edição especial
45.000 exemplares
Arauto
junho/julho de 2009
www.arauto.info
circulação em Salto e Itu
distribuição gratuita
O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP
Nº 7
Eleições
2010
você
já tem
candidato?
Por um “inteiro” ambiente
pág.12
É cada vez mais importante
discutir temas como a
importância de reciclar, o uso
de produtos biodegradáveis e
as mudanças no clima.
pág.06
Salto abriga 8 mil universitários, que
chegam e partem no mesmo horário.
Um movimento com muitas histórias.
Muita tributação
pág. 08
Marketing esportivo
pág. 09
Você sabia que boa parte do preço do
produto que você compra é imposto?
Liberar o uso faz a sua cabeça?
Apesar de cada vez mais
frequente na sociedade, a
maconha ainda choca. Aqui, um
debate sobre uso e liberação.
A Traffic e o projeto para ganhar dinheiro
com venda de atletas e fazer Porto Feliz
abrigo para seleções na Copa de 2014.
Cena cultural
pág.14
Da crítica de um dos best-sellers do
momento aos 40 anos do celebrado
festival de Woodstock.
Luiza Erundina
pág.03
Itu dá samba
pág.02
pág.10
E MAIS:
Transporte
Universitário
DA MESA DO REDATOR
Jornal Taperá/Salto
Do leitor
Espaço para perguntas, críticas e debates,
oriunda da comunicação dos leitores com os editores de O Arauto. Por causa do espaço, os textos
podem não ser publicado na íntegra.
Feliz com a Rute
Moro em Porto Feliz, onde sou voluntária
da Comunidade Baháí do Brasil. Vi o Jornal
O Arauto desta Faculdade de Comunicação e
adorei as matérias, a excelência dos temas, a
maneira como se retrata a vida universitária.
No jornal referente a março, uma reportagem em especial me tocou bastante, relativa
a estudante Rute (edição de março/abril),
que vem de uma origem economicamente
desfavorável, como a maioria das mulheres
do nosso país, e seu esforço e vitória em ter
chegado à universidade.
Gostaria então de enviar meus parabéns
a esta linda e maravilhosa mulher, que deve
ser um exemplo para muitas jovens no Brasil.
Na prática de minha vida profissional, sou
enfermeira obstétrica e sanitarista, vivenciamos vidas de milhares de mulheres impactadas no seu desenvolvimento por falta de
estímulo, acesso ou até de vontade em investir na sua vida pessoal, estudando e se capacitando. Com muitas, conversamos inúmeras
vezes sobre esta condição, fundamental para
mudar a vida das mulheres. Então vejo com
Vemos no Brasil muitos jovens, que têm alegria uma jovem corajosa, tomando nas
condições materiais e nem sempre valori- suas próprias mãos o avanço em sua vida.
zam o acesso ao conhecimento. Muitos os faSônia Maria Góes Shafa - enfermeira.
zem, apenas para terem um diploma.
Um poeta pela poesia
Estou escrevendo aO Arauto para fazer
uma sugestão, a fim de enriquecer ainda
mais o belo trabalho que está sendo realizado pelos professores e estudantes da FCA.
Gostaria de sugerir um espaço nas edições
para a poesia. Eu sou poeta e compositor
(Nota da Redação: premiado com uma
menção honrosa no XVIII Prêmio Moutonnée de Poesia) e conheço vários estudantes
que também escrevem e gostariam muito de
colaborar com a valorização da arte e cultura
brasileira, agregando suas criações às publicações.
Bruno Masrgoni - estudante de Publicidade e Propaganda (7º semestre)
Nota da Redação: Prometemos pensar
com carinho sobre a sugestão. E fazemos outra: por que os alunos poetas do CEUNSP não
se reúnem e publicam seus trabalhos, ou os
colam nas paredes da instituição, ou usam
outra maneira de se comunicar?
Vamos eliminar comparações absurdas
como idade média e Grécia estão em outra
estrutura social ou histórica cultural, as regras do jogo são outras.
Por favor, discorram de coisas concretas
e atuais como o projeto do Julio de Oliveira
Rodrigues aluno do CEUNSP. Ele começará a
partir de 20 de junho um grupo LGBT em Indaiatuba, onde se juntara com as 4.000 pessoas do grupo E-jovem, ele terá como foco a
união e a socialização dos gays.
Acredito que são esses espaços que facilitam a troca simbólica de símbolos gays e é
a chave para eliminar o câncer da alienação.
É onde o gay consegue ter no campo social
fundamentos para cristalizar sua imagina-
Robson Nascimento
A escola de samba Império
de Casa Verde, do grupo especial paulistano, vai homenagear os 400 anos de Itu, que
serão completados em janeiro de 2010. A história da cidade “Berço da República” vai
ser desfilada no Sambódromo
da capital.
O prefeito de Itu, Herculano Júnior, em coletiva de
imprensa (foto), da qual O
Arauto participou, apresentou o carnavalesco da Império, Marco Aurélio Bonfim:
“Vamos abordar os principais
fatos da história da cidade”,
disse o carnavalesco, que
tem 17 anos de carreira e já
Ops...
ganhou três prêmios como o
melhor da Liga das Escolas de
Samba de São Paulo.
Marco Aurélio disse também que, quando as fantasias
estivem prontas, pretende
fazer um desfile em Itu para
apresentá-las à população e
que a Império de Casa Verde
está de portas abertas para a
troca de conhecimento com
as escolas de samba ituanas.
Sem ajuda pública - O
prefeito Herculano Júnior garantiu que a ajuda financeira
que Itu vai fazer à escola vai
partir de empresas privadas,
e “que o dinheiro publico não
será usado para tais fins.” O
Arauto promete fiscalizar.
As páginas que indicavam as reportagens nas chamadas de
capa da edição passada (maio/junho) estavam erradas. Pedimos desculpas.
A grafia correta do nome da fotógrafa da foto que ilustra a
reportagem “Ele estuda Cinema. E faz (bem) teatro”, também
da edição passada, é Cissa Victal.
Manifesto gay e a homossexualidade
Gostaria de elogiar O Arauto por falar de
um tema que no interior ainda é guardado a
sete chaves. Mas, existem pontos a serem elucidados, alguns termos, posturas e ideologias
que foram exaltadas no texto. Gostei muito
de vocês colocarem no esquecimento a psiquiatria freudiana, que advoga com eloquência, as mulheres são inferiores por invejarem
o pênis e os gays, mais ainda. Que todas essas
verdades exasperem a reflexão daqueles que
tem o poder do saber. Mas é preciso acabar
com os discursos pseudo-acadêmicos. Um
jornal acadêmico que é feito para uma elite
semi-erudita, vocês não só escrevem para leitores médios, somos universitários, acho que
vocês também o são.
400 anos de Itu será
enredo do Carnaval de SP
ção sociológica de forma livre e sem juízos
de valores negativos, sendo capaz de criar
um modo viver. É onde o individuo gay pode
gerar novas formas de viver. Devemos não
somente nos defender, mas também nos afirmar enquanto força criativa.
Vamos acabar com “homossexualismo”,
que tem sua origem nas análises clinicas do
século passado, e não merecem nem serem
alvitradas.
