FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
PROFESSOR PDE - 2012
Título: Contribuições do racionalismo crítico de Kant e Popper para a autonomia autoesclarecedora e
maioridade teórica do aluno no ensino de filosofia.
Autor
Gilberto Neske
Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Filosofia
Escola de Implementação do Projeto Colégio Estadual Castelo Branco - PREMEN
e sua localização
Município da escola
Toledo
Núcleo Regional de Educação
Toledo
Professor Orientador
Dr. Remi Schorn
Instituição de Ensino Superior
Unioeste – Campus Toledo
Relação Interdisciplinar (indicar, caso
haja,
as
diferentes
disciplinas
compreendidas no trabalho)
Resumo
O presente projeto de pesquisa, com o tema: fomentar uma
educação
filosófica,
que
engendre
a
autonomia
autoesclarecedora, tendo por base o racionalismo crítico de
Kant e Popper. Tem na escolha do tema, a necessidade de
instigar o aluno a superar a menoridade teórica, posicionar-se
com autonomia crítica. Nesse sentido, floresce a questão:
qual é a possibilidade do racionalismo crítico promover, no
ensino de filosofia, um pensamento crítico que corrobore no
autoesclarecimento dos discentes? Na eminência de alcançar
tal propósito, elencar alguns elementos pertinentes do
racionalismo de Kant e Popper, para o ensino de filosofia que
fomente uma formação para a autonomia do pensar por si
mesmo, crítico. Assim, análogo à filosofia crítica de Kant, na
busca de referentes teóricos para o livre pensar, e, em
Popper, as concepções de teorias, métodos, e do
conhecimento científico - fazer a transposição metodológica.
Nessa direção, em Kant, explorar via o referente “O que é
esclarecimento?”, os elementos liberdade, menoridade,
maioridade, razão privada e pública. E ainda, em Popper,
compreender a importância da autonomia humana para a
imaginação criativa; conjecturas e refutações, a relação do
sujeito cognoscente com o mundo físico e o teórico, também,
a função das teorias realista e instrumentalista da realidade.
Palavras-chave (3 a 5 palavras)
Falibilismo; conjectura e refutação; crítica; teoria e liberdade
Formato do Material Didático
Caderno Pedagógico constituído de cinco unidades temáticas
e uma sexta de avaliação.
Público Alvo
Alunos do 2º Ano do Ensino Médio – período matutino
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PDE - 2012
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
(Caderno Pedagógico)
PROFESSOR PDE
Contribuições do racionalismo crítico de Kant e Popper para a autonomia
autoesclarecedora e maioridade teórica do aluno no ensino de filosofia.
GILBERTO NESKE
TOLEDO - 2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PDE - 2012
GILBERTO NESKE
Caderno Pedagógico
Contribuições do racionalismo crítico para a emergência do
autoesclarecimento e maioridade teórica dos discentes no ensino de filosofia:
Kant e Popper.
Material Didático apresentado ao
Programa
de
Desenvolvimento
Educacional – PDE – Governo do
Estado do Paraná – SEED – Turma de
2012 - Disciplina de Filosofia, sob a
orientação, na UNIOESTE, Campus
de Toledo, do Prof. Dr. Remi Schorn.
TOLEDO 2012
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO PROFESSOR - PDE
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 6
1.1 Referências ...................................................................................................... 8
1.2 Organização das Unidades Temáticas .......................................................... 8
1.3 Cronograma ................................................................................................... 11
2. UNIDADE I: Racionalismo Crítico: POPPER E KANT ....................................... 12
2.1 Introdução ao tema ....................................................................................... 12
2.2 Racionalismo crítico em Popper .................................................................. 12
2.3 Racionalismo em Kant: a liberdade ............................................................. 17
2.4 Referências .................................................................................................... 21
3. UNIDADE II: Falibilismo: Conhecimento provisório ......................................... 22
3.1 Introdução ao tema ....................................................................................... 22
3.2 Distinção epistemológica entre dogma e teoria ......................................... 23
3.3 Falibilismo e a crítica aos pressupostos do método indutivo .................. 27
3.4 A ciência avança
por
meio
da
tentativa de erro: conjecturas e
refutações ............................................................................................................ 32
3.5 Três fases: o problema, tentativa de erro e a eliminação .......................... 36
3.6 Referências .................................................................................................... 41
4. UNIDADE III: Conjectura e Refutação: Aprendizagem por tentativa de erro .. 42
4.1 Introdução ao tema ....................................................................................... 42
4.2 Linguagem: descritiva e argumentativa ...................................................... 43
4.3 Conhecimento: subjetivo e Objetivo ........................................................... 44
4.4 Teoria do holofote e do balde ...................................................................... 46
4.5 Os limites e o alcance do conhecimento científico ................................... 50
4.6 A objetividade da crítica na construção do conhecimento ....................... 52
4.7 Referências .................................................................................................... 57
5. UNIDADE IV: Autonomia humana no contexto do Indeterminismo e do
Determinismo ...................................................................................................... 58
5.1 Introdução do tema ....................................................................................... 58
5.2 A concepção do determinismo físico sob a ótica da física newtoniana .. 60
5.3 Determinismo e Indeterminismo .................................................................. 61
5.4 O indeterminismo, por si só, é capaz de garantir a autonomia humana,
isto é, o livre-arbítrio? ....................................................................................... 65
5.5 Teoria dos três mundos ................................................................................ 66
5.6 Referências .................................................................................................... 73
6. UNIDADE V: Função das teorias na visão realista e instrumentalista da
realidade .............................................................................................................. 74
6.1 Introdução do tema ....................................................................................... 74
6.2 Teorias: realista e instrumental da realidade .............................................. 75
6.3 Galileu – junção da razão intelectual com o instrumental da
matemática .......................................................................................................... 78
6.4 Três concepções sobre o conhecimento .................................................... 80
6.5 Referências .................................................................................................... 84
7. UNIDADE VI – Avaliação ..................................................................................... 85
7.1 Referências .................................................................................................... 87
6
Contribuições do racionalismo crítico para a autonomia autoesclarecedora e
maioridade teórica do aluno no ensino de filosofia em Kant e Popper.
1. APRESENTAÇÃO:
A idealização do presente Caderno floresceu da experiência com atividades
desenvolvidas no ensino médio sob o conteúdo da filosofia da ciência, na qual foi
diagnosticada a necessidade em selecionar um referencial teórico que engendre
uma nova proposta metodológica no ensino de filosofia. Espera-se que essa
proposta instigue o aluno a se interessar mais pelo processo da desconstrução e
construção dos saberes científicos produzidos historicamente.
Ela tenciona ser norteadora da relação entre a teoria e a prática; fomentando
uma interação do ensino-aprendizagem mais profícua. E que, todavia, contribua para
despertar no sujeito cognoscente, de que ele deva aprender a se posicionar de
forma mais ativa e autonomia. Nesse sentido, é importante ao professor estar em
constante mediação com aluno para a internalização da metodologia. Assim, almejase, que o uso de múltiplas práticas pedagógicas, somadas ao referencial teórico
selecionado contribua para o alcance do propósito almejado.
Todavia, ao se discorrer sobre a plausibilidade de uma nova proposta
metodológica no ensino de filosofia no ensino médio, há a finalidade de superação
do senso comum ingênuo, muito presente ainda na atitude da passividade do
educando. Não obstante, quando se questiona sobre a necessidade dessa
superação, a questão do autoesclarecimento sempre tem remetido, inicialmente, ao
filósofo alemão Kant, nascido em 1724, na cidade de Königsberg. Este, por sua vez,
em “Resposta à pergunta: Que é esclarecimento?” (1783), incita vislumbrarmos a
possibilidade de transcender a apatia intelectual, denominada por ele de
menoridade, levando em consideração se a causa dessa menoridade se deve à
incapacidade do sujeito de fazer uso da própria razão para o entendimento, sem o
auxilio de outrem, ou se ele próprio pode ser o culpado dessa situação, desde que o
não entendimento não resida na falta de “decisão ou coragem”, e sim, na tutela de
outro. (KANT, 1783, p. 67).
A menoridade descrita pelo filósofo, no entanto, também pode ser fruto de
7
uma prática educacional pautada numa característica positivista, já internalizada no
sujeito, preocupada mais com o efeito do que com a causa; ou seja, centrada mais
na transmissão e assimilação de conteúdos. Tal prática pode corroborar numa
aprendizagem passiva. Daí, a necessidade da reflexão e contextualização - fazer
emergir o que está oculto, rever o sentido e o significado do apreendido para a
emergência autoesclarecedora.
Como diz Kant, é mais fácil viver na menoridade, quando, tem alguém que
pensa e decide por mim. Alguém pode intuir: porque desconstruir e reconstruir o
conhecimento, se posso recebê-lo pronto? Refletir, questionar sobre o significado
dos saberes pode gerar dissenso. Mas, não estaria no dissenso uma alternativa da
prática pedagógica mais significativa para fomentar o autoesclarecimento?
Nessa mesma linha de pensamento, porém mais no âmbito da filosofia da
ciência, e elencado como referente teórico principal que norteará o projeto de
intervenção na escola, há o filósofo Popper. Ele nasceu em 1902 na Viena Austríaca,
foi um dos principais representantes do racionalismo crítico, implacável crítico aos
neopositivistas representantes do círculo de Viena. Notável pensador da filosofia da
ciência do século XX; deixou, de forma indelével, sua marca em seus textos críticos
(1934), os quais se contrapõem aos conceitos de verdades presentes no indutivismo
lógico e psicológico, do método indutivo, do determinismo e cientificismo (POPPER,
1972, p. 34).
Na concepção do filósofo, não existem verdades prontas, absolutas, elas
são sempre verossímeis, aproximações daquilo que se compreende como verdade.
Do mesmo modo, o conhecimento prescinde da desconstrução e da reconstrução a
luz de novas teorias, atualização permanente. Para tanto, a critica é o método
popperiano da possibilidade da evolução dos saberes. Nessa direção, é melhor errar
na tentativa de evoluir para o novo conhecimento, do que ficar na mesmice no
antigo, pois o novo é desafiador; ele causa estranhamento. (POPPER, 1999, p. 263).
Desse modo, tanto a filosofia do esclarecimento de Kant, que incita a busca
da maioridade teórica, quanto o método da crítica em Popper, constituem um novo
referente pedagógico norteador da práxis filosófica. Por meio dessa práxis, poderse-á lançar novas estratégias que corroborem no processo do ensino de filosofia
com vistas à formação da autoconstituição teórica do aluno do ensino médio.
8
1.1 Referências
KANT, Immanuel. Textos Selectos: O que é o esclarecimento? Tradução de:
Raiundo Vier. Petrópolis-RJ. Editora Vozes, 2005.
POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Tradução de: Leonidas Hegenberg e
Octanny Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972.
SEED-PR. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do
Estado do Paraná Filosofia. Curitiba: SEED-PR, 2008.
1.2 Organização das Unidades Temáticas
Para viabilizar a execução da presente proposta metodológica, o caderno
pedagógico foi organizado em cinco unidades temáticas e uma sexta de avaliação. E
cada unidade está constituída com atividades intercaladas.
NA UNIDADE I será apresentada a biografia de Popper e de Kant, e a
contextualização acerca do racionalismo crítico. Em Popper, por ser o racionalismo o
referente teórico principal da proposta, também será investigado a origem e os
caminhos que o conduziram para a filosofia crítica contra o chamado circulo de
Viena, Austria. O combate à concepção de verificação e observação do método
indutivo; da evolução: do conhecimento científico e das teorias científicas, e a
especificidade da filosofia da ciência e dos saberes científicos.
Em Kant, a partir do texto “O que é esclarecimento?” tenciona-se
compreender as razões e as causas que cerceiam a liberdade humana, fazendo de
muitos, prisioneiros da menoridade - condição de retração do pensar e do agir por si
mesmo. Essa situação de subalternidade do homem levou o filósofo alemão a
questionar-se sobre o porquê, da grande maioria dos homens permanecerem nesse
estágio, não reagindo em busca da própria autonomia. Eis o elemento central
investigado no texto: “O esclarecimento”.
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NA UNIDADE II será investigado e contextualizado o conceito de falibilismo
popperiano que concebe o conhecimento científico como falível, por estar sempre
em continua evolução, e também, verossímil, uma aproximação daquilo que
entendemos por verdade, daí, a necessidade de estamos revendo constantemente
nossas conjecturas e dispostos a aceitar as refutações.
Nessa perspectiva vislumbrar o progresso do conhecimento científico como
um produto da capacidade do pesquisador problematizar; criar novo conhecimento
significa a tentativa ousada de pensar o mundo diferentemente e a disposição de
aceitar o erro, a solução conjecturada pode ser refutada a qualquer momento.
Também, compreender os limites e o alcance do método indutivo, assim
como, do hipotético dedutivo na testagem das teorias científicas. A concepção
popperiana concebe o conhecimento análogo a holofotes que orientam as pesquisas
e auxiliam na seleção do objeto investigado.
NA UNIDADE III investigar os pressupostos do progresso do conhecimento científico
em Popper, a concepção da falsificabilidade como critério de refutabilidade das
teorias, o falsificalismo e o progresso das teorias científicas. Todavia, também
demonstrar a importância da linguagem argumentativa na elaboração de teorias, e
da crítica como um processo de purificação das nossas proposições e teorias, e a
importância de conjecturar e refutar para que ocorra avanço do conhecimento.
NA UNIDADE IV tenciona-se explicitar a concepção de liberdade no âmbito do
determinismo newtoniano e do indeterminismo de Heisenberg, e a teoria dos três
mundos em Popper. Por conseguinte, com base nessas questões, demonstrar a
importância da abertura causal do mundo físico para a emergência da autonomia
humana e da imaginação criativa no processo de construção do conhecimento
científico.
NA UNIDADE V buscar-se-á compreender a partir da revolução copernicana de
Kant, a função da teoria na visão realista e instrumentalista da realidade. Demonstrar
que uma boa teoria deve oportunizar uma leitura de mundo que transcende a mera
descrição da realidade, ser capaz também de fazer emergir elementos que nem
sempre são percebidos numa primeira apreensão. Daí, a importância de se escolher
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teorias, referenciais teóricos, que oportunizam dois momentos; descrever e explicar,
não apenas por meio de fórmulas e caracteres matemáticos como pretendiam os
defensores da teoria instrumentalista, mas também propiciar abertura à crítica para
fazer emergir aquilo que está oculto.
A UNIDADE VI última unidade do caderno pedagógico, culmina com o processo
avaliativo. Nesse momento, trata-se de mensurar o desenvolvimento dos educandos,
atribuindo conceitos e diagnosticando os aspectos positivos e negativos da práxis
pedagógica.
A avaliação desdobrar-se-á por meio da apresentação de seminários –
recortes de temas sobre a evolução da física e da cosmologia desde os gregos até a
modernidade e de textos escritos. Também com utilização de painéis, cartazes,
maquetes, slides e vídeos.
Verificar de que modo os referencias teóricos desenvolvidos constituem
conceitualmente elementos de pensamento e verbalização dos educandos e como
isso reflete no transcorrer das atividades. Como e se o contato com esses elementos
de conhecimento alterou o conhecimento particular de forma a torna-lo mais
universal, mais científico. Analisar a pertinência na apropriação dos conceitos e se
foram significativos para o autoesclarecimento, permitindo maior autonomia e
liberdade critica.
As atividades avaliativas serão sócio individualizadas. No seminário as
apresentações ocorrerão de preferência em grupos. Já os textos
serão
individualizados e em grupo. Na avaliação dos grupos, o aspecto importante a ser
considerado é a participação cooperativa e da responsabilidade compartilhada sem
o hábito da verticalização. No individual ater-se-á no domínio dos conceitos e na
explicitação dos referencias teóricos do racionalismo crítico.
11
1.3 Cronograma
Implementação do Projeto
Carga Horária
Apresentação do Projeto à Equipe Pedagógica, Direção, aos
Professores e Funcionários na Semana Pedagógica.
UNIDADE I
1h
Atividade 1 a 5
3h
Atividade 1 a 7
4h
Atividade 1 a 8
5h
Atividade 1 a 9
7h
Atividade 1 a 7
5h
Avaliação
7h
UNIDADE II
UNIDADE III
UNIDADE IV
UNIDADE V
UNIDADE VI
Total
32 h
12
2. UNIDADE I : Racionalismo Crítico: Popper e Kant
2.1 Introdução ao tema
Este tema tem por objetivo explicitar algumas ideias acerca do racionalismo
crítico de Popper e Kant, e posteriormente aprofundar um pouco mais a filosofia
popperiana com as unidades subsequentes.
Inicialmente vamos discorrer sobre a biografia de Popper, a origem e os
caminhos que o levaram para a filosofia crítica tornando-o um dos maiores críticos
do chamado círculo de Viena, Austria. O combate às concepções de verificação e
observação do método indutivo, da evolução: do conhecimento científico e das
teorias científicas, das teorias instrumentalistas, e da ciência - ideia da cientificidade
e o modo pelo qual o conhecimento é construído e concebido.
Nessa perspectiva, compreender o método da filosofia popperiana pode
significar a abertura de novos horizontes na construção, e da desconstrução do
conhecimento científico, que aplicado à pesquisa pode ser profícuo no processo de
aprendizagem.
Desse modo, além do referente teórico elencado pretende-se também,
explorar e contextualizar com um vídeo o papel da filosofia da ciência, sua
especificidade, as relações entre o saber filosófico e o da ciência, seus prós e
contras.
Por ora, Em Kant será explorado no referente teórico selecionando conceitos
que se interligam ao racionalismo popperiano no intuito de promover a liberdade do
pensar crítico e autônomo. E também, compreender as razões e as causas que
mantém os homens no estado de menoridade, que é um dos principais motivos da
reflexão do filósofo alemão e um dos objetos dessa investigação.
2.2 Racionalismo crítico em Popper
Karl R. Popper, um entusiasta pela visão realista do mundo – do realismo e
pelo objetivismo do conhecimento científico, já, desde muito cedo, interessou-se por
13
estudos da filosofia dos clássicos. Nascido em Viena em 1902, morreu em 1994.
Filho de pais cultos, o pai, advogado de notável sucesso, e a mãe, musicista
talentosa, contribuíram significativamente para a sua vida profissional. Formado em
matemática, física e filosofia, quando mais moço, foi adepto das teorias marxistas e,
posteriormente, veio a decepcionar-se com o radicalismo dos ideais comunistas.
Contrário ao fascismo e o totalitarismo, passou a defender uma sociedade
democrática, foi defensor da liberdade e da justiça social. Em 1934, teve a sua
principal obra publicada A lógica da pesquisa científica, marcando o início promissor
na carreira de filósofo.
