos deprimida ela fica.
Na pesquisa feita em duas partes, a equipe olhou o índice de massa corporal (uma medida que leva em conta o peso e a altura) e o
comparou com o humor em um grupo de jovens mulheres.
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O que eles descobriram foi que quanto maior o imc e o tamanho
do corpo, menos sintomas de depressão, ansiedade e mau humor.
Na verdade, as mulheres mais deprimidas eram todas magras, enquanto que as maiores eram as menos infelizes.
Os pesquisadores disseram que, estatisticamente, a conexão entre
peso e humor que eles descobriram era tão grande quanto a conhecida conexão entre estresse e saúde.
Para uma explicação, eles se voltaram para a pesquisa bioquímica
e sugeriram a possibilidade de uma conexão entre o estrogênio e o
humor, e a serotonina, o alvo dos antidepressivos mais comuns. O
estrogênio mais poderoso é encontrado de forma mais comum no
tecido gorduroso, o que sugere que mulheres mais pesadas podem
ter níveis mais altos de estrogênio do que mulheres magras.
Se há uma conexão hormonal, deveriam existir diferenças no ciclo
mensal também no humor e no peso. Eles descobriram que havia
duas ocasiões em que o tamanho do corpo e a negatividade estavam
mais conectados – no 11º e nos 24º e 25º dias do ciclo mensal. Ambos ocorrem em períodos de níveis mais altos de estrogênio.
“Nossas descobertas sugerem uma associação entre o tamanho do
corpo e o humor”, dizem os pesquisadores. “As mulheres com imc
maiores experimentam menos sintomas de depressão, ansiedade e
negatividade do que as mulheres com imcs menores. Consistente
com a hipótese de “gordura feliz”, as mulheres com mais gordura
no corpo são menos afetadas negativamente por sintomas de mau
humor do que as magras. Resultados preliminares sugerem que o
estrogênio pode ter um efeito tanto na quantidade de gordura do
corpo quanto na negatividade. A liberação cíclica de estrogênio
também pode ter efeito na negatividade nas mulheres”.
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hipótese
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Terrores
noturnos, marcas
de nascimento e
outras teorias
científicas
MARCAS DE
NASCIMENTO
SÃO PROVAS DA
REENCARNAÇÃO
Quando os pesquisadores começaram a investigar crianças
que afirmavam lembrar-se de uma vida anterior, as próprias descobertas
chegaram à beira do sobrenatural. Entre essas crianças que também sofriam de fobias, as causas do medo quase sempre eram as mesmas como
elas afirmavam ter morrido na existência anterior. Uma criança que afirmava se lembrar de uma vida que havia terminado com um afogamento,
por exemplo, tinha mais probabilidades de ter fobia de ser imersa na
água. Na verdade, os pesquisadores descobriam que 6 em cada 10 crianças que se lembravam de morte por afogamento tinha fobia de água.
Uma tendência similar foi descoberta em relação a cobras e armas.
Há muitos relatórios de crianças falando sobre uma vida anterior,
mas relativamente poucos foram investigados detalhadamente. Onde
foi realizado algum tipo de investigação, o método principal, mostra
o documento de um pesquisador da Universidade de Virginia, foram
entrevistas com pais ou responsáveis pela criança e com pessoas conectadas com o falecido, ajudados por relatórios post mortem.
De acordo com a pesquisa feita na Virgínia, na maioria dos casos
investigados – 67% dos 856 casos em uma série – os mortos que foram
nomeados pelas crianças puderam ser identificados e os fatos de suas
vidas e mortes bateram com as declarações da criança.
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O informe diz que muitas desordens e anormalidades vistas na
medicina e na psicologia não podem ser completamente explicadas
pela genética ou por influências ambientais. Como exemplos, ele
cita as fobias na primeira infância, desordens de identidade de gênero, diferenças no temperamento vistas logo depois do nascimento e marcas estranhas.
O relatório sugere que o que é chamado de hipótese das vidas
anteriores pode explicar alguns desses fenômenos que desafiam explicações mais racionais.
Peguemos as fobias. Em 387 crianças que afirmaram se lembrar de
uma vida anterior, as fobias ocorriam em 141 (36%) delas. Em muitos
casos, dizem os pesquisadores, a criança desenvolveu a fobia antes de
ter citado a vida anterior. Em um estudo, 56% dos pais não foram capazes de explicar como seus filhos tinham desenvolvido fobia de água.
O documento afirma que muitas crianças que afirmam se lembrar da
vida anterior também possuem marcas de nascimento que correspondem à posição das feridas da vida aparentemente lembrada. Dos 895
casos investigados, de nove países e culturas diferentes, 309 (35%) tinham essas marcas. O lugar das marcas de nascença e feridas ou outras
marcas no corpo do falecido foi verificada por relatórios post mortem.
