SÃO JOÃO BATISTA
Dom Fernando Areas Rifan*
Hoje celebramos a festa de São João Batista, um dos santos “juninos”, ao lado de
Santo Antônio (dia 13) e São Pedro (dia 29). Vale recordar ainda hoje, para nossa
edificação, o exemplo daquele de quem Jesus disse: “Entre todos os nascidos de
mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11,11).
João Batista, assim cognominado pelo batismo que administrava, foi o precursor de
Jesus, aquele que o apresentou ao povo de Israel. Filho de Zacarias e Isabel, foi
santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa Senhora, já grávida do
Menino Jesus. Por isso a Igreja festeja, no dia 24, o seu nascimento, ao contrário de
todos os outros santos, dos quais ela só comemora a morte, ou seja, seu nascimento
para o Céu.
Desde criança, retirou-se para o deserto para fazer penitência e se preparar para sua
futura missão. Alguns acham que ele teria vivido entre os Essênios, comunidade
monacal do deserto vizinho ao Mar Morto. Ministrava ao povo o batismo de
penitência, ao qual Jesus também acorreu, por humildade. Sua pregação era:
“Convertei-vos, pois o reino dos Céus está próximo... Produzi fruto que mostre vossa
conversão... Eu vos batizo com água, para a conversão. Mas aquele que vem depois de
mim é mais forte do que eu. Eu não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3, 2, 8, 11).
Jesus, no começo do seu ministério público, quis também, por humildade, misturandose aos pecadores, ser batizado por João. João quis recusar, dizendo: “Eu é que preciso
ser batizado por ti, e tu vens a mim? ... Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água
e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba e vir sobre ele.
E do céu veio uma voz que dizia: ‘Este é o meu filho amado; nele está o meu agrado’”
(Mt 3, 14, 16-17).
São João Batista era o homem da verdade, sem acepção de pessoas. Por isso
admoestava o Rei Herodes contra o seu pecado de infidelidade conjugal e incesto, o
que atraiu a ira da amante do rei, Herodíades, que instigou o rei a metê-lo no cárcere.
No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos
convivas, o que levou o rei, meio embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer
coisa que pedisse. A filha perguntou à mãe, que não perdeu a oportunidade de vingarse daquele que invectivava seu pecado. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João
Batista. João foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um
homem firme e não uma cana agitada pelo vento.
Assim, a virtude que mais sobressai em João Batista, além da sua humildade e
penitência, é a firmeza de caráter, tão rara hoje em dia, quando muitos pensam ser
virtude o saber “dançar conforme a música”, ser uma cana que pende de acordo com o
vento das opiniões, o pautar a vida pelo que dizem ou acham e não pela consciência
reta, voz de Deus em nosso coração. João Batista foi fiel imitador de Jesus Cristo,
caminho, verdade e vida, que, como disse o poeta João de Deus, “morreu para mostrar
que a gente pela verdade se deve deixar matar”.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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