Introdução ao Apoio Marítimo
INTRODUÇÃO
AO
APOIO
MARÍTIMO
MARCOS MACHADO DA SILVEIRA
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Introdução ao Apoio Marítimo
MARCOS MACHADO DA SILVEIRA
INTRODUÇÃO AO APOIO MARÍTIMO
1ª edição
Niterói/RJ
Edição do Autor
2013
2
Introdução ao Apoio Marítimo
©2013 Marcos Machado da Silveira
Direitos reservados ao Autor. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma
ou qualquer meio, eletrônico ou mecânico, sem a permissão por escrito do Autor.
Texto: Marcos Machado da Silveira
Projeto Gráfico e Capa: Marcos Machado da Silveira
Formatação e Diagramação: Marcos Machado da Silveira
Revisão: Cláudia Regina. M. Baptista
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
911492 Silveira, Marcos Machado da: Introdução ao Apoio Marítimo. 1º ed. –
Niterói/RJ: Edição do Autor, 2013. 49 p.; A4
ISBN: 978-85-911492-2-3 (PDF)
1. Introdução ao Apoio Marítimo. I. Silveira, Marcos Machado da
(Brasil).
CDD 600
Marcos Machado da Silveira
Niterói/RJ
[email protected]
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Introdução ao Apoio Marítimo
ÍNDICE
Prefácio ......................................................................................................................................................................... 5
Apresentação ................................................................................................................................................................ 6
Histórico da Atividade de Exploração Offshore no Brasil .............................................................................................. 8
As Primeiras Atividades: Nordeste ........................................................................................................................... 8
A Bacia de Campos - Primeiras Descobertas ........................................................................................................... 9
Polo Nordeste ......................................................................................................................................................... 11
Águas Profundas .................................................................................................................................................... 12
Os Recordes ........................................................................................................................................................... 13
Novas Tendências de Completação ....................................................................................................................... 14
Pré-Sal ........................................................................................................................................................................ 16
Definição ................................................................................................................................................................. 16
Primeiras Descobertas ........................................................................................................................................... 16
O Pré-Sal Brasileiro ................................................................................................................................................ 17
Origem .................................................................................................................................................................... 17
Geologia ................................................................................................................................................................. 19
A Extração de Petróleo da Camada Pré-Sal .......................................................................................................... 19
Embarcações .............................................................................................................................................................. 21
Sistemas de Propulsão ........................................................................................................................................... 21
Arranjo de Convés .................................................................................................................................................. 23
A.
Manuseio de Espias – LH (Line Handling): ........................................................................................... 23
B.
Supridor – OSV (Offshore Supply Vessel): ........................................................................................... 24
C.
Supridor de Plataforma – PSV (Platform Supply Vessel):..................................................................... 24
D.
Supridor, Reboque e Manuseio de Âncoras - AHTS (Anchor Handling and Towing Supply): .............. 25
E.
Apoio a Mergulho - DSV (Diving Support Vessel): ................................................................................ 26
F.
Balsa de Serviço (Barge): ..................................................................................................................... 26
G.
Lançamento de Linhas – PLV (Pipe Laying Vessel): ............................................................................ 27
H.
Navio de Estimulação de Poços de Petróleo – WSV (Well Stimulation Vessel): .................................. 27
I.
Navio de Pesquisa Sísmica – RV (Research Vessel): .......................................................................... 28
Unidades ..................................................................................................................................................................... 29
Fixas ....................................................................................................................................................................... 29
A.
Plataforma Auto-elevatória – PA (Jack up): .......................................................................................... 29
B.
Plataforma Fixa - Jaqueta: .................................................................................................................... 30
Móveis .................................................................................................................................................................... 30
A.
Plataformas Semissubmersíveis – SS: ................................................................................................. 30
B.
Navios-sonda - NS (Drillship): ............................................................................................................... 31
C.
FPSO (Floating Production, Storage and Offloading): .......................................................................... 31
D.
Unidade Alojamento/Floatel: ................................................................................................................. 32
E.
Embarcação/Unidade Guindaste/Construção: ...................................................................................... 32
F.
Navio de Apoio à Perfuração (Drilling Tender): .................................................................................... 32
Especiais ................................................................................................................................................................ 33
A.
Plataforma de Pernas Tensionadas – TLP (Tension Leg Platform): ..................................................... 33
B.
SPAR: ................................................................................................................................................... 34
O Porto ........................................................................................................................................................................ 35
Administração ......................................................................................................................................................... 35
Operações .............................................................................................................................................................. 35
Base ....................................................................................................................................................................... 35
Terminal de Imbetiba .............................................................................................................................................. 35
Segurança .............................................................................................................................................................. 36
Referências Bibliográficas ........................................................................................................................................... 37
Anexos ........................................................................................................................................................................ 38
Anexo I.................................................................................................................................................................... 39
Anexo II................................................................................................................................................................... 42
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Introdução ao Apoio Marítimo
Prefácio
A indústria do petróleo exige uma contínua atualização de todos os seus agentes. É uma atividade
dinâmica, onde os limites devem ser sempre superados.
Cada vez mais, esta indústria ganha importância em nosso país, quer seja no nível de exigência de
qualificação da mão de obra, quer seja na geração de empregos. A quebra do monopólio de exploração e
de produção da Petrobras traz novas empresas para o mercado brasileiro. A reboque, os armadores
deverão apresentar índices operacionais cada vez melhores. Ao invés de haver somente contratos de longa
duração (2, 4, 10 anos), o contrato tipo “spot” (curta duração) passará a ser uma constante.
Este estudo tem o objetivo de servir de ferramenta para um melhor conhecimento das operações
de apoio marítimo (apoio às unidades de produção e exploração em alto-mar). Ele foi realizado tomando
como base a teoria existente. Somou-se então a experiência do autor como Comandante de embarcações
supridoras, de estimulação de poços de petróleo, de reboque e manuseio de âncoras e também como
Controlador de lastro e como Supervisor de lastro (Barge Engineer) em plataformas semissubmersíveis.
Este estudo deverá sofrer sempre atualizações. É necessária a participação de todos os envolvidos,
visando à melhoria contínua, através de críticas e sugestões.
Rio de Janeiro, março de 2013.
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Introdução ao Apoio Marítimo
Apresentação
Na segunda metade do século XV, teve início a expansão marítima dos povos da Europa,
liderada pelos portugueses, aos quais se juntaram, imediatamente, espanhóis e quase um
século mais tarde, ingleses, holandeses e franceses. A corrida pelo descobrimento de novas
terras começou com grande impulso, estimulada pelo gênio de Henrique “O Navegador”, e em
pouco tempo transformou-se num estrondo; criou impérios coloniais, expandiu o comércio e
gerou riquezas, em escala nunca vista até então.
O intenso uso do mar pelo comércio das nações, através de quatro séculos, deu origem a uma
arte marinheira, com tecnologia e embarcações próprias, lentamente aperfeiçoadas pela vida
em severas condições do meio ambiente em que operam os homens do mar.
A atividade conhecida no jargão da indústria mundial de petróleo, como de Offshore, ocupa um
capítulo relativamente recente na história marítima dos povos, mas nem por isso de pequena
importância.
A indústria de petróleo nasceu em terra, nos Estados Unidos, mais ou menos na segunda
metade do século XIX. No correr do século XX, cresceu com vigor, buscando fontes de óleo no
Oriente Médio, principalmente, mas também na América Central e no norte da América do Sul.
Mas a história do petróleo, em especial no Oriente Médio, é marcada por uma sucessão de
crises políticas entre os países que possuem petróleo em seu subsolo e as grandes potências
que lideram a indústria e o comércio de petróleo no mundo.
Por isso, desde 1920, alguns milhares de poços já vinham sendo perfurados ao longo da costa
norte da Europa, numa tentativa de encontrar soluções para a economia do petróleo, diante de
fatores negativos da política.
Os primeiros resultados foram decepcionantes, mas a política tem uma característica peculiar:
ao mesmo tempo em que se constitui em fator de grande perturbação, fornece o incentivo para
viabilizar projetos que nos primeiros embates são marcados por frustração.
Fig. 1: Supridor operando sob máquinas em uma unidade
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Introdução ao Apoio Marítimo
A crise de Suez em 1956 e mais tarde a criação da OPEP - com seus dois choques de petróleo
em 1973 e 1979 - viabilizaram a tecnologia de produção de petróleo offshore, no Mar do Norte
e em outras regiões marítimas do planeta.
Quando se abria a década de 70 deste século, a produção de petróleo no Brasil atingia cerca
de 170 barris por dia, uma produção muito pequena para atender às necessidades de um país
em expansão. A PETROBRÁS voltou-se para o mar. Desde então, a produção neste ambiente
cresceu e hoje alcança cerca de 80% do total da produção do petróleo extraído do território
brasileiro.
Operando embarcações e equipamentos altamente especializados nacionais e estrangeiros, a
PETROBRÁS desenvolveu uma extraordinária capacitação. Hoje detém o recorde de produção
em águas profundas, produzindo em lâmina d’água de mais de 2.000 metros, na Bacia de
Campos, onde já foram localizadas jazidas de petróleo e gás, entre 1.800 e 2.800 metros, nos
campos de Marlim, Albacora e Roncador.
Este o motivo que nos leva a compilar algumas informações preliminares para o conhecimento
desta atividade, com o propósito de nos familiarizar com o trabalho dessa nova categoria de
homens do mar - os operadores offshore, a bordo de estruturas de perfuração e produção, e de
embarcações especializadas no apoio à indústria de petróleo.
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Introdução ao Apoio Marítimo
Histórico da Atividade de Exploração Offshore no Brasil
As Primeiras Atividades: Nordeste
A exploração de petróleo em reservatórios situados na área offshore no Brasil iniciou-se em
1968, na Bacia de Sergipe, campo de Guaricema, situado em lâmina d'água de cerca de 30
metros na costa do estado de Sergipe, na região Nordeste.
Para o desenvolvimento na bacia de Sergipe aplicaram-se as técnicas convencionais da época
para campos de médio porte: plataformas fixas de aço, cravadas através de estacas,
projetadas somente para produção e teste de poços, interligados por uma rede de dutos
multifásicos. Todo o complexo era ligado, também, por duto multifásico, a uma estação de
separação e tratamento de fluidos produzidos localizada em terra.
As primeiras plataformas, principalmente as instaladas nos campos de Guaricema, Caioba,
Camorim e Dourado, eram, com pequenas variações, do tipo padrão de quatro pernas, convés
duplo, guias para até seis poços, sistema de teste de poços e de segurança. A perfuração e a
completação dos poços eram executadas por plataformas auto-elevatórias posicionadas junto à
plataforma fixa. Posteriormente os projetos foram implementados e a perfuração dos poços
passou a ser feita, também, por sondas moduladas instaladas diretamente no convés superior
das plataformas e assistidas por navios tender.
Nos anos seguintes, com o aumento da atividade, não só na costa de Sergipe, mas também
nas de Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, a Petrobras decidiu desenvolver projetos
próprios de plataformas que atendessem às características de desenvolvimento dos campos.
Este esforço resultou em 3 projetos de plataformas fixas distintos, conhecidas como
plataformas de 1ª, 2ª e 3ª famílias.
