XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
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O PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIC)
COMO ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO
Ana Valéria De Figueiredo Da Costa
RESUMO
O presente estudo tem como tema a formação continuada, mais especificamente, o
Programa de Iniciação Científica como estratégia de formação continuada dos
licenciandos da Faculdade de Educação e Letras (FaEL) de uma universidade privada da
Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu (RJ). O estudo teve como objetivo investigar o
PIC como uma das estratégias de formação inicial e continuada dos licenciandos de
Pedagogia, Geografia, História e Letras, cursos da FaEL, que participam ou já
participaram dos grupos de pesquisa que compuseram o PIC em 2006, 2007 e 2008. A
intenção explícita da pesquisa ao ouvir os alunos era investigar a importância dessa
participação em sua formação acadêmica, buscando subsídios para referendar (ou não) o
incentivo e a prática da pesquisa no âmbito da licenciatura. O recorte da população
pesquisada, se deu também indispensavelmente por razões de ordem prática, qual seja, a
exequibilidade do projeto, sendo a equipe de pesquisa composta por alunos de terceiro e
quinto períodos da própria FaEL, não havendo a necessidade de deslocamento para a
coleta dos dados, motivo que, se necessário fosse, certamente oneraria os custos da
pesquisa. Dessa forma, foram questões norteadoras da pesquisa: qual a importância da
participação do aluno das licenciaturas no PIC? De que maneira os licenciandos
consideram sua participação em grupos de pesquisa em seu percurso acadêmico na
Universidade? Quais as estratégias mais apontadas por esses sujeitos no cotidiano de
sua formação? Em vista do que falam os alunos, como a Universidade pode estar
envidando recursos para a manutenção do PIC e sua possível ampliação e divulgação?
Tomando por base essas questões, a pesquisa, de orientação quanti-qualitativa
(Campbell e Fiske, 1959, citados por Jick, 1979), utilizou questionários com perguntas
abertas e fechadas e, posteriormente, as respostas foram analisadas à luz da análise de
conteúdo tal qual prescreve Bardin (1977). Os resultados do estudo apontam a
importância do PIC como estratégia de formação dos licenciandos e referendam sua
participação o quanto mais cedo na pesquisa, componente imprescindível na formação
do futuro professor.
Palavras-chave: Iniciação Científica; Curso de Pedagogia; Formação de Professores
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nos dias atuais a formação continuada de profissionais do magistério tem se
constituído uma necessidade e uma exigência no mundo do trabalho. Autores tais como
Libâneo (2004), Nóvoa (1999), Gatti (2003) entre outros, têm trazido à baila assunto de
muitos vieses, mas de concordância quando se trata da urgência da discussão do tema.
Além de estar presente nos debates atuais, a formação continuada tem sido
colocada como uma das prerrogativas da Educação Superior, como reza a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, em seu artigo 43:
A Educação Superior tem como finalidade: I – estimular a criação
cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo; II – formar diplomados nas diferentes áreas de
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conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar
na sua formação contínua; [...] V – suscitar o desejo permanente
de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração; [...] (grifos nossos).
Observando-se o que diz a lei, a formação contínua – pessoal e profissional -,
está estreitamente intrincada à formação sociocultural dos sujeitos, o que faz da
universidade um local decisivo na trajetória acadêmica dos professores, licenciandos e
estudantes em geral. Dessa forma, o presente estudo tem como tema a formação
continuada, mais especificamente, o Programa de Iniciação Científica como estratégia
de formação continuada dos licenciandos da Faculdade de Educação e Letras (FaEL) de
uma universidade privada da Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu (RJ).
O estudo teve como objetivo investigar o PIC como uma das estratégias de
formação inicial e continuada dos licenciandos de Pedagogia, Geografia, História e
Letras, cursos da FaEL, que participam ou já participaram dos grupos de pesquisa que
compuseram o PIC em 2006, 2007 e 2008. A intenção explícita da pesquisa ao ouvir os
alunos era investigar a importância dessa participação em sua formação acadêmica,
buscando subsídios para referendar (ou não) o incentivo e a prática da pesquisa no
âmbito da licenciatura.