Élcio Fernandes Rosa Jr. - estudante de
Relações Públicas
Nota da Redação: 1) O texto não “exaltou”
nada. Apenas apresentou. No máximo, debateu. 2) Escrevemos para uma comunidade
ampla, já que O Arauto circula nas cidades
de Itu e Salto e chega també a partes de outras, como Porto Feliz e Sorocaba. Claro, o público principal são inseridos no CEUNSP, mas
não pensamos nunca em nada “pseudo”. 3)
Não reconhecemos, no citado texto, nenhuma comparação entre Idade Média e Grécia.
4) O projeto do grupo LGBT nos foi trazido
como assunto agora. Claro, pode fazer parte
de uma pauta deste jornal. 5) O uso do léxico
“homossexualismo” foi apenas por força de
escrita e nada tem a ver com conotações filosóficas ou sociais. Ou, como consta em dicionários (Michaelis): cs (homos-sexual+ismo)
sm Prática de atos homossexuais. Antônimo:
heterossexualismo. 6) Por fim, concordamos:
a chave é eliminar o câncer da alienação.
www.ceunsp.edu.br
A reportagem sobre “Twitter.com” não foi escrita por Adriane
Souza. A autora é Mariana Sugahara.
Esclarecimentos sobre a reportagem “Alemão - bar sinônimo
de tradição, Itu e parmegiana”: Herbert Steiner é um dos sete
proprietários do restaurante. O estabelecimento se transformou de uma padaria a um dos restaurantes mais famosos
do país em meados do Século XX, graças aos trabalhos dos
irmãos Marcos Steiner Neto e Paulo Steiner Júnior, já falecidos e filhos de Paulo, este descendente direto do imigrante
alemão Max Steiner.
MARKETING ESPORTIVO Por Aluisio Souza
O Arauto / jun-jul.09
pág.03
Luiza Erundina,
uma assistente social
Por Jean Pluvinage
Jean Pluvinage/O Arauto
considerava a profissão “subversiva”.
Erundina enfatizou que o
evento simbolizou uma quebra com a visão conservadora da profissão, que consistia
em fiscalizar classes marginalizadas e evitar conflitos para
manter as diferenças sociais.
“O congresso revitalizou o
papel das políticas públicas e
sociais no país”, disse a deputada.
Assistente social é uma
profissão na qual não existe
neutralidade e onde é preciso se posicionar e lutar pelos
direitos dos excluídos, seja
qual for o desafio. Esta foi a
mensagem dada pela deputada federal Luiza Erundina, em
comemoração ao dia do Assistente Social, durante palestra no começo de junho, dada
no Campus V do CEUNSP de
Salto. O encontro - que contou com um público formado pela equipe técnica da
Secretaria de Ação Social da
Prefeitura de Salto e alunos
Por Nelson Lisboa
Tiago Rodrigues
expediente
As férias estudantis estão aí. Para facilitar a vida
de quem vai estar “de folga”,
O Arauto traz nesta edição a
lista de eventos que ocorrerá
em nossa região.
Salto - O fim de junho vai
ser agitado na cidade. No dia
21, às 20h, ocorrerá um espetáculo de dança com o grupo
Pró-Posição, no Auditório
Maestro Gaó. E o melhor: a
entrada é grátis.
Garantia de risos no dia
27: às 20h30, no Teatro Montécnica, será a vez do espetáculo “100% Humor”, com
o grupo Teatro Cômico. O
ingresso custa R$ 10,00 e estudante paga R$ 5,00. Outras
informações podem ser conseguidas pelo telefone (11)
7350. 5952.
Já no domingo, dia 28, às
18h, haverá o Encontro de
Danças, também no Montécnica. e também com entrada
grátis.
do curso de Serviço Social do
CEUNSP, além de autoridades
- abordou os desafios históricos da profissão, principalmente durante a ditadura militar. Luiza Erundina, formada
em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba,
lembrou passagens do Terceiro Congresso Brasileiro de
Assistentes Sociais, realizado
há 30 anos. Congresso esse
que ocorreu após os assistentes reconstruírem a representação de classe, que ficou
inatuante por anos, já que o
governo militar (1964-1985)
Na palestra, Erundina
também focou a importância da juventude na participação política. Segundo ela o
movimento estudantil recuou
e precisa ser mais atuante,
“principalmente neste período em que as instituições democráticas estão fragilizadas
por sucessivos escândalos de
corrupção.”
Outra questão abordada
foi a necessidade de democratizar os meios de comunicação. “Ouso afirmar que,
mais importante que a reforma agrária, é a reforma
democrática dos meios de
comunicação social. A Fa-
Dicas para “agitos”nas
férias escolares
Outra opção será no Conservatório “Maestro Henrique Castellari”, na rua Monsenhor Couto, 13, que promove
no dia 25, às 20h, o 15º Sarau
na Quinta.
Itu - A cidade terá como
atrações nesse fim de mês a
comédia Stand-Up, no Temec.
A apresentação será no dia 20
de junho, às 21h. A apresentação será do ator, comediante e redator Márcio Ribeiro,
conhecido nacionalmente por
apresentar o programa infantil “X Tudo” na Tv Cultura.
CorderItu. Este é o nome
da poesia oral que vai tomar
conta do Rancho da Picanha
(km 57 da rodovia SP-79).
Será no dia 27, às 20h.
Já a Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos de
Itu promove um jantar com
pratos preparados à base de
cordeiro. A taxa de adesão é
de R$ 60 e as reservas podem
ser feitas pelos telefones (11)
4024-3184 e 9609-6340.
Vibe Folia – O grande
destaque de julho, em Itu,
será a Vibe Folia, cujo maior
atrativo será a dupla sertaneja (foto) Vitor e Léo, além
da banda de axé Chiclete
com Banana, que promete
não deixar ninguém parado.
Mais informações no site
www.vibefolia.com.br.
Sorocaba – Quem estiver a fim de outro agito ao
“estilo Bahia” terá a opção
de ir no dia 28 de junho a
Sorocaba, local da apresentação da Banda Eva. Será
a partir das 14h, no Recito
Pagliato, dentro do programa Folia-Férias. A abertura
será feita pela dupla Rodrigo Freitas & Xavier, pela
banda Balakubaka, Banda
Prato Feito e pela turma da
Festa Pan, com DJs e garotas. Informações pelo telefone (15) 3221.7764.
culdade de Comunicação e
Artes [do CEUNSP] tem que
estar antenada com esta
questão senão não haverá a
democratização.”
Após a palestra, o cidadão
Oswaldo Dalla Vecchia solicitou ajuda da deputada para
melhorar o abastecimento de
água nos bairros Maracajás,
Iracema e Arquidiocesano.
Ela garantiu então a obtenção de recursos para a área
de saúde do município e para
o abastecimento destes bairros. Por fim o prefeito Geraldo
Garcia e vereadores apresentaram o Complexo da Cachoeira (foto) para Erundina.
Josuel Rodrigues, estudante de Serviço Social, pontuou
a importância da palestra
para seus colegas: “Nós, do
movimento estudantil de Serviço Social, vemos na Erundina uma pessoa que assume
compromisso com nosso projeto ético-político na luta pela
construção de um país democrático, popular e de todos.”