A plataforma de 1ª família era similar às plataformas fixas iniciais desenhada para ter até 6
poços de produção e podiam ser instaladas em lâmina d'água de até 60 m; se necessário com
um pequeno módulo para acomodação de pessoal.
A plataforma de 2ª família comportava a produção de até 9 poços, permitia a separação
primária de fluidos produzidos, sistema de transferência de óleo, sistema de teste de poços,
sistema de segurança e um sistema de utilidades. Era uma com acomodações de pessoal.
As plataformas de 3ª família tinham a concepção mais complexa. Permitiam a perfuração e
completação de até 15 poços e as facilidades de produção podiam conter uma planta de
processo completa (teste, separação, tratamento e transferência de fluidos), sistema de
compressão de gás, sistema de recuperação secundária, sistemas de segurança e de
utilidades e acomodação de pessoal. As plataformas de 3a família tinham concepção
apropriada para atuarem como plataformas centrais.
Em 1975, para o desenvolvimento dos campos de Ubarana e Agulha, no Rio Grande do Norte,
além das plataformas de aço convencionais, decidiu-se pela utilização de plataformas de
concreto gravitacionais, segundo concepção do consórcio franco-brasileiro Mendes Jr. Campenon Bernard.
Foram utilizadas 3 destas plataformas, duas em Ubarana e uma em Agulha. Pela concepção
original, cada plataforma comportava a perfuração e a completação de até 13 poços,
separação, tratamento, armazenamento e transferência de óleo, compressão de gás além dos
sistemas de utilidades, segurança e alojamento de pessoal. As plataformas, em formato de
caixa têm um convés único medindo cerca de 2.500 m2 além de um espaço interno, chamado
de "galeria técnica", para instalação de bombas de transferência, sistema de lastro e
tratamento/descarte de água produzida.
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Introdução ao Apoio Marítimo
A planta de processo de cada plataforma comportava uma produção de 5.000 m3/dia de óleo e
a capacidade do tanque de armazenamento era de 20.000 m3. A altura total da plataforma era
de 25 metros, instalada em locais de lâmina d'água aproximada de 13 metros. São instalações
que se destinavam a operar como plataformas centrais.
Fig. 2: Plataforma Fixa
As plataformas de concreto, que tiveram largo uso no Mar do Norte, têm uso limitado na área
offshore brasileira em pequenas lâminas d'água.
A Bacia de Campos - Primeiras Descobertas
Até 1977 as atividades de produção offshore no Brasil limitaram-se às áreas do Nordeste
brasileiro em lâminas d'água de até 50 metros.
Em 1974 houve a primeira descoberta de petróleo na Bacia de Campos, atualmente a principal
província petrolífera do Brasil, localizada na parte marítima do estado do Rio de Janeiro, na
região Sudeste do país.
Entretanto, a atividade começou em agosto de 1977, na segunda descoberta, com o campo de
Enchova, em lâmina d'água de 120 metros. Um novo conceito, em termos de explotação, foi
introduzido, denominado Sistema Antecipado de Produção (EPS).
Na fase 1 deste desenvolvimento a plataforma de perfuração semissubmersível Sedco-135D foi
equipada com uma planta de processamento simples. A produção fluía para a superfície
através de uma árvore teste (árvore EZ) suspensa pela plataforma de perfuração, dentro do
sistema de prevenção de blowout (BOP) e do riser. O óleo e o gás eram separados e o gás
queimado. O óleo processado era então transferido através de uma mangueira flutuante para
um navio tanque ancorado nas proximidades, ligado a um sistema de ancoragem de quatro
pontos.
Na segunda fase, outra semissubmersível, a Penrod-72, também parcialmente convertida em
plataforma flutuante de produção, foi usada.
Como na fase inicial, a plataforma era posicionada sobre um poço produtor usando uma árvore
de BOP de superfície, enquanto um segundo poço submarino era colocado em produção
9
Introdução ao Apoio Marítimo
através de uma árvore "molhada", a uma profundidade de água recorde de 189 metros. Da
árvore submarina, a produção fluía para a Penrod-72 através de um sistema flexível livre de
linhas de escoamento e riser, que incluía um umbilical de controle para comunicação entre a
árvore e a plataforma. O óleo processado dos dois poços era transportado através de uma
linha de escoamento e riser flexíveis até uma monobóia ancorada por um sistema de pernas
em catenária, Catenary Anchor Leg Mooring (CALM). Uma segunda linha de escoamento e
riser flexíveis era conectada entre a Penrod-72 e a Sedco-135D, o que proporcionava uma
capacidade de produção contínua.
Fig. 3: Plataforma Sedco 135-D (SS-06)
Foi o nascimento do Sistema de Produção Antecipada, capaz de antecipar a produção, e, ao
mesmo tempo, fornecer dados detalhados sobre o reservatório. Estes dados foram então
usados para o projeto do sistema permanente de exploração que, uma vez no local, permitia o
emprego dos EPS em outra área. As vantagens do uso de risers flexíveis foram a acomodação
do movimento das unidades flutuantes e a facilidade de sua instalação. Adicionalmente, os
risers e linhas de fluxo flexíveis eram freqüentemente reutilizadas em novos sistemas.
Apesar do fato de que era somente o segundo sistema flutuante de produção no mundo, esse
conceito realmente ganhou força no Brasil. A surpreendente alta segurança e o baixo custo
indicam que o EPS era a concepção para águas profundas, pelo menos nesta parte do
hemisfério. A partir de então, e visando principalmente uma antecipação de produção, os
sistemas flutuantes foram largamente empregados na Bacia de Campos.
Uma evolução natural deste sistema foi a completa conversão das plataformas
semissubmersíveis de perfuração em unidades flutuantes de produção, que tem sido
mundialmente seguido, depois desta primeira experiência de sucesso.
O campo de Garoupa, primeiro a ser descoberto, também em lâmina d'água de 120 metros,
somente entrou em produção em 1979, juntamente com o de Namorado, este em lâmina
d'água de 160 metros. Apesar de se tratar de campos com potencial superior aos campos
marítimos do Nordeste, a utilização de sistema de produção com plataformas fixas e
tubulações rígidas não era economicamente viável por serem isolados e muito distantes do
litoral, cerca de 80 km.
Optou-se então pelo conceito de sistema flutuante de produção utilizando navio. A concepção
envolvia tecnologia pioneira e foi um marco na atividade offshore mundial. O sistema
compreendia 8 poços de produção com completação seca utilizando câmaras atmosféricas,
manifold atmosférico, navio para processamento da produção atracado a uma torre articulada e
navio para carregamento de óleo atracado a outra torre articulada. Todo o sistema era
interligado por tubulações flexíveis.
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Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 4: Plataforma P-24 (Ex-Penrod 72)
A concepção não voltou a ser utilizada pela Petrobras por problemas técnicos e econômicos
particulares do projeto. Contudo, contornados os problemas e eliminados os aspectos
pioneiros, mostrou-se perfeitamente viável. Paralelamente, um programa de implantação de um
sistema definitivo de produção foi desenvolvido. O programa compreendeu o projeto,
fabricação, transporte, instalação e montagem de 7 plataformas fixas de aço, de grande porte,
e o projeto, fabricação e lançamento de aproximadamente de 500 km de dutos rígidos no mar e
500 km em terra, para escoamento de óleo e gás.
As plataformas do Sistema Definitivo da Bacia de Campos, implantado em 1983, foram
instaladas em lâminas d'água variando entre 110 e 175 metros e concebidas segundo dois
tipos principais:

Plataformas Centrais: Tipo fixa de aço, cravadas por estacas, com 8 pernas,
para perfuração e produção de poços, equipadas com plantas completas de processo
da produção, sistema de tratamento e compressão de gás, sistemas de segurança e
utilidades e acomodação de pessoal. A capacidade de produção dessas plataformas
varia de 15.000 a 32.000 m3/dia de óleo (95.000 a 200.000 bpd);

Plataformas Satélites: Semelhantes às plataformas centrais, porém a planta de
processo da produção compreendendo apenas um estágio de separação primária de
fluidos produzidos. A capacidade varia de 8.000 a 10.000 m3/dia de óleo (50.000 a
63.000 bpd). Estas plataformas, com concepção semelhante às utilizadas no Mar do
Norte, são bastante diversas daquelas instaladas na região Nordeste do Brasil que têm
concepção semelhante às plataformas do Golfo do México.
Polo Nordeste
A partir de 1984, a Bacia de Campos começou a mostrar seu completo potencial, com a
descoberta de campos gigantes em águas profundas que, à época, variavam de 300 a mais de
1.000 metros de lâmina d'água.
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Introdução ao Apoio Marítimo
Enquanto a Petrobras analisava o desenvolvimento de tecnologia para produzir nesses
campos, o desenvolvimento do Polo Nordeste – abrangendo os campos de Pargo, Carapeba e
Vermelho – era realizado. A partir de 1989, 7 plataformas fixas foram instaladas, todas
utilizando bombas elétricas submersas (ESP).
O desenvolvimento do Pólo Nordeste inclui:




Instalação de 6 templates;
Perfuração e completação de 120 poços, com ESP;
Instalação de 5 plataformas satélites de produção e 1 sistema central com duas
plataformas geminadas, uma para a planta de processo e outra para utilidades
(Pargo 1A e Pargo 1B);
Lançamento de 70 km de linhas de escoamento e 50 km de cabos elétricos de força
submarinos.
Águas Profundas
Em 1984, o campo de Albacora foi descoberto seguido por: Marimbá (1985), Marlim (1985),
Marlim Sul (1987), Marlim Leste (1987), Barracuda (1989), Caratinga (1989) e Roncador
(1996). Esses campos estão situados em lâminas d'água superiores a 300 metros
(profundidades limite para o uso de mergulhadores na instalação, operação e manutenção) e
demandaram o desenvolvimento de tecnologia pioneira para serem postos em produção.

O campo de Marimbá, localizado em lâminas d'água que variam entre 350 e 650
metros, pode ser considerado um verdadeiro laboratório onde a tecnologia de
produção em águas profundas com sistema flutuante de produção com
semissubmersível foi testada e colocada em produção.
A Fase II compreendeu a instalação de 4 unidades adicionais de produção, sendo 1
semissubmersível e 3 FPSO’s, além de uma plataforma de apoio. No total, o campo irá
abranger 94 poços de produção e 51 de injeção e produzir 511.000 bpd de óleo e 5,9 milhões
de m3/dia de gás.
No bloco de Marlim Sul foi instalado, em 1997, um sistema de produção antecipada composto
pela unidade FPSO-II, em lâmina d’água de 1.420 metros, interligada a 1 poço produtor, a
1.709 metros de lâmina d’água. À época, este poço estabeleceu o recorde mundial de lâmina
d’água para completação submarina.
O desenvolvimento do bloco foi feito em 2 módulos. O módulo I consiste de semissubmersível
(P-40, antiga DB-100) ancorada em lâmina d’água de 1.080 metros que atinge uma produção
de 150.000 bpd de óleo e 6 milhões de m3/dia de gás. Essa produção é exportada através de
uma unidade de estocagem e transbordo (FSO), também convertida (P-38).
O módulo utiliza 1 ou 2 unidades de produção, dependendo do desempenho do sistema de
produção antecipada.
Para o bloco de Marlim Leste, foi feita a conexão de um poço daquela área a alguma das
unidades instaladas no complexo de Marlim para levantamento de dados para o futuro
desenvolvimento.