“Eu sugiro que as fobias de água nessas crianças, mesmo se elas
nunca tenham mencionado uma vida anterior, poderiam ter derivado da morte por afogamento”, diz o documento. “Acredito que as
vidas anteriores possam contribuir para a compreensão da localização dessas marcas de nascença”. Também é acrescentado: “A investigação desses casos progrediu a ponto de que a hipótese de vidas
anteriores oferece uma interpretação plausível de muitos casos e
para alguns parece ser a mais forte.”
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hipótese
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Queixos,
barrigas de
cerveja e cera
de ouvido
O HUMOR AUMENTA
A SOBREVIVÊNCIA
Entre os humanos, o senso de humor é quase universal. Alguns podem ser mais desenvolvidos do que os outros, alguns podem ser mais rápidos e outros mais lentos, porém todos possuem
um. Mas por quê? Não há evidência de que qualquer outra espécie
tenha senso de humor, então como acabamos com um, e por que
ele é tão agradável?
Como é encontrado em toda cultura e grupo étnico, o humor
deve ter aparecido bem no começo da evolução dos seres humanos.
Se for assim, ter um bom senso de humor deve ser uma vantagem
para a sobrevivência.
Muitas outras coisas agradáveis da vida, como comer e fazer sexo,
são facilmente explicadas de um ponto de vista evolucionário. Indivíduos que não gostam de comer e nem de fazer sexo têm menos chances de procriar e passar os seus genes. Mas não há uma explicação
óbvia para o humor – ou há?
O que achamos engraçado, diz a pesquisa, não é tanto o que acontece fisicamente, mas nossa capacidade de olhar dentro da mente do alvo
do humor quando ele percebe o que está acontecendo. E, no mundo
antigo, aqueles que possuíam o melhor senso de humor eram mais capazes de sobreviver e se tornar o líder da manada.
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“O humor acontece quando vemos e entendemos o sujeito quando ele reage à situação. Quer dizer, a real fonte de diversão é nossa
observação da resolução, na mente do sujeito, da colisão entre velha percepção e nova realidade”, diz o estudo. “A Hipótese da Leitura da Mente argumenta que o engraçado é nossa observação e
compreensão do funcionamento da mente. O humor surge de nossa
apreciação da mente consciente sendo forçada a lidar com um novo
conjunto de circunstâncias”.
Essa capacidade de ler mentes, sugere o informe, mostrou-se útil
para o homem no começo porque aqueles com o senso de humor
mais aguçado tinham uma vantagem sobre os outros.
A pesquisa mostra que as pessoas que iniciam o humor são vistas
como mais sociáveis. Membros inferiores de um grupo podem melhorar sua posição, diz o estudo, sendo os primeiros a reconhecer e tirar
um sarro das idiossincrasias do líder. Todo mundo viu, por exemplo, o
que o palhaço da sala pode fazer com um professor.
“Aqueles ancestrais que conseguiam ler os pensamentos de outros
e se divertirem com a capacidade de interpretar suas expressões
conquistaram poder na comunidade”, diz o informe. “Aquele poder
teria se traduzido em uma vantagem seletiva forte. A conclusão é
que o senso de humor se desenvolveu e se espalhou por toda a população humana por causa da vantagem competitiva sobre os que
não a possuíam”.
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hipótese
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Queixos,
barrigas de
cerveja e cera
de ouvido
BARRIGA DE CERVEJA
PROTEGE HOMENS
DE IDADE
Por melhor que seja sua dieta, por mais exercício que você faça,
assim que chegar aos trinta, os quilos começam a aumentar.
No começo da adolescência, pelo menos até a recente epidemia de
obesidade, o peso continuava mais ou menos o mesmo, independentemente do que comêssemos e da quantidade de exercício. Mas, passando dos vinte, o adulto ocidental médio começa a ficar mais largo,
aumentando entre 3-5 kg por década, assim, quando chega aos 50, as
escalas mostram, na média, entre 10-15 kg extras. Depois do 60, é raro
aumentar o peso.
Tirando a epidemia de obesidade, aquele padrão geral tem sido o
mesmo em todos os países ocidentais, e apesar de várias teorias, não
há um consenso para explicar isso.
Enquanto alguns dizem que tem a ver com a falta de atividade do homem, ou mais comida e bebida de acordo com a idade, pesquisadores
do Centro Médico Infantil Schneider de Israel sugerem que isso tem a
ver com o que eles chamam de “Hipótese do Jovem Caçador”. A sugestão deles é que o ganho de peso de acordo com a idade é uma das principais forças por trás da longevidade humana. Eles argumentam que os
músculos do jovem caçador se transformam em bolsas de gordura para
o idoso que não trabalha e não caça, podendo assim sobreviver.