Por Adriane Souza
Um trabalho de conclusão de semestre motivou
cinco alunos do 3º ano e
seis alunos do 1º de Cinema
a unirem forças. Esses onze
universitários da Faculdade de Comunicação e Artes
(FCA-CEUNSP)inovaram ao
produzir o curta-metragem
“Despertar”. A obra, um documentário fictício, conta
a história da ONG Despertar, que recupera vidas de
pessoas que já tentaram ou
pensaram no suicídio.
“É uma biografia e uma
auto-análise de pessoas que
poderiam ter sido levadas a
cometer suicídio”, explica o
estudante Diego Sebastiani.
Os universitários desejam levar a reflexão do tema
e entender o que leva algumas pessoas a desistirem
da vida enquanto outras
decidem continuar nela.
Num clima de diversão, mas
com muita seriedade, es-
Curta debate
suicídio
ses alunos debatem o segundo maior fator de mortes em
todo o mundo.
A confiança dos patrocinadores foi um grande incentivo
para a consumação deste documentário, segundo Diego.
“A equipe agradece muito aos
patrocinadores, que acreditaram no nosso projeto sem visar lucro, mas sim apostando
no nosso trabalho”, completa.
O vídeo será exibido no Teatro Escola “Prof. Rubens Anganuzzi Filho” (CEUNSP- Salto), no dia 20 de junho e terá
a duração de quinze minutos. Depois os alunos levarão
“Despertar” para concorrer
a exibições em mostras, festivais e eventos audiovisuais
em todo o Brasil.
Os patrocinadores do filme s’ao empresa
da cidade de Cerquilho: Sorveteria Higlu, Confecções Marie, Refeições Rodrigues, Sama Vídeo,
Mingo Presentes, Computadores.Com, Padaria
Cerquilhense, Net Time, Vivenda do Trigo, Big
Galo, Pousada da Tica e Pizzaria Millenium 9.
Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez / Coordenador da AECA: Prof. Amauri Chamorro / Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos / Redator Universitário Chefe: Jean-Frédéric Pluvinage
Colaborador: Edvaldo Santinon
Conselho Editorial: Prof. Amauri Chamorro; Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.
Projeto de Trabalho Integrador - O ARAUTO
Alunos participantes (ilustração, pauta e edição): Aluísio Souza, André Brandão, Antonio Nunes Almeida, Ariane Campos, Gabriel Alves, Ligia Martin, Luciana Tambeli, Melissa Castro, Natalia Esteves, Nelson
Lisboa, Thales Puglia, Thiago Cruz, Tiago Cézar e Tiago Rodrigues.
Editoria de Fotografia: Evandro Ananias, Giuliano Miranda e Maurício Bueno.
Coordenação: Prof. Pedro Courbassier.
Todos os textos são de responsabilidade de seus autores.
Jornalista responsável: Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).
Contatos: [email protected]
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Tiragem: 45.000 exemplares
ESPECIAL
Você já parou e pensou:
ano que vem tem
eleições presidenciais ?
Por Valesca Cotafava
O Arauto sai na frente e
aborda as eleições presidenciais de 2010. Pois é... você vai
votar para presidente do Brasil daqui a pouco mais de um
ano. Prepara-se, “daqui pra
frente” você vai escutar cada
vez mais a pergunta “para
quem você irá votar para presidente?” Mostraremos nesta
reportagem o que alguns brasileiros pensam sobre a questão – muito relevante para a
vida de todos, já que se trata
do mais importante cargo de
gerência da vida pública – e
traçaremos também o perfil
dos principais pré-candidatos.
Maria Flauzino, uma diarista de 30 anos, mostrou-se
surpresa com a pergunta antecipada sobre as eleições.
Logo após ser explicada do
assunto e nomeados os précandidatos, ela disse: “Votarei
em quem o Lula apoiar, pois
eu sou fã do Lula. Ele é um semi-analfabeto como eu e conseguiu chegar a presidência
do país, pensando nos mais
pobres. Não votarei no José
Serra, pois ele é o candidato
dos ricos.”
O aposentado José Carlos Silva tem 68 anos declara conhecer o perfil dos que
almejam o cargo de Brasília.
Segundo ele, “nenhum dos
candidatos presta, mas o José
Serra é o mais competente
para assumir o cargo”. E ainda alfineta: “Dilma Roussef
está sendo usada por seus
companheiros de partido [o
PT], já que ela é uma mulher”.
Para ele Dilma não merece
o voto de ninguém. Opinião
formada devido ao passado
de Dilma como guerrilheira.
“Ela é uma terrorista, sequestradora e assaltante de cofres. Ela sequestrou e roubou
o ex-governador de São Paulo
Ademar de Barros. Ela não é
digna de dirigir nosso país”,
desabafa, sem dar consentimento ao contexto histórico
www.ceunsp.edu.br
da ditadura militar ou da perseguição política.
Moíses Monteiro, 23 anos,
músico, disse que votará em
José Serra, pois “foi um ótimo
ministro da Saúde, tanto que
teve repercussão no mundo
inteiro com a campanha de
prevenção a AIDS. Acho que
se ele fosse presidente investiria na saúde e é disso que o
país precisa agora.”
O fotógrafo Rodrigo Cardoso, 28 anos, morador de Porto
Alegre (RS), disse considerar
uma forte tendência de anular o voto. “Mas creio que posso votar no Serra. Não por ser
alguém de direita ou algo assim, mas uma mudança saudável de conceitos é necessária. O Brasil está 8 anos numa
idéia de centro-esquerda, as
coisas começam a ficar estáticas, um exemplo deste tipo
de política rola nos EUA, por
exemplo entre democratas e
republicanos”, explica.
Ítalo Gomes Camela, 45
anos, operador de empilhadeira, disse que votará na
Dilma Roussef porque “ela
poderá dar continuidade ao
governo Lula, mantendo os
projetos e feitos do atual pre-
sidente”, Ítalo ainda acrescenta: “Não votaria jamais no
Serra, ele é o candidato dos
burgueses.”
Outras opções - Joana Oliveira Novaes, 34 anos, professora infantil, votará em Ciro
Gomes. “Se a candidatura
dele for confirmada votarei
no Ciro. Ele já tentou tantas
vezes se eleger e talvez devêssemos dar uma chance a
outros partidos. O poder tem
se contido nas mãos dos tucanos e petistas há bastante
tempo.” Ricardo Soares Berti,
25 anos, vendedor, compartilha da mesma opinião de Joana, e ainda acrescenta: “votarei em qualquer um menos
nos tucanos e petistas: estou
cansados deles!”
Catarina Martuiscelli, 43
anos, dona de casa, declarou:
“Eu sou Heloísa Helena desde
a primeira candidatura dela.
É uma mulher honesta e não
como a maioria dos políticos
que diz uma coisa e faz outra
totalmente diferente.” Renato
Yamasaki, 37 anos, carteiro,
concorda com Catarina e ainda acrescenta: Heloisa Helena é a única candidata que
realmente é merecedora de
tal cargo, por ser uma mulher
verdadeira e convicta de seus
ideais políticos.”
O Arauto / jun-jul.09
pág.05
Comentários
da repórter
Ciro Gomes - O ex-governador do Ceará
e ministro tem candidatura cogitada para
2010. Iniciou sua carreira política na Aliança Renovadora Nacional, partido que dava
sustentação à ditadura militar, em 1979. Em
1983, trocou de partido e optou pelo PMDB.