O recorte da população pesquisada, se deu também indispensavelmente por razões
de ordem prática, qual seja, a exequibilidade do projeto, sendo a equipe de pesquisa
composta por alunos de terceiro e quinto períodos da própria FaEL, não havendo a
necessidade de deslocamento para a coleta dos dados, motivo que, se necessário fosse,
certamente oneraria os custos da pesquisa.
Em pesquisa empreendida por Costa e equipe (2007), 53,93% dos estudantes do
quarto ano do Curso Normal em escolas públicas estaduais de Nova Iguaçu, além de
outras estratégias, apontaram seminários, congressos, jornadas e palestras sobre
educação com uma importante estratégia de formação continuada, eventos que a
universidade sedia com frequência, confirmando lugar de destaque de nessa formação.
A ideia para a pesquisa aqui apresentada também tomou por base alguns
depoimentos pessoais e colaboradores do Curso de Pedagogia que participaram da
pesquisa “Inclusão, tecnologias e didáticas – um estudo sobre didáticas e ações de
orientação inclusiva” (2006 - 2007), quando apontaram em suas falas a importância da
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participação no projeto de pesquisa. Partindo da pergunta “Como foi para você
participar da pesquisa?”, as respostas foram:
- Acrescentou muito na minha formação acadêmica [...]. A. A. – 4º período de
Pedagogia;
- Foi muito bom, pois como minha primeira participação em um projeto de pesquisa,
observei a grande importância de trabalhos como esse para minha formação
acadêmica e enriquecedora [...]. J. M. - 4º período de Pedagogia;
- Participar da pesquisa, para mim, foi uma experiência riquíssima, pois pude
contextualizar os ensinamentos teóricos que aprendo com a realidade do
curso de formação de professores, a fim de pensar mais amplamente na
elaboração do currículo na preparação de educadores [...]. M. M. – 5º período de
Pedagogia.
A pergunta não tinha a intenção de aprofundar a questão, tendo sido proposta
apenas como um complemento ao projeto, fato que se tornou relevante no
desenvolvimento da pesquisa sobre formação continuada (PIC 2007 - 2008), com a
mesma equipe de pesquisa.
Dessa forma, foram questões norteadoras da pesquisa: qual a importância da
participação do aluno das licenciaturas no PIC? De que maneira os licenciandos
consideram sua participação em grupos de pesquisa em seu percurso acadêmico na
Universidade? Quais as estratégias mais apontadas por esses sujeitos no cotidiano de
sua formação? Em vista do que falam os alunos, como a Universidade pode estar
envidando recursos para a manutenção do PIC e sua possível ampliação e divulgação?
Partindo dessas questões, o estudo aqui exposto é de cunho quanti-qualitativo,
no qual foi levada em conta a tabulação dos dados de forma a que se tivesse acesso às
respostas de uma parte numérica significativa dos sujeitos respondentes, e, sobretudo, a
qualidade das respostas dos mesmos. Para tal, foi efetuada uma coleta de dados in loco,
com a aplicação de questionários com as respostas dos alunos apontados pelo estudo.
A pesquisa teve também um forte apelo que vai ao encontro da regimentação
legal na manutenção da tríade que caracteriza uma universidade: pesquisa, ensino e
extensão, como preconiza a Constituição Federal em seu artigo 207: “as universidades
gozam de autonomia didático-científica, [...] e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (grifos nossos).
Os resultados de estudo sinalizaram como incentivar e orientar os licenciandos
na busca dessa formação e cooptação para os grupos de pesquisa que compõem o PIC
na universidade em questão. Do ponto de vista dos licenciandos, a pesquisa tem um
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forte apelo na divulgação das amplas concepções de formação continuada que ocupam
hoje o cenário do qual somos atores e sujeitos.
PERCURSOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO
A investigação realizada é de orientação quanti-qualitativa, também denominada
como multimétodo por Campbell e Fiske (1959, citado por Jick, 1979), orienta o
pesquisador à utilização cuidadosa dos métodos quantitativos e qualitativos na coleta e
construção dos dados. Também indica que esses mesmos dados sejam criteriosamente
analisados ao longo do estudo, apontando ou não a necessidade de mudança dos rumos
da pesquisa.
