http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
IMPORTÂNCIA DA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DO ITAPIRACÓ PARA O LAZER E O
MICROCLIMA LOCAL
Juarez Mota Pinheiro
Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão - UFMA,
Chefe do Laboratório de Climatologia, Doutorando em Geografia Física USP
[email protected]
Analís Oliveira Teixeira
Geógrafa e membro da equipe do Laboratório de Climatologia - UFMA
[email protected]
Clemilson Silva Caldas
Geógrafo e membro da equipe do Laboratório de Climatologia - UFMA
[email protected]
INTRODUÇÃO
O crescimento das cidades no Brasil teve como principal responsável o intenso
êxodo rural, que ocorreu não apenas pelo aumento das oportunidades de trabalho nas
cidades, criadas pela industrialização e comércio, mas também, pelo maior acesso à
educação e à saúde e pela possibilidade de uma vida melhor, além das precárias condições
de trabalho e vida no campo, fruto do modelo agrícola praticado.
Segundo Monteiro (1976) e Mendonça (1994), a elevação das taxas demográficas
e o avanço da urbanização, geraram uma demanda por planos de gestão territorial urbana
que surgiram, principalmente, de movimentos de cunho ecológico, que aproximaram os
estudos de clima urbano das atividades de planejamento. A elaboração de estudos de clima
urbano, voltados ao planejamento, se constitui numa nova abordagem dessa vertente
geográfica de pesquisa, revestindo-a de um caráter mais pragmático e aplicado. Dessa
maneira acredita-se que o estudo do clima urbano deve contar com instrumentos que o
capacite, no sentido de propor ações práticas e aplicáveis aos processos de planejamento
2734
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
urbano.
Os processos de urbanização aliados ao adensamento populacional provocam
alterações no sistema de circulação do ar de uma determinada área, ou seja, altera o seu
clima urbano, aliadas a atividades antrópicas promovem a formação de diferentes
microclimas em uma mesma cidade, sendo denominado como clima urbano, que segundo
Mendonça (2003, p. 19), “é um sistema que abrange todo clima de um dado espaço terrestre
e sua urbanização”.
Dentre as mais variadas causas de mudanças climáticas, uma das que mais vem
sendo estudada é a urbanização, acredita-se, portanto que a cobertura do solo urbano por
materiais impermeáveis, a canalização do escoamento pluvial, retirada da vegetação,
poluição por indústrias e automóveis, e as constantes modificações na infra-estrutura da
cidade alteram o clima urbano, ocasionando modificações nas precipitações, temperaturas
máximas mínimas e na umidade do ar.
Nesse sentido, podemos inserir a Área de Proteção Ambiental do Itapiracó,
situada entre os municípios de São Luís e São José de Ribamar, ambos no Estado do
Maranhão, que representa importante papel na manutenção do microclima da Ilha de São
Luís.
Assim, esta pesquisa tem o objetivo de analisar as variações de temperatura e
umidade relativa do ar na APA do Itapiracó e em seu entorno, atrávés da delimitação de oito
pontos diferentes, através da técnica de perfil transecto, verificando como o uso e a
ocupação do solo influencia na dinâmica da temperatura e umidade relativa do ar e
consequente, provoca alterações no microclima. Analisar como está organizado a dinâmica
da paisagem dentro da APA e relatar os principais problemas sócioambientais encontrados.
MUDANÇA CLIMÁTICA URBANA
O clima vem sofrendo mudanças ao longo dos anos, o homem de certa forma
vem contribuindo para que esses processos ocorram principalmente no que se refere aos
climas locais e aos microclimas. Essas mudanças ocorrem com maior frequência nas
construções urbanas, logo, as cidades de maior tamanho são os maiores exemplos das
ações antrópicas no que se refere ao clima.
Assim, segundo Mendonça e Monteiro (2003) o processo de urbanização é
bastante significativo em termos de modificações do clima em escala local, gerando um
2735
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
clima próprio. Pois, o clima urbano é entendido como um sistema que abrange um fato
natural (clima local) e um fato social (a cidade).
