Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universit€ria de Dourados Programa de P•s-Gradua‚ƒo em Recursos Naturais AVALIA„…O DE METODOLOGIAS PARA ESTUDOS DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA COM LIGANTES ORG†NICOS E SEUS RESPECTIVOS COMPLEXOS MET‡LICOS Dourados – MS Mar•o – 2013 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universit€ria de Dourados Programa de P•s-Gradua‚ƒo em Recursos Naturais AVALIA„…O DE METODOLOGIAS PARA ESTUDOS DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA COM LIGANTES ORG†NICOS E SEUS RESPECTIVOS COMPLEXOS MET‡LICOS Acad‚mico: Antonio Fernandes dos Santos Orientador: Prof. Dr. Ademir dos Anjos Disserta•ƒo apresentada ao Programa de P„s-gradua•ƒo em Recursos Naturais, …rea de concentra•ƒo em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exig‚ncias para a obten•ƒo do t†tulo de Mestre em Recursos Naturais. Dourados – MS Mar•o – 2013 S233a Santos, Antonio Fernandes dos Avalia•ƒo de metodologias para estudos da atividade antimicrobiana com ligantes org‡nicos e seus respectivos complexos met…licos / Antonio Fernandes dos Santos. Dourados, MS: UEMS, 2013. 80p. ; 30cm. Disserta•ƒo (Mestrado) – Recursos Naturais – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2013. Orientador: Prof. Dr Ademir dos Anjos 1.Complexos met…licos 2. Atividade antimicrobiana 3. Avalia•ƒo de metodologias I. T†tulo. CDD 20.ed. 660.62 EPˆGRAFE Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento (Provˆrbios 3:13) iii Dedico este trabalho a minha amada esposa Andr€ia Aparecida e minha querida filha Julia Gabrielly. iv AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus por me dar sa•de e confian‚a para a realiza‚ƒo deste trabalho; Aos meus pais, Severino Antonio dos Santos (In Memoriam) e Celina Machado Fernandes de Amorim, por todo amor, dedica‚ƒo e paci„ncia comigo por toda minha vida; A minha esposa Andr€ia Aparecida, pelo apoio e paci„ncia durante toda a pesquisa; Ao meu orientador, Prof. Dr. Ademir dos Anjos, pela dedica‚ƒo, confian‚a e paci„ncia, prestadas a mim durante toda a pesquisa; Aos Professores Dr. M…rcio Barreto Rodrigues e Dra. Margarath Batistote por terem aceitado o convite para fazer a avalia‚ƒo desse trabalho; Ao Programa de P†s-Gradua‚ƒo em Recursos Naturais e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidades Universit…rias de Dourados e Navira‡, pela oportunidade de estudo; A todos os colegas, funcion…rios e professores do Programa de Mestrado em Recursos Naturais/UEMS e UEMS/Unidade Universit…ria de Navira‡, que diretamente ou indiretamente constribuiram para a realiza‚ƒo deste trabalho. v LISTA DE TABELAS Tabela 1 Classifica•ƒo dos compostos fen„licos.................................................. 26 Tabela 2 Ilustra as cepas bacterianas utilizadas na avalia•ƒo de atividade antimicrobiana........................................................................................ 43 Tabela 3 Ilustra os discos antimicrobianos utilizados na avalia•ƒo de atividade antimicrobiana........................................................................................ 44 Tabela 4 Tabela de solubilidade dos compostos................................................... 56 Tabela 5 Resultados da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM) e Concentra•ƒo 61 Bactericida M†nima (CBM) em μg/mL dos compostos......................... Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo do flavon„ide Quercetina dilu†do em diferentes solventes.................... 63 Tabela 7 Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo da quercetina dilu†da em metanol e complexo met…lico 1..................... 63 Tabela 8 Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo antimicrobiana do Ligante Sintˆtico e complexo met…lico 2................. 64 Tabela 6 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1 Morfologia de uma celular procari„tica............................................ 05 Figura 2 Diferentes formatos das cˆlulas bacterianas..................................... 06 Figura 3 Fases do crescimento bacteriano....................................................... 08 Figura 4 Estrutura b…sica da parede celular de bactˆrias gram-positivas....... 09 Figura 5 Estrutura b…sica da parede celular de bactˆrias gram-negativas....... 09 Figura 6 Etapas do mˆtodo de colora•ƒo gram................................................ 10 Figura 7 Ilustra fotomicrografias da cepa E. faecalis utilizada neste 11 trabalho.............................................................................................. Figura 8 Ilustra fotomicrografias da cepa S. aureus utilizada neste 12 trabalho.............................................................................................. Figura 9 Ilustra fotomicrografias da cepa E. coli utilizada neste 13 trabalho.............................................................................................. Figura 10 Ilustra fotomicrografias da cepa P. fluorescens utilizada neste 14 trabalho.............................................................................................. Figura 11 Mecanismos de resist‚ncia a antibi„ticos.......................................... 25 Figura 12 Estrutura b…sica dos flavon„ides, dois anˆis fenil (A e B) ligados 29 atravˆs de um anel pirano (C)............................................................ Figura 13 Estruturas b…sicas de algumas classes de flavon„ides....................... 29 Figura 14 Estrutura qu†mica do flavon„ide Quercetina..................................... 37 Figura 15 Estrutura tridimensional da cisplatina............................................... 39 Figura 16 Ilustra a metodologia utilizada para determina•ƒo da CIM.............. 48 Figura 17 Ilustra a metodologia utilizada para determina•ƒo da CBM............. 49 Figura 18 Ilustra etapas do teste de sensibilidade a antimicrobiano.................. 52 Figura 19 Ilustra a forma de medi•ƒo dos halos de inibi•ƒo............................. 53 Figura 20 Ilustra a estrutura qu†mica proposta para o complexo 1.................... 55 Figura 21 A estrutura qu†mica proposta para: a) o ligante sintˆtico H2bbppd 57 e b) o complexo met…lico 2, respectivamente................................... vii Figura 22 Ilustra diagramas em caixa dos resultados do teste de sensibilidade 62 a antimicrobiano utilizando diferentes compostos.......................... Figura 23 Ilustra resultados do teste de sensibilidade a antimicrobiano............ 65 viii LISTA DE ABREVIATURAS a.C. Antes de cristo ANVISA Ag‚ncia Nacional de Vigil‡ncia Sanit…ria ATCC American Type Culture Collection BaSO4 Sulfato de B…rio CBM Concentra•ƒo Bactericida M†nima CHN An…lise elementar de Carbono, Hidrog‚nio e Nitrog‚nio CIM Concentra•ƒo Initib„ria M†nima CLSI Clinical and Laboratory Standards Institute Cu(CH3 COO)2 .H2 O Acetato CŠprico ou de Cobre II (aquoso) DMSO Dimetilsulf„xido DNA ‹cido Desoxirribonucleico H2bbppd Ligante sintˆtico N,NŒ,N,NŒ-bis[2-hidroxi-3,5-di-terc-butilbenzil) (2-piridilmetil)]-1-3-diaminopropano KClO4 Perclorato de Pot…ssio LB Caldo Luria-Bertrani mL Mililitro NaCl Cloreto de S„dio (Sal de Cozinha) P.A. ParA an…lise QEtOH Quercetina dilu†da em Etanol ix QMeOH Quercetina dilu†da em Metanol ROS Espˆces reativas de oxig‚nio TSA Teste de sensibilidade a antimicrobiano (TSA) UFC/mL Unidades formadoras de col•nia por mililitro UV-Vis Ultravioleta-vis†vel (comprimento de onda) ‰g Micrograma x RESUMO O surgimento de bactˆrias resistentes reduz a efic…cia de terapias antimicrobianas com antibi„ticos de amplo espectro de a•ƒo, o que implica no uso de antibi„ticos altamente seletivos, de custo mais elevado e em alguns casos podem ser mais t„xicos ao paciente. O presente trabalho buscou avaliar metodologias e realizar bioensaios de atividade antimicrobiana com complexos met…licos e seus ligantes livres (nƒo coordenados) frente a bactˆrias padronizadas Gram-positivas e Gram-negativas, utilizando normas para teste de suscetibilidade e estudos de avalia•ƒo de atividade antimicrobiana de extratos vegetais. Foram avaliadas metodologias para determina•ƒo da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima e Concentra•ƒo Bactericida M†nima pelo mˆtodo de macrodilui•ƒo em tubo e plaqueamento, repectivamente, e Teste de Sensibilidade a Antimicrobiano pelo mˆtodo de disco-difusƒo, utilizando o complexo met…lico 1 - sintetizado a partir de quercetina com †ons Ga(III), e o complexo met…lico 2 - produzido a partir do ligante sintˆtico H2bbppd com †ons Cu(II) e respectivos ligantes org‡nicos. Sƒo metodologias de baixo custo capazes de determinar a CIM e CBM, e realizar o TSA de complexos met…licos, com boa efici‚ncia e reprodutividade de execu•ƒo. Os dados produzidos nos bioensaios foram quantitativos e/ou qualitativos, relacionados Ž suscetibilidade das cepas bacterianas aos compostos testados. Os resultados dos bioensaios revelaram atividade antimicrobiana nos complexos met…licos 1 e 2 superior a de seus ligantes. Os valores de CIM obtidos para estes complexos demonstram potencial para o uso farmacol„gico, e que os qualificam para estudos posteriores sobre o mecanismo de inibi•ƒo do crescimento e toxicidade visando avaliar o potencial de aplica•ƒo terap‚utica destes compostos como futuros f…rmacos. Palavras-chave: metodologias. Atividade antibacteriana, Complexo met…lico, Avalia•ƒo de xi ABSTRACT The emergence of resistant bacteria reduces the effectiveness of antimicrobial therapy with broad-spectrum antibiotic action, which involves the use of antibiotics highly selective, higher cost and in some cases may be more toxic to the patient. This study aimed to evaluate methodologies and perform bioassays with antimicrobial metal complexes and their free ligands (uncoordinated) standardized against bacteria Gram-positive and Gramnegative bacteria, using standards for susceptibility testing and evaluation studies of antimicrobial activity of plant extracts. Methodologies were evaluated to determine the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal concentration by the method of macrodilution tube and plating, respectively, and Antimicrobial Susceptibility Testing by the disk diffusion method, using the metal complex 1 - synthesized from quercetin ions Ga (III) metal complex and 2 - produced from synthetic binder H2bbppd with Cu (II) and their organic ligands. Methodologies are inexpensive able to determine the MIC and MBC, and realize the TSA metal complex, with good reproducibility and efficiency of execution. The data generated in Bioassays were quantitative and / or qualitative, related to susceptibility of the bacterial strains to the compounds tested. The results of bioassays showed antimicrobial activity in the metal complexes 1 and 2 above their ligands. The MIC values obtained for these complexes show potential for pharmacological use, and that qualify for further studies on the mechanism of growth inhibition and toxicity to evaluate the potential therapeutic applications of these compounds as future drugs. Keywords: Antibacterial activity, complex metallic, Evaluation methodologies. xii SUM‡RIO 1 INTRODU••O..........................................................................................................................1 2 OBJETIVOS...............................................................................................................................3 2.1 Objetivo Geral......................................................................................................................3 2.2 Objetivos Espec†ficos ...........................................................................................................3 3 REVIS•O DA LITERATURA ...................................................................................................4 3.1 MICRO-ORGANISMOS .....................................................................................................4 a) Conceito.............................................................................................................................4 b) Bactˆrias ............................................................................................................................4 c) Crescimento bacteriano ......................................................................................................7 3.2 BACT‘RIAS SELECIONADAS .........................................................................................8 a) Mˆtodo de colora•ƒo Gram.................................................................................................8 b) BACT‘RIAS GRAM-POSITIVAS ..................................................................................10 b.1) Enterococcus faecalis....................................................................................................10 b.2 Staphylococcus aureus....................................................................................................11 c) BACT‘RIAS GRAM-NEGATIVAS................................................................................13 c.1) Escherichia coli.............................................................................................................13 c.2) Pseudomonas fluorescens ..............................................................................................14 3.4 M‘TODOS PARA AVALIA••O DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ......................16 a) Bioensaios de difusƒo .......................................................................................................17 b) Bioensaios de dilui•ƒo......................................................................................................17 b) Bioensaios em meio de cultura .........................................................................................18 3.5 ANTIBI’TICOS................................................................................................................18 3.5.1 Mecanismos de a•ƒo dos antibi„ticos ...........................................................................20 3.5.2 Antibi„ticos de uso cl†nico...........................................................................................21 3.5.3 Resist‚ncia a antibi„ticos .............................................................................................24 3.6 POLIFEN’IS.....................................................................................................................26 3.6.1 Flavon„ides .................................................................................................................27 3.6.2 Efeitos Biol„gicos dos Flavon„ides..............................................................................29 a) Atividade antioxidante......................................................................................................30 b) A•ƒo antitumoral..............................................................................................................31 c) Atividade antiinflamat„ria ................................................................................................32 d) Atividade hormonal..........................................................................................................33 e) Atividade antiviral............................................................................................................34 f) Atividade antimicrobiana ..................................................................................................34 g) Toxicidade dos flavon„ides ..............................................................................................36 3.6.3 Quercetina ...................................................................................................................37 3.7 COMPLEXOS MET‹LICOS DE INTERESSE BIOL’GICO ...........................................38 3.7.1 G…lio ...........................................................................................................................40 3.7.2 Cobre ..........................................................................................................................41 4 MATERIAIS E M‘TODOS......................................................................................................43 4.1 MATERIAIS......................................................................................................................43 4.1.1 Reagentes e solventes ..................................................................................................43 4.1.2 Materiais utilizados......................................................................................................43 4.1.3 Equipamentos utilizados ..............................................................................................44 4.2 M‘TODOS ........................................................................................................................45 4.2.1 Metodologias utilizadas nos bioensaios ........................................................................45 4.2.2 Determina•ƒo da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM).............................................45 4.2.3 Determina•ƒo da Concentra•ƒo Bactericida M†nima (CBM) ........................................48 4.2.4 Teste de sensibilidade a antimicrobiano (TSA).............................................................49 4.2.5 An…lise Estat†stica .......................................................................................................52 4.2.6 Padrƒo de turbidez do in„culo ......................................................................................53 4.3 S“NTESES DOS COMPOSTOS QU“MICOS.....................................................................54 4.3.1 Complexo Met…lico 1: Quercetina e †ons de Ga(III) .....................................................54 4.3.2 Ligante Sintˆtico H2bbppd ..........................................................................................55 4.3.3 Complexo Met…lico 2: H2bbppd e †ons Cu(II)..............................................................55 5. RESULTADOS E DISCUSS”ES ............................................................................................57 5.1 CARACTERIZA••O........................................................................................................57 a) Complexo 1: Quercetina e †ons Ga(III) .............................................................................57 b) Ligante H2bbppd e Complexo 2 [H2bbppd e †ons Cu(II)].................................................57 5.2 BIOENSAIOS....................................................................................................................57 5.2.1 Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima e Concentra•ƒo Bactericida M†nima...........................57 5.2.2 Teste de Sensibilidade a Antimicrobiano......................................................................60 6 CONCLUS•O..........................................................................................................................66 7 PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................................................67 8 REFER•NCIAS........................................................................................................................68 1 INTRODU„…O Os antibi„ticos sƒo subst‡ncias que possuem a capacidade de inibir o crescimento microbiano, pois interferem na biologia dos micro-organismos, causando a destrui•ƒo do seu corpo celular, alterando seu metabolismo ou inibindo a reprodu•ƒo, o que auxilia o sistema imunol„gico a combater as infec•–es. Anualmente, milh–es de pessoas morrem em decorr‚ncia de infec•–es causadas por micro-organismos patog‚nicos resistentes aos antibi„ticos atuais. Ao mesmo tempo, grupos de pesquisas buscam produzir novos compostos capazes de combater estes microorganismos. O aparecimento de bactˆrias resistentes reduz a efic…cia de terapias antimicrobianas e causam o aumento de custos de tratamento de infec•–es, com o uso de antibi„ticos com alta seletividida, que ainda podem ser mais t„xicos ao paciente. As bactˆrias que causam mortes por infec•ƒo hospitalar sƒo exemplos de micro-organismos que se tornaram resistentes a antibi„ticos. Estudos cient†ficos t‚m revelado melhoria nas atividades biol„gicas de ligantes org‡nicos ap„s a coordena•ƒo com †ons met…licos, inclusive aumento da a•ƒo antimicrobiana frente a diversos microrganismos. Na busca de novos antimicrobianos que sejam eficazes no tratamento de infec•–es causadas por bactˆrias resistentes, deve-se considerar basicamente a descoberta de novos alvos e a potencializa•ƒo da atividade de compostos com atividade antimicrobiana conhecida. Desse modo, a coordena•ƒo de †ons met…licos a ligantes org‡nicos, que j… apresentam atividade antimicrobiana quando puros, pode favorecer a produ•ƒo de novos f…rmacos com mecanismo de a•ƒo desconhecidos por bactˆrias patog‚nicas e apresentando potencial para infec•–es causadas por estes micro-organismos. A atividade antimicrobiana pode ser avaliada por bioensaios utilizando microorganismos de interesse cl†nico, sƒo estudos iniciais para a investiga•ƒo de novos agentes antimicrobianos. Este trabalho de pesquisa buscou avaliar metodologias e realizar bioensaios de atividade antimicrobiana com complexos met…licos e seus ligantes livres (nƒo coordenados) frente a bactˆrias padronizadas Gram-positivas e Gram-negativas, utilizando normas para teste de suscetibilidade e estudos de avalia•ƒo de atividade antimicrobiana de extratos vegetais. Os resultados dos bioensaios demonstraram efici‚ncia das metodologias desenvolvidas para avalia•ƒo antimicrobiana, com reprodutividade do mˆtodo. Sendo produzidos dados quantitativos e/ou qualitativos relacionados Ž suscetibilidade das cepas bacterianas padronizadas aos compostos avaliados. Ap„s a avalia•ƒo das metodologias foram realizados bioensaios com os complexos met…licos e seus ligantes livres (nƒo coordenados). Os resultados dos bioensaios demonstraram aumento significativo da atividade antimicrobiana dos ligantes org‡nicos ap„s a coordena•ƒo com †ons met…licos. 2 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar metodologias e realizar bioensaios de avalia•ƒo da atividade antimicrobiana de complexos met…licos contendo †ons Ga(III) e Cu(II) e seus ligantes, frente Ž cepas bacterianas padronizadas. 2.2 Objetivos EspecŠficos Avaliar metodologia para determinar a Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM) por macrodilui•ƒo em tubos de complexos met…licos contendo †ons Ga(III) e Cu(II) e seus ligantes, frente a cepas de bactˆrias padronizadas. Estudar a aplica•ƒo da metolodologia para estimar a Concentra•ƒo Bactericida M†nima (CBM) de complexos met…licos contendo †ons Ga(III) e Cu(II) e seus ligantes, frente a cepas de bactˆrias padronizadas. Adaptar metodologia para a realiza•ƒo de Teste de Sensibilidade a Antimicrobiano (TSA) com complexos met…licos contendo †ons Ga(III) e Cu(II) e seus ligantes, frente a cepas de bactˆrias padronizadas. Realizar bioensaios para avaliar a suscetibilidade de cepas bacterianas padronizadas a complexos met…licos contendo †ons Ga(III) e Cu(II) e seus ligantes, utilizando as metodologias citadas anteriormente. 3 3 REVIS…O DA LITERATURA 3.1 MICRO-ORGANISMOS a) Conceito O termo “micro-organismos” engloba seres vivos filogeneticamente distintos, incluindo organismos procariontes, arqueobactˆrias (Archaea) e as bactˆrias, bem como eucariontes, as algas microsc„picas (cianof†ceas), fungos filamentosos, leveduras e os protozo…rios (TORTORA et al., 2010). Os micro-organismos sƒo encontrados em abund‡ncia na natureza, formando grandes popula•–es compostas de diversas espˆcies, apresentam tamanho microsc„pico e podem ser encontrado isoladamente ou formando agrupamentos conhecidos como col•nias (KAR, 2008). A microbiologia ˆ uma …rea especializada da biologia que lida com as formas de vida pequenas que nƒo podem ser observados sem ferramentas de amplia•ƒo (TALARO & CHESS, 2012). b) Bact‹rias As bactˆrias (do grego bakterion, "bastƒo") sƒo organismos unicelulares procariontes. Os procariontes (do Grego pro, "antes", e karyon, "am‚ndoa" ou "nŠcleo") sƒo micro-organismos que apresentam um nŠcleo primitivo com morfologia muito mais simples do que as cˆlulas eucari„ticas, e que nƒo possuem uma verdadeira membrana separando as organelas celulares do nŠcleo, o envolt„rio nŠclear (TRIVEDI et al., 2010). As bactˆrias em forma de bastonete (bacilo) possuem dimens–es aproximdas de 1 μm de largura por 3 μm de comprimento, embora existam bacilos mais curtos e bactˆrias em forma de filamentos (espirilos) mais longas. Esses micro-organismos se reproduzem de forma assexuada por fissƒo bin…ria (cissiparidade). Muitos organismos procariotas sƒo similares na morfologia, porˆm, apresentam uma grande quantidade de varia•–es fisiol„gicas relacionadas a diferen•as genˆticas e ecol„gicas (ENGELKIRK & DUBENENGELKIRK, 2011). 4 Figura 1. Morfologia de uma celular procari•tica. Fonte: adaptado de Engelkirk & DubenEngelkirk (2011) p. 29. As bactˆrias sƒo comumente encontradas em duas formas b…sicas: a) Cocos (coccus) sƒo cˆlulas de aproximadamente esfˆricas, como cˆlulas individuais, ou associadas a arranjos caracter†sticos frequentemente Šteis para a identifica•ƒo de bactˆrias; b) Diplococos (diplococcus) surgem da divisƒo dos cocos e uniƒo aos pares atˆ formar longas cadeias de cocos, este padrƒo ˆ visto no g‚nero Streptococcus, Enterococcus, e Lactococcus. Nos indiv†duos do g‚nero Micrococcus ocorre divisƒo em dois planos simˆtricos se formam grupos quadrados de quatro cˆlulas chamados tˆtrades. A divisƒo em tr‚s planos simˆtricos produz pacotes cŠbicos de oito cˆlulas, como observado no G‚nero Sarcina (WYLLEY et al., 2008) As bactˆrias tambˆm podem ser encontradas em formato de haste conhecida como bacilo (lactobacilos). Os bacilos diferem consideravelmente na sua rela•ƒo comprimentolargura dos cocos, com exce•ƒo dos cocobacilos que podem ser tƒo curtos e largos que se assemelham cocos. Outros formatos bacterianos comuns sƒo o vibriƒo que se assemelha a uma v†rgula, e o espirilo que se parece com um espiral, a qual geralmente possui tufos de flagelos em uma ou ambas as extremidades da cˆlula, ou espiroquetas, que sƒomais flex†veis e tem um Šnico arranjo flagelar interno (BENSON & BROWN, 2001). 5 Figura 2. Diferentes formatos das c‹lulas bacterianas. Fonte: adaptado de Talaro & Talaro (2003) p. 105. A ampla gama de produtos que utilizam bactˆrias no seu ciclo produtivo afeta a sociedade humana de v…rias maneiras, alˆm do que as atividades ecol„gicas desenvolvidas por estes micro-organismos sƒo de enorme import‡ncia a regula•ƒo do ecossistema (ENGELKIRK & DUBEN-ENGELKIRK, 2011). As bactˆrias t‚m import‡ncia ecol„gica na manuten•ƒo equil†brio do meio ambiente atravˆs da reciclagem de elementos qu†micos, tais como o carbono e nitrog‚nio entre o solo, os organismos, e a atmosfera, utilizadas em aplica•–es comerciais e industriais para produzir alimentos, produtos qu†micos e drogas (tais como antibi„ticos) e tratamento de esgoto, controle de pragas, e limpar poluentes (TORTORA et al., 2010). 6 c) Crescimento bacteriano Os fatores necess…rios para o crescimento microbiano podem ser divididos em duas categorias principais: f†sicos e qu†micos. Os fatores f†sicos incluem temperatura, pH, pressƒo osm„tica, pressƒo baromˆtrica, a pressƒo atmosfˆrica e sua composi•ƒo. Os fatores qu†micos necess…rios incluem fontes de carbono, nitrog‚nio, enxofre, f„storo, oligoementos, oxig‚nio e fatos org‡nicos de crescimento (TORTORA et al., 2010). Se os cientistas desejam promover ou inibir o crescimento de micro-organismos, deve primeiro compreender essas necessidades fundamentais (ENGELKIRK & DUBEN-ENGELKIRK, 2011). O dom†nio destes fatores promove o controle do crescimento de microorganismos em laborat„rios, indŠstrias, hospitais e demais ambientes urbanos. A maioria das bactˆrias se reproduz por fissƒo bin…ria transversal, o termo bin…rio significa que uma celula d… origem a duas, e transversal se refere Ž divisƒo em planos na largura da cˆlula bacteriana. Durante a fissƒo bin…ria, a cˆlula-mƒe aumenta, duplica seu cromossomo e forma um septo centro-transversal que divide a cˆlula em duas. Este processo ˆ repetido em intervalos por cada cˆlula-filha, e com estas sucessivas divis–es h… o aumento de popula•ƒo bacteriana (TALARO & CHESS, 2012). O crescimento bacteriano pode ser medido atravˆs de uma curva de crescimento (Figura 3). Essa curva apresenta quatro fases distintas: a) Fase Lag: ou fase de lat‚ncia, ocorre logo ap„s o micro-organismo ser distribu†do em meio de cultura, e normalmente nƒo existe aumento imediato no nŠmero de cˆlulas; b) Fase Log: ou fase fase exponencial, os cˆlulas bacterianas alcan•am a taxa de divisƒo m…xima na fase de crescimento exponencial (logar†tmico). Esta fase continuar… de acordo com o potencial genˆtico do organismo, e contanto que cˆlulas disponham de nutrientes adequados e que o ambiente seja favor…vel. Neste per†odo a curva de crescimento aumenta geometricamente; c) Fase Estacion…ria: num sistema fechado, eventualmente, o crescimento da popula•ƒo cessa e a curva de crescimento se torna horizontal; d) Fase de Decl†nio ou morte: nessa etapa as mudan•as ambientais se tornam prejudiciais a cˆlulas bacterianas, que por priva•ƒo de nutrientes e acŠmulo de res†duos t„xicos sofrem danos irrepar…veis resultando em perda de viabilidade e morte celular (KAR, 2008; TALARO & CHESS, 2012). 7 Figura 3 - Fases do crescimento bacteriano. Fonte: Pr„prio autor. 3.2 BACTŒRIAS SELECIONADAS a) M‹todo de colora‚ƒo Gram Em 1884, os estudos de colora•ƒo desenvolvidos pelo mˆdico dinamarqu‚s Hans Christian Joachim Gram possibilitaram a divisƒo das bactˆrias em dois grandes grupos, com base nos resultados da colora•ƒo (FREITAS & PICOLI, 2007). Pela colora•ƒo Gram as bactˆrias gram-positivas sƒo coradas em pŠrpura, enquanto bactˆrias gram-negativas foram coloridas de rosa ou vermelha. Essa diferen•a se deve ao fato que a parede celular de bactˆrias gram-positivas serem constitu†das por uma Šnica camada de peptidoglicano com aproximadamente 20-80 nm de espessura (Figura 3), enquanto nas bactˆrias gram-negativa a parede celular ˆ bastante complexa, possui uma fina camada de peptidoglicano 2-7 nm (Figura 5), que ˆ recoberta por uma camada de 7-8 nm de espessura de membrana externa (FREITAS & PICOLI, 2007). Devido a esta diferen•a estrutural durante a metodologia de colora•ƒo de Gram as bactˆrias gram-negativas eliminam o primeiro corante e sƒo coradas pelo segundo, enquanto as bactˆrias gram-positivas se comportam de forma distinta, ret‚m o primeiro corante e nƒo absorvem o segundo. 8 Essa diferen•a estrutural tambˆm interfere fisiologicamente no corpo celular, podendo existir diferentes respostas biol„gicas das cepas bacterianas quanto sƒo expostas a uma mesma subst‡ncia. Assim sendo, um mesmo antibi„tico com amplo espectro de atividade, pode apresentar a•ƒo bactericida frente a uma cepa bacteriana gram-negativa e bacteriost…tica contra uma cepa gram-positiva. Estudo cl†nico de pacientes em tratamento de listeriose humana comprovou que a Penicilina e Ampicilina, dois anti„ticos beta-lact‡micos reconhecidos por a•ƒo bactericida contra cepas gram-positivas e gram-negativas, apresentou a•ƒo bacteriost…tica frente a isolados cl†nicos de Listeria spp, uma bactˆria gram-positiva (NOJIMOTO et al., 1994). Figura 4. Estrutura b€sica da parede celular de bact‹rias gram-positivas. Fonte: adaptado de Willey et al. (2008) p.57. Figura 5. Estrutura b€sica da parede celular de bact‹rias gram-negativas. Fonte: adaptado de Willey et al. (2008) p.59. 9 Figura 6. Etapas do m‹todo de colora‚ƒo gram. Fonte: Pr„prio autor. b) BACTŒRIAS GRAM-POSITIVAS b.1) Enterococcus faecalis Enterococcus faecalis sƒo bactˆrias gram-positivas que apresentam o corpo celular em formato estˆrico (cocos), podem ser encontradas isoladamente, em pares ou o mais cadeias mais. Essa anaer„bia facultativa, possuindo a capacidade de crescer na presen•a ou na aus‚ncia de oxig‚nio, apresenta um metabolismo fermentativo e motilidade, e sƒo hospedeiros comuns do intestino grosso dos seres humanos (DALE & PARK, 2004). Os Enterococcus podem metabolizar uma variedade de fontes de energia, incluindo hidratos de carbono, glicerol, lactato, malato, citrato, arginina, agmatina, e muitos ceto…cidos, sobrevivem em ambientes muito severos, incluindo pH alcalino extrema e as concentra•–es de sal, sƒo resistentes a sais biliares, a detergentes, metais pesados, etanol, azidas, desseca•ƒo, a temperaturas no intervalo de 10 a 45™C, e a 60™ C durante 30 minutos (PARADELLA, 2007). 