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No passado, os que forneciam a comida, os caçadores, precisavam
ser bem musculosos para as longas, dif íceis e perigosas expedições de
caça. Para desenvolver os músculos necessários, a gordura do corpo
era desviada dos membros inferiores e a energia era direcionada para o
fortalecimento dos músculos.
Mas quando os homens chegavam ao fim das suas carreiras de caçadores, havia um redirecionamento dos processos metabólicos para a
conservação de energia, antecipando a velhice. Na verdade, há uma queda média de 15% na massa muscular depois dos 30 anos, e um aumento
gradual em níveis de gordura, principalmente ao redor da área central.
De acordo com a hipótese israelense, a perda muscular significa que
a energia que anteriormente ia para o músculo agora acaba se transformando em gordura no homem mais velho. Incapaz de caçar para
comer, essas reservas foram criadas para ajudar a envelhecer e seu
objetivo evolucionário, é sugerido, pode ser permitir que ele viva o
suficiente para ver sua família crescer. Isso pode explicar por que os
homens normalmente não aumentam de peso depois dos sessenta, a
idade na qual os filhos já teriam se tornado independentes.
“O ganho de peso individual contínuo durante a vida adulta nas sociedades ricas modernas parece ter as raízes evolucionárias na biologia e nos traços culturais dos humanos”, dizem os pesquisadores. “O
ganho de peso é um processo adaptativo maquinado para compensar
a perda de massa muscular do adulto, garantindo a sobrevivência e a
longevidade.” Eles acrescentam: “Nossa hipótese baseia-se na suposição de que o ganho de peso relacionado com a idade desenvolveu-se
como um meio protetor para garantir o acúmulo de energia suficiente para as necessidades metabólicas básicas durante o final da vida,
quando atividades consumidoras de energia são reduzidas devido à
perda de massa muscular”.
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hipótese
FOGUEIRAS PRÉ30
HISTÓRICAS
PROTEGIAM O HOMEM
DO CÂNCER DE PULMÃO
Monarcas loucos,
banheiros
modernos e
outras teorias
históricas
Deveria ser frio, muito frio. Para o homem moderno, que vive em
lugares frescos, tirando a África equatorial, as temperaturas congelantes e o clima na Europa e no Ártico seriam insuportáveis.
Quando o Homo sapiens se expandiu para a Europa setentrional, e
através do Oriente para o Ártico e para as Américas, as temperaturas teriam caído ainda mais e as noites ficado mais longas. E o frio
piorou quando uma das maiores erupções vulcânicas do vulcão Toba
reduziu as temperaturas globais em pelo menos 5ºC durante vários
anos. Em tal clima hostil, as fogueiras se tornaram uma necessidade
quase permanente para proteção, calor e preparação de alimentos.
Ficar perto do fogo poderia ser a diferença entre a vida e a morte.
Mas proximidade do fogo e principalmente da fumaça teria levado a problemas de saúde no longo prazo. Como a população diminuiu – e algumas pesquisas sugerem que a erupção do Toba reduziu
a população para 10 mil casais – pode ter havido uma forte pressão
de seleção para aqueles que eram os menos sensíveis aos efeitos da
fumaça para sobreviver.
Sabe-se que a adaptação ao frio levou a mudanças genéticas. As
pálpebras dos asiáticos do norte, por exemplo, são significativamente mais espessas do que a dos não-asiáticos, e isso pode ser
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uma evolução para proteger os olhos do vento bem como da neve e
do reflexo da luz no gelo.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York acreditam que
houve outra adaptação – à fumaça. A teoria deles é que a exposição
progressiva à fumaça tóxica criou uma pressão seletiva para desenvolver uma adaptação. Em outras palavras, uma variação genética teria se
desenvolvido com a capacidade para tolerar a fumaça. Se for assim, seria
possível encontrar evidências de um aumento na resistência a doenças
pulmonares nos descendentes daqueles que migraram do equador.
E algumas pesquisas genéticas sugerem que havia diferenças na susceptibilidade ao câncer de pulmão em grupos étnicos. Para testar o que
eles chamam de “hipótese da fogueira”, a equipe procurou dados na
Associação Nacional de Câncer de Pulmão sobre a incidência e mortalidade da doença, assim como as tendências no uso de cigarros, para
ver se havia alguma diferença.
Os resultados mostram diferenças significativas na incidência de
câncer de pulmão e taxas de mortalidade entre grupos étnicos, raciais, de ascendências e geograficamente distintos. Para homens de
ascendência africana, as chances de ter câncer do pulmão eram 1,5
vez mais alta do que descendentes de caucasianos, 2,14 vezes maior
do que asiáticos, 2,71 vezes maior do pessoas do Alasca ou nativos
norte-americanos, e 2,89 vezes maior do que sul-americanos. Os resultados também mostram que homens têm 2,1 vezes mais chances
do que as mulheres de desenvolver câncer do pulmão e 2,5 vezes mais
chances de morrer da doença. Isso, dizem os pesquisadores, sugere
que, independente da ascendência, os homens são mais susceptíveis
ao câncer do pulmão do que as mulheres porque as diferenças são
consistentes em todos os níveis de fumantes.