Portanto, pode-se afirmar que no ambiente urbano as alterações surgem com
grande frequência, pois várias modificações são efetuadas para satisfazer o gosto da
sociedade ou pelo menos de parte dela, eliminações de acidentes topográficos indesejáveis,
por exemplo, são constantes, assim como construções de represas de água, aterros,
eliminação de uma vegetação originária de determinadas localidades todas essas mudanças
aliada com a própria dinâmica da população fazem com que as cidades sejam lugares que
apresentem uma natureza retrabalhada e afeiçoada aos propósitos do viver humano.
As consequências dessas alterações refletem diariamente na vida das pessoas
que residem, trabalham ou frequentam essas localidades, geralmente essas áreas que
possuem uma grande urbanização geram uma sensação térmica maior do que se o mesmo
local estivesse com sua cobertura vegetal original, o que acaba provocando uma insatisfação
por grande parte da população.
Essas mudanças na sensação térmica ocorrem devido à drástica transformação
na paisagem do local, pois grandes construções passam a ocupar o ambiente da natureza,
isso pode provocar a queda da ventilação, e a radiação solar praticamente não chega ao
interior desses terrenos.
Nesse sentido, As áreas verdes desempenham importante papel nas condições
climáticas em microescala das cidades, minimizando a temperatura aumentando a umidade
transformando em áreas agradáveis e refrescantes, além da função estética que exerce. As
edificações e o solo asfáltico apresenta baixa refletância solar e absorvem uma parcela
elevada da radiação incidente. Uma parcela significativa desta radiação é armazenada em
forma de calor e devolvida ao ambiente ao final do dia, contribuindo para o aumento da
temperatura do ar. Ao contrario da área urbana, a vegetação retém energia solar incidente
através da fotossíntese quando participa ativamente da renovação do chamado “ciclo do
carbono” ao transformar o gás carbônico (CO2), a água (H2O) e a energia solar recebida num
hidrato de carbono liberando em contrapartida o oxigênio (O) vital para renovação da
natureza. Tornam-se excelentes “condicionadores térmicos” devido a alta absorção da
radiação solar incidente nas faixas visíveis sendo grande parte desta energia absorvida
transformada em energia química (fundamental para fotossíntese) e em calor latente
através do processo de evapotranspiração (RIVERO, 1985). Assim, a vegetação contribui na
diminuição da temperatura geral do ambiente e para o conforto térmico nas áreas urbanas
2736
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
retendo calor e liberando vapor d’água para a atmosfera. As áreas verdes são importantes,
pois para além da beleza estética transforma a área urbana em ambientes agradáveis e
refrescante para se viver.
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
Criada pelo Decreto Estadual de número 15.618/97, faz divisa com os municípios
de São Luís e São José de Ribamar no Estado do Maranhão, Brasil, com uma área total de
322 hectares, a APA - Área de Preservação Ambiental do Itapiracó abrange vegetação
remanescente de Floresta Pré-Amazônica, representada por Angelim, Andiroba, Bacuri e
outras espécies nativas. Suas coordenadas geográficas são: 2º 31’ 34” S 44º 12’ 80” W.
Figura 1: Localização da APA do Itapiracó - Maranhão, Brasil.
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
São Luís
FONTE: GOOGLE MAPS
SEM ESCALA
METODOLOGIA
O método segundo Galliano (1986, p. 6) é um conjunto de etapas,
2737
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
ordenadamente dispostas a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma
ciência ou para alcançar determinado fim.
Dessa
maneira,
a
presente
pesquisa
foi
fundamentada
no
Método
Fenomenológico, utilizando a observação dos fenômenos que envolvem a dinâmica
socioambiental da área da pesquisa, associado ao método dedutivo onde houve a
racionalização, ou seja, a combinação de ideias em sentido interpretativo, utilizando o
raciocínio que caminha do geral para o particular.