10 A B Figura 7. Ilustra fotomicrografias da cepa E. faecalis utilizada neste trabalho. Fonte: Pr„prio autor. A espˆcie Enterococcus faecalis ˆ listada como a primeira das tr‚s principais causas de infec•–es hospitalares. A maioria destas infec•–es ocorre ap„s uma cirurgia abdominal ou perfura•–es com trauma, mas pode tambˆm estar ligado ao reuso cateteres intravenosos, os quais deveriam ser considerados potenciais contaminantes. A E. faecalis tambˆm respons…vel ˆ por infec•–es do trato urin…rio, bacteriemia, endocardite, meningite, e podem ser encontrados em infec•–es de feridas, juntamente com muitas outras bactˆrias (WILLEY, 2008). E. faecalis est… entre as bactˆrias mais resistentes aos antibi„ticos conhecidos. Ele contˆm muitas resist‚ncias a antibi„ticos naturais, juntamente com v…rias imunidades adquiridas transferidos em R-plasm†deos entre bactˆrias prom†scuas. Mais de 25% do genoma de E. faecalis ˆ exogenamente adquiridos, conduzindo a sua resist‚ncia aos antibi„ticos e o mais forte em certos casos todos os antibi„ticos. O E. faecalis tambˆm ˆ considerado portador da resist‚ncia Ž vancomicina de outros g‚neros de bactˆrias, ocorrendo frequentemente em infec•–es hospitalares secund…rias, o torna essas cepas um problema de saŠde pŠblica. (STUART, 2006). b.2 Staphylococcus aureus O Staphylococcus aureus ˆ um coco gram-positivo que ocorre isoladamente ou em agregados irregulares, sƒo encontrados em cerca de 40% de pessoas saud…veis, nas narinas, sobre a pele, axilas e per†neo alimentar (SCHELIN, 2011). O S. aureus sobrevive a ambientes severos com grande varia•ƒo de pH, temperatura, e concentra•ƒo de cloreto de s„dio (NaCl) em …gua. Essa robustez permite 11 que o micro-organismo se desenvolva em v…rios tipos de alimentos, produzindo enterotoxinas que podem causar intoxica•ƒo alimentar (SCHELIN, 2011). A B Figura 8. Ilustra fotomicrografias da cepa S. aureus utilizada neste trabalho. Fonte: Pr„prio autor. A hist„ria da suscetibilidade de S. aureus ˆ uma li•ƒo na hist„ria de quimioterapia antimicrobiana. Inicialmente, os S. aureus eram sens†veis Ž penicilina, mas cepas que produziram β-lactamase logo predominaram, assim a meticilina e agentes relacionados (e.g. flucloxacilina) foram introduzidos e substituiram a penicilina (GILLESPIE & BAMFORD, 2012). Posteriormente, surgiram Staphylococcus aureus resistentes a metilina (MRSA), sendo necess…rio o uso de antibi„ticos do grupo dos glicopept†deos, tais como vancomicina ou teicoplanina, Finalmente, surgiram cepas de S. aureus com resist‚ncia intermedi…ria (heteroresist‚ncia) ou total resist‚ncia a glicopept†deos (GRSA), que atualmente sƒo o grande problema no tratamento cl†nicos de doen•as causadas por esta bacteria (SOTOZONO, 2013). Isolados cl†nicos de S. aureus sƒo comumente encontrados em trabalhos de avalia•ƒo de atividade antimicrobiana por sua import‡ncia como causadora de infec•–es hospitalares e por possuir grande resist‚ncia aos antibi„ticos de uso cl†nico. Na busca de novos antimicrobianos que sejam eficazes no tratamento de infec•–es causadas por bactˆrias multi-resistentes, deve-se considerar basicamente a descoberta de novos alvos e a potencializa•ƒo da atividade de compostos com atividade antimicrobiana conhecida (MASUNARI & TAVARES, 2006; SCHAECHTER et al., 2002) 12 c) BACTŒRIAS GRAM-NEGATIVAS c.1) Escherichia coli A bactˆria Escherichia coli est… presente no trato intestinal de seres humanos e animais, ˆ libertado para o ambiente atravˆs de material fecal e por isso ˆ usado como um indicador de contamina•ƒo fecal (SAHOO et al., 2012). A E. coli possui um reservat„rio de genes de resist‚ncia a antibi„ticos, que permite a evolu•ƒo de isolados cl†nicos em formas resistentes aos medicamentos convencionais (TORTORA et al., 2010). O uso indiscriminado de antibi„ticos tambˆm ˆ um dos fatores que contribui para esta resist‚ncia. A B Figura 9. Ilustra fotomicrografias da cepa Escherichia coli utilizada neste trabalho. Fonte: Pr„prio autor. No ambiente natural, as bactˆrias resistentes ou que possuam genes de resist‚ncia, de origem animal ou ambiental, podem ser transferidas para o ser humano (TRAMUTA et al., 2010, CANAL, 2010). A E. coli ˆ uma bactˆria nƒo-patog‚nica comensal que comp–em a flora normal de humanos e diversos animais. No entanto, v…rios trabalhos citam a espˆcie como causadora de infec•–es do sistema gastrointestinal (PITOUT, 2012; BERT•O & SARIDAKI, 2007; TRAMUTA et al., 2010). As bactˆrias da espˆcie E. coli podem causar infec•–es do trato urin…rio (ITU), infec•–es entˆricas e infec•–es sist‚micas em humanos. As infec•–es sist‚micas incluem bacteremia, pneumonia nosocomial, colecistite, colangite, peritonite, celulite, osteomielite, 13 artrite infecciosa, sendo a principal causadora da meningite neonatal (PITOUT, 2012; SAHOO et al., 2012). c.2) Pseudomonas fluorescens As Pseudomonas fluorescens sƒo bactˆrias aer„bias obrigat„rias, Gram-negativas, de oxidase positiva, com corpo celular em formato de haste com locomo•ƒo por flagelos, que habitam o solo, as plantas, e as superf†cies de …gua, e crescimento „timo a temperaturas entre 25-30 graus Celsius (SILBY et al., 2009). A bactˆria Pseudomonas fluorescens ˆ a espˆcie fisiologicamente diversa das bactˆrias oportunistas (gama-proteobactˆrias), ˆ abundante nas superf†cies das ra†zes das plantas e das folhas, contribuindo grandemente para o acŠmulo de matˆria org‡nica, e afetando positivamente a nutri•ƒo e saŠde das plantas (YODER & KISAALITA, 2011). A B Figura 10. Ilustra fotomicrografias da cepa P. fluorescens utilizada neste trabalho. Fonte: Pr„prio autor. Os mecanismos envolvidos na rela•ƒo simbi„tica da P. fluorescens com as plantas ainda nƒo foram amplamente estudado, porˆm se conhece a produ•ƒo de horm•nios de crescimento, fixa•ƒo de Nitrog‚nio, a supressƒo de agentes patog‚nicos (principalmente fungos e oomicetos) prejudiciais a saŠde das plantas, via competi•ƒo e/ou efeitos alelop…tico (SPERANDIO et al., 2012). De contrapartida as plantas fornecem nutrientes e abrigo a estes micro-organismos. Devido Ž import‡ncia significativa da Pseudomonas fluorescens na agricultura, o sequenciamento do genoma de duas linhagens j… foi conclu†do. E, estirpes puras de P. fluorescens estƒo dispon†veis em institutos de investiga•ƒo, os quais sƒo mantidos sob condi•–es controladas para o interesse de estudos cient†ficos. A aplica•ƒo futura de P. 14 fluorescens ˆ empreg…-la para uso de controle biol„gico, com o objetivo de reduzir a pulveriza•ƒo de produtos qu†micos de controle baseados em pragas (GERSHMAN et al., 2008). Um dos subprodutos das cˆlulas vegetais ˆ o oxig‚nio ativo, tais como super„xidos que sƒo t„xicos para os micr„bios. A bactˆria P. fluorescens possui a enzima super„xido dismutase que converte super„xido em per„xido de hidrog‚nio e oxig‚ncio, o que contribue para a toler‡ncia Pseudomonas fluorescens ao estresse oxidativo (SPERANDIO et al., 2012). Apesar de sua natureza comensal a Pseudomonas fluorescens pode apresentar fatores de virul‚ncia, e em alguns casos ser pat„gena de vegetais. Em Pseudomonas fluroescens Pf-5, nƒo patog‚nicas, enzimas que degradam as paredes celulares de plantas e seus componentes, tais como a celulase e pectinase nƒo estƒo presentes. No entanto, sƒo capazes de quebrar alguns hidratos de carbono de origem vegetal, …cidos graxos, e „leos e podem hidrolisar as prote†nas que causam a deteriora•ƒo de leite, carne e peixe (SILBY et al., 2009). A Pseudomonas fluorescens possui em sua nomenclatura a "fluorescens" devido Ž capacidade de secretar o pyoverdin, um pigmento solŠvel em …gua de cor verde fluorescente, que reage na presen•a de †on de Ferro (Fe2+ e Fe3+). Esse mecanismo resposta pode ser utilizado como um biosensor de †ons de Ferro em analitos e para a identifica•ƒo bacteriana de indiv†duos do g‚nero Pseudomonas (ONGENA et al., 2001; FERN‹NDEZ et al., 2003; YODER & KISAALITA, 2011). A Pseudomonas fluorescens est… envolvida na altera•ƒo de alimentos refrigerados, pois consegue crescer a 4šC e hidrolisar lip†dios e prote†nas (lipase e protease) que causam acidifica•ƒo do leite, e contamina•ƒo de produtos l…cteos. Como exemplos de altera•–es ocorridas em alimentos referem-se as altera•–es de cor, sabor e aroma do leite e derivados. As P. fluorescens podem contaminar o sangue e derivados sob refrigera•ƒo, porˆm, como se multiplica com dificuldade a 37šC, raramente ˆ patog‚nica (SILLANKORVA, 2004). Embora normalmente apresentem baixo n†vel de virul‚ncia, em 1997 quatro pacientes do Hospital da Universidade Nacional de Taiwan desenvolveram bacteriemia a Pseudomonas fluorescens. Os pacientes foram tratados na sala de quimioterapia e come•aram a apresentar sintomas como febre e calafrios. Oito culturas foram isoladas a 15 partir de cateteres e do sangue dos pacientes. Todos os isolados foram identificados como Pseudomonas fluorescens (HSUEH et al., 1998). O tratamento cl†nico de doen•as causadas pela P. fluorescens tem sido relatado como um problema de saŠde, a razƒo principal ˆ sua resist‚ncia a anti-sˆpticos comuns e antibi„ticos utilizados em centros mˆdicos. A invasƒo do corpo de um ser corpo humano por P. fluorescens costuma ser assintom…tica, enquanto que em adultos com sistema imunol„gico enfraquecido e crian•as causa infec•ƒo (GERSHMAN et al., 2008). A P. fluorescens ˆ uma bactˆria representante do g‚nero Pseudomonas no qual se inclui a Pseudomonas aeruginosa, uma cepa multirresistente a antibi„ticos, considerada como principal causadora de infec•–es em pacientes queimados (ROCHA et al., 2011). 3.4 MŒTODOS PARA ANTIMICROBIANA AVALIA„…O DA ATIVIDADE Uma grande variedade de mˆtodos laboratoriais pode ser empregada para medir a suscetibilidade in vitro de bactˆrias a agentes antimicrobianos. Esses testes sƒo tambˆm de grande import‡ncia em estudos sobre epidemiologia de resist‚ncia, e em investiga•–es sobre novos agentes antimicrobianos (CLSI, 2006). A concentra•ƒo inibit„ria m†nima (CIM) tem sido calculada por mˆtodos in vitro e usada como par‡metro para avaliar a atividade antimicrobiana por v…rios autores. A CIM ˆ a menor concentra•ƒo do agente antimicrobiano capaz de inibir completamente o crescimento do micro-organismo em tubos de ensaio, placas de microt†tulo em um tempo espec†fico (CLSI, 2006), Em alguns trabalhos, tanto o teste que estima a concentra•ƒo bactericida m†nima (CBM) quanto o teste de disco-difusƒo (halos de inibi•ƒo) sƒo denominados erroneamente como Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM). Entretanto, o que o bioensaio da CBM estabelece ˆ a menor concentra•ƒo na qual a bactˆria deixa de crescer em caldo (na avalia•ƒo da CIM), mas ao ser repicado em meio de cultura contido em placa de petri, e incubado durante certo tempo, nƒo desenvolve col•nias microbianas. 16 a) Bioensaios de difusƒo Os biensaios de difusƒo sƒo mˆtodos quantitativos nos quais o efeito pode ser graduado. Fundamentam-se na difusƒo da subst‡ncia a ser ensaiada em um meio de cultura s„lido, e inoculado com um micro-organismo. A partir da difusƒo, ocorre o aparecimento de um halo, onde nƒo h… crescimento do micro-organismo, denominado halo de inibi•ƒo (OSTROSKY, 2008; FERRONATTO et al., 2007). Diferentes tipos de reservat„rios podem ser empregados, incluindo discos de papel, cilindros de porcelana ou de a•o inoxid…vel e orif†cios feitos no meio de cultura. A subst‡ncia a ser testada ˆ colocada em contato com o meio de cultura inoculado, e a maneira como se processa esse contato define os diferentes mˆtodos de difusƒo (ANVISA, 2010). Dentre eles, destaca-se o mˆtodo do disco difusƒo ou difusƒo em …gar, que permite ap„s a incuba•ƒo, que os di‡metros dos halos de inibi•ƒo serem medidos com o aux†lio de rˆgua milimetrada ou paqu†metro (ALMEIDA, 2007; ADELMANN, 2005). A atividade antimicrobiana pode ser significativamente influenciada pelo tipo e tamanho do disco ou orif†cio, pH, pela capacidade do composto em se difundir no meio de cultura, pelas propriedades do meio e pelo micro-organismo investigado (CLSI, 2006). Nesse mˆtodo, a presen•a de matˆria particulada na amostra pode interferir na difusƒo da subst‡ncia antimicrobiana no …gar. Entretanto, o pequeno volume de amostra necess…rio e a possibilidade de testar cinco a seis compostos por placa, frente a um Šnico micro-organismo, sƒo vantagens do mˆtodo de difusƒo em …gar (OSTROSKY et al., 2008). b) Bioensaios de dilui‚ƒo Os bioensaios de dilui•ƒo sƒo aqueles nos quais os extratos ou subst‡ncias a serem testados sƒo adicionados aoa meios de cultura l†quidos ou s„lidos adequados, previamente inoculados com o micro-organismo teste. Ap„s a incuba•ƒo, o crescimento do microorganismo ˆ determinado pela compara•ƒo direta ou turbidimˆtrica da cultura teste com o controle negativo (meio de cultura inoculado sem adi•ƒo de subst‡ncia inibidora) ou pelo uso de espectrofot•metro em comprimento de onda apropriado (ALMEIDA, 2007). 17 O mˆtodo de macrodilui•ƒo em tubo apresenta metodologia mais complexa, entretanto ˆ o mais preciso. Esse mˆtodo ˆ recomendado principalmente para a determina•ƒo da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CLSI M7-A7, 2006). b) Bioensaios em meio de cultura Os bioensaios em meio de cultura para avalia•ƒo de atividade antimicrobiana empregam al†quotas das solu•–es teste (diferentes concentra•ƒo do composto a ser testado) em placas de petri contendo meio de cultura, por plaqueamento pela tˆcnica de superf†cie (spread plate) ou profundidade (pour plate) estimar a Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM). Outro bioensaio amplamente utilizado ˆ o que determina a Concentra•ƒo Bactericida M†nima (CBM), realizada em conjunto com a avalia•ƒo da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM). A metodologia para avalia•ƒo da CBM se baseia na distribui•ƒo de in„culo das solu•–es teste da avalia•ƒo da CIM distribu†das em placas de petri com meio de cultura solidificado, e ap„s um per†odo de incuba•ƒo se observa em que concentra•ƒo da solu•ƒo teste nƒo houve o desenvolvimento de col•nias microbianas (ARAUJO et al., 2009, CLSI M7-A7, 2006). 3.5 ANTIBI•TICOS Antibi„tico uma subst‡ncia natural ou sintˆtica que destr„i micro-organismos ou inibe o seu crescimento. Desse modo, interferem na biologia dos micro-organismos, destruindo o corpo celular, alterando o metabolismo ou inibindo a reprodu•ƒo destes, o que auxilia o sistema imunol„gico a combater infec•–es (KAR, 2008). Um grande grupo de autores divide a hist„ria dos antibi„ticos em eras, marcadas por tr‚s descobertas: a primeira, conhecida como era dos alcal„ides, iniciada em 1619, diz respeito ao tratamento da mal…ria com extrato de cinchona e de disenteria amebiana com raiz de ipecacuanha. Nesta ˆpoca os extratos vegetais e seus derivados (fen„l, alcal„ides, quinino e a emetina) eram os Šnicos recursos terap‚uticos dispon†veis. A segunda, conhecida como dos compostos sintˆticos, teve in†cio em 1909, pela descoberta de Paul 18 Ehrlich de que doen•as causadas por protozo…rios como o tripanossomas poderiam ser tratadas com compostos sintˆticos, sendo aplicada no combate Ž s†filis atˆ 1940, quando surgiu a penicilina. A terceira, conhecida como era moderna dos antibi„ticos, iniciada em 1936, com o uso cl†nico das sulfonilamidas no controle das infec•–es por estreptococos e pneumococos (TRIVEDI et al., 2010). A cria•ƒo do termo “antibi„tico” (contra a vida) ˆ atribu†da ao bioqu†mico ucraniano, naturalizado norte-americano, Selmam Abraham Waksman, que definiu como sendo aqueles agentes que matavam as bactˆrias causadoras de doen•as (TINER, 2004). O primeiro antibi„tico identificado pelo homem foi descoberta por acaso pelo mˆdico escoc‚s Alexander Fleming em 1928, enquanto trabalhava no hospital St. MaryŒs em Londres com a bactˆria Staphylococcus aureus. O bacteriologista ap„s retornar de fˆrias encontrou placas com cultura bacteriana contaminadas por fungos do g‚nero Penicillium, e que ao redor destes bolores havia sido formado um halo de inibi•ƒo, sem crescimento bacteriano, estudos posteriores permitiram o isolamento de uma subst‡ncia com alto poder antibacteriano, a penicilina. Em 1945, Fleming recebeu o Pr‚mio Nobel de Medicina pela descoberta da penicilina (PEREIRA & PITA, 2005) A medicina popular j… utilizava bolores de fungos no tratamento de doen•as a v…rios sˆculos, relatos hist„ricos apontam o uso de coalhada de soja embolorada por chineses por volta de 500 a.C. no tratamento de furŠnculos e outras infec•–es (DO CARMO, 2006). No entanto, somente a partir dos estudos de Alexander Fleming que houve um avan•o real na …rea de pesquisa de antimicrobianos, sendo produzidos antibi„ticos que possibilitaram a melhoria da qualidade de vida das pessoas que sofriam de tuberculose, pneumonia, meningite, s†filis, entre outras infec•–es (PEREIRA & PITA, 2005). Em 1943, o Waksman encontrou um fungo da fam†lia dos streptomyces com interessantes propriedades antimicrobianas o qual extraiu um antibi„tico e, em 1945, patenteou-o como estreptomicina. O antibi„tico mostrou ser eficaz contra a tuberculose e outras bactˆrias gram-negativas, como as da pneumonia, meningite e tifo. O bioqu†mico recebeu o pr‚mio Nobel de medicina, em 1952, por sua descoberta da estreptomicina. A partir de suas muitas amostras de mofo e outros microorganismos, o pesquisador isolou diversos outros antibi„ticos, inclusive a neomicina (GILLESPIE & HAWKEY, 2006). 