A maior susceptibilidade dos homens aumenta o apoio à teoria, dizem, porque em uma sociedade de caçadores-coletores, os homens
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passariam a maior parte do tempo caçando e longe do fogo, assim haveria uma menor seleção para a resistência à fumaça.
“Dados antropológicos unidos com as taxas tanto de incidência e de mortalidade devido ao câncer de pulmão são consistentes
com a hipótese de que podem ter existido seleções diferenciadas
durante a evolução humana para a susceptibilidade em relação ao
câncer de pulmão entre grupos geograficamente separados, baseados na resistência ao fogo como uma fonte de calor”, dizem os
pesquisadores. “Além do mais, a evidência genética para mutações
dos genes específicas de cada raça associadas com a susceptibilidade à doença, junto com diferenças de sexo, também é consistente com essa hipótese”.
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M
hipótese
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Sexo, loiras
e barulhos
noturnos
O CHEIRO DA CASA
TRANSFORMA
ADOLESCENTES EM
MULHERES
No último século há sinais de uma queda na idade da menarca
entre as mulheres nos países mais industrializados. Para a maioria das
garotas na Inglaterra vitoriana, a menarca acontecia aos 14 anos, mas
na década de 1940, ela tinha caído para 12,8. Pesquisa nos eua mostra
que para as garotas nascidas na década de 1980, a idade caiu para 12,2
anos e está caindo um mês a cada década.
O começo da menarca é um marco físico e mental importante para as
meninas e há várias tentativas de explicar o declínio na idade, incluindo
melhor saúde e nutrição, além de outros fatores ambientais. Mas, de acordo com a pesquisa da Universidade de Rutgers, há uma explicação alternativa: o impacto das mudanças sociais nos lares. Com mães passando
mais tempo fora de casa, trabalhando, e pais passando menos tempo no
trabalho, o coquetel de cheiros do corpo humano nos lares mudou.
No centro da teoria estão os feromônios, elementos químicos que
transmitem mensagens inconscientes para membros da mesma espécie. Muita pesquisa foi feita em animais, que possuem um sentido mais
desenvolvido de olfato, mas uma parte grande da pesquisa está mostrando que eles podem ter efeito sobre os humanos também.
Um estudo descobriu que em poucos meses de vida comum e próxima, as mulheres sincronizam os ciclos menstruais. Também descobriu
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que a exposição a homens afeta a duração do ciclo menstrual e que as
mulheres com pouco contato com homens possuem intervalos menstruais mais longos do que as mulheres com três ou mais interações
com homens por semana.
Os pesquisadores da Rutgers apontam que assim como a idade da
menarca caiu nos últimos 150 anos, também aconteceram grandes
mudanças sociais. A Revolução Industrial e as mais recentes mudanças no trabalho e na igualdade significam que houve um aumento significativo no número de mulheres trabalhando fora de casa. A porcentagem de população feminina trabalhando fora de casa nos EUA subiu
de 18% em 1890 para 45% em 1974.
O desemprego e a mudança nas práticas de trabalho, e o declínio das indústrias de trabalho intensivo, também levaram à queda
nas horas trabalhadas entre os homens, permitindo que passassem
muito mais tempo em casa. A tendência mais recente entre os homens de trabalhar em casa aumentou ainda mais o tempo que eles
passam com suas famílias.
O tamanho das famílias também diminuiu. Para as mães nascidas
entre 1881 e 1885, 33% eram famílias de sete ou mais crianças, mas
somente 10% de suas filhas tiveram famílias do mesmo tamanho.
Os pesquisadores dizem que todas essas mudanças sociais fizeram
com que as garotas pré-púberes tivessem menos contato com as mães,
cujos feromônios possuem um efeito de adiar a menarca, e mais exposição aos pais, o que leva a antecipá-la. Há também uma exposição
reduzida a irmãs mais velhas que agora tem uma maior probabilidade
de saírem de casa para estudar ou trabalhar.
“Sugerimos que os feromônios jogam um papel na determinação
da idade da menarca, e mudanças na exposição feromônica influenciaram a tendência”, dizem os pesquisadores. “Sugerimos que com o
advento da mudança social (Revolução Industrial, mães trabalhan116/117
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do longe de casa, semana de trabalho menor, famílias menores com
poucos filhos), as garotas são expostas a menos feromônios inibidores de mulheres adultas e a mais feromônios estimuladores de
homens adultos”.
