JOGOS EDUCATIVOS COM O USO DO COMPUTADOR
NA EDUCACAO INFANTIL1
Deise da Silva Aragão2
Egeslaine de Nez3
Considerações iniciais
Este artigo teve como objetivo compreender as contribuições da utilização do
computador e dos jogos educativos no auxílio ao processo de ensino e aprendizagem
das crianças da Educação Infantil, bem como descrever a importância do educador
nestas atividades.
Sabe-se que o papel da educação é preparar cidadãos para vivenciarem uma
sociedade que se encontra em constante transformação, e exigindo pessoas capazes de
lidar com essas mudanças, ou seja, estar a cada dia buscando atualização nos mais
diversos assuntos, principalmente relacionado às novas tecnologias.
O uso do computador nos espaços educativos vem propiciando aos educadores
e educandos uma possibilidade de ambiente de aprendizagem através da união dos
recursos tecnológicos com a sala de aula. Diversos jogos educativos (softwares
educacionais) estão disponíveis no mercado, podendo estes serem utilizados,
principalmente em Laboratórios de Informática nas unidades escolares.
Portanto, pretendeu-se nesta pesquisa enfatizar a utilização do computador
através dos jogos educativos, para estimular a aprendizagem das crianças. Para isso,
serão apresentados alguns jogos de computador como proposta de ferramenta
pedagógica, ilustrando sua implementação e relações com o desenvolvimento dos
alunos.
1
Este artigo é o resultado da pesquisa realizada no curso de Especialização de Inovações Tecnológicas
em Educação, na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário Vale do
Teles Pires (Colider/MT).
2
Especialista em Inovações Tecnológicas em Educação e Licenciada em Computação pela Universidade
do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário Vale do Teles Pires (Colider/MT), Chefe
de Divisão na Secretaria de Gestão Pública, na Prefeitura Municipal de Colider/MT.
3
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestre em
Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Pedagoga e Especialista em
Fundamentos da Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Professora
Assistente da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário Vale do Teles
Pires (Colider/MT).
1 Uso do computador como ferramenta de auxílio a aprendizagem: algumas
perspectivas teóricas
É perceptível que a sociedade está em constante mudanças, e, em relação a
Educação, ultimamente, tem se debatido muito sobre a função social das escolas, bem
como da Educação Infantil neste processo de escolarização.
Com isso, destaca-se o grande desafio para esta modalidade de compreender o
desenvolvimento das crianças, para proporcionar situações de aprendizagens que
possam contribuir com o seu crescimento. De acordo com o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil:
Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças
condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e
aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou
aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém,
que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira
integrada no processo de desenvolvimento infantil. Educar significa,
portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de
aceitação, respeito e confiança [...] (BRASIL, 1998, p. 23).
Pode-se dizer assim, que a Instituição de Educação Infantil, deve proporcionar
ambientes de experiências únicas, espaços que modificam, libertam e acolhem as
crianças para que possam criar e recriar sua maneira de agir e se expressar. Entende-se
então que, para desenvolver essas atividades que preparam o indivíduo voltados à
realidade, é necessário estar atento e em busca de novos desafios neste espaço escolar.
Piaget (apud FERRACIOLI, 1999) indica que desde o momento do nascimento
até ser adulto, o desenvolvimento de cada indivíduo é um processo continuado de
construções de estruturas variáveis, que, juntamente com as características que são
constantes e comuns a todas as idades, refletem o seu grau de desenvolvimento
intelectual.
Ferracioli (1999) ainda acrescenta que as estruturas variáveis são formas de
organização das atividades mentais, que aglomeram os aspectos intelectual, motor e
afetivo, tanto na dimensão individual como na social, enquanto que as características
invariáveis são as funções de interesse ou explicação, entre outras.
Nos estádios de desenvolvimento de Piaget (apud FERRACIOLLI, 1999)
indicados no quadro 1, percebe-se que a medida que a criança vai evoluindo, vai
também se ajustando a realidade que a rodeia, passando por estádios onde estes vão
ajudá-la a superar as dificuldades que possam vir a confrontá-la posteriomente.
Quadro 1: Estádios de desenvolvimento segundo Piaget
Estádio
Inteligência Sensório-Motora
Inteligência Simbólica ou Pré-Operatória
Idade aproximada
até os 2 anos de idade
de 2 a 7/8 anos
Inteligência Operatória Concreta
de 7/8 anos a 11/12 anos
Inteligência Operatória Formal
a partir de 12 anos
Fonte: Adaptado de Ferraciolli (1999, p. 183).
