1º Ten Al ROBÉRIO ALVES TEIXEIRA
AVALIAÇÃO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E DAS
INDICAÇÕES DO TESTE ERGOMÉTRICO EM MILITARES
DA ATIVA
RIO DE JANEIRO
2009
1º Ten Al ROBÉRIO ALVES TEIXEIRA
AVALIAÇÃO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E DAS INDICAÇÕES
DO TESTE ERGOMÉTRICO EM MILITARES DA ATIVA
Trabalho de conclusão de curso apresentado à escola
de saúde de exército como requisito parcial para
aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço
de
Saúde,
especialização
em
Aplicações
Complementares às Ciências Militares
Orientador(a): Gustavo de Mathia
RIO DE JANEIRO
2009
T266i
Teixeira, Robério Alves
Avaliação da fisiologia do exercício e das indicações do
teste ergométrico em militares da ativa/ Robério Alves
Teixeira. - Rio de Janeiro, 2009.
39 f ; 30 cm
Orientador: Gustavo de Mathia
Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) –
Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação
em Aplicações Complementares às Ciências Militares, 2009.
Referências: f. 37-39.
1. Brasil - Exército. 2. Aptidão Cardiorrespiratória. I.
Mathia, Gustavo de. II. Escola de Saúde do Exército. III.
Título.
CDD 616
1º Ten Al ROBÉRIO ALVES TEIXEIRA
AVALIAÇÃO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E DAS INDICAÇÕES
DO TESTE ERGOMÉTRICO EM MILITARES DA ATIVA
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
GUSTAVO DE MATHIA – HOSPITAL SOUZA AGUIAR
Orientador
Cap PAULO CÉSAR RODRIGUES CORRÊA – EsSEx
Co-orientador
Profª ANA CLÁUDIA DA S. VILA NOVA - UFRRJ
Avaliador
RIO DE JANEIRO
2009
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos instrutores e companheiros do CFO 2009.
Ao meu orientador Gustavo de Mathia, amigo de longa data.
Ao meu co-orientador, Capitão Paulo César pela paciência e colaboração neste trabalho.
RESUMO
Todo o militar da ativa está obrigado ao treinamento físico. A atividade física é
conhecida em melhorar a aptidão física e reduzir a morbidade e mortalidade de
inúmeras doenças crônicas. A atividade física melhora a qualidade de vida das
pessoas e uma boa aptidão cardiorrespiratória é determinada para se proteger
contra doenças cardiovasculares. Baixa atividade física e aptidão cardiorrespiratória
reduzida são preditores de mortalidade por doenças cardiovasculares futuras.
Testes ergométricos e espirometrias são medidas importantes para avaliar as
funções cardiovasculares e respiratórias. O objetivo deste estudo foi investigar a
medida da aptidão cardiorrespiratória. A relação positiva entre atividade física e um
teste ergométrico é muito mais consistente do que entre atividade física e
parâmetros espirométricos. Em conclusão, os testes de esteira devem ser usados
com critério.
Palavras-chave: treinamento físico militar, fisiologia, aptidão cardiorrespiratória
ABSTRACT
All active-duty military is obligated to physical training. Physical activity is known to
improve physical fitness and to reduce morbidity and mortality from numerous
chronic conditions. Physical activity improves peoples’ quality of life and good
cardiorespiratory fitness has been found to protect against cardiovascular diseases.
Poor physical activity and reduced cardiorespiratory fitness are predictors of future
mortality from cardiovascular diseases. Treadmill tests and spirometric tests are
important measurements for evaluating cardiovascular and respiratory functions. The
purpose of this study was to investigate measured cardiorespiratory fitness. The
positive relation between physical activity and a treadmill test is much more
consistent than that between physical activity and spirometric parameters. In
conclusion, treadmill tests should be used with criterion.
Key words: military physical training, physiology, cardiorespiratory fitness
LISTA DE ABREVIATURAS
PA
Pressão Arterial
FC
VO2
VO2 máx
ATP
DAC
MET
ECG
IPE
TFM
EME
Frequência Cardíaca
Consumo de Oxigênio
Consumo Máximo de Oxigênio
Molécula de Armazenamento de Energia celular
Doença Arterial Coronariana
Múltiplos da Taxa Metabólica de Repouso
Eletrocardiograma
Índice de Percepção de Esforço
Treinamento Físico Militar
Estado Maior DE Exército
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.........................................................................................
9
2
2.1
2.2
2.3
O TREINAMENTO FÍSICO MILITAR......................................................
HISTÓRICO.............................................................................................
OBJETIVOS.............................................................................................
BENEFÍCIOS...........................................................................................
11
11
12
12
3
3.1
3.1.1
3.2
3.2.1
3.2.2
3.3
3.3.1
3.3.2
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO.................................................................
OS MÚSCULOS NO EXERCÍCIO...........................................................
Efeitos do Treinamento Atlético sobre os Músculos.........................
A RESPIRAÇÃO NO EXERCÍCIO...........................................................
Consumo de Oxigênio e Ventilação Pulmonar no Exercício.............
Gases Sanguíneos Durante o Exercício..............................................
SISTEMA CARDIOVASCULAR NO EXERCÍCIO....................................
Fluxo Sanguíneo Muscular...................................................................
Efeito do Treinamento sobre a Hipertrofia Cardíaca e sobre o
Débito Cardíaco.....................................................................................
Papel do Débito Sistólico e da Freqüência Cardíaca no Aumento
do Débito Cardíaco................................................................................
Relação entre o Desempenho Cardiovascular e a VO2 máx.............
Efeito da Cardiopatia e da Idade Avançada Sobre o Desempenho
Atlético....................................................................................................
14
14
15
16
16
16
17
18
21
21
21
22
4.3.1
4.3.2
4.3.3
4.3.4
AVALIAÇÃO FUNCIONAL......................................................................
OBJETIVOS DE UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL...................................
UNIDADES METABÓLICAS....................................................................
O Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 máx)......................................
MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAÇÃO DA CAPACIDADE
AERÓBICA...............................................................................................
Testes Máximos e Submáximos...........................................................
Testes Utilizados na Mensuração da Capacidade Aeróbica..............
Testes Ergométricos..............................................................................
Considerações Gerais...........................................................................
5
5.1
5.1.1
5.1.2
5.1.3
5.1.4
5.1.5
5.1.6
5.1.6.1
5.1.6.2
5.1.6.3
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA................
AVALIAÇÃO MÉDICA..............................................................................
Exame Médico........................................................................................
Exames Complementares.....................................................................
Recomendações antes do Teste..........................................................
Condições em que são Indicações os Testes de Esforço.................
Condições onde são Contra-Indicações os Testes de Esforço........
Variáveis a serem Controlados Durante o Teste................................
Índice de Percepção de Esforço (IPE).....................................................
Freqüência Cardíaca................................................................................
Pressão Arterial (PA)...............................................................................
27
28
28
28
29
29
30
30
30
31
32
6
DISCUSSÃO............................................................................................
33
3.3.3
3.3.4
3.3.5
4
4.1
4.2
4.2.1
4.3
19
19
19
20
23
23
24
24
25
7
CONCLUSÃO..........................................................................................
36
REFERÊNCIAS ......................................................................................
37
1 INTRODUÇÃO
Todo militar do serviço ativo está obrigado ao treinamento físico militar. A
melhoria da aptidão física contribui para o aumento significativo da prontidão dos
militares para o combate, e os indivíduos aptos fisicamente são mais resistentes à
doenças e se recuperam mais rapidamente de lesões do que pessoas sedentárias
(BRASIL, 2002).