Os campos de Barracuda e Caratinga estão localizados a sudoeste de Marlim em lâmina
d’água variando de 600 a 1.300 metros. Seu desenvolvimento consiste de 3 fases: Sistema de
Produção Antecipada, Sistema Definitivo de Barracuda e Sistema Definitivo de Caratinga.
O Sistema de Produção Antecipada começou a produzir em 1997 através do FPSO P-34 em
lâmina d’água de 785 metros, o qual operou até a entrada do sistema definitivo.
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Introdução ao Apoio Marítimo
O Sistema Definitivo de Barracuda entrou em produção em 2001 e é composto de uma unidade
de completação seca (P-41), ancorada em lâmina d’água de 815 metros, ligada a um FPSO (P43), ancorada a 785 metros por um Sistema de Ancoragem de Complacência Diferenciada
(Dicas). Deverão integrar o sistema 24 poços produtores e 17 injetores. A produção deverá
atingir 175.000 bpd e 2,7 milhões de m3/dia de gás.
O Sistema Definitivo de Caratinga é composto de 1 FPSO (P-48) ancorado a 1.040 metros de
LDA instalado em 2002. O sistema compreende 13 poços produtores e 11 injetores, com uma
produção de 100.000 bpd e 1,4 milhão m3/dia de gás.
A produção desses dois sistemas é exportada através das plataformas fixas PNA-1 (gás) e
PNA-2 (óleo).
Os Recordes
Fig. 5: Profundidades de exploração em alto-mar
Em função dessas descobertas em águas profundas e da necessidade de suprir a demanda do
País, a Petrobras vem estabelecendo sucessivos recordes de profundidade de poço em
produção.
Um dos mais importantes recordes ocorreu em janeiro de 1999, quando entrou em produção o
EPS de Roncador, campo situado na parte norte da Bacia de Campos, com uma área de 132
km2 e lâmina d’água entre 1.500 e 2.000 metros.
Esse sistema, que produziu mais de 20.000 bpd, era composto pelo navio Seillean, um FPSO
de posicionamento dinâmico, localizado diretamente sobre o poço produtor em lâmina d’água
de 1.853 metros, ligado à árvore de natal, instalada pelo próprio navio, por um riser vertical
rígido pioneiro no mundo, sendo que ambos foram especialmente projetados para
profundidades de até 2.000 metros.
Além de tais recordes, cabe destacar o fato de que foi o único FPSO de posicionamento
dinâmico em uso no mundo e a unidade desse tipo operando na maior lâmina d’água.
13
Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 6: FPSO SEILLEAN em atividade na Bacia de Campos (fot. Paul Sullivan)
Esse sistema entrou em operação no final de 1999, sendo depois substituído pelo sistema
definitivo composto pela unidade semissubmersível Spirit of Columbus (P-36), convertida para
unidade de produção no Canadá, que repassava a produção de 21 poços para um FSO (P-47
– convertida a partir do navio Eastern Strength); a unidade de produção estava ancorada a
1.360 metros de LDA e o FSO a 815 metros. O sistema atingiu o pico de produção de 180.000
bpd em 2002.
Novas Tendências de Completação
Ao longo desses anos, a Petrobras fez uso intensivo do conceito “equipamentos submarinos de
completação + unidade flutuante de produção” nas atividades offshore. Os principais fatores
que a levaram a essa opção foram:






As características dos reservatórios e as condições ambientais relativamente
brandas encontrados na Bacia de Campos;
A possibilidade de instalação de sistemas de produção antecipada para servir como
laboratórios em escala para os sistemas definitivos, para realizar testes de poços e
para permitir o desenvolvimento em fases dos grandes campos;
A diminuição do risco e o melhor fluxo de caixa, já que a receita obtida em uma fase
do desenvolvimento participa do financiamento das seguintes;
A maior rapidez obtida no desenvolvimento dos campos;
As parcerias e cooperações estabelecidas com os fornecedores de equipamentos, o
que possibilita a melhoria contínua dos mesmos e o relacionamento a longo prazo;
A confiabilidade e rentabilidade desses sistemas, comprovadas na prática.
Todavia, as características dos fluidos encontrados em campos de águas ultraprofundas
(lâmina d’água superior a 1.000 metros) estão levando a uma mudança na abordagem da
questão, favorecendo a adoção de unidades de completação seca (UCS). Muitos desses
campos apresentam óleo pesado variando de 15 a 20 oAPI que, combinado com as baixas
temperaturas predominantes nestas profundidades, resulta em problema de escoamento.
14
Introdução ao Apoio Marítimo
Por esses motivos, a tendência ao uso de UCS tem aumentado ultimamente, já que essas
unidades:





Propiciam melhores condições térmicas ao escoamento, antecipando a produção;
Minimizam os problemas com a formação de depósitos de hidratos e parafinas
devido à temperatura de escoamento mais elevada;
Reduzem os custos operacionais com intervenções;
Apresentam ações mais rápidas e econômicas para otimização e controle da
produção;
A evolução da tecnologia de perfuração, permitindo a drenagem de uma grande
área a partir de um único cluster através de poços de grande angulação e
afastamento em arenitos não consolidados e folhelhos instáveis.
Conclui-se que nestes anos de atividades offshore, a produção no mar tornou-se vital para o
Brasil, passando a responder por cerca de 80% do total produzido no país no início de 1999, ou
seja: cerca de 1 milhão de bpd provenientes de 74 plataformas fixas e 23 flutuantes. Nesse
período, a Petrobras instalou, ainda, mais de 300 árvores de natal submarinas, 40 manifolds
submarinos e 5.000 km de linhas flexíveis, rígidas e umbilicais de controle.
15
Introdução ao Apoio Marítimo
Pré-Sal
Em geologia, camada pré-sal refere-se a um tipo de rochas sob a crosta terrestre formadas
exclusivamente de sal petrificado, depositado sob outras lâminas menos densas no fundo dos
oceanos e que formam a crosta oceânica. Segundo os estudiosos no assunto, esse tipo de
rocha mantém aprisionado o petróleo recentemente descoberto, pelos brasileiros. Entre a costa
ocidental da África e a oriental da América do Sul conta um riquíssimo depósito de matéria
orgânica que viria se acumulando ao longo de milhões de anos sob o sal petrificado e
posteriormente prensado por pesadas lâminas, transformando-se em petróleo. Ainda, segundo
os geólogos brasileiros, essa camada mais antiga de sal foi depositada durante o processo de
abertura do oceano Atlântico, após a quebra do Gonduana (supercontinente, que teoricamente
afundou formando a junção oceânica das placas americanas e africanas respectivamente) e
suposto afastamento entre a América do Sul e a África - processo iniciado há cerca de 120
milhões de anos. As camadas mais recentes de sal foram depositadas durante a última fase de
mar raso e de clima semiárido a árido (1 a 7 Ma).
Como a formação laminar da camada pré-sal é anterior à formação da camada mais antiga de
sal, logo, essa camada, é mais profunda e de acesso mais difícil do que as reservas de
petróleo situadas na camada pós-sal (acima da camada de sal). Acredita-se que os maiores
reservatórios petrolíferos do pré-sal, todos praticamente inexplorados pelo homem, encontramse no Brasil (entre as regiões Nordeste e a sul), no Golfo do México e na costa ocidental
africana.
No Brasil, o conjunto de campos petrolíferos do pré-sal situa-se a profundidades que variam de
1.000 a 2.000 metros de lâmina d'água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade no
subsolo. A profundidade total, ou seja, a distância entre a superfície do mar e os reservatórios
de petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a 8.000 metros. O estrato do pré-sal ocupa
uma faixa de aproximadamente 800 quilômetros de comprimento, ao longo do litoral brasileiro.
A área, que tem recebido destaque pelas recentes descobertas da Petrobras, encontra-se no
subsolo oceânico e estende-se do norte da Bacia de Campos ao sul da Bacia de Santos e
desde o Alto Vitória (Espírito Santo) até o Alto de Florianópolis (Santa Catarina). Estima-se que
lá estejam guardados cerca de 80 bilhões de barris de petróleo e gás, o que deixaria o Brasil
na privilegiada posição de sexto maior detentor de reservas no mundo - atrás de Arábia
Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes.
Definição
O termo pré-sal é uma definição geológica que delimita um perfil geológico anterior à
deposição de sal mais recente no fundo marinho. Já o termo sub-sal, que também é uma
definição geológica, designa o que está abaixo do sal - não necessariamente sendo uma
camada de rocha.
Primeiras Descobertas
Nas rochas da camada pré-sal existentes no mundo, a primeira descoberta de reserva
petrolífera ocorreu no litoral brasileiro, que passou a ser conhecida simplesmente como
"petróleo do pré-sal" ou "pré-sal". Estas também são as maiores reservas conhecidas em
zonas da faixa pré-sal até o momento identificadas.
Depois do anúncio da descoberta de reservas na escala de dezenas de bilhões de barris, em
todo o mundo começaram processos de exploração em busca de petróleo abaixo das rochas
de sal nas camadas profundas do subsolo marinho. Atualmente as principais áreas de
exploração petrolífera com reservas potenciais ou prováveis já identificadas na faixa pré-sal
estão no litoral do Atlântico Sul. Na porção sul-americana está a grande reserva do pré-sal no
litoral do Brasil, enquanto, no lado africano, existem áreas pré-sal em processo de exploração
(em busca de petróleo) e mapeamento de reservas possíveis no Congo (Brazzaville) e no
16
Introdução ao Apoio Marítimo
Gabão. Além do Atlântico Sul, especificamente nas áreas atlânticas da América do Sul e da
África, também existem camadas de rochas pré-sal sendo mapeadas à procura de petróleo no
Golfo do México e no Mar Cáspio, na zona marítima pertencente ao Cazaquistão. Nestes
casos, foram a ousadia e o trabalho envolvendo geração de novas tecnologias de exploração,
desenvolvidas pela Petrobras, que acabaram sendo copiadas ou adaptadas e vêm sendo
utilizadas por multinacionais para procurar petróleo em camadas do tipo pré-sal em formações
geológicas parecidas em outros locais do mundo. Algumas das multinacionais petrolíferas que
estão procurando petróleo em camadas do tipo pré-sal no mundo aprenderam diretamente com
a Petrobras, nos campos que exploram como sócias da Petrobras no Brasil.
O Pré-Sal Brasileiro
As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da
área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil. São reservas com petróleo
considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API. O conjunto de campos
petrolíferos do pré-sal se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa
Catarina, com profundidades que variam de 1.000 a 2.000 metros de lâmina d'água e entre
4.000 e 6.000 metros de profundidade no subsolo, chegando, portanto a até 8.000 metros da
superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200m a 2.000m de sal.
O geólogo e ex-funcionário da Petrobras, Márcio Rocha Mello, acredita que o pré-sal pode ser
bem maior do que os 800 quilômetros já identificados, estendendo-se de Santa Catarina até o
Ceará.
Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal, Tupi, Iara e Parque das
Baleias, as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram
para 33 bilhões de barris. Além destas, existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100
bilhões de barris.
A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi
possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de
exploração oceanográfica, mas também de técnicas avançadas de perfuração do leito marinho,
sob até 2 km de lâmina d'água.