19 Atualmente, alˆm dos antibi„ticos isolados de micro-organismos sƒo produzidos compostos sintˆticos com a•ƒo antimicrobiana, que podem ser utilizados de forma isolada ou em associa•ƒo com outros medicamentos. As fluorquinolonas sƒo uma importante classe de antimicrobianos sintˆticos que tem se destacado no combate a diferentes tipos de bactˆrias, sendo os Šnicos agentes antimicrobianos sintˆticos a competirem com antibi„ricos β-lact‡micos de uso cl†nico (e.g..: penicilinas e cefalosporinas). Devido ao seu amplo espectro de atividade antimicrobiana, as fluorquinolonas t‚m sido utilizadas com sucesso no combate Ž tuberculose, estando sob investiga•ƒo como f…rmacos de primeira escolha (SOUZA & VASCONCELOS, 2005). 3.5.1 Mecanismos de a‚ƒo dos antibi•ticos Os cinco principais mecanismos de a•ƒo antimicrobiana sƒo: 1) Inibi•ƒo da s†ntese da parede celular (antibi„ticos anti-parietais), onde o antibi„tico inibe a s†ntese do peptidoglicano da parede celular (bactericida); 2) Rea•ƒo com a membrana celular (intera•ƒo com os fosfol†pidos) que causa o aumento da permeabilidade e perda dos constituintes celulares (bactericida ou bacteriost…tico); 3) Inativa•ƒo de sistemas enzim…ticos ou enzimas essenciais, incluindo as envolvidas no processo de produ•ƒo de energia e s†ntese protˆica de componentes estruturais (bactericida ou bacteriost…tico); 4) Destrui•ƒo ou inativa•ƒo funcional do material genˆtico, atuando negativamente na s†ntese dos …cidos nuclˆicos, impedindo a repara•ƒo e replica•ƒo do DNA (bactericida); ou 5) Inibi•ƒo do metabolismo celular por antibi„ticos antimetab„litos ou an…logos metab„licos, conhecido como antagonismo competitivo (WALSH, 2000; ALMEIDA et al., 2007). A membrana citoplasm…tica da bactˆria ˆ uma barreira perme…vel Ž passagem de + + + + pequenos †ons como H , K , Na e Ca , alˆm de serem respons…veis pela entrada e sa†da de diferentes compostos (CANAL, 2010). Essa permeabilidade da cˆlula bacteriana ˆ importante para v…rias fun•–es celulares tais como, manuten•ƒo da energia no processo de transdu•ƒo, transporte de solutos, regula•ƒo do metabolismo e controle da pressƒo (COX et al., 2000 apud ALMEIDA, 2007). Existe um consenso de que compostos arom…ticos e fen„licos atuam na membrana citoplasm…tica, alteram sua estrutura e fun•ƒo, alteram o transporte ativo e coagulam o conteŠdo celular (BURT, 2004 apud ALMEIDA, 2007). 20 Em pesquisa recente do mecanismo de a•ƒo de dois produtos fen„licos, o Eugenol e Timol, observou-se a fuga de pot…ssio do corpo celular, que ˆ a primeira indica•ƒo de danos na membrana em micro-organismos. Nesse estudo, as medi•–es da fuga de pot…ssio, ap„s a exposi•ƒo de cepas bacterianas de Escherichia coli e Staphylococcus aureus aos agentes antimicrobianos pesquisados, permitiram concluir que o s†tio de a•ƒo do Timol e do Eugenol ˆ a membrana citoplasm…tica (WALSH & FISCHBACH, 2010). Os bioensaios de avalia•ƒo de atividade antimicrobina sƒo importantes para selecionar novos compostos com potencial inibi•ƒo microbiana, para identifica•ƒo do mecanismo de a•ƒo sƒo necess…rios estudos espec†ficos, como o citado anteriormente. 3.5.2 Antibi•ticos de uso clŠnico Um antimicrobiano deve matar ou inibir o crescimento do agente infeccioso, sem danificar os tecidos do hospedeiro, a esse conceito d…-se o nome toxicidade seletiva. A dose t„xica ˆ a concentra•ƒo que efetivamente destr„i ou elimina a pat„geno. Juntos, estes dois valores sƒo utilizados para formular o †ndice quimioterap‚utico, que representa a concentra•ƒo mais elevada (por quilograma de peso do corpo), do f…rmaco tolerado pelo hospedeiro, dividida pela concentra•ƒo mais baixa (por quilograma peso corporal) da droga (POMMERVILLE, 2011). Assim sendo, o melhor resultado dever… ser conseguido pela inibi•ƒo de fun•–es bacterianas que nƒo estƒo presentes em cˆlulas humanas, por exemplo, a inibi•ƒo de peptidoglicano em cˆlulas bacterianas pela penicilina (TALARO & CHESS, 2012). A diferen•a entre a dose necess…ria para o tratamento e a que provoca danos ao paciente ˆ normalmente grande, tal intervalo ˆ conhecido como †ndice terap‚utico. Os aminoglicos†deos sƒo exce•–es, porque doses um pouco acima do n†vel terap‚utico podem ser t„xicas. Embora todos os agentes antimicrobianos tenham potenciais efeitos indesejados, felizmente efeitos indesejados graves nƒo sƒo frequentes (ENGELKIRK & DUBEN-ENGELKIRK, 2011). Os antibi„ticos utilizados no controle bacteriano podem ter efeito bacteriost…tico ou bactericida: Sƒo bacteriot…ticos quando o agente antimicrobiano inibe o crescimento e/ou a reprodu•ƒo das bactˆrias; e bactericidas quando o agente destr„i (mata) as cˆlulas bacterianas. Em sentido amplo, o termo microbicida ˆ empregado para definir agentes que 21 inibem o crescimento de micro-organismos, e microbicida aqueles compostos que matam microbios (KAR, 2008). Segundo Trived et al. (2010), a escolha do antibi„tico para o tratamento de infec•–es depende: a) Local da infec‚ƒo - concentra•–es suficientes de antimicrobianos pode ser dif†cil de alcan•ar em alguns locais, como abscessos, osso, …reas com suprimento inadequado de sangue e alguns locais com baixo pH a•ƒo de certos antibi„ticos (por exemplo, aminoglicos†deos); d) Organismo - a identifica•ƒo do organismo patog‚nico prev‚ o hist„rico natural da infec•ƒo, permitindo a otimiza•ƒo do tratamento; c) Padrƒo de suscetibilidade - Streptococcus pyogenes ˆ invariavelmente suscet†veis a penicilina, mas outros organismos, tais como Acinetobacter e Pseudomonas sƒo resistentes, assim os antibi„ticos devem ser escolhidas conforme o padrƒo de resist‚ncia dos potenciais agentes patog‚nicos; d) Gravidade da infec‚ƒo - infec•–es graves exigem que os antibi„ticos sejam administradod por via parenteral; e) Hist•rico de alergia - uma resposta alˆrgica prˆvia pode limitar a escolha do antibi„tico; f) Efeitos colaterais - a probabilidade de efeitos indesejados pela administra•ƒo de certo antimicrobiano - por exemplo, aminoglicos†deos que devem ser utilizados com precau•ƒo em pacientes com doen•a renal prˆ-existente Existem diversos tipos de antibi„ticos de uso cl†nico, sendo citados a seguir os 12 grupos principais (GILLESPIE & BAMFORD, 2012; CLSI M7-A7, 2006): a) Penicilinas: Sƒo beta-lact‡micos que atuam inibindo a forma•ƒo de peptidoglicano em cˆlulas bacterianas. Modifica•–es nas penicilinas ter aumentado seu espectro de a•ƒo antibacteriana e melhorado a absor•ƒo do medicamento; b) Cefalosporinas: as cefalosporinas sƒo intimamente relacionadas com as penicilinas, pois interferem na s†ntese da parede celular de peptidoglicano via inibi•ƒo de enzimas envolvidas no processo de transpeptida•ƒo. Eles sƒo ativos contra bactˆrias Gram-positivos, e algumas cepas Gram-negativas, incluindo as Pseudomonas; c) Monobactamas: Os Monobactims estƒo relacionados com penicilinas e cefalosporinas. Eles t‚m um amplo espectro de atividade, incluindo bactˆrias anaer„bias. Por exemplo, o Imipenem e Meropenem t‚m apresentam efeitos antipseudomonas quando 22 administrados por via intravenosa; d) AminoglicosŠdeos: inibem da tradu•ƒo do mRNA em prote†nas bacterianas, constituintes do corpo celular; e) GlicopeptŠdeos: Tais como a Vancomicina e Teicoplanina, inibem peptidoglicano de reticula•ƒo em bactˆrias Gram-positivas, e raramente produzem resist‚ncia, com exce•ƒo de enterococos (enterococos resistentes a glicopˆptidos - GRE), e em alguns Staphylococcus aureus; f) Daptomicina: ˆ um novo agente com uma semi-vida longa, muito ativo contra micro-organismos Gram-positivos. Liga-se Ž membrana celular bacteriana levando Ž r…pida despolariza•ƒo do potencial de membrana, o que determina a inibi•ƒo da s†ntese de prote†nas, DNA e RNA, alˆm do extravasamento de conteŠdo citoplasm…tico e morte bacteriana; g) Quinolonas: inibem a DNA-girase bacteriana. As quinolonas primitivas nƒo atingiam n†veis elevados do tecido e foram utilizadas apenas para infec•–es do trato urin…rio. A modifica•ƒo com flŠor (fluoroquinolonas) tornou-as ativas contra bactˆrias Gram-negativas, incluindo pat„genos Chlamydia. Ciprofloxacina tem atividade contra Pseudomonas spp. Quinolonas sƒo bem absorvidas por via oral, sƒo largamente distribu†dos e penetram nas cˆlulas. Por exemplo, a moxifloxacina que possuem atividade inibit„ria contra bactˆrias patog‚nica Gram-positivas, incluindo Streptococcus pneumoniae e Mycobacterium tuberculosis; h) Macr•lideos: Os macrol†deos (eritromicina, azitromicina e claritromicina) se ligam ao ribossoma 50S, interferindo na s†ntese protˆica, eles sƒo ativos contra cocos Gram-positivos, muitos aer„bios como Mycoplasma e Chlamydia (mas nƒo Bacter„ides); i) Estreptograminas: Sƒo macromolˆculas semi-sintˆticas da mesma fam†lia dos macrol†deos e lincosaminas que, embora nƒo possuam rela•ƒo qu†mica, apresentam algumas propriedades semelhantes, como mecanismo de a•ƒo, espectro antimicrobiano, caracter†sticas farmacocinˆticas e farmacodin‡micas e indica•–es cl†nicas. A quinupristina e dalfopristina sintetizadas a partir da pristinamicina IA e IIB, respectivamente, utilizados em conjunto inibem a forma•ƒo da liga•ƒo pept†dica, o que resulta na liberta•ƒo de cadeias polipept†dicas incompletas. Sƒo ativas contra uma ampla gama de pat„genos Grampositivos e alguns Gram-Negativos, tais como Moraxella, Legionella, Mycoplasma e Neisseria meningitidis. ‘ utilizado principalmente para o tratamento de bactˆrias grampositivas resistentes a infec•–es (Por exemplo, GRE e glicopept†deos intermedi…rio S. 23 aureus [GISA]); j) Oxazolidinonas: As oxazolidinonas (por exemplo, linezolida) inibem a s†ntese de prote†nas na Subunidade 50S ribossomal. Elas sƒo mais ativas contra bactˆrias Grampositivas e sƒo utilizados principalmente no tratamento de resist‚ncia infec•–es causadas por bactˆrias gram-positivas; k) Metronidazol: A principal caracter†stica do metronidazol ˆ sua ampla atividade contra os organismos anaer„bicos. Atua por meio de um receptor de elˆtrons, formando metab„litos t„xicos que danificam o DNA bacteriano; tambˆm sƒo ativos contra algumas espˆcies de protozo…rios, incluindo Giardia, Entamoeba histolytica e Trichomonas vaginalis; l) Tetraciclinas: bloqueiam a liga•ƒo do tRNA ao mRNA causando a inibi•ƒo da s†ntese protˆica. Eles sƒo ativos contra muitas bactˆrias Gram-positivas e alguns pat„genos Gram-negativos, Chlamydia, Mycoplasma, Rickettsia e treponemas, Plasmodium e Entamoeba histolytica; m) Sulfonamidas e trimetoprim: Sulfonamidas e trimetoprim atuam inibindo a s†ntese de tetrahidrofolato. Eles sƒo raramente utilizados no tratamento de infec•–es bacterianas, mas tem um papel importante no controle de Pneumocystis jiroveci e infec•–es por protozo…rios incluindo a mal…ria. 3.5.3 ResistŽncia a antibi•ticos Anualmente, milh–es de pessoas morrem em decorr‚ncia de infec•–es causadas por micro-organismos resistentes aos antibi„ticos atuais (WHO, 2012). A falha na terapia antimicrobiana causa o aumento da morbilidade e mortalidade, e elevados custos no tratamento de infec•–es (Garcia, 2011). Quando um antibi„tico ˆ descoberto e introduzido no mercado, sua utilidade cl†nica come•a a diminuir atˆ um ponto em que h… um aumento na restri•ƒo de seu uso pelo surgimento de cepas resistentes (ROCHA et al., 2011). Sendo uma das grandes causas de aquisi•ƒo de resist‚ncia o uso indiscriminado de novos antibi„ticos em grandes popula•–es (SILVEIRA et al. 2006). As bactˆrias comensais resistentes a antimicrobianos produzem reservat„rios de resist‚ncia que podem ser transmitidos para bactˆrias patog‚nicas (CALIMAN et al., 2012). O surgimento da resist‚ncia em bactˆrias patog‚nicas pode reduzir a efic…cia de 24 terapias antimicrobianas com antibi„ticos de amplo espectro de a•ƒo (GILLESPIE & HAWKEY, 2006), o que em alguns casos implica no uso de antibi„ticos seletivos, que em alguns casos podem ser mais t„xicos ao paciente e possuem custam mais elevado de produ•ƒo. A resist‚ncia a antibi„ticos ˆ um problema global, devendo-se dar aten•ƒo aos genes que confiram esta resist‚ncia as bactˆrias. Os genes de resist‚ncia a antimicrobianos estƒo localizados em reservat„rios conhecidos como plasm†deos, transposons e integrons, que permitem a transfer‚ncia g‚nica entre diferentes g‚neros e espˆcies de bactˆrias, tornando-as resistentes (CANAL, 2010). Os genes que conferem resist‚ncia a v…rias classes de antimicrobianos e aos desinfetantes sƒo encontrados na forma de cassetes g‚nicos, estes, por sua vez, constituem um pool de genes (PARTRIDGE et al., 2009). Figura 11. Mecanismos de resist‚ncia a antibi„ticos (Fonte: adaptado de Gillespie & Bamford (2012) p.19. 25 Sƒo conhecidos pelo menos tr‚s mecanismos de resist‚ncia a antimicrobianos: inativa•ƒo, efluxo e adi•ƒo. Na inativa•ƒo a subst‡ncia antimicrobiana ˆ degradada em outra inerte a cˆlula bacteriana; no efluxo os antibi„ticos sƒo expulsos do corpo celular (possuem uma prote†na na membrana interna que bombeia o antimicrobiano); e algumas bactˆrias possuem enzimas que adicionam um composto qu†mico de inativa•ƒo de grupos de antibi„ticos, para inibir suas atividades; existem ainda bactˆrias com impermeabilidade natural no envelope celular, o que nƒo permite a alguns antimicrobianos alcan•ar o s†tio de rea•ƒo, ou que podem promover a altera•ƒo do s†tio de liga•ƒo dos antibi„ticos (GILLESPIE & BAMFORD, 2012). O desenvolvimento de novos antimicrobianos possibilita um resguardo cl†nico contra bactˆrias multirresistentes, principalmente no ambiente hospitalar. Contudo, em tais estudos deve se considerar a natureza qu†mica e bioqu†mica da subst‡ncia testada, alˆm de sua intera•ƒo com o organismo patog‚nico, a fim de nƒo induzir a resist‚ncia microbiana. 3.6 POLIFEN•IS A palavra polifenol significa "muitos fen†is" [Do grego poli = muitos + fenol = composto qu†mico formado por um anel arom…tico ligado um grupo hidroxila (-OH)]. Os polifen„is ou compostos fen„licos constituem um grupo heterog‚neo, composto de v…rias classes de subst‡ncias com propriedade antioxidante. (OLIVEIRA, 2011; BASLI, 2012). Essas subst‡ncias estƒo presentes em v…rios alimentos e bebidas, mas em especial na uva e em seus derivados. O suco de uva possui um elevado teor de a•Šcar, principalmente na forma de glicose e frutose, alˆm de conter nutrientes essenciais, micronutrientes, vitaminas e uma grande quantidade e variedade de polifen„is (VARGAS et al., 2008; BASLI, 2012). Os polifen„is j… foram amplamente estudados em razƒo dos efeitos benˆficos que propiciam Ž saŠde, como atividade antioxidante na preven•ƒo de rea•–es oxidativas e forma•ƒo de radicais livres, bem como na prote•ƒo contra danos ao DNA das cˆlulas, com propriedades neuroprotetora, antiinflamat„ria, anticarcinog‚nica, antiaterog‚nica, antitromb„tica, antimicrobiana, analgˆsica e vasodilatadora (AFAQ & KATIYAR, 2011; CIMINO et al., 2012; EFRAIM et al., 2011). 26 A estrutura b…sica de alguns compostos fen„licos est… representada na Tabela 1. Tabela 1. Classifica•ƒo dos principais dos compostos fen„licos. Classe F•rmula Estrutural Estrutura QuŠmica O C6-C2-C6 Antraquinonas O O C6-C3 Cromonas O O Cumarinas C6-C3 Flavon„ides C6-C3-C6 O C6-C3 Isocumarinas O O O O C6-C4 Naftoquinonas O O C6-C1-C6 Xantonas O 3.6.1 Flavon•ides Os flavon„ides foram descobertos em 1930, pelo ganhador do pr‚mio Nobel SzentGyrgy, que extraiu da casca do limƒo a citrina, subst‡ncia com a capacidade de regula•ƒo da permeabilidade dos capilares (SANTOS, 2009). Inicialmente, os flavon„ides eram denominados como vitamina P (de permeabilidade) e tambˆm por vitamina C2 , visto que algumas das subst‡ncias pertencentes a esta classe apresentam propriedades semelhantes Žs da vitamina C. Porˆm, dada a nƒo confirma•ƒo destas subst‡ncias como vitaminas, esta classifica•ƒo foi abandonada em 1950 (VAUZOUR, 2012). 