Elegeu-se deputado estadual. Em 1988, migrou ao PSDB e conseguiu ser eleito, neste
mesmo ano, prefeito de Fortaleza. Dois anos
depois, em 1990, conquistou o governo do
Ceará. Deixou o cargo em 1994 para assumir
o Ministério da Fazenda. Virou membro do
PSDB até 1996, quando filiou-se ao recémcriado PPS (Partido Popular Socialista) para
concorrer à presidência da República em
1998. Foi o terceiro mais votado (ficou atrás
de FHC e Lula). Em 2002 disputou novamente o cargo pelo PPS e terminou em quarto lugar com 10.170.882 votos. Apoiou Lula no 2º
turno e ganhou convite do novo presidente
para assumir o Ministério da Integração Nacional. Mudou em 2003 para o PSB. Em 2006,
Ciro concorreu à Câmara e virou deputados
federais pelo Ceará.
Giuliano Miranda/O Arauto
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Dilma Rousseff - Ministra-chefe da Casa
Civil, é a mais provável escolha do governo
para se candidatar à presidência. Mestra em
Ciências Econômicas, Dilma participou da
luta armada nos anos 1960-70 e foi presa e
torturada pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Participou da fundação do PDT
e foi secretária de Minas e Energia no Rio
Grande do Sul (1991-1995). Ela retornou ao
cargo em 1998, mas durante o novo mandato, o PDT deixou o governo de Olívio Dutra
(PT) e exigiu de seus filiados a entrega dos
cargos. Dilma saiu do PDT e filiou-se ao PT,
continuando no governo. Dilma integrou o
governo Lula inicialmente como ministra de
Minas e Energia, em 2003. Seu novo cargo,
a chefia da Casa Civil, ocorreu em junho de
2005, substituindo José Dirceu.
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José Serra - Filiado ao PSDB, partido
do qual é um dos fundadores, foi eleito em
2006 governador do estado de São Paulo,
seu cargo atual. Economista de formação, já
foi deputado federal (1987-1995), senador
(1995-2003), ministro do Planejamento e
Orçamento (1995-1996), ministro da Saúde
(1998-2002) e prefeito de São Paulo (20052006). Serra foi candidato à presidência da
República pela coligação PSDB-PMDB em
2002. Perdeu no segundo turno para Lula.
Pré-candidato, ainda luta para que seu partido o oficialize nas eleições. E tem como trunfo, na disputa interna com o governador de
Minas Gerais Aécio Neves. Até o momento,
Serra lidera aso favoritismo nas pesquisas
eleitorais.
Evandro Ananias/O Arauto
Perfil dos principais postulantes à vaga de
Luíz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada:
Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho é enfermeira, professora e política brasileira. tem carreira acadêmica na Universidade Federal de Alagoas e foi senadora
da República, eleita pelo PT. Rompeu com
o partido no primeiro mandato de Lula,
indo para a oposição e ajudando a criar o
PSOL, Partido do Socialismo e Liberdade.
Outros possíveis candidatos: Aécio Neves
(PSDB), Cristóvão Buarque (PSB).
www.ceunsp.edu.br
Uma das coisas que
mais ouvi quando fui fazer
minha pesquisa de campo
foi: “Nossa! Nós estamos a
um ano das eleições e você
já me vem falar disso?”. Aparentemente, essas pessoas
não eram grosseiras, mas estavam realmente surpresas
com as minhas perguntas. A
maioria das pessoas que entrevistei foi na praça Dom Pedro, em Indaiatuba. Durante
uma semana eu usei a minha
1 hora de almoço para conversar com as mais diversas
pessoas. Alguns, nitidamente
conhecedores da política do
país. Já outras, nem tanto...
Quando fui conversar
com o senhor José Carlos Silva pude perceber que, embora algumas pessoas odeiem
política, outras adoram. Nesse dia fiquei meia hora conversando apenas com José
Carlos. E o que ele dizia? Leia
as entrevistas (risos).
Uma constatação: poucas mulheres com as quais
conversei sabiam realmente
quem seriam os candidatos e
quais eram seus feitos.
Tive bastante dificuldade em elaborar perguntas,
e além de tudo ter “a cara de
pau” de chegar em pessoas
que eu nunca havia visto na
vida, perguntando suas opiniões a respeito de um assunto um tanto quanto peculiar.
Muitas pessoas não quiseram
responder minhas perguntas
dizendo que estavam atrasadas, porém depois de me
despachar, seguiam calmas,
olhando vitrines.
O povo brasileiro criou
verdadeira aversão à política, sem perceber que é por
essa distância que nosso país
não caminha. É por isso que
sempre acabamos elegendo
governantes cada vez mais
corruptos. Infelizmente basta
o pensamento “se tivermos o
nosso churrasco no fim de semana, está tudo bem”. Assim,
o nosso país só tem decaído
em relação a políticos.
Claro que eu não acredito
que as pessoas devessem ser
uma verdadeira enciclopédia da política brasileira, mas
conhecer o mínimo dos précanditados, suas propostas e
um pouco de suas vidas. Foi
uma experiência maravilhosa
e muito esclarecedora, conversar com tantas 40 pessoas.
Nem todas as opiniões saíram
na reportagem, pois o espaço
teria de ser grande para tanta
gente, e também porque muitas opiniões são parecidas.
Ah, e bom voto em 2010!
Mais do que
transporte
Por Adriane Souza
Daniele de Oliveira
Com cerca de 8 mil alunos, o Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio
(CEUNSP) agrega cada vez
mais estudantes pela diversidade de cursos, atraindo
alunos de várias partes de
São Paulo e até outros estados. Esses números mostram
também um intenso fluxo,
que movimenta o mercado do
transporte.
tam os transportes universitários coletivos. A professora
da Faculdade de Comunicação
e Artes, Renata Boutin Becate,
reside e trabalha em Jundiaí
e considera a van a melhor
opção de transporte. Afinal o
veículo passa na porta de seu
trabalho, permitindo que ela
descanse ou converse despreocupadamente por 40 minutos. “É o momento em que
eu desligo do outro serviço
para focar no CEUNSP”, conta a professora. Afirma ainda
gostar muito do motorista e
das festinhas de aniversário
promovidas na van. Ela diz
que “todos os aniversários
são comemorados, mesmo
fora de data, como o dos aniversariantes de janeiro que
são comemorados em abril”.
Mauricio Bueno/O Arauto
VIDA UNIVERSITÁRIA
na gasta muito com a manutenção do carro e teme pela
segurança do veículo, pois
ela o estaciona em frente ao
Centro Universitário. Ela considera injusto ter que pagar
para estacionar o carro dentro da faculdade, pois gasta
uma quantia considerável
com combustível, manutenção, pedágio e não tem mais
recursos: “Fica difícil pagar o
estacionamento, ainda mais
sabendo que em outras faculdades o acesso dos alunos
ao estacionamento é gratuito e aqui só os professores
têm este direito”, protesta.
