ANTRO~I~
IBEROAMERICA
TíTULO: EVOLUÇÃO DOS TIPOS E 005 NíVEIS DE ANTROPIZAÇÃO NA ZONA COSTEIRA DE
AVEIRO, PORTUGAL
AUTORES : João Manuel Alveirinho Dias
TEMA: Outros
RESUMO:
EVO LUÇÃO DOS TIPOS E DOS NíV EIS DE ANTROPIZAÇÃO NA ZONA COSTEIRA DE AVEIRO,
PORTUGAL
J. Alveirinho Dias
o litoral entre Espinho e
Mira (Portugal), em geral conhecido como costa de Aveiro, onde se
localiza a laguna costeira com o mesmo nome, é um exemplo parad igmático de e volução
interactiva entre o Homem e o Meio. Os tipos e níveis de antropização foram aí e voluindo e
sucedendo-se no tempo, resultando na actualidade num ambiente fortemente antropizado,
com tipos d iferenciados de impactes de activi dades humanas, decorrentes tanto in situ, como
em regiões afastadas mas das quais a laguna depende.
Quando o nível médio do mar atingiu a cota actual, há uns 3000 anos, esta costa correspondia
a uma grande baía aberta àagitação marítima atlântica, muito energética. Até fina is do i!!
mil énio a situação mantinha-se mais ou menos a mesma. Os níveis de antropização eram,
então, muito reduzidos, encontrando-se o meio em estado quase pristino.
Em finais do i!! milénio, em plena fase de "Reconquista Cristã", devi do à concentração
popu lacional de cristãos a norte do Douro houve grande expansão da agricultura na região
entre-Douro-e-Minho (facilitada pelo Pequeno Óptimo Climático), o que induziu grande
ampliação do abastecimento sedimentar com subsequente crescimento rápido de uma
restinga arenosa enra izada na zona de Espinho (a sul do estuário do Douro). Devido àdirecção
de incidência da agitação marítima dominante essa restinga fo i crescendo para SSW,
convertendo, a pouco e pouco, a grande baía referida numa laguna costeira. Este processo de
formação apenas terminou no século XVIII. Portanto, pode afirmar-se que a formação da
laguna de Aveiro está relacionada com a ocupação do território na região de abastecimento
sedimentar. É, portanto, um t ipo de antropização indirecta e difusa.
Porém, verificou-se também antropização directa desta zona costeira. A formação deste meio
lagunar propiciou a criação de novos ambientes. Surgem , assim, novas oportunidades que
permitem suprir necessidades básicas e secundárias. O litoral da antiga baía fo i sendo mais
antropizado (pescas, salinas, portos, agricu ltura, .. . )
Com a migração, para sul, da barra da laguna, esta começou a perder eficácia hidráulica. Por
volta de 17S6 a barra estava na sua posição mais meridional de sempre. Os navios, para
São Pau lo, Iguape e Cananéia - Brasil - de 27 de março a 01 de abril de 2010
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utilizarem o porto de Aveiro, tinham que seguir trajecto longo, difícil e perigoso, o que
provocou o quase abandono deste porto. A região tornou-se insalubre e a exploração de sal foi
muito reduzida. Após algumas tentativas goradas, iniciou-se em 1802 a abertura artificial de
nova barra no local onde hoje se encontra, frente a Aveiro. Perante esta nova acção antrópica,
as trocas hídricas entre a laguna e o oceano tornaram-se bastante ma iores, a utilização do
porto de Aveiro foi muito facilitada e a produção de sal conheceu novo impulso.
Porém, a zona arenosa que separa a laguna do oceano não teve, como era norma l até ao
século XIX, ocupação relevante : existiam apenas alguns raros e pequenos núcleos piscatórios.
Com o desenvolvimento do turismo balnear marítimo a partir da segunda metade do século
XIX, esses pequenos povoados piscatórios transformaram-se, a pouco e pouco, em estâncias
balneares. Este processo adquiriu crescimento exponencial na 2~metade do século XX, com
maior relevância a partir da década de 80, com enorme expansão das áreas urbanas (e suas
frentes marítimas), com destruição dos campos dunares que se tinham constituído nos séculos
precedentes. Verificou-se, assim, rápida e intensa antropização de muitas áreas deste cordão
arenoso, de um tipo inexistente até essa altura: a antropização relacionada com o turismo
balnear.
Em simultâneo verificou-se drástica redução do abastecimento sedimentar provocado por
barragens, molhes portuários, dragagens, extracção de inertes, etc., o que induziu forte erosão
costeira. Foram, então, construídas obras fixas de protecção costeira que com o tempo
aumentaram muito em número e em amplitude. Grandes sectores deste litoral estão,
actualmente, convertidos em grandes campos de esporões (sector Espinho - Maceda; secto~
Barra - Areão). Por outras palavras, parte significativa deste litoral está já fortemente
antropizado, tendo-se o Homem convertido no seu principal agente modelador.
Ao longo dos últimos sécu los o nível de antropização do meio lagunar foi-se progressivamente
ampliando (pescas, dragagens, agricultura, pecuária, indústria, expansão urbana,
desenvolvimentos turísticos, etc.). Em Estarreja, na margem interna da laguna, instalou-se um
dos mais importantes pólos da indústria química portuguesa, com os impactes inerentes.
A laguna de Aveiro encontra-se hoje fortemente antropizada, com diferentes tipos e níveis de
antropização. Nas suas margens a paisagem é dominada pela geometria do património
edificado e pelo contraste das estruturas rodoviárias (pontes, etc.), sobressaindo, nalgumas
zonas, as chaminés da indústria química e cerâmica. Na laguna, as estruturas de engenharia
portuária e as dragagens alteraram radicalmente os padrões hidrodinâm icos, além de que o
substrato sedimentar vai arquivando os registos das diferenciadas actividades antrópicas
(agroquím icos, contaminação da indústria química, etc.). Na zona da barreira arenosa os
molhes do porto de Aveiro induziram, como é normal, grande acumulação sedimentar a
barlamar e fortíssima erosão a sotamar, para obviar a qual foram construídas grandes obras de
protecção costeira. Neste sector sul, tal como acontece no sector norte, vários sectores
evoluíram para um litoral artificial (ou seja, completamente antropizado). Resumindo, a laguna
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Dias, João Manuel Alveirinho