27 Os flavon„ides constituem o maior grupo de compostos fen„licos nas plantas, abrangendo cerca de metade dos 8 mil compostos fen„licos que ocorrem na natureza. Consoante as varia•–es no anel heteroc†clico, tambˆm eles podem ser agrupados em diversas subclasses: flavon„is, flavonas, flavanonas, flavan„is (ou catequinas), isoflavonas, flavanon„is e antocianidinas (GRASSI et al., 2010). Essa classe de polifen„is apresenta compostos com 15 …tomos de carbono em seu nŠcleo fundamental, constitu†do de duas fenilas ligadas por uma cadeia de tr‚s carbonos entre elas (C6 -O3 -O2 -C6). Nos compostos tric†clicos, as unidades sƒo denominadas nŠcleos A, B, C e os …tomos de carbono recebem numera•ƒo com nŠmeros ordin…rios nos nŠcleos A e C, e os mesmos nŠmeros seguidos de linha(') no nŠcleo N (PIMP•O, 2009). As substitui•–es nos anˆis A e B dƒo origem a diferentes compostos dentro de cada classe. Estas substitui•–es podem incluir oxigena•ƒo, alquila•ƒo, glicosila•ƒo, acila•ƒo e sulfata•ƒo. Rea•–es como a glicosila•ƒo tornam os flavon„ides mais solŠveis em …gua e permitem o seu armazenamento no vacŠolo celular, onde sƒo geralmente encontrados nas plantas (PIMP•O, 2009; ). Os flavon„is sƒo compostos amplamente distribu†dos pelas plantas superiores, onde ocorrem normalmente na forma de glicos†deos, representam um constituinte comum da dieta humana, sendo encontrados em ch…s, vinhos, pr„polis, mel, em frutas, legumes, nozes, sementes, caules e flores de plantas, e representam (CUSHNIE & LAMB, 2005). Os flavon„ides Kaempferol e Quercetina geralmente sƒo encontrados em frutos de ros…ceas como morangos, framboesas e amoras, que tem demonstrado em diversos estudos um alto potencial antiinflamat„rio e antioxidante (KIM, 2010). Estudos relatam o Kaempferol como inibidor da prolifera•ƒo celular e indutor de apoptose em cˆlulas do c‡ncer pancre…tico (ZHANG, 2008). Nos Estados Unidos, a ingestƒo dietˆtica di…ria de flavon„ides mistos ˆ estimada estar na faixa de 500-1000 mg, mas este valor pode ser chegar a v…rios gramas em pessoas que completam suas dietas com alimentos prepara•–es Ž base de plantas contendo flavon„ides (CUSHNIE & LAMB, 2005). 28 Figura 12. Estrutura b…sica dos flavon„ides, dois anˆis fenil (A e B) ligados atravˆs de um anel pirano (C). Na natureza sƒo encontradas diversas classes de flavon„ides, as principais estruturas b…sicas destes compostos sƒo ilustradas na Figura 13: Figura 13. Estruturas b…sicas de algumas classes de flavon„ides. 3.6.2 Efeitos Biol•gicos dos Flavon•ides Os flavon„ides possuem diversas fun•–es biol„gicas, tais como prote•ƒo das plantas a raio ultravioleta; prote•ƒo contra insetos, fungos, v†rus e bactˆrias; atra•ƒo de 29 animais para poliniza•ƒo; antioxidantes; controle da a•ƒo de horm•nios vegetais; agentes alelop…ticos e inibidores de enzimas (OLIVEIRA, 2011). Alˆm de diversos efeitos biol„gicos importantes, como: antitumoral, antiulcerog‚nica, anti-hemorr…gicas, tratamento de doen•as circulat„rias, hipertensƒo e cofator de vitamina C, antiinflamat„rio, e antioxidante (PEDRIALI, 2005). Como antioxidantes, os flavon„ides podem proteger contra dano oxidativo dos constituintes celulares e, portanto, limitar o risco de v…rias doen•as degenerativas associadas ao estresse oxidativo (GRASSI et al., 2010). a) Atividade antioxidante Antioxidantes sƒo compostos que podem retardar ou inibir a oxida•ƒo de lip†dios ou outras molˆculas, evitando o in†cio ou propaga•ƒo das rea•–es em cadeia de oxida•ƒo. A atividade antioxidante dos flavon„ides ˆ principalmente devida Žs suas propriedades de „xido-redu•ƒo, as quais podem desempenhar um importante papel na absor•ƒo e neutraliza•ƒo de radicais livres, quelando o oxig‚nio triplete e singlete ou decompondo per„xidos (DEG‹SPARI & WASZCZYNSKYJ, 2004). As flavonas e catequinas parecem ser os flavon„ides mais poderosos para a prote•ƒo do organismo contra espˆcies reativas de oxig‚nio (ROS). As cˆlulas e tecidos corporais sƒo continuamente amea•ados pelo dano causado por radicais livres e ROS que sƒo produzidos durante o metabolismo normal de oxig‚nio ou sƒo induzidas por via ex„gena (TAPAS et al., 2008). Os mecanismos end„genos de defesa (ou mediadores de redox tais como: super„xido dismutase, catalase, peroxidase e metaloprote†nas) podem ser auxiliadas favoravelmente com a introdu•ƒo de antioxidantes por meio da dieta. As matˆrias-primas in natura dispon†veis como: frutas, vegetais em geral e condimentos contˆm numerosos fitoqu†micos alˆm dos compostos fen„licos como, por exemplo, compostos nitrogenados, caroten„ides, …cido asc„rbico e tocofer„is. Muitos destes fitoqu†micos apresentam significante capacidade antioxidante e sƒo associados Ž baixa incid‚ncia e baixa mortalidade de c‡ncer em seres humanos (YILDRIM, 2002; KIM et al., 2010). 30 O potencial de atividade antioxidante dos flavon„ides, que atuam na elimina•ƒo de radicais livres, tem sido relatado na seguinte ordem: Mircetina > Quercetina > Rametina > Morin > Diosmetina > Naringenina > Apigenina > Catequina > 5,7-di-hidroxi-3',4',5'Trimetoxiflavona > Robinin > Kaempferol > Flavonol (TAPAS et al., 2008). b) A‚ƒo antitumoral O c‡ncer ˆ considerado uma das maiores causas de morte no mundo e ˆ definido como uma doen•a gen•mica, surgindo como consequ‚ncia de altera•–es cumulativas no material genˆtico (DNA) de cˆlulas normais, as quais sofrem transforma•–es atˆ se tornarem malignas (DANTAS et al., 2009). Estudos epidemiol„gicos t‚m mostrado que com o aumento da ingestƒo de frutas e vegetais experimenta uma redu•ƒo de 50% no risco de c‡nceres e trato digestivo respirat„rias. Assim, o consumo de geniste†na pode prevenir o desenvolvimento de tumores e promover a forma•ƒo de novos vasos sangu†neos, evitando assim, a chegada de nutrientes e oxig‚nio para cˆlulas novos tumores (MART“NEZ-FL’REZ et al., 2002). A geste†na tambˆm regular as rea•–es do estrog‚nio e seus receptores, diminuindo, desse modo, o risco de c‡ncer de mama. De fato, tem sido mostraram que os flavon„ides podem inibir monooxigenase dependentes do citocromo P-450, indicando potencial na inativa•ƒo de carcin„genos; tambˆm relatam que chalconas e flavanonas sƒo indutores das quinonas redutases e podem prevenir hepatomas (MART“NEZ-FL’REZ et al., 2002). O c‡ncer pode ser considerado uma doen•a genˆtica uma vez que ˆ desencadeado por altera•–es no DNA da cˆlula. No entanto, ao contr…rio das demais s†ndromes genˆticas humanas, o c‡ncer nƒo ˆ necessariamente uma doen•a heredit…ria. Os c‡nceres humanos sƒo, na sua maioria, de origem som…tica resultantes da intera•ƒo de fatores genˆticos e ambientais (BEHLING et al., 2004). No caso do c‡ncer heredit…rio, as muta•–es germinativas estƒo diretamente associadas Ž predisposi•ƒo familial para o desenvolvimento de tumores e, nesses casos espec†ficos, o c‡ncer pode ser considerado uma doen•a genˆtica e heredit…ria (MART“NEZ-FL’REZ et al., 2002). 31 Estudos epidemiol„gicos t‚m apontado menor incid‚ncia de c‡ncer de colo, de endomˆtrio e de ov…rio em pa†s do oriente, decorrente da dieta rica em alimentos contendo altas concentra•–es de flavon„ides (ZHANG et. al., 2008). Estudos experimentais prop–em a divisƒo da carcinog‚nese em tr‚s est…gios: inicia•ƒo, promo•ƒo e progressƒo. O est…gio de inicia•ƒo ˆ caracterizado por altera•ƒo do material genˆtico, que pode ou nƒo resultar em muta•ƒo. O est…gio de promo•ƒo, caracterizado pela conversƒo da cˆlula iniciada em prˆ-maligna, ˆ um processo longo e revers†vel, sendo este um ponto estratˆgico para a•ƒo de agentes quimiopreventivos. A progressƒo da cˆlula prˆ-maligna para cˆlula maligna ocorre em consequ‚ncia de dano adicional ao cromossomo. O resultado ˆ a divisƒo celular incontrolada, resultante do aumento da autonomia celular. A atua•ƒo dos flavon„ides, em especial as antocianinas, nessas diversas fases pode estar relacionada Ž sua a•ƒo antioxidante, ao aumento da resposta imune ou ainda Ž modula•ƒo da expressƒo do gene supressor tumoral. Entretanto, os est…gios da carcinog‚nese em que os flavon„ides podem agir ainda nƒo estƒo estabelecidos (VOLP et al., 2007) Os flavon„ides representam um grande grupo de fitoqu†micos que sƒo conhecidos por exercerem uma atividade antitumoral. Assim, estudos investigativos t‚m demonstrado que os poss†veis mecanismos de inibi•ƒo da carcinog‚nese por polifen„is estejam relacionados com o aumento da expressƒo de super„xido dismutase, inibi•ƒo da cicloxigenase e lipoxigenase, indu•ƒo de apoptose e repressƒo do ciclo celular, como demonstrado em cˆlulas carcinog‚nicas humanas in vitro (MACHADO, 2006). c) Atividade antiinflamat•ria O processo inflamat„rio encontrado em diversas patologias ˆ uma resposta do organismo frente a uma infec•ƒo ou injŠria tecidual, e compreende basicamente dois mecanismos de defesa: a) resposta inespec†fica (resposta inata), respons…vel pelas caracter†sticas da regiƒo inflamada (vermelhidƒo, edema, calor, dor e perda de fun•ƒo); e b) uma resposta imunol„gica, na qual h… produ•ƒo de anticorpos espec†ficos contra um determinado agente agressor (COUTINHO et. al. 2009). 32 Estudos dos efeitos dos flavon„ides sobre os processos inflamat„rios demonstraram que os integrantes deste grupo funcional apresentam a capacidade de inibir a ativa•ƒo de uma sˆrie de enzimas. Desse modo, deixam de ativar as Isoformas de Indu•ƒo de ’xido N†trico (iNOS) e a ciclo-oxigenase (COX-2) e assim nƒo sƒo produzidas as subst‡ncias envolvidas no processo inflamat„rio, tais como Prostaglandinas e ’xido N†trico (GONZ‹LEZ-GALLEGO et al., 2007). A exposi•ƒo das cˆlulas aos pat„genos e a lesƒo tecidual resultam na produ•ƒo e na libera•ƒo de diversos mediadores qu†micos, respons…veis pelo processo inflamat„rio. Dentre os mediadores da inflama•ƒo, encontram-se histamina, metab„litos do …cido araquid•nico (prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos), fator de ativa•ƒo plaquet…ria, bradicinina, „xido n†trico, neuropept†deos e citocinas (COUTINHO et al. 2009). d) Atividade hormonal Sƒo v…rios os fatores que contribuem para o desenvolvimento da osteoporose, entre eles se destacam a idade, o sexo e a ra•a, que sƒo principais determinantes a perca de massa „ssea e ao risco de fraturas. Estudos relatam que fatores genˆticos afetam as varia•–es na massa „ssea em diferentes grupos ˆticos e raciais. Indiv†duos da ra•a negra possuem maior pico de massa „ssea e, portanto, sƒo menos predispostos a sofrerem de osteoporose que brancos e asi…ticos (ARAG•O, 2004). Quanto maior a sobrevida do indiv†duo, maior ˆ o risco de desenvolver osteoporose. Na menopausa, que se inicia entre 45 e 55 anos de idade, ˆ evento singular que ocorre devido Ž defici‚ncia estrog‚nica, trazendo uma sˆrie de transforma•–es ao organismo feminino. As mulheres passam a enfrentar perdas „sseas, sintomas vasomotores, altera•–es cardiovasculares, distŠrbios sexuais e psicol„gicos, altera•–es urin…rias, genitais e dermatol„gicas (ARAG•O, 2004). Alˆm do mais, estudos t‚m demonstrado que a suplementa•ƒo alimentar por isoflavonas de mulheres na prˆ-menopausa ocasiona riscos m†nimos Ž saŠde. Notou-se que a prepara•ƒo isoflavona de soja, utilizada no estudo, afetou positivamente o funcionamento da tir„ide, e controle da produ•ƒo de o estr„genos, tanto por via end„gena ou ex„gena, e que nƒo ocorreu aumento das concentra•–es de globulina, o que normalmente resultaria na 33 compensa•ƒo por produ•ƒo de tiroxina (STEINBERG et al., 2011), que poderei resultar na necessidade de reposi•ƒo hormonal. Um estudo da preven•ƒo de c‡ncer de mama em mulheres na prˆ-menopausa, que incluiu na dieta isoflavonas da soja, observou um modesto aumento na densidade da mama das pacientes em compara•ƒo ao controle. Tais resultados indicaram a exist‚ncia de atividade hormonal de flavon„ides em mulheres que fizeram uso de isoflavona na prˆmenopausa (HOOPER et al., 2010). Um estudo anterior j… havia revelado em mulheres uma atividade hormonal moderada produzida por isoflavonas em gonadotrofinas e estradiol (HOOPER et al., 2009). e) Atividade antiviral Diversos estudos t‚m revelado a atividade antiviral nos flavon„ides existentes na pr„polis. As fra•–es de pr„polis afetam a replica•ƒo do v†rus tais como virus Vaccinia (var†ola das vacas) e a respons…vel pela doen•a de Newcastle (peste avi…ria). Os flavon„ides Crisina e Kaempferol t‚m demonstrado boa atividade na inibi•ƒo de replica•–es de v…rios v†rus de herpes, adenov†rus, rotav†rus (ADELMANN et al., 2005). H… relatos de flavon„ides como crisina, acacetina, e apigenina sƒo capazes de inibir a ativa•ƒo de HIV-1 em modelos de infec•ƒo latente, por meio de um mecanismo que, provavelmente, inclui a inibi•ƒo da transcri•ƒo viral (GEKKER et al., 2005). Os flavon„ides Quercetina e Rutina, encontrados no mel e na pr„polis demonstraram atividade antiviral contra os v†rus HSV (herpes simplex virus), o virus Sincicial respirat„rio, poliov†rus e v†rus Sindbis (SINV), sendo proposto como mecanismo de a•ƒo a inibi•ƒo da polimerase virais, do …cido nuclˆico e prote†nas do caps†deo (VIUDA-MARTOS, 2008). f) Atividade antimicrobiana Diversos estudos t‚m avaliado a atividade antimicrobiana de flavon„ides em associa•ƒo com antibi„ticos de uso cl†nico. Os resultados t‚m desmonstrado um aumento potencial antibacteriano destes antibi„ticos, como ˆ o caso da amoxicilina, clavulina e ampicilina (EGERT & RIMBACH, 2011). 34 Estudos t‚m demonstrado a existencia de atividade antimicrobiana em flavon„ides comercias, tais como: Apigenina, Galangina, Pinocembrina, Ponciretina, Genkwanina, Naringina, Naringenina, Galato Epigalocatequina e seus derivados, Luteolina, Luteolina, Quercetina e seus derivados, Kaempferol e seus derivados, Isoflavonas; Flavanonas; e Calconas (AKHLAGHI & BANDY, 2012). Nos Šltimos anos, diversos extratos de plantas com um hist„rico de uso na medicina popular estƒo sendo selecionados para avalia•ƒo de atividade antibacteriana por muitos grupos de pesquisa. Os flavonoides contidos em extratos das espˆcies vegetais L. vetulina, L. acida e L. microcarpa foram relatados para possuir atividade antibacteriana (OUATTARA et al., 2011). A pr„polis tem sido analisada desde 1980, e amostras coletadas tem demonstrado altas concentra•–es de flavonoides com atividade antimicrobiana. Existem duas principais teorias propostas para explicar esta capacidade: uma ˆ devido Ž a•ƒo do hidrog‚nio contido no per„xido de mel, que ˆ produzido pela oxida•ƒo da glicose na presen•a de luz e de calor, e a outra hip„tese ˆ de que esta atividade ocorre sem o perocido, e que independente da luz e do calor para inibir o crescimento microbiano. Esta atividade sem peroxido, que permanece inalterado atˆ mesmo durante longos per†odos de armazenamento, depende da flor que foi a fonte de nˆctar usada e, portanto nem todos os mˆis possuem esta atividade (VIUDA-MARTOS et al., 2008). Muitos grupos de pesquisa ter ido um pouco mais longe e ou isolada e identificada a estrutura de flavonoides que possuem atividade antibacteriana, ou quantificar a actividade de flavon„ides dispon†veis comercialmente. Exemplos de tais flavon„ides sƒo apigenina, galangina, pinocembrina, ponciretina, genkwanina, sophoraflavanone G e dos seus derivados, naringina e naringenina, epigalocatequina galato e seus derivados, luteolina e luteolina 7-gluc„sido, a quercetina, o 3-O-e metilquercetina v…rios glicos†deos de quercetina e kaempferol e seus derivados (CUSHNIE & LAMB, 2005). Diversos estudos t‚m identificado atividade antimicrobiana em calconas e flavonas naturais e com substitutos sintˆticos. Combina•–es de flavonas (rutina, quercetina e morin) t‚m demonstrado maior atividade sinergˆtica contra micro-organismos Gram-negativos como a S. aureus (ALVAREZ et al., 2008). 35 Por exemplo, Wang e colaboradores t‚m complexado a 5-hidroxi-7,4- Dimethoxyflavone com uma sˆrie de metais de transi•ƒo e mostraram que este processo aumenta a actividade antibacteriana. Outro grupo relatou aumento antibacteriano atividade de 3-metilenoflavanonas quando o anel B contido substituintes bromo ou cloro (CUSHNIE & LAMB, 2005). g) Toxicidade dos flavon•ides Estudos de toxidade t‚m demonstrado que os flavon„ides possuem baixa toxicidade, e a sua combina•ƒo com antibi„ticos convencionais pode ser uma alternativa ao tratamento de bactˆrias resistentes. Em diversos trabalhos ˆ relatado a dose letal 50 (DL50 ) dos flavon„ides, na sua forma aglicona, como sendo igual a 2 g/kg do peso do animal, quando administrados por via intravenosa em ratos (DUTHIE & ORRICE, 2012). Devido Ž baixa solubilidade dos flavon„ides agliconas em …gua, o curto tempo de resid‚ncia dos flavon„ides no intestino, e ao baixo coeficiente de absor•ƒo, nƒo ˆ poss†vel para os seres humanos sofrer efeitos t„xicos agudos no consumo de flavon„ides, com exce•ƒo de uma rara ocorr‚ncia de alergia (DUTHIE & ORRICE, 2012; MEOTTI, 2006). Estudos toxicol„gicos prˆliminares demonstraram que a administra•ƒo constante de doses extremamente altas de flavon„ides causa altera•–es morfol„gicas na membrana dos hepat„citos, com necrose celular e morte do animal. Alˆm disso, foi observado um efeito mutag‚nico por alguns flavon„ides. A atividade t„xica e mutag‚nica dos flavon„ides ˆ atribu†da, principalmente, Ž forma•ƒo de ep„xidos durante sua biotransforma•ƒo. Porˆm, em geral, as muta•–es sƒo reparadas antes de conduzirem a um distŠrbio. Desta forma, o risco de consequ‚ncias patol„gicas ocorridas pela muta•ƒo atravˆs do consumo de flavon„ides ˆ considerado baixo (HAVSTEEM, 2002). Outro estudo toxicol„gico avaliou os efeitos da exposi•ƒo de ratos a altas concentra•–es de flavon„ides em ratos, durante tr‚s semanas, o que resultou em altera•–es morfol„gicas na estrutura da membrana dos hepat„citos, que levam Ž necrose das cˆlulas e, eventualmente, Ž morte do animal. Assim, embora os flavon„ides sejam normalmente absorvidos pelo organismo humano e provavelmente constituam uma das drogas conhecidas mais seguras, em concentra•–es elevadas, podem se tornar subst‡ncias t„xicas (MEOTTI, 2006). 