Estudos comprovam que a atividade física pode melhorar o rendimento
intelectual e a concentração nas atividades rotineiras, levando a um maior
rendimento no desempenho profissional. Trabalhos científicos têm demonstrado que
a inatividade física, além de reduzir a capacidade física do indivíduo, acarreta vários
riscos para a saúde e, também, que o baixo nível de aptidão física está relacionado
com o aumento da prevalência de mortalidade precoce (CHAITMAN, 2003). O
exercício físico, além de estar relacionado com a prevenção de doenças, também
está com a reabilitação de doenças crônicas, tais como a hipertensão arterial e
doenças pulmonares obstrutivas, com a normalização do metabolismo dos lipídeos
(PRADO et. al., 2002) e com o sucesso de programas de controle de peso.
Finalmente, tem sido demonstrado que a atividade física está relacionada com uma
boa saúde mental (GUYTON e HALL, 1996). Por outro lado, baixa condição
cardiorrespiratória está associada com mortes prematuras em indivíduos com massa
corporal normal ou com sobrepeso e obesidade, independente de outros fatores de
risco, incluindo fumo, hipertensão arterial e diabetes tipo 2 (OLIVEIRA e ANJOS,
2008).
A aptidão cardiorrespiratória, sendo, sem dúvida o aspecto que deve receber
maior atenção quando se trata de avaliação da aptidão física relacionada à saúde, é
entendida como a capacitação de se realizar trabalho e depende da eficiência dos
sistemas respiratório, cardiovascular, de componentes sanguíneos adequados, além
dos componentes celulares específicos que ajudam o corpo a utilizar oxigênio
durante o exercício (KODAMA, 2009). A avaliação funcional representa a
mensuração
e
interpretação
da
capacidade
de
mobilização
metabólica
(bioenergética) a partir do resultado obtido de um protocolo (teste) específico. Na
área militar os testes de aptidão, sobretudo os cardiovasculares, desenvolveram-se
a partir da necessidade dos combatentes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
onde os soldados deveriam estar preparados para o combate e na utilização da
performance nos esportes de alto rendimento, como fator de afirmação política das
nações, devendo as performances máximas, absolutas, derivadas sobretudo de um
treinamento, com técnicas e táticas que lhes são impostas para um melhor
rendimento (DELGADO, 2004). Na avaliação da potência aeróbica utilizam-se alguns
aparelhos denominados ergômetros, que apresentam vantagens e limitações.
O objetivo deste trabalho, justificado pela importância prática no cotidiano
militar, é realizar uma revisão bibliográfica, avaliando a fisiologia do exercício, além
dos métodos de avaliação do condicionamento cardiorrespiratório, em especial o
teste ergométrico e estudar a possibilidade e a necessidade da aplicação deste
método diagnóstico na rotina do treinamento físico e na avaliação médica, com
objetivo de detectar doença cardíaca (coronariana) precocemente em militares de
tropa, ou seja, indivíduos sem doença cardíaca conhecida e assintomáticos.
2 O TREINAMENTO FÍSICO MILITAR
2.1 HISTÓRICO
A realização de atividades físicas e esportivas ultrapassou os muros das
academias e clubes. Já há algum tempo empresas de diversos setores econômicos
e de diferentes portes se utilizam de atividade física durante o horário de trabalho
como um fator adjuvante na melhoria do rendimento de seus funcionários. A melhora
no rendimento e a diminuição do absenteísmo se tornam notórias.
O Exército Brasileiro desde seus primórdios tem no treinamento físico um
importante aliado na manutenção das condições físicas de seus militares. Embora
talvez desvinculado das novas teorias sobre os benefícios de tais atividades,
intuitivamente sempre proporcionou a seus soldados condições de uma saúde
melhor. A tecnologia moderna apenas aperfeiçoou e adequou tal treinamento às
condições ideais de saúde e bem estar (TEIXEIRA, 2008).
Os primeiros registros da realização de atividade física para a área militar no
Brasil datam de 1810, com a criação da Academia Real Militar, porém sem
padronizações ou embasamentos fisiológicos.
A partir da 2ª década do século XX houve a criação, em 1929, do Curso
Provisório de Educação Física, que funcionou nas instalações da Escola de
Sargentos de Infantaria, na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Em 1930, foi criado o
Centro Militar de Educação Física, na Fortaleza de São João, também sediada no
Rio de Janeiro, o qual veio a ser transformado na Escola de Educação Física do
Exército, no ano de 1933.
A publicação, em 1934, do Regulamento de Educação Física, atendia
integralmente ao método francês, preconizado pela Escola Superior de Educação
Física de Joinville-le-Point.
A partir da década de 30, e principalmente após a década de 70 do século
passado, o Exército Brasileiro reconheceu a necessidade e a importância do
Treinamento Físico Militar (TFM) e sua avaliação para a operacionalidade da Força
Terrestre.
Desde 2005, a Diretoria de Pesquisa e Estudos de Pessoal e Fortaleza São
João é o órgão responsável no âmbito do Exército, entre outras missões, por
assessorar os escalões superiores quanto à doutrina do TFM e promover sua
interação com as atividades de ensino, pesquisa e desporto. Para esses fins,
enquadra a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), o Instituto de
Pesquisa da Capacitação Física do Exército (IPCFEx) e a Comissão de Desportos
do Exército (CDE) (BRASIL, 2002).
2.2 OBJETIVOS
- Desenvolver, manter ou recuperar a aptidão física necessária para o desempenho
da função do militar.
- Contribuir para a manutenção da saúde do militar.
- Assegurar o adequado condicionamento físico necessário ao cumprimento das
missões.
- Cooperar para o desenvolvimento de atributos da área afetiva.
- Estimular a prática desportiva em geral.
- Atender fundamentalmente ao interesse da Força e ao cumprimento da sua missão
institucional.
- Atender da melhor forma aos interesses do militar relacionados a saúde e bem
estar, tendo objetivos e benefícios mais duradouros no tempo e proporcionando uma
melhor qualidade de vida.
- Promoção da saúde antes de um instrumento de adestramento militar. Sendo
assim, cabe ressaltar que a individualidade biológica deve ser respeitada e
priorizada, mesmo que em detrimento da padronização de movimentos (BRASIL,
2002).
2.3 BENEFÍCIOS
- Reduzir a inatividade física, além de melhorar a capacidade física do indivíduo,
reduzindo vários riscos para a saúde e, também reduzir a prevalência de
mortalidade precoce. Reduzir o surgimento de moléstias como as cardiopatias,
diabetes e osteoporose, entre outras. Combatendo o sedentarismo a fim de eliminar
diversos outros fatores como a obesidade, hipertensão, hipercolesterolemia,
hipertrigliceridemia, entre outros.
- Reabilitação de doenças crônicas, tais como a hipertensão arterial e doenças
pulmonares obstrutivas, com a normalização do metabolismo lipídeo, com o sucesso
de programas de controle de peso e com a prevenção da perda de independência
de idosos com osteoartrite.
- Agir sobre a saúde mental e humor dos praticantes.
- Tornar os militares mais aptos para suportarem o estresse debilitante do combate.
- Aumentar a prontidão dos militares para o combate, bem como a resistência a
doenças.
- Aumentar os níveis de auto-confiança e motivação.
- Melhorar o rendimento intelectual e a concentração nas atividades rotineiras,
levando a um maior rendimento no desempenho profissional.