Além disso, para a execução do presente estudo foi utilizado os seguintes
procedimentos metodológicos:
•
Levantamento e análise de material bibliográfico e cartográfico relacionado com a
área de estudo, para melhor compreensão e embasamento teórico do assunto;
•
Reconhecimento e levantamento de dados “in loco” nos dias 15 e 16 de junho de
2013, através da técnica de perfil transecto, no horário de 12h30min às 13h40min no
interior da APA e em bairros do seu entorno, com o objetivo de obter dados das
temperaturas, umidade relativa do ar e coordenadas geográficas nesses locais. Para
a obtenção desses dados foram utilizados termo-higrômetros digitais e o GPS;
•
Registro fotográfico dos elementos socioambientais;
•
Conversas informais com os policiais militares responsáveis pela APA e moradores
residentes no entorno da área;
•
Organização, tabulação e Análise dos dados obtidos;
•
Elaboração do texto final.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram traçados dois perfis transectos. Um
horizontal (perfil A) e outro vertical (perfil B) com 4 pontos de coletas em cada um (figura
01). A partir das coletas dos dados do microclima da APA do Itapiracó e seu entorno foi
possível compreender suas configurações a partir da microescala, ou seja, analise das
disposições de elementos individuais como a vegetação, vias de acesso urbanizadas, etc. e
da escala local compreendendo o uso e ocupação do local, características dos bairros,
atividades do local, etc. de modo a compreender como a APA influencia o clima da cidade e
dos bairros circunvizinhos.
2738
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Figura 2: Perfís transectos realizados na APA do Itapiracó
A escolha de cada ponto partiu da necessidade de compreender melhor o
fenômeno estudado, assim, os pontos abrangeram áreas de vegetação (dentro do parque),
áreas urbanizadas sem vegetação (fora do parque), áreas urbanizadas com vegetação (fora
do parque) e pontos de limite da APA com áreas urbanizadas. As coletas foram realizadas
em dois dias diferentes (dia 15 e 16 de junho de 2013) e simultaneamente nos dois perfis
entre os horários das 12h30min às 13h40min sob as condições meteorológica de céu claro e
pouca nebulosidade com circulação de vento moderado.
CARACTERÍSTICAS DA ÁREA
A Área de Proteção Ambiental do Itapiracó está situada ao norte da Ilha do
Maranhão entre os municípios de São Luís, capital do Estado do Maranhão e São José de
Ribamar. O clima da Ilha do Maranhão é tropical, quente e úmido com temperatura mínima
na maior parte do ano que fica entre 21º e 27º Celsius e a máxima geralmente fica entre 27º
e 34º graus Celsius. Apresenta duas estações distintas: a estação seca, de agosto a
dezembro e a estação chuvosa, de janeiro a julho. A média pluviométrica anual é de
2.325 mm.
A APA do Itapiracó abrange uma área de 322 hectares com coordenadas
geográficas limítrofes de 2°31’00”S de latitude e 44°11’19” W de longitude. Limita-se ao Norte
2739
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
com o conjunto do Parque Vitória; ao Sul com o condomínio Itapiracó; a Oeste com o
conjunto Ipem Turu e a Leste com o Cohatrac e Loteamento Soterra.
A APA do Itapiracó abrange vegetação remanescente de Floresta Pré-Amazônica,
representada por Angelim, do Andiroba, Bacuri e muitas outras. Além de representar abrigo
à fauna e à flora nativas.
Assim, para o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza), o conceito de APA é:
[...] uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar da população humana, e
tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais .(BRASIL, 1988).
Desse modo, a APA do Itapiracó por se tratar de uma categoria que visa o
manejo sustentável dos elementos bióticos e abióticos a elas associados, pode sofrer uma
perda generalizada do seu potencial ecológico caso não haja medidas que reduza os
processos de apropriação de parcelas territotiais da APA, que são convertidos em espaços
para moradias, para dejeção de efluentes líquidos, assaltos, tráfico de drogas, estupros e
homicídios (assassinatos e “desovas”) que semanalmente ocorrem naquele lócus (SANTOS,
2006).