Portanto,
vê-se
a
necessidade
do
educador
avaliar
as
etapas
de
desenvolvimento de seus alunos, para assim, saber quais as necessidades e atividades
são adequadas as crianças de cada faixa etária. Durante a sugestão de atividades com
jgos serão enfatizadas as características destes, pois isso segundo Piaget (1971), permite
identificar e adequar os jogos às fases do desenvolvimento da criança conforme a
proposta do quadro de estádios.
Ainda de acordo com Piaget (1971), em certa etapa da vida a criança passa por
circunstâncias que muitas vezes não tem condições de assimilar uma realidade por não
possuirem nesse momento, estruturas mentais plenamente desenvolvidas, acaba então
aplicando os esquemas que dispõe, do mundo próximo, em que está inserida.
Diante disso, seria necessário, portanto, indicar que a escola apresentasse
atividades que busquem e visem à melhor aprendizagem de crianças através de
ferramentas tecnológicas na construção do conhecimento, proporcionando-lhes
desenvolvimento, atenção, interação, enfim, meios que dinamizem e aperfeiçoem o
processo de ensino aprendizagem, despertando interesse nos alunos.
Para Napolitano e Batista (2010, p. 3):
Utilizar o computador como recurso no período de educação infantil,
não prevalece somente o reflexo em disciplinas matemáticas e nas
outras. Começa a formar um indivíduo não ouvinte e sim participante
e questionador. Não aceitante a resultados preestabelecidos. [...]
Percebe-se então que, o uso do computador, mesmo nas atividades mais
simples, como escrever um texto, acaba permitindo o desenvolvimento de uma série de
habilidades que podem vir a auxiliar na aprendizagem da criança. Em relação ao
computador, é necessário ainda, entender que:
Embora seja um instrumento fabuloso devido a sua grande capacidade
de armazenamento de dados e a facilidade na sua manipulação não se
pode esquecer que este equipamento não foi desenvolvido com fins
pedagógicos, e por isso é importante que se lance sobre o mesmo um
olhar crítico e se busque, face às teorias e práticas pedagógicas, o bom
uso desse recurso. O mesmo só será uma excelente ferramenta, se
houver a consciência de que possibilitará mais rapidamente o acesso
ao conhecimento e não, somente, utilizado como uma máquina de
escrever, de entretenimento, de armazenagem de dados. Urge usá-lo
como tecnologia a favor de uma educação mais dinâmica, como
auxiliadora de professores e alunos, para uma aprendizagem mais
consistente, não perdendo de vista que o computador deve ter um uso
adequado e significativo [...] (ROCHA, 2010, p. 01).
Assim, a utilização do computador no ambiente escolar pode ser um auxílio no
processo de ensino aprendizagem, visto que, pode possibilitar mudanças, fazendo com
que o aluno interaja com o ambiente de aprendizagem, construindo então, seu próprio
conhecimento.
Também é necessário levar em consideração que o uso do computador na
Educação, é uma realidade, que requer muito trabalho, planejamento, pesquisas, e
empenho de todos, para que sua utilização seja adequada. Vale salientar que
[...] o computador pode ser um aliado no processo educativo dos
alunos. Ele pode se tornar um catalisador de mudanças, contribuindo
com uma nova forma de aprender. Por meio dele, cria-se a
possibilidade do aluno aprender “brincando”, construindo seu próprio
conhecimento, [...] Além disso, o professor ao se utilizar do
computador, pode transformar o ensino tradicional em aprendizagem
contínua, facilitando o diálogo, a troca e a valorização das
potencialidades e das habilidades de cada aluno. Professor e aluno
tornam-se parceiros nesta incessante busca do aprender (MATTEI,
2010, p. 3 – grifo do autor).
Cabe ressaltar ainda que ao lidar com esta tarefa, é indispensável pensar a
infância enquanto momento de brincadeira, espaço de diversão e imaginação, de educar
e cuidar. Para Macedo e Nez (2007) cuidar e educar envolve estudo, dedicação,
cooperação, cumplicidade e, principalmente, responsabilidade de todos os responsáveis
pelo processo, que é dinâmico e está em constante evolução. Na Educação Infantil o
“cuidar” é parte integrante da educação, exigindo conhecimentos, habilidades e
instrumentos que exploram a dimensão pedagógica.