- Desenvolver atributos da área afetiva que, estimulados e aperfeiçoados, irão atuar
eficazmente sobre o comportamento, exercendo papel fundamental sobre a
personalidade (BRASIL, 2002).
3 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO
3.1 OS MÚSCULOS NO EXERCÍCIO
O denominador comum final nas provas atléticas é o que os músculos podem
fazer, a força que podem fornecer quando necessário, a potência que podem
alcançar na realização do trabalho e o tempo durante o qual podem continuar em
atividade. A força de um músculo é determinada principalmente pelo seu tamanho,
com força contrátil máxima entre 3 e 4 kg por cm² de área transversa do músculo.
Por conseguinte, o homem bem provido de testosterona e portanto, com músculos
correspondentemente maiores será mais forte do que as pessoas sem a vantagem
da testosterona (SLOAN et. al., 2009). Além disso, o atleta que hipertrofiou seus
músculos por meio de programa de treinamento com exercícios também terá maior
força muscular (GUYTON e HALL, 1996).
A força de contenção dos músculos é cerca de 40% maior do que a força
contrátil. Isso é, se o músculo já estiver contraído, e a seguir, uma força tenta
distendê-lo, como ocorre ao se pousar após um salto, isso requer cerca de 40%
mais força do que a que pode ser conseguida por contração com encurtamento.
Obviamente, isso complica ainda mais os problemas dos tendões, das articulações e
dos ligamentos (SARAH e HALL, 2008). Além disso, podem resultar em laceração
interna do próprio músculo. Com efeito, a distensão de um músculo em contração
máxima constitui uma das melhores maneiras de produzir o mais alto grau de dor
muscular. A potência da contração muscular é diferente da força muscular, visto ser
a primeira uma medida da quantidade total de trabalho que o músculo pode realizar
em determinado período de tempo. A potência é determinada não só pela força da
contração muscular, mas também por sua distância de contração e pelo número de
vezes que se contrai a cada minuto (BRAUNWALD, 1998). Em geral, a potência
muscular é medida em quilogramametros (kg-m). Isto é, um músculo que consegue
levantar um peso de 1 kg até a altura de 1 m ou que consegue deslocar algum
objeto lateralmente contra uma força de 1 kg por distância de 1 m em 1 minuto
possui potência de 1 kg-m/min.
A medida final do desempenho muscular é a resistência (endurance). Ela
depende, em grande parte, do apoio nutritivo para o músculo, mais que tudo, da
quantidade de glicogênio que foi armazenada no músculo antes do período de
exercício. A pessoa com dieta rica em carboidratos armazena muito mais glicogênio
nos músculos do que a pessoa com dieta mista ou com dieta rica em gorduras.
Assim, a resistência é acentuadamente aumentada por uma dieta rica em
carboidratos. Embora tenha sido enfatizada a importância de uma dieta rica em
carboidratos e de grandes reservas de glicogênio muscular para o desempenho
atlético máximo, isso não significa que apenas os carboidratos são utilizados para o
suprimento de energia muscular, significa, simplesmente, que os carboidratos são
usados preferencialmente. Na verdade, os músculos empregam grande quantidade
de gordura para energia sob forma de ácidos graxos e ácido acetoacético, bem
como quantidades menores de proteínas sob forma de aminoácidos. Com efeito, até
mesmo nas melhores condições, nas provas atléticas de resistência com duração de
mais de 4 a 5 horas, as reservas de glicogênio dos músculos são depletadas e
passam a ter pouca valia para energizar a contração muscular. Nesse estágio, o
músculo depende de energia de outras fontes, principalmente das gorduras
(GUYTON e HALL, 1996).
3.1.1 Efeitos do Treinamento Atlético sobre os Músculos
Um dos aspectos fundamentais do desenvolvimento muscular durante o
treinamento atlético é o seguinte: Os músculos que funcionam sem qualquer
sobrecarga, até mesmo quando exercitados durante horas, conseguem pouco
aumento de sua força. Por outro lado, os músculos que se contraem com sua força
máxima de contração irão desenvolver força muito rapidamente, até mesmo quando
as contrações forem realçadas apenas poucas vezes por dia. Baseando-se nesse
princípio, experimentos relacionados com o aprimoramento muscular mostraram que
seis contrações máximas ou quase máximas efetuadas em três séries separadas
três vezes por semana proporcionam aumento aproximadamente ideal da força
muscular, sem produzir fadiga muscular crônica. O tamanho básico dos músculos de
uma pessoa é determinado principalmente pela hereditariedade, somada ao nível de
secreção de testosterona que, nos homens, produz músculos consideravelmente
maiores que nas mulheres. Todavia, com o treinamento, os músculos podem ficar
hipertrofiados, talvez por 30 a 60%. A maior parte dessa hipertrofia resulta do maior
diâmetro das fibras musculares (McARDLE e KATCH, 2003).
3.2 A RESPIRAÇÃO NO EXERCÍCIO
A abreviação para a velocidade de utilização do oxigênio no metabolismo
aeróbico máximo é VO2 máx. Embora a capacidade respiratória seja alvo de pouca
preocupação no desempenho dos tipos de provas atléticas de alta velocidade,
adquire suma importância no desempenho máximo dos eventos atléticos de
resistência (CHENG et. al., 2003).
3.2.1 Consumo de Oxigênio e Ventilação Pulmonar no Exercício
O consumo normal de oxigênio no homem adulto jovem, em repouso, é de
cerca de 250 ml/min. Todavia, em condições máximas, pode aumentar para 3600
ml/min em um homem comum destreinado, para 4000 ml/min em um homem comum
treinado atleticamente e para 5100 ml/min em homens corredores de maratona. Em
números redondos, tanto o consumo de oxigênio quanto a ventilação pulmonar total
aumentam por cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade máxima
do exercício. A capacidade respiratória máxima é cerca de 50% maior do que a
ventilação pulmonar real durante o exercício máximo. Obviamente, isso proporciona
um elemento de segurança para os atletas, fornecendo-lhes uma ventilação extra
que pode ser requisitada em certas condições, como: exercício nas grandes
altitudes, exercício em condições muito quentes, e anormalidades do sistema
respiratório. O aspecto importante é que o sistema respiratório normalmente não
constitui o fator mais limitante para o fornecimento de oxigênio aos músculos
durante o metabolismo aeróbico muscular máximo. A seguir será visto que a
capacidade do coração em bombear sangue para os músculos costuma ser um fator
mais limitante (McARDLE e KATCH, 2003).
3.2.2 Gases Sanguíneos Durante o Exercício
Devido à grande utilização de oxigênio pelos músculos durante o exercício, é
de se esperar que a pressão de oxigênio do sangue arterial diminua
acentuadamente durante atividades atléticas intensas, enquanto a pressão de
dióxido de carbono do sangue venoso aumenta muito acima do valor normal.
Todavia, esse normalmente não é o caso. Ambos os valores permanecem quase
normais, ilustrando a extrema capacidade do sistema respiratório de proporcionar
aeração muito adequada do sangue, até mesmo durante o exercício intenso. Não é
preciso que haja alguma anormalidade nos gases sanguíneos para que a respiração
seja estimulada durante o exercício. Na verdade, a respiração é estimulada
principalmente por mecanismos neurogênicos. Parte dessa estimulação resulta da
estimulação direta do centro respiratório pelos mesmos sinais nervosos que são
transmitidos do cérebro para os músculos para a realização do exercício. Acreditase que parte disso resulte de sinais sensoriais transmitidos para o centro respiratório
pelos músculos em contração e pelas articulações em movimento. Toda essa
estimulação nervosa da respiração é normalmente suficiente para proporcionar
quase exatamente o aumento necessário da ventilação pulmonar para manter os
gases respiratórios no sangue oxigênio e dióxido de carbono, dentro de valores
quase normais (McARDLE e KATCH, 2003).