O pré-sal está localizado além da área considerada como mar territorial brasileiro, no Atlântico
Sul, mas dentro da região considerada Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil. É possível
que novas reservas do pré-sal sejam encontradas ainda mais distantes do litoral brasileiro, fora
da ZEE, mas ainda na área da plataforma continental, o que permitiria ao Brasil reivindicar
exclusividade sobre futuras novas áreas próximas. Vale lembrar que alguns países nunca
assinaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e alguns dos que o fizeram
não ratificaram o tratado.
Origem
O petróleo do pré-sal está em uma rocha reservatório localizado abaixo de uma camada de sal
nas profundezas do leito marinho.
Entre 300 e 200 milhões de anos havia um único continente, a Pangéia, que há cerca de 200
milhões de anos se subdividiu em Laurásia e Gondwana. Há aproximadamente 140 milhões de
anos teve inicio o processo de separação entre as duas placas tectônicas sobre as quais estão
os continentes que formavam o Gondwana, os atuais continentes da África e América do Sul.
No local em que ocorreu o afastamento da África e América do Sul, formou-se o que é hoje o
Atlântico Sul.
Nos primórdios, formaram-se vários mares rasos e áreas semi-pantanosas, algumas de água
salgada e salobra do tipo mangue, onde proliferaram algas e micro-organismos chamados de
17
Introdução ao Apoio Marítimo
fito plâncton e zooplâncton. Estes micro-organismos se depositavam continuamente no leito
marinho na forma de sedimentos, misturando-se a outros sedimentos, areia e sal, formando
camadas de rochas impregnadas de matéria orgânica, que dariam origem às rochas geradoras.
A partir delas, o petróleo migrou para cima e ficou aprisionado nas rochas reservatórios, de
onde é hoje extraído. Ao longo de milhões de anos e sucessivas Eras glaciais, ocorreram
grandes oscilações no nível dos oceanos, inclusive com a deposição de grandes quantidades
de sal, que formaram as camadas de sedimento salino, geralmente acumulado pela
evaporação da água nestes mares rasos. Estas camadas de sal voltaram a ser soterradas pelo
oceano e por novas camadas de sedimentos quando o gelo das calotas polares voltou a
derreter nos períodos interglaciais.
Estes microrganismos sedimentados no fundo do oceano, soterrados sob pressão e com
oxigenação reduzida, degradaram-se muito lentamente e, com o passar do tempo,
transformaram-se em petróleo, como o que é encontrado atualmente no litoral do Brasil.
O conjunto de descobertas situado entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo (Bem-te-vi,
Carioca, Guará, Parati, Tupi, Iara, Caramba e Azulão ou Ogun) ficou conhecido como "Cluster
Pré-Sal", pois o termo genérico "Pré-Sal" passou a ser utilizado para qualquer descoberta em
reservatórios sob as camadas de sal em bacias sedimentares brasileiras.
Ocorrências similares sob o sal podem ser encontradas nas Bacias do Ceará (Aptiano
Superior), Sergipe-Alagoas, Camamu, Jequitinhonha, Cumuruxatiba e Espírito Santo, no litoral
das ilhas Malvinas, mas também já foram identificadas no litoral atlântico da África, no Japão,
no Mar Cáspio e nos Estados Unidos, na região do Golfo do México. A grande diferença deste
último é que o sal é alóctone (vindo de outras regiões), enquanto o brasileiro e o africano são
autóctones (formado nessas regiões).
Os nomes que se anunciam das áreas do Pré-Sal possivelmente não permanecerão, pois, se
receberem o status de "campo de produção", deverão ser rebatizados segundo o artigo 3° da
Portaria ANP nº 90, com nomes ligados à fauna marinha.
Fig. 7: O “Cluster” do Pré-Sal
18
Introdução ao Apoio Marítimo
Geologia
Como foi citado anteriormente, o Pré-Sal é uma camada de rocha formada por sal que delimita
um conjunto de reservatórios petrolíferos mais antigos que os depósitos encontrados sobre a
camada pós sal neoapitiniano e que na costa brasileira se estende desde o Alto Vitória e
Santos, nas Bacias de Campos, até o Alto de Florianópolis respectivamente. Este sal foi
depositado durante a abertura do oceano Atlântico, após a quebra do Gondwana (Jurássico
Superior-Cretáceo) durante a fase de mar raso e de clima semi-árido/árido do Neoapitiniano (1
a 7 Ma).
A análise de um perfil sísmico da Bacia de Santos nos leva a crer que existem ao menos quatro
plays na região: O primeiro referente à fase Drift (turbiditos terciários similares aos da Bacia de
Campos) acima do sal e mais três, abaixo do sal, referentes pós-rift (carbonatos e siliciclastos
apitinianos de plataforma rasa) e ao sin-rift (leques aluviais de conglomerados). Em todos os
casos a rocha-geradora é de toda a costa Leste brasileira, a formação Lagoa Feia.
A área de ocorrência conhecida destes reservatórios é de 149 mil km² dos quais 42 mil km²
(28%) já foram licitados e 107 mil km² (72%) ainda por licitar. A história da prospecção desta
região começa no ano de 2000 durante a segunda rodada de licitações da ANP, onde foram
arrematados os primeiros blocos de exploração nos limites entre os estados de São Paulo e do
Rio de Janeiro. Na realidade, técnicos da Petrobras já especulavam a existência de
hidrocarbonetos abaixo da camada de sal há mais de vinte anos. Porém as técnicas de
aquisição e processamento dos dados sísmicos impossibilitavam uma melhor análise dos
dados justamente devido à presença do sal. Por sua vez, sem um conjunto de informações
minimamente confiáveis, não era possível justificar o investimento de centenas de milhões de
reais na perfuração de um poço prospectivo, devido aos altíssimos custos em função
novamente da presença da espessa camada de sal. Com a evolução das técnicas de
processamento dos dados e da capacidade de processamento dos computadores foi possível
avançar no conhecimento em subsuperfície, que levou ao encontro de indícios que justificariam
o investimento bilionário.
Quando não se fala do "Cluster Pré-Sal" na Bacia de Santos, as descobertas foram realizadas
no play pós-rift em grandes profundidades com lâminas d’água superiores a 2.000 m e
profundidades maiores que 5.000 m, dos quais 2.000 m de sal. As rochas geradoras são
folhelhos lacustres da formação Guaratiba (do Barremiano/Aptiano e COT de 4%). O selo é
formado por pelitos intraformacionais e, obviamente, o sal. A literatura científica afirma que os
reservatórios encontrados são biolititos cuja origem está baseada nos estromatólitos da fase de
plataforma rasa do Barremiano.
A Extração de Petróleo da Camada Pré-Sal
A descoberta de indícios de petróleo no pré-sal foi anunciada pela Petrobras em 2006. A
existência de petróleo na camada pré-sal em todo o campo que viria a ser conhecido como présal foi anunciada pelo ex-diretor da ANP e posteriormente confirmada pela Petrobras em 2007.
Em 2008 a Petrobras confirmou a descoberta de óleo leve na camada sub-sal e extraiu pela
primeira vez petróleo do pré-sal.
Em setembro de 2008, a Petrobras começou a prospectar petróleo da camada pré-sal em
quantidade reduzida. Esta exploração inicial ocorre no Campo de Jubarte (Bacia de Campos),
através da plataforma P-34. A Petrobras afirma já possuir tecnologia suficiente para extrair o
óleo da camada. O objetivo da empresa é desenvolver novas tecnologias que possibilitem
maior rentabilidade, principalmente nas áreas mais profundas.
Um problema a ser enfrentado pelo país diz respeito ao ritmo de extração de petróleo e o
destino desta riqueza. Se o Brasil extrair todo o petróleo muito rapidamente, este pode se
esgotar em apenas uma geração. Se o país se tornar um grande exportador de petróleo bruto,
19
Introdução ao Apoio Marítimo
isto pode provocar a sobrevalorização do câmbio, dificultando as exportações e facilitando as
importações; fenômeno conhecido como "mal holandês", que pode resultar no enfraquecimento
de outros setores produtivos como a indústria e agricultura.
A partir de agosto de 2011 a Petrobras iniciou uma experiência pioneira de captura e armazenamento de carbono em águas profundas, que consiste em absorver grandes quantidades de
CO2 existentes no pré-sal.
20
Introdução ao Apoio Marítimo
Embarcações
Sistemas de Propulsão
As embarcações empregadas no Apoio Marítimo (Offshore) devem possuir uma capacidade de
manobra aprimorada para seu posicionamento próximo às unidades a serem atendidas. Este
atendimento consiste no recebimento e fornecimento de granéis líquidos e sólidos (água, óleo
diesel, cimento, baritina, bentonita e fluido de completação - lama), operações de carga no
convés (descarga e recebimento-back load), além das operações de manuseio de âncoras,
reboque e SOS Estas atividades serão explicadas adiante.
O primeiro recurso a ser incorporado nestas embarcações foi o de hélices e lemes gêmeos
(dois) o que, através da inversão de suas rotações, propicia um menor diâmetro na curva de
giro. Em embarcações de menor porte (workboats) este recurso atende a maioria de suas
necessidades pois o sistema de propulsão e governo é posicionado mais para vante, ficando
mais próximo da meia-nau.
O segundo recurso foi o bow thruster (impelidor lateral de proa). A palavra inglesa “thruster”
significa impelidor auxiliar (lateral) enquanto a palavra propeller tem o significado voltado à
propulsão principal. Este recurso consiste de um hélice de passo variável colocado dentro de
um tubulão (tubo kort), que desloca a proa para boreste ou bombordo, de acordo com o sentido
da descarga.
O posicionamento da superestrutura destas embarcações é feito de forma a deixar o convés
principal o mais acessível possível pelos guindastes das unidades (estruturas flutuantes ou
não). Isto é obtido com todas as partes acima do convés principal posicionadas avante
(superestrutura, chaminé(s), guincho: reboque, manuseio e auxiliares, embarcações de
sobrevivência e de salvamento, etc.). O controle dos equipamentos é feito principalmente do
passadiço (ponte de comando), onde a visão do convés principal e equipamentos durante as
manobras é privilegiada.
Fig. 8: Impelidores laterais de proa (bow thruster)
21
Introdução ao Apoio Marítimo
O terceiro recurso foi o sistema de lemes independentes. Este sistema propicia o
posicionamento dos lemes em qualquer ângulo independentemente. Normalmente são
colocados para dentro,
dentro o que, na inversão dos pass
passos,
os, faz com que os efeitos evolutivos se
somem. No sistema convencional (lemes gêmeos conjugados) a posição do hélice em marcha
a ré suprime com menor intensidade ao efeito evolutivo do que está em marcha avante.
O quarto recurso foi o stern thruster (imp
impelidor
or lateral de popa). Este impelidor
impelidor fica localizado a
ré, próximo aos hélices com a finalidade de melhorar o deslocamento lateral a ré.
O quinto recurso foi a central de manobras computadorizada, normalmente denominada
“joystick”, que consiste de um console
console com uma manete ((joystick
joystick)) que tem o seu movimento
provocando a resultante do movimento da embarcação
embarcação,, ou seja,
seja, a posição em que for colocada
a manete reflete a direção do deslocamento imposto à embarcação por todos os propulsores
(principais e auxil
auxiliares)
iares) coordenados pelo sistema.