36 3.6.3 Quercetina A quercetina (3,3’,4’,5,7-pentahidroxiflavona), ˆ o flavon„ide de maior ocorr‚ncia na dieta humana, sendo encontrada em frutas, verduras, vinho, suco de frutas, ch…s, etc. Este flavon„ide pode ser obtido em plantas a partir de glicos†deos (a•Šcares e derivados) por meio de extra•ƒo, seguida de hidr„lise para libertar a aglicona e subsequente purifica•ƒo (HARWOOD et al., 2007). Em decorr‚ncia da preval‚ncia de Quercetina na dieta humana e suas potenciais aplica•–es cl†nicas e nutricionais, este flavon„ide foi avaliado extensivamente durante os Šltimos anos, em uma variedade de estudos de toxicidade, tais como: genotoxidade, toxicidade reprodutiva, toxidade aguda, cr•nica e subcr•nica (OKAMOTO, 2005). A estrutura qu†mica da Quercetina ˆ essencial tambˆm para sua atividade, ela participa de rea•–es formando complexos com metais, desta forma, afetando o transporte, reatividade, biodisponibilidade e toxicidade dos †ons met…licos. No seu esqueleto qu†mico h… tr‚s poss†veis s†tios de quela•ƒo de metais que competem entre si, e podem ser classificados da seguinte forma: catecol > α-hidroxicarbonila > β-hidroxicarbonila. A quercetina tem v…rios elementos estruturais caracter†sticos de fun•–es antioxidantes: (1) as duas hidroxilas em posi•ƒo orto no anel B - grupo catecol, (2) a presen•a da dupla liga•ƒo entre o C2 e C3 e (3) as hidroxilas substitu†das em C3 e C4 em proximidade com a carbonila em C4 (AMSTALDEN, 2011). OH 3' HO 8 7 1 9 A 6 5 OH O 2 C 10 4 1' OH 4' 2' B 5' 6' 3 OH O Figura 14. Estrutura qu†mica do flavon„ide Quercetina. 37 Um estudo de repara•ƒo do DNA comprovou a capacidade da quercetina em reduzir danos em cˆlulas Caco-2 (adenocarcinoma coloretal) quando expostas a doses de 1 μmol/L do composto. Entretanto, observou-se o efeito inverso quando aplicadas doses de 100 μmol/L. Neste mesmo trabalho, os autores observaram a indu•ƒo da produ•ƒo de 8oxiguanina DNA glicosilase (hOGG1), uma enzima envolvida no reparo do DNA, o que sugere que o flavon„ide, em baixas concentra•–es, pode prevenir o dano e aumentar a repara•ƒo do DNA. Tambˆm, notou-se que altas doses (acima de 50 μmol.L-1 ) a Quercetina pode apresentar efeitos pr„-oxidante e citot„xico, que sƒo caracter†sticas promissoras na terapia tumoral, uma vez que os efeitos pr„-oxidantes t‚m uma tend‚ncia de iniciar a apoptose nas cˆlulas (morte programada), contribuindo no tratamento do c‡ncer (MIN & EBELER, 2009). 3.7 COMPLEXOS MET‡LICOS DE INTERESSE BIOL•GICO De acordo com sua atividade biol„gica, os metais podem ser divididos em dois grupos: a) metais essenciais (Na, K, Mg, Ca, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, Mo, e W), representados por aqueles que apresentam fun•–es biol„gicas conhecidas e espec†ficas; e b) metais nƒo essenciais (Ag, Cd, Sn, Au, Hg, Ti, Pb, Bi e Al), sem fun•–es metab„licas conhecidas (BEVERIDGE et al., 1996). O metais Ca, P, Na, K, Cl e Mg sƒo conhecidos como macronutrientes, pois por serem elementos indispens…veis a s†ntese do meio intracelular devem ser ingeridos em quantidades maiores de 100 mg por dia; enquanto os elementos Cr, Co, Cu, I, Ferro, Mo, Mg, Se, Si, Zn e F os valores exigidos sƒo menores de 100 mg/dia, conhecidos como micronutrientes ou oligoelementos (MURRAY et al., 2009). Os metais essenciais desempenham diversos papˆis no metabolismo dos seres vivos. Os elementos de transi•ƒo ligam-se firmemente a macromolˆculas, particularmente prote†nas, e estƒo envolvidos em processos como cat…lise enzim…tica de hidr„lise ou rea•–es de oxida•ƒo e/ou redu•ƒo. Outras fun•–es conhecidas sƒo os mecanismos de controle de rea•–es, a estabiliza•ƒo de estruturas, a neutraliza•ƒo de cargas e o controle de pressƒo osm„tica (MURRAY et al., 2009). O estudo de complexos met…licos para uso na quimioterapia teve grande impulso depois da descoberta das propriedades antitumorais do cis[(diaminodicloro)platina(II)], 38 cis[Pt(NH3 )2 Cl2 ], comumente chamado “cisplatina”, e que ˆ um dos compostos mais utilizados no tratamento do c‡ncer hoje em dia (FONTES et al., 2005). Esse complexo foi primeiramente descrito por Reiset em 1844, entretanto, as propriedades antitumorais de compostos contendo platina s„ foram descobertas mais de um sˆculo ap„s. Em 1969, o f†sico Barnet Rosenberg estava trabalhando na Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, procurava estudar os efeitos do campo elˆtrico em uma cultura de bactˆrias Escherichia coli (FONTES et al., 2005). Rosenberg observou que a divisƒo celular era inibida, e durante o processo, as cˆlulas de E. coli, como nƒo podiam se dividir, cresciam formando filamentos alongados. partir desta investiga•ƒo, Rosenberg afirmou que tais complexos poderiam agir de maneira semelhante para inibir a divisƒo celular em cˆlulas tumorais. Desde entƒo, complexos de platina t‚m sido tem…tica relevante ao longo da hist„ria da Qu†mica Bioinorg‡nica (LOPES, 2009). Atualmente, a cisplatina (CDDP) ˆ um dos f…rmacos mais efetivos e potentes na terapia antitumoral, apresentando espectro de a•ƒo contra v…rios tumores s„lidos, incluindo c‡ncer de pulmƒo, cabe•a e pesco•o, carcinoma de ov…rio (GIUBERTI, 2007). Cl Cl H H Pt H N N H H H Figura 15 - Estrutura tridimensional da cisplatina. Um estudo demonstrou que a presen•a do flavon„ide floranol em um complexo met…lico com †ons Cu(II) contribuiu para impedir a forma•ƒo de radicais livres, comuns na rea•ƒo de oxi-redu•ƒo de LDL pelo metal Cobre (BOTELHO et al., 2007). Diversos estudos t‚m revelado um aumento significativo de atividades biol„gicas de flavon„ides ap„s complexa•ƒo. A coordena•ƒo com †ons met…licos pode potencializar 39 as atividades: antioxidante, antimicrobiana, antitumoral, antiviral, etc (GAMBINO et al., 2011; BASTOS et al., 2010; SILVA et al., 2009; MOHAMMADI et al., 2005; HAVSTEEN, 2002). Uma nova estratˆgia de produ•ƒo de f…rmacos prop–e Ž coordena•ƒo de †ons met…licos a antibi„ticos, com tr‚s frentes de estudo, a primeira tem por objetivo criar um mecanismo de reversƒo da resist‚ncia microbiana, e, por conseguinte promover o desenvolvimento de novas drogas com um mecanismo de a•ƒo desconhecido pelas bactˆrias patog‚nicas, enquanto a terceira ao mesmo tempo tentar reduza a toxicidade do †on met…lico na forma de complexo (ROCHA at al., 2011). 3.7.1 G€lio O principal interesse cl†nico deriva da observa•ƒo que propriedades metab„licas do g…lio sƒo similares aquelas do Fe(III), como raio i•nico, eletronegatividade, afinidade eletr•nica, geometria de coordena•ƒo e afinidade pelos mesmos tipos de ligantes, pois ambos mostram quase a mesma capacidade de liga•ƒo com quelatos e prote†nas. Os mais importantes carreadores do ferro, transferrina e lactoferrina, nƒo distinguem o g…lio desse elemento e, possivelmente, uma parte de g…lio no plasma sangu†neo esteja na forma de complexos com estas prote†nas (MELNIKOV et. al., 2008). O g…lio ˆ o segundo metal mais utilizado no tratamento de c‡ncer, depois da platina. Utilizado em terapias antitumorais na forma de sais: o nitrato de g…lio e o cloreto de g…lio. O nitrato de g…lio constitui o sal de g…lio mais utilizado para efeitos terap‚uticos sendo ativo contra linfomas e tumores na bexiga, enquanto o cloreto de g…lio ˆ usado com a cisplatina no tratamento do c‡ncer nos pulm–es (PARRILHA, 2012). A administra•ƒo de g…lio em doses terap‚uticas na corrente sangu†nea resulta numa satura•ƒo de pelo menos 90% das transferrinas do soro, que passam a receber quantidades aproximadamente equivalentes de Ga3+ e Fe3+. Este excesso de g…lio resulta numa redu•ƒo da dose de ferro fornecida Žs cˆlulas com a consequente quebra do n†vel de hemoglobina e aumento dos receptores de transferrina nos linf„citos sangu†neos e nas cˆlulas. As cˆlulas tumorais, caracterizadas por um crescimento descontrolado e acelerado, apresentam um nŠmero mais elevado de receptores de transferrina e assim, o fornecimento de g…lio ˆ superior nas cˆlulas tumorais. A escassez do ferro e a substitui•ƒo direta do Fe3+ por Ga3+ 40 pelo centro dinuclear diminui a atividade da enzima redutase ribonucle„tica, respons…vel pela conversƒo dos ribonucle„tidos em desoxirribonucle„tidos, como resultado as cˆlulas cancer†genas sƒo imobilizadas na fase S, o que causa a morte celular (MATOS, 2009). Estudos com complexos de g…lio t‚m demonstrado atividade antimicrobiana contra isolados cl†nicos de cepas de sens†vel Ž meticilina S. aureus (MSSA), Staphylococcus aureus resistente meticilina (MRSA), sens†vel Ž meticilina Staphylococcus epidermidis (MSSE) e resistentes Ž meticilina S. epidermidis (MRSE) na fase logar†tmica ou estacion…ria, e em biofilmes (BALDONI et al., 2010). 3.7.2 Cobre O cobre ˆ um componente essencial de muitas enzimas end„genas antioxidantes, atuando na elimina•ƒo de radicais livres que participam do processo da carcinog‚nese. Estudos indicaram que o metal (como sais de cobre) nƒo ˆ genot„xico o que o habilita a ser utilizado em terapias antitumorais (VALKO et al., 2006). O cobre um dos maiores espectro de atividade antimicrobiana conhecidos: a) fungos: Actinomucor elegans, Aspergillus N‡ger, Penicillium chrysogenum, Rhizopus niveus; b) bact‹rias: Campylobacter jejuni, Proteus, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus grupo D, Pseudomonas aeruginosa, Bacterium linens, Bacillus megaterium, Bacillus Achromobacter fischeri, subtilis, Listeria Brevibacterium erythrogenes monocytogenes, Tubercle Photobacterium bacillus, phosphoreum; (STEINDL et al., 2012; ZHU et al., 2012; SANTO et al., 2012; GYAWALI et al., 2011; GRASS et al., 2010; WARNES et al., 2011; KONG et al., 2010; RUPARELIA et al., 2008 e 2008; WHEELDON et al., 2008; ABUSHELAIBI et al., 2005; FAžNDEZ et al., 2004) As propriedades antimicrobianas do cobre sƒo conhecidas h… mais de cinco mil‚nios. No antigo Egito usaram tubos de cobre para transportar a …gua. H… registros hist„ricos, de que em 1885, vinicultures franceses exterminaram fungos de uma videira utilizando um Bordeaux (mistura contendo o sulfato de cobre). O cobre ˆ importante para a melhoria da saŠde pŠblica, sendo conhecidas suas propriedades anti-pat„genicas, sendo o tubo de cobre amplamente utilizado em encanamentos, porque ajuda a preservar a pureza da …gua pot…vel. O cobre tem efeito antimicrobiano que pode inibir o densenvolvimento de 41 micro-organismos na …gua pot…vel, tais como: bactˆrias, v†rus, algas, e outros parasitas infecciosos (ABUSHELAIBI, 2005). A respira•ƒo tambˆm ˆ afetada por †ons de cobre e super„xido sobre as superf†cies de cobre. A E. faecalis possui um citocromo BD na membrana que ˆ conhecida por se ligar de cobre(II), o que causa a inibi•ƒo de determinados citocromos pela altera•ƒo associadas a conforma•ƒo de transfer‚ncia eletr•nica de redutases. Isto pode explicado pela respira•ƒo ser afetada tƒo rapidamente em in„culo seco. Por outro lado, um bloco respirat„rio pode resultar na acumula•ƒo de subst‡ncias t„xicas intermedi…rias. Embora a atividade de ATPase de membranas de cˆlulas de Enterococcus seja afetada por cobre solŠvel, os nossos resultados sugerem que poucos danos a membrana enterococcal ocorre nas superf†cies de cobre atˆ ap„s as morte celular. ‘ pouco prov…vel que a parede espessa dos micro-organismos Gram-positivos ajude a manter a integridade da cˆlula, protegendo a membrana do contato direto com o cobre, uma vez que a absor•ƒo de †ons de cobre ˆ r…pida e contribui rapidamente para a destrui•ƒo de DNA e inibi•ƒo respirat„ria, mas morfologia bacteriana parece afetar o mecanismo de toxicidade do cobre (WARNES & KEEVIL, 2011) Um estudo de avaliar os efeitos antimicrobianos de ligas de cobre contra S. ent€rica demonstrou que em compara•ƒo com o a•o inoxid…vel, todas as ligas cobre apresentaram atividade antimicrobiana contra S. enterica, como o teor de cobre nas ligas ocorreu o aumento da atividade antimicrobiana. Mesmo as cepas resistentes a cobre s„ sobreviveram por curtos per†odos de tempo nas ligas com elevado teor de cobre. As ligas met…licas apresentaram melhor a•ƒo inibit„ria em condi•–es secas. As cˆlulas de Salmonella foram mais sens†veis Žs ligas de cobre, na aus‚ncia de compostos org‡nicos (ZHU et al., 2012). 42 4 MATERIAIS E MŒTODOS 4.1 MATERIAIS 4.1.1 Reagentes e solventes Os reagentes e solventes empregados nas s†nteses e an…lises foram adquiridos de fontes comerciais e utilizados sem purifica•ƒo prˆvia: Quercetina [3,3',4',5,7- pentahidroxiflavona] (Sigma), nitrato de g…lio(III) (Sigma-Aldrich), solu•ƒo tampƒo pH 4,5, Metanol PA (F Maia) e grau espectrosc„pio (Din‡mica), DMSO grau espectrosc„pio (Vetec), Etanol PA (Din‡mica). 4.1.2 Materiais utilizados Visando analisar o comportamento dos compostos em diferentes grupos bacterianos foram selecionadas para este trabalho as bactˆrias: a) gram-positivas: Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis e b) gram-negativas: Escherichia coli e Pseudomonas fluorescens (Tabela 2). Para uso nos bioensaios as bactˆrias foram reconstitu†das em …gua destilada estˆril, semeadas em meio de cultura Muller-Hinton e incubadas a 37™C por 24 horas. Tabela 2. Ilustra as cepas bacterianas utilizadas na avalia•ƒo de atividade antimicrobiana. CEPA BACTERIANA C•DIGO Pseudomonas fluorescens ATCC SP 13525 Escherichia coli ATCC SP 11229 Enterococcus faecalis ATCC SP 19433 Staphylococcus aureus ATCC SP 25923 MARCA / LOTE BAC-FAR (CCCD) LOTE L 1566 Julho/2011 BAC-FAR (CCCD) LOTE L 1503 Agosto/2011 BAC-FAR (CCCD) LOTE L 1499 Julho/2012 BAC-FAR (CCCD) LOTE L 1047 Julho/2011 As cepas bacterianas foram replicadas conforme o fabricante, sendo utilizadas nos bioensaios ap„s a terceira incuba•ƒo, de acordo com a norma M7-A7 da CLSI (2006). ATCC = American Type Culture Collection. 43 Para o controle da concentra•ƒo do in„culo bacteriano, empregado no teste de sensibilidade a antimicrobiano por disco difusƒo, foram utilizados discos antimicrobianos comerciais contendo antibi„ticos de uso cl†nico, conforme ilustrado na Tabela 3: Tabela 3. Ilustra os discos antimicrobianos utilizados na avalia•ƒo de atividade antimicrobiana. Antibi•tico Conte•do por disco Marca / Di•metro AZTREONAM (AZT) 30 Ÿg CEFAR / 6,25 mm CEFTAZIDIMA (CAZ) 30 Ÿg CEFAR / 6,25 mm CLORANFENICOL (CLO) 10 Ÿg CEFAR / 6,25 mm IMIPENEM (IPM) 10 Ÿg CEFAR / 6,25 mm TETRACICLINA (TET) 30 Ÿg CEFAR / 6,25 mm VANCOMICINA (VAN) 30 Ÿg CEFAR / 6,25 mm Os discos antimicrobianos foram armazenados sob refrigera•ƒo a 4š C, e utilizados nos bioensaios conforme recomenda a norma M7-A7 da CLSI (2006). Foram utilizados os seguintes reagentes e solventes: Meio de cultura Agar Muller Hinton 500 g da marca HIMEDIA, Lotes 0000131020 e 00128764; Suabes confeccionados em haste em pl…stico com ponta de algodƒo estˆril individual em papel grau cirŠrgico, da marca ABSORVE, lotes 18092 e 23007; ‹lcool et†lico P.A. da marca CIN‘TICA, Lote 18366 28/JUN/2011; ‹lcool met†lico P.A. da marca CHEMCO, Lote 24247; Quercetina da marca SIGMA, lote Q495110G 23/03/2010; Tubos de ensaio com tampa, 16X160 mm com capacidade para 20 mL, da marca LABORGLAS; Papel de filtro qualitativo da marca J. PROLAB, com gramatura 80 g/m2 , espessura de 205 μm, com maioria dos poros possuindo 14 μm e permeabilidade ao ar de 14 l/s m2 . 4.1.3 Equipamentos utilizados Foram utilizados os seguintes aparelhos e equipamentos: espectrof•tometro UV-Vis da marca VARIAN, modelo Cary 50. Autoclave vertical da marca Phoenix Luterco. Estufa para secagem e esteriliza•ƒo marca MARCONI, modelo MA033. Estufa para incuba•ƒo da marca Deleo. Agitador de tubos da marca PHOENIX, modelo AP56. 44 Paqu†metro Digital da marca KING TOOLS, modelo 300 mm, precisƒo de 0,01 mm. Refrigerador vertical marca CONSUL, modelo biplex CRM45 frost free. 4.2 MŒTODOS 4.2.1 Metodologias utilizadas nos bioensaios As metodologias aplicadas aos bioensaios de atividade antimicrobiana foram elaboradas conforme as normas contidas nos manuais de Metodologia dos Testes de Sensibilidade a Agentes Antimicrobianos por Dilui‚ƒo para Bact‹ria de Crescimento Aer•bico e Padroniza‚ƒo dos Testes de Sensibilidade a Antimicrobianos por Discodifusƒo (M7-A7 e M2-A8, respectivamente). Essas tˆcnicas sƒo recomendadas pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) e utilizada pela Ag‚ncia de Vigil‡ncia Sanit…ria (ANVISA) em testes de sensibilidade a antimicrobianos. As normas da CLSI foram adaptadas para este estudo: sendo utilizados solventes org‡nicos na solubiliza•ƒo dos complexos met…licos e seus ligantes, e para o ajuste das dilui•–es nos bioensaios. 