O racionalismo crítico de Popper – que foi um severo crítico ao círculo de
Viena, o positivismo lógico nos anos 30 do século XX – constitui-se não tão somente
a atitude em “disposição à discussão crítica”, mas também, num método plausível
para pesquisa científica. Por meio desse método, as proposições internalizadas,
nossas convicções e referentes externas a razão, são submetidas permanentemente
ao exame crítico sob novos referencias teóricos. Assim, quando os testes
corroboram a teoria, ela é mantida como verdadeira, e a outra refutada fica
suspensa e não compõem o universo científico. Na concepção de Popper, não há
teoria científica com status de verdade absoluta, ela é sempre temporária, ou seja,
permanece válida até ser substituída por outra melhor. Entretanto, no método da
crítica popperiano, as teorias científicas seguem uma espécie de evolucionismo,
permanecendo apenas aquela que melhor sobressaem nos testes.
O filósofo ressalta também, que o conhecimento progride com “conjecturas e
refutações”. As refutações devem ser elaboradas com preferência a hipóteses
negativas, pois, elas ajudariam identificar os erros; demonstrar a fraqueza das
conjecturas e com a prática, tais defeitos são superados. Desse modo, as
conjecturas são sempre respostas temporárias aos problemas. Para o racionalismo
crítico, não há espaço para acomodação, o embate se dá no pântano. Não tem uma
base segura para afirmar sobre a certeza do conhecimento verdadeiro; ele é, pelo
contrário, sempre incerto e transitório.
Segundo o filósofo, ao criarmos conjecturas e hipóteses na eminência de
solucionarmos problemas, tornamo-nos passíveis de cometer erros. Nesse sentido,
o erro passa a ser algo intrínseco ao homem, não tão somente a nós, mas de igual
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modo a outros animais e até mesmo plantas, que têm também, certa propensão de
prever alguns deles.
Na problematização acerca do “erro”, a busca por uma resolução é mais
pertinente do que a própria preocupação em evitá-lo; este é o âmbito pelo qual a
filosofia do racionalismo crítico tem se preocupado. Vários filósofos anteriores a
Popper já haviam se deparado com problema semelhante; Hume, com a questão do
método indutivo, se é possível com base à experiência passada prever o que vai
acontecer no futuro; Kant, com a crítica da razão pura, entre o alcance e o limite da
razão conhecer, o que pode ou não pode ser conhecido, etc.
15
Atividade 1
Sugestão: fazer a contextualização do racionalismo crítico com a exibição do
vídeo:
Filosofia_da_Ciência_Parte1.
5,03
min.
Disponível
em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=196
58>. Acesso em: 10 out. 2012.
Principais pontos a serem enaltecidos:
 Discernimento entre: ciência e filosofia
 Saber científico e saber filosófico – suas relações e contradições;
 O objetivo básico da ciência;
 Razão científica;
 A crise da ciência – reordenamento do mundo
 Positivismo lógico
Forme pequenos grupos
a) Pesquisar e elaborar um texto apresentando as diferenças entre os conceitos
de: ciência, tecnologia e técnica.
b) Elabore uma síntese do tópico “As críticas de Popper as utopia” pg. 8-10 texto disponível em: <http://www.fflch.usp.br/df/cefp/Cefp15/armendane.pdf>.
Acesso em: 20 out. 2012.
c) Para maior aprofundamento sobre o positivismo lógico ou circulo de Viena,
consulte
o
texto
disponível
em:
<http://criticanarede.com/docs/etlf_positivismo.pdf>. Acesso em 22 out. 2012.
d) Com base a pesquisa sobre o círculo de Viena ou Positivismo Lógico –
elaborar um texto que explique as mudanças que o movimento propõe na
reformulação do método científico, da separação entre ciência e filosofia, e o
caminho que a ciência deve seguir para se distanciar das pseudociências e pelo
menos três principais representantes do círculo.
Tema para pesquisa disponível em:
<http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3491640>. Acesso em: 22 out. 2012
Obra: os pensadores - SCHILICK, Moritz, Carnap Rudolf. Os Pensadores. 1ª ed.
Tradução de: Valério Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1975, pg. 45147
16
Atividade 2
Sugestão: apresente a imagem abaixo: título “O Sonho da Razão produz
monstros”, e problematize o significado do título.
Na coluna à esquerda da imagem, há algumas questões para iniciar a reflexão.
Qual será intencionalidade de Goya ao
desenhar imagem ao lado?
Tem haver com a sua época?
Em que sentido o sonho da Razão
produz monstros?
Figura 1: O sonho da Razão produz
monstros.
Existe algum propósito para minha
existência?
Porque eu existo? O que significa ter
consciência? Todos têm consciência
das suas ações? Com a morte do meu
corpo continuo a viver?
O fato de eu pensar, me dá a certeza de
que os outros também pensam?
O sentimento e as experiências de
outras pessoas são iguais as minhas? O
que me garante que os outros têm
sentimentos e experiências iguais as
minhas? Será que na comunicação
posso ter certeza que estou sendo
entendido?
O que é conhecimento? Como posso
saber que eu tenho conhecimento?
Quando posso saber que estou com a
verdade? O que é a verdade?
Aquilo que eu entendo como verdade
também é válido para os outros?
Em que sentido a apatia da razão pode
produzir monstros?
A ausência da razão pode produzir
uma ciência má? Como?
Qual é a pertinência da sobriedade da
razão?
Sugestão:
escrever
um
texto
explicitando o sentido do título e que
monstros seriam esses que a imagem
quer ressaltar?
Francisco de Goya (1746-1828)
Fonte: SEED, 2012
17
2.3 Racionalismo em Kant: a liberdade
No texto “O que é Esclarecimento?” Kant, parte do princípio de que o estado
de submissão, no qual o homem se encontra e que o faz sentir-se incapaz de
entendimento e da compressão sobre a realidade e do mundo, deve-se mais, à falta
de vontade e de coragem do que ser sapiente.
Se Kant está correto na defesa de suas ideias quanto à responsabilidade do
homem em permanecer submisso, ao que ele denomina de menoridade, em não
manifestar livremente suas ideias e opiniões, então, emergem duas questões. A
primeira pode ser assim formulada: qual seria o problema central desse tema? Seria
a falta de acesso a uma educação formal que propicie o espaço para a crítica e a
contraposição de ideias? Ou, seria a predominância de uma educação de
característica dogmática, na qual os saberes construídos pela tradição são
concebidos como verdades absolutas e inquestionáveis?
[...] No texto “Esclarecimento”, se por um lado denota a reflexão da própria
história de vida do filósofo; criado num ambiente hostil de pobreza e rigidez alemão,
ao culto puritano, por outro, é uma biografia da estória de luta pela liberdade
espiritual, pela busca do conhecimento e pela emancipação intelectual. Seja ousado,
use a “tua inteligência”. Este é o grito de emancipação do iluminismo 1.
Quais as
características
de uma
educação
dogmática?
O iluminismo é a emancipação do homem de um estado de tutela que ele
impõe a si mesmo [...] da incapacidade de usar a sua própria inteligência
sem uma orientação. Defino esse estado de tutela como “auto-imposto”
porque é devido não à fala de inteligência, mas sim à falta de coragem e de
determinação para usar a inteligência sem a ajuda de uma guia. Sapere
aude! Tem a coragem de usar tua inteligência! Este é o grito de batalha do
iluminismo. (POPPER, 1994, p. 204-205).
Na presente citação, deixa transparecer, implicitamente, a existência de
outros elementos velados que podem dificultar a capacidade de pensar por si
1 Iluminismo (Aufclärung). Linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a razão como
crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Nesse sentido, Kant escreveu: “O
Iluminismo é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. Minoridade é a
incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem orientação de outro. Essa minoridade será devida a
eles mesmos se não for causada por deficiência intelectual, mas por falta de decisão e coragem
utilizar o intelecto como guia. Abbagnano, (2003, p. 534-535).
18
mesmo. Assim, a liberdade de pensar autônoma pode ser cooptada, restringindo à
reflexão.
Tais elementos podem ser em forma de preconceitos, verdades cristalizadas
ou de fé. Neste sentido, é imprescindível desvencilhar-se de ideias preconcebidas
que tornam o homem escravo da própria razão. Abster-se de dogmas, de crenças, é
um dos caminhos para conquistar a emancipação intelectual, o autoesclarecimento,
ou seja, fazer o uso da própria razão sem o direcionamento de um tutor. Conquistar
a autonomia da razão é a condição para alcançar a maioridade intelectual, ter a
própria opinião e, saber posicionar-se criticamente no mundo como também expor e
defender os próprios pontos de vista.
Em termos da razão, Kant chama a atenção para dois conceitos sobre o seu
uso: o primeiro denomina uso privado, e o segundo de uso público. No que tange a
questão sobre a conquista da liberdade, o autor chama atenção para o saber fazer o
uso público da razão:
Que elementos
podem impedir
o livre
manifesto da
razão pública?
Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis! O oficial
diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! O financista exclama: não
raciocineis, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede!
(um único senhor no mundo diz: raciocinei tanto quanto quiserdes, e sobre o
que quiserdes, mas obedecei!). (KANT, 1783, p. 65).
Ora, diz Kant, por toda parte se encontra barreira à liberdade. Mas, quais
seriam as imposições que limitam o uso da razão pública? E quais, os fatores que
favorecem a sua emancipação? Segundo Kant, o uso público da razão deve ser
sempre livre, pois somente ele propicia alcançar a maioridade intelectual. No
entanto, é preciso esclarecer, que o uso público da razão é forma pela qual todo
homem esclarecido pode fazer diante de seus iguais e, o uso privado da razão
aplica-se quando o ocupante de um cargo público assumiu a responsabilidade de
seguir as diretrizes da instituição a qual está vinculado.
19
Atividade 3
Sugestão: Reler o tópico: Racionalismo em Kant: a liberdade e responder os itens a e
b.
a) Quais seriam os possíveis caminhos para conquista da emancipação intelectual ou do
autoesclarecimento?
b) Relacione o texto “O esclarecimento” com a sua vida na infância.
c) É possível uma liberdade intelectual, moral sem uma base material? Ou seja, é
possível uma autonomia autêntica sem que as condições materiais já tenham sidas
supridas?
Para aprofundamento na questão c - texto disponível em: “Um teto todo seu” de Virginia
Woolf no site: <http://brasil.indymedia.org/media/2007/11//402799.pdf>. Acesso em: 04
out. 2012.
Atividade 4
Forme pequenos grupos.
Fazer a leitura do texto abaixo “RESPOSTA À QUESTÃO: O QUE É
ESCLARECIMENTO?” Disponível em: Antologia de Textos Filosóficos/Jairo Marçal,
organizador. - Curitiba: SEED – Pr., 2009. - pg. 406-409. Disponível na biblioteca do
colégio e também em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_fil
o.pdf>. Acesso em: 25 out. 2012.
Com base a leitura do texto “O que és esclarecimento?”, responda as questões a seguir:
a) Explicite o significado do pensar por si mesmo.
b) Quando pensamos por nós mesmos, ignoramos o que os outros pensam?
c) Esclareça as diferenças entre os conceitos de (menoridade e maioridade) e entre
(razão pública e razão privada) segundo Kant.
d) Você concorda com Kant que a grande maioria dos homens preferem viver na
menoridade?Justifique.
e) De acordo com o texto, o que é necessário para sair do estado de menoridade e o
significado para a maioridade? Explique.
f) Quais são as possíveis implicações para quem se submete a tutoria de outrem, quer
seja nos estudos ou na vida profissional?
g) Você concorda com Kant quanto ao significado de menoridade por ele
apresentado?Justifique.
h) Quais seriam as imposições que limitam o uso da razão pública? E quais, os fatores
que favorecem a sua emancipação?
20
Atividade 5
Forme duplas:
Sugestão: no laboratório de Informática: propor uma discussão on-line, através
do Fórum de Filosofia - site: Filosofia.Boardeducation.net ( senha = aluno1,
login = aluno1123, o primeiro número corresponde ao número da chamada de
cada aluno. O fórum é de autoria do autor.
O objetivo da atividade é propiciar um momento de reflexão intersubjetiva, no qual os
alunos possam sentir-se mais a vontade e evitar que os trejeitos atrapalhem a livre
manifestação de opiniões.
a) A partir da leitura dos três parágrafos do texto “O QUE É ESCLARECIMENTO?”,
abaixo - os alunos deverão postar suas opiniões no fórum quanto a compreensão do
texto - Interagir no fórum com no mínimo duas postagens, posicionando-se pró ou
contra.
“Esclarecimento é à saída do homem da menoridade pela qual é o próprio
culpado”. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção
alheia. O homem é o próprio culpado por esta incapacidade, quando sua causa reside na
falta, não de entendimento, mas de resolução e coragem de fazer uso dele sem a direção
de outra pessoa. Sapere aude! Ousa fazer uso de teu próprio entendimento! Eis o lema
do Esclarecimento.
Inércia e covardia são as causas de que uma tão grande maioria dos homens,
mesmo depois de a natureza há muito tê-los libertado de uma direção alheia (naturaliter
maiorennes3), de bom grado permaneça toda vida na menoridade, e porque seja tão fácil
a outros apresentarem-se como seus tutores.
É tão cômodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes de meu entendimento;
um guru espiritual, que faz às vezes de minha consciência; um médico, que decide por
mim a dieta etc.; assim não preciso eu mesmo dispender nenhum esforço. Não preciso
necessariamente pensar, se posso apenas pagar; outros se incumbirão por mim desta
aborrecida ocupação.
b) Pesquise sobre a Biografia de Immanuel Kant, vida e obra, e elabore uma síntese
sobre
a distinção entre conhecimento puro e empírico. Texto disponível em:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/emmanuel-kant/critica-da-razao-pura.php>.
Acesso em: 22 out. 2012.
21
2.4 Referências
KANT, Immanuel. Textos Seletos: O que é o esclarecimento? Tradução de:
Raimundo Vier. Petrópolis-RJ. Editora Vozes, 2005.
KANT, Immanuel. Critica da razão pura. 1ª ed. Tradução de: Valério Rohden. São
Paulo: Abril Cultural, 1974.
NEIVA,Eduardo. O racionalismo crítico de Popper. Rio de Janeiro, Editora
Francisco Alves.1999.
SCHILICK, Moritz, Carnap Rudolf. Os Pensadores. 1ª ed. Tradução de: Valério Luiz
João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
Figura1. Portal Dia a dia Educadores, Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/tvmultimidia/imagens/2Filosofia/1raz
ao.jpg >. Acesso em: 23 out 2012.
22
3. UNIDADE II: Falibilismo: Conhecimento provisório
3.1 Introdução ao tema
A corrente unidade desdobrar-se-á inicialmente com a concepção do
conceito de falibilismo que concebe o conhecimento científico como falível,
entretanto, verossímil, isto é, uma aproximação da verdade. Quando afirmamos que
algo é verdadeiro é mais por uma questão prática, temporal em darmos por
encerrado uma determinada questão, do que, a certeza em tê-lo encontrado.
Compreender o conhecimento como verossímil, falível, denota a necessidade de
uma aprendizagem permanente. Por via da reconstrução e da construção do
conhecimento, refinamos nossas teorias e ideias, que sucumbem mediante outras
melhores, assim evoluirmos na perspectiva de corrigirmos nossos erros.
Pode-se, também compreender que a partir do falibilismo, o conhecimento
pode ser concebido como produto de um dado problema, ou seja, enquanto formos
capazes de problematizar, o conhecimento sempre estará por ser aprimorado. Não
obstante, propor problema significa conjecturar teoricamente, e que, por via de
hipóteses pode solucionar tais problemas. O processo de conjecturar e refutar
denota a necessidade da imaginação criativa que propõe caminhos, ideias e
alternativas novas. Então, quando mais nós formos capazes de problematizar:
conjecturar e apresentar hipóteses, maior vai ser a abertura para o desenvolvimento
da imaginação criativa e critica.
Outro conceito a ser explorado é o método indutivo que tem na observação o
principal elemento de verificação empírica. A indução defendida pelos positivistas
lógicos é refutada por Popper, que propõe o método hipotético dedutivo como o mais
condizente na comprovação de teorias. Compreender o alcance e o limite desses
métodos pode evitar erros na construção do conhecimento. Nesse caso, é
interessante notar a crítica que o filósofo faz à observação empreendida pelos
adeptos da indução. Na observação de um dado fenômeno normalmente partimos
das nossas experiências e valores, que em muitas vezes resulta num conhecimento
23
confuso. Para evitar tais distorções da realidade observada se faz necessário
primeiramente escolher teorias que auxiliam na seleção e na pesquisa de um dado
objeto, evitando assim, que elementos da experiência interfiram nos resultados
finais. Nesse sentido, as teorias podem ser caracterizadas como holofotes que
iluminam o caminho a trilhar, dando direção e discernimento aos dados que se
tenciona conhecer.
3.2 Distinção epistemológica entre dogma e teoria
Investigando:
conceito de
dogma.
Na concepção de Popper, a atitude dogmática estaria relacionada a uma
espécie de conservadorismo, a qual quer a todo custo alcançar a regularidade em
toda parte, a fidelidade ao dogma não diminui com a percepção de sua inadequação,
pois, “está claramente relacionada com a tendência para verificar nossas leis e
esquemas, buscando aplicá-los e confirmá-los sempre, a ponto de afastar as
refutações”. (POPPER, 1994. p. 80). Ou seja, não há abertura para questionamento,
para revisões; existe apenas um único ponto de vista, o qual deve ser seguido como
certeza absoluta. O autor classifica a atitude dogmática na qualidade de
pseudocientífica por resistir às exigências de mudança sob a necessidade de novas
interpretações.
Popper critica os neopositivistas por alegarem que na categoria de
cientificidade somente as ciências da natureza (física, química e biologia) seriam
merecedoras de credibilidade. Para os neopositivistas, as demais áreas, em especial
as humanas, seriam destituídas do critério de cientificidade. A garantia de
cientificidade se dá por um método determinado, pela linguagem lógica, o que
garantiria a neutralidade do cientista nas pesquisas.
Popper discorda da possibilidade da neutralidade do cientista. Isto porque o
método das ciências empíricas oferece apenas um recorte da realidade,
desconsidera a semântica, a interpretação, o questionamento, refuta qualquer
possibilidade de critica. Nesse sentido, Popper diz que:
24
[…] guiado por um juízo de valor, por ter tomada de decisão, com isso,
pretende afastar-se do dogmatismo neopositivista que impõe a neutralidade
tanto para o contexto da descoberta como para o contexto da justificação.