3.3 SISTEMA CARDIOVASCULAR NO EXERCÍCIO
O sistema cardiovascular é constituído pelo coração e por todos os vasos
sanguíneos do corpo. O coração então é responsável através da sua contração, pelo
bombeamento de sangue para os vasos sanguíneos, fazendo assim com que
chegue a todos os tecidos corporais oxigênio e nutrientes, fundamentais para a vida
e para que cada tecido e órgão execute suas funções.
As pessoas que se exercitam regularmente, de forma moderada, morrem
menos de doença cardíaca isquêmica, 30% a 40% menos do que os sedentários.
Estudos mostram que em pacientes com obstrução parcial de duas ou mais artérias
coronárias, o treinamento físico leva a resultados benéficos com a dilatação e
diminuição do estreitamento da luz do vaso sanguíneo coronariano, diminuindo a
possibilidade de eventos cardíacos agudos. A doença coronariana começa na
parede da artéria com o depósito de gordura em placas que poderão levar ao
estreitamento e obstrução completa impedindo o fluxo normal do sangue. O segredo
do efeito benéfico do exercício sobre as artérias também parece estar nessas
paredes. O esforço físico e o conseqüente aumento da demanda de sangue pelos
músculos levam ao aumento do diâmetro das artérias, que se dilatam para permitir o
fluxo aumentado. As artérias doentes com deposito de gordura perdem essa
capacidade, levando a um fluxo menor do que o necessário durante o esforço. A
dilatação das artérias é mediada por composto químico, o oxido nítrico que é
produzido nas paredes das artérias. A produção desse composto está diminuída nos
quadros de doença cardíaca. O exercício leva ao aumento da pressão sobre as
paredes das artérias, estimulando a produção de óxido nítrico. Estudos mostram que
após quatro semanas de treinamento a produção de óxido nítrico está normalizada
em pacientes com doença arterial conhecida (GUYTON e HALL, 1996).
3.3.1 Fluxo Sanguíneo Muscular
O denominador comum final da função cardiovascular no exercício consiste
em fornecer oxigênio e outros nutrientes aos músculos. Para essa finalidade, o fluxo
sanguíneo muscular aumenta drasticamente durante o exercício. Deve-se observar
não apenas o grande aumento de fluxo. O próprio processo contrátil diminui
temporariamente o fluxo sanguíneo muscular, visto que o músculo em contração
comprime os vasos sanguíneos intramusculares; por conseguinte, as poderosas
contrações tônicas podem causar fadiga muscular rápida, devido à falta de
suprimento de oxigênio e nutrientes em quantidades suficientes durante a contração
contínua. Por conseguinte, o fluxo sanguíneo muscular pode aumentar no máximo
por cerca de 25 vezes durante o exercício mais intenso. Cerca de metade desse
aumento do fluxo resulta da vasodilatação intramuscular causada pelos efeitos
diretos do aumento do metabolismo muscular. A outra metade decorre de múltiplos
fatores, dos quais o mais importante é, provavelmente, a elevação moderada da
pressão arterial que ocorre no exercício, geralmente um aumento de cerca de 30%.
A elevação da pressão não apenas força maior quantidade de sangue pelos vasos
sanguíneos, como também distende as paredes das arteríolas e reduz ainda mais a
resistência vascular (BUCHHEIT e GINDRE, 2006). Por conseguinte, aumento de
30% na pressão arterial quase sempre pode mais do que duplicar o fluxo sanguíneo,
essa elevação é somada ao grande aumento do fluxo já causado pela vasodilatação
metabólica. A produção de trabalho muscular aumenta o consumo de oxigênio,
enquanto este, por sua vez, dilata os vasos sanguíneos musculares, aumentando,
assim, o retorno venoso e o débito cardíaco. Uma pessoa normal destreinada pode
aumentar o débito cardíaco em pouco mais de quatro vezes, enquanto o atleta bem
treinado pode ter aumento de cerca de cinco vezes (CHAITMAN, 2003).
3.3.2 Efeito do Treinamento sobre a Hipertrofia Cardíaca e sobre o Débito
Cardíaco
Os maratonistas devem alcançar débitos cardíacos máximos cerca de 40%
maiores do que os obtidos pela pessoa não-treinada. Isso resulta principalmente do
fato de que as câmaras cardíacas dos maratonistas aumentam cerca de 40%,
juntamente com o aumento das câmaras, a massa cardíaca aumenta 40% ou mais.
Por conseguinte, não apenas os músculos esqueléticos se hipertrofiam durante o
treinamento atlético, mas também o coração. Todavia, o aumento do coração e a
maior capacidade de bombeamento só ocorrem nos tipos de treinamento atlético de
resistência, e não nos tipos de velocidade.
Apesar de o coração do maratonista ser consideravelmente maior que o da
pessoa normal, o débito cardíaco em repouso é quase exatamente o mesmo da
pessoa normal. Todavia, esse débito cardíaco normal é obtido por grande débito
sistólico, com freqüência cardíaca reduzida. Por conseguinte, a eficácia do
bombeamento do coração em cada batimento cardíaco é 40 a 50% maior no atleta
bem treinado do que na pessoa destreinada (GUYTON e HALL, 1996).
3.3.3 Papel do Débito Sistólico e da Freqüência Cardíaca no Aumento do
Débito Cardíaco.
O aumento da freqüência cardíaca é responsável, sem dúvida alguma, por
maior proporção do aumento do débito cardíaco do que o aumento do débito
sistólico durante o exercício intenso. Em condições normais, o débito sistólico atinge
seu valor máximo quando o débito cardíaco só aumentou até a metade de seu valor
máximo. Qualquer aumento posterior no débito cardíaco deverá ocorrer por aumento
da freqüência cardíaca (McARDLE e KATCH, 2003).
3.3.4 Relação entre o Desempenho Cardiovascular e a VO2 máx
Durante o exercício máximo, tanto a freqüência cardíaca quanto o débito
sistólico aumentam por cerca de 95% em relação aos seus níveis máximos (GAYA
et. al, 2009). Como o débito cardíaco é igual ao débito sistólico multiplicado pela
freqüência cardíaca, constata-se que o débito cardíaco é cerca de 90% do máximo
que a pessoa pode atingir. Isso contrasta com o valor aproximado de 65% do
máximo para a ventilação pulmonar. Por conseguinte, pode-se perceber facilmente
que, em condições normais, o sistema cardiovascular é muito mais limitante para a
VO2 máx do que o sistema respiratório. Por esta razão, propõe-se freqüentemente
que o desempenho que pode ser obtido pelo maratonista depende sobretudo de seu
coração, visto ser ele o elo mais limitante no fornecimento de oxigênio suficiente aos
músculos em atividade. Por conseguinte, a vantagem de 40% no débito cardíaco
máximo que o maratonista possui em relação ao homem destreinado comum
representa, provavelmente, o único benefício fisiológico importante de seu programa
de treinamento (McARDLE e KATCH, 2003).
3.3.5 Efeito da Cardiopatia e da Idade Avançada Sobre o Desempenho Atlético
Em virtude da limitação crítica imposta pelo sistema cardiovascular sobre o
desempenho máximo nas provas atléticas de resistência, pode-se compreender
facilmente que qualquer tipo de cardiopatia capaz de reduzir o débito cardíaco
máximo irá acarretar redução quase correspondente da potência muscular passível
de ser alcançada (THOMAS et. al., 2009). Assim, uma pessoa com insuficiência
cardíaca congestiva tem quase sempre dificuldade em atingir até mesmo a potência
muscular necessária para sair da cama, muito menos para andar pelo quarto
(STEVEN et. al., 2008).