Roubo - O medo de furtos
não se restringe apenas aos
donos de veículos particulares. O motorista Dauri Andrade revela que já testemunhou
um homem roubando um toca-CD no carro que estava na
sua frente, mas “no geral, [os
criminosos] respeitam vans”,
conta. Um dos motivos para
a baixa incidência de crimes
com os veículos de transporte aos alunos é que eles ficam
Algumas prefeituras ofe- estacionados próximos e cada
recem ajuda de custo para os motorista acaba vigiando o
universitários. Os valores va- carro do outro.
riam muito entre os municíFalta WC - O caso dos
pios. Segundo os estudantes,
motoristas
de ônibus Sílvio
cidades como Cerquilho e Boituva oferecem de 80 a 100% Gonçalves de Freitas, Carlos
do valor. Já Laranjal Paulista Alberto Lúcio Nunes e Duíldo
reembolsa 90%, Salto 50% Branzani é diferente. Usuáe Itu reembolsava 70%, mas rios do estacionamento exnos últimos 2 anos este valor terno destinado aos ônibus
foi caindo e hoje chega a 35%. e vans, localizado na entraEm algumas cidades, os valo- da inferior do CEUNSP-Salto,
res são fixos, mas em outras os motoristas se queixam da
são calculados de acordo com falta de um banheiro, que os
obriga a situações embaraçoa renda do aluno.
sas. “Muitas vezes temos que
De carro próprio - Há ca- fazer na frente dos outros”,
sos como o da universitária conta Duíldo, que transporta
Juliana Ferraz, de Jornalismo, alunos de Porto Feliz até Salna qual o aluno prefere, por to.
Alguns alunos chegam a
enfrentar cerca de uma hora
e meia de estrada antes de
entrar na sala de aula. O estudante de Engenharia Civil Junior Machado, que já concluiu
o curso, mas cumpre DP (dependência em uma disciplina
do curso), conhece bem esta
realidade e afirma que a viagem de Laranjal Paulista até
Salto é longa, porém tranquila. Já a futura jornalista Jéssica Dias, que reside em Tatuí e
gasta praticamente o mesmo
tempo que Junior para chegar à universidade, conta que
sua viagem é conturbada, afinal diz que já viu “veterano
viajar em pé no ônibus para
ceder lugar aos calouros nos
bancos”. Viajar em pé é um
problema enfrentado também por universitários que
moram próximos ao Centro
Universitário, como no caso
de Priscele de Almeida, que
estuda Logística no 1º semestre e conta que encara no fim
da tarde um ônibus constantemente lotado.
Festa na van - É válido
lembrar que não são apenas diversas razões, utilizar um
os estudantes que frequen- transporte particular. Julia-
www.ceunsp.edu.br
bus é muito complicado. Um
deles afirma que já transportou cortador de cana, “mas
muitas vezes eles são mais
educados do que muitos universitários, sem generalizar”,
desabafa. Nos ônibus, o controle de horário costuma ser
mais rigoroso que vans. Os
motoristas revelam que eles
aguardam apenas 10 minutos
após o término das aulas, ou
seja, às 22h40 o ônibus sai e
quem não estiver fica. Atrasos
comuns devido a frequencia
dos estudantes em bares que
ficam no entorno do Campus.
Nem todos os ônibus permitem festas nem bebidas alcoólicas para evitar possíveis
transtornos e o constrangimento causado por estudantes embriagados.
Prefeitura explica - A retirada do estacionamento de
veículos de transporte coletivo nas ruas de acesso direto
da faculdade aconteceu aos
poucos. O Secretário da Educação de Salto (não há Secretaria de Trânsito), Wilson
Roberto Cavender, conta que
a proibição foi criada pois os
veículos prejudicavam o trânsito nessas ruas, que tem tráfego intenso. “E também pelas
vantagens significativas para
os que transitam em frente
ao campus”, diz o secretário. Ele ressalta ainda que a
faculdade é extremamente
benéfica tanto para Itu quanto para Salto, afinal, além de
toda a atividade econômica
que ela gera devido ao fluxo
de universitários que vem de
outras cidades, “mostra que
Salto é hoje uma referência
regional no ensino superior e
não é nenhum exagero dizer
que esta cidade caminha para
ser chamada de Cidade Universitária em breve”. Enfim,
Educação - Os motoristas assunto para novos debates e
se queixam que cuidar de ôni- reportagens.
O Arauto / jun-jul.09
pág.07
Por Nelson Lisboa
Tiago Rodrigues
O Supremo Tribunal Federal (STF), provocado por uma
ação do deputado federal
Miro Teixeira (PDT-RJ), decidiu no fim de abril pelo fim da
Lei de Imprensa (5.250/67) e
com isso permitiu outra discussão: o fim da exigência do
diploma para a pessoa exercer a profissão de jornalismo.
A Lei de Imprensa foi criada na época da ditadura militar (no Ato Institucional 5,
em 1968) para controlar “de
mais perto” o que diziam os
jornalistas (as punições eram
multas altas e cadeia). Segundo muitos juristas, pessoal
dos meios de comunicação
e o deputado autor da ação,
para punir um mau profissional, bastam os códigos Civil e
Penal.
des defendeu a extinção da ética e responsabilidade.
obrigatoriedade do diploma
Outro estudante, Thales
para o exercício da profissão
Barbosa, do 1º semestre, afirde jornalista.
ma que a lei só servia para
Na avaliação do presidente punir os jornalistas, mas endo STF, o decreto-lei 972/69, tende que é preciso algo para
que estabelece que o diploma regulamentar o setor e evitar
é necessário para o exercício abusos por parte da imprenda profissão de jornalista, não sa. Ele defende o diploma
atende aos critérios da Cons- para a profissão como meio
tituição de 1988 para a regu- de valorizá-la mais ainda.
lamentação de profissões.
Ligia Martin (1º semestre)
Mendes disse que o diplo- afirma que a lei não era comma para a profissão de jor- patível com a realidade do
nalista não garante que não país e que a profissão pode
haverá danos irreparáveis ou ser avaliada sob a Constituição Federal. Ela defende o
prejudicar direitos alheios.
diploma porque dá ao sujeito
Alunos defendem fim da formação e competência téclei, mas não da obrigatorie- nica para atuar.
Lei de Imprensa
e exigência
do diploma
chegam ao fim
Especialistas dizem que
fim do diploma vai mudar o
mercado de jornalismo, mas
não do curso.
A fim da exigência do diploma foi votada pelos ministros do SFT na noite de 17 de
junho, contrariando muitos
jornalistas. E o debateainda
segue, principalmente nas
faculdades e nos meios de
comunicação. A pergunta é:
qual o impacto das novas
medidas para o mercado e
para o jornalismo?
Agora serão aplicadas as
regras dos códigos Penais
e Civis para julgar as ações
dade do diploma
envolvendo a imprensa. Um
exemplo: com o fim da lei anOs alunos do curso de jorterior, a lei passará a ser mais
nalismo, da Faculdade de
branda nos crimes de calúnia,
Comunicação e Artes (FCA),
injúria e difamação.
do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio
Votaram a favor do fim da
(CEUNSP), ouvidos para a reLei de Imprensa os ministros
portagem são favoráveis ao
Eros Grau, Carlos Alberto Mefim da Lei de Imprensa, mas
nezes Direito, Celso de Melo,
defendem o diploma como
Ricardo Lewandowski, Cárforma de valorizar a profismen Lúcia e César Peluso, que
são e a classe dos jornalistas.
acompanharam o voto do relator. Joaquim Barbosa, Ellen
Adriane Souza diz que a
Gracie e Gilmar Mendes volei era herança da ditadura e
taram pela revogação parcial
incompatível com a realidade
da Lei. Já o ministro Marco
do país. Ela julga o diploma
Aurélio de Mello votou pela
importante porque o curso
improcedência da ação.
superior dá ao sujeito uma
formação global sobre a proDiploma - Por 8 a 1, o STF
fissão, como questões de étiderrubou a obrigatoriedade
ca e técnicas.
do diploma para o exercício
da profissão de jornalista.