Para Popper, essa imposição só vale para o contexto justificado. (ARAÚJO,
2010, p. 56).
Em Popper não há neutralidade das ciências; toda observação feita pelo
teórico está carregada de elementos da subjetividade, da experiência de vida e da
interferência de teorias. Para ele, a nossa mente não é vazia de conteúdo. Já
trazemos conosco um conhecimento inato, não enquanto conteúdo, mas enquanto
expectativas sensíveis, que interferem em nossas observações. (POPPER, 1994, p.
66).
Investigando:
conceito de
teoria.
A teoria é uma forma de explicação racional sobre um fenômeno ou fato
qualquer. Neste caso, ela também seria um agregado de informações ou
conhecimento, cuja aplicação ou finalidade é permitir o progresso do conhecimento
científico. A teoria enquanto um agregado de conhecimento pode servir no propósito
de subsidiar o trabalho de pesquisa, fornecendo elementos auxiliares ao exame
crítico de um dado problema ou de nossas próprias teorias e ajudar na justificação
ou na refutação de novas teorias que possam contribuir para o avanço continuo da
ciência. Nesse caso, devemos optar pela “teoria que nos diz mais, isto é, a que
contém mais informações empíricas, ou conteúdo, que é logicamente mais forte, que
pode ser testada mais rigorosamente, pela comparação dos fatos previstos com
observações”. (POPPER, 1994, p. 243). Aqui denota uma característica importante
de uma teoria científica, o conteúdo forte em relação as suas concorrentes e a
25
possibilidade de ser testada e refutada, com comprovação empírica ou até mesmo
observacional. Ainda em relação à refutabilidade, Popper afirma que:
Uma teoria, no entanto, não se torna racional ou empírica por um
maravilhoso desdobramento dedutivo, mas sim pelo fato de que podemos
examiná-la criticamente; sujeitá-la a tentativa de refutação, inclusive com
testes obtidos mediante observação. (POPPER, 1994, p. 247).
No entanto, há situações em que a teoria refutada pode não ceder à crítica e
à submissão a testes; o que implica, na escolha racional de outras e também na
aplicação de testes mais rígidos. Já, no desdobramento do método dedutivo, devese evitar que ultrapasse o da crítica; esta é a tarefa principal na refutabilidade de
uma teoria, sempre compará-la com as concorrentes, pois o procedimento crítico
sempre envolve aspectos empíricos e racionais da ciência.
Não obstante, em Popper, a teoria deve ser falível, auxiliar na obtenção de
conhecimento científico e se sujeitar ao raciocínio crítico. Em termos conceituais, a
teoria é um conjunto de símbolos de caracteres e de cunho universal, que nos
apropriamos com a finalidade de explicar ou vislumbrar a realidade latente, ou de
mundo que se configura sob outro olhar.
Nessa perspectiva, padrões teóricos antigos sucumbem ao novo; visões de
mundo
cristalizadas
cedem
a
novas
expectativas,
que
podem
nos
dar
redirecionamentos e contribuir para o avanço do conhecimento. Em termos teóricos,
passamos a racionalizar criticamente o contexto vivido sob uma nova teoria; pontos
de vistas diferentes emergem de novas conjecturas e refutações, que fomentam o
progresso da ciência.
26
Atividade 1
Forme pequenos grupos.
Sugestão: antes de iniciar a temática, escrever na lousa em forma de colunas os
conceitos de: transitoriedade das teorias científicas, teorias, leis científicas,
ciência, conhecimento científico, senso comum e metafísica.
Exibir
o
vídeo:
Filosofia_da_Ciência_Parte2.
Disponível
em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=196
58>. Acesso em: 25 out. 2012. 5,19 minutos
a) pedir aos alunos que identifiquem e anotem os elementos pertinentes aos
conceitos acima citados. Após o término, o professor poderá contextualizar o
conteúdo do vídeo com os conceitos presentes na lousa.
b) Reler o tópico: concepção epistemológica de dogma e teoria, e explicite as
diferenças.
c) Faça o discernimento epistemológico entre a concepção de dogma e teoria em
Popper.
d) Pesquise em livros ou na internet outros conceitos sobre o significado de
Dogma e Teoria – o dogma na Idade Média, na modernidade e atualmente. E
também, sobre o conceito de teoria em Aristóteles e na Ciência contemporânea.
Socializar com a turma o resultado das pesquisas.
e) Pesquise e elabore um texto com duas características da ciência: a dos
Gregos e dos Modernos. Para aprofundar consultar as obras abaixo:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 2007.
RICKEN, Friedo (Org.). Dicionário de Teoria do Conhecimento e Metafísica.
São Leopoldo: Unisinos, 2005.
27
3.3 Falibilismo e a crítica aos pressupostos do método indutivo
Popper conceitua o Falibilismo como proposições científicas permeadas de
incerteza conjectural e provisória e que estão sempre na eminência de encontrar
outra que a supere. Isso significa que o conhecimento científico é sempre falível, ou
seja, passível de ser refutado. Então, nesse sentido, o critério que norteia a ciência,
será sempre a possibilidade de uma teoria ser refutada ou falseada pela experiência,
e não simplesmente pelo verificacionismo indutivo como defendia Carnap e os
demais neopositivistas do Circulo de Viena.
A propósito, vale ressaltar que Popper faz duras críticas ao método indutivo
dos neopositivistas com a tese de Hume sobre a indução; ele afirma que com base
na observação de alguns acontecimentos anteriores, não há como ter à certeza de
que um fato do passado venha se repetir de forma idêntica no futuro. Exemplifica:
não existe nenhuma garantia de que o nascer do sol de hoje venha a se repetir
amanhã. Tal acontecimento é apenas um estado psicológico baseado na experiência
passada, mas não temos garantias de que vá se repetir novamente, como já disse
Hume. As leis da natureza podem provar o que já aconteceu, mas, no entanto,
quanto ao futuro, não há como justificar que ocorra novamente. “Assim, a tese da
verificação empírica não se sustenta” (ARAÚJO, 2012, p. 152), pois, como foi
explicitado acima, a tese indutiva não tem fundamento. Ora, diz Popper, não existe a
chamada indução, uma vez que,
A experiência é
suficiente para
obtermos
conhecimento
sobre o
mmundo?
está longe de ser óbvio, de um ponto de vista lógico, haver justificativa no
inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente
de quão numerosos sejam estes; com efeito, qualquer conclusão colhida
desse modo sempre pode revelar-se falsa: independentemente de quantos
casos de cisnes brancos possamos observar, isso não se justifica a
conclusão de que todos os cisnes são brancos. (POPPER, 1972, p. 27-28).
No entanto, convém observar na indução que a validade do enunciado
universal obtido na experiência, na observação; não é universal, mas singular. Isso
acontece, porque, as pessoas estão habituadas a pensar que conhecer é obter a
28
verdade na experiência. Elas não se dão conta que não há como comprovar
empiricamente de que todos os cisnes do mundo são brancos; pois, trocam sem
perceber o universal pelo singular, é como se a proposição universal fosse singular.
Não obstante, caso o princípio de indução ocupasse o lugar de um
enunciado geral, ele não poderia prescindir da experiência, mas num princípio
puramente lógico e que funcionaria como inferência indutiva, análogo ao método
dedutivo da lógica. Mas, seria plausível está possibilidade? Segundo Reichenbach,
“o princípio de indução é aceito sem reservas pela totalidade da ciência e homem
algum pode colocar seriamente em dúvida a aplicação desse princípio também na
vida cotidiana”. Popper discorda, mesmo que se admita essa possibilidade, “a
totalidade da ciência poderia estar errada”, e manteria os mesmos argumentos da
ineficiência do principio de indução bem como o perigo de conduzir resultados
ineficientes. (POPPER, 1972, p. 29). Exemplificando a ineficácia da inferência
indutiva:
Todos os corvos são pretos. Esta é uma inferência indutiva perfeitamente
legítima […] Observou-se que o corvo x era preto no período p, e nós
tomamos todas como sendo verdadeiras. Mas não há garantia lógica de que
o próximo corvo que observarei não seja cor-de-rosa”. (CHALMERS, 2009,
p. 36).
Então, nesse caso, a proposição “todos os corvos são pretos” é falsa. Esse é
um dos problemas já citados do método indutivo, pois, mesmo que as premissas
iniciais sejam verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Isso denota que a indução
não pode justificar a proposição final com apelo à lógica. Segundo Popper, a
dificuldade da indução é justamente encontrar uma saída através de uma proposição
universal. Se for alcançada essa saída pela via empírica poderá ocorrer novamente
às mesmas dificuldades decorrentes da sua formulação. Conclui ele, não tem
sentido continuar recorrendo às vias indutivas para justificar as inferências indutivas,
uma sempre levara a outra em um grau sempre maior, ad infinitum.
Para Popper, os problemas levantados sobre a possibilidade de se pensar
em uma lógica indutiva são intransponíveis. Mesmo assim, reconhece que a
inferência indutiva embora limitada, pode alcançar algum grau de confiabilidade
29
como no caso de algumas ocasiões: “As leis da ótica, por exemplo, derivadas por
indução dos resultados de experimentos têm funcionado satisfatoriamente. Mais
uma vez, as leis do movimento planetário, derivadas de observações de posições
planetárias etc.” (CHALMERS, 2009, p. 37).
Mesmo que pareça provável que o princípio da indução seja verdadeiro, não
podemos usar tais exemplos para justifica-lo, pois, esse tipo de justificativa, é
totalmente inapropriado como Hume já havia manifestou no século XVIII. Vamos a
um exemplo: o princípio de indução obteve sucesso no evento A, o princípio da
indução obteve sucesso no evento B, etc.; logo, o princípio da indução terá sucesso
em todos os eventos. Ora, é um erro partir de enunciados particulares para um
universal, pois, tal generalização não se sustenta, pois, mesmo que as premissas
sejam verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Em contraposição a esse método,
Popper, passa discorrer sobre o método dedutivo.
Atividade 2
Sugestão: Reler o tópico anterior e responder as questões abaixo.
a) a) Conceitue a concepção de falibilismo popperiano.
b) Identifique e cite duas críticas popperiana ao método indutivo.
c) Identifique e explique uma ocorrência prática do método indutivo.
d) Faça uma pesquisa em livros ou na internet, sobre a evolução das teorias da
física, ou da cosmologia, e cite três acontecimentos que caracterizam o falibilismo.
30
Investigando: o
falibilismo e o
dedutivismo.
Quando se faz a dedução de um enunciado, o objetivo é apenas investigar
dois elementos: o método usado no teste e a possibilidade objetiva de que cada
ideia nova que é submetida poder ser considerada. Comenta Popper: para alguns
talvez seja pertinente considerar o que tem chamado de “reconstrução racional” as
etapas que orientam o cientista na descoberta de alguma proposição nova. Nesse
caso, devemos perguntar o que realmente necessitamos reconstruir? Se for,
processos de ordem psicológica, um insigth, não é tarefa da lógica, e sim da
“psicologia empírica”. Todavia, na descoberta de uma solução, pode até ser
interessante uma intuição genial. Mas, sendo a justificação, também será necessário
testar uma conjectura e considerar o uso da dedução.
Com efeito, justifica Popper, os testes de teorias, devem ser tentativas de
falseamentos dedutivos e não como defendia o circulo de Viena (neopositivismo), o
verificacionismo, ou método indutivo. Elaboram-se conjecturas novas, ideias e
hipóteses de modo provisório. “Desse sistema teórico se retiram conclusões pela
dedução lógica, comparam-se os enunciados, as conclusões, e assim se testa a
coerência interna do sistema”. (ARAÚJO, 2012, p. 153). Nessa perspectiva,
submete-as criticamente a teste e em seguida seleciona as melhores respostas.
Nesse contexto, o processo de submeter uma teoria a prova dar-se-á em
quatro etapas: a primeira, fazer a comparação lógica dos resultados, uma com as
outras de forma a submetê-las à coerência interna do sistema; a segunda, investigar
de forma lógica a teoria para discernir entre o caráter empírico, científica ou
tautológica, a terceira, comparar a teoria com outras para averiguar se ela possui
valor de ordem científica e na última, a comprovação da teoria por meio de
aplicações empíricas. Na proposta da aplicação de teste, Popper afirma:
31
O que
significa ser
falibilista?
A finalidade desta última espécie de prova é verificar até que ponto as novas
consequências da teoria – quaisquer que sejam os aspectos novos que esta
apresente no que assevera – respondem às exigências da prática, suscitada
quer por experimentos puramente científicos quer por aplicações
tecnológicas práticas. Aqui também o processo de prova mostra seu caráter
dedutivo. Com auxílio de outros enunciados previamente aceitos, certos
enunciados singulares – que poderíamos denominas “predições” - são
deduzidos da teoria; especialmente predições suscetíveis de serem
submetidas facilmente a prova ou predições aplicáveis a prática. [...]
(POPPER, 1972, p. 33-34).
Interessa notar também, neste caso, que relativamente a uma teoria por
mais que a resposta experimental tenha sido positiva, ela apenas permanece
temporariamente verdadeira, pois futuramente outras decisões poderão colaborar
num resultado negativo. Na medida em que uma teoria sobreviva a provas mais
severas e não for substituída por outra de maior conteúdo, podemos dizer que a
teoria “comprovou sua qualidade, ou foi corroborada”. (POPPER, 1972, p. 34). Assim,
podemos afirmar que o conhecimento é sempre provisório, ou verossímil, o que
implica para o falibilista que todo conhecimento é sempre caracterizado por uma
incerteza.
Todavia, para o Falibilista todo conhecimento é conjectural, falível e
aproximado, pois o mundo é contingente e está em processo de mudança
permanente. O falibilista não se prende a teorias, mas as concebe como verdades
provisórias, verossímeis.
Por isso, as teorias podem ser caracterizadas como construções
conjecturais elaboradas livremente pelo intelecto humano. Elas auxiliam na
resolução e superação de problemas pendentes e na compreensão de alguns
fenômenos existentes no universo. Mesmo que caracterizadas como especulativas,
não devem se furtar do rigor da coerência em submeter-se à observação e a provas
empíricas. Salienta Popper, que teorias refutadas por observações e experimentos
devem ser substituídas por outras mais plausíveis.
32
Atividade 3
Sugestão: reler o tópico: Investigando o falibilismo e o método dedutivo, e responda
as questões de a até d.
a) Quais são as etapas que se deve submeter uma teoria a prova?
b) Descreva as características do método dedutivo.
c) Como as teorias científicas podem ser caracterizadas?
d) Conceitue o conhecimento no falibilismo e o significado de ser falibilista?
Sugestão:
e) Ouvir a música de Raul seixas e posteriormente discutir o significado da letra: “eu
prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter uma ... opinião sobre tudo”
f) Pesquise e identifique o período histórico, político e cultural da composição da letra relacione o conteúdo da mesma com o conceito de falibilismo em Popper.
g) Pesquise em livros e na internet sobre o conceito de “Sociedade do conhecimento” e
relacione com o falibilismo de Popper.
Questões norteadoras:
h) O que significa ser uma metamorfose ambulante à luz da transitoriedade do
conhecimento contemporâneo?
i) Quais os prós e os contras a ideia de se ter uma velha opinião sobre tudo?
j) É possível ter uma opinião sobre todas as coisas num mundo de transformação veloz
do conhecimento ? Justifique.
3.4 A ciência avança por meio da tentativa e erro: conjecturas e refutações
Para Popper, o avanço da ciência ocorre por via da tentativa do erro e do
acerto, ou seja, por meio de conjecturas, problemas e hipóteses. Análogo ao
evolucionismo, somente a teoria mais eficiente permanece. Entretanto, por mais
crença que se deposite numa teoria ela sempre deverá ser concebida como a que
mais corroborou em relação àquela que foi refutada. Para o falibilismo não há crença
em teoria perfeita e jamais haverá, a qualquer novo teste ela pode revelar-se falsa,
33
quer seja por meio da observação ou de teste empírico.
Uma teoria é falseada quando existe contradição entre os enunciados que a
sustentam, quando um enunciado empírico é aceito como verdadeiro e é
contraditório com a teoria universal, ou seja, quando aceitamos uma proposição de
base proibida pela teoria. Então, para o filósofo, devemos criar uma “hipótese
falseadora” e submetê-la a testes empíricos na que poderão nos levar a aceitar
enunciados básicos que a confrontam. A condição final é ver se a hipótese foi
corroborada, isto é, se ela resistiu aos testes. Assim, se a hipótese for falseável é
considera científica, caso contrário, não.
Em razão disso, Argumenta Popper: “Só reconhecerei um sistema como
empírico ou científico se ele for passível de se comprovar pela experiência”
(POPPER, 1972, p. 42). Sendo, por conseguinte, necessário que a hipótese
falseável tenha base empírica. Vejamos um exemplo de enunciado universal
passível de ser falsificável, a) “todos os corvos são pretos” e, uma hipótese
falseadora empírica, “no Jardim zoológico de Nova Iorque existe uma família de
corvos brancos”, aqui detectamos que o enunciado a) será refutado, pois a hipótese
não corroborou com o enunciado, então ela é falsificável.
Há também, dois aspectos a serem considerados para que uma teoria seja
aceita como científica. Primeiro, que contenha significado ou conteúdo e, segundo,
que seja possível submeter-se a falseabilidade, isto é, que seja passível de ser
refutada (POPPER, 1972, p. 33-34).
Se uma proposição ou lei submetida a um teste não permite que seja
falsificada, deve permanecer preservada como verdadeira até a condição de ser
submetida a uma nova testagem. Vejamos as seguintes proposições:
a) O ferro dilata quando aquecido;
b) Amanhã vai sair sol;
c) O gato mia.
A proposição (a) ao ser submetida a empiria, levando o ferro ao fogo numa
temperatura condizente com a dilatação, será falsificável caso não houver dilatação.
Quanto a proposição (b), se o tempo estiver limpo o sol aparecerá, entretanto, ela
será falsificável se chover. Já a proposição (c) ao observar-se um gato faminto
miando será corroborada, contudo, será falsificada no caso de o gado ser mudo.
34
Segundo Popper. “Uma boa lei ou teoria científica é falsificável porque faz
afirmações decisivas sobre o mundo […]. Uma teoria muito boa será aquela que faz
afirmações bastante amplas a respeito do mundo [...]”. (CHALMERS, 1972, p. 68).
Ou seja, uma teoria ou proposição será tanto mais aceita ou científica quanto maior
for o seu conteúdo,
a) o cachorro late;
Quanto mais um
texto diz, mais rico
de conteúdo ele
pode ser.
b) o cachorro late quando vê pessoas estranhas;
c) o cachorro late quando vê pessoas estranhas para chamar a atenção do
seu dono.