O débito cardíaco máximo das pessoas de idade mais avançada também
diminui muito, verificando-se redução de até 50% entre os adolescentes e uma
pessoa com 80 anos. Nesse caso, também se verifica que a potência muscular
máxima passível de ser alcançada apresenta-se acentuadamente reduzida
(BRAUNWALD, 1998).
4 AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A avaliação funcional representa a mensuração e interpretação da
capacidade de mobilização metabólica (bioenergética) a partir do resultado obtido de
um protocolo (teste) específico (CORTEZ et. al., 2006).
4.1 OBJETIVOS DE UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL
O principal objetivo, para a realização de uma avaliação funcional, inclui a
investigação do processo de adequação dos ajustes fisiológicos às demandas
metabólicas que ultrapassam as necessidades de repouso que representam a
identificação da capacidade aeróbica máxima do avaliado. É possível encontrar
outros objetivos, a partir dos dados coletados do teste ergométrico, entre eles:
•Identificação da capacidade aeróbica máxima;
•Observação do comportamento do eletrocardiograma (ECG) durante o esforço
progressivo;
•Possibilitar a correta prescrição de exercícios baseados nos resultados,
•Servir como parâmetro comparativo do grau de evolução do treinamento físico,
quando aplicado de forma regular;
•Possibilitar a comparação com avaliações futuras;
•Avaliar o grau da dor precordial;
•Determinar o grau de comprometimento de uma coronariopatia;
•Avaliar a resposta pressórica e cronotrópica ao esforço;
•Avaliar a capacidade laborativa (ANDRADE et. al., 2002).
4.2 UNIDADES METABÓLICAS
Para a interpretação de uma avaliação funcional, é necessário uma total
familiarização com uma série de variáveis metabólicas. São utilizados três
parâmetros fisiológicos, que são o consumo de oxigênio (VO2), o MET e a Kcal
consumida.
4.2.1 O Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 máx)
O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx), é definido como a maior
quantidade de oxigênio que um indivíduo é capaz de captar ao respirar ar
atmosférico, ao nível do mar, transportar aos tecidos pelo sistema cardiovascular e
utilizá-lo durante em um esforço físico por unidade de tempo. É expresso em
mililitros ou litros por minuto, ou ainda, mais acertadamente, é ajustada ao peso do
indivíduo. Constitui-se numa medida de potência e que, trata-se de um consumo de
oxigênio, que permite enunciar quantitativamente a capacidade individual de
transferência de energia aeróbica. Assim sendo, trata-se de um dos fatores mais
importantes que determinam a capacidade de sustentar um exercício de alta
intensidade por mais de quatro ou cinco minutos.
Durante um esforço físico, o VO2 tende a aumentar com a carga de trabalho,
até atingir um ponto onde se verifica um platô, e não mostra qualquer aumento
adicional (ou aumenta apenas ligeiramente) com uma carga de trabalho adicional é
denominado consumo máximo de oxigênio, captação máxima de oxigênio, potência
aeróbica máxima ou simplesmente VO2 máx.
Em geral, admite-se que isso representa a capacidade individual de
ressíntese aeróbica de ATP. Um trabalho adicional somente será realizado através
das reações de transferência de energia da glicólise com subseqüente acúmulo de
ácido lático e fadiga.
O consumo máximo de oxigênio (potencia aeróbica máxima) é determinado
e/ou influenciado por diversos fatores relacionados com o sistema cardiovascular e
com a musculatura esquelética.
No sistema cardiovascular, pode-se distinguir o volume sanguíneo, a
contratilidade do miocárdio, a hipertrofia cardíaca, a resistência total periférica e a
freqüência cardíaca máxima, enquanto no nível de musculatura esquelética, a
capilarização, o fluxo sanguíneo, a condutância vascular e a capacidade oxidativa e
outros fatores como a idade, sexo, constituição corporal, ambiente, etc., sendo
relativamente constante em um dado indivíduo, embora também possa diminuir por
falta de atividade física aeróbica, ou aumentar após um período de treinamento
aeróbico (DELGADO, 2004).
4.3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAÇÃO DA CAPACIDADE AERÓBICA
Os métodos utilizados para a medida da capacidade aeróbica podem ser
amplamente classificados de duas formas: Direta e Indireta. A metodologia direta
realiza a medida do consumo de oxigênio diretamente, através de métodos químicos
e físicos, com um custo operacional elevado, os quais podem ser desejáveis em
certas situações de investigações laboratoriais, sendo, no entanto, a medida de
maior precisão.
As metodologias indiretas são baseadas na relação lineares que existe entre
a freqüência cardíaca (FC) e o VO2, medido quando as requisições e produção
energética tenham chegado a equilíbrio (steady-state). Esses tipos de avaliação são
feitos utilizando-se nomogramas, fórmulas, análises de regressão, desenvolvidos a
partir de medidas diretas e com o objetivo de predizer o VO2 do indivíduo partindo
de um teste físico.
Neste trabalho serão abordadas apenas as técnicas indiretas, onde o
consumo de oxigênio é calculado em função de equações de predição, visando,
sobretudo aplicação prática nas avaliações físicas (DELGADO, 2004).
4.3.1 Testes Máximos e Submáximos
Algumas controvérsias têm surgido com relação à utilização de testes
máximos ou submáximos. Aqui, entende-se por teste máximo aquele no qual o
indivíduo é levado a sua exaustão voluntária e tende a levar o avaliado ao máximo
de sua captação de oxigênio, ou o teste é interrompido por sinais ou sintomas que
impeçam seu desenvolvimento. De uma forma geral para aquelas pessoas que
apresentam um baixo risco, com menos de 30 anos e que realizam atividades físicas
rotineiras, bem como para os atletas, os protocolos de avaliação máximos serão os
mais indicados. Uma das mais importantes aplicações do teste máximo além da
predição do estado funcional é em relação ao diagnóstico de doenças coronarianas
(RIOU et. al., 2009)
O teste submáximo é aquele em que o indivíduo é levado a atingir um nível de
esforço pré-estabelecido e o valor de VO2 máx é obtido através de um previsor sem,
portanto impor um stress orgânico intenso durante a realização do teste. De maneira
geral os testes de esforço de caráter máximo apresentam maiores riscos que os
submáximos, devendo ser controlados por pessoas experientes.
Embora os testes de exercícios submáximos não sejam tão eficazes na
identificação de condições de doenças, eles são apropriados para avaliar
condicionamento cardiorrespiratório antes e depois de programas de exercícios. Os
protocolos de avaliação submáximo, serão mais indicados para pessoas com a
faixas etárias superiores a 30 anos, com algum tipo de fator de risco coronário
primário presente, sem o hábito de prática de atividade física regular e na ausência
de um médico ou alguns equipamentos de segurança.
Os testes submáximos são bastante úteis para determinação da aptidão
cardiorrespiratória, quando um teste diagnóstico não se faz necessário, isto é, em
indivíduos com o consumo máximo de oxigênio sejam inferiores as obtidas em
protocolos máximos, estes oferecem menos riscos para o avaliado, sendo assim
realizados em curto espaço de tempo, facilitando a sua operacionalidade
(DELGADO, 2004).