Marcelo Soares, do 3º seSó o ministro Marco Aurélio
mestre, diz que a lei derrubaMello votou pela manutenção
da pelo STF limitava a ação da
do diploma.
imprensa. Ele defende a obriO primeiro a votar foi o
gatoriedade do diploma porpresidente do STF, Gilmar
que é preciso aprender para
Mendes, relator do caso. Menser um bom jornalista, com
Google Images
À imprensa, o deputado
Miro Teixeira afirmou que ao
revogar a lei, o STF preservou
o direito dos cidadãos à informação. Na sua ação legal o deputado argumentava que a lei
da ditadura cerceava a liberdade dos órgãos de comunicação e era incompatível com
o regime democrático. Na
sessão histórica, sete ministros votaram pela revogação
total, três pela revogação parcial e um pela não revogação.
As novas possibilidades
Valter Lenzi, jornalista
há mais de cinqüenta anos
e dono do Jornal Taperá, em
Salto, fundado há 45 anos, revela aO Arauto que a Lei de
Imprensa nunca foi usada por
ninguém para processá-lo ou
ao seu veículo. Ele é jornalista com registro profissional,
mesmo não tendo cursado
uma escola de Jornalismo ou
Comunicação.
Lenzi explica que existem
pessoas com maior capacidade que muitos jornalistas
formados, mas não deixa de
reconhecer que os cursos
superiores oferecem ensinamentos muito úteis aos que
deles participam. Embora ,
aponta, “nem sempre formem
bons profissionais”.
Sobre o fim do diploma
www.ceunsp.edu.br
ele afirma que “o bom jornalista é aquele que leu e
lê muito. Só assim se adquire o traquejo necessário para se escrever bem,
aliando esse traquejo aos
ensinamentos recebidos
na faculdade”.
Já Edson Cortez, professor e coordenador geral da
Faculdade de Comunicação
e Artes (FCA-CEUNSP) comemorou o fim da Lei de
Imprensa por entender que
a mesma era uma herança
da Ditadura Militar no país.
“Somos uma democracia e
o fim da lei foi um avanço.
Temos muitas leis que precisam ser mudadas, como
as que regem o setor de
telecomunicações no país,
como os setores de rádio e
TV que não são democráti-
cos ainda”, explica.
Em sua opinião o fim da
exigência do diploma não
vai acabar com os cursos de
Jornalismo no país porque o
mercado exigirá o diploma
como uma forma de ter bons
profissionais nas empresas.
“Será o mesmo dos segmentos
de Publicidade e Cinema, onde
não se exige o diploma. O mercado se organiza e passa a priorizar quem tem boa formação. É
isso que acontecerá com o Jornalismo”, explicou.
Ele entende que o mercado
para o jornalista continuará
crescendo, graças à mídias digitais e à segmentação de comunicação das empresas. Neste
sentido, os melhores (os que
têm curso superior) serão priorizados, em sua opinião.
MINHAS ECONOMIAS
O Arauto / jun-jul.09
pág.08
Mauricio Bueno/O Arauto
A tributação nossa de
cada dia...
Por Marcos Freddi
Em meio a uma crise econômica mundial, vários paises tentam salvar as economias da recessão. Começam
cortando as taxas básicas de
juros e reduzindo os impostos. No Brasil, não foi diferente. Várias medidas foram adotadas pelo governo entre elas
à redução do Imposto sobre
Produtos
Industrializados
(IPI) para carros, para eletrodomésticos de linha branca
(fogões, geladeiras), além de
materiais para construção.
Tudo isso para tentar estimular o consumo no país.
Nos últimos dois anos o
Brasil apresentou um crescimento econômico relevante.
Nesse período o governo se
beneficiou de uma arrecadação recorde de tributos jamais visto. Como se gastou o
dinheiro é outra discussão.
Um debate bom é: Você sabe
que no Brasil se pagam mais
de 80 tipos de impostos, taxas e contribuições? Isso,
além de impostos pagos de
forma indireta. É o caso dos
produtos de bens e serviços.
Mais caro - Muitos brasileiros desconhecem que produtos básicos, como o arroz,
tem embutido 18% de imposto dentro do preço final.
No açúcar, estima-se que esse
índice chegue a 40% e no café
a 36%. Na farinha, 34%.
Esses encargos tributários trazem um sério prejuízo
para o consumidor. Os produtos ficam mais caro, o que
limita o acesso à maioria da
população.
Contribuintes - O aposentado Vardir Chamma, 72 anos,
se sente prejudicado com tantos impostos cobrados pelo
governo. Para ele, não existe
um retorno eficiente por parte do estado. “Pago duas vezes
a saúde, uma para o governo
através dos impostos e outra
para o convenio particular”.
Para ele o brasileiro nem se
da conta do que o estado faz
com esse dinheiro.“O brasileiro é muito despolitizado”.
Segundo ele somente uma
redução dos encargos seria
suficiente.“A redução nos impostos alimentícios”, exemplifica.
Já para Milton Júnior, 26
o que mais prejudica é não saber realmente pelo o que esta
se pagando. “Nos não temos
nenhuma noção de quanto
pagamos de imposto”, afirma.
Ele também acha um absurdo com o que se faz com o
dinheiro. “Além de trabalhar
para pagar (imposto), nós
não temos segurança e nem
um sistema público de saúde
eficiente.”
Para Delza Frare, 67, é
importante pagar imposto.
“Como cidadã, eu sou a favor
de pagar, pois com esse dinheiro o governo presta serviço à sociedade.” Mas ela ressalta que é preciso saber para
onde esse dinheiro é destinado. “A partir do momento que
tenho cidadania, eu tenho direito à saúde publica decente,
a segurança e não é isso que
acontece”. E mais: para ela,
os impostos deveriam ser
de acordo com o que cada
um ganha. “Deveria ser proporcional. Quem ganha mais
paga mais, quem ganha menos paga menos”, filosofa.
Para o comerciante Ogiomar Milani, 44, os encargos
tributários consomem uma
relevante parte do seu faturamento: “18% do faturamento
vai para impostos”. Segundo
ele, o dinheiro que paga poderia ser para fazer melhorias em seu empreendimento
“e não posso dar desconto no
produto”, ressalta.
Dificuldade nas empresas
Não somente os consumidores sofrem com altas taxas de impostos. As empresas
também ficam prejudicadas
com os encargos. Quem explica essa situação é o professor e advogado Amilton Luiz
Sampaio, 41, especialista em
Direito de Estado e Tributário. O especialista do CEUNSP
afirma que, de fato, o Brasil
possuiu uma carga tributária
elevada e não retorna para
sociedade como deveria e
que isso emperra o crescimento econômico no país.