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hipótese
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Foi o sol (e a lua)
que fez isso
DIAS ENSOLARADOS
TORNAM OS HOMENS
VIOLENTOS
Cuidado com os líderes nacionais e os homens violentos no
verão. Cuidado especialmente em agosto, o principal mês do ano para
o início de guerras, invasões e outros atos de hostilidade, bem como
atos individuais de agressão, de ataques, estupros e roubos.
A razão? Poderia, dizem os pesquisadores, estar relacionado com a
duração do dia e seus efeitos nos componentes químicos do cérebro
como serotonina, que está envolvida na regulação do humor e que
também é o componente terapeuticamente manipulado pela família
mais popular de antidepressivos.
Há muito foi sugerido que a duração do dia, o chamado fotoperíodo,
pode ter um efeito em várias condições, incluindo mania e depressão,
bem como suicídio e admissões em hospitais psiquiátricos. Geralmente, quanto menos luz, maior a prevalência dessas desordens. Pesquisas
na Escandinávia, por exemplo, mostraram que as taxas de depressão
são muito maiores nos longos meses de inverno e outros trabalhos
mostraram que a serotonina está implicada.
Mas será que a duração do dia e seu impacto na química do cérebro
tem um efeito muito maior, um que ultrapassa a depressão? É possível
que muita luz deixe as pessoas mais violentas?
Uma equipe da Universidade Ben Gurion, em Israel, analisou os
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dados de quatro continentes na busca de provas de tais conexões.
Eles revisaram dados de crimes violentos e não-violentos, e registros históricos para as datas de início de mais de 3.000 guerras ou
atos de hostilidade. Raciocinaram que, apesar de a violência por
indivíduos e Estados começarem a partir de uma grande variedade
de razões econômicas, religiosas, nacionalistas e outras, a agressão
pode ter uma parte importante na decisão final e no timing do começo das hostilidades.
Os resultados das ofensas individuais violentas mostraram um padrão anual pronunciado. No hemisfério norte, crimes violentos aumentam em julho e agosto, caindo em dezembro-fevereiro. No hemisfério sul, encontraram o oposto – um pico em dezembro-janeiro e um
ponto mais baixo em junho-julho.
Descobriram que os crimes violentos ocorriam duas a três vezes
mais freqüentemente durante os dois meses do verão nos dois hemisférios. Em contraste, ofensas não-violentas foram distribuídas
igualmente por todo o ano e mostraram um ritmo não-sazonal ou
conexão com o fotoperíodo.
Quando a equipe olhou para o timing do início das guerras, um padrão similar foi descoberto. No hemisfério norte, havia um pico em
agosto e uma queda em dezembro e janeiro.
“Os ritmos anuais nos atos de agressão, nos dois hemisférios, possuem uma correlação positiva estatisticamente significativa com o
ritmo anual da duração do fotoperíodo nas mesmas regiões geográficas”, dizem os pesquisadores, que sugerem que suas descobertas
possuem importantes implicações práticas para a prevenção de crimes, cumprimento da lei e prevenção de guerras. Eles dizem que o
mecanismo químico do cérebro que poderia trabalhar ainda não é
conhecido, mas é provavelmente o mesmo para a agressão individual e a coletiva.
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O principal suspeito é a serotonina. O núcleo supraquiasmático, uma
estrutura cerebral importante envolvida no ciclo circadiano, possui
muitas células nervosas de serotonina e os pesquisadores dizem que
muitos estudos com animais mostram uma conexão entre o aumento
da agressão e baixos níveis de serotonina.
Pesquisas com humanos chegaram a conclusões similares. Soldados
agressivos tendem a ter níveis mais baixos do composto; o mesmo com
assassinos e suicidas.
“Assim, nossa hipótese é que as mudanças sazonais, influenciadas
pelas mudanças na duração do fotoperíodo diário, nos níveis cerebrais da serotonina em pacientes afetados – que já possuem problemas na função da serotonina – e em pessoas agressivas, bem como
aqueles com personalidades afetadas, leva a episódios sazonais manifestados por crimes violentos individuais e atos coletivos de hostilidade”, dizem.
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F
hipótese
53
Spray de cabelo,
pêlos e outras
causas de câncer
LUZES À NOITE
CAUSAM CÂNCER
Apague as luzes, desligue a tv, abaixe as cortinas e livre-se das
máscaras para dormir... e você pode viver mais.
Apagar as luzes pode não ser bom só para evitar o aquecimento global, salvar o planeta e reduzir sua produção de carbono, também pode
diminuir o risco de câncer. Nos tempos modernos, a maioria das pessoas passa quase todo o dia sob as luzes naturais ou artificiais, algo
muito diferente do ambiente em que o corpo e o relógio natural se desenvolveram. Naqueles dias, tudo era muito diferente. As coisas eram
muito mais branco e preto, com luzes durante o dia e escuridão à noite.