Stern
Thruster
Superestrutura
Bow Thruster
Tubo
Kort
Leme
Guincho de
Reboque e
Manuseio de
Âncoras
Convés
Principal
Fig. 9: Algumas definições de uma embarcação
O sexto recurso foi o posicionamento dinâmico ((dinamic
dinamic positioning).
positioning). Este recurso é a
associação dos demais sendo o último avanço tecnológico em termos de sistemas de
manobras e propulsão. O sistema consiste basicamente, de uma central computadorizada de
análise e comandos baseados
baseados nas informações recebidas de sensores externos sobre ventos e
corrente, e de comparação sobre o posicionamento da embarcação em relação a uma
referência. Esta referência pode ser através do sistema doppler (diferença de ângulo na onda
sonora entre a ssua
ua transmissão e o eco) ou através de sinais rádio de origem conhecida
(similar ao DGPS).
Fig. 10: Joystick
22
Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 11: Console de Posicionamento Dinâmico
Arranjo de Convés
O arranjo de convés é o principal fator no projeto de uma embarcação offshore. O sistema a ser
instalado pode variar de guinchos de reboque e manuseio a uma planta de estimulação de
poços de petróleo. Apresentamos a seguir alguns tipos de embarcações.
A. Manuseio de Espias – LH (Line Handling):
Tipo de embarcação empregada nos pequenos serviços de apoio às unidades tais como:
transporte de malotes, pequenas cargas e pessoas, além do transbordo. Possuem pequena
área de convés disponível. São também utilizadas como auxiliares nas manobras de
amarração de petroleiros em monobóias.
Fig. 12: Embarcação de Manuseio de Espias – LH
23
Introdução ao Apoio Marítimo
B. Supridor – OSV (Offshore Supply Vessel):
Embarcação com o convés principal liberado voltado para o transporte de carga geral e
suprimento. Possui tomada de descarga de granéis líquidos e sólidos na parte de ré do convés
principal nos dois bordos, onde são conectados os mangotes das unidades. Por ser o primeiro
tipo de embarcação a ser utilizado no Apoio Marítimo, não exige muita capacidade de manobra
para águas rasas (abaixo de 100 metros) e sem muita influência de vento e corrente. Possui
alta capacidade de armazenamento de líquidos (água e óleo diesel). Os silos, normalmente 6,
armazenam boa quantidade de granéis sólidos: cimento, baritina ou bentonita, materiais estes
usados como base para a lama de completação (fluido que serve para controlar a pressão na
coluna de perfuração). Alguns supridores têm sido adaptados para operações específicas tais
como o transporte de óleo diesel e granéis sólidos (silos).
Fig. 13: Supridor – OSV
C. Supridor de Plataforma – PSV (Platform Supply Vessel):
Tipo de supridor com projeto otimizado para enfrentar condições meteorológicas adversas (mar
e tempo acima da escala 5 beaufort). Este projeto utiliza borda livre alta e capacidade de
manobra com recursos de última geração (posicionamento dinâmico-DP). Para melhor
enfrentar as condições adversas, a embarcação possui dimensões acima das consideradas
normais para um supridor.
Fig. 14: Supridor de Plataforma – PSV
24
Introdução ao Apoio Marítimo
D. Supridor, Reboque e Manuseio de Âncoras - AHTS (Anchor Handling and Towing
Supply):
Embarcação construída objetivando as operações de reboque e ancoragem das plataformas.
Devido à sua complexidade, o arranjo de convés destas embarcações é composto de
equipamentos bastante especializados tais como: guinchos de reboque, guinchos de manuseio
com ou sem coroas de barbotin, pelicanos hidráulicos, guias (fairleads) hidráulicas, paiol de
amarra (chain locker), limitadores no guarda cabo (horse bar), entre outros. O reboque é a
operação mais simples, consistindo basicamente da conexão do cabo de reboque à uma
engrenagem de reboque (pendente, stretcher (amortecedor), pendente) e esta à cabresteira da
unidade rebocada. Esta cabresteira é composta normalmente por cabos de aço conectados a
olhais nas colunas frontais, ou proa, unidos em uma placa triangular denominada “monkey
face”.
Unidade
Pendentes
Rebocador
Catenária
Monkey
Face
Fig. 15: Diagramas de cabresteira e reboque
As operações de manuseio de âncoras são mais complexas por envolverem a relação entre
duas unidades independentes (rebocador e plataforma). O posicionamento de âncoras no
fundo do mar obedece a planejamento prévio levando em consideração o solo e limitações
provocadas por linhas de produção (bundle), cabeças de poços, etc.. Manusear uma âncora é
posicioná-la no fundo do mar ou recuperá-la para inspeção, reposicionamento ou retirada
definitiva.
Fig. 16: Embarcação Supridora, Reboque e Manuseio de Âncoras – AHTS
25
Introdução ao Apoio Marítimo
Devido às grandes profundidades hoje alcançadas na perfuração e prospecção, as âncoras
evoluem no seu projeto e sistema de penetração. Para altas profundidades já são empregados
sistemas compostos de “âncoras verticais” e cabos de kevlar. O manuseio nestas
profundidades exige muito da embarcação e o arranjo do convés é preparado para superar
todas as forças que surgem durante as operações.
Fig. 17: Detalhe dos guinchos de um AHTS
E. Apoio a Mergulho - DSV (Diving
(Diving Support Vessel
Vessel):
Embarcação empregada no apoio a mergulho de profundidade. Esta embarcação é construída
com recursos de manobras de última geração para atender às necessidades de manutenção
da posição durante o trabalho de mergulhadores no fundo ou uso dos veículos de operação
oper ação
remota ou por controle remoto (ROV ou RCV). Os equipamentos de mergulho incluem câmaras
hiperbáricas e sinos. Normalmente são dotadas de heliporto.
heliporto
Fig. 188: Embarcação do tipo DSV
F. Balsa de Serviço (Barge):
):
Embarcação empregada em serviços gerais tais como lançamento de tubos, montagem, etc.
etc.
Normalmente é posicionada por âncoras e utilizada em pequenas lâminas d’água. Uma
evolução deste tipo de embarcação é o guindaste flutuante de alta capacidade (400 toneladas
ou mais), que utiliza o posicionamento dinâmico.
26
Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 19: Balsa de Serviço
G. Lançamento de Linhas – PLV (Pipe Laying Vessel):
Embarcação destinada ao lançamento e posicionamento no fundo do mar de cabos de
telecomunicações e flexíveis de produção de petróleo. Possui recursos avançados de
posicionamento, bem como de mapeamento e acompanhamento das operações.
Fig. 20: Embarcação do tipo PLV
H. Navio de Estimulação de Poços de Petróleo – WSV (Well Stimulation Vessel):
Embarcação com capacidade de manobra similar ao supridor com planta de estimulação
instalada no convés principal. Alguns tipos utilizam o convés principal protegido do tempo
permanecendo exposta somente a área de embarque de carga e pessoal. A operação de
estimulação tem o propósito de melhorar a produção do poço através do fraturamento (da
27
Introdução ao Apoio Marítimo
formação), quando são alcançadas pressões superiores a 15000 psi, ou pela acidificação
(ácido clorídrico) na limpeza da coluna e revestimento.
Fig. 21: Embarcação do tipo WSV
I. Navio de Pesquisa Sísmica – RV (Research Vessel):
Embarcação destinada ao levantamento sísmico de determinada região a ser explorada ou
revisada. Seus equipamentos de levantamento geológico utilizam cabos com bóias e
transdutores muito sensíveis lançados pela popa.
Fig. 22: Embarcação do tipo RV
28
Introdução ao Apoio Marítimo
Unidades
As unidades de Apoio Marítimo estão divididas basicamente em duas categorias: fixas e
móveis
Fixas
A. Plataforma Auto-elevatória – PA (Jack up):
Tipo de plataforma que utiliza pernas estruturadas e macacos hidráulicos com cremalheiras
para a auto-elevação. Estas pernas se apóiam no fundo em sapatas e não devem possuir
inclinação durante a subida. Ao suspender as pernas seu casco flutua podendo ser rebocada.
Este tipo de unidade pode ser posicionado, normalmente, em uma lâmina d’água de até 100
metros. É considerada fixa durante a operação por estar apoiada diretamente no fundo.
Fig. 23: Plataforma do tipo auto-elevatória em reboque
Fig. 24: Plataforma do tipo auto-elevatória em operação
29
Introdução ao Apoio Marítimo
B. Plataforma Fixa - Jaqueta:
Plataforma apoiada em uma estrutura submersa com os conveses de operação em
continuidade. É o tipo de unidade voltado normalmente às áreas de produção. Podem possuir
sondas de perfuração direcionais expandindo assim o número de poços a serem monitorados.
Fig. 25: Plataforma do tipo jaqueta
Móveis
A. Plataformas Semissubmersíveis – SS:
Este tipo de unidade é o mais utilizado atualmente devido ao esgotamento dos campos em
águas rasas (até 100 metros). Consiste de flutuadores com colunas de apoio aos conveses de
operação. O projeto inicial utiliza somente âncoras para o posicionamento. Com o aumento da
lâmina d’água de exploração, foram adaptadas ao sistema de posicionamento dinâmico,
permanecendo sobre um poço. O custo de operação é muito maior devido ao consumo de
combustível para os motores dos propulsores azimutais (schotell). A manutenção do calado de
operação é crucial para a segurança das operações, já que determinados equipamentos a
bordo não aceitam inclinações superiores a 2º.
Fig. 26: Plataforma do tipo semissubmersível
30
Introdução ao Apoio Marítimo
B. Navios-sonda - NS (Drillship):
Os navios-sonda são unidades empregadas na perfuração em lâmina d’água profunda, por
possuírem posicionamento dinâmico, e também serviços de curta duração, devido à facilidade
de deslocamento de uma locação à outra. Este tipo de unidade possui todas as características
de uma plataforma semissubmersível com a navegação de um navio, quando necessário.
Fig. 27: Navio-sonda
C. FPSO (Floating Production, Storage and Offloading):
Este tipo de unidade é normalmente a adaptação de um navio petroleiro em uma plataforma de
produção antecipada, preparando o óleo que sai do poço para o transporte. Os tanques do expetroleiro armazenam o óleo produzido. Ele normalmente fica posicionado sobre o(s) poço(s)
através de âncoras com as linhas de produção subindo pela torre central (turret) que tem a
capacidade de giro de 360º.
Fig. 28: FPSO durante operação de alívio
31
Introdução ao Apoio Marítimo
D. Unidade Alojamento/Floatel:
Normalmente é uma unidade semissubmersível ou auto-elevatória (veja Jackup), equipada com
camarotes, instalações de hotelaria e espaços para escritórios para até 800 pessoas. A
instalação é normalmente utilizada para o alojamento e hotelaria para o pessoal que está
construindo ou operando em uma plataforma fixa de produção. Uma unidade alojamento
também pode ser equipada com instalações para oficinas e/ou depósitos.
Fig. 29: Floatel prestando apoio a uma jaqueta
E. Embarcação/Unidade Guindaste/Construção:
Normalmente é uma embarcação, balsa ou uma plataforma semissubmersível, equipada para a
construção e manutenção de instalações fixas. Algumas vezes oferecem acomodações. Outros
serviços oferecidos são: instalações de armazenamento, suprimento de água, ar comprimido e
eletricidade, espaço para escritórios, central de comunicações, heliporto, etc.