4.3.2 Testes Utilizados na Mensuração da Capacidade Aeróbica
A captação máxima de oxigênio pode ser determinada através de inúmeras
tarefas que ativam grandes grupos musculares, desde que o exercício seja de
intensidade e duração suficientes para engajar ao máximo a transferência de
energia aeróbica. As formas habituais de exercícios incluem andar ou correr numa
esteira rolante, subir e descer de um banco ou pedalar. Logo, quanto aos tipos, de
testes que podem ser aplicados na avaliação da capacidade aeróbicos tem-se:
- Testes de campo: com baixo custo operacional e com possibilidade de avaliação
em massa.
- Testes ergométricos: são testes que utilizam ergômetros, que são instrumentos
que medem trabalho (DELGADO, 2004).
4.3.3 Testes Ergométricos
Na avaliação da potência aeróbica pode-se usar alguns aparelhos
denominados ergômetros. Dentre os principais ergômetros podemos citar a bicicleta
e a esteira rolante. Ambos apresentam vantagens e limitações que devem ser
cuidadosamente analisados, para determinação do instrumento a ser utilizado.
Para cada ergômetro existe uma grande variedade de protocolos que
submetem o testado a uma determinada quantidade de esforço. Enquanto alguns
protocolos são comuns a vários ergômetros, outros são ergômetros-dependentes.
Todos os protocolos apresentam virtudes e limitações, mas são os objetivos
do teste. A população a ser testada e a disponibilidade de tempo e material que
decidirão o melhor ergômetro e protocolo (DELGADO, 2004).
4.3.4 Considerações Gerais
Existe um grande número de protocolos que apresentam pontos positivos e
negativos, porém a escolha de um determinado teste deverá necessariamente ter
como orientação a interferência dos seguintes fatores: objetivos do teste; população
a ser testada; disponibilidade de material.
Cada um dos testes apresenta características específicas. As diferenças entre
os protocolos emergem do amplo espectro de variações existentes que permitem um
grande número de combinações. Podem ser encontrados os seguintes fatores
envolvidos em um teste:
- Formas operacionais: o grau de utilização de recursos materiais durante a
realização de um teste indica seu nível de complexidade. Caso seja realizado em
laboratório, com a utilização de vários instrumentos como eletrocardiógrafo,
ergômetro, analisador de gases, desfibrilador, entre outros, pode ser considerado
como um teste complexo. Em situações onde é realizado em campo, empregando
poucos recursos de instrumentos, como, por exemplo, o teste de Cooper de andar e
correr 12 minutos, pode ser considerado como simples.
- Fonte de energia: dependendo do teste ergométrico, é possível avaliar as
diferentes fontes energéticas existentes. O teste de cicloergometria de Balke tem
como objetivo principal avaliar a capacidade aeróbica. Já um teste utilizando o
cicloergômetro, como o de Wingate, tem como objetivo avaliar a capacidade
anaeróbica;
- Demanda metabólica: um teste ergométrico, para avaliação da capacidade
aeróbica, pode impor uma demanda metabólica máxima ou submáxima. Quando da
realização de um teste máximo, como por exemplo, o protocolo de Jones em
cicloergometria, se analisa a capacidade máxima aeróbica de trabalho do avaliado.
Durante a realização de um teste submáximo, o resultado obtido representa uma
extrapolação do resultado máximo previsto para o avaliado, sem expor o mesmo a
uma intensidade elevada durante o teste;
- Duração total o teste: um teste para mensurar o VO2 máx, deverá ter como faixa
de tempo ideal um mínimo de 8 e máximo de 15 minutos. Esta faixa de tempo
permite a obtenção de dados fisiológicos suficientes para uma análise de
comportamento físico durante o exercício;
- Tipo de carga: a forma de aplicação de carga durante a realização de um teste,
pode ser de forma única (protocolo de banco de Harvard) ou de forma variada
(protocolo de banco de Balke).
- Tempo de duração dos estágios: dependendo do tempo de duração de um estágio,
é possível o aparecimento do Steady State; como exemplo desta metodologia está o
teste de Ellestad.
- Existência de pausas: os procedimentos de execução dos testes podem ser
divididos em dois grupos, contínuos e descontínuos. Nos protocolos contínuos não
existe interrupção do teste em nenhum momento durante sua realização (protocolo
de Fox em cicloergometria). Nos protocolos descontínuos, mais característicos para
população de cardíacos, é possível estabelecer um período de repouso durante a
execução, podendo ainda ser de forma ativa ou passiva.
- Múltiplos da Taxa Metabólica de Repouso (METs): é a relação entre a energia
gasta em uma atividade e o gasto do metabolismo de repouso. Considerando 1 MET
como aproximadamente 3,5 ml/kg,min de O2.
- Consumo de Energia por Minuto (kcal/min): o dispêndio de energia é calculado,
multiplicando as quilocalorias gastas por minuto (kcal/min) pela duração da atividade
em minutos (DELGADO, 2004).
5 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA
Talvez esta seja uma das avaliações mais temidas pelos profissionais que
trabalham com avaliação física, a explicação para isso é que a realização de um
teste de condicionamento cardiorrespiratório implica, necessariamente em um risco
do avaliado vir a manifestar algum comprometimento cardiológico, no entanto, os
resultados dos testes de condicionamento cardiorrespiratório devem ser utilizados
para prescrever recomendações de exercícios e permitir ao avaliador ou professor
de educação física avaliar mudanças positivas ou negativas no trabalho de
condicionamento cardiorrespiratório (NUNES et. al., 2005).
Diante do que foi apresentado, e defendendo a prática da realização da
avaliação da capacidade aeróbica, fica a questão de como fazer a avaliação da
capacidade aeróbica com riscos mínimos.
Segundo DELGADO (2004), para minimizar riscos, é aconselhável uma série
de procedimentos, para que o trabalho se desenvolva com total segurança. Essa
seqüência
progride
da
avaliação
inicial
ao
teste
e
à
programação
de
condicionamento, com oportunidade para re-testes e revisões periódicas do
programa à medida que são obtidos ganhos em condicionamento. Seqüência de
atividades recomendadas para minimizar o risco do teste de condicionamento
cardiorrespiratório:
• Declaração de consentimento;
• Histórico de saúde;
• Avaliação médica;
•Testes do condicionamento em repouso, composição corporal e psicológico;
• Aplicação de testes submáximos;
• Testes para função lombar;
• Prescrição de atividade de condicionamento cardiorrespiratório;
• Prescrição de atividades para força e endurance muscular;
• Revisão das atividades prescritas;
• Retestes periódicos.
5.1 AVALIAÇÃO MÉDICA
A Avaliação Médica deve ser realizada por um médico, se possível com formação em Medicina do
Esporte. Um exame clínico consta, basicamente, de duas partes. Na primeira é realizado o exame médico,
e na segunda, serão solicitados alguns exames complementares. Recomenda-se a realização de uma rotina
mínima de exames físicos e laboratoriais como parte integrante da avaliação médica (LAUKKANEN et.
al., 2009).
5.1.1 Exame Médico
Nesta etapa, deverá ser realizado um exame sumário abrangendo aspectos
cardiovasculares, pulmonares e ortopédicos, incluindo-se ai os seguintes tópicos:
freqüência e regularidade de pulso; pressão arterial deitado, sentado e de pé;
ausculta pulmonar com atenção especial para a uniformidade dos sons respiratórios
em todas as áreas (ausência de estertores, roncos e sibilos); palpação do impulso
cardíaco apical; ausculta cardíaca com atenção especial para os sopros, galopes,
cliques e atritos; palpação e ausculta das artérias carótidas, abdominais e femorais;
palpação e inspeção dos membros inferiores para verificação de edema e de pulsos
arteriais; ausência ou presença de xantomas ou xantelasmas e problemas
ortopédicos (OLIVEIRA e ANJOS, 2008).