Durante o levantamento dos dados, também foi observado a existência de
loteamentos e conjuntos habitacionais no seu entorno, ocasionando uma série de
irregularidades e desrespeito ambiental, tais como o desmatamento, a disposição irregular
de resíduos sólidos, a prática de aterros e de efluentes domésticos.
2740
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Figura 3: Resíduos sólidos no entorno da APA
Esses problemas ocorrem devido à ausência de fiscalização efetiva, embora haja
um Batalhão de Polícia Ambiental dentro da APA do Itapiracó, o que prevalece é o não
cumprimento das leis ambientais.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
PERFIL A
Ponto A1 (Posto Brasil V)
Ponto cujas coordenadas geográficas foram 2º31’53.0S e 44º13’4.8”O sendo
próximo da APA, situado em uma avenida pavimentada, cercada pela Faculdade FAMA,
apartamentos e casas (Figura 4). O solo é bastante impermeabilizado, fazendo com que a
taxa de absorção de energia seja bem maior. Apresenta um grande adensamento
populacional e um intenso fluxo de veículos acarretando em um dos pontos de maior
temperatura registrada.
2741
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Figura 4: Posto Brasil V
2742
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
A1- Posto Brasil V
TEMPERATURA
UMIDADE DO AR
15 de junho
33.1 ºC
60%
16 de junho
32.4 ºC
63%
Ponto A2 (Estação INMET)
A estação do Instituto Nacional de Meteorologia, Ponto A2 (Figura 5), está
situado no interior da APA do Itapiracó a 2º31’35.6” S de latitude e 44º12’45.2” O de
longitude. Essa estação pertence ao governo federal, onde são coletados dados
meteorológicos diários que são enviados para Brasília. É uma área cercada por vegetação.
Figura 5: Estação INMET
2743
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
A2- Estação INMET
15 de junho
16 de junho
TEMPERATURA
31.7ºC
32.1ºC
UMIDADE DO AR
69%
69%
Ponto A3 (Batalhão de Policia Ambiental)
O ponto A3 está localizado nas coordenadas de 2º31’25.4”S e 44º12’13.7” O.
Nessa área (Figura 6) localiza-se no interior da APA e encontra-se o posto do Batalhão de
Polícia Ambiental da PMMA com algumas residências e uma quadra é uma área cercada por
vegetação, com boa circulação de ar e sensação térmica refrescante.
Figura 6: Batalhão de Polícia Ambiental
2744
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
A3 - Patrulha Ambiental
15 de junho
16 de junho
TEMPERATURA
31.2ºC
31.7ºC
UMIDADE DO AR
68%
64%
Ponto A4 (Avenida Passa Rio)
A Avenida Passa Rio (Figura 7) está localizada a 2º31’04.3”S de latitude e
44º10’49.0”O de longitude. Por ser uma avenida pavimentada, o solo é bastante
impermeabilizado. Além disso, apresenta um intenso fluxo de veículos, com ônibus e carros
passando constantemente no local causando alterações no microclima.
Figura 7: Avenida Passa Rio
2745
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
A4- Av. Passa Rio
15 de junho
16 de junho
TEMPERATURA
32.3 ºC
32.8 ºC
UMIDADE DO AR
65%
60%
PERFIL B VERTICAL
Ponto B1 (UPA Parque Vitória)
O Ponto B1 está situado na rua Boa Esperança no Bairro do Turu em frente a
UPA do Parque Vitória (Figura 8), cujas coordenadas geográficas são 2º31’07.5”S e
44º12’29.5”O. Além disso, esse ponto é uma avenida não pavimentada e tem um intenso
fluxo de veículos, com ônibus e carros passando constantemente no local.