Fig. 30: Balsa-Guindaste sustentando módulo
F. Navio de Apoio à Perfuração (Drilling Tender):
Navio de apoio às instalações de perfuração que dependem de uma embarcação ou balsa para
armazenamento, acomodações, etc.
32
Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 31: Balsa de apoio à perfuração (Drilling Tender)
Especiais
A. Plataforma de Pernas Tensionadas – TLP (Tension Leg Platform):
Plataforma flutuante ou monobóia presa ao fundo do mar por meio de amarras verticais, estais,
etc., sendo mantida em posição por sua própria flutuabilidade.
Fig. 32: Plataforma de Pernas Tensionadas – TLP
Fig. 33: Lançamento da âncora de sucção de uma Plataforma de Pernas Tensionadas – TLP
33
Introdução ao Apoio Marítimo
B. SPAR:
Plataforma com uma única coluna (normalmente de concreto) e apoio no leito submarino
através de sapatas ou estaiamento por cabos.
Fig. 34: Plataforma do tipo SPAR
34
Introdução ao Apoio Marítimo
O Porto
Administração
Um terminal de atendimento ao setor offshore se especializa no fornecimento de instalações
portuárias e serviços para as diversas atividades da indústria marítima e de petróleo e gás. Isto
inclui o fornecimento de combustível, água e materiais diversos, além de apoio às atividades de
reparo de equipamentos e máquinas.
Operações
As operações durante a estadia no porto são realizadas em conjunto com o controle de
operações do porto. A embarcação recebe uma relação de cargas proposta já analisada pelo
Apoio Marítimo (em portos Petrobras). O carregamento é feito por pessoal terceirizado.
O Chefe de Máquinas normalmente acompanha o carregamento de granéis sólidos e líquidos.
Nos portos nacionais, a praticagem para embarcações nacionais ou estrangeiras deve atender
ao estabelecido nas Normas e Procedimentos da Capitania dos Portos (NPCP), antigas
Normas de Tráfego e Permanência nos Portos (NTPP).
Base
O armador normalmente monta uma base de apoio às embarcações próxima ao terminal de
operações. A finalidade maior é o atendimento às necessidades burocráticas e de logística
(lavanderia, rancho, despacho e movimentação de tripulantes, oficina e assistência técnica a
equipamentos eletrônicos).
Terminal de Imbetiba
O terminal de Imbetiba (Macaé/RJ) possui três píeres de 90 metros de comprimento cada que
movimentam 230 toneladas de cargas todo mês. O Porto de Imbetiba, um dos principais
motivos para a instalação da base da Petrobras em Macaé, hoje atua na sua capacidade
máxima, servindo a 165 embarcações de apoio logístico offshore.
O terminal é gerido pelo setor de Operações Portuárias da Unidade de Serviços de Transporte
e Armazenamento (OPRT/US-TA) da E&P Serv. Por ele, são embarcados equipamentos,
suprimentos e outros materiais com destino às plataformas, assim como também são
descarregadas embarcações de apoio que vêm das unidades de produção.
O material desembarcado fica estocado em uma área conhecida como Retroporto que, além de
realizar operações para a companhia, também pode ser utilizado por suas contratadas. Estas
empresas têm um prazo de 24 horas para retirar o material que tiver armazenado no
Retroporto.
35
Introdução ao Apoio Marítimo
Fig. 35: Terminal de Imbetiba, Macaé/RJ
Fig. 36: Terminal offshore na Nigéria
Segurança
As operações de carga e descarga devem obedecer ao Código de Operações Seguras
Offshore, recomendado pela IMO conforme a Resolução A.863(20).
Este Código aborda os seguintes tópicos:





O preparo correto da carga para o transporte offshore;
Os planos de carregamento/descarga/e carga de retorno;
Roteiros de navegação;
Contingências; e
Outros assuntos, quando exigido pela situação, incluindo cargas perigosas.
36
Introdução ao Apoio Marítimo
Referências Bibliográficas
- Glossário de Terminologia Offshore, Fundação de Estudos do Mar - FEMAR, 1ª Edição, 1994.
- Dictionary of Nautical Words and Terms, Captain A. G. W. Miller, 4ª Edição - Revisada, 1998.
- Classificação das Embarcações por Tipo e Funções Principais - E&P-Petrobras, Cláudio Roberto
Fayad, Revisão Abril 2000.
37
Introdução ao Apoio Marítimo
Anexos
ANEXO I
Glossário de embarcações especiais na atividade de apoio marítimo
ANEXO II
Definições da Petrobras quanto aos Tipos de Embarcações de Apoio Marítimo
38
Introdução ao Apoio Marítimo
Anexo I
GLOSSÁRIO DE EMBARCAÇÕES ESPECIAIS NA ATIVIDADE DE APOIO MARÍTIMO
Special Vessels in Offshore Activities
Embarcações Especiais
Offshore (Apoio Marítimo)
Accommodation Unit/Floatel - normally a semi
submersible or jack up (See Jack up), equipped
with cabins, catering facilities and office space for
up to 800 persons. The installation is normally
used for the accommodation and catering for
personnel constructing or operating a fixed
production platform. An accommodation unit may
also be equipped with workshops and/or storage
facilities.
Unidade Alojamento/Flotel - normalmente é
uma unidade semi-submersível ou autoelevatória (veja Jackup), equipada com
camarotes, instalações de hotelaria e espaços
para escritórios para até 800 pessoas. A
instalação é normalmente utilizada para o
alojamento e hotelaria para o pessoal que está
construindo ou operando em uma plataforma fixa
de produção. Uma unidade alojamento também
pode ser equipada com instalações para oficinas
e/ou depósitos.
Anchorhandling Tug - AHT- ship carrying out
tanks such as the placing or moving of anchors,
as well as towing drilling installations and barges
etc. May double as a supply vessel and is in such
cases termed Anchor Handling Tug/ Supply
(AHTS).
Rebocador de Manuseio de Âncoras - RA embarcação que realiza a tarefa de posicionar ou
movimentar âncoras, bem como rebocar
instalações de perfuração, balsas, etc. Pode
atuar também como embarcação supridora e
nestes casos é denominada de Rebocador de
Manuseio de Âncoras / Supridor (RAS).
Crane and Construction Vessel/Unit - normally
a ship, a barge or a semi submersible, equipped
for the construction and maintenance of fixed
installations.
May
sometimes
offer
accommodation. Other services offered are;
Storage facilities, the supply of water,
compressed air and electricity, office space,
communications centre, helicopter landing pad,
etc.
Embarcação/Unidade Guindaste/Construção normalmente é uma embarcação, balsa ou uma
plataforma semi-submersível, equipada para a
construção e manutenção de instalações fixas.
Algumas vezes oferecem acomodações. Outros
serviços oferecidos são: instalações de
armazenamento, suprimento de água, ar
comprimido e eletricidade, espaço para
escritórios, central de comunicações, heliponto,
etc.
Diving Support Vessel - ship with diving
equipment onboard, carrying out various types of
diving operations. May also be equipped with
remotely operated or controlled sub-sea robots
(Remote Operated Vehicle - ROV).
Embarcação de Apoio a Mergulho embarcação com equipamento de mergulho a
bordo, realizando diversos tipos de operação de
mergulho. Também pode ser equipada com
robôs submarinos operados ou controlados
remotamente (Veículo Operado RemotamenteROV).
Drilling Barge - barge equipped for drilling
operations in smooth seas. Normally not
equipped with own propulsion machinery. Max.
Drilling depth approximately 150 meters.
Balsa de Perfuração - balsa equipada para
operações de perfuração em mar calmo.
Normalmente não é equipada com máquinas
para propulsão próprias. A lâmina d'água
máxima para perfuração é de 150 metros.
Drilling Rig - drilling tower with turntable and
mud pumping system. May be installed on an
offshore rig or placed on a fixed or floating
offshore installation like a drill ship.
Plataforma de Perfuração - torre de perfuração
com mesa rotativa e sistema de bombeio de
lama. Pode ser instalada em uma plataforma
offshore ou em uma instalação fixa ou flutuante
como um navio-sonda.
nas
Atividades
39
Introdução ao Apoio Marítimo
Drillship - ship equipped with drilling rig and its
own propulsion machinery. Kept in position by
Dynamic Positioning Equipment. Operating in
waters with a maximum depth of 2,000 meters.
Navio-sonda - navio equipado com sonda de
perfuração e sua própria instalação de máquinas.
Mantém sua posição por meio de Equipamento
de Posicionamento Dinâmico. Opera em lâmina
d'água de 2.000 metros.
Drilling Tender - ship serving drilling installations
which are depending on a ship or a barge for
storage, accommodation, etc.
Navio de Apoio à Perfuração - navio de apoio
às instalações de perfuração que dependem de
uma embarcação ou balsa para armazenamento,
acomodações, etc.
FPSO - Floating
Offloading unit.
FPSO - unidade Flutuante
Armazenamento e Descarga.
Production
Storage
and
de
Produção,
Jackup - movable installation consisting of a
large deck with legs which may be jacked up.
During operation, the legs are resting on the
seabed, and the vessel "jacked up", leaving the
deck in secure position high above the surface of
the sea. When moved, the legs are retracted and
the installation floats. Usually not equipped with
own propulsion machinery. (Max. Water depths
110 to 120 meters.) Normally used as a drilling
rig.
Plataforma Auto-elevatória - instalação móvel
que possui um convés largo com pernas que
podem ser levantadas. Durante a operação as
pernas se apóiam no fundo do mar, e a unidade
se eleva, deixando o convés com uma altura
segura acima da superfície do mar. Quando se
movimenta, as pernas são recolhidas e a
instalação flutua. Normalmente não é equipada
com máquinas próprias para propulsão e é
utilizada como plataforma de perfuração.
(Lâmina d'água máxima entre 110 e 120 metros).
Offshore service vessels - common term for
specialized vessels used during the exploration,
development and production phases of oil and
gas finds at sea.
Embarcações de Serviço Offshore - termo
genérico para as embarcações especializadas
utilizadas durante as fases de exploração,
desenvolvimento e produção de óleo e gás
encontrados no mar.
Production Ship - specialized ship pumping oil
through flexible pipelines from the seabed.
Navio de Produção - navio especializado que
bombeia óleo através de linhas flexíveis do fundo
mar.
Production Unit - platform equipped for the
production of oil and gas.
Unidade de Produção - plataforma equipada
para a produção de óleo e gás.
Seismic ship - vessel mapping geological
structures in the seabed by firing air guns
transmitting sound waves into the bottom of the
sea. The echo of the shot is captured by listening
devices/hydrophones being towed behind the
vessel.
Navio Sísmico - navio para mapeamento de
estruturas geológicas no fundo do mar pelo
disparo de canhões a ar transmitindo ondas
sonoras na direção do fundo do mar. O eco do
disparo é capturado por dispositivos de
escuta/hidrofones que são rebocados atrás da
embarcação.
A seismic ship provides data which is an intrinsic
part of the material determining if and when a test
drilling should be initiated.
Um navio sísmico fornece dados que são uma
parte intrínseca do material determinante se e
quando um teste de perfuração poderá ser
iniciado.