4.2.2 Determina‚ƒo da Concentra‚ƒo Inibit•ria MŠnima (CIM) Inicialmente, foram realizadas dilui•–es da subst‡ncia teste (ligantes org‡nicos e complexos met…licos) no solvente em que apresenta melhor solubilidade, sendo ajustadas concentra•–es derivadas de dilui•–es em sˆrie 2:1 (1000, 500, 250, 125, 62,5) e com valores intermedi…rios (600, 400, 300, 200), sendo numeradas nove solu•–es teste nas concentra•–es: 1000 μg/mL, 600 μg/mL, 500 μg/mL, 400 μg/mL, 300 μg/mL, 250 μg/mL, 200 μg/mL, 125 μg/mL, 62,5 μg/mL (Figura 16). Em seguida, foram produzidos in„culos a partir das col•nias bacterianas com tempo de incuba•ƒo recente, nƒo superior a 24 horas. Com o aux†lio de uma al•a de platina (bacteriol„gica), retirou-se 4 col•nias bacterianas com a mesma morfologia, e diluiu-se em tubo de ensaio contendo 4,0 mL de …gua salina (0,8% de NaCl dilu†do em …gua destilada), utilizando-se um agitador de tubos tipo vortex. O in„culo produzido foi ajustado Ž solu•ƒo padrƒo de 0,5 McFarland, previamente preparada, que corresponde ao padrƒo de turva•ƒo da bacteria Escherichia coli a uma 45 concentra•ƒo de 1,5 x 108 UFC/mL (unidades formadoras de col•nias por mililitro). Quando o in„culo nƒo alcan•ava a turva•ƒo padrƒo eram acrescentadas col•nias bacterianas, e quando superava a escala nefelomˆtrica era adicionada …gua salina. Esta solu•ƒo foi entƒo dilu†da em caldo Luria-Bertani1 para obter um in„culo com concentra•ƒo de 5 x 105 UFC/mL (Figura 16). Para a determina•ƒo da CIM foi distribu†do em cada tubo de ensaio, previamente esterilizado, a al†quota de 1,0 mL de cada solu•ƒo teste (nas concentra•–es especificadas no primeiro par…grafo deste item) e 1,0 mL da suspensƒo bacteriana ajustada (5 x 105 UFC/mL), exceto o tubo de controle negativo. Os tubos de ensaio com a solu•ƒo teste foram incubados a 35š 2 por 20 horas. Ap„s este per†odo foi avaliada a presen•a de turva•ƒo nos tubos, que indicam o crescimento bacteriano. A partir desta aferi•ƒo ˆ poss†vel encontrar o intervalo em que est… o valor da concentra•ƒo inibit„ria m†nima, que ˆ a menor concentra•ƒo de composto capaz de inibir o crescimento microbiano. Em cada ensaio foram incubados tubos de Controle Negativo (menor concentra•ƒo do composto e caldo LB sem in„culo); e de Controle Positivo (caldo LB e suspensƒo bacteriana ajustada). Para cada composto foram realizadas tr‚s incuba•–es utilizando os solventes puros, objetivando verificar a exist‚ncia de atividade antimicrobiana frente Žs cepas bacterianas. Os bioensaios foram realizados em duplicata com tr‚s repeti•–es para cada cepa bacteriana; quando detectado erro ou contamina•ƒo o resultado foi descartado e o teste refeito. 1 Caldo Luria-Bertani Ingredientes: Triptona 10 g; Extrato de Levedura 5 g; NaCl 10 g. Preparo: Dissolve-se os componentes em um 1,0 litro de …gua destilada ou deionizada sob agita•ƒo e calor, ap„s esteriliza-se a solu•ƒo resultante em autoclave a temperatura de 121-124™C e pressƒo de 1 atm por 15 minutos. (SAMBROOK & RUSSELL, 2001) 46 Figura 16. Ilustra a metodologia utilizada para determina•ƒo da CIM. Fonte: Pr„prio autor. 47 4.2.3 Determina‚ƒo da Concentra‚ƒo Bactericida MŠnima (CBM) Em conjunto aos procedimentos para determina•ƒo da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima, foram iniciados os procedimentos para determina•ƒo da Concentra•ƒo Bactericida M†nima pelo mˆtodo de plaqueamento em meio de cultura (Figura 17). Figura 17. Ilustra a metodologia utilizada para determina•ƒo da CBM. Fonte: Pr„prio autor. 48 Em conjunto aos procedimentos para determina•ƒo da CIM, foram iniciados os procedimentos para determina•ƒo da Concentra•ƒo Bactericida M†nima (CBM). Ap„s o per†odo de incuba•ƒo para determina•ƒo da CIM foi retirada uma al†quota de 0,1 mL de cada tubo de ensaio, inclusive do controle positivo, negativo (sem in„culo). Os in„culos foram distribu†dos sobre a superf†cie do meio de cultura em placas de petri, com o aux†lio de uma al•a de Drigalski pr„ximo ao Bico de Bunsen. As placas de petri inoculadas foram incubadas a temperatura de 35š+/-2 por 20 horas. As placas foram incubadas a temperatura de 35š+/-2 por 20 horas. Ap„s este per†odo foi observado Ž presen•a de col•nias bacterianas em cada placa. A CBM foi determinada como sendo a menor concentra•ƒo do composto capaz de impedir o crescimento microbiano em meio de cultura (forma•ƒo de col•nias bacterianas). Os bioensaios foram realizados em duplicata com tr‚s repeti•–es para cada cepa bacteriana; quando detectado erro ou contamina•ƒo o resultado foi descartado e o teste refeito. 4.2.4 Teste de sensibilidade a antimicrobiano (TSA) O teste de sensibilidade a antimicrobiano foi realizado conforme o mˆtodo de disco difusƒo em meio de cultura Muller-Hinton (mˆtodo de Kirby-Bauer), utilizando discos de papel de filtro estˆreis saturados com as solu•–es teste avaliadas. Primeiramente, foram obtidos discos de papel filtro com 6 mm de di‡metro (com aux†lio de um perfurador de papel), sendo separados 40 discos em placas de petri com tampa, as quais foram esterilizadas durante 15 minutos em autoclave a 121šC e pressƒo de 1 atm. Em seguida, os discos foram secos em estufa a 100šC por 45 minutos, e impregnados com 4,0 mL da solu•ƒo teste a ser avaliada, conforme a CIM determinada nos bioensaios. Em seguida, foi distribu†do 20,0 mL de meio de cultura em placas de petri estˆreis. Ap„s a solidifica•ƒo do meio, as placas foram deixadas com a tampa entreaberta por dois minutos na estufa de incuba•ƒo, posteriormente tampadas e viradas, e quando nƒo utilizadas armazenadas sob refrigera•ƒo. 49 As placas com meio de cultura podem ser conservadas em geladeira a 4š C por atˆ uma semana (Obs.: antes do uso as placas contendo meio de cultura devem ser retiradas da geladeira e colocadas em estufa a 25šC por cerca de 30 minutos). Ap„s os procedimentos preparat„rios para TSA, foram produzidos in„culos a partir das col•nias bacterianas com tempo de incuba•ƒo recente, nƒo superior a 24 horas. Com o aux†lio de uma al•a de platina (bacteriol„gica), retirou-se 4 col•nias bacterianas com a mesma morfologia, e diluiu-se em tubo de ensaio contendo 4,0 mL de …gua salina (0,8% de NaCl dilu†do em …gua destilada), utilizando-se um agitador de tubos tipo vortex (Figuras 18a e 18b). O in„culo produzido foi ajustado a escala nefelomˆtrica de 0,5 McFarland, que corresponde ao padrƒo de turva•ƒo da bacteria Escherichia coli a uma concentra•ƒo a 1,5 x 108 UFC/mL. Quando o in„culo nƒo alcan•ava a turva•ƒo eram acrescentadas col•nias bacterianas, e quando superava a escala nefelomˆtrica …gua salina. Posteriormente, foi realizada a inocula•ƒo do meio de cultura, inserindo-se um suabe estˆril no tubo de ensaio contendo o in„culo bacteriano ajustado (1,5 x 10 8 UFC/mL). Em seguida, pressionou-se o suabe contra a parede do tubo para retirar o excesso, e distribui-se o in„culo sobre a superf†cie do meio de cultura, com uma inclina•ƒo de aproximadamente 60š, espalhando-o em tr‚s dire•–es diferentes, duas em ‡ngulo reto (Figuras 18c e 18d). Logo depois, as placas foram colocadas para secar em estufa de incuba•ƒo a uma temperatura de 35šC durante 10 minutos (Figura 18e). Em seguida, foram colocados em cada placa de petri 5 discos antimicrobianos impregnados com o composto. Um disco foi disposto no centro da placa de petri e os outros quatro ao redor, atentando-se para que a dist‡ncia do centro a outro disco nƒo fosse inferior a 20 mm, e que o disco nƒo ficasse pr„ximo Ž borda da placa (Figura 18f). As placas foram incubadas em estufa a uma temperatura de 35šC durante 18 horas. Ap„s este per†odo foram realizadas medi•–es dos halos de inibi•ƒo produzidos ao redor dos discos (incluindo di‡metro do disco), com o auxilio de um paqu†metro digital. Foram considerados como resultado positivo as zonas de inibi•ƒo superiores a 7 mm de di‡metro (Figuras 18g e 18h). Para o controle negativo ou ambiental foram inseridas em cada incuba•ƒo uma placa de petri contendo apenas o meio de cultura Muller-Hinton sem in„culo, para 50 averiguar alguma contamina•ƒo durante o procedimento. Para o controle da concentra•ƒo do in„culo foram incubadas, em cada bioensaio, duas placas de petri contendo discos antimicrobianos padronizados (Tabela 3). Os bioensaios foram realizados em triplicata com tr‚s repeti•–es, e quando detectada contamina•ƒo os resultados foram descartados e o teste foi refeito. A mˆdia da medida dos halos de inibi•ƒo obtida para cada composto foi calculada. Figura 18. Etapas do teste de sensibilidade a antimicrobiano. Fonte: Figuras 18a a 18f reproduzidas do manual LABORCLIN (2011), demais pr„prio autor. 51 Figura 19. Ilustra a forma de medi•ƒo dos halos de inibi•ƒo. Fonte: Pr„prio autor. 4.2.5 An€lise EstatŠstica Os resultados obtidos nos Testes de Sensibilidade a Antimicrobiano pelo mˆtodo de disco difusƒo foram analisados estatisticamente utilizando as ferramentas dispon†veis no software BioEstat 5.0. Os gr…ficos estat†sticos foram produzidos a partir do programa OriginPro 8.5 e SigmaPlot 12.0. As medidas dos halos de inibi•ƒo foram avaliadas estatisticamente por meio de an…lise de vari‡ncia (ANOVA) pelo teste de Tukey (p<0,05) em cada bioensaio; e as mˆdias das medidas dos halos foram comparadas entre si pelo teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), que ˆ um teste nƒo-paramˆtrico apropriado para compara•–es de 3 ou mais amostras independentes (AYRES et al., 2007). 52 4.2.6 Padrƒo de turbidez do in•culo Conforme recomenda a norma M7-A7 da CLSI, Metodologia dos Testes de Sensibilidade a Agentes Antimicrobianos por Dilui•ƒo para Bactˆria de Crescimento Aer„bico, para os bioensaios de sensibilidade antimicrobiana, foi criado um padrƒo de turva•ƒo de acordo com escala nefelomˆtrica de McFarland. Para este fim foi preparada uma solu•ƒo de BaSO4 , equivalente a solu•ƒo padrƒo McFarland de 0,5, seguindo os procedimentos descritos na sequ‚ncia: Primeiramente, acrescenta-se uma al†quota de 0,5 mL de uma solu•ƒo aquosa 0.048 mol/L de BaCl2 (1,175% p/v BaCl2 • 2H2 O) a 99,5 mL de uma solu•ƒo aquosa 0,18 mol/L de H2 SO4 (1% v/v), sendo a mistura agitada constantemente para manter a suspensƒo. Em seguida, verifica-se a densidade da solu•ƒo padrƒo usando um espectrofot•metro UV-Vis, com fonte de luz de 1 cm e cubetas apropriadas para determinar a absorb‡ncia. Nesse caso, a absorb‡ncia correta no comprimento de onda de 625 nm deve variar de 0,08 a 0,13 para a solu•ƒo padrƒo McFarland de 0,5, que equivale a turva•ƒo do in„culo bacteriano de Escherichia coli a concentra•ƒo de 1,5 x 10 8 UFC/mL (unidades formadoras de col•nia por mililitro). Posteriormente, uma al†quota de 4,0 mL da suspensƒo de sulfato de b…rio ˆ transferida para um tubo de ensaio com tampa de rosca, hermeticamente fechado, do mesmo material e tamanho usado para cultivar e diluir o in„culo bacteriano usado nos bioensaios. O tubo de ensaio contendo o padrƒo de turva•ƒo deve ser armazenado em local escuro, e a temperatura ambiente atˆ o momento do uso. Antes do uso a solu•ƒo do padrƒo de turba•ƒo deve ser agitada vigorosamente num misturador mec‡nico tipo v„rtex, verificando a uniformidade de turbidez. O controle de sulfato de b…rio deve ser substitu†do sempre que constatada altera•ƒo em sua densidade padrƒo, o qual pode ser confirmado pelo espectrofot•metro UV-Vis. 53 4.3 SˆNTESES DOS COMPOSTOS QUˆMICOS 4.3.1 Complexo Met€lico 1: Quercetina e Šons de Ga(III) A s†ntese do complexo de quercetina e †ons Ga(III) foi obtida pela metodologia proposta por Sim–es (2012), a qual reagiu o flavon„ide quercetina com o sal nitrato de g…lio(III) em uma estequiometria 3:1. Essa s†ntese foi realizada da seguinte forma: a uma solu•ƒo de 0,042 g de nitrato de g…lio em 10 mL de …gua, com agita•ƒo e aquecimento, adicionou-se uma solu•ƒo do flavon„ide quercetina (0,151 g) que foi solubilizada em aproximadamente 10 mL de etanol. A solu•ƒo amarelada resultante foi colocada em agita•ƒo e aquecimento por 20 minutos, sendo adicionada tr‚s gotas de uma solu•ƒo tampƒo pH 4,5 (…cido acˆtico/acetato de s„dio), o que resultou na mudan•a de colora•ƒo para laranja. Manteve-se a solu•ƒo em refluxo por 4 horas, e ap„s algumas 10 horas se obteve a forma•ƒo de um s„lido amorfo de colora•ƒo esverdeada, que foi filtrado e devidamente seco. A Figura 20 ilustra a estrutura proposta para o complexo mononuclear de Ga(III). Figura 20 - Ilustra a estrutura qu†mica proposta para o complexo 1 (SIM”ES, 2012). Os resultados de CHN (an…lise elementar de Carbono, Hidrog‚nio e Nitrog‚nio) e espectroscopia no infravermelho indicam a forma•ƒo de um complexo met…lico mononuclear com grau de pureza adequado para a utiliza•ƒo nos bioensaios. A an…lise 54 elementar de CHN para GaC45 H39 O27 : MM = 1.081,51 g mol-1 ; calculado: C = 49,98 % e H = 3,63 %; encontrado: C = 49,41 % e H = 3,51 %. 4.3.2 Ligante Sint‹tico H2bbppd O ligante sintˆtico N,NŒ,N,NŒ-bis[2-hidroxi-3,5-di-terc-butilbenzil)(2-piridilmetil)]1-3-diaminopropano, identificado neste trabalho como H2bbppd (Figura 21a) foi sintetizado (CABEZA et al. 2010) a partir de uma rea•ƒo de amina•ƒo redutiva, onde se reagiu 1,3-diaminopropano com 2-piridinacarboxialde†do, obtendo-se uma imina que foi reduzida Ž respectiva amina com NaBH4 . Em seguida, reagiu-se a amina com o precursor CMTBF sintetizado como descrito por dos Anjos (2005). O ligante foi obtido na forma de um „leo esverdeado, que foi recristalizado em isopropanol, atˆ a precipita•ƒo de um p„ branco. Os resultados dA an…lise elementar de CHN e espectroscopia no infravermelho e 1 RMN H indicam a forma•ƒo do ligante com grau de pureza adequado para a utiliza•ƒo nos bioensaios e na s†ntese do complexo de Cu(II). A an…lise elementar de CHN para C45 H64 N4 O2: MM = 693 g mol-1 ; C = 77,99; H = 9,31; N = 8,08 %. Encontrada: C = 77,51; H = 9,42; N = 8,20 %. IV (KBr), em cm-1 : 3400-3300 (OH); 2956 (C-H, t-butil); 1596, 1477 (C=N,C=C , arom…ticos); 1394 (O-H, fenol); 1362 (C-H, terc-butil); 1237 (C-O, fenol); 879 (C-H, arom…ticos); 756 (C-H piridina). 4.3.3 Complexo Met€lico 2: H2bbppd e Šons Cu(II) O complexo met…lico foi sintetizado, conforme a metodologia descrita por Favarin et al. (2010): a partir de uma solu•ƒo de Acetato Cuprico - Cu(CH3 COO)2 .H2 O (0,10 g; 0,5 mmol) em 20 mL de metanol, sob agita•ƒo e leve aquecimento, adicionou-se uma solu•ƒo metan„lica do ligante sintˆtico H2bbppd (0,35 g; 0,5 mmol; 10 mL de metanol). A solu•ƒo pŠrpura resultante permaneceu sob agita•ƒo e aquecimento por aproximadamente 15 minutos. Em seguida adicionou-se Perclorato de Pot…ssio - KClO4 (0,07 g; 0,5 mmol). Deixou-se reagir, sob agita•ƒo e aquecimento, atˆ a redu•ƒo do volume Ž metade, entƒo se filtrou e deixou em repouso. Ap„s dois dias Ž temperatura ambiente, houve a forma•ƒo de um precipitado pŠrpura microcristalino o qual foi filtrado e lavado com 55 metanol e ˆter et†lico gelados, e posteriormente seco. Ao complexo met…lico mononuclear foi proposta a estrutura qu†mica ilustrada na Figura 21b. Os resultados dA an…lise elementar de CHN e espectroscopia no infravermelho indicam a forma•ƒo de um complexo met…lico mononuclear com grau de pureza adequado para a utiliza•ƒo nos bioensaios. A an…lise elementar de CHN para -1 CuC45 H63 N4 O2.ClO4 .CH3 OH: MM = 887,03 g/mol ; C = 62,29; H = 7,61; N = 6,32 %. Encontrada: C = 62,63; H = 7,52; N = 6,46 %. IV (KBr), em cm-1 : 3400-3300 (O-H); 2956 (C-H, terc-butil); 1610-1445 (C=N,C=C, arom…ticos); 1390 (O-H, fenol); 1362 (C-H, tercbutil); 1234 (C-O, fenol); 1096 ( Cl-O, ClO4 ); 880 (C-H, arom…ticos); 763 (C-H, piridina). N N N Cu N O O H B A Figura 21 – As estruturas qu†micas para: o ligante sintˆtico H2bbppd (a) e o complexo 2 (b) (CABEZA et al., 2010; FAVARIN et al., 2010) Tabela 4. Tabela de solubilidade dos compostos. SOLVENTES UTILIZADOS Etanol Metanol DMSO ‡gua Quercetina SOLžVEL PARCIALMENTE PARCIALMENTE INSOLžVEL H2bbppd PARCIALMENTE SOLžVEL PARCIALMENTE INSOLžVEL Complexo Met…lico 1 PARCIALMENTE SOLžVEL PARCIALMENTE INSOLžVEL Complexo Met…lico 2 SOLžVEL SOLžVEL SOLžVEL INSOLžVEL H2bbppd = Ligante diaminopropano. sintˆtico Œ N,N ,N,NŒ-bis[2-hidroxi-3,5-di-terc-butilbenzil)(2-piridilmetil)]-1-3- OS 56 5. RESULTADOS E DISCUSS’ES 5.1 CARACTERIZA„…O a) Complexo 1: Quercetina e Šons Ga(III) O complexo foi preparado, pelo grupo de pesquisa de S†ntese e Caracteriza•ƒo de Complexos Met…licos da UEMS - Unidade Universit…ria de Navira†, a partir do ligante natural quercetina e nitrato de g…lio(III) em pH 4,5. A confirma•ƒo do complexo foi obtida a partir de caracteriza•–es viA an…lise elementar de CHN e espectroscopia no IV, conforme descrito na se•ƒo experimental (SIM”ES, 2012). b) Ligante H2bbppd e Complexo 2 [H2bbppd e Šons Cu(II)] O ligante sintˆtico N,NŒ,N,NŒ-bis[2-hidroxi-3,5-di-terc-butilbenzil)(2-piridilmetil)]1-3-diaminopropano e seu complexo met…lico contendo †ons Cu(II) tambˆm foram sintetizados pelo grupo de pesquisa de S†ntese e Caracteriza•ƒo de Complexos Met…licos da UEMS - Unidade Universit…ria de Navira†. A confirma•ƒo do complexo foi obtida a partir de caracteriza•–es de an…lise elementar de CHN, espectroscopia no IV, conforme descrito na se•ƒo experimental (CABEZA et al., 2010; FAVARIN et al., 2010). 