Figura 8: Unidade de pronto Atendimento (UPA)
2746
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
B1 – UPA
15 de junho
16 de junho
TEMPERATURA
31.6ºC
33.2ºC
UMIDADE DO AR
67%
57%
Ponto B2 (Residencial Canudos)
O ponto B2, que têm coordenadas de 2º31’16.7”S e 44º12’30.9” O é uma área
residencial que fica no entorno da APA, conjunto denominado Residencial Canudos, (Figura
9) que apresenta pouco fluxo de veículos margeado pela vegetação.
Figura 9: Residencial Canudos
Ponto B3 (Chácara Itapiracó)
O Ponto B3, cujas coordenadas geográficas são 2º31’55.8S e 44º12’33.9”O no
bairro Chácara Itapiracó (Figura 10), o local é uma área residencial, com ruas não
pavimentadas e com relativa arborização.
2747
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Figura 10: Chácara Itapiracó
B3 – CHAC. ITAPIRACÒ
15 de junho
16 de junho
TEMPERATURA
31.4ºC
32.1
UMIDADE DO AR
68%
66%
Ponto B4 (Cohatrac V)
O ponto B4 (Figura 11) é uma área residencial urbanizada com ocorrência de
vegetações e solo impermeável pela cobertura asfáltica. Cercada por bares e supermercado.
2748
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Figura 11: Cohatrac IV
B4 – COHATRAC IV
TEMPERATURA
UMIDADE DO AR
15 de junho
31.7ºC
69%
16 de junho
32.1
69%
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA APA DO ITAPIRACÓ
Com uma área de grande vegetação, a APA tem importante papel na
manutenção do micro clima local e consequentemente do conforto térmico nos bairros
circunvizinhos, influenciando a temperatura e umidade da área urbana e exercendo
importante papel na dinâmica microclimática.
Com base nos dados coletados constatou-se a importância que a vegetação
exerce sobre a temperatura e o conforto térmico da APA do Itapiracó e áreas circunvizinhas.
De acordo com os dados coletados a temperatura e a umidade apresentam valores
diferentes nos pontos dentro da APA em relação aos pontos de área urbana, fora da APA.
Há uma diminuição da temperatura, com valores de 31,6°C e de umidade com valores de
67,5% nos pontos coletados dentro da APA e o inverso nos pontos da área de urbanização,
conforme o gráfico 01 e 02 abaixo.
2749
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
Gráfico 01: Perfil A dia 15 de junho
Gráfico 02: Perfil A dia 16 de junho
80
80
70
70
60
60
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
Ponto A1
Ponto A2
Ponto A3
Ponto A4
0
Ponto B1
Ponto B2
Ponto B3
Ponto B4
Fica evidenciado na análise do Perfil A nos gráficos acima que os pontos A2 e A3
localizados dentro da APA apresentam menor temperatura e maior umidade em função da
presença da vegetação, pois através da retenção do calor e da evapotranspiração reduz o
calor e libera vapor d’água para o ambiente. E nos pontos A1 e A4 localizados em áreas
urbanizadas apresentaram maior temperatura e menor umidade, uma vez que, os edifícios
e cobertura asfáltica libera mais calor para o ambiente. Os pontos A2 e A3 apresentam
valores térmicos de 31,9°C e 31,4°C e umidade de 69% e 66% respectivamente nos dias 15 e
16 de junho, enquanto os pontos A1 e A4 apresentaram valores de temperatura de 32.7°C e
32,5ºC e umidade de 61,5% e 62,5% respectivamente nos dias 15 e 16 de junho.
Constatamos uma diferença térmica da APA com seu entorno em função da dinâmica da
vegetação e da ação antrópica no contexto do urbano.
E nesse sentido, a vegetação
possibilita a moderação da temperatura e aumento da umidade relativa do local
favorecendo maior conforto térmico para as comunidades circunvizinhas.