“Muitos negócios deixam de
ser realizados em razão dos
altos custos provocados pela
incidência de inúmeros tributos”, diz.
Para ele, as empresas são as mais sacrificadas,
“pois pagam tributos sobre a
produção (IPI), sobre a circulação e o transporte de seus
produtos (ICMS) e sobre a
mão de obra que utiliza (ISS,
INSS, PIS, COFINS e CSL)”. Ele
destaca um tributo: os impostos relativos à mão de obra. “A
folha de pagamento é onerada com vários tributos, todos
eles voltados à manutenção
do regime previdenciário, do
sistema de seguro desemprego e de outros regimes garantidores dos chamados direitos sociais. Isso encarece os
produtos e diminui o poder
de compra”. E mais: “em certos casos, algumas empresas
deixam de ser competitivas”,
explica.
A solução para ele seria
se o governo reduzisse seus
gastos. “Boa parte dos recursos provenientes dos tributos, hoje, são destinados a
cobri-los”. Para ele a solução
vem com a implementação de
uma verdadeira reforma tributária, “que possibilite a redução do número de tributos
e da própria carga tributária”.
“Outra questão que poderia ser atacada é a redistribuição das receitas, pois muitos dos tributos gerados nos
municípios, são arrecadados
pelos Estados e pela União”.
Questionado sobre o que
ele pensa de tantas cargas
tributárias, Amilton afirma:
“O pagamento de impostos
é inerente ao exercício da cidadania, pois o Estado não
tem outra fonte de recursos
para poder manter o funcionamento de toda máquina
administrativa. Entretanto, a
situação criada pela legislação tributária, torna injusta a
situação do contribuinte brasileiro, que paga muito e não
recebe bons serviços públicos
em troca.” E complementa:
“O Estado brasileiro arrecada muito, mas não tem
verbas para grandes investimentos, pois a maior
parte dos recursos é desperdiçada, tudo, graças à
burocracia, à ineficiência e
a improbidade”.
8% para depósitos de FGTS,
27,5% para Imposto de Renda, por exemplo”.
Para Marcelo, é preciso
de uma reforma tributária.
”Diria que há a necessidade
de uma reforma tributária.
O que encarece e dificulta o
trabalho registrado são os encargos sociais”.
Ele também diz que esses encargos sociais também
trazem vantagens: “Acerca
de benefícios, estes são inseridos pela Seguridade Social
que ampara o trabalhador assegurado, como por exemplo
em caso de acidente do trabalho, no qual o empregado recebe sem estar trabalhando,
dada sua incapacidade, além
da própria aposentadoria.”
Além dos impostos de
produção, um dos encargos
que pesam sobre as empresas esta com a folha de pagamentos de funcionários. É
o que explica o especialista
em Direito e Processo Tributário e também professor do
CEUNSP, Marcelo Cavalcante, 34: “Um empregado que
ganha em média um salário
mínimo mensal, chega a produzir um encargo trabalhista de aproximadamente seu
próprio salário para seu empregador, em face de encargos sociais.”
São vários impostos sobre a folha de pagamento do
trabalhador, segundo o especialista. “Tem a Incidência
tributária cobrada pelo INSS,
depósitos de FGTS, dependendo do valor há tributação
de Imposto de Renda, tanto
pelo empregador e como do
empregado”. E eles são altos.
“Os percentuais variam de
Impostômetro
Muito?
O Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário é
um órgão que faz várias pesquisas, e divulga dados sobre
a carga tributária no Brasil.
Recentemente
divulgaram
uma pesquisa que mostra que
o brasileiro trabalhou durante os cinco primeiros meses
desse ano só para pagar imNa folha do trabalhador posto.
www.ceunsp.edu.br
Em São Paulo existe uma
tabela que marca quanto o
brasileiro, paga de tributos,
o chamado impostômetro.
Do dia 1/1/2009 até o dia
11/6/2009, o brasileiro já
havia pagado R$ 444 bilhões
em tributos. Para saber mais:
www.impostometro.com.br .
Abaixo, a porcentagem de imposto paga pelo brasileiro, em produtos usados no dia-a-dia:
ESPORTES
Divulgação
O Arauto / jun-jul.09
pág.09
Por
Um local para cultivar
o $onho da bola
Jean Pluvinage
Quem não conhece um jovem brasileiro que sonha virar jogador de futebol? Sonho
difícil de alcançar, pois o futebol profissional exige jogadores com muito preparo físico
e emocional, treinamento
constante e, claro, talento
com a bola. E é para formar
futuros consagrados do futebol-arte que foi construída a
Academia Traffic, localizada
na rodovia Marechal Rondon,
perto de Porto Feliz. São atletas com talento muito acima
da média, que passaram pelo
filtro de olheiros espalhados
por todo o país e até no exterior. Jovens que a academia
acolhe, treina e insere nos
campeonatos amadores, para
mais tarde mostrarem seu talento no futebol profissional.
E, evidente, a Traffic ganha dinheiro com essas transações.
O Arauto foi descobrir como
é a vida destes futuros, talvez,
campeões e como funcionam
as instalações.
O tamanho da academia
impressiona. São 156 mil metros quadrados. Espaço suficiente para abrigar os cinco
campos de futebol oficiais e
dois para treinamentos específicos. O prédio central recebe os jovens das categorias
sub-15, sub-17 e sub-20. O
local também é a casa do Desportivo Brasil, time de pro-
As fontes de
talento
20% Outras regiões
20% Nordeste
60% Sudeste
A grande maioria dos jovens atletas da
Traffic vêm do sudeste, principalmente
do estado de São Paulo.
www.ceunsp.edu.br
priedade da Traffic Sports.
No total moram cerca de 120
atletas, com idades entre 14 e
18 anos.
João Caetano, gerente de
Administração da Traffic, enfatiza que a academia não é
apenas uma fábrica de jogadores: “Formamos atletas,
mas sem deixar de lado a
formação de cidadãos.” Lá os
jogadores não abandonam os
seus estudos, eles frequentam as escolas de Porto Feliz,
e tem apoio psicológico para
treinarem longe de suas famílias. A academia também
oferece cursos de língua estrangeira, etiqueta e economia pessoal. “O foco é formar
jogadores, mas mesmo quem
não conseguir entrar na área
terá formação para seguir
carreira em áreas esportivas,
como membro de uma equipe
técnica, por exemplo.”
João Caetano revela que os
jovens sentem a distância da
família, mas a alegria de estar
na academia é muito forte.
“Este centro de treinamento
é um sonho de consumo para
eles. Uma Disneylândia do
futebol.” Distância que os jogadores superam com a internet, na sala de computadores
da área de lazer. Lá, os jovens
sempre acessam o Orkut e o
MSN, para entrar em contato
com amigos e parentes. Mas
um dos projetos da Traffic
inclui a criação de academias
para as outras regiões do Brasil, facilitando a captação de
atletas e a sua adaptação ao
centro de treinamento local.