Isso significava que a vida era bem mais simples para o relógio do corpo e seu principal agente, o hormônio da melatonina, que é produzido
pela glândula pineal em resposta à escuridão e que nos ajuda a saber
quando dormir e quando acordar.
São produzidas altas doses de hormônio no meio da noite, que vai
caindo até a madrugada. A produção do hormônio é inibida pela luz
e isso significa que muita luz à noite pode levar a pouca produção do
hormônio, que também tem um papel importante como antioxidante
central na luta contra certas doenças. Alguns estudos feitos em animais sugeriram que a melatonina pode prevenir danos ao DNA causados pelo desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
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Stephen Pauley, um pesquisador de Idaho, diz que a supressão da
melatonina através da exposição à luz noturna pode ser uma das razões para altas taxas de câncer de mama e colorretal no mundo desenvolvido e que a teoria merece mais atenção. Ele diz que existem
provas da conexão entre a luz noturna e os cânceres de mama e de
colo em pessoas que trabalham à noite. Afirma, também, que as luzes
modernas emitem mais longitude de ondas azul do que as primeiras
lâmpadas a gás, querosene e incandescentes, e que acredita-se que a
luz azul é mais eficiente no bloqueio da melatonina.
Pauley diz que ações preventivas precisam começar já e que todas as instalações de luz deveriam ser desenhadas para minimizar
a interferência com o ritmo circadiano normal. Deveríamos dormir
na escuridão total, não usar luzes internas e externas brilhantes e
azuis, e os escritórios deveriam usar a luz natural ou, se não fosse
possível, luzes brancas.
A luz interna noturna deveria ser tênue e a longitude de onda deveria
estar mais para o amarelo e o laranja. Ler em luzes incandescentes e não
em fluorescentes e as tvs não deveriam ficar ligadas quando estivermos
dormindo. As persianas deveriam ser fechadas se houver luz da rua e
quem trabalha em turno deveria dormir durante o dia em total escuridão com a ajuda de uma máscara de dormir.
“Até que mais pesquisas consigam ligar a exposição à luz durante a
noite ao aumento no câncer humano, pode ser inteligente considerar
medidas preventivas no uso da luz diariamente”, diz o pesquisador.
“Quem trabalha em turnos noturnos deveria saber que estudos preliminares indicam agora que há riscos de saúde associados com o
trabalho realizado nas primeiras horas da manhã e que o risco de
câncer de mama e colorretal aumenta com o aumento do número de
dias trabalhados à noite”.
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hipótese
63
Como curar a
maioria das coisas
e ficar mais alto
SAPATOS DE COURO
CURAM DOENÇAS
era uma experiência pouco comum, mas funcionaria? Será que
usar sapatos de couro salpicados de sulfato de magnésio que criasse uma
corrente elétrica fluindo para cima em uma perna e para baixo na outra
melhoraria a saúde dos ossos e atacaria a gota e a artrite?
Durante quatro meses, a pesquisa feita com um homem, um voluntário de 57 anos, colocou magnésio em seus sapatos para ver o que
aconteceria. Não só houve uma melhora geral em sua saúde, incluindo
na respiração, mas ele também perdeu 10 quilos.
De acordo com a teoria desse pesquisador da Tasmânia, tudo tem a
ver com a atividade eletrolítica e o fluxo de correntes elétricas através
do corpo. A teoria é que esse fluxo tem um efeito no equilíbrio químico
do corpo, incluindo o aumento de energia.
O conceito é que quando essa corrente natural consegue fluir, ela
traz efeitos de grande alcance na saúde, incluindo melhorias nos ossos, além de ajudar a controlar doenças ligadas ao ácido úrico, como
a gota. De acordo com a teoria, o fluxo de elétrons viaja para cima em
uma perna e para baixo em outra quando se está descalço, com os pés
agindo como eletrodos.
Testes iniciais com pinças de ferro no chão mostraram que havia, na verdade, um pequeno fluxo de corrente. Mas duas questões
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permaneciam – a resistência elétrica do corpo humano seria muito
grande para permitir que a corrente fluísse de um pé para o outro
através das pernas, e o pé poderia atuar da mesma forma que uma
pinça de ferro?
Para responder a essas questões, o investigador colocou dois pratos
de aço inoxidável no chão. Quando o pesquisador pisou neles usando
sapatos com sola de plástico, não houve nenhuma corrente, mas quando estava descalço, a corrente começou a fluir para cima de uma perna
e para baixo da outra. O terceiro teste, envolvendo sapatos de couro,
mostrou que esse material, um melhor condutor da eletricidade do que
o plástico, também permitiu que a corrente fluísse.
Mas isso poderia ter um efeito na doença? Para descobrir, os experimentos seriam feitos para ver se o ácido úrico, que é conhecido por
estar envolvido em várias doenças, poderia ser eliminado passando o
mesmo nível baixo de eletricidade por ele.