Constatamos também uma diferenciação de temperatura e umidade em três
áreas diferentes de acordo com a distribuição da vegetação e de elementos urbanos como:
vias asfaltadas, circulação de carros, distribuição de edifícios, etc. na área de vegetação,
dentro da APA, os pontos A2 e A3 apresentaram menor temperatura e maior umidade, na
área urbanizada, pontos A1, A4, B1 e B2, maior temperatura e menor umidade e na área
2750
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
urbana com ocorrência de vegetação, Ponto B3 e B4, medições intermediaria de
temperatura e umidade (Veja gráfico 01, gráfico 02, gráfico 03 e gráfico 04). Incide aqui o
papel preponderante da vegetação como amenizador térmico do ambiente urbano e os
elementos urbanos como fator de influencia no microclima urbano.
Nos pontos que foram coletados fora da APA existe uma pequena diferenciação
térmica das áreas urbanizadas sem vegetação (pontos A1, A4, B1 e B2) e das áreas
urbanizadas com vegetação expressiva (pontos B3 e B4). Como nos mostra os gráficos
acima. A primeira apresentando maior conforto térmico e um ambiente mais refrescante do
que as áreas urbanas sem vegetação. O mínimo de vegetação na escala do microclima tem
alteração no padrão de comportamento da temperatura e umidade do ambiente urbano.
A APA do Itapiracó é uma área verde de extrema importância do ponto de vista
climático (microclima), ambiental, lazer e social para as comunidades que moram em seu
entorno, além de proporcionar um ambiente conforto térmico, um ambiente refrescante é
um espaço de lazer para e prática de esporte para as pessoas. Mesmo com uma péssima
estrutura a APA é um espaço que as pessoas utilizam para caminharem, dentro e ao seu
redor, prática esportiva principalmente o futebol e skate, evidenciado na ocorrência de
campos de futebol e pista de skate dentro da APA.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto constatou-se a importância da APA do Itapiracó para as
comunidades que moram em seu entorno. A APA atuou como elemento atenuador do rigor
térmico de uma cidade que se encontra na faixa equatorial, possibilitando maior conforto
térmico e clima agradável, além, de ser uma área importante para o lazer. É uma área
socialmente integrada as comunidades de seu entorno.
É possível perceber que a presença do verde traz benéficos das mais variadas
ordens, sejam individuais ou coletivos, físicos ou psicológicos, ambientais ou econômicos, ou
mesmo culturais. Acrescenta-se aqui, além da influência sobre a temperatura, a influência
sobre a poluição atmosférica e influencia na saúde e bem-estar das pessoas.
Verificou-se também, a total ineficácia e/ou inexistência dos órgãos públicos
responsáveis pelo gerenciamento da área de proteção ambiental, decorrendo vários
problemas como a violência e trafico de droga que é significativa dentro e entorno da área,
explicada pelo falta de segurança nas entradas da APA e pouco efetivo da policia ambiental
dentro da APA, ocorrência de lixões a céu aberto próximo e dentro da APA, falta de
2751
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
conservação da área, inutilização como lazer de forma efetiva para a população, etc.
A pesquisa também representa importante registro da situação atual em que se
encontra a APA do Itapiracó em termos ambientais e principalmente atmosférico para
futuras pesquisas que tenham com estudo a evolução das transformações naturais na
cidade de São Luís do Maranhão.
REFERÊNCIAS
AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os
trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
Cap 4, p. 273-286. 1999.
GARTLAND, Lisa. Ilha de Calor: como mitigar zonas
de calor em áreas urbanas. São Paulo. Oficina
de Textos, 2010.
________. Canyon geometry and the nocturnal
urban heat island: comparison of scala and
field observations. Jornal of Climatology, v1, p.
237-254, 1981.
GALLIANO, A.G. O método científico: teoria e
prática. São Paulo: Habra, 1986.
________. Boundary Layer
Methuen & Co., 1978.
MENDONÇA, Francisco. MONTEIRO, Carlos Augusto
de F. Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003.
PINHEIRO. Juarez Mota. Dinâmica Climática da Ilha
do Maranhão. In: FARIAS FILHO. Marcelino
Silva. (Org.) O espaço geográfico da Ilha do
Maranhão. São Luís, FAPEMA, (no prelo).