Para que a criança possa se desenvolver integralmente são necessários tanto
cuidados relacionais, que envolvem o aspecto afetivo, quanto cuidados com os aspectos
biológicos do corpo; além dos cuidados com a saúde física e mental, assim como a
maneira como tais cuidados são oferecidos e quais são as oportunidades de acesso a
conhecimentos variados (MACEDO e NEZ, 2007).
Desta forma, Macedo e Nez (2007) ainda enfatizam que as Instituições de
Educação Infantil devem associadar padrões de qualidade advindos de concepções de
desenvolvimento que considerem as crianças nos seus contextos sociais, ambientais,
culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem
elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados
conhecimentos para a construção da autonomia.
Compreende-se então a infância como período de expressão, de realização e de
experimentação no qual o conhecimento deste mundo envolve o afeto, o encanto, a
fantasia e a linguagem. Para Kuhlmann (apud CISNE, 2010), a brincadeira é uma forma
de múltiplas linguagens, assim como a linguagem é uma forma de brincadeira.
Neste ponto introduz-se os jogos que são atividades infantis fundamentais,
contribuindo significativamente para o processo do ensino-aprendizagem, favorecendo
na criança a criatividade e espontaneidade. Além da motivação, auxilia a criança a
conviver socialmente com maior facilidade.
Piaget (1971) indica que o jogo se dá num período paralelo ao da imitação,
porém, enquanto há predominância da acomodação, no jogo, a característica essencial é
a assimilação. Assim, o jogo adota regras ou adapta cada vez mais a imaginação
simbólica aos dados da realidade, na forma de construções ainda espontâneas, imitando
o real. Portanto, seria interessante que as escolas utilizassem os jogos para aguçar a
convivência e comunicação entre os colegas de classe, entre outras possibilidades
pedagógicas.
Segundo Tiellet et al (2010, p. 4):
Os jogos educativos digitais apresentam um conteúdo a ser aprendido
e atividades práticas com objetivos educacionais baseados no lazer e
diversão. São atrativos e podem ser muito divertidos. A motivação do
aprendiz acontece como conseqüência da abordagem pedagógica
adotada que utiliza a exploração livre e o lúdico [...] Além disso,
auxiliam na construção da autoconfiança e incrementam a motivação
no contexto da aprendizagem. A atividade de jogar é uma alternativa
de realização pessoal que possibilita a expressão de sentimentos e de
emoção.
Portanto, os jogos educativos podem auxiliar no aprendizado de diversos
conceitos e habilidades especiais, pois acabam favorecendo a auto aprendizagem, a
curiosidade e os desafios. Vê-se então, a necessidade dos professores proporcionarem
aos alunos, situações em que estes possam se sentir estimulados a aprender e ter prazer
na construção do conhecimento.
2 Jogos digitais na Educação Infantil: algumas indicações práticas
Partindo desses pressupostos teóricos indicados, destaca-se que os jogos podem
possibilitar aprendizagens diversas, visto que possuem recursos tecnológicos que
prendem a atenção da criança, tornando um aprendizado mais prazeroso onde o aluno
pode construir seu conhecimento. Mas, para isso, o conteúdo deve ser proposto e
orientado pelo educador, e este, sempre objetivar uma finalidade específica, nao se
utilizar dos jogos, fora do contexto do planejamento proposto.
Assim sendo, seguem algumas sugestões que poderão auxiliar o professor no
cotidiano da sala de aula da Educaçao Infantil, para desenvolver algumas habilidades
em seus alunos, através da utilização destes e que podem auxiliar no aprendizado de
seus alunos.
O jogo da memória “Turma da Mônica” (Figura 1) é um software livre e possui
cores diferenciadas, diversas imagens de personagens infantis, sons para indicar erro ou
acerto e instruções de como jogá-lo.
Figura 1 – Jogo da Memória Turma da Mônica
Disponível em: http://www.monica.com.br/index.htm. Acesso em: 10 abr.
2010.
É possível, através desses jogos da memória, verificar a existência de alguns
aspectos que justificam sua inserção nas salas de aula da Educação Infantil: a
ludicidade, o desenvolvimento de habilidades mentais, técnicas e intelectuais, a
coordenação motora, a atenção, concentração, dentre outros. Os jogos de memória são
importantes para o desenvolvimento da coordenação motora e psicomotora da criança,
são habilidades que podem revelar diversas outras potencialidades a serem
desenvolvidas através de experiências vividas numa infância rica em oportunidades
estimuladoras.