A proposição c) deve ser mais aceita por apresentar maior conteúdo
informativo e por ter mais chances de ser falsificável. Quanto mais baixo for o
conteúdo, menos aceita é a proposição, e também, por diminuir a possibilidade de
ser refutada.
Normalmente, uma proposição com baixo nível de informação sobre a
realidade, e também, por não apresentar característica empírica, pode ser
infalsificável (irrefutável) - não ser considerada científica.
a) Os corvos são pretos ou são brancos;
b) Hoje o céu vai ficar nublado ou ficar claro;
c) O disco voador foi criado pelos deuses.
Frases
ambíguas!
denotam falta
de clareza das
ideias.
Aqui temos três exemplos de proposições que não podem ser observadas e
também logicamente impossíveis; são inconsistentes por não satisfazerem o critério
de refutabilidade. Ambas sempre serão verdadeiras, entretanto, acientíficas. Toda
proposição ou teoria que não pode ser refutada deixa de atender ao requisito da
cientificidade, são descartadas como irracionais.
Segundo Popper, a finalidade da aplicação do método empírico é justamente
em evitar formas de proposições ou teorias que não possam ser submetidas à teoria
da falseabilidade, o que poderia levar a estagnação no avanço do conhecimento.
35
Atividade 4
Forme pequenos grupos.
Sugestão: iniciar a atividade, exemplificando casos particulares do senso
comum muitos presentes no nosso dia a dia: como a probabilidade de que as
experiências passadas possam se repetir no futuro. Nesse caso, o critério de
julgamento tem por base as decisões passadas - o que remete mais a uma
ordem psicológica do que um raciocínio lógico. Discuta com os alunos sobre a
pertinência
ou
não
desses
hábitos
para
as
decisões
que
tomamos
corriqueiramente.
a) Ex.: se ontem tomei um remédio para passar a dor de cabeça e resolveu,
então, hoje apresentando o mesmo sintoma posso repetir o mesmo
procedimento.
Outra possibilidade do uso da indução é com o silogismo da lógica indutiva
aristotélica que requer três etapas: observar o fenômeno, extrair a relação entre
ambos e a aplicação da generalização.
b) Ex.: O ferro conduz energia, o bronze conduz energia, Ora, o ferro, o bronze
são metais – Logo, todo metal é condutor de energia.
Propõe aos alunos que construam silogismos semelhantes aos exercícios do
item (a), (b) e analisem os prós e contras sobre essa forma de raciocinar.
c) Descreva de que modo o falibilismo concebe o conhecimento científico?
d) Qual é o problema da indução segundo Popper?
e) Identifique e cite tipos de conhecimento que evoluíram historicamente pelo
método: da tentativa de erro.
f) Explicar as etapas do método popperiano: tentativa e erro.
g) Discutir a relevância do método da tentativa e erro no processo da
aprendizagem.
36
3.5 Três fases: o problema, tentativa e erro e a eliminação
Dado a necessidade do progresso contínuo do conhecimento científico, daí a
necessidade de um método que justifique e indique formas de rejeitar teorias
ineficientes substituindo-as por outras melhores. O caminho para a continuidade da
emergência de novas ideias, novos conhecimentos é a possibilidade da aplicação de
método empírico que corrobore na falseabilidade. Portanto, destaca Popper, que as
condições que uma teoria deva apresentar para ser satisfatória, dever-se-á
As teorias
analogicamente
equivalem às
“redes de pescar”
ou como diz
Popper, aos
holofotes
[…] notar nesta formulação que ao falar em expansão do conhecimento
cientifico não me refiro à simples acumulação de observações, mas sim à
reiterada substituição de teorias científicas por outras, melhores ou mais
satisfatórias. Inicialmente, este é um procedimento que merece a atenção
mesmo dos que atribuem às novas experiências e novas observações o
papel mais importante na expansão do conhecimento científico. O exame
crítico das nossas teorias nos leva a tentativa de testá-las e de refutá-las – o
que, por sua vez, nos conduz a experiências e observações de um tipo
como que ninguém antes teria sonhado, sem o estímulo e a orientação tanto
das próprias teorias quanto da sua crítica. Com efeito, as experiências e
observações mais interessantes foram planejadas cuidadosamente para
testar nossas teorias – especialmente as novas teorias. (POPPER, 1994, p.
241).
Por conseguinte, o trabalho do cientista consiste em criar e testar teorias. Na
teoria da falseabilidade ou “o método de submeter criticamente a prova de teorias”.
Popper enumera, que uma pesquisa científica pode ser descrita a partir de três
etapas: A primeira, uma ideia nova - é a formulação de um problema, caso ele não
exista provocar a emergi-lo, pode ser com uma proposição formulada em base a
uma teoria científica, filosófica ou fatual. A segunda, antecipação - consiste na
elaboração de hipótese, resposta, conjectura a testar empiricamente, e na última,
tirar conclusões - aplicação de teste críticos as hipóteses a fim de provocar ou não a
falseabilidade da teoria - por via do método dedutivo de teste. (POPPER, 1972, p.
33).
Além do mais, se uma teoria resistir aos testes da falseabilidade, não quer
dizer que seja verdadeira. Mas, que até o momento é superior as demais, isto é,
mais verossímil. Todavia, para Popper, todo conhecimento, toda teoria e o próprio
37
homem são falíveis - passíveis de erros; as conjecturas sobre a realidade, sobre o
mundo, permanecem temporárias até serem superadas por outras melhores.
Portanto, apesar de que essas teorias possam ser falsas, não há como
negar que a ciência tem progredido no sentido de sempre se aproximar da ideia de
verossímil, do conhecimento científico verdadeiro. Em evidência ao progresso da
ciência, e na busca incessante pela verdade, notamos que “as mecânicas de Galileu
ou de Newton são falsas à luz de nossas teorias atuais, conquanto, no que se refere
às modernas teorias einsteinianas ou quânticas da física, não podemos saber se são
verdadeiras”. (CHALMERS, 1993, p. 200). Nesse aspecto, costuma-se dizer que a
teoria quântica está mais próxima de uma verdade aceitável do que a newtoniana, e
a mecânica de Newton mais aceitável do que a de Galileu.
Por conseguinte, conclui-se, que para o falibilista o conhecimento é sempre
falível e provisório. Nesse sentido, as teorias científicas estão sujeitas as incertezas
permanentes, que refletem a própria cultura humana.
Atividade 5
Sugestão: explorar argumentos condicionais via argumentos indutivos e dedutivos
(hipotético dedutivo).
Um argumento é divido em três partes: o primeiro refere-se a “afirmação do antecedente”
e o segundo caracteriza-se como a “negação do consequente”.
Vejamos dois exemplos a seguir do modus ponens:
a) Se amanhã estiver chovendo, então vou sair com o guarda chuva.
Também pode ser usado letras para substituir as proposições.
Ex.: Se p, então q.
Ora p.
Então, q.
O segundo modelo é o modus tollens. “negação do consequente”.
b) Se hoje chover forte por mais de uma hora, então a ponte que liga o bairro à cidade
ficará interditada,
A ponte que liga o bairro à cidade não ficou interditada.
Então, se choveu foi menos de uma hora, ou a chuva foi fraca.
Se p, então q.
Ora, não-q.
Então, não-p
c) Propor aos participantes que elaborem silogismos semelhantes aos exercícios do item
(a) e (b), em seguida analisar os prós e contras desse tipo de raciocínio.
38
Atividade 6
Sugestão: elaborar texto com aplicação da INDUÇÃO e DEDUÇÃO
O método da indução e dedução permite organizar as ideias do geral para o
particular e vice-versa – na apresentação de textos dissertativos e redação.
Com a indução (partimos do particular para o geral), ou seja, das nossas
experiências particulares, de assuntos e conteúdos mais familiares para um
conceito geral, esclarecer com clareza as ideias afim de que todos as
compreendam.
Ex.: discorrer sobre tecnologias, a partir do contato que temos com telefone
celular, computador de mesa, com a internet - como utilizamos essas ferramentas,
para então discorrermos sobre outras não tão familiares a maioria, os prós e
contras. Como por exemplo, computadores quânticos, uso da nanotecnologia,
nanociência etc.
Com dedução, iniciamos do geral para o particular, com conhecimento pouco
familiar, abstratos, em direção a saberes particulares de maior familiaridade no
cotidiano. Nesse caso, poderíamos iniciar com tema sobre tecnologias dos
supercomputadores, se os princípios da funcionalidade são semelhantes aos que
estamos familiarizados, suas linguagens, quais países dominam a produção, o
Brasil tem conhecimento fabricá-lo? O que falta para atingirmos esse
conhecimento? Enfim, tanto a indução como a dedução, faz parte do nosso modo
de pensar e de raciocinarmos. E é muito comum não nos darmos conta dessas
formas de raciocínio. Ter ciência em como organizar melhor as ideias, o
pensamento, contribui na clareza da exposição das ideias argumentos.
Continua ... 6.1.
39
Atividade 6.1
Sugestão: criar textos explorando o raciocínio indutivo e dedutivo.
Primeiramente transcrever na lousa os textos: dedutivo e indutivo abaixo descritos
e esclarecer as características de cada um.
a) Texto dedutivo
“Um hortelão que cultiva sua própria horta, com suas próprias mãos, reúne em
sua própria pessoa três diferentes caracteres: de proprietário rural, de agricultor e
de trabalhador rural. Seu produto, portanto, deveria pagar-lhe a renda do primeiro,
o lucro do segundo e o salário do terceiro”. ADAM SMITH, A Riqueza das Nações.
In: COPI, Irving Marmer. Introdução à lógica. Tradução de Álvaro Cabral. 2ª Ed. –
São Paulo: Mestre. p.36.
b) Texto indutivo
“Nota-se, pela situação do país, pelos hábitos do povo, pela experiência que
temos tido sobre esse ponto, que é impraticável levantar qualquer soma muito
considerável para a tributação direta. As leis fiscais têm-se multiplicado em vão;
novos métodos para aplicar a arrecadação foram tentados inutilmente; a
expectativa pública tem sido uniformemente desapontada e as tesourarias
estaduais continuam vazias”. ALEXANDER HAMILTON, The Federalist, Número
XII. In: _____. Tradução de Álvaro Cabral. 2ª Ed. – São Paulo: Mestre. p.36.
c) Com base aos dois exemplos acima citados, elabore um texto com o método
indutivo e outro com o dedutivo.
Para maior aprofundamento na lógica indutiva e dedutiva – consulte abra: COPI,
Irving Marmer. Introdução à lógica. Tradução de Álvaro Cabral. 2ª Ed. – São
Paulo: Mestre Jou, 1978. Pg. 19-37.
40
Atividade 7
Sugestão – exibir os vídeos sobre a cosmologia (Ptolomeu, Copérnico, Kepler e
Galileu)
a) Solicite aos alunos que identifiquem em cada vídeo as particularidades dos
métodos, (indutivo, dedutivo, empírico matemático e da racionalidade) presentes
no inicio da ciência cosmológica.
Vídeo1: De Ptolomeu a Copérnico, como a evolução científica nos faz cada dia
conhecer mais. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=hEFuLWPdkRw&feature=fvsr>. Acesso em: 02 dez.
2012. 6,13 min.
Vídeo2:
Teoria
Heliocêntrica
de
Copérnico.
Disponível
em:
<http://www.youtube.com/watch?v=itPxZPXmibA>. Acesso 02 dez. 2012. 5,33
min.
Vídeo3: Kepler “Cosmos - A Harmonia dos Mundos. Parte 4 de 6”, 10,35 min.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=n8O51zu0htc>. Acesso em:
01 dez. 2012.
Vídeo4: Galileu Galilei. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=HAaRWDcSIaI>. Acesso em: 02 dez. 2012.
b) Após o vídeo solicite a elaboração de um texto sobre as particularidades de
cada pensador quanto às teorias sobre o universo - com uma breve
contextualização histórica do período, e também demonstrar a transitoriedade
dessas teorias à luz do conceito do falibilismo.
41
3.6 Referências
ARAÚJO, Inês Lacerda. Introdução á filosofia da ciência. 3º ed. Curitiba: Editora
UFPR, 2010.
CHALMERS, F. A. O que é ciência afinal. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
COPI, Irving Marmer. Introdução à lógica. Tradução de Álvaro Cabral. 2ª Ed. – São Paulo:
Mestre Jou, 1978.
POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Tradução de: Leonidas Hegenberg e
Octanny Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972.
POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. 3º Ed. Tradução. Sérgio Bath, Brasília,
Unb, 1994.
42
4. UNIDADE III: Conjectura e Refutação: Aprendizagem por tentativa
de erro
4.1 Introdução ao tema
Nessa unidade serão elencados alguns elementos centrais do racionalismo
crítico. Como a importância da linguagem descritiva e argumentativa na construção
dos referencias teóricos; o papel da argumentação na problematização e no
confronto das teorias e o método da tentativa de erro que possibilita a busca de
novos conhecimentos por meio da ousadia.
A ousadia é um elemento necessário à imaginação criativa, a capacidade de
criar teorias tentativas para responder a problemas e propor soluções. No entanto, é
preciso compreender que na ousadia um novo elemento poderá emergir - o erro;
evitar vê-lo como motivo de desconforto é também uma atitude dogmática, ter
ciência que deve ser superado é racional. Assim, por sermos racionais podemos
antecipar-nos propondo solução.
O sucesso na resolução de um problema pode estar na escolha de uma boa
teoria que oriente a pesquisa, auxilie na observação e indique o caminho a percorrer.
Nesse sentido, a teoria pode ser análoga a um holofote que guia o pesquisador pelo
labirinto do obscuro. E por fim, compreender também a importância da crítica como
elemento central do racionalismo no auxilio da purificação das nossas ideias e
teorias. A crítica, não no sentido solipsista, unilateral, mas bilateral, ou seja, não
somente fazê-la, mas também aceitá-la, como possibilidade de desconstruir e
reconstruir nossas proposições e aos referentes teóricos externos a nós.
43
4.2 Linguagem descritiva e argumentativa
Atividade 1
Sugestão: exibir vídeo: La guerra del fuego 1982 – apenas até os 12 primeiros
minutos -
disponível
em:
<http://www.youtube.com/watch?v=5bsjJzG-vEE>.
Acesso em: 08 nov. 2012.
a) Após - refletir sobre as possíveis origens da linguagem, se ela é inata ao
homem, ou, é fruto de uma construção sócio cultural (de uma convenção), isto
é, se o desenvolvimento prescinde da coletividade, ou pode ser desenvolvida
isoladamente. Também apresentar as características da linguagem descritiva
e da argumentativa.
b) Pesquisar em revistas e na internet sobre a possibilidade das máquinas
(robôs, computadores) adquirirem uma linguagem com características
semelhante à humana. Socializar com a turma.
Referência:
Filme - A Guerra do Fogo (La Guerre du Feu), Aventura, França/Canadá, 1981,
100 min., Direção: Jean-Jacques Annaud.
Desde os primórdios da criação da linguagem humana há de se ressaltar
uma característica importante da função descritiva e da argumentativa. A primeira,
descritiva, possibilitou ao homem descrever a realidade, atribuindo significados
internos subjacentes à psique humana, e externos, a nomear coisas e objetos. Já, a
segunda função, argumentativa, apesar de depender da primeira, propiciou o
desenvolvimento de argumentos críticos. Estes, por sua vez, sob o “ponto de vista
das ideias reguladoras de verdade” ensejou que as descrições se ajustassem aos
fatos com a perspectiva da verossimilhança, o que viabilizou discussões mais
inteligíveis e consistentes. (POPPER, 1999, p. 121).
44
Uma segunda característica da linguagem descritiva a ser enaltecida é a de
enfatizar que por via do aparato sensitivo, permitiu que o objeto exterior ao corpo
fosse mediado pela razão humana, gerasse discussão critica. Culminando para
invenção da linguagem argumentativa, e também, para a nossa capacidade de criar
problemas e desenvolver a racionalidade crítica. Comenta Popper, que as “funções
superiores de linguagens nós a devemos a nossa humanidade”, com elas,
raciocinamos, construímos conjecturas e refutações, e também, nos habilitamos a
argumentarmos criticamente. (POPPER, 1999, p. 121).
Em termos da evolução da linguagem argumentativa nos tornamos mais
críticos, especialmente quando somos movidos a buscar novos argumentos para a
defesa dos nossos pontos de vista. “Esta função crítica ou argumentativa, tornou-se
muitíssimo importante desde os alvores da ciência na escola Jônica, época de Tales
mais ou menos no ano 500 a. C.” (POPPER, 2009, p. 137), que por via dessa função
avançamos no conhecimento.
4.3 Conhecimento: Subjetivo e Objetivo
Na esteira desse contexto, Popper chama a atenção para o discernimento
entre dois tipos de conhecimento o Subjetivo e Objetivo, sendo este último à
finalidade do seu engajamento teórico. O primeiro ele caracteriza como disposições
“inatas inerentes para agir” e outras adquiridas com experiência, na relação com o
mundo físico. Nesse caso, as disposições inatas nos permitem uma relação imediata
com a realidade concreta. As mais comuns são nossas crenças, opiniões, saberes
desprovidos de teorias e de comprovações científicas etc. Para Popper, nascemos
com expectativas, com uma estrutura cognitiva “valida a priori, com características
psicológicas ou genéticas”, que precedem “a experiência derivada da observação”,
necessárias para apreensão da natureza das coisas. (POPPER, 1994, p. 77).
Já, o conhecimento objetivo é produzido com base na pesquisa, teorias,
procedimento racional, método da tentativa de solução, conjecturas e refutação.
Com efeito, Popper afirma que:
45
Todo trabalho em ciência é trabalho dirigido para o crescimento do
conhecimento objetivo. Somos trabalhadores que estamos aumentando o
crescimento do conhecimento objetivo tal como pedreiros trabalham numa
catedral. Nosso trabalho é falível, como todo trabalho humano.
Constantemente cometemos erros e há padrões objetivos que podemos não
atingir – padrões de verdade, conteúdo, validez e outros. (POPPER, 1999,
p. 122-123).
A partir dessa compreensão, percebe-se que o conhecimento objetivo é o
resultado dos saberes produzido historicamente. Caracterizado como “teorias
publicadas em revistas e livros e conservadas em bibliotecas; discussões dessas
teorias; dificuldades ou problemas apontados em conexão com essas teorias”.
(POPPER, 1999, p. 78). Todo o progresso na elaboração desse tipo de
conhecimento está fundamentado na proposta metodológica das conjecturas e
refutações, que procede à crítica ao método indutivo.
