ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO FRANCISCO DAS
MISERICÓRDIAS
2ª Pós-Graduação em Enfermagem Nefrológica e Técnicas Dialíticas
Caracterização do Serviço de
Nefrologia e Transplantação Renal
Centro Hospital Lisboa Norte – Hospital de Santa
Maria
Discente: Ana Catarina Marquito
Abril/Maio 2012
Introdução
No desenvolvimento da unidade curricular designada prática clinica, parte integrante da
2ª Pós-Graduação de Enfermagem Nefrológica e Técnicas, torna-se pertinente uma
contextualização sumária do Serviço onde se irão desenvolver as atividades destinadas
ao período prático.
Torna-se fundamental efetuar uma caraterização do Serviço de forma a proporcionar um
conhecimento do modo de funcionamento do serviço bem como de perceber o circuito
do doente dentro do serviço. Este conhecimento irá facilitar o desenvolvimento das
atividades destinadas ao período teórico de modo a cumprir os objetivos a que me
propus.
1 – Caracterização sumária do Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal
O Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal está integrado no Centro Hospitalar
Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, foi instituído em Agosto de 1994. Situa-se no
mesmo local onde já se encontrava instalado desde 1989, enquanto Unidade Autónoma
do Serviço de Medicina III. Em 2005, face à sua atividade no âmbito da Transplantação
Renal passou oficialmente a designar-se como Serviço de Nefrologia e Transplantação
Renal.
O Serviço dispõe das seguintes instalações:
- Internamento com 15 camas
- Sala de Pequena Cirurgia
- Sala de hospital de dia
- Preparação para Angiografia
- Unidade de hemodiálise com 15 postos (com 1 postos de isolamento)
- Unidade de hemodialise com 6 postos para doentes infetados com HIV, HCV e HBV.
- Unidade de diálise peritoneal ambulatório com duas salas
- Arquivo
- Gabinetes Médicos
- Sala de reuniões
- Vestiários (Doentes, Profissionais)
- Armazém
- Sala de Máquinas
- Sala de tratamentos de águas
A atividade de Nefrologia Clínica inclui o internamento, a consulta de doentes
ambulatórios e uma consulta interna de apoio aos doentes com patologia renal
internados noutros Serviços do Centro Hospitalar. Além desta atividade o Serviço
realiza
todas
as
técnicas
da
Especialidade.
O Serviço de Nefrologia realiza ainda todas as consultas de pré e pós transplante renal e
garante o apoio nefrológico aos doentes internados submetidos a transplante renal.
As áreas clínicas em desenvolvimento no momento presente são o transplante renal de
dador vivo que se iniciou em 2002 e o do tratamento endovascular dos acessos
vasculares à hemodiálise que se iniciou em 2005.
2 – Unidade de Dialise Peritoneal
O ano de 1987 marcou o início do programa de diálise peritoneal ambulatório.
O programa da Unidade de Diálise Peritoneal inclui a Diálise Peritoneal Continua
Ambulatória
e
a
Diálise
Peritoneal
Automática.
2.1 – Espaços Físicos
A unidade de Dialise Peritoneal inclui três salas, duas salas de enfermagem e um
gabinete médico. As salas destinadas à prestação de cuidados são duas, um gabinete de
enfermagem e uma outra designada sala de ambulatório de Dialise Peritoneal sendo de
maiores dimensões relativamente à primeira. A primeira contem marquesa, armário para
armazenamento de dossiês (guidelines, protocolos, manual de procedimentos, folhas de
registos de PET`s, ocorrências de peritonites, consulta de substituição renal, registo de
tratamento de dialise peritoneal), contem ainda carro de tratamentos (com material de
pensos, medicação, material para execução de técnica de dialise peritoneal,
desinfetantes), aparelho de monitorização de sinais vitais, um cadeirão automatizado, 1
computador, lavatório para lavagem das mãos, 1 suporte de soro de pé alto, balança e
contentores de resíduos para grupo I/II, grupo III e corto-perfurantes.