Em relação a coordenação motora, Pellegrini (2010, p. 179) diz que: “é a
capacidade de coordenação de movimentos decorrente da integração entre comando
central, o Cérebro, e unidades motoras dos músculos e articulações”. Desta forma, para
que a criança possa explorar os recursos a sua volta, precisa adquirir uma série de
habilidades manipulativas, que adicionadas ao desenvolvimento motor, permite o uso
dos recursos para determinados fins.
Pellegrini (2010), além disso, cita que, na execução da habilidade motora de
clicar ou digitar, a criança deve apresentar o controle das partes do corpo que estão em
movimento para a execução da tarefa e os fatores deste equilíbrio motor e da
coordenação, em conjunto com a força produzida e a agilidade, velocidade e energia,
que são considerados determinantes do desempenho motor da criança.
Conforme pode ser observado nos estádios do Piaget (apud FERRACIOLLI,
1999) o período sensório motor, indica a construção da noção do "eu", onde a criança
distingue o mundo externo do seu próprio corpo. A criança explora, vivencia emoções
diferentes, podendo formar seu autoconceito. Caracteriza ainda que ao longo desta
etapa, a criança irá elaborar a sua organização psicológica básica, seja no aspecto motor,
no perceptivo, no afetivo, no social e no intelectual.
Com isso, percebe-se que a utilização dos jogos se torna indispensável para que
possa ser trabalhado itens necessários para a formação sócio-cognitiva das crianças,
visto que estimulada em vários aspectos, contribuem para sua formação, bem como
promovem a criatividade e concentração dos alunos, garantindo ainda, um ambiente de
sociabilidade.
Outra característica sobre os benefícios que o jogo da memória pode
proporcionar é a concentração, para melhor desenvolver o proceso de ensino
aprendizagem, o correto é melhorar a capacidade de concentração da crianças, podendo
conseguir isso através desses instrumentos. Então, jogos como estes podem ser
entendidos como atividades que exercitam o cérebro, a concentração e a competência de
idealizar saídas para novas situações. Compreende-se ainda, que as crianças quando
colocadas frente a situações inovadoras, convidadas a solucionar, inventar e a pensar,
aumentam a capacidade do intelecto, de trocar informações consigo mesmas e com o
meio a sua volta.
No jogo “Daqui pra lá, de lá pra cá” (Figura 2), as crianças colocarão em
prática conhecimentos geométricos de orientação espacial, para ajudar o personagem a
cumprir os trajetos propostos, será preciso indicar a direção que ele deve seguir pelas
ruas da cidade, trabalhando os conceitos: direita, esquerda, para cima, para baixo, para
os lados, entre outros com as crianças da Educação Infantil.
Em relação a lateralidade, Pacher (2010) acredita que, além de ser uma
Figura 2 – Jogo “Daqui pra lá, de lá pra cá”
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/jogoespaco-forma-428061.shtml. Acesso em: 02 fev. 2010.
característica da espécie humana em si, envolve a especialização hemisférica do cérebro
e reflete a organização funcional do sistema nervoso central. A conscientização do
corpo pressupõe a noção de esquerda e direita, sendo que a lateralidade com mais força,
precisão, preferência, velocidade e coordenação participa no processo de maturação
psicomotor.
Este jogo possui sonoridade e desenvolve a orientação espacial, visto que
demanda a identificação do destino e planejar uma tática para poder atingí-lo, passando
pelo menor caminho possível, admite a exploração conceitual dos ângulos de 45° e 90°,
juntamente com a lateralidade. Para Damasceno et al (2010, p. 4):
Na educação infantil, percepções visuais, táteis, auditivas, gustativas e
olfativas, devem ser abordadas e desenvolvidas pelo professor nas
séries iniciais. Esta abordagem deve ser feita em conjunto com
habilidades que devem envolver o domínio do esquema corporal, da
coordenação motora, da relação espaço-tempo e da lateralidade [...]
Assim, é possível perceber a importância do trabalho da lateralidade com as
crianças, pois nos estádios descritos por Piaget (apud FERRACIOLLI, 1999), trata-se
da fase pré-operatória, que é o período de desenvolvimento da criança que vai dos dois
até por volta dos seis/sete anos de idade.
Diante dessas indicações, percebe-se que, existem inúmeros jogos educativos,
que auxiliam no processo de desenvolvimento das crianças desenvolvendo algum tipo
de habilidade. Outra sugestão é o jogo “Siga o som” (Figura 3), sendo necessário que se
tenha muita atenção para poder jogá-lo, visto que se deve observar a ordem em que os
botões com o personagem correspondente se acende para que depois se repita a
seqüência de som e iluminação.