Nesse sentido, as abordagens não se excluem e, ao contrário, se complementam
alimentando o olhar do pesquisador. Segundo os autores citados por Jick, a combinação
de técnicas dessas duas naturezas torna a pesquisa mais densa e reduz os problemas de
adoção de um único caminho. Ainda, a utilização de uma abordagem exclusivamente
quantitativa pode empobrecer a visão do pesquisador em relação ao contexto onde são
coletados os dados, impedindo a análise mais apurada das diversas faces do objeto
pesquisado.
Assim, os resultados finais da pesquisa ora em questão são apresentados a partir
dos resultados dos itens estruturados do instrumento de pesquisa (questionários), com
informações organizadas quantitativamente, além de categorizações qualitativamente
construídas a partir das respostas abertas dos questionários.
A pesquisa teve como sujeitos/ participantes os licenciandos que participaram do
PIC dos anos de 2006, 2007 e 2008, dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia, História,
Geografia e Letras, da Faculdade de Educação e Letras - FaEL.
Há uma estimativa, pela divulgação dos projetos aprovados em 2006 e 2007 da
participação de aproximadamente 40 alunos, entre bolsistas e colaboradores,
oficialmente registrados pelos projetos deferidos pela Pró-Reitoria Pós-graduação e
Pesquisa. O momento da aplicação dos questionários/ entrevistas foi no início do
segundo semestre de 2008.
O instrumento de pesquisa foi elaborado com a equipe, na análise dos dados,
levou-se em conta a qualidade das respostas com as questões abertas, que foram
observadas, em um segundo momento, por referenciais qualitativos, tomando-se a
qualidade das respostas pela análise de conteúdo conforme sugere Bardin (1977).
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A equipe de pesquisa, formada pelos alunos-bolsistas e colaboradores, foi
orientada na aplicação dos questionários no sentido da não interferência no momento
das respostas, o que poderia falsear os resultados. Nesse sentido, o ensaio por um préteste do instrumento com o próprio grupo foi necessário para atestar (ou não) a validade
do instrumento e corrigir-lhe as possíveis falhas. Pelo pré-teste, os questionários
mostraram-se aptos para a intenção da pesquisa ora em curso.
Há também de se destacar que alguns dos alunos colaboradores tiveram na
pesquisa ora apresentada, questões que lhes serviram de base para o desenvolvimento de
seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que, conforme as normas da FaEL, trata-se
da produção de um artigo científico. Esse ponto também ressalta e referenda a
relevância social das pesquisas empreendidas pelo PIC.
ANÁLISE E COMENTÁRIO DOS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS
O momento da aplicação dos questionários foi no final do semestre 2008.2, o
que permitiu à equipe, de posse das respostas, elaborar considerações sobre o material
coletado. Foram respondidos 15 questionários de alunos inseridos nos projetos,
conforme descrito a seguir: O Programa de Iniciação Científica (PIC) como estratégia
de formação (2008-2009; 10 alunos); Visões sincréticas, antagonismos e redefinições
das fronteiras religiosas em Nova Iguaçu: evangélicos e candomblecistas em foco
(período 2008-2009; 2 alunos); Identificação da Documentação do IHGNI (2007-2008;
1 aluno); Ressignificando o currículo para a Educação de Jovens e Adultos em escolas
diferenciadas (período 2007-2008; 2 alunos).
Os alunos respondentes eram alunos das Licenciaturas da FaEL em Pedagogia,
História, Geografia e Letras. Porém, tendo como foco da pesquisa a participação do
aluno nos PICs, não julgamos pertinente identificar os cursos de origem dos
respondentes. Dos questionários respondidos temos 13 respondentes do sexo feminino e
02 do sexo masculino, com idades que variavam de 20 a 48 anos.
A primeira pergunta do questionário, “Fazer parte do Projeto de Iniciação
Científica...”, constava de 05 alternativas com marcação de múltipla escolha, ou seja, os
respondentes poderiam marcar as que julgassem necessárias.