40
Introdução ao Apoio Marítimo
Semisubmersible
movable
installation
consisting of a deck on stilts, fastened to two or
more pontoons. When in operation, the pontoons
are filled with water and lowered beneath the
surface. The installation is normally kept in
position by a number of anchors, but may also be
fitted with dynamic positioning equipment (DPE).
Usually fitted with own propulsion machinery (
max. Water depths 600 - 800 metres ).
Plataforma Semi-Submersível - instalação
móvel composta de conveses apoiados em
colunas, ligadas a dois ou mais flutuadores
(pontoons). Quando em operação, os flutuadores
cheios com água ficando mergulhados. A
instalação é normalmente mantida na posição
por meio de determinado número de âncoras,
mas também pode ser equipada com
Equipamento de Posicionamento Dinâmico
(DPE). Normalmente possui sua própria
instalação de máquinas propulsoras. (Lâmina
d'água máxima entre 600 e 800 metros).
Stand-by Vessel - ship permanently stationed in
the vicinity of an installation with the task of
evacuating the rig-crew in an emergency. Also
carrying out guard duty keeping other ships away
from the installation.
Embarcação de Prontidão - embarcação
posicionada permanentemente nas cercanias de
uma instalação com a tarefa de evacuação da
tripulação da plataforma em uma emergência.
Também pode realizar a tarefa de vigia
mantendo outras embarcações afastadas da
instalação.
Submersible - movable installation constructed
for drilling operations in shallow waters, where it
is lowered until it rests on the seabed (max.
Water depth 30 - 40 meters).
Plataforma Submersível - instalação móvel
construída para operações de perfuração em
águas rasas, onde é afundada até apoiar no
fundo do mar (lâmina d'água máxima entre 30 e
40 metros).
Supply ship - vessel transporting stores and
equipment to drilling rigs or installations being
built or in the production phase. Often called
Straight Supply, or Platform Supply Vessel
(PSV).
Navio Supridor - embarcação para o transporte
de artigos e equipamento para plataformas de
perfuração ou instalações sendo construídas ou
em
fase
de
produção.
Normalmente
denominadas simplesmente de Supridor, ou
Navio de Suprimento a Plataformas (PSV).
Tension Leg Platform - floating platform or
loading buoy fastened to the seabed with vertical
chains or stays etc., kept in position by its own
buoyancy.
Plataforma de Pernas Tensionadas plataforma flutuante ou monobóia presa ao fundo
do mar por meio de amarras verticais, estais,
etc., sendo mantida em posição por sua própria
flutuabilidade.
41
Introdução ao Apoio Marítimo
Anexo II
TIPOS DE EMBARCAÇÕES DE APOIO MARÍTIMO
SIGLA NOVA
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
AHTS 5000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 40 a 60 TM e
Capacidade Estática do Guincho mínima de 100 TM.
AHTS 7000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 80 TM e
Capacidade Dinâmica do Guincho mínima de 150 TM na primeira camada.
AHTS 10000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 120 TM e
Capacidade Dinâmica do Guincho mínima de 250 TM na primeira camada.
AHTS 12000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 140 TM e
Capacidade Dinâmica do Guincho mínima de 300 TM na primeira camada.
AHTS 15000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 160 TM e
Capacidade Dinâmica do Guincho mínima de 350 TM na primeira camada.
AHTS 18000
Reboque, Manuseio de Âncoras e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 160 TM e
Capacidade Dinâmica no 1º Guincho de 350 TM na 1ª camada e no 2º Guincho de
350 TM na última camada (ambas as capacidades são mínimas).
SIGLA NOVA
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
TS 3000
Reboque e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 20 a 30 TM e Capacidade Estática do
Guincho mínima de 30 TM; comprimento de até 43m.
TS 5000
Reboque e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 40 a 60 TM e Capacidade Estática do
Guincho mínima de 100 TM.
TS 7000
Reboque e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 75 TM e Capacidade Estática do
Guincho mínima de 150 TM.
TS 10000
Reboque e Suprimento, Bollard Pull mínimo de 110 TM e Capacidade Estática do
Guincho mínimo de 150 (FPSO).
SIGLA NOVA
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
SV 300
Suprimento (Mini-Supridor), BHP Instalado até 2000, comprimento até 40m.
SV 1000
Suprimento, BHP Instalado entre 2000 e 3000.
PSV 1000
Suprimento, BHP Instalado acima de 3500, com TPB em torno de 1000T (*).
PSV 1500
Suprimento, BHP Instalado acima de 3500, com TPB em torno de 1500T.
PSV 3000
Suprimento de grande porte e manobrabilidade, com TPB em torno de 3000T.
SIGLA NOVA
(*)
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
LH 300
Manuseio de Espias, BHP Instalado de 300.
LH 1200
Manuseio de Espias, BHP mínimo instalado de 1200.
LH 1800
Manuseio de Espias, BHP mínimo instalado de 1800.
UT 250
Utilitário, BHP mínimo instalado de 250.
UT 750
Utilitário, mínimos: 750 BHP / Carga Convés de 15 a 30 T.
UT 2500
Utilitário, mínimos: 13 nós / Carga Convés de 40 a 90 T.
- Aguadeiro
- Oleeiro
- Graneleiro
42
Introdução ao Apoio Marítimo
SIGLA NOVA
P1S
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
Transporte de Passageiros (E&P-BC), Embarcações Tipo SWATH/MWATH (**).
P1
Transporte de Passageiros (E&P-BC), Embarcações Tipo SES (**).
P2
Transporte de Passageiros (E&P-RNCE/SEAL/BA), Embarcações tipo monocasco.
P3
Transporte de Passageiros (E&P-SEAL/RNCE/ES), Embarcações tipo Catamarã
convencional.
SIGLA NOVA
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
BS
EMP
Balsa Não Propelida
Empurrador
SIGLA NOVA
SV 300
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
FiFi I, Vazão Sistema: 1200 m³/h
SIGLA NOVA
TS 3000 I
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
FiFi I, Vazão Sistema: de 2400 até 7200 m³/h.
SIGLA NOVA
FUNÇÃO / CARACTERÍSTICAS
AHTS 5000 I
FiFi I, Vazão Sistema: de 2400 até 7200 m³/h
AHTS 7000 II
FiFi II, Vazão Sistema: de 7200 até 9600 m³/h
AHTS 9000 II
FiFi II, Vazão Sistema: de 7200 até 9600 m³/h
AHTS 12000 III
FiFi III, Vazão Sistema: acima de 9600 m³/h
(**) SES – Surface Effect Ship
SWATH – Small Waterplane Area Twin Hull
MWATH – Middle Waterplane Area Twin Hull
43
Introdução ao Apoio Marítimo
DESCRIÇÃO DOS TIPOS
SUPRIDOR (SV/PSV)
Praticamente todas as embarcações podem exercer alguma atividade de suprimento porém,
para algumas esta função é o principal produto oferecido. As embarcações classificadas como
SV e PSV são usadas exclusivamente no transporte para as unidades marítimas de perfuração
ou produção, dos materiais necessários para sua operação e a manutenção das pessoas e
equipamentos lá existentes.
Proporcionalmente à frota existente os supridores representam o maior número. São
responsáveis principais pelo fornecimento de água, óleo, lama, granéis sólidos, colunas de
perfuração e produção, ranchos e carga geral de convés.
Sua principal característica, embora chamados de rebocadores, é a de não possuírem guincho
para reboque ou manuseio de âncoras, mas uma boa área útil de convés e grande capacidade
de armazenamento interno para transferência às unidades marítimas.
Devido ao avanço para áreas cada vez mais distantes e profundas, teve início a construção de
embarcações supridoras detentoras de maiores dimensões e capacidades, incluindo o
aumento da potência motora, necessário face ao maior deslocamento destas, objetivando dotálas da potência necessária para vencer as péssimas condições climáticas de modo a garantir o
cumprimento da missão de abastecimento. Estas embarcações supridoras de grande
capacidade e de melhor desempenho são conhecidas pelas siglas PS (pipe supply), PSV
(platform supply vessel) ou PC (pipe carrier).
Embora um supridor possa ser também identificado pela ausência de rolo de popa,
embarcações dotadas de guincho para reboque e manuseio foram, no decorrer do tempo,
tornando-se obsoletas para tais funções e transformando-se em supridores, embora mantendo
o equipamento de reboque original.
Para o atendimento em áreas aonde é maior o número de pequenas jaquetas de produção,
além das limitações de calado, houve a necessidade de pequenas embarcações de suprimento
possuidoras de menores taxas de afretamento, objetivando reduzir o custo do barril extraído,
denominadas SV 300.
Foi também criada a classe de supridores tipo PSV 1000, que possui maior potência e
capacidades internas do que a do tipo SV 1000.
Com as embarcações PSV 1000, visa-se garantir que o suprimento se fará mesmo em
condições mais adversas de mar, sendo este tipo de embarcação indicado para atividades
específicas como óleo (OD), água (AG) ou granel (GR).
Cabe salientar que o supridor tipo SV 1000, atua numa faixa intermediária entre o SV e o PSV,
este último uma embarcação de grandes dimensões e maior custo diário.
Exemplos:
SV 300: D’Isabella, D’Manoela, Marlin.
SV 1000: Astro Garoupa, Maricá, Candeias, Marati.
PSV 1000: Mire Tide (AG), Palma River (OD), Seapower (GR).
PSV 1500: Oil Traveller, Havila Scotia.
PSV 3000: Astro Barracuda, CBO Campos, Huntetor, Far Sleipner.
44
Introdução ao Apoio Marítimo
REBOQUE, MANUSEIO DE ÂNCORAS E SUPRIMENTO (AHTS)
Podemos considerar este tipo, como o da embarcação mais versátil por executar as tarefas de
grande porte que são: reboques de longa duração das unidades móveis marítimas e manuseio
dos sistemas de ancoragem de semissubmersíveis em grandes profundidades. Devido ao seu
grande deslocamento, possui boa capacidade de armazenamento e de suprimento de granéis
sólidos e líquidos, aliados a uma boa capacidade de carga de convés tanto em peso quanto em
área disponível.
Neste projeto de embarcação, é grande relevância as forças de tração estática (bollard pull)
longitudinais e laterais com a utilização de até 04 unidades de propulsão lateral (thrusters),
guincho compatível para fainas de reboque e de manuseio do sistema de ancoragem, além da
capacidade para armazenamento de cabos e amarras.
Na indústria do apoio marítimo, a introdução contínua de novas tecnologias e equipamentos é
contínua, pois as profundidades cada vez maiores tornam o trabalho de convés extremamente
perigoso em decorrência das grandes tensões existentes, tendo em vista os atuais
comprimentos das linhas de ancoragem e seus respectivos acessórios. Conjugado a isto, a
necessidade de que a operação seja realizada em tempo hábil e correta, quanto à precisão no
lançamento, objetiva diminuir os riscos de acidentes materiais e humanos em razão dos
elevados custos envolvidos.
A indústria européia está projetando e construindo embarcações do tipo AHTS equipadas com
guinchos de manuseio que alcançam uma capacidade dinâmica de içamento na primeira
camada de até 500 tm devido o direcionamento na procura de petróleo em lâminas d’água
superiores aos 1000 metros, na qual o pioneirismo pertence à PETROBRAS em razão das
operações já efetivadas na Bacia de Campos, seguidas das iniciadas no Mar do Norte.
