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Trabalho 3111 - 1/3
A EFETIVA INSTAURAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL PARA A EDUCAÇÃO
E O CUIDADO EM ENFERMAGEM: CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA DE
EDGARD MORIN
Silva, Rose Mary Costa Rosa Andrade1
Pereira, Eliane Ramos2
Silva, Marcos Andrade 3
Peixoto, Sidney de Souza4
Trata-se de um trabalho que tem como objeto de estudo as contribuições da
Filosofia de Edgard Morin para a educação e o cuidado em enfermagem por
serem questões cruciais em nosso tempo na medida em que uma saúde e uma
educação de qualidade se oferecem como possibilidades de reconstrução do
tecido fragmentado do mundo e da humanidade. É preciso lembrar também que a
educação e o cuidado em enfermagem devem propiciar o desenvolvimento de
uma consciência ambiental dentro de uma política de sustentabilidade. Objetivouse levantar a partir bibliografia de Edgar Morin concepções filosóficas como
contribuição para a educação e o cuidado em enfermagem no sentido de uma
efetiva instauração da consciência ambiental. Metodologicamente trata-se de
estudo
reflexivo.
Para
maior
embasamento
teórico,
realizou-se
leitura
compreensiva principalmente das obras como Os sete saberes necessários à
educação do futuro, Introdução ao pensamento complexo e Ciência com
consciência, evidenciando seus conceitos centrais. Como resultados, obtivemos
que o conhecimento que recebemos, por mais exato que possa parecer, é sempre
uma tradução, seguida de uma reconstrução. Portanto, temos percepções, ou
seja, reconstruções, traduções da realidade. E toda tradução comporta o risco de
erro. Neste sentido, o conhecimento pertinente é aquele que não mutila o seu
objeto, nesse sentido, o conhecimento pertinente é aquele que não se limita à
disciplina, mas é antes de tudo o que me permite ter uma visão capaz de situar o
conjunto. Diante disso: "O conhecimento do mundo como mundo é necessidade
ao mesmo tempo intelectual e vital." (MORIN, 2000 p. 35). A Identidade Humana é
Enfermeira e filósofa. Doutora em Enfermagem-UFRJ/EEAN/Professor Associado da
EEAAC/UFF. Email: [email protected]
2
Enfermeira. Doutora em Enfermagem-UFRJ/EEAN/Professor Associado da EEAAC/UFF.
3
Enfermeiro. Mestre em Enfermagem UNI-RIO- Professor da UGF/RJ.
4
Enfermeiro. Mestre em Educação. UGF- Professor da UGF/RJ.
1
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Trabalho 3111 - 2/3
de suma importância na medida em que somos indivíduos, mas como indivíduos
somos, cada um, um fragmento da sociedade e da espécie Homo sapiens, à qual
pertencemos. É importante frisar que “a educação deve favorecer a aptidão
natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma
correlata, estimular o uso total da inteligência geral" (MORIN, 2000, p.39). Diante
disso mister se faz compreender que é preciso que tanto na saúde como na
educação levemos em conta a singularidade de cada sujeito que cuido e que
também ensino. A compreensão humana em nossa práxis também é de suma
importância, pois comporta uma parte de empatia e identificação com o outro,
mas também comigo mesmo e com o mundo que me cerca. É preciso
“culturalizar” o nosso entorno, a nossa práxis. Não podemos nos esquecer como
nos ensina Morin (1999, p.10): “(...) Não se trata apenas de modernizar a cultura,
mas de culturalizar a modernidade”. A incerteza também precisa ser ensinada,
pois é necessário mostrar em todos os domínios, sobretudo na história, o
surgimento do inesperado, daquilo que foge ao domínio, pois a educação clássica
parece ter ensinado o mundo de certezas quando que na verdade esta não é a
nossa realidade cabal. Com efeito: “daí decorre a necessidade de destacar, em
qualquer educação, as grandes interrogações sobre nossas possibilidades de
conhecer” (MORIN,1999, p. 31). A condição planetária hoje, mais do que nunca,
não é mais a preocupação apenas de uma nação, todos fazemos parte de uma
grande rede. Com Morin (2000, p. 23) aprendemos que: "O planeta Terra é mais
do que um contexto: é ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que
fazemos parte". Tomando como base tal asseveração, é relevante mostrar que a
humanidade vive agora uma comunidade de destino comum. Só poderemos
vivenciar a efetiva conscientização ambiental se assumirmos a antropo-ética
como estilo de vida e a admissão da alteridade radical do outro. A antropo-ética
ajuda a tomada de consciência social que leva à cidadania e precisamos neste
mundo globalizado, tecnicista, movido por uma razão instrumental e não
dialógica, redescobrirmos e ressignificarmos a dimensão humana valorizando-a e
primando por uma ética que admita a alteridade. É preciso, portanto, ter a
coragem de compreender o outro: “Compreender inclui, necessariamente, um
processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre subjetiva, a
compreensão pede abertura, simpatia e generosidade” (MORIN, 1999, p. 95). Há
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Trabalho 3111 - 3/3
de se pensar e considerar em nosso tempo o legado da Antiguidade que ainda é
presente e ordena a sociedade pós-moderna. Lembremos sempre que os
ensinamentos renascentistas nos levaram ao Humanismo, cuja essência nos
trouxe a valorização de todos os homens. Precisamos compreender que: “na
direção de um assistir pautado na complexidade, que proporciona condições de
participação dos clientes/atores no planejamento dos cuidados à sua saúde”
(SILVA e CIAMPONI, 2003, p.13). Conclui-se que a enfermagem deve ter como
preocupação primeira formar cidadãos planetários, solidários e éticos a fim de que
possamos efetivamente desenvolver uma práxis livre, transdisciplinar e que
sobretudo tenha como instância primeira e norteadora a auto-ética, a sócio-ética e
a antropoética para que se instaure a verdadeira “planetarização”, o mundo global
sem hegemonias e para além das geopolíticas.Ainda vale a pena reduzir as
desigualdades para incluir, pois esse é o caminho da autêntica metamorfose.
Descritores:
Meio
Ambiente,
Ecologia
Humana,
Cuidados
Básicos
de
Enfermagem, Educação em Enfermagem, Filosofia em Enfermagem
Bibliografia:
MORIN, E. Os sete saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Cortez,
1999.
MORIN, E. Complexidade e Transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do
ensino fundamental. Natal: EDUFRN, 1999.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; 2000.
SILVA, Ana Lúcia da; CIAMPONE, Maria Helena Trench. Um olhar paradigmático
sobre a Assistência de Enfermagem: um caminhar para o cuidado complexo. Rev.
Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 37, n. 4, Dec. 2003.
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