Com a tabulação temos o seguinte resultado nas alternativas dispostas na
pergunta 1: ampliou meu conhecimento geral (6); me fez crescer no âmbito pessoal (5);
ampliou meu conhecimento sobre o tema (4); desenvolveu minha criticidade (4);
acrescentou meu grupo de relacionamentos (3).
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Os alunos apontam como importante contribuição de sua participação no PIC a
ampliação de seu conhecimento geral, logo seguido de seu crescimento no âmbito
pessoal, ou seja, encontra-se aí um dos pressupostos da pesquisa que aponta que a
formação continuada implica na não dicotomia no desenvolvimento das dimensões
pessoal e profissional dos indivíduos.
Ainda podemos destacar a importância que os alunos atribuíram à ampliação de
seus conhecimentos sobre o tema e o desenvolvimento de sua criticidade, elementos
imprescindíveis na formação do aluno graduando universitário, visto ser o espaço
acadêmico lócus de formação e exercício da crítica, como mola mestra para construção
de novos paradigmas.
A dimensão pessoal encontra-se novamente citada quanto ao crescimento de
seus relacionamentos, ponto que ressalta a participação na pesquisa como elemento
socializador, para além dos aspectos acadêmicos.
A segunda questão, “Quais as principais dificuldades encontradas durante a
pesquisa?”, tinha a intenção de saber os obstáculos do aluno quando da aplicação dos
questionários ou como entrevistador. Foram as seguintes, as respostas: Minha
disponibilidade de tempo (7); Ausência dos entrevistados (5); Falta de atenção por parte
dos entrevistados (2); Reunião de todo grupo de pesquisa (2).
As alternativas mais apontadas revelam o tempo como o grande obstáculo para a
plena participação no PIC, agrupando-se à ausência dos entrevistados à hora combinada
para a aplicação do questionário. A ausência dos respondentes agudiza a falta de tempo,
provavelmente porque o aluno pesquisador organizava suas tarefas cotidianas em
função dos compromissos agendados com os respondentes, o que não acontecia,
levando-se em conta a conjunção das alternativas.
Menos apontados, mas também presentes, a falta de atenção dos entrevistados e
a reunião de todos os componentes do grupo, mostraram-se também como dificuldades
enfrentadas pelo aluno pesquisador.
A terceira questão, “Sua visão em relação ao tema abordado após a pesquisa...”,
tinha a intenção de saber diretamente a relação do aluno com o tema pesquisado por ele.
São os seguintes os resultados: foi enriquecido (12); tornou-se significante (3);
continua o mesmo (0). Os alunos são unânimes em afirmar que o tema da pesquisa da
qual participaram ampliou sua visão em relação ao tema pesquisado, o que referenda a
participação do aluno de graduação e outros em projetos dessa modalidade. Visto ser
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um dos objetivos do Projeto de Iniciação Científica o fomento e divulgação da pesquisa
como formação, podemos por essas respostas referendar a importância do PIC nos
cursos de graduação.
A quarta questão, “Na pesquisa feita, em relação ao tema abordado, observou-se
que a maioria dos entrevistados tinha conhecimento”, tinha a intenção de perceber nos
respondentes seu conhecimento referente aos temas abordados pela pesquisa. E,
sobretudo, a percepção do pesquisador em relação às reações dos respondentes. As
respostas mostraram os seguintes gradientes: médio (10); amplo (4); nenhum
conhecimento (1).
Observa-se que os alunos pesquisadores entenderam que os respondentes das
pesquisas tinham um conhecimento médio do assunto sobre o qual respondiam aos
questionários e entrevistas; ainda, segundo a percepção dos pesquisadores, poucos eram
os respondentes que tinham uma visão extrema, ou seja, nenhum conhecimento sobre o
assunto pesquisado.
A questão de número cinco complementava a anterior e almejava saber as
dificuldades dos respondentes: “Para os entrevistados quais as principais barreiras
encontradas com relação ao tema abordado na pesquisa?” As respostas apontaram que:
disponibilidade (7); falta de incentivo ou apoio (5); problemas financeiros (5);
Acomodação (0); outro: preconceito (1).