Atividade 2
Sugestão – forme pequenos grupos e distribua revistas e jornais.
a) Faça na lousa quatro colunas com os seguintes conceitos: linguagem
descritiva, argumentativa e conhecimentos: do senso comum (subjetivo) e
objetivo (científico)
b) Solicite aos alunos que recortem imagens, figuras, palavras e frases que
correspondam aos conceitos dados nas colunas correspondentes. Socializar o
resultado da pesquisa com a turma - tempo 20 minutos.

No final, o professor deverá concluir explicitando o significado de cada
conceito.
c) Individual: elaborar um texto dissertativo a partir dos fragmentos pg. 161 obra: Ciência com consciência de Edgar Morin. Fragmentos disponíveis em:
<http://ruipaz.pro.br/textos/fragmentos_ciencia_com_consciencia_edgard_mori
n.pdf>. Acesso em: 18 out. 2012.
46
4.4 Teoria do holofote e do balde
Popper, em defesa da sua teoria metodológica do holofote se contrapõe ao
neopositivismo que propunha um método indutivo para a ciência. Segundo ele, a
ideia da mente como um balde vazio que vai sendo preenchido com nossas
experiências, com nossos valores, nossa subjetividade, etc...; não passa de uma
falácia. Ora, se a nossa mente fosse uma tábula rasa, vazia de conteúdo, o que
seria observado? Ou, qual a evidência que um fenômeno observado corresponderia
a algo concreto? Popper sustenta que a questão não é se nascemos ou não com
conhecimento, mas sim, com estrutura cognitiva que nos possibilita ter acesso a
realidade. Entretanto, sem sermos orientado por teorias, por nossos holofotes, a
certeza desse conhecimento seria questionável. (POPPER, 1994, p. 313-317). Todo
incremento do conhecimento se dá a partir do enfrentamento de problemas práticos
que urgem por uma solução. As pesquisas devem ser direcionadas às conjecturas e
refutações e não a observações. Segundo o filósofo, o problema da “observação é
que ela é sempre seletiva: exige um objeto, uma tarefa definida, um ponto de vista,
um interesse especial […] e uma linguagem apropriada”. (POPPER, 1994, p. 76).
Para observar um fenômeno qualquer, é no mínimo necessário o auxílio de uma
teoria para dar um direcionamento, sob o risco de se obter dados distorcidos da
realidade. Popper enaltece que o conhecimento científico floresce somente a partir
de problemas:
Teoria e
observação
Os problemas só aparecem quando as expectativas malogram, ou quando
as teorias nos trazem dificuldades e contradições – que podem surgir dentro
de uma teoria, entre duas teorias diferentes, ou como resultado de um
conflito entre elas e nossas observações. Além disso, só nos tornamos
conscientes de que sustentamos uma teoria a partir do momento em
enfrentamos um problema. (POPPER, 1994, p. 247).
A propósito, quando percebemos o problema manifesto, somos desafiados.
Isto é, ficamos cientes de que a teoria a qual nos apegamos foi superada; o desafio
agora é a superação. Num primeiro momento, entramos em choque, pois o
47
desconhecido suscita novas resoluções; assim, somos movidos em busca do novo,
que nos impulsiona a avançarmos na criatividade e na construção de novos
conhecimentos.
Atividade 3
Sugestão. Dividir com um traço a lousa ao meio, à esquerda desenhar um balde
e à direita um holofote. Abaixo de cada desenho peça aos alunos para ajudarem
no preenchimento das colunas. Vide o item a.
a) Abaixo do balde, informar o nome de alguns conhecimentos que obtemos por
meio dos cinco sentidos. Na coluna do holofote, saberes construídos com auxílio
de teorias. Ex. geocentrismo, heliocentrismo, computadores quânticos e
tecnologias digitais, cheiro, cores, som, atividades que requer o adestramento,
etc..
b) Pesquisar por meio de livros e na internet, sobre os conhecimentos: inato em
Descartes e empírico em John Locke. O texto deve apresentar as características
de cada conhecimento e as diferenças. O aluno também deve fundamentar o
seu parecer sobrem suas teorias pesquisas.
c) Com base a leitura dos fragmentos da obra: Ciência com consciência, Edgar
Morin. pg.165, elabore uma síntese e socialize com a turma. Fragmentos
disponíveis em:
<sitehttp://ruipaz.pro.br/textos/fragmentos_ciência_com_consciência_edgard_mo
rin.pdf>. Acesso em: 18 out. 2012.
48
Investigando:
a Imaginação
criativia.
Popper está convicto de que, o “conhecimento, origina-se em problemas, e
não em observações”, ou seja, contrapõe as nossas expectativas e teorias. Nesse
sentido, buscamos resoluções com novos referenciais teóricos, no intuito de suprimir
os problemas expostos. Assim, devemos compreender que a cada nova teoria
elaborada na solução de problemas, outros estão por vir. Isso denota que a pesquisa
deve sempre iniciar com a solução dos problemas.
Segundo Popper, o êxito desse empreendimento não prescinde, entretanto,
da nossa capacidade imaginativa em criar problemas. Pois, com a criatividade
podemos lançar novas ideias que intervém positivamente, tanto na resolução como
na elaboração de novos problemas. Em síntese, enquanto houver problemas
desafiadores, haverá chão fértil para a imaginação criativa em criar o novo. Outro
elemento que também se aglutina a imaginação é a ousadia. (POPPER, 1994, p.
248).
Além da imaginação criativa, também é preciso ousar para criar novos
problemas, que por meio da atitude critica e consciente podem ser refutados. Com o
tempo e a experiência, vamos aprendendo a identificar os pontos fracos e fortes das
teorias.
Todas as leis e teorias são construídas com base a esse processo. “Se essa
é nossa tarefa, o procedimento mais racional é por método das tentativas – da
conjectura e da refutação. Precisamos propor teorias, ousadamente; tentar refutálas; aceitá-las tentativamente, se fracassarmos”, recomeçamos todo o processo
novamente até eliminarmos os erros. (POPPER, 1994, p. 81).
Nesse sentido, a ousadia e a imaginação podem se constituir em elementos
férteis para o avanço do conhecimento científico. Ser ousado é a possibilidade de se
defrontar com tentativas de criar configurações de mundo amplas e ricas, como uma
espécie de pré-condição para produzir novos conhecimentos; e não esperar
passivamente que o método indutivo assegure acesso ao conhecimento,
simplesmente, porque no passado correspondeu, agora, há de se repetir tal e qual
49
almejavam os positivistas.
Atividade 4
Sugestão:
a) Fazer uma pesquisa em livros ou na internet sobre tipos de conhecimento,
cujas descobertas ocorreram a partir “da tentativa de erro”, ou seja, iniciou o
estudo sobre um objeto e descobriu outro - socializar o resultado com o grupo.
Orientação – a atividade (conjecturar e refutar) está dividida em 3 etapas.
b) Na 1ª, resolver problemas com quebra cabeça - enigmas matemáticos, lógicos,
jogos com palitos e outros.
Problemas propostos disponíveis em: <http://www.quebracabeca.net/>. Acesso
em: 18 out. 2012.
Jogos
matemáticos
com
palitos,
disponível
em:
<http://matgames2011.blogspot.com/2011/05/quebra-cabecas-com-palitos.html>.
Acesso em: 18 out. 2012.
c) Na 2ª etapa, escolher um tema de sua preferência e problematizá-lo com dois
tipos de argumentos – o primeiro com hipóteses negativas para defender o tema
e no segundo argumentos contrários às hipóteses que refutam a defesa do
problema.
d) A 3ª etapa é a última da unidade – disponível na atividade 8.
Observação: No final de cada atividade fazer um relatório individual para ser
entregue com o nome do evento proposto, o grau de dificuldade encontrado, qual
a primeira ideia que ocorreu ao solucionar o problema, os cominhos percorridos,
se já tinha algum tipo de conhecimento prévio que o ajudou na resolução do
problema. Posteriormente as atividades podem ser trocadas entre os grupos para
refazerem os mesmos processos.
50
4.5 Os limites e o alcance do conhecimento científico
Sobre o método indutivo, comenta Popper, que não há nenhuma certeza de
que eventos do passado irão ocorrer no futuro. Então, Imaginar teorias, criar
conjecturas e submetê-las a hipóteses é o primeiro passo para pesquisar a solução
de problemas. A ciência tem evoluído muito nesses aspectos, comenta Popper:
A história da ciência, como a história de todas as ideias humanas, é feita de
sonhos irresponsáveis, de erros e de obstinação. Mas a ciência é uma das
poucas atividades humanas – talvez a única – em que os erros são
criticados sistematicamente (e com frequência corrigidos). Por isso
podemos dizer que, no campo da ciência, aprendemos muitas vezes com
nossos erros; por isso podemos falar com clareza e sensatez sobre o
progresso científico. (POPPER, 1994, p. 242).
Estar ciente das nossas falhas, que quanto mais problematizamos, mais
sujeitos a erros estaremos, é também estar atento para criticá-los. Não há como
saber a priori qual é a teoria verdadeira sem antes submetê-la a teste empírico. Por
isso, não devemos ter o receio de enfrentar o desconhecido, assumir desafios e
novas responsabilidades é uma condição sine qua non para o desenvolvimento do
conhecimento científico. Segundo o autor, por sermos falíveis, estamos sempre
evoluindo, como também os animais:
Tentativa de erro
em três etapas:
1 - o problema;
2 - as tentativas
de solução
3- a eliminação.
O método de aprendizado por tentativas por ensaio e erro – o aprendizado
com nossos erros – parece fundamentalmente idêntico, seja praticado por
animais inferiores, seja pelos superiores, por chimpanzés ou homens de
ciência. Meu interesse não recai apenas sobre a teoria do conhecimento
científico; estende-se à teoria do conhecimento em geral. No entanto, creio
que o estudo do incremento do conhecimento científico é a maneira mais
fecunda de estudar o incremento do conhecimento em geral. Podemos dizer
que o aumento do conhecimento científico é o aumento do saber humano
comum em seu sentido mais amplo”. (MILLER, 2010, p. 169).
Podemos, não obstante, falar em aumento ilimitado do conhecimento
humano ou há possibilidade de se chegar a um limite? Ou seja, é possível falar
sobre o conhecimento científico que atinja a um fim último? De outro modo, é
51
plausível dizer que o alcance final da ciência está prestes a ser alcançada? Para
Popper é possível vislumbrar aspectos “epistemológicos, ideológicos e econômicos
etc.” (REALE, 2003, p. 1028) que são relevantes avanços, contudo, não é possível
vislumbrar a completude da tarefa racional de conhecer. Também, segundo ele, não
podemos deixar de considerar a nossa ignorância frente aos mistérios e fenômenos
do mundo, que é ainda muito grande, o qual se evidencia, como maior ameaça no
progresso da ciência que é falta de criatividade e da imaginação; principalmente
numa sociedade tecnocrata, na qual as tecnologias assumem cada vez mais o papel
do pensar humano, podendo causar o embrutecimento do homem contemporâneo.
Atividade 5
Forme pequenos grupos.
Sugestão: aplicar o desenvolvimento da imaginação criativa através do método
de tentativo de erro. (1. Problema; 2. as tentativas de solução e 3. eliminação de
erro).
Observação – esta atividade é uma retomada da 2ª etapa - atividade 4.
Escolher um tema (Ex.: tecnologias; celulares, computadores, meio ambiente,
trabalho infantil, trabalho escravo na era tecnológica, biologia, biomedicina etc.),
e dar-lhe um título.
a) Na primeira etapa, desenvolver uma conjectura, isto é, criar um Problema e
expor as hipóteses que defendem a ideia central do tema, no mínimo dez linhas.
Dê preferência ao desenvolvimento de uma hipótese por parágrafo.
b) Na segunda etapa, a refutação, criar argumentos que tecem criticas as
hipóteses anteriores, apontando as falhas que a sustentam.
c) Na terceira etapa apresentar a solução - procure justificar os argumentos com
evidências empíricas, palpáveis, fáceis de serem observados.

Pesquisar em livros e na internet sobre os conceitos: espistemológico,
ideológico e econômico e responda textualmente a seguinte questão:
e) De que modo os aspectos epistemológico, ideológico e econômico podem
influenciar no limite do avanço da ciência (no progresso do conhecimento
científico). Justifique sua resposta e socialize com a turma.
52
4.6 A objetividade da crítica na construção do conhecimento
Por conseguinte, conforme já explicitado anteriormente sobre a pertinência
da ousadia e da imaginação criativa no progresso do conhecimento, há de ressaltar
também, a relevância da crítica no processo da elaboração de problemas e
hipóteses. Notadamente, a crítica se caracteriza como tal se somente ela for capaz
de “criticar uma dada teoria experimental, que formulamos e que propusemos como
objeto de pesquisa e de análise, tal como investigamos”. (POPPER, 2009, p. 194).
A cada tomada de consciência escolhemos somente uma teoria para análise
crítica que será examinada. Nessa escolha, há de explicitar também, que na
pesquisa da teoria; utilizamos uma quantidade expressiva de conhecimento, muitos
desses, de modo inconsciente fruto de nossa experiência e valores de diversos
níveis de relevância.
Por essa razão, em termos da pesquisa podemos conceber que a crítica
está limitada a manipular a partir de uma, duas teorias ou de até dois problemas por
vez, lembrando que, esse limite, é apenas enquanto manuseio dos objetos de
investigação. Assim, podemos considerar, então, que neste caso, há um
estreitamento imposto à razão crítica em ficar limitada a estender à criticidade a
várias coisas ao mesmo tempo. Porém, continua aberta a possibilidade de ampliar a
crítica a qualquer objeto, de qualquer natureza, em outras palavras, não há saberes
de fundo que se exima à nossa intencionalidade crítica. Justifica Popper:
Daqui se depreende como estamos longe de ser racionais. Falhamos não
só em tudo quando julgamos saber, mas também na abordagem crítica.
Somos obrigados a escolher os problemas e as teorias a sujeitar a crítica
racional. Mas este ato de escolha representa em si mesmo uma conjectura
experimental. Deste modo, podemos passar a vida inteira debatendo-nos
com o problema errado – e esta é uma das razões por que somos falíveis
mesmo na abordagem crítica. (POPPER, 2009, p.197).
O autor faz notar, a dificuldade de sermos plenamente racionais, por
estamos presos a crenças e valores vivenciados, ou seja, conhecimento produzido
historicamente acessível e assimilado ao longo do percurso da evolução humana.
53
Para nos livrarmos de todos os saberes expostos, teríamos que retornar ao estado
de natureza da vida dos bichos, antes de Adão, o que segundo ele, não é uma ideia
benéfica, nem tão pouco profícua ou revolucionária, mas sim, reducionista ou
retrógrada. Daí, a dificuldade de se escolher qual teoria é melhor para guiar a
pesquisa em vias de solução a um problema. Não há dúvida, de que sempre há uma
intencionalidade proveniente do conhecimento adquirido. Popper “considera os
homens numa armadilha de crenças irracionais, porque, em princípio, não se
sujeitam à discussão crítica”. (POPPER, 2009, p. 198).
Dessa forma, conclui-se que o papel executado pela crítica popperiana é de
nos ajudar a desvencilharmos das armadilhas, que em muitas vezes, leva-nos à
violência, a brutalidade, em vez de solução dialogada. Popper, também enfatiza que
num embate entre juízos contrários prevalece sempre o melhor, cujos argumentos se
pautam em elementos racionais. Por esse motivo, somente através da crítica é que
podemos fazer exame das nossas ideias e dos outros, e assim, elaborar o nosso
próprio pensamento, principalmente, para o progresso do conhecimento cientifico.
Dessa forma, a crítica assume a função específica, limpar as nossas ideias das
impurezas, dos preconceitos e dogmas que nos tolhem a possibilidade de uma
leitura mais expandida da realidade.
54
Atividade 6
Sugestão: praticar a criação de mapas conceituais. O mapa conceitual propicia uma
leitura mais atenta, e com ênfase na apropriação e na organização de conceitos.
a) Primeiro o professor deve apresentar as técnicas de elaboração de mapa conceitual
aos alunos – ver dicas nos endereços abaixo.
b) Desenvolver a primeira Oficina de mapa conceitual em conjunto com a classe, a
partir do texto “Senso Comum e Ciência”, disponível no final da unidade.
c) Propor aos alunos a elaboração de um mapa conceitual a partir do texto abaixo: O
universo de Ptolomeu, Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336
p.242) Disponível abaixo.
Observação: selecionar de preferência textos pequenos. Fazer uma leitura atenta,
anotar os conceitos em uma lista e colocá-los em ordem hierárquica. Ver exemplo de
mapa conceitual no modelo abaixo elaborado a partir do texto: Senso Comum e
Ciência, Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336. p. 240-241.
Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/filosofia.pdf>.
Acesso em: 04 dez. 2012.
Materiais de apoio.
TORRES, Patrícia Lupion(Org.) Algumas vias para entretecer o pensar e o agir.
Curitiba: SENAR-PR, 2007, pg.155-190.
Dicas
para
trabalhar
com
mapa
conceitual.
Disponível
em:
<http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf->. Acesso em: 09 nov. 2012.
Para criar mapa-conceitual com o software Cmap_ools, consulte o manual. Disponível
em: <http://www.ufpel.edu.br/lpd/ferramentas/cmaptools.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2012.
55
O Universo de Ptolomeu
A história da ciência é muito vasta. Seria temerário resumi-la nos limites deste material.
Escolhemos aqui dois momentos importantes dessa história que servirão para ilustrar o modo
como o conhecimento progride.
Entre os anos de 130-141 d.C., aproximadamente, o astrônomo alexandrino Cláudio Ptolomeu
criou um modelo de explicação dos movimentos dos planetas e corpos celestes em geral.
Ptolomeu dava sequência a uma história de modelos astronômicos bastante férteis, que
remonta à academia platônica do século V.
Como podemos observar nas imagens, no modelo de Ptolomeu a Terra ocupa o centro do
universo. Em torno dela estão os planetas, o sol e a lua. Durante muito tempo, desde Platão, a
grande dificuldade dos astrônomos era explicar o movimento dos planetas, ou seja, porque eles
têm determinadas trajetórias observadas do ponto de vista de quem está na terra. Ptolomeu
aproveita ideias de outros astrônomos, sobretudo do astrônomo Apolônio, e imagina a seguinte
estrutura: a terra está imóvel, mas fica numa posição um pouco afastada do centro, como
podemos ver na figura acima. Os planetas se movem num círculo imaginário chamado “epiciclo”.