5.2 BIOENSAIOS 5.2.1 Concentra‚ƒo Inibit•ria MŠnima e Concentra‚ƒo Bactericida MŠnima Inicialmente, foram realizadas duas rotinas de bioensaios frentes a cepas bacterianas utilizando a quercetina pura dilu†da em etanol e metanol. Estes bioensaios objetivaram avaliar a atividade antimicrobiana do flavon„ide e produzir padr–es de refer‚ncia, possibilitando a compara•ƒo com resultados de bioensaios utilizando complexos met…licos sintetizados a partir deste ligante natural. Os resultados demonstram suscetibilidade das cepas testadas ao flavon„ide quercetina, apresentando valores de CIM diferentes quando utilizado como solvente o etanol (400 μg/mL) e o metanol (500 μg/mL). Provavelmente, devido a solubilidade da 57 quercetina em diferentes solventes, assim como descrito por Razmara et al. (2010), que determinou a seguinte ordem de solubilidade: ETANOL > METANOL > ‹GUA. O efeito da quercetina sobre o crescimento bacteriano foi semelhante quando utilizado o mesmo solvente nas dilui•–es, o que pode indicar um mesmo mecanismo de a•ƒo frente a bactˆrias Gram-positivas e negativas. Diversos estudos t‚m relatado que a atividade antimicrobiana dos flavon„ides pode estar relacionada Ž sua habilidade de formar complexos com prote†nas solŠveis extracelulares e com a parede celular, ou ainda pelo car…ter lipof†lico destes compostos, que podem ser capazes de causar a ruptura da membrana celular dos micro-organismos (SARTORI, 2005). Bem como, os flavon„ides sem grupos hidroxila ligados ao anel B (Figura 15) possuem maior atividade contra micro-organismos, o que indica que o s†tio de a•ƒo destes compostos possa ser a membrana dos micro-organismos. Este fato refor•a a hip„tese de que o s†tio de a•ƒo dos flavon„ides seja a membrana plasm…tica (COWAN, 1999). Alˆm do mais, nas bactˆrias a permeabilidade da membrana est… associada Ž perda dos †ons e a redu•ƒo do potencial da membrana (TROMBETA et al., 2005). E, danos na membrana celular podem causar o extravasamento de macromolˆculas, acarretando um colapso das fun•–es celulares e consequentemente a morte bacteriana (TORTORA et al., 2003). Os valores da CIM para o complexo met…lico 1 indicam um aumento da atividade antimicrobiana da quercetina ap„s a complexa•ƒo com †ons de Ga(III), bem como sugerem que o composto compartilha o mesmo mecanismo de a•ƒo de seu ligante (Tabela 7). Os resultados obtidos com o complexo met…lico 2 sugerem um aumento da atividade antimicrobiano ap„s a complexa•ƒo do sintˆtico H2bbppd com †ons de Cu(II). Estudos demonstram que complexos met…licos com †ons cobre penetram mais facilmente na parede celular bacteriana, pela desnatura•ƒo protˆica de componentes do grupo sulfidrila (GOULART, 2011), destruindo a parede celular bacteriana. O fato de alguns complexos nƒo serem mais ativos que os ligantes pode ser devido Ž baixa solubilidade, instabilidade, diminui•ƒo do car…ter lipof†lico do complexo obtido ou a fatores relacionados ao mecanismo de a•ƒo. Antibi„ticos frequentemente exibem mais de um s†tio de coordena•ƒo e a introdu•ƒo de um †on met…lico em um determinado s†tio pode inativar o f…rmaco ao invˆs de potencializar sua atividade (ROCHA et al., 2011). 58 A an…lise dos resultados admite duas hip„teses para o mecanismo de a•ƒo dos complexos met…licos avaliados: 1) Modifica•ƒo na membrana plasm…tica que causou perda de constituintes celulares; 2) Inibi•ƒo da s†ntese de constituintes da parede celular. Sendo necess…ria a realiza•ƒo de estudos espec†ficos para a determina•ƒo destes mecanismos. Nƒo foram encontrados na literatura critˆrios para categorizar a atividade antimicrobiana de compostos fen„licos e complexos met…licos utilizados neste trabalho. Contudo, diversos trabalhos t‚m empregado uma classifica•ƒo baseada nos resultados da CIM para avaliar a atividade antimicrobiana de extratos vegetais e suas fra•–es, como: BOA - CIM inferior a 100 Ÿg/mL; MODERADA - CIM entre 100 e 500 Ÿg/mL; FRACA CIM entre 500 e 1000 Ÿg/mL; e INATIVA quando a CIM for superior a 1000 Ÿg/mL (Holetz et al., 2002; Dalmarco, 2010). Desse modo, avaliou-se a atividade antimicrobiana dos complexos met…licos 1 e 2 como BOA e a de seus ligantes como MODERADA. O efeito inibit„rio dos complexos met…licos 1 e 2 foi determinado como BACTERICIDA, conforme sugerido por Berche et al. (1988), que na propor•ƒo entre CBM/CIM ≤ 4 o agente ser… bactericida, e quando > 4 bacteriost…tico (Abou et al., 2013; Konatˆ et al., 2012). Alˆm disso, os compostos avaliados inibiram o crescimento de bactˆrias Gram-positivas (e.g. S. aureus e E. faecalis) e Gram-negativas (e.g. E. coli e P. fluorescens), o que indica um amplo espectro da atividade, e abre perspectivas de que os mesmos possam ser utilizados como futuros f…rmacos. A microbiologia reconhece que as bactˆrias Gram-negativas possuem mecanismos especializados em expulsar subst‡ncias estranhas para fora da cˆlula (bomba de efluxo), limitando o acesso do agente antimicrobiano ao seu s†tio de a•ƒo, prevenindo o acŠmulo de antibi„tico no interior da cˆlula, e inibindo a a•ƒo do antimicrobiano (Reichling et al., 2005). Apresentam, ainda, no espa•o periplasm…tico com enzimas capazes de inativar f…rmacos (β-lactamases) tornando a cˆlula resistente a eles (SILVA, 2011). De modo an…logo, as bactˆrias Gram-positivas protegem sua membrana citoplasm…tica com uma parede celular espessa. As muitas camadas de peptidoglicanos impedem a passagem de compostos hidrof„bicos, devido Ž presen•a de a•Šcares e amino…cidos (SARTORI, 2005). Nesse sentido, vem ganhando espa•o no campo acad‚mico pesquisas que busquem produzir compostos com amplo espectro de atividade, e que ainda apresentem mecanismos de a•ƒo desconhecidos pelas bactˆrias patog‚nicas. 59 Tabela 5. Resultados da Concentra•ƒo Inibit„ria M†nima (CIM) e Concentra•ƒo Bactericida M†nima (CBM) em μg/mL dos compostos. Composto EtOH MeOH QEtOH QMeOH CM1 H2bbppd CM2 Solvente Etanol Metanol Etanol Metanol Metanol Etanol Etanol Concentra‚ƒo Inibit•ria MŠnima e Concentra‚ƒo Bactericida MŠnima (μg/mL) Bact‹rias Gram-Negativas Bact‹rias Gram-Positivas S. aureus E. faecalis E. coli P. fluorescens CIM CBM CIM CBM CIM CBM CIM CBM R R R R R R R R R R R R R R R R 400 1000 400 1000 400 1000 400 1000 500 >1000 500 >1000 500 >1000 500 >1000 250 500 250 500 250 500 250 500 250 500 250 500 250 500 250 500 125 250 125 250 125 250 125 250 EtOH = Solvente etanol puro; MeOH = Solvente metanol puro; QEtOH = Quercetina dilu†da em Etanol; QMeOH = Quercetina dilu†da em Metanol; CM1 - Complexo met…lico 1; H2bbppd = Ligante sintˆtico H2bbppd; CM2 = Complexo met…lico 2. R = Nenhuma inibi•ƒo de crescimento bacteriano foi observada 5.2.2 Teste de Sensibilidade a Antimicrobiano A interpreta•ƒo dos resultados dos testes de sensibilidade a antimicrobiano deve ser realizada em conjunto com os valores da concentra•ƒo inibit„ria m†nima, objetivando avaliar o potencial de inibi•ƒo bacteriana dos compostos testados. Um antimicrobiano ideal deve possuir as seguintes caracter†sticas: a) que seja t„xico para o micro-organismo patog‚nico, mas nƒo t„xica Žs cˆlulas hospedeiras; b) microbicida em vez de microbiost…tico; c) relativamente solŠveis, com mesmas fun•–es quando altamente dilu†do em flu†dos corporais; d) facilmente transportado para o s†tio da infec•ƒo; e) que nƒo perturbe a saŠde do hospedeiro causando alergias ou predisposi•ƒo do hospedeiro a outras infec•–es; e f) que possua pre•o razo…vel de produ•ƒo (TORTORA et al., 2010). A an…lise estat†stica detectou uma distribui•ƒo normal dos dados, nƒo sendo observados valores discrepantes (outliers). Os dados obtidos nos testes de sensibilidade a antimicrobiano (TSA) foram submetidos Ž An…lise de Vari‡ncia-ANOVA, seguido do teste de Tukey (dados paramˆtricos); sendo as mˆdias comparadas pelo teste de Kruskal Wallis, seguido do teste de Dunn (dados nƒo-paramˆtricos). O intervalo de confian•a foi de 95%, sendo considerado estatisticamente diferente quando p > 0,05. A distribui•ƒo dos dados podem ser observada na figura 22. 60 Figura 22 - Ilustra diagramas em caixa dos resultados do teste de sensibilidade a antimicrobiano utilizando diferentes compostos. A = Quercetina dilu†da em etanol; B = Quercetina dilu†da em metanol; C = Ligante sintˆtico H2bbppd; D = Complexo met…lico 1; E = Complexo met…lico 2. O complexo met…lico 1 apresentou efeito inibit„rio superior a seu ligante, com halos de inibi•ƒo maiores utilizando metade da concentra•ƒo empregada no bioensaio com a quercetina (CIM de 250 μg/mL). A menor suscetibilidade ao composto foi observada 61 frente Ž Escherichia coli, com valores relativamente menores, o que nƒo descarta a utiliza•ƒo deste composto no tratamento de infec•–es provocadas por esta cepa. Tabela 6. Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo do flavon„ide quercetina dilu†do em diferentes solventes. SOLVENTE UTILIZADO Bact‹ria Gram-Positiva (ATCC) Staphylococcus aureus (25923) Enterococcus faecalis (19433) MŒDIA CIM (μg/mL) Bact‹ria Gram-Negativa (ATCC) Escherichia coli (11229) Pseudomonas fluorescens (13525) MŒDIA CIM (μg/mL) Etanol Metanol 400 500 11,43 1,17 Aa 9,84 1,24 Aa 14,20 1,67 Ba 10,37 0,57 Ab 12,81 10,10 400 500 11,80 2,80 Aa 10,50 1,70 Ab 13,14 1,42 Ba 10,28 0,66 Ab 12,47 10,39 Mˆdias seguidas pela mesma letra maiŠscula nas colunas e minŠsculas nas linhas nƒo diferem significamente entre si, pelo teste de Kruskal-Wallis com 95% de confian•a. Tabela 7. Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo da quercetina dilu†da em metanol e complexo met…lico 1. COMPOSTO UTILIZADO Bact‹ria Gram-Positiva (ATCC) Staphylococcus aureus (25923) Enterococcus faecalis (19433) MŒDIA CIM (μg/mL) Bact‹ria Gram-Negativa (ATCC) Escherichia coli (11229) Pseudomonas fluorescens (13525) MŒDIA CIM (μg/mL) QMeOH 500 9,84 1,24 Aa 10,37 0,57 Aa 10,10 500 10,50 1,70 Ab 10,28 0,66 Aa 10,39 CM1 250 13,26 1,16 Ab 12,58 1,53 Ab 12,94 250 10,90 1,82 Bb 13,36 1,38 Ab 12,13 Mˆdias seguidas pela mesma letra maiŠscula nas colunas e minŠsculas nas linhas nƒo diferem significamente entre si, pelo teste de Kruskal-Wallis com 95% de confian•a. QMeOH = Quercetina dilu†da em Metanol; CM1 = Complexo met…lico 1 dilu†do em metanol. O mecanismo de a•ƒo inibit„ria do complexo 1 pode estar relacionado Ž habilidade do †on g…lio de penetrar no corpo celular das bactˆrias atravˆs de mecanismos de transporte de ferro, reduzindo a absor•ƒo deste, e interferindo no metabolismo do Fe e na s†ntese do DNA e de prote†nas essenciais (KANEKO et al., 2007). 62 Os resultados do TSA com o complexo met…lico 2 demonstraram maior atividade antimicrobiana que o ligante livre, com halos de inibi•ƒo relativamente maiores utilizando metade da concentra•ƒo utilizada para o bioensaio com o ligante (CIM de 125 μg/mL). A maior suscetibilidade foi observada frente Ž bactˆria Enterococcus faecalis, apresentando halo de inibi•ƒo de 18,68 mm (Tabela 8). Indicando um potencial farmacol„gico no controle de crescimento desta bactˆria, citada como a primeira das tr‚s principais causas de infec•–es hospitalares (WILLEY, 2008). Tabela 8. Di‡metro do halo de inibi•ƒo, mˆdia e desvio padrƒo (mm), pela a•ƒo do Ligante Sintˆtico H2bbppd e complexo met…lico 2. COMPOSTO UTILIZADO Bact‹ria Gram-Positiva (ATCC) CIM (μg/mL) H2bbpppd 250 CM2 125 Staphylococcus aureus (25923) 10,63 Enterococcus faecalis (19433) MŒDIA 11,15 1,64 Aa 18,68 2,68 Bb 10,89 14,81 250 125 Bact‹ria Gram-Negativa (ATCC) CIM (μg/mL) 1,39 Aa 10,95 0,74 Aa Escherichia coli (11229) 12,56 Pseudomonas fluorescens (13525) MŒDIA 12,74 2,50 Ba 13,76 0,95 Cb 12,65 12,86 2,40 Ba 11,96 2,54 Ab Mˆdias seguidas pela mesma letra maiŠscula nas colunas e minŠsculas nas linhas nƒo diferem significamente entre si, pelo teste de Kruskal-Wallis com 95% de confian•a. H2bbppd = Ligante sintˆtico H2bbppd dilu†do em etanol; CM2 = Complexo met…lico 2 dilu†do em etanol. Os complexos met…licos 1 e 2 apresentam caracter†sticas de antimicrobianos, tais como: baixa concentra•ƒo inibit„ria m†nima (CIM ≤ 250 Ÿg/mL), efeito bactericida e amplo espectro da atividade. No entanto, para confirma•ƒo do potencial farmacol„gico destes compostos sƒo necess…rios estudos de avalia•ƒo da toxicidade. Uma vez que, os estudos de toxicidade auxiliam na triagem de uma grande variedade de compostos com atividade biol„gica para definir seu potencial de aplica•ƒo terap‚utica mensurando a toxicidade apresentada dos poss†veis futuros f…rmacos (Carballo et al., 2002). O gr…fico comparativo demonstra uma maior atividade antimicrobiana do ligante sintˆtico H2bbpppd frente Žs cepas bacterianas Gram-negativas (E. coli e P. Fluorescens), 63 sendo observado um comportamento totalmente distinto pela a•ƒo do complexo met…lico 2, sintetizado a partir desse ligante. O que pode indicar que o complexo met…lico 2 apresenta um mecanismo de inibi•ƒo diferente a do seu ligante (Figura 23). Tambˆm pode ser observado no gr…fico que os complexos met…licos 1 e 2 apresentaram menor atividade antibacteriana frente a Escherichia coli em compara•ƒo aos resultados com outras bactˆrias, que pode estar relacionada aos mecanismos de resist‚ncia da espˆcie, como exemplo o reservat„rio de genes de resist‚ncia a antibi„ticos, que permite a evolu•ƒo em formas resistentes aos medicamentos (TORTORA, 2010). O complexo 2 com †ons Cu(II) foi o composto que apresentou a maior atividade antibacteriana frente a todas as bactˆrias. Essa atividade pode ser resultado da estabilidade do complexo met…lico com o ligante sintˆtico. Figura 23 - Ilustra resultados do teste de sensibilidade a antimicrobiano. QEtOH = Quercetina dilu†da em etanol; QMeOH = Quercetina dilu†da em metanol; H2bbpppd = Ligante sintˆtico H2bbppd; CM1 = Complexo met…lico 1; CM2 = Complexo met…lico 2. 64 A cepa Pseudomonas fluorescens demonstrou ser eficiente para avaliar a atividade antibacteriana de complexos met…licos e de seus ligantes org‡micos. Pois apresentou alta sensibilidade aos compostos testados na determina•ƒo da CIM e CBM, e halos de inibi•ƒo no TSA entre 10,39 e 13,76 mm. Alˆm do mais, possui „timo crescimento microbiano, com col•nias de f…cil visualiza•ƒo. 65 6 CONCLUS…O Este trabalho buscou avaliar metodologias de baixo custo capazes de determinar a CIM e CBM, e realizar o TSA, de acordo com normas para teste de sensibilidade antimicrobiana com antibi„ticos e metodologias empregadas em estudos de atividade antimicrobiana com extratos vegetais. Os resultados demonstraram boa efici‚ncia e reprodutividade das metodologias utilizadas para a avalia•ƒo da atividade antimicrobiana dos complexos met…licos e respectivos ligantes livres (nƒo coordenados). Os dados produzidos nos bioensaios sƒo quantitativos e/ou qualitativos, relacionados Ž suscetibilidade das cepas bacterianas aos compostos testados. Foram utilizadas bactˆrias gram-negativas (Pseudomonas fluorescens e Escherichia coli) e gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis), com o objetivo de testar a a•ƒo das subst‡ncias avaliadas em cˆlulas com diferentes morfologias. No entanto, os resultados indicam nƒo existir diferen•a estat†stica da atividade antimicrobiana do composto relacionada ao grupo em que pertence a bactˆria. A an…lise dos resultados revelou atividade antimicrobiana nos complexos met…licos de quercetina com †ons Ga(III) e do ligante sintˆtico H2bbppd com †ons de Cu(II) superior a de seus ligantes. Os valores de CIM obtidos para estes complexos demonstram potencial para o uso farmacol„gico. Os resultados obtidos demonstraram que a cepa Pseudomonas fluorescens apresenta alta sensibilidade aos compostos testados, „timo crescimento microbiano, com col•nias de f…cil visualiza•ƒo; o que sƒo „timas caracter†sticas para um organismo teste nesse tipo de pesquisa. 66 7 PERSPECTIVAS FUTURAS Os resultados de atividade antimicrobiana obtidos pelos complexos met…licos 1 e 2 os qualificam para estudos posteriores sobre o mecanismo de inibi•ƒo do crescimento promovidos por estes compostos. O uso de tˆcnicas de microscopia eletr•nica de varredura, e bioensaios a n†vel de DNA bacteriano podem contribuir para a identifica•ƒo do mecanismo de inibi•ƒo das bactˆrias utilizadas neste trabalho. Estudos de toxicidade dos complexos met…licos 1 e 2 para definir seu potencial de aplica•ƒo terap‚utica em futuros f…rmacos. 67 8 REFER”NCIAS ABOU, O.; KARAMOKO, O.; ADAMA, C.; AUGUSTIN, A. A. 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