A força de tração estática (bollard pull) longitudinal tem sido mantida na faixa de 140 à 160 tm e
a potência da embarcação situando-se em até 16000 BHP, não incluindo os sistemas laterais
de propulsão cujo somatório já alcança 4000 BHP. Entretanto, novas embarcações estão
sendo construídas com bollard pull de até 230 tm e potência superior a 18000 BHP.
São estas embarcações dotadas de “shark-jaw” hidráulico em substituição ao “pelikan hook”
para as operações de manuseio e o posicionamento dinâmico que possibilita maior fidelidade
quanto ao ponto de lançamento de cada linha de ancoragem, além de serem dotadas com
equipamentos FiFi (combate a incêndio), geralmente na classificação 3 do DNV.
Exemplos:
AHTS 5000: Dushane Tide, Seeker.
AHTS 7000: Asso Dieci, Normand Hunter, Seacor Lilen, A.H.Paraggi.
AHTS 10000: Osa Vanguard, A.H.Genova, Maersk Topper.
AHTS 12000: Maersk Clipper, Far Centurion, Far Sea, A.H.Porto Santo.
AHTS 15000: Far Sailor, Maersk Chieftain.
AHTS 18000: Maersk Provider, Normand Neptune, Normand Atlantic, Maersk Boulder, Far
Santana.
PASSAGEIROS (P 1 S/P 1/P 2/P 3)
Uma embarcação de transporte de passageiros deve transportá-los com rapidez e o maior nível
de conforto possível.
Na Bacia de Campos, pelo fato da navegação ser realizada a uma distância de até 100 milhas
da costa, as embarcações convencionais não propiciam o nível de conforto exigido e a sua
velocidade não é elevada.
45
Introdução ao Apoio Marítimo
As embarcações convencionais (mono casco -P2) ficam portanto restritas aos locais e regiões
nas quais a demanda é reduzida (comparando-se à Bacia de Campos), bem como, em
percursos situados próximos à costa e de curta duração tais como as regiões de Aracaju, Natal
e Fortaleza.
Emprega-se na Bacia de Campos embarcações de alto desempenho e velocidade (Pl) com
capacidade de até 300 pax, do tipo CATAMARÃ com colchão de ar, conhecidas como SES
(surface effect ship). Elas representaram um grande avanço em relação à primeira embarcação
de passageiros de alto desempenho introduzida em 1982 (NORSUL CATAMARÃ).
Na procura de novos meios para obtenção de maior qualidade, conforto, segurança e custos
acessíveis, foram introduzidos dois novos tipos de embarcações no segmento de transporte de
passageiros a partir de 1997: P3 e SWATH.
Atuando em Guamaré (RN) a partir de maio/97, a embarcação do tipo P3 (CATAMARÃ)
permite movimentação constante independentemente das condições de maré por causa do seu
pequeno calado (0,90 m), com maior velocidade de cruzeiro (18 nós) e conforto, iniciando o
processo de melhoria do perfil qualitativo das embarcações atuantes na região Nordeste.
A partir do final de 1998, em substituição às embarcações CATAMARÃ tipo SES acima
mencionadas, passou a operar unicamente a primeira embarcação do tipo “SWATH” na Bacia
de Campos que chega à velocidade de cruzeiro de 25 nós.
Exemplos:
P 1 S: Stillwater River (SWATH)
P 1: Speed Tide, Express Brasil, Express Macaé.
P 2: Atalaia, Norsul Paracuru, Parintins.
P3: Pégasus.
REBOQUE E SUPRIMENTO (TS)
Embora possuidoras de equipamento, não possuem capacidade para operações de manuseio
de âncoras nos níveis atualmente exigidos. Porém, podem executá-las em caráter emergencial
para lâminas d’água de até 120 metros.
Nas áreas de atuação de unidades auto-eleváveis de perfuração são utilizadas as
embarcações do tipo TS 3000, TS 5000 e TS 7000 que atuam nos DMM’s e no suprimento. A
diferença entre estes tipos está na força de tração estática longitudinal (bollard pull) das
embarcações.
Visando o aumento da segurança do pessoal e das instalações foram introduzidas
embarcações também dotadas de sistema FiFi.
Com a implantação do sistema FPSO na Bacia de Campos, uma nova classe de TS’s foi
especificada em razão dos grandes navios petroleiros que lá estarão sendo instalados.
Possuem como diferença básica o bollard pull, a bitola e o comprimento do cabo de reboque
em detrimento das capacidades de suprimento.
Exemplos:
TS 3000: Célia, Clarisse, Carmem.
TS 5000: Dominion Service.
TS 7000: Asso Quatro, Osa Ravensturm, Goliath Tide, Mammoth Tide.
TS 10000: Sidney Candies, Herdentor, Oil Provider, Oil Vibrant.
46
Introdução ao Apoio Marítimo
MANUSEIO DE ESPIAS (LH)
São embarcações cujo comprimento máximo está em torno de 37 metros, dotadas de grande
potência em relação ao seu deslocamento (até 1800 BHP). A atividade principal é a de auxiliar
nas amarrações de petroleiros em monobóias, pegando as espias destes e levando-as às
bóias de amarração do sistema. Nesta operação, a otimizada relação peso/potência permite
sua aproximação e o afastamento do costado do petroleiro após receber ou entregar as espias,
com segurança.
Também participam de trabalhos na manutenção dos mangotes flexíveis flutuantes, utilizando
seu guincho principal de 10 tm de tração, içando-os ao convés de modo a permitir às equipes
da Produção, a execução de serviços diversos (LH 1200).
Pela sua versatilidade, aliada ao seu menor custo, podem ser utilizadas para suprimento de
granéis líquidos, carga de convés, transbordo de pessoal entre as plataformas, além da função
de embarcação “stand by”.
Exemplos:
LH 1200: Seaoil Grace, Doce River, Red Fox, Leroy Tide.
UTILITÁRIOS (UT 250/UT 750/UT 2500)
Inicialmente, as embarcações hoje classificadas como UT’s (250 e 750), originadas na Bacia
Potiguar, eram identificadas como supridores e manuseio de espias tendo como base a
utilização de pesqueiros de casco de madeira, dotados de pequenas modificações. Hoje as
UT’s do tipo 750 são ainda utilizáveis, possuindo contudo casco de aço e características
próprias das embarcações de apoio marítimo tais como: convés de carga localizado a ré da
superestrutura (ou casario) equivalente a 2/3 do comprimento da embarcação; dupla
motorização; comando a ré do passadiço, etc.
As UT 750 atuam hoje tanto na Bacia Potiguar, quanto na Bacia do Espírito Santo e Bacia de
Campos, tornando-se uma opção mais barata do que as embarcações do tipo LH 1200,
quando necessárias para funções de pequenos suprimentos, transporte de pessoal entre
unidades marítimas e salvaguarda (“stand by”).
Ao final de 1998, entraram em atividade na Bacia de Campos, embarcações classificadas como
UT 2500, cujas principais características são: alta velocidade de serviços (13/15 nós), grande
convés de carga e capacidade interna para transporte de equipamentos eletrônicos pela
adequação de seu salão interno.
Tais embarcações são chamadas de ”expressinhos”, notabilizadas pelo pronto atendimento às
cargas emergenciais, levando-as com rapidez às unidades marítimas de perfuração/produção.
Exemplos:
UT 750: Marimar XVll, Texas Star, Ana Beatriz.
UT 2500: Miss Gayla, Miss Ramona, Marion Tide, Norsul Propriá, Norsul Parnaíba.
REBOQUE E MANUSEIO DE ÂNCORAS (AHT)
Uma embarcação do tipo AHT deve possuir grande capacidade de manobra por causa de sua
elevada potência em relação ao seu pequeno deslocamento, quando comparada ao AHTS,
além da alta velocidade de operação de seu guincho de manuseio.
47
Introdução ao Apoio Marítimo
Os pontos acima descritos eram considerados de grande importância quando da especificação
deste tipo de embarcação para acompanhamento dos trabalhos da BGL-1, balsa de
lançamento de linhas (oleodutos e/ou gasodutos) operada pelo SEGEN, cujo serviço exige o
remanejamento constante de suas âncoras conforme vai se efetuando o lançamento das linhas
e conseqüentemente o seu reboque até a nova locação.
Este tipo de embarcação não é mais empregado pela Petrobras em sua frota, pois são
utilizadas embarcações AHTS especificadas para a operação com a balsa de lançamento (com
maior velocidade de seu guincho de manuseio), permitindo uma melhor utilização quando
disponibilizada das operações com a BGL-l.
O desaparecimento de embarcações exclusivamente do tipo AHT é uma tendência mundial.
Exemplos:
AHT: Osa Rotterdam, Maersk Breaker, Maersk Blower, EI Tigre Grande 11.
GRANELEIRO (PSV 1000, PSV 3000)
Este tipo de embarcação atua provendo de granel sólido as unidades marítimas, havendo
maior demanda de produtos em regiões nas quais a atividade de perfuração esteja em grande
número e podendo, em virtude da excelente capacidade de armazenamento (420 m3/ 15000 p),
atuar por longo período sem a necessidade de idas freqüentes ao porto ou terminal.
Normalmente, grandes supridores foram adaptados como graneleiros com a adição de grandes
silos sobre o convés principal, ampliação dos silos internos, instalação de novos compressores
e sistemas eficientes para purga e limpeza das tubulações de modo a garantir eficiência e
rapidez no fornecimento.
Possui maior potência instalada para propulsão do que a existente nos supridores comuns a
fim de garantir o bombeamento do produto à unidade marítima mesmo em condições
desfavoráveis de mar, de modo a não exigir que outra embarcação com maior potência e taxa
de afretamento tenha que ser deslocada para tal faina.
Exemplo:
PSV 1000: Seapower.
DIVING SUPPORT VESSEL (DSV)
As embarcações do tipo DSV, operadas pelo E&P, são dotadas de todo o equipamento
necessário ao apoio, preparação, lançamento e a recuperação das equipes de mergulho
quando em serviços de reparos e/ou inspeção de linhas submarinas. De grande deslocamento,
possuem amplas acomodações e compartimentos necessários à tripulação e às equipes de
mergulho e de técnicos para operação dos equipamentos de ROV e de supervisão dos
serviços. Possuem oficinas e equipamentos necessários às operações de mergulho saturado
tais como: câmaras hiperbáricas, “moon pool” para lançamento e recolhimento do sino de
mergulho, recargas de cilindros para mergulho, guindastes com lanças telescópicas com
capacidade para movimentação de cargas pesadas, heliporto para helicópteros médios ou
pesados, enfermarias e acomodações que permitem o recolhimento e atendimento de elevado
número de náufragos ou acidentados.
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Introdução ao Apoio Marítimo
As embarcações possuem sistema de posicionamento dinâmico necessário para as atividades
de mergulho e operações com ROV e grande autonomia.
Possuindo na sua maioria, equipamentos FiFi, tornam-se importantes elementos de apoio da
frota de embarcações de combate a incêndio operadas pelo E&P, na Bacia de Campos.
Exemplos:
DSV: Seaway Harrier, Toisa Sentinel.
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INTRODUÇÃO AO APOIO MARÍTIMO