O epiciclo possui um centro que se move em outro círculo chamado “deferente”. Ptolomeu
imaginou uma linha chamada “equante” para explicar o movimento não uniforme dos planetas.
O “equante” é um ponto situado ao lado do centro do círculo maior, o deferente, e sobre o qual
os planetas fazem seu movimento epiciclo. (GLEISER, 2002)
É visível que o sistema é muito complexo. Mas, surpreendentemente, ele foi usado até o século
XVI, quando o astrônomo Copérnico contestou a tese de que a Terra é o centro dos movimentos
planetários e do universo. As ideias de Copérnico sofreram dura resistência da Igreja, mas
acabaram prevalecendo como verdadeiras. Vale lembrar, porém, o registro histórico do estudo e
da perspicácia dos antigos, que não mediam esforços para explicar o universo.
Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p.242
Mapa conceitual: Ciência e Senso Comum.
Figura 1 - Mapa conceitual. Fonte: o autor.
56
Atividade 7
Sugestão: exibir vídeo: Filosofia_da_Ciência_Parte4. 4,22 min. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=19658>.
Acesso em: 18 out. 2012.
Forme pequenos grupos e responda as questões a seguir.
a) Sobre a mitificação da ciência, explique o significado da frase: “O cientista virou um
mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o comportamento e inibe o pensamento”
Rubem Alves.
b) Pesquisar sobre o conceito de Paradigma em Thomas Kuhn. Disponível no site
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/7045/6521>. Acesso em: 22
out. 2012.
c) Como se constitui o conhecimento científico em Gaston Bachelard? Texto disponível
em:< http://www.sicoda.fw.uri.br/revistas/artigos/1_3_28.pdf>. Acesso em: 22 out. 2012.
d) Estabelecer a diferença entre a concepção de ciência de Popper, Gaston e Kuhn.
Atividade 8
Sugestão: explorar o método das três etapas: 1ª O problema; 2ª as tentativas de solução
e 3ª eliminação de erro. (conjecturar e refutar). Pode ser em grupo com textos diferenciados.
Como exemplo, o professor poderá desenvolver em conjunto com a turma. A partir do
Texto: Conhecimento sem autoridade[1960], pg. 45-56. – Disponível em: MILLER,
David(Org.) - karl Popper. Textos seletos. Rio de Janeiro. Editora Contraponto: PUC
RIO, 2010. Ver etapas a seguir:
a) Na primeira etapa - conjectura: caracterizar o problema que autor expõe sobre do
tema.
b) Na segunda – identificar os argumentos usados na defesa do problema;
c) Na terceira etapa – refutação: apresentar uma síntese das hipóteses refutadas pelo
autor e o desfecho da temática.
Formar pequenos grupos:
d) A partir dos textos abaixo, identificar o problema de cada tema, quais argumentos são usados
na defesa e na refutação.
Textos sugeridos.
Platão – As verdadeira causas: O conhecimento e a razão, pg.11-13.
Descartes – A filosofia é o estudo da sabedoria: O conhecimento e a razão, pg.78-81.
Leibniz, Hume – A ideia de conexão necessária, pg.137-139.
Kant – Que é experiência? pg. 161-163,
Comte – A teoria torna possível a observação, pg. 224-226.
Cournot – Sensação e Experiência, pg. 238-240.
Bergson – Mecanismo e finalismo, pg.282-284.
Bachelard – Conhecimento vulgar e conhecimento científico, pg.305-308.
Textos disponíveis na obra: Os filósofos através dos textos – de Platão a Sartre. Tradução de
Constança Terezinha M. César. São Paulo: Paulus, 1997.
57
4.7 Referências
GIOVANNI, Reale e Antiseri. História da filosofia: Do Romantismo até nossos. 6ª
Editora PAULUS, São Paulo, 2003.
POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. 3º Ed. Tradução. Sérgio Bath, Brasília,
Unb, 1994.
POPPER, K Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária. Tradução de:
Milton Amado. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1999.
POPPER, K. O conhecimento e o problema corpo-mente. Tradução de: Joaquim
Alberto Ferreira Gomes. Lisboa: Edições 70, 2009.
58
5. UNIDADE IV: Autonomia humana no contexto do Indeterminismo e do
Determinismo
5.1 Introdução do tema
Na presente unidade será retomada a problemática da liberdade, tão cara a
história da filosofia quando se indaga sobre as causas das nossas ações, se elas
são frutos da nossa deliberação ou, se seguem as mesmas leis da natureza que
regem o universo; astros, planetas, estações do ano etc. Nesse sentido, tenciona-se
explicitar a autonomia humana em Popper com a contraposição do determinismo
newtoniano, e o indeterminismo de Heisenberg, mais a teoria dos três mundos que
viabiliza abertura causal do mundo físico.
Popper, ao contrapor os dois sistemas citados, está propondo outro
referencial teórico que nos liberte de um único referente - uma única visão de
mundo. Todavia, ao fundamentar a abertura causal do mundo físico, ele propõe o
referente teórico dos três mundos como condição necessária para se pensar a
autonomia humana. O que segundo Popper, asseguraria a possibilidade de criarmos
novas teorias e sustentarmos a renovação permanente do conhecimento científico,
evolução da ciência.
Compreender o papel da autonomia humana no âmbito do indeterminismo
requer a priori; a compreensão da polêmica gerada pelo determinismo físico que
alegava ser a liberdade humana uma mera fantasia. De forma pedagógica, Popper
explicita sobre o discernimento entre o indeterminismo e o determinismo a partir de
um painel mental. No qual, à esquerda desse painel, ele coloca “as nuvens as quais
representam sistemas físicos” à semelhança dos gases que são irregulares e
desordenados; também, relativamente imprevisíveis, e mais à direta, insere um
“relógio de pêndulo, muito confiável, representado sistemas físicos regulares”, no
qual é possível prever o comportamento desses fenômenos. (MILLER, 2010, p.
243).
A partir das questões precedentes pretendemos explicitar a importância da
autonomia humana para a emergência da imaginação criativa e para a continuidade
da evolução do conhecimento científico.
59
Atividade 1
Sugestão. Crie duas colunas na lousa: à esquerda desenhe uma nuvem –
representando o sistema do INDETERMINISMO e mais a direita um relógio - o
DETERMINISMO. Peça aos alunos que façam o mesmo no caderno. Em seguida, solicite
que informem abaixo de cada coluna, elementos que correspondam aos conceitos dados,
e posteriormente; após a leitura do texto a seguir, refletir com os alunos a pertinências
dos elementos atribuídos aos conceitos.
No entanto, existem acontecimentos naturais que situamos entre esses dois
pólos – “nuvens à esquerda e os relógios à direita”. As quatro estações do ano
podem ser colocadas mais à direita, muito embora não sejam tão confiáveis. Da
mesma forma, os animais mais à esquerda, um pouco afastados das nuvens, as
plantas, mais próximo do relógio. Entre os animais, um gato mais à esquerda de
outro mais idoso. Um veículo, um Toyota bem mais à direita, bem próximo do melhor
dos relógios. E por último, bem à direita de todos “deva ser colocado o sistema
solar”.
Em exemplo semelhante ao da nuvem, Popper, usa uma nuvem de
mosquitos. Idêntico às “moléculas individuais de gás”. Os mosquitos aglomerados
movem-se em forma de uma nuvem, desordenadamente de modo espantoso.
(MILLER, 2010, p. 243).
O objetivo de Popper, ao usar uma nuvem de mosquito com movimento
irregular e desordenado, é mais, no sentido pedagógico para ilustrar um “sistema
físico” semelhante a uma nuvem – sistema indeterminista, como também, sistema
biológico e social. Nessa construção paradigmática, a qual o filósofo descreveu
nuvens à esquerda e relógios à direita; sistema mais regulares e outro menos, foi um
esquema na tentativa de esboçar uma comparação entre um sistema indeterminista
no exemplo das nuvens e o determinismo físico com o relógio.
60
5.2 A concepção do determinismo físico sob a ótica da física newtoniana.
Segundo Popper, o esquema descrito acima é de certa forma compreensível
pelo senso comum, e também, recentemente, na nossa contemporaneidade foi até
aceito na “ciência física”. Entretanto, no período em que predominou a ciência
newtoniana, um dos maiores feitos da história da ciência, o mesmo foi refutado.
Nesse período, a predominância da ciência clássica era de tal maneira que “todas as
nuvens são relógios – até a mais nebulosa das nuvens”, o que denota a hegemonia
do “determinismo físico”, comenta o filósofo. (MILLER, 2010, p. 246).
Os defensores do determinismo físico defendiam a ideia, de que todas as
nuvens, também são relógios, e por esse motivo é um engano separá-los, ou seja,
todos aqueles elementos colocados à esquerda deveriam ser postos igualmente à
extrema “direita do relógio”. Para os deterministas, mesmo que se tenha usado um
bom senso em organizar as coisas conforme a natureza delas, o que se observou,
foi à falta de conhecimento, diz Popper.
É obvio que os físicos não falavam que estava errado dessa forma. Não
cogitavam nada sobre nuvens, é apenas, uma especulação de minha parte, diz o
filósofo; a finalidade é preparar o terreno a favor do argumento indeterminista. Eles
tratavam apenas dos astros, dos planetas e das leis que regiam os movimentos.
Essas mesmas aplicavam-se às balas de canhão e às marés.
Entretanto, era evidente comprovar suas ideias por meio da matemática e da
geometria. Até então, antes de Newton, os planetas pareciam ocupar um lugar
intermediário entre as nuvens e o relógio. Com o sucesso da teoria de Kepler, e
posteriormente com a teoria newtoniana, os alicerces do determinismo físico foram
lançados. Denotando assim, que esses pensadores tinham a convicção de que os
planetas eram relógios perfeitos, pois suas previsões dos movimentos ocorriam com
absoluta certeza.
61
Atividade 2
Sugestão: assistir ao vídeo – filosofia_da_ciência_parte3, 5,19 minutos –
disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=196
58>. Acesso em: 20 ago. 2012. Tema: a Crise da ciência.

Solicite aos alunos para identificar e pontuar no caderno elementos sobre o
Determinismo e o Indeterminismo.
Questões norteadoras:
a) Somos agentes livres? O que significa ser livre?
b) Nossas ações, escolhas e decisões são frutos da nossa liberdade?
c) Qual o significado da frase “Deus é uma hipótese desnecessária? E em qual
contexto ela se aplica, ao determinismo ou indeterminismo? Justifique.
Vídeo disponível em:
5.3 Determinismo e Indeterminismo
Segundo Popper a maioria dos filósofos contemporâneos acreditam que se
levarem a sério, a proposição newtoniana de que todas as nuvens são relógios,
teríamos que admitir o determinismo físico, e que a autonomia do pensamento seria
uma mera palavra a ser dita. Não obstante, os físicos pós-newtonianos se
propuserem a se afastar do determinismo físico, quando da ruptura da física clássica
e com a ascendência da física quântica.
Quando ocorreu essa quebra de paradigma a partir dos anos de 1927, a
física quântica ainda estava em processo de latência, até esse momento era tida até
62
então como obscura, sem credibilidade. E aqueles que se negavam a aceitá-la por
permanecerem reféns da concepção do determinismo físico como Max Plank, Erwin
Schrödinger e até mesmo Albert Einstein eram considerados ultrapassados.
Entre aqueles que receberam com bons olhos a nova física, “o
indeterminismo físico de Heisenberg em 1927”, foi Arthur Holly Compton. Este foi um
dos primeiros físicos a se preocupar com questões humanas e biológicas a partir dos
pressupostos lançados por esse novo indeterminismo. Popper cita uma passagem
da obra do referido físico “The Freedom of Man [A liberdade do homem]”, de
Compton, na qual ele questiona:
Eis a pergunta fundamental da moral, que é um problema vital da religião e
objeto de investigação ativa na ciência: o homem é um agente livre? Se […]
os átomos de nossos corpos seguem leis físicas tão imutáveis quanto os
movimentos dos planetas, por que devemos nos esforçar? Que diferença
pode fazer o tamanho do esforço, se nossos atos estão predeterminados
por leis mecânicas? (MILLER, 2010, p. 49).
Nesse caso, no âmbito do determinismo físico, o qual permanece a
pontualidade do relógio, das leis que governam o mundo; não há espaço para a
intervenção humana, nossos pensamentos, nossas críticas, dedicação e esforço
para conquistar melhorias, são ações em vão, meras divagações. Tudo o que ocorre
já estaria predeterminado, nossos objetivos, projetos de vida e nossos atos em nada
alteraria a realidade do mundo.
Assim, o determinismo físico newtoniano que pretendia transformar as
nuvens em relógios, fez pairar sobre nossas cabeças o pesadelo da impotência na
qual o homem se sentiria escravo de apenas um único referencial; de uma única
linguagem, inibido de ascender intelectualmente, refém de um único modelo físico
de mundo. A humanidade, dessa forma, seria uma mera máquina fragmentada; cada
ser humano agiria com base nas leis mecânicas, as mesmas leis que regem o
universo como um todo.
Popper comenta que Compton deve ter ficado grato com o emergir da nova
teoria quântica, que possibilitou retirá-lo dessa apatia intelectual, fazendo-o escrever
em a “liberdade do homem” que poucas são as vezes que um físico se incomoda
com a possibilidade das leis deterministas interferirem no agir humano.
63
Com isso, o homem pode libertar-se da prisão de um único referencial
mediante a um novo, mais rico, menos dogmático, e que lhe devolvera a autonomia
de criticar o referencial anterior na condição de ser um sujeito autômato. Ainda na
mesma obra de Compton, Then Human Meaning of Science [O significado humano
da ciência], Compton descreve sua satisfação:
Em minhas próprias reflexões sobre esse tema vital, estou agora num
estado de espírito muito mais satisfeito do que poderia ter ficado em
qualquer etapa anterior da ciência. Se tomássemos por corretos os
enunciados das leis da física, seria preciso supor (como fez a maioria dos
filósofos) que o sentimento de liberdade é ilusório, ou se a [livre] escolha
fosse considerada eficaz, que os enunciados das leis da física eram […]
indignos de confiança. Esse dilema tem sido incômodo. (MILLER, 2010, p.
249).
Interessa notar que Compton, sente um alívio em perceber que não é mais
possível usar a lei da física para cercear a autonomia humana ou a liberdade. Ele
também deixa transparecer que estava sob um pesadelo, ao afirmar que as leis da
física não eram dignas de credibilidade se quiséssemos fazer valer a liberdade
humana. Assim, ao tentar fugir desse dilema atormentador, procura deixar de lado a
devida atenção a esses obstáculos. Não deixa dúvida, que a teoria quântica de
Heisenberg lhe tirou um peso dos ombros ao lhe proporcionar um novo referencial
teórico.
Assim, tanto Popper, como Compton, levam a sério o problema posto pelo
determinismo físico; no entanto, não admitem a possibilidade de que sejamos meras
“máquinas de computação”, podemos sim tirar proveito delas, principalmente
respeitando a nos mesmos.
64
Atividade 3
Sugestão: Reler o tópico: Determinismo e indeterminismo e responder as
questões: a e b.
a) Explique as consequências do determinismo físico para liberdade humana em
relação à crítica, ao esforço e dedicação.
b) Comente a frase de Popper: “a teoria quântica de Heisenberg lhe tirou um
peso dos ombros ao lhe proporcionar um novo referencial teórico”
Forme pequenos grupos.
b) Pesquise sobre o conceito de Predestinação e compare com o Determinismo.
c) Pesquise e elabore um texto sobre o conceito de compatibilismo, e explicite a
relação entre determinismo e o indeterminismo.
e) Após, concluído as investigações socializar com a turma.
Para se aprofundar no tema - Liberdade: determinismo ou indeterminismo. Texto
disponível
em:
<http://www.fecomvirtudes.com.br/liberdade-determinismo-ou-
indeterminismo-2/>.
Acesso
em:
03
out.
2012
e
também
em:
<http://www.marxists.org/portugues/bukharin/1921/teoria/cap02.htm>. Acesso em:
03 out. 2012.
65
5.4 O indeterminismo, por si só, é capaz de garantir a autonomia humana, isto
é, o livre-arbítrio?
O filósofo enfatiza a necessidade de sermos indeterministas físicos, como
“um pré-requisito” necessário para avançarmos na solução de problemas que nos
perturbam, tal qual, descrito pelos defensores da teoria quântica. Mas, admite
também, que ser apenas indeterministas não é suficiente, é preciso ir além. Se, é
pertinente que o indeterminismo físico de Heisenberg, ou outra espécie de
indeterminação possa existir “o puro acaso desempenha um papel fundamental no
nosso mundo físico”. (MILLER, 2010, p. 256).
Quanto ao modelo da existência do acaso, ou da indeterminação no
indeterminismo descrito por Compton, “que seria a imprevisibilidade de saltos
quânticos como modelos de decisões humanas de grande magnitude”, Popper não
simpatizou com esse modelo por compreender que ainda não é suficiente para
explicar a liberdade humana, ou seja, para ele o indeterminismo sozinho não basta.
Isto porque, ele não vê ligação com a decisão racional comedida, mas sim, mais
com decisões forçadas para resolver um problema de urgência. Até admite um “salto
quântico como uma grande decisão”, aquelas repentinas, que muitas vezes
tomamos na ânsia de resolvermos nossos problemas. Prescinde ainda de um meio
termo, algo que se contrapõe, entre um acontecimento do “acaso perfeito e o
determinismo perfeito”. Mesmo assim, Popper ressalta a necessidade de sermos
indeterministas, precisamos compreender de que forma somos levados a fazer
acordos, induzidos a seguir regras, cumprir com obrigações, controlados por
compromissos e moldados por ideologias. Esse seria o grande enigma a ser
desvelado, escreve ele. (MILLER, 2010, p. 258).
Atividade 4
Debate: Se para Popper, o indeterminismo não é suficiente para garantir a
liberdade: liberdade de criar teorias explicativas, de raciocinar, da imaginação
criativa, qual será a saída que ele apresenta? E porque somente o
indeterminismo não da conta em salvaguardar a liberdade humana?
66
5.5 Teoria dos três mundos
Segundo o crítico do positivismo lógico, para tornar inteligível a liberdade
humana é preciso obter a “abertura causal daquilo que ele chama do Mundo 1 para
o Mundo 2, bem como, da abertura causal do mundo 2 para o Mundo 3 e viceversa”. (POPPER, 1988, p. 116).