5.1.2 Exames Complementares
Feito em consultório ou laboratório, dependendo do exame. Serve para confirmar ou controlar com mais precisão o perfil patológico do avaliado. Em geral, enquadram-se os exames:
- Dentário: semestralmente ou anualmente uma visita ao dentista para tratamento ou
para evitar futuros problemas nos dentes que poderão vir a afetar a saúde;
- Otorrinolaringológico: para evitar focos nas amídalas, carne esponjosa obstruindo o
nariz ou desvio no septo.
- Radiológico: serve para assegurar ao médico a integridade do coração, pulmões e
vísceras, além de controle pela comparação dos exames posteriores com o inicial.
- Sangue: constitui-se num exame importantíssimo, pois verifica a quantidade de hemácias ou glóbulos vermelhos, leucócitos, taxa de colesterol, glicose e etc.
- Urina: verificam os elementos anormais, microscopia da sedimentação, densidade
e reação;
- Fezes: verificação da existência ou não de parasitas intestinais, ainda que na sua
forma ovular (DELGADO, 2004).
5.1.3 Recomendações antes do Teste
De acordo com ANDRADE et. al. (2002), para a realização do teste de
esforço, é necessário orientar o avaliado no sentido da execução de certos
procedimentos básicos que deverão ser seguidos, antes da realização do mesmo:
- A informação contendo o horário e a data da realização do teste;
- Chegar ao local de avaliação com pelo menos 20 minutos de antecedência;
- Trazer, caso possua, um ECG em repouso, recente;
- Estabelecer um intervalo mínimo de 2 horas entre a última refeição e a realização
do teste;
- Evitar abusos e excessos na noite anterior
- Ter uma noite repousante entre 6 e 8 horas de sono;
- Evitar o uso de sedativos;
- Evitar fumar com pelo menos 4 horas de antecedência da realização do teste;
- Evitar qualquer tipo de atividade física no dia do teste;
- Providenciar vestimenta adequada para realização do teste (bermuda e tênis);
- Comunicar qualquer tipo de alteração no estado de saúde ocorrida nas 24 horas
que antecederam à realização do teste.
5.1.4 Condições em que são Indicações os Testes de Esforço
Existem indicações para o teste de esforço, entre elas as dez principais
indicações do teste ergométrico são:
- Confirmação do diagnóstico de doenças coronarianas;
- Avaliação do comportamento de arritmias cardíacas no esforço;
- Avaliação da hipertensão e de sua terapêutica;
- Avaliação da terapêutica antianginosa;
- Avaliação da eficiência da terapia cirúrgica;
- Avaliação de dor precordial e dispnéia a esforços;
- Avaliação de resultados de programas de reabilitação cardíaca;
- Detecção de pacientes em alto risco de coronariopatia e morte súbita;
- Avaliação de paciente pós-infarto;
- Avaliação da tolerância do esforço (DELGADO, 2004).
5.1.5 Condições onde são Contra-Indicações os Testes de Esforço
Para a realização de uma avaliação funcional, existem alguns pontos que são
considerados totalmente contra-indicados para a aplicação de um teste ergométrico:
-Grupo das insuficiências coronarianas: Infarto do miocárdio recente, angina do peito
instável, lesão de tronco de coronária esquerda ou equivalente.
-Grupo da valvulopatias: Estenose aórtica grave.
-Grupo dos distúrbios funcionais: Hipertensão arterial não controlada, Insuficiência
cardíaca descompensada, arritmias potencialmente graves.
-Grupo de outros comprometimentos: miocardites e pericardites, angina instável ou
de repouso, intoxicação medicamentosa, limitação física ou emocional, qualquer
enfermidade aguda, febril ou grave, embolia pulmonar, desequilíbrios metabólicos e
eletrolíticos (DELGADO, 2004).
5.1.6 Variáveis a Serem Controlados Durante o Teste
Durante a realização de um teste de esforço, torna-se necessário, para uma
perfeita segurança do avaliado, a constante mensuração e análise de variáveis
como IPE (Índice de percepção de esforço), FC e PA.
5.1.6.1 Índice de Percepção de Esforço (IPE)
O índice de percepção de esforço, em sua versão original, é composto por
uma escala de quinze categorias graduadas de seis a vinte, onde cada número
ímpar associa-se a uma descrição verbal.
Dentre as características principais do IPE, durante a realização de uma
avaliação funcional, destacam-se:
1) Trata-se de uma escala de 15 pontos, numerada de 6 a 20, que representa,
respectivamente, os níveis mínimo e máximo de cansaço;
2) O IPE e a FC, estão linearmente relacionados entre si e com a intensidade de
trabalho;
3) Existe uma boa relação entre IPE e vários fatores fisiológicos como VE (volume
minuto), lactato e VO2;
4) A escala do IPE tem demonstrado ser um indicador confiável do nível de esforço
físico;
5) O IPE fornece ao avaliador um dado objetivo através do qual pode comparar o
grau relativo de fadiga de um teste para outro;
6) Serve como parâmetro para interromper um teste;
7) Obtém-se o valor da escala, interrogando o avaliado a cada minuto;
8) O IPE apresenta uma grande relação com os fatores indicativos de fadiga
muscular;
9) A escala não é perfeita, e deve ser interpretada no conjunto com o bom senso,
além de outros parâmetros clínicos, fisiológicos e psicológicos envolvidos na
avaliação (DELGADO, 2004).
5.1.6.2 Freqüência Cardíaca
A freqüência cardíaca refere-se ao número de vezes que o coração bate a
cada minuto. Contrações simultâneas dos lados direito e esquerdo do coração (os
ventrículos) são contadas como um batimento. Como a freqüência cardíaca
responde ao esforço com um aumento que, no caso do esforço de caráter dinâmico,
é proporcional à intensidade de trabalho e ao consumo de oxigênio, a mensuração
da FC pode ser usada para determinar a intensidade do exercício.
A freqüência cardíaca durante ou após um exercício pode ser usada como
medição da aptidão física e também para avaliar a aptidão respiratória em termos de
cálculo aproximado da capacidade do corpo utilizar o oxigênio que está sendo
transportado pelo sangue (VO2 máx), apesar da freqüência cardíaca sozinha
somente medir o stress no coração o que é uma pequena parte da imagem global do
estado de uma pessoa.
Enquanto um sistema cardiocirculatório bem condicionado é altamente
desejável para todos, o treinamento para melhorar o sistema cardíaco não irá
necessariamente criar adaptações em determinados músculos necessários para
uma ótima performance. Entretanto, o inverso é verdadeiro. Através de uma
otimização o treinamento dos músculos o atleta irá quase certamente ver as grandes
melhoras no sistema cardiocirculatório (CHAITMAN, 2003).
5.1.6.3 Pressão Arterial (PA)
A mensuração da PA representa um dos principais parâmetros clínicos a ser
controlado em um teste de esforço. Dependendo do comportamento apresentado
durante a execução de um teste ergométrico pode ser identificado algum
comprometimento cardíaco.
A pressão arterial é a pressão que o sangue bombeado pelo coração exerce
dentro do sistema arterial durante um ciclo cardíaco, é a força motriz da circulação
do sangue, provocada pelo bombeamento do coração que oscila entre pressão
sanguínea sistólica e diastólica.