LOMBARDO, M. A. Ilha de Calor nas Metrópoles – o
exemplo de São Paulo. São Paulo: HUCITEC,
1985.
OKE. T. Urban climate global environmental
change. In: R. D. TROMPSON and E. PERRY.
Applied climatology. London, Routledge, 199.
Climate.
London.
RIVERO, Roberto. Arquitetura e Clima. 2ª. Ed, Porto
Alegre: DC Luzzato Editores, 1986.
SANTOS, Márcio Aurélio. Análise da Degradação
Ambiental da APA do Itapiracó. São Luís, 2006.
2752
http://6cieta.org
São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.
ISBN: 978-85-7506-232-6
A IMPORTÂNCIA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO ITAPIRACÓ
PARA O LAZER E O MICROCLIMA LOCAL
EIXO – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional
RESUMO
O crescimento acelerado e desordenado das cidades tem efeito nocivo ao meio ambiente natural,
o que ocasiona alterações negativas nas condições ambientais que afetam o bem estar da
população. Para amenizar esses problemas socioambientais é imprescindível a existência e a
preservação de áreas verdes dentro dos espaços urbanos. Esta pesquisa tem por objetivo estudar
a importância da APA (Área de Proteção Ambiental) do Itapiracó, localizada na divisa dos
municípios de São Luís e São José de Ribamar no Estado do Maranhão – Brasil, para o equilíbrio
microclimático e de lazer de alguns bairros circunvizinhos como também o de identificar as
principais alterações de ordem ambiental e social que estejam ocorrendo. Criada pelo Decreto
Estadual de número 15.618/97, com uma área total de 322 hectares, a APA do Itapiracó abrange
vegetação remanescente de Floresta Pré-Amazônica, representada por Angelim, Andiroba, Bacuri
e outras espécies nativas.
Para este estudo, como procedimento metodológico foram utilizados levantamentos bibliográficos,
coleta de dados através dos aparelhos termo-higrômetros digitais, GPS e registros fotográficos. Na
aplicação metodológica foi utilizada a técnica de perfil transecto em duas rotas distintas e em dois
dias com características de condições de tempo iguais.
A pesquisa evidenciou inúmeras vantagens advindas da presença da área verde da APA do
Itapiracó, a começar pela população circunvizinha que se utiliza desse espaço para seu bem estar
com vista a sua saúde e lazer, como também se constatou que a APA representa importante
mecanismo para a manutenção do conforto térmico para todo um conjunto de bairros
circunvizinhos. Ressalta-se na pesquisa a importância que os dados coletados servirão de base
para futuros estudos envolvendo o clima da cidade e as condições socioeconômica e ambiental
existentes na APA do Itapiracó.
Constatou-se, também, a total ineficácia dos órgãos públicos responsáveis pelo gerenciamento da
área de proteção ambiental, decorrendo disso vários problemas ligados à segurança pública e a
conservação do espaço para os frequentadores, mesmo com a presença de um batalhão da
policia ambiental dentro da APA, verificou-se a existência de lixões a céu aberto próximo e dentro
da APA, tentativa de invasão e apropriação da área para fins particulares, falta de conservação e
preservação das áreas verdes e, ainda, assoreamento dos riachos e outros problemas ambientais.
Com relação a qualidade atmosférica de temperatura e umidade para o conforto térmico,
constatou-se através da pesquisa, a importância da APA do Itapiracó para a sua manutenção. Os
dados coletados e analisados evidenciaram que a temperatura e a umidade do ar dentro da APA
são representativamente mais adequadas e gerador de maior conforto térmico para toda uma
população de moradores circunvizinhos à APA do Itapiracó.
Palavras-chave: APA do Itapiracó, conforto térmico, preservação ambiental.
2753
Download

Juarez Mota Pinheiro, Analis Oliveira Teixeira, Clemilson Silva Caldas