Em um teste, uma corrente constante foi passada através de uma
solução de ácido úrico usando pratos de aço inoxidável. Depois de 24
horas, um depósito marrom começou a se formar no fundo do béquer,
sugerindo que uma mudança química estava ocorrendo. É possível,
diz o pesquisador, que o mesmo processo poderia estar acontecendo
no corpo para controlar as doenças que vêm do excesso de ácido úrico. Infelizmente, as mudanças na manufatura dos calçados durante os
últimos anos levaram ao uso de mais sapatos com sola de plástico, o
que significa que as pessoas podem não conseguir os benef ícios dos
sapatos de couro. A resposta, diz o documento, é comprar sapatos de
sola de couro ou usar sapatos com solas internas tratadas quimicamente para conduzir eletricidade.
“O custo da conversão para sapatos com solas condutoras para
permitir que a corrente flua com seus benef ícios para a saúde geral
seria bastante pequena”, diz o documento. “Agora é razoável concluir
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que é possível sob condições naturais que uma corrente ocorra no
corpo devido aos pés descalços em contato com o chão. É sugerido
que se essa corrente natural conseguisse fluir, traria efeitos de grande
alcance na saúde em geral, melhoras na estrutura dos ossos e ajuda
no controle das doenças relacionadas com o ácido úrico, artrite e
desordens nervosas”.
ma
e
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hipótese
ANIMAIS
DE
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ESTIMAÇÃO PREVINEM
ATAQUES DO CORAÇÃO
O poder protetor
Dos vermes,
Gatos e cães
apesar dos grandes avanços médicos e da preocupação cada
vez maior sobre os perigos do fumo e de uma dieta pobre, as doenças
cardíacas continuam sendo a causa principal da morte. A cada ano,
elas matam mais de 110 mil pessoas no Reino Unido e 600 mil nos eua,
e mais de 6 milhões de pessoas nesses dois países possuem doenças
associadas, como a angina.
Enquanto sabemos que há muitos doenças e hábitos que aumentam
os problemas cardíacos, incluindo a pressão alta, diabetes e colesterol
alto, fumo e dietas pobres, há cada vez mais evidências de que fatores
psicossociais – ansiedade, estresse e depressão – contribuem para os
riscos também. Foi mostrado, por exemplo, que as pessoas que vivem
sozinhas têm uma probabilidade maior de sofrer de problemas cardíacos. Foi descoberto também que pessoas casadas têm menor probabilidade de sofrer da doença, e aqueles que nunca se casaram são 38%
dos que morrem da doença. Quem possui um amplo círculo de amigos
e os sociáveis se mostraram menos propensos à doença.
Como socializar e ter companhia protege contra, ou como a falta
delas aumenta a vulnerabilidade, não está claro. Uma teoria é que tudo
isso está ligado ao estresse emocional que leva a um aumento na adrenalina, o que facilita a coagulação do sangue, aumentando assim o ris196/197
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co de doenças e de ataques do coração. Ter companhia pode reduzir o
estresse emocional e manter baixos os níveis de adrenalina.
Os efeitos benéficos do casamento e de ter um parceiro foram
encontrados em vários estudos, mas isso significa que aqueles que
só possuem companheiros não-humanos estão condenados a sofrer
de doenças cardíacas?
Não, de acordo com os pesquisadores da Universidade Purdue, Indiana. Eles dizem que efeitos benéficos similares podem ser encontrados em outros tipos de companheiros, como um animal de estimação.
Na verdade, eles sugerem que ter um animal pode salvar milhares de
vidas e que 7 em cada 10 pessoas poderiam se beneficiar.
As provas mostram que as pessoas conseguem formar fortes laços
com animais, principalmente cães. Os benef ícios de ter um animal,
dizem os pesquisadores, incluem uma sensação de intimidade, entretenimento, companheirismo sem julgamentos e uma redução do isolamento social. Essas são as qualidades encontradas em um relacionamento humano com a proteção contra o estresse, solidão, depressão e
ansiedade – todos fatores de risco para doenças cardíacas.
Os pesquisadores citam dados mostrando que possuir um animal
de estimação está ligado a 2-3% de redução na mortalidade depois de
um ataque do coração: “Um nível similar de redução de risco através
da prevenção principal adicional poderia salvar potencialmente entre
6.000 e 12.000 vidas a cada ano nos Estados Unidos”, dizem. E se possuir um cão também reduz o risco de sofrer de doenças cardíacas, bem
como melhora as chances de sobrevivência depois de um ataque do
coração, ainda mais vidas poderiam ser salvas.