A segunda sala designada sala de ambulatório de dialise peritoneal, inclui três camas,
um cadeirão automatizado, 1 computador, aparelho de monitorização de sinais vitais,
armários para arrumação de material (sacos de dialise peritoneal e material para
execução da técnica), estufa para aquecimento de sacos de dialise peritoneal, 2 suportes
de soro de pé alto, lavatório para lavagem das mãos, contentores de resíduos para grupo
I/II, grupo III e corto-perfurantes, um carro de tratamentos (com material de pensos,
medicação, material para execução de técnica de dialise peritoneal, desinfetantes), um
televisor, rampas de oxigénio, aspiração, bombas infusoras e duas cicladoras.
2.2 Funcionamento
A unidade de Dialise Peritoneal funciona em horário diurno, segunda a sexta-feira das
8h às 16h.
2.3 Equipas
2.3.1 Equipa de Enfermagem
A equipa de enfermagem é constituída por 2 profissionais, que exercem funções na
unidade, quando existe necessidade por motivo de férias existem mais 2 profissionais
aptos para a prestações de cuidados nesta unidade.
2.3.2 Equipa Médica
Durante o período da manhã decorrem consultas médicas aos doentes em programa
regular de dialise peritoneal. Após esse período até às 16h a assistência é efetuada,
quando necessário pela equipa de prevenção à sala de hemodialise.
2.3.3 Equipa de Limpeza
Os serviços de limpeza e higienização são efetuados sempre que exista necessidade
detetada pela equipa de enfermagem, após o utente abandonar a sala ou após as 16h.
2.3.4 Circuito efetuado pelos utentes
Os utentes que recorrem à unidade de dialise peritoneal podem ser distribuídos de três
formas.
A primeira são os utentes que iniciam diálise peritoneal e necessitam de algumas
semanas para aprenderem a técnica bem como os conhecimentos inerentes à mesma,
funcionando por área de residência.
Podem ainda, vir de outros serviços do hospital para realizarem a técnica ou para
avaliação por parte da equipa médica de forma a adequar o tratamento. O serviço de
onde originam com frequência é o internamento de nefrologia, porém podem vir de
outros serviços sendo no entanto menos frequente.
Os terceiros são os utentes oriundos de países de língua oficial portuguesa, os antigos
PALOP nomeadamente Cabo Verde, Angola, Guiné.
Especificamente na unidade de dialise peritoneal, os utentes provêm da consulta de
nefrologia do próprio serviço, dos restantes serviços do hospital por motivo de
internamento (por norma do internamento de Nefrologia) ou dos seus domicílios
(doentes acompanhados em ambulatório).
Relativamente ao primeiro caso, numa primeira instância é efetuada a consulta de
substituição renal na qual é abordada a anatomia e disfunção renal, feita uma introdução
às opções de técnica de substituição renal existentes (dialise peritoneal e hemodialise).
Quando o utente opta pela dialise peritoneal, procede-se à colocação do cateter de
Tenkoff no Bloco operatório pela necessidade de anestesia geral. Após estes
acontecimentos o utente é acompanhado pela equipa de enfermagem da dialise
peritoneal, o utente é preparado para a realização da técnica de forma autónoma e
responsável, de forma a prevenir complicações. São realizados ensinos relativamente
aos cuidados com o orifício de saída, realização do penso e posteriormente ensino da
técnica de DPAC e DPCC.
Quando os utentes provem de um outro serviço do hospital e podem deslocar-se à
unidade, o tratamento é realizado na sala de hospital de dia, sobre a vigilância e
colaboração da equipa de enfermagem. Pode acontecer, um elemento da equipa ter de
ser deslocar ao serviço onde o utente está internado por impossibilidade de deslocação
ou a pedido da equipa do serviço em questão.