Figura 3 – Jogo do Siga o Som
Disponível em: http://www.monica.com.br/index.htm. Acesso em: 29 fev. 2010.
Em relação à atenção desenvolvida por este jogo, Lima (2003, p. 20) acredita
que:
[...] a brincadeira leva ao desenvolvimento da atenção voluntária,
dando à criança materiais e situações que prendem sua atenção
involuntária, ou seja, a que ocorre quando ela ainda não tem o
domínio da vontade. Desta forma, a criança aprende a desenvolver
outras técnicas de concentração, excluindo progressivamente os
estímulos dispersivos. O desenvolvimento da atenção voluntária é
fator essencial para que a criança possa seguir sua escolarização e
alfabetização [...]
Nesse contexto, ressalta-se que o professor deve ter cuidado quanto a faixa
etária e capacidades de seus alunos para escolher e deixar à disposição softwares e/ou
jogos adequados, devendo esses despertarem interesse, favorecendo a criatividade das
crianças deste nível da Educação. Os jogos educativos de computador podem estimular,
motivar, promover a auto-estima e prender a atenção da criança. Piaget (1971, p. 99)
indica que:
O jogo é a construção do conhecimento, principalmente, nos períodos
sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos as crianças,
desde pequenas estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvem a
noção de casualidade, chegando à representação e finalmente à lógica.
Outra sugestão de jogos educativos para tornar os conteúdos mais interessantes
é o “Ray's Letters and Numbers” (Figura 4). Como a Língua Inglesa é desenvolvida em
algumas Instituições de Educação Infantil (particulares e até públicas), esse jogo é uma
possibilidade para se trabalhar o Inglês para crianças pequenas; as atividades são com
números, alfabeto e objetos.
Figura 4 - Ray's Letters and Numbers
Disponível em: http://www.baixaki.com.br/download/rays-letters-and-numbers.htm.
Acesso em: 23 mar. 2010.
Seu
objetivo é ensinar o Inglês Fase Inicial na Educação Infantil, onde clicará em cima do
número que deseja, o personagem soletrará esse número e a criança deve ir clicando em
cima das letras até formar o número escolhido. Depois disso, aparecerá a quantidades de
objetos correspondente ao número que foi escolhido. Num exemplo de ter escolhido o
número cinco, aparecerá na tela cinco objetos que ela terá que ir clicando em cima até
desaparecerem. Quando clicar em cima desses objetos, o personagem vai contando
quantos objetos já foram clicado, ou seja: “one, two, three, four e five”. É necessária
que o aluno já tenha domínio de algumas letras e de números para poder usufruir deste
jogo.
Para Nunes (2010), quando o inglês é apresentado como diversão, as crianças
passam a ser estimuladas e desenvolvem uma ótima capacidade de concentração. Cabe
ao professor melhorar o processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo novas
práticas didáticas que permitam aos discentes um maior aprendizado.
Entende-se então que, o professor de Educação Infantil, precisa fazer uso das
variedades de jogos existentes, tornando as aulas mais dinâmicas e interessantes, para
que os alunos se sintam motivados, prestem mais atenção e, consequentemente, possam
aprender. Em relação a isso, Vygotsky (apud SOUZA FILHO, 2008), acredita que essa
aprendizagem tem a capacidade originar zonas de desenvolvimento proximal e, ao
interagir com as pessoas, os processos internos de desenvolvimento são capazes de
operar, uma vez que foram deflagrados pela aprendizagem.
Assim, percebe-se que os jogos permitem o reconhecimento e entendimento de
regras, invenção de novas situações, para então tentar a modificação das mesmas, ou
seja, jogando a criança pode participar de um mundo de faz de conta, enfrentando
desafios em busca de diversão e o mais importante, revelando a criatividade, autonomia
e a concentração.
De acordo com Tarouco et al (2010, p. 3)
Os jogos educacionais se baseiam numa abordagem auto-dirigida, isto
é, aquela em que o sujeito aprende por si só, através da descoberta de
relações e da interação com o software. Neste cenário, o professor tem
o papel de moderador, mediador do processo, dando orientações e
selecionando softwares adequados e condizentes com sua prática
pedagógica [...]