“Em uma época de tecnologia médica cada vez mais sofisticada,
parece irônico que algo geralmente aceito como bom para uma melhor qualidade de vida e presente em quase 50% de todas as residências, que são os animais de estimação, não tenha sido adequadamente
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examinado por seu possível papel na proteção de humanos contra
os riscos e as conseqüências das doenças coronárias”, dizem os pesquisadores. “Estamos propondo que, ao influenciar positivamente os
fatores de risco psicossociais em seus donos, os animais de estimação
reduzem o risco de doenças coronárias e aumentam a probabilidade
de sobrevivência a um ataque do coração”.
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O
hipótese
97 MUDANÇA DE CLIMA
TV, saltos altos
e outras causas
de doenças
CAUSA DIABETES
há 14 mil anos, o norte da europa se tornou muito mais frio.
A vida na Terra tinha ficado cada vez mais quente com o fim da Idade
do Gelo e as plantas e a vida selvagem tinham aos poucos migrado
para o norte nas Ilhas Britânicas, da Europa e além. Mas então o gelo
retornou e a mini-Idade do Gelo, o Dryas Recente, veio e durou mais
de 1.500 anos. Ficou tão frio que se criaram geleiras no sul da Irlanda e
até em Wiltshire, enquanto que Glasgow foi enterrada debaixo de uma
vasta camada de gelo.
Essa súbita mudança na temperatura teve um efeito devastador na
incipiente vida selvagem e nas plantas. Também teve um efeito devastador nos humanos que tinham começado a se mover para as novas e
quentes áreas férteis. As pesquisas sugerem que a população antiga do
norte da Europa, que tinha alcançado o auge há 14 mil anos, declinou
muito quando começou a mini-Idade do Gelo. As populações no norte
e oeste da Europa caíram para o nível mais baixo durante o Dryas Recente, porque as pessoas ou morreram ou migraram para o sul, atrás de
áreas mais quentes. Isso só começou a se reverter quando as condições
esquentaram de novo, uns 11 mil anos atrás.
Como a queda na temperatura foi muito dramática, e porque
aconteceu de repente, deve ter ocorrido, em termos evolucionários,
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uma enorme pressão para a seleção através da sobrevivência. Em outras palavras, aqueles que tinham um gene ou uma característica para
agüentar esse frio extremo teriam mais chances de sobreviver, relacionar-se e produzir descendentes com a mesma vantagem genética.
E aquela antiga vantagem genética deve ainda existir. Mas qual é? De
acordo com pesquisadores da Faculdade de Medicina Monte Sinai, em
Nova York, e da Universidade de Toronto, o que surgiu para proteger
os humanos foi a diabetes tipo 1. Também conhecida como dependente de insulina ou juvenil, ela ocorre quando o corpo produz pouca
ou nenhuma insulina, e normalmente começa bem cedo. Sua causa
é desconhecida, apesar de que uma combinação de genes herdados e
fatores ambientais ser considerada a causa mais provável. O hormônio
insulina é vital porque, sem ele, os níveis de açúcar no sangue podem
se elevar para níveis perigosos.
Um dos fatos desconcertantes sobre o diabetes tipo 1 é que a distribuição mundial de casos é muito desigual. Há uma prevalência muito
maior no norte da Europa, mas ela é relativamente rara na África e na
Ásia. Algumas pesquisas também mostraram que a diabetes é diagnosticada mais freqüentemente no inverno.
“Essas observações intrigantes levantaram a possibilidade de que
o frio pode ativar ou regular um ou mais caminhos metabólicos envolvidos na gênese da diabetes tipo 1, que não é dif ícil de encontrar
em animais tolerantes ao frio”, dizem os pesquisadores. Eles sugerem
que os níveis altos de glicose e outros açúcares no sangue pode funcionar como anticongelantes no sangue, para diminuir os pontos de
congelamento dos fluídos do corpo e prevenir a formação de cristais
de gelo que poderiam causar danos, além de melhorar a sobrevivência no frio extremo.
Como adaptação, o diabetes tipo 1 poderia ter funcionado porque
naqueles dias a vida era curta – ao redor dos 25 anos – e havia muitas
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ameaças sérias. Traços específicos seriam assim selecionados por um
curto prazo em vez de proteção a longo prazo. Mas agora que esperamos ter uma vida muito mais longa, o diabetes passou de ser uma
vantagem de sobrevivência a uma doença.
“Essa adaptação crioprotetiva teria protegido os ancestrais do norte
da Europa dos efeitos de um súbito esfriamento tal como o que acreditamos aconteceu há 14 mil anos e culminando no Dryas Recente.
Quando a expectativa de vida era curta, fatores predispostos ao diabetes tipo 1 forneciam uma vantagem na sobrevivência”, dizem os pesquisadores. “Nossa hipótese, de que o diabetes tipo 1 surgiu como uma
adaptação crioprotetiva para ambientes frios, é convincente não só por
explicar a prevalência dessa condição em certas populações, mas ainda
por ser outro exemplo pelo qual fomos, e continuamos a ser, moldados
pelos ambientes em que vivemos”.
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