3 - Unidade de Hemodialise
Em 1978, criou-se a primeira unidade de hemodiálise sob a responsabilidade da
Unidade de Nefrologia, sendo que em 1986 procedeu-se à abertura da primeira sala de
hemodiálise.
A Unidade de Hemodiálise além da hemodiálise convencional realiza regularmente, e
dependendo das necessidades, técnicas de hemoperfusão para tratamento de
intoxicações, plasmaférese, técnicas de diálise contínuas (hemodiafiltração contínua
venovenosa) e tem equipamento portátil para realizar hemodiálises fora do Serviço, em
doentes intransportáveis de Unidades de Cuidados Intensivos. O Centro Hospitalar
Lisboa Norte é o Centro Hospitalar de referência de 7 Centros de Hemodiálise
ambulatória com um total de cerca de 1200 doentes. Os tratamentos dos doentes destes
Centros internados no Centro Hospital Lisboa Ocidental (CHLO), constituem a maior
parte
da
atividade
da
Unidade
de
Hemodiálise.
3.1 - Espaços Físicos
Existem dois espaços de prestação de cuidados. A principal é constituída por 15 postos,
com monitores Gambro e Fresenius, rampas de oxigénio, aspiração, tomadas, bem como
contentores de resíduos para grupo I/II, grupo III e corto-perfurantes.
Existem diversos cadeirões, automatizados, uma balança, aparelhos automáticos para
monitorização e avaliação de parâmetros vitais, um em cada posto, carro de urgência,
bombas infusoras. Existem duas bancadas para a lavagem das mãos e dois
computadores. Dois dos postos estão destinados a doentes infetados com HCV, e uma
sala de isolamento com um posto para doentes com medidas de isolamento.
A outra sala onde se realiza hemodiálise é constituída por 6 postos e destina-se a utentes
com necessidade de isolamento por HCV, HBV e/ou HIV. Os postos possuem as
mesmas características que os da sala principal, havendo uma entrada especifica bem
como vestiários diferentes relativamente aos doentes com virologia negativa.
3.2 - Funcionamento
O serviço de Hemodiálise funciona, em horário normal, de segunda a sábado, entre as
7h30 e as 23h. No entanto, existem sempre elementos da equipa para a possibilidade de
episódio urgentes.
Existem dois turnos, sendo eles o turno da manhã (entre as 7h30 e as 15h30) e o turno
da tarde (15h – 23h).
3.3 - Equipa de Enfermagem
Em cada turno existe um responsável de turno (que não tem utentes atribuídos e que executa
tarefas relativas à gestão das salas). No turno da manhã são destacados 7 enfermeiros, no
turno da tarde 6 enfermeiros e no da noite 3 enfermeiros.
3.4 - Circuito dos utentes
Os utentes que realizam hemodiálise nesta unidade podem ser distribuídos da seguinte
forma:
A primeira são os utentes em ambulatório, por pertenceram à área de residência, utentes
oriundos de países de língua oficial portuguesa, nomeadamente Cabo, guiné e angola.
Os utentes internados no centro hospitalar lisboa Norte, quer seja no hospital de santa maria
quer no hospital Polido Valente, distribuídos pelas enfermarias. Desta forma, assegura-se a
continuidade dos tratamentos dialíticos.
Conclusão
Ao nos apercebermos o modo de funcionamentos das unidades aliado às suas condições
físicas e humanas permite conhecer as especificidades e a dinâmica dos espaços. Este
conhecimento permite otimizar o conhecimento pelas dinâmicas de trabalho e
funcionamento de forma a possibilitar uma ideal prestação de cuidados bem como a
integração na equipa de trabalho. Tendo em conta o reduzido tempo de estágio e a
complexidade e especificidade do serviço, de forma a proporcionar um maior
desenvolvimento pessoal e profissional foi fundamental um esforço acrescido e
motivação da discente.
Download

- Catarina Marquito