Vejamos à compreensão do significado dos três Mundos: o Mundo 1, é
caracterizado como o mundo físico, da natureza, das plantas, dos animais, também
o homem, das construções – da biologia, da química, enfim de tudo o que pode ser
manipulado pelo homem, rochas, pedras, etc. O mundo 2, corresponde à
subjetividade de cada ser humano. O espírito humano, o mundo das nossas
experiências subjetivas envolve a consciência, a subconsciência e a inconsciência e
constitui nossa personalidade e individualidade. Já o Mundo 3, ele o concebe como
“o mundo dos produtos do espírito humano”, todo conhecimento produzido pela
humanidade: valores éticos, instituições sociais e políticas; livros, bibliotecas,
problemas científicos e teorias.
Mundo 1
Foto1 - Cidades paranaenses
Mundo 2
Foto2 - Alunas
Mundo 3
Foto3 - Livros Didáticos Públicos
Fotos 1, 2, 3 – Fonte: www.educadores.diaadia.pr.gov.br.
Acesso em: 12 nov. 2012.
Assim, tudo o que é físico e criado pelo homem pertence tanto ao Mundo 1,
quanto ao Mundo 3, exemplo: livros, bibliotecas e periódicos. E aquilo, que é de
referencial abstrato, no caso, o conteúdo de um livro, problemas, argumentos,
incluindo o certo e o errado, pertence ao Mundo 3. Segundo Popper:
67
As expressões Mundo 1, Mundo 2 e Mundo 3 são conscientemente
escolhidas como sendo incolores e arbitrárias. Mas há uma razão histórica
para numerar 1, 2, 3: parece que o mundo físico existiu antes do mundo dos
sentimentos animais; eu conjecturo que o Mundo 3 só começa com a
evolução de uma linguagem especificamente humana. (POPPER, 1988, p.
117).
O mundo 3 representa uma classe de elementos de discursos, tais como:
conhecimento humano produzido pela tradição e aqueles que ainda vão ser
elaborados, tais como: problemas, soluções, teorias e argumentos. Também há
problemas, argumentos e teorias inconsistentes e já refutadas, ou seja, toda a
discussão descritiva que ocorre no âmbito das ciências; isto é, tudo que tem um
conteúdo ou um significado pertence a ele.
Atividade 5
Sugestão: desenhar na lousa os retângulos abaixo representando a teoria dos
três mundos. Peça aos alunos para preencherem os quadros com as devidas
relações.
Inserir no
mundo 1 uma
lista de
objetos
procedentes
do mundo 3
Descrever as
diversas
formas que o
mundo 2
interfere nos
mundos 1 e 3.
Criar uma
relação de
conhecimento
s no mundo 3
procedentes
do mundo 2.
O filósofo da ciência em questão se contrapõe aos que ele chama de
realistas ingênuos do senso comum, como: Berkeley, Dr Johnson e Alfred Landé, por
defenderem a existência somente de coisas que pudessem ser manipuladas,
possíveis de interagir com o mundo físico.
Popper comenta que não vê o uso de terminologia como “[real], ou
[existente] como sendo muito importante”, em comparação com questões que
envolvem concepção de verdade ou de conjecturas teóricas. Para o autor, não
somente o Mundo 1 é verdadeiro como também, objetos, coisas do Mundo 2 e do
68
“Mundo 3 abstrato” pertencem a mesma categoria do real. Ele não se intitula monista
como os defensores do mundo físico, criticados por ele, mas sim, pluralista, existem
três mundos.
Vejamos um argumento intermediário forte utilizado pelo filósofo para
justificar a relação entre os mundos 1 e 3 “os objetos do Mundo 3, tais como, as
teorias que interagem de fato fortemente com o Mundo 1 físico”. Exemplificando as
alterações no Mundo 1, quando construímos aviões, usinas nucleares, armas
químicas, edifícios, pontes, que são conjeturadas teoricamente, isto é, são
antecipados intelectualmente e que interferem significativamente no mundo real
(mundo 1).
Nesse caso, o principal argumento utilizado em favor da existência do
Mundo 2, são “as experiências subjetivas”, as quais captamos e compreendemos
como “uma teoria do Mundo 3” antes de pôr em prática no Mundo 1. Esse é um
processo objetivo de interação entre os três mundos.
Nesse caso, o Mundo 2
interage com o Mundo 1 por intermédio do Mundo 3; e, o Mundo 3 interage com o
Mundo 1 por intermédio do Mundo 2, o Mundo 1 interagem com o Mundo 3 por
intermédio do Mundo 2. O mundo 2 representa o “eu” que habita o cérebro humano
e que faz a interação entre ambos os mundos. (POPPER, 1988, p. 117-118).
Atividade 6
Forme pequenos grupos.
Sugestão:
exibir
o
vídeo
“a
história
das
coisas”.
Disponível
em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=212
26>. Acesso em: 04 out. 2012
a) Identificar no vídeo as características dos mundos 1, 2 e 3.
b) Após o vídeo - elaborar um texto relacionando a teoria dos três mundos com
o conteúdo do vídeo; descrever de que modo cada mundo afeta um ao outro elencar aspectos positivos e negativos dessas relações.
69
Popper afirma a autonomia relativa dos três mundos, e quanto ao Mundo 3,
afirma que esse mundo é o que faz a ligação entre os mundos 2 e 1. Se de fato o
Mundo 3 existe, ele é “pelo menos em parte autônomo”. Também, quer saber se
realmente o Mundo 3 afeta o Mundo 1, e nesse sentido é inevitável aceitar que o
Mundo 2 exista, uma vez que ele faz as interações. A dúvida que permanece é
quanto às condições para se obter certeza de que os objetos teóricos do mundo 3
correspondem aos objetos físicos do Mundo 1. Trata-se de uma dúvida quanto ao
alcance da ciência, uma dúvida epistemológica sobre nosso acesso ao
conhecimento. Ele prefere afirmar, nesse contexto, que é mais racional duvidar de
teorias do que crer nelas, pois, se estiverem certas nós não reconheceremos a
verdade e se estiverem erradas, nós podemos apontar sua falsidade.
Atividade 7
Forme pequenos grupos.
Debate: problematizar com a turma a pertinência, das bibliotecas; dos livros e em
especial dos problemas e das teorias para a compreensão e a interferência no
mundo físico; no intuito de melhorar as condições de vida das pessoas, das
sociedades, enfim, da humanidade.
Após reflexão – elaborar um texto com a questão a seguir:
a) O que aconteceria se todos os livros fossem gravados em mídia digital, e
depois de descartados, aconteça um cataclismo no sistema de geração de
energia elétrica no mundo como um todo. Não sendo mais possível recuperar as
informações das mídias eletrônicas, o homem recomeçaria desde os primórdios
da humanidade, ou, teria ele condições de mesmo assim, recuperar o mundo 3 e
continuar evoluindo? Como? De que forma? Justifique.
70
Segundo Popper, a linguagem e o pensamento evoluem concomitantemente.
“A linguagem humana propicia o pensamento, a existência de elementos do Mundo
2, esses elementos enquanto subjetivos apenas no âmbito da mente são totalmente
diferentes do “formulado numa linguagem objetiva”. Tal diferença, se deve ao
aspecto de termos formulado numa linguagem objetiva, pois, nesse caso, nós o
exteriorizamos, e então, ele passa a ser passível de crítica por outrem. Enquanto
retermos em nossa mente, ele não se torna objeto de crítica. E uma vez
externalizado pela linguagem objetiva torna-se um elemento ou objeto do Mundo 3.
Então, aqui temos uma diferença, enquanto apenas imaginamos uma ideia
ou intuímos, isso é subjetivo, pertence ao mundo 2, a nós; mas, ao “formularmos
numa linguagem humana”, escrever ou gravarmos em alguma mídia, ele é objetivo e
pertencerá aos objetos do Mundo 3. (POPPER, 1988, p.119).
Investigando a
autonomia
humana.
Conclui Popper, que o universo “forçosamente aberto” é uma tese cujo
referencial teórico constituído pelos humanos em periódicos, revistas, livros e
bibliotecas, também estão presentes fisicamente no Mundo 1. No Mundo 3, existem
objetos falíveis que almejam descrever a falibilidade do referencial teórico humano.
No entanto, “não poderíamos fazer esta descoberta” sem a existência de um
agregado teórico humano. Uma vez conquistado esse empreendimento, nós não
mais prescindimos da existência desse referente teórico. (POPPER, 1988, p. 128).
Com efeito, é mais plausível refutar o referente de “um universo fechado tanto no aspecto causal quanto probabilisticamente fechado”, pois não haveria
espaço para a ação humana e a conjectura dos três mundos seria inócua.
Conquanto que “o nosso universo é parcialmente causal, parcialmente probabilístico
e parcialmente aberto: é emergente”. Nesse universo, mais precisamente com o
Mundo 3, e a interação com os mundos 1 e 2, o homem assume o papel de ator, e
não de um mero espectador. Segundo Popper:
71
O homem com certeza faz parte da natureza, mas ao criar o Mundo 3
transcendeu-se a si mesmo e a natureza, mas transcende a natureza – pelo
menos, tal como existia antes da emergência da linguagem humana e do
pensamento crítico e do conhecimento humano. (POPPER, 1988, p. 128).
Realça Popper, só o indeterminismo não seria suficiente para dar garantias
de se almejar a liberdade humana, também, necessitava da abertura do “Mundo 1
para o Mundo 2, e do Mundo 2 para o Mundo 3”. O mundo 3 é abertura à liberdade e
a criatividade como condição de desenvolvimento do conhecimento humano.
Todavia, a partir de então, podemos abordar autonomia humana no contexto do
indeterminismo como característica inerente à liberdade humana, a qual nos permite
confrontar referenciais teóricos que muitas vezes nos tornam prisioneiros de uma
única conjectura de mundo. Confrontar teorias e criar rupturas, é sentir-se livre nas
escolhas; é estar ciente de que, é por meio desse processo que avançamos no
conhecimento humano.
E por meio da crítica racional, podemos sempre nos libertar de nossas
proposições,
dos
dogmas,
reconstruindo
nossas
conjecturas
sobre
novos
conhecimentos. Para o filósofo, não há “dúvida de que possuímos tal liberdade; a
relação mantida com” teorias, conhecimento científico, leis e teorias disponíveis nas
bibliotecas só são possíveis se formos livres. Para contrapormos teorias, leis com
elementos do mundo físico, compreender as suas múltiplas relações que estão
imbricadas, e o significado que representam, não quer dizer que devemos aceitá-los,
mas sim vislumbrar que existe um universo de teorias opostas.
O que necessitamos, por conseguinte, é refletir, elaborar juízo de valor, a fim
de obter a preferência por uma teoria que seja mais plausível sobre as demais,
neste caso “há que compreendê-las todas” (POPPER, 2009, p. 201), ou seja, refutar,
elaborar juízo crítico de determinada conjectura, prescinde da inteligibilidade.
E, por conseguinte a liberdade engendra a perspectiva da natureza humana
em poder escolher, escolher em apenas descrever a realidade do mundo físico ou
também, descrevê-la e explicá-la.
72
Atividade 8
Sugestão: retomar a leitura da unidade: Autonomia humana no contexto do
indeterminismo, determinismo e a teoria dos três mundos.
a) Explicar o sentido da relação que o autor faz entre determinismo: (relógio),
máquinas, planetas e o Indeterminismo: com as (nuvens), o comportamento
humano etc.
b) Fazer o discernimento entre a mecânica newtoniana e a mecânica quântica
de Heisenberg quanto à causalidade das ações humanas e a ocorrência de
fenômenos naturais.
c) Identifique e cite quais argumentos Popper utiliza para defender a
possibilidade da autonomia humana.
d) Elabore um texto dissertativo discorrendo sobre as próprias ações e
acontecimentos do seu
cotidiano
escolar que
podem
ser ligados ao
determinismo, ao indeterminismo; e também, como a teoria dos três mundos de
Popper pode auxiliar para compreendermos a nossa relação com o mundo.
Atividade 9
Sugestão: assistir uma 3ª parte do filme de ficção - Menority Report, A nova lei (2002),
uma interpretação de Steven Spielberg, com base, a uma história do escritor Philip K.
Dick. Cujo papel principal é ocupado por Tom Cruise – o enredo do filme se passa no
ano de 2054, propicia uma boa investigação acerca do problema da liberdade, do livrearbítrio, e também enaltece a discussão sobre o determinismo e o indeterminismo, da
causalidade - se nossas ações são causadas por agentes internos, ou se são frutos do
nosso livre-arbítrio?
Continua ...
73
(atividade 9)
Sinopse do filme:
A maioria das crianças pré-cognitivas – precogs, morrem aparentemente por inabilidade de
distinguir o presente do futuro. Três delas sobrevivem (Arthur, Dashiel e Agatha). Ambas
são drogadas e forçosamente mantidas numa piscina para flutuar. Por terem capacidade
de prever crimes antes que eles aconteçam. Em torno delas é construído um novo
departamento de polícia. Unidade Pré-crime.
a) Após o filme, refletir e problematizar o conceito de causalidade com os alunos – acerca
das nossas ações serem livres ou não.
b) solicite uma dissertação sobre o conceito de liberdade que deve estar fundamentado
com os conceitos de: (determinismo e indeterminismo) - justificar se somos livres ou não.
Filme - MINORITY Report: a nova lei. Direção: Steven Spielberg. Beverly Hills: Fox, 2003. 1 DVD.
5.6 Referências
MILLER, David(Org.) - karl Popper. Textos seletos. Rio de Janeiro. Editora Contraponto:
PUC RIO, 2010.
POPPER, Karl. Um Mundo de Propensões. Lisboa. Editorial Fragmentos, 1991.
POPPER, Karl. Universo Aberto. Lisboa. Pub. Dom Quixote, 1988.
Foto1.
Disponível
no
site:
<https://picasaweb.google.com/107770552892988893756/CidadesParanaensesCuritiba?nor
edirect=1#5502337706265240722>. Acesso em: 12 nov. 2012.
Foto2.
Disponível
no
site:
<https://picasaweb.google.com/107770552892988893756/Alunas?noredirect=1#561880633
0963349394>. Acesso em: 12 nov, 2012.
Foto3.
Disponível
no
site:
<https://picasaweb.google.com/107770552892988893756/LivrosDidaticosPublicos?noredire
ct=1#5502359736653469026.> Acesso em: 12 nov. 2012.
74
6. UNIDADE V: Função das teorias na visão realista e instrumentalista da
realidade
6.1 Introdução do tema
O tema que procede complementa as unidades precedentes com via a duas
leituras ou visões de mundo; a visão realista e a instrumentalista da realidade. A
visão realista, segundo Popper, teve como precursor Galileu Galilei. Que na ânsia de
interpretar e compreender o universo não apenas em referenciais teóricos
descolados de uma realidade inteligível, passa a confrontar teorias com caracteres
da matemática. Todavia, ao submeter teorias à mensuração do instrumental da
matemática, passou a valorizar além da racionalidade teórica, também a empiria
como método.
Nesse sentido, Popper retoma em Galileu a visão realista da realidade para
contrapor a instrumentalista, que nos seus argumentos, essa última, apenas
descreveria os fenômenos sem preocupar-se em explicá-los.
Retomar essas questões a luz da contemporaneidade, possibilita vislumbrar
as teorias como lentes para os nossos olhos, formas pelas quais lemos e
interpretamos o mundo. Se por um lado, a teoria também pode ser considerada
ideologia, que tolhe a razão, que nos torna dogmático e refém de um único
referencial teórico - de uma única visão de mundo; por outro lado, a teoria pode
expandir mossa visão de mundo, orientando a pesquisa e a produção de novos
saberes científicos. Daí a importância de escolher referenciais teóricos que além de
descrever, de explicar a realidade, propiciem abertura a criticidade das nossas ideias
e dos próprios referenciais que nos auxiliam a pensar e refletir melhor.
75
Atividade 1
Sugestão: Fazer um diagnóstico com os alunos sobre os conceitos de: realidade,
idealismo e realismo.
Exibir vídeo: Matrix – O que é Real? Duração 1,25 minutos. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=4w7Hzgr2ffQ>. Acesso em: 30 out. 2012
Questões mobilizadoras:
a) As coisas existem independente de nós existirmos?
b) Se nós não pensarmos sobre a realidade material, mesmo assim elas existem?
c) Só existe aquilo que podemos ver, ou sentir?
d) O que é real? Ou, o que é a realidade?
6.2 Teorias: realista e instrumental da realidade
Na concepção realista, ou do realismo, a função primordial das teorias é
descrever a realidade do mundo, da forma mais plena possível, como realmente é.
As coisas materiais, árvores, nuvens, pedras existem independente de nós
existirmos ou de as pensarmos. Assim, a realidade material dos objetos se distingue
do pensamento por serem entidades concretas que independem da nossa
existência, um animal, uma planta.
Segundo Popper, podemos considerar duas visões acerca do realismo, a do
“realismo ingênuo” que se apega estritamente ao instrumentalismo; ao qual o filósofo
desfere duras críticas, e uma segunda, de um realismo mais realista que admite a
impossibilidade de podermos conhecer tudo o que existe. A visão instrumentalista da
realidade concebe as teorias como instrumentos matemáticos únicos, capazes de
descrever as particularidades do mundo. Nesse caso, a concepção instrumentalista
vai de encontro à ideia de teorias científicas, de cunho mais pragmático e mecânico.
Na intencionalidade de descrever a verdadeira realidade que está velada por
detrás das essências das coisas, o conhecimento instrumental é o único meio
plausível de se conhecer; qualquer outro sentido é um engano, um “erro”. Segundo
76
esse instrumentalismo, “o conhecimento é poder e a verdade é utilidade”. Nesse
sentido, não há muita preocupação com elaboração de conjecturas explicativas,
mas, o objetivo é alcançar verdades que pairam acima de qualquer dúvida
(POPPER, 1975, p. 387). No entanto, este tipo de instrumentalismo que se exime de
qualquer discussão filosófica, Popper denominou dogmático, ou essencialista2.
Popper se posiciona contra a opinião daqueles que tencionam a visão
instrumentalista das teorias científicas, por atribuírem a ciência uma conotação
pragmática, de caráter utilitarista. Para Popper, essa visão denota uma ameaça a
“cultura verdadeira”, nos apavora com o possível domínio pelos não letrados. Eles
evitam comentar qualquer aproximação com as áreas humanas. Além disso, para
Popper a atividade teórica consiste na tentativa constante de constituir uma
compreensão sempre mais abrangente do mundo em que vivemos e de nós próprios
nesse mundo, trata-se de constituir uma imagem cosmológica tão verdadeira como
possível.