Consonante aos pesquisadores, os respondentes também colocaram como um
obstáculo a disponibilidade, ou seja, a falta desta para responder aos questionários e
entrevistas, aliada à falta de incentivo e apoio. Os problemas financeiros também foram
apontados como obstáculo e no campo outros, um entrevistado apontou o preconceito
como barreira para os entrevistados e respondentes das pesquisas.
A sexta questão tinha como objetivo saber dos respondentes iniciantes e
concluintes, como foi a receptividade da pesquisa nas turmas em que aplicou o
questionário. A pergunta era: “Em relação ao perfil das turmas entrevistadas, observouse...”: receptividade: iniciantes (pouco 4; muito 6) e concluintes (pouco 3; muito 7);
interesse sobre o tema: iniciantes (pouco 5; muito 6) e concluintes (pouco 5; muito 5);
disponibilidade para entrevista: iniciantes (pouco 11; muito 0) e concluintes (pouco 9;
muito 1). A pergunta tinha a intenção de saber se havia alguma diferença substancial
nas respostas dos alunos iniciantes em relação àqueles concluintes
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Podemos observar que tanto entre os iniciantes quanto entre os concluintes
houve um grande interesse pela pesquisa. Ainda, conforme apontado anteriormente, a
pouca disponibilidade de tempo para responder ao questionário foi apontada nos dois
segmentos (iniciantes e concluintes).
Também era objetivo da pesquisa, saber quais as dificuldades enfrentadas pelos
alunos pesquisadores em relação à confecção dos relatórios de pesquisa, questão n. 7:
“Quanto aos relatórios, quais as maiores dificuldades?”. As respostas também indicaram
o tempo como o grande “inimigo” na elaboração das tarefas acadêmicas: tempo
(disponibilidade/ dedicação) (13); entendimento dos itens (1); insegurança quanto ao
tema (1). Mais uma vez a indisponibilidade de tempo se coloca como uma grande
dificuldade para o aluno pesquisador poder dedicar-se à confecção dos relatórios, bem
como à pesquisa, superando o entendimento e a insegurança quanto ao tema pesquisado.
As três últimas questões do questionário eram abertas e foram tabuladas pela
análise de conteúdo, conforme indica Bardin (1970).
A questão n. 8, “De que forma o projeto contribuiu para sua formação
acadêmica?”, complementava a primeira questão. Três grandes pontos foram
reiteradamente citados pelos alunos: participar da pesquisa contribuiu positivamente
para sua formação; a pesquisa ampliou o seu conhecimento e sua visão; e despertou para
a pesquisa.
Aqui está o cerne e a resposta ao objetivo principal da pesquisa, qual seja,
levantar, segundo os alunos participantes do PIC, qual a contribuição dessa participação
para sua formação acadêmica e pessoal.
Houve ainda uma aluna que apontou que participar da pesquisa ajudou-a a
perder o preconceito quanto ao tema estudado (Projeto do Prof Robson de Paula, Visões
sincréticas, antagonismos e redefinições das fronteiras religiosas em Nova Iguaçu:
evangélicos e candomblecistas em foco 2008-2009), o que comprova a ideia da
ampliação da visão sobre determinados assuntos e da formação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Efetuada a tabulação e interpretação dos dados obtidos pelos questionários,
podemos traçar algumas considerações finais: o PIC tem sido, de fato, uma estratégia de
formação
do
aluno
pesquisador,
contribuindo
positivamente
na
formação
acadêmicopessoal dos participantes; sendo a universidade, conforme assinalado
anteriormente nesse relatório, lócus de fomento ao ensino, pesquisa e extensão, o PIC
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tem sido um forte aliado no fortalecimento da tríade legal (LDB 9393/96, art. 43); a
falta de tempo foi alegação veemente dos alunos pesquisadores, o que pode indicar a
necessidade da reserva de espaço, até mesmo na própria grade curricular para iniciativas
ligadas à pesquisa; a pesquisa desperta a atenção dos alunos, criando vínculos com a
atividade e com o interesse pelo próprio ato de estar-em-pesquisa; a Universidade deve
continuar fomentando iniciativas como essa do PIC, o que contribui cada vez mais para
a melhoria da qualidade do ensino e formação oferecida.
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