Nesse sentido, enfatiza-se a importância do professor e seu papel relevante no
processo de orientação do aprendizado da criança, tendo o dever de selecionar, nesse
caso os jogos adequados que estejam de acordo com o objetivo que se pretende
alcançar, observando as qualidades e funcionalidades destes, para que haja interação da
criança com o jogo escolhido.
Vale ressaltar que existem inúmeros jogos que podem auxiliar a criança para
compreender regras, como é o caso do jogo “Brincando com Ariê” (Figura 5), do tipo:
quatro em um, visto que possui quatro possibilidades de jogos, sendo: (1) jogo de
colorir; (2) jogo da memória; (3) jogo das frutas e (4) jogo de associação.
Verifica-se que neste jogo, o personagem interage com a criança, é muito
atrativo e interessante, podendo então auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem.
Conforme indica Reis e Trindade (2001, p. 22) “o jogo é fundamental para o
desenvolvimento infantil, pois através dele a criança passa a envolver-se com as
exigências da sociedade, de forma divertida e prazerosa [...]”.
Figura 5 – Brincando com Ariê
Fonte: http://www.baixaki.com.br/site/dwnld45484.htm.
Acesso em: 30 mar. 2010.
Winck (2010) também enfatiza que é imensa a responsabilidade dos
professores, em relação aos conteúdos interativos oferecidos às crianças da Educação
Infantil, visto que elas ainda não possuem discernimento necessário, interessando-se
muitas vezes, mais pelo apelo visual do que pela qualidade do conteúdo.
Diante disto, faz-se necessário ressaltar que um grande fato que se deve levar
em consideração é que as crianças em sua maioria são conduzidas pelo prazer, o que
explica o enorme “poder” das mídias sobre elas e, portanto ao se iniciar a aprendizagem
com o auxílio do computador através dos jogos educativos, deve-se ter o devido
cuidado e atenção, para que não se desvie do objetivo proposto.
Benjamin (1984), argumenta que:
[...] Os jogos e as brincadeiras são muito importantes para o
desenvolvimento infantil, já que fazem parte do seu cotidiano desde o
início de suas vidas. [...] Desta forma, o jogo possibilita incutir nas
crianças o senso de responsabilidade e, principalmente, de seus
limites.
Portanto, para que o aprendizado das crianças torne-se significativo, é possível
utilizar-se dos jogos de computador, para que se possa ter contato com os recursos
tecnológicos, fazendo com que as experiências através da utilização desses jogos
passem a ser possibilidades pedagógicas interessantes no espaço escolar da Educação
Infantil.
Considerações finais
Nos últimos anos, pode-se perceber um aumento gradativo do uso de
computadores nos espaços escolares. A partir das pesquisas realizadas neste artigo,
destaca-se que o computador é uma ferramenta importante para aperfeiçoar o
aprendizado do educando, utilizando os jogos educativos.
Essa interação pode
contribuir para a formação de opiniões, cooperação, iniciativa, dentre outras
habilidades, sendo uma forma de unir o prazer ao desenvolvimento de diversas
atividades em sala de aula.
O levantamento bibliográfico realizado indicou que na Educação Infantil, as
crianças podem utilizando meios tecnológicos como o computador, colocar em prática
várias atividades que envolvam os jogos, permitindo criar ambientes em que estas se
sintam atraídas e estimuladas, que se sintam estimuladas a aprender.
É necessário se destacar que o computador e os jogos educativos são
instrumentos do processo de ensino aprendizagem. Se bem acompanhados pelo
professor que deve analisar o jogo adequado para a faixa etária adequada,
desenvolverão atividades interessantes com estes alunos e não se torne apenas uma mera
diversão. Enfim, o professor deve analisar e identificar as atividades a serem inseridas
em sala de aula, para verificar se são convenientes para construir conhecimento com
seus alunos.
Diante disso, encaminha-se a sugestão da inserção de jogos educativos em sala
de aula, para tornar-se um aliado no desenvolvimento das crianças da Educação Infantil.
Visto que as mesmas gostam de brincar, portanto, é uma ótima oportunidade de fazer
com que elas aprendam brincando. E, obedecendo às normas dos jogos, a aprendizagem
pode tornar-se tão divertida quanto brincar.
A discussão se encerra indicando que os professores devem refletir sobre suas
práticas, podendo assim, fazer com que o aluno efetive o processo de ensino
aprendizagem dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Assim, é possível a
utilização de jogos na Educação Infantil, de maneira que a aula torne-se muito mais
interessante.
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