Atividade 2
a) Releia o tópico anterior: Teoria: realista e instrumental da realidade e
compare-a com o conceito de realismo em Berkeley – Texto: “Teoria da visão
defendida e explicada” p.117-120. Ver referência abaixo.
b) Pesquise sobre as diversas conotações do idealismo na concepção filosófica –
texto idealismo filosófico. Disponível em:
<http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2112700>. Acesso em: 25 out. 2012.
Antologia de Textos Filosóficos/Jairo Marçal, organizador. - Curitiba: SEED – Pr.,
2009. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/ca
derno_filo.pdf>. Acesso em: 25 out. 2012.
2 - Karl Popper chamou de E. Metodológico “a corrente de pensamento introduzida e defendida por
Aristóteles, segunda a qual a pesquisa científica deve penetrar até a essência das coisas para poder
explicá-las”. (ABBAGNANO, 2003, p. 363). A tarefa da ciência é “buscar o conhecimento puro”, aquilo
que está oculto por de trás da realidade sensível, da essência das coisas e “descrevê-las por meio de
definições”. (POPPER, 1987, p. 45-46).
77
Investigando: a
teoria
instrumentalista
aa.
Nesse sentido, não se poderia falar em progresso da ciência, uma vez que
suas descobertas seriam apenas fruto de invenções mecânicas. As teorias seriam
apenas instrumentos incapazes de desvelar o que está oculto no mundo da nossa
experiência. Elencando apenas aspectos superficiais do mundo físico, ou seja, as
teorias científicas mal descreveriam o mundo, não o explicariam – enfim,
consideradas um mero aparato instrumental à mercê de uma concepção pragmática
e utilitária. (POPPER, 1994, p. 130).
Popper, não tem a intenção de atribuir característica negativa ao “moderno
instrumentalismo”, tal qual foi descrito no parágrafo anterior, mas de ressaltar seu
ponto de vista, de que a ciência não é um conhecimento científico inquestionável, ou
apenas um conjunto de técnicas bem elaboradas.
Segundo o filósofo, a concepção mais condizente à ciência, seria
caracterizá-la como: senso comum, técnica, experiência e conjecturas norteadas
pela razão crítica. Também enfatiza, que se deve evitar situar a discussão a um
racionalismo critico despretensioso e, a uma crença engessada e reacionária de que
não necessitamos saber mais do que já sabemos sobre o mundo. Não há razão de
se pensar dessa forma, principalmente quando enaltecemos a conquista e
benefícios alcançados pela humanidade através da ciência.
Popper busca defender a ideia de uma ciência cuja visão de mundo esteja
alicerçada num realismo, que já tem suas raízes desde a tradição da ciência grega.
Na Grécia clássica, os textos filosóficos de: “Tales, Demócrito, Timeu de Platão e
Aristarco” propuserem compreender e explicar o cosmos, a realidade das coisas,
não apenas nos mitos, mas principalmente, fundados em princípios racionais.
78
Atividade 3
Sugestão: Releia os tópicos anteriores: função da
instrumentalista da realidade e responda as questão a e b.
teoria
realista
e
a) Faça o discernimento entre ambas às teorias e apresente o s prós e contras.
b) Cite a teoria criticada por Popper e as razões que o levaram a se posicionar
contra a essa visão de mundo.
Sugestão: Filme – Ágora. Assitir uma 6ª parte, apenas, as cenas em que a
filósofa Hipácia indaga sobre questões filosóficas e cosmológicas – tempo 16
min.
c) As cenas tencionam enaltecer a ênfase que Popper atribui à tradição da
ciência grega, em especial Aristarco e outros, fazendo emergir questões
cosmológicas e da teoria do realismo.
Sinopse: O filme retrata acontecimentos no século IV no Egito, centrado na
história da astrónoma e filósofa Hipácia de Alexandria. A partir da Biblioteca de
Alexandria, Hipácia se envolve num empreendimento para salvar a sabedoria do
mundo antigo que está sob a ameaça de questões religiosas.
d) Pesquisar sobre a importância da biblioteca de Alexandria na época e o papel
desempenhado por Hipácia - a primeira mulher filósofa século IV d.C, que já na
época, faz emergir questões ligadas a teoria do realismo e do heliocentrismo.
Filme: Ágora. Direção: Alejandro Amenábar. Espanha, Mod Producciones, 2009
Idioma: Inglês Legendas: Português Gênero: Drama, Épico Duração: 127 min.
6.3 Galileu – junção da razão intelectual com o instrumental da matemática
Não obstante, a elaboração de conjecturas e teorias tornou possível
ultrapassar a compreensão dada pelos sentidos. Mas, foi com a "tradição de
Galileu", que obteve maior admiração, e também culminou com o nascimento da
ciência moderna. Comenta Popper, que Galileu prestou homenagem a outros dois
grandes pensadores, a “Aristarco e Copérnico”, pois ambos os filósofos foram
79
ousados em conjecturar o sistema heliocêntrico por meio de teorias, sem apegar-se
aos sentidos, o que corroborou para o progresso da ciência.
Isso, por si só, já seria de grande mérito ao exercício da criação imaginativa.
Porém, o maior feito foi a expectativa da aplicação de provas empíricas, em explicar
o
“conhecido
pelo
desconhecido”,
deduzindo
de
algumas
regularidades
hipostasiadas e desconhecidas, o universo conhecido. Assim, o êxito dessa façanha,
não se deve tão somente aos instrumentos de pesquisa, à matemática, o telescópio,
mas culmina com a aptidão intelectual do ser humano.
Para Popper, a autenticidade de Galileu ao retomar os princípios teóricos de
Copérnico, foi em não se apegar ao credo do referencial matemático e a seus efeitos
práticos e ao de relacionar o instrumental da matemática com a experiência,
submetendo a testes empíricos (POPPER, 1975, p. 390). Não obstante, há também,
uma preocupação em buscar uma visão mais realista da realidade. Diz Popper, ele
não se deixou levar pelo enaltecimento da astronomia clássica, notabilizada nas
teorias matemáticas como uma espécie de fórmulas engenhosas.
Mesmo a astronomia clássica, sendo assertiva na mensurabilidade dos
movimentos dos astros, prescindia ainda, de maior coerência na explicitação da
realidade dos corpos celestes. Para Popper, a notabilidade de Galileu, foi adequar o
instrumental da matemática com a empiria, para melhor predizer os fenômenos do
sistema heliocêntrico. Entretanto, o objetivo era de não apenas descrever sobre os
fenômenos observados por meio de fórmulas, mas também, com uma explicação
que fosse mais próxima da realidade que ocorria no céu. Desse modo, ele evitou
cair na visão meramente instrumentalista da realidade que aproximaria à ciência da
imagem mecanicista.
Com base nessas questões sobre a ciência, Popper pretende posicionar-se
a favor de Galileu, na intenção de salvaguardar parte da teoria que melhor corrobora
na visão realista da realidade, contrapondo à visão de uma ciência instrumentalista.
Nesse embate, Popper apresenta três concepções sobre o conhecimento existente
na ciência galileana. Das três teses, ele defendeu apenas uma, a primeira, e teceu
duras críticas às outras duas: o essencialismo e o instrumentalismo.
80
Atividade 4
Sugestão: exibir o vídeo: Trechos do documentário "Galileu, o mensageiro das
estrelas", 11,46 min. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=T9DLF7SWkqs>. Acesso 01 dez. 2012.
a) Anotar os experimentos e as conjecturas de Galileu elencados no vídeo, o
objetivo das suas pesquisas e o que pretendia provar.
b) Relacione os experimentos e as conjecturas de Galileu com a concepção da
teoria realista da realidade, descrita no tópico acima: “6.3 Galileu – junção da
razão intelectual com o instrumental da matemática”, isto é, demonstre em
que sentido suas experiências se caracterizam como uma nova visão de mundo.
6.4 Três concepções sobre o conhecimento
A primeira tese: “o cientista aspira a encontrar uma teoria ou descrição
verdadeira do mundo (e especialmente de suas regularidades ou 'leis'), que sejam,
também, explicação dos fatos observados”. Popper opta por essa tese, por ser uma
alternativa que se interpõe entre o essencialismo e o instrumentalismo. Ela é uma
das três conjecturas das teorias científicas que melhor se adéqua à concepção de
ciência que vem defendendo; também, por possuir perspectivas ousadas, que
tencionam desvelar o que está velado por trás das aparências das coisas. Desvelar
a verdade cristalizada, mas ciente, de que não pode ser provada conclusivamente e
sim refutada. Sendo refutada deve propor outra a substituí-la.
A compreensão popperiana acerca da ciência pode ser descrita no seguinte
81
sentido: a ciência é um conjunto de conjecturas e procedimentos metódicos
representados por: teorias científicas, a “techné”, técnica que não representa uma
epistemologia irrefutável e segura, que também podem ser caracterizados como
“dóxai (opiniões, conjecturas)”, mediadas por testagem empírica. Independe de
quantas vezes uma proposição teórica tenha sido corroborada, a incerteza sempre a
acompanhará. Quando uma teoria é submetida a um teste, suas proposições ao
serem refutadas, informam pela natureza das coisas, que o real foi questionado, ele
manifestou-se negativamente, contrapondo-se à hipótese; é nesse momento que o
pesquisador ou cientista conhece o real. (POPPER, 1994, p. 130).
Na segunda tese “O cientista pode ter sucesso em estabelecer, finalmente, a
verdade de tais teorias além de toda dúvida razoável” (POPPER, 1975, p. 392). Diz
o filósofo, que esta segunda requer acertos. O que os cientistas fazem é submeter
suas teorias a testagem empíricas, e refutar todas aquelas que não corroboram as
expectativas planejadas. Entretanto, é preciso estar ciente de que não há certeza
sobre a plausibilidade das novas provas, de que elas também, não possam exigir
alteração ou eliminar a sua nova teoria. Desse modo, todas as teorias permanecem
hipóteses temporárias, “são conjecturas (dóxai)” contrárias ao conhecimento
irrefutável epistêmico.
A terceira tese é denominada de essencialismo. “As melhores teorias, as
verdadeiramente científicas, descrevem as “essências”, ou a ”natureza essencial”
das coisas – as realidades que estão por trás das aparências”. Afirma Popper, que
essas teorias não prescindem de explicações posteriores, pretendem os cientistas é
justamente encontrá-las. (POPPER, 1975, p. 392). Parra Popper a essência do que
quer que seja é inalcançável por ser inabordável, assim, estão errados aqueles que
acreditam na possibilidade de apreender a essência dos processos da natureza ou
das relações sociais. Não há teoria que não deva ser revista, todas são falíveis e
mais cedo ou mais tarde todo dogma essencialista mostrar-se-á limitado, incompleto
e errado.
Para Popper, as teorias científicas, não podem sem caracterizadas apenas
como um conjunto de instrumentos matemáticos; sem pretensão a verdade, a um
alcance epistêmico. Concluindo a crítica, para o instrumentalista as teorias
científicas constituem-se em mero aparato instrumental matemático que auxiliam na
82
descrição dos fenômenos observados. Os instrumentos atendem mais a questão de
utilidade para mais, ou menos adequados, não tencionam alcançar uma explicação
verdadeira sobre o mundo empírico.
Vislumbrar as teorias científicas como instrumentos, é pôr obstáculos ao
progresso da ciência e dificultar o avanço do conhecimento científico. Mesmo assim,
finaliza Popper, concebê-las como instrumentais, e que seus pressupostos não
atendem a outras instâncias, além da sua especialização para a qual fora elaborada,
continua sendo fundamental na esfera da sua aplicação. Quando uma teoria é
utilizada em âmbitos que transcendem a sua especialização, para a qual fora criada,
pode colher tanto resultado positivo ou negativo. Caso o resultado seja bom,
continua com ela; do contrário, os limites são explicitados; surgindo daí, a
necessidade de se construir nova proposição que a suprime, que solucione o
problema emergido.
Atividade 5
Sugestão: reler o tópico: as três concepções do conhecimento e responda a
questão abaixo:
a) Elabore um pequeno texto explicitando as diferenças das três teses acerca
do conhecimento.
b) Quais as razões que induziram a Popper caracterizar as teorias do
essencialismo e do instrumentalismo como visão da realidade instrumental e
qual a consequência desse tipo de visão para o avanço conhecimento,
justifique.
c) Identifique e cite a concepção de ciência em Popper.
d) Segundo Popper, defender as teorias científicas como conjunto de
instrumentos mecânicos, traz quais consequências para o progresso da ciência?
Explique.
83
Atividade 6
Sugestão: exibir vídeo: filosofia da ciência parte_5 - 5,19 min. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=19658>.
Acesso em 28 out. 2012.
Após o vídeo: explicitar a concepção do mito do cientificismo - o saber científico pretende
apresentar-se como neutro - refletir com os alunos sobre as consequências de tais
concepções sobre nossas vidas.
Questões norteadoras:
a) O que pode implicar a noção da neutralidade da ciência?
b) Qual a preocupação de Popper em discernir as teorias na visão realista e
instrumentalista da realidade?
c) O que seria essa razão manipuladora que o apresentador fala no vídeo?
d)Qual é a consequência saber especializado na formação humana do homem
moderno?
Atividade 7
Forme pequenos grupos.
Sugestão: ler o texto: O pensar, obra: A vida do espírito, Hannah Arendt , pg.5-14.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/34318215/ARENDT-Hannah-A-vida-do-espiritoo-pensar-o-querer-e-o-julgar>. Acesso em: 09 out. 2012.
Refletir com os alunos sobre a importância da atividade do “pensar”, do pensar por si
mesmo, dos prós e contras no uso das tecnologias: como o perigo de inibir a criatividade,
a imaginação e o próprio pensar humano.
Questões norteadoras:
a) O que é o Pensar?
b) O cientista, o estudioso pensa melhor que o indivíduo comum? Justifique.
c) Todos são capazes de pensar indistintamente da classe social a qual pertencem?
c) O que é o pensamento?
e) Como posso saber se o outro também pensa?
d) O mal significa ausência do pensar?
g) As tecnologias podem causar algum mal ao homem e a sociedade? De que forma?
84
6.5 Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Editora Martins Fontes,
2007.
POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. 3º Ed. Tradução. Sérgio Bath, Brasília,
Unb, 1994.
POPPER, Karl. O Realismo e o objetivo da ciência. Lisboa. Pub. Dom Quixote,
1987.
POPPER R. KARL.Três concepções acerca do conhecimento. Tradução de: P. R.
Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1975, (Os Pensadores).
RICKEN, Friedo (Org.). Dicionário de Teoria do Conhecimento e Metafísica. São
Leopoldo: Unisinos, 2005.
85
7. UNIDADE VI - AVALIAÇÃO
O processo avaliativo consiste em diagnosticar por meio de seminário; com
apresentação oral e de texto escrito individual e socializado. A clareza que o aluno
tem do tema em questão, se ele apropriou-se dos referentes teóricos, dos conceitos
trabalhados nas unidades e de que forma os mobiliza na contextualização da
temática.
Cada aluno deve entregar individualmente um relatório síntese de todas as
temáticas apresentadas. E cada grupo, texto dissertativo juntamente com um mapa
conceitual do tema apresentado.
Após a contextualização do tema, dos elementos que norteiam a
problematização, espera-se que os referentes teóricos: da conjectura, da refutação,
do falibilismo, do método hipotético dedutivo, das teorias, realista e instrumentalista
da realidade estejam presentes. Tanto nos textos como na oralidade, dando a
entender, que tais elmentos estão em vias de serem compreedidos.
Para concluir, como sugestão negociar com os grupos a entrega de um
cartaz por grupo ou a elaboração de uma maquete conforme o conteúdo da temática
permitir.
Ainda sobre a formação de grupos para o seminário, na tabela abaixo é sugerido na
coluna “nº alunos” por grupo. E na coluna TEMA, a relação de assuntos para o
desenvolvimento dessa atividade que estão localizados nas obras descritas na
bibliografia, final desta unidade.
86
GRUPO
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Alunos
TEMA
5.1 Pitágoras e a Harmonia Musical do
Universo. pg. 51-55.
5.2 Parmênides, Zenon e Heráclito. pg 55-56.
5.3 Thales, Anaximandro, Anaximenes e
Empédocles. pg 56-57.
5.4 Os Atomistas: Leocipo e Demócrito. pg 5859.
5.5 Platão: o mundo das idéias. pg 60-61
5.7 A Mecânica Aristotélica. pg. 62-65.
5.8 Modelo Geocêntrico e Geoestático de
Ptolomeu. Pg. 65-66.
5.9 Arquimedes e o princípio a Hidrostática da
alavanca. Pg. 66-68.
5.10 Erastótenes e a Determinação do Raio da
Terra. Pg. 68.
5.11 Ptolomeu e o Sistema Geocêntrico. Pg.
69-70.
6. A Revolução Copernicana: Surgimento de
uma Nova Ciência. Pg. 70-74.
7. Kepler: Novas Descobertas e o Antigo Ideal
Pitagórico. Pg. 75-78.
7.1. As leis de Kepler para o movimento dos
planetas. Pg. 79-81.
7.2 A nova Música das Esferas. Pg. 81-82.
8. Galileu Galilei: o Mensageiro das Estrelas;
pg 82-83.
8.2 O Método Científico. Pg. 84-85.
8.3 O Principio de Inércia. Pg. 85-87.
9. O Racionalismo Cartesiano. pg 87-90.
9.1 A Teoria dos Vórtices. pg 90-91.
12.1 A Lei da Gravidade. Pg. 103-105
12.3 A Cosmogonia Newtoniana. Pg. 110-111.
13. A Teoria das Marés, Segundo Galileu e
Newton. Pg. 111-112.
13.1 A Teoria de Galileu. Pg. 112-113.
13.2 As Marés Segundo a Teoria da
Gravitação de Newton. Pg. 113-114.
15.A Origem das Galáxias e do Sistema Solar,
Segundo Kant. Pg. 120-123.
17.A Mecânica Newtoniana e o Iluminismo.
Pg. 126-128.
4. A Busca da Relatividade Geral; pg. 292-293.
5. Einstein Versus Newton. Pg. 293-294.
7.3 Probabilidade e Incerteza. Pg. 337-339
3. A epistemologia anárquica de Paul K.
Ferabend. Pg. 1050-1051
3.3 A provocação de “Contra o método”. Pg.
1052-1054.
1.Thomas S. Kuhn e as estruturas das
revoluções científicas. Pg. 1042-1044;
1.2 As revoluções científicas. Pg. 1044-1045.
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Data/
Apresentação
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7.1 Referências
ROCHA, José Fernando M.(Org). Origens e evolução das ideias da física.
Salvador: EDUFBA, 2002.
GIOVANNI, Reale e Antiseri. História da filosofia: Do Romantismo até nossos. 6ª
Editora PAULUS, São Paulo, 2003.
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