A pressão arterial, como produto da ejeção do coração e da resistência
periférica, é modificada através de influências sobre um ou ambos parâmetros. Para
uma pressão com regulação ótima, portanto, é sempre decisiva uma ação conjunta
ordenada do volume cardíaco e da resistência periférica.
O comportamento normal da pressão arterial em um esforço do tipo dinâmico
é representado por um aumento progressivo da pressão sistólica correspondente à
intensidade do esforço e por uma redução ou manutenção da pressão diastólica,
resultando em uma maior pressão média e, por conseguinte uma maior perfusão
tecidual (CHAITMAN, 2003).
6 DISCUSSÃO
A maioria dos estudos realizados sobre teste ergométrico demonstra
sensibilidade entre 50 e 72% (média de 67%) e especificidade entre 69 e 74%
(média de 71%). É importante, no entanto, ressaltar as limitações desses valores
uma vez que o padrão-ouro de comparação é a cineangiocoronariografia que analisa
apenas anatomia da árvore arterial coronariana. É conhecimento vigente que
estágios iniciais de doença coronariana (DAC) podem determinar disfunção
endotelial e desencadear respostas anormais da vasculatura coronariana, mesmo na
ausência de doença obstrutiva. Outra dificuldade é a grande diversidade das
populações estudadas, nem sempre superponíveis (ANDRADE et. al, 2002)
O valor preditivo do teste ergométrico está diretamente relacionado a
prevalência da doença na população estudada. Caso a prevalência para doença
coronariana seja de 5%, com sensibilidade de 50% e especificidade de 90%, o valor
preditivo para um teste positivo para isquemia será apenas de 21%. No entanto, se a
prevalência de DAC for de 50%, em condições iguais de sensibilidade e
especificidade, o valor preditivo positivo passará para 83%.
Deve-se ressaltar que os objetivos principais do teste ergométrico em
indivíduos assintomáticos ou atletas são: avaliação funcional; motivação para
mudança de hábitos de vida; programação de exercícios físicos; complementação
de avaliação clínica rotineira e identificação de indivíduos sob risco de morte súbita
na atividade desportiva. Dada a baixa prevalência de DAC nesse grupo, verifica-se
uma elevada incidência de resultados “falso-positivos”. O valor preditivo para
incidência de eventos futuros (angina, infarto do miocárdio e morte) é pequeno,
devendo, em casos selecionados, haver investigação complementar. Portanto, não
está recomendada a aplicação indiscriminada do teste ergométrico, como elemento
de apoio ao diagnóstico nesta população (ANDRADE, 2002).
As indicações médicas de teste ergométrico em indivíduos assintomáticos ou
atletas determinadas pelas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia são:
avaliação de indivíduos com história familiar de DAC precoce ou morte súbita.
Avaliação de candidatos a programas de exercício (homem>40 anos e mulher >50
anos). Avaliação de indivíduos com ocupações especiais responsáveis pela vida de
outros. Avaliação inicial de atletas de competição e avaliação funcional seriada de
atletas, para ajustes de prescrição do exercício, sendo as duas últimas indicações
classificadas como opcionais ou alternativas, não sendo consenso entre estudos
científicos (ANDRADE, 2002).
O teste ergométrico em pacientes assintomáticos não encontra aceitação
consensual e tem relação custo-efetividade questionável. No entanto, diretrizes
destacam o sugestivo valor da ergometria em pacientes diabéticos que planejam se
exercitar, em pacientes com múltiplos fatores de risco que necessitam orientação
médica para a prevenção secundária, em homens com mais de 45 anos de idade e
em mulheres com idade superior a 55 anos que pretendem iniciar programa de
atividades físicas intensas, e naqueles envolvidos em ocupações de alto risco e que
envolvam a coletividade ou com elevado risco para doença arterial coronária em
decorrência de co-morbidades como insuficiência renal crônica e doença vascular
periférica (MASTROCOLLA et. al.; 2006).
Segundo ROCHA, (1998), o teste ergométrico falso positivo constitui-se num
sério problema metodológico na prática médica. Os motivos porque o teste
ergométrico pode mostrar alterações eletrocardiográficas num indivíduo sem doença
cardíaca isquêmica ou mesmo às vezes sem nenhuma doença cardíaca, como
aqueles relacionadas com o uso de drogas, com os distúrbios metabólicoeletrolíticos
e
distúrbios
respiratórios.
Em
seu
estudo
avaliou
alterações
eletrocardiográficas em testes de esteira de pacientes assintomáticos, que foram
também submetidos à cintilografia miocárdica, onde não foram encontradas
correlações significativas entre a cintilografia e o resultado ergométrico destes
pacientes.
O
diagnóstico
de
isquemia
miocárdica
pela
ergometria
em
assintomáticos, não deve se basear apenas na valorização da resposta
eletrocardiográfica, dado que pode mostrar alteração sem relação com a presença
de isquemia.
A diretriz americana atual de ergometria estimula a avaliação do risco
cardiovascular global para adoção mais consistente de medidas preventivas. Em
homens
assintomáticos,
a
ocorrência
de
alterações
isquêmicas
no
eletrocardiograma, e a incompetência cronotrópica ou de menor capacidade
funcional durante o teste ergométrico fornecem informações prognósticas adicionais
em modelos ajustados para idade. Os efeitos foram maiores no grupo de alto risco.
A relação de risco relatada para cada variável permaneceu semelhante durante todo
o período de seguimento. Nos pacientes de baixo risco (risco < 10% em 10 anos),
nenhuma das variáveis do teste forneceu informação prognóstica adicional. A
grande variedade dos resultados obtidos nos diversos estudos em assintomáticos é
determinada pelos diversos parâmetros dos testes ergométricos estudados, pela
grande diversidade da casuística analisada e pelos diferentes desfechos avaliados.
Assim, mesmo entre os assintomáticos existe uma grande diversidade de indivíduos
quando se considera dados básicos como: as diferentes faixas etárias, sexo, número
e tipo de fatores de risco. Ao considerá-los, o valor preditivo das alterações no teste
ergométrico é superior, obtendo-se um risco de eventos até 30 vezes maior no grupo
de mais alto risco. Em indivíduos de baixo risco, a incapacidade de detectar
associações das variáveis do teste a eventos é correlacionada à baixa morbimortalidade (GIBBONS et. al.; 2002).
Segundo STORTI, (2005), que realizou uma avaliação de doença coronariana
em indivíduos assintomáticos, a situação particular onde o teste ergométrico possui
maior valor em assintomáticos em relação à sua previsão de eventos, é aquela que
inclui homens com idade superior a 40 anos, com história familiar de DAC e/ou
fatores de risco para DAC.
7 CONCLUSÃO
Após a análise da Literatura acerca da avaliação funcional em adultos atletas
ou não atletas sem doenças associadas e aplicando estes dados aos militares
concluiu-se que:
1 – A prática regular de exercícios constitui num importante elemento motivador de
promoção de saúde bem como na recuperação de doenças e na melhora da
qualidade de vida dos praticantes.
2 - Na avaliação funcional dos militares não é recomendável a avaliação por
ergometria de forma indiscriminada.
3 - A avaliação por ergometria na detecção precoce de doença coronariana se faz
necessária de forma mais sólida em indivíduos com história familiar de DAC precoce
ou morte súbita e homens com idade superior a 40 anos e mulheres com idade
superior a 50 anos que irão iniciar a prática de exercícios.
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1º Ten Al DANIELE CUPERTINO QUEIROD OLIVEIRA