A ‘Disneylândia do Futebol’ faz juz ao nome. Não há
academia mais moderna para
as categorias de base. E praticamente tudo nela remete ao esporte. O local conta
com uma biblioteca repleta
de livros sobre futebol, tv por
assinatura com todos os pacotes esportivos e fotos históricas de astros do futebol
decoram os corredores. Mas
nada de chuteiras e camisas
sujas espalhadas pelos cantos. Cerca de 50 funcionarios,
em sua maioria de Porto Feliz, organizam a rotina. Por
isso o maior movimento pode
ser visto na lavanderia. São
centenas de peças de cama,
banho, uniformes para treino
e para jogo.
A saúde é outra preocupação da equipe. Os jovens
contam com uma academia
de ginástica e piscina coberta. Ao lado da academia se
encontram as salas dos médicos, dos fisioterapeutas e dos
fisiologistas. A saúde também
inclui a alimentação dos jovens. João Caetano destaca
que a cozinha foi a parte mais
difícil de construir: “A primeira coisa que uma seleção
faz ao visitar uma academia
de esporte é visitar a cozinha. A qualidade da cozinha
tem mais importância que a
estrutura do local.” Adauto
Rodrigues, chefe de cozinha
que já trabalhou para a rede
hotéis Hilton revela todos os
cuidados com a alimentação
dos jovens: “Controlamos o
valor calórico dos alimentos.
Trabalhamos muito com nutrientes, principalmente os
carboidratos. E não há frituras. O que parece frito na verdade é assado.”
A declaração de João Caetano sobre a cozinha mostra
outra possibilidade econômica do Centro de Treinamento: receber equipes, principalmente seleções nacionais.
Não à toa, a Traffic já faz contatos com países para abrigar
equipes na Copa do Mundo de
2014, que sera no Brasil.
Por fim batemos um papo
com Lindhberg, atleta sub-17,
considerado pela academia
como um talento muito promissor. Vindo de Petrolina,
em Pernambuco, Lindhberg
se diz tranquilo com a mudança para o sudeste. Ele visita a sua mãe uma vez por ano,
e revela que já se acostumou
com a distância. É possível
conciliar o treino com estudos? “Sim. Mas todos na escola ficam curiosos com a gente,
eles querem saber como é a
vida aqui.”
Uma vida de treinos rigorosos, mas também de muitas
mordomias.
Google Images
DISCUSSÃO
Por Thales Barbosa
Melissa Castro
Baseado no debate:
a maconha
Maconha, tema que fascina
muitos e enojam outros. Debate-se atualmente em todo
o país a legalização. Você é a
favor ou contra a legalização
do uso da maconha? Para entender melhor o assunto, faremos uma linha no tempo.
A Cannabis Sativa, nome
cientifico da planta, é de origem indiana. A droga é conhecida desde, aproximadamente, 2.723 a.C. Foi usada
pelos chineses como uma
planta medicinal. Chegou ao
Ocidente no século XVIII, sendo usada para desenvolver fibras para roupa. No Brasil, na
década de 30, era vendido nas
farmácias com o nome de “cigarros de índio” (pela origem
indiana) ou “cigarros da paz”:
era usada para sintomas de
asma e insônia.
A Organização das Nações
Unidas (ONU), no ano de
1960, recomendou a proibição da maconha no mundo
inteiro, muitos paises adotaram essa norma, entre eles o
Brasil.
A psicóloga Patrícia Nascimento fala que a maconha
é uma droga que causa dependência, mas menos que
tabaco e o álcool. Leve, porém não inofensiva, por isso
alguns especialistas usam o
termo da “dependência psicológica” ao uso da planta.
Mas, na classificação internacional das doenças feita
pela Organização Mundial
de Saúde (OMS), não se faz
distinção entre a dependência química e a psicológica.
Chique? - A maconha não
assusta como outras drogas.
Por isso, várias pessoas públicas já comentaram o uso. O
atual prefeito do Rio de Janei-
ro Eduardo Paes já declarou
à imprensa já ter experimentado a droga. O senador Eduardo Suplici disse também
já ter usado quando jovem.
Vários artistas foram presos
por causa disso. Em 2005, o
ator Marcelo Antony foi preso
em Porto Alegre por porte de
maconha. O mesmo ocorreu
com o cantor Paulo Ricardo,
no ano de 1986, preso no aeroporto Tom Jobim, no Rio de
Janeiro por porte de dois cigarros de maconha.
De Gabeira a FHC - O deputado federal Fernando Gabeira (PV) sempre defendeu
a legalização da erva. Mas recentemente o não tão liberal
ex-presidente da República
Fernando Henrique Cardoso
também se posicionou a favor da legalização no fórum
da ONU, que debatia as drogas, realizado na cidade do
Rio de Janeiro. O atual ministro do meio ambiente, Carlos
Minc, participou da marcha
da maconha (box) no dia 11
de maio, na mesma cidade.
O fato repercutiu na imprensa. Durante a participação, o
ministro disse “a guerra das
drogas matam mais do que a
overdose. Só a hipocrisia não
vê isso”. Foi muito aplaudido
pelos participantes. “Não é
só por eu ser ministro que ia
deixar de fazer algo em que
acredito. Grande parte da violência que nos sofremos hoje
é por causa do tráfico. O usuário não pode ser tratado como
criminoso”, declarou Minc.
Gabeira recentemente lançou um livro chamado “A Maconha”, que levanta os prós
e contras da droga e o papel
social que ela desempenhou
na escravidão e em rituais religiosos na selva amazônica.
Efeitos - O uso da erva é
associado a várias mudanças
hormonais, como a diminuição de testosterona no homem, estrogênio e progesterona na mulher, além de
causar perda de memória,
problemas de coordenação
motora e dificuldades de raciocínio. Na saúde mental
pode ser o apertar de um gatilho para esquizofrenia.
É usada também para fins
medicinais.
Normalmente,
como estimuladores de apetite - portadores do vírus HIV
que precisam ganahr peso -,
ou associada a tratamento de
casos de Alzheimer e câncer
terminal. Segundo os médicos, tambm auxilia espasmos
e movimentos desordenados,
sendo útil também em casos
de glaucoma. Em doses altas,
auxilia pessoas no tratamento de doenças como síndrome
de Parkinson, esclerose múltipla, traumatismo raquimedular e desnutrição.
se tivesse com algum refrigerante, ou algum sanduíche,
por educação”. B.L* diz que
foi a curiosidade que o levou a aceitar. É, o desejo do
proibido leva muitas pessoas a experimentar maconha.
Segundo o clínico geral Delius Balbieris, o efeito da maconha deixa olhos vermelhos,
aumenta o apetite, o coração
bate mais rápido e a boca fica
seca. O tempo parece fluir
mais devagar, os reflexos e a
coordenação motora são prejudicados. Fica difícil expressar um pensamento em palavras. A estudante C.L. conta
que, na primeira experiência
com a maconha, se sentiu
”feliz, tranquila e com pouca
percepção de tempo”.
A OMS diz que a sensação de prazer que causa a
maconha, à medida que vai
aumentando seu uso o organismo tenta se ajustar a esse
habito. O cérebro adapta seu
próprio metabolismo para
absorver os efeitos da droga.
Cria-se assim uma tolerância
ao tóxico. Desse modo, uma
dose que normalmente faria
um “estrago enorme” tornase em pouco tempo uma dose
baixa, aumentando assim a
procura do usuário.
Popular - Hoje, o uso da
maconha atravessa os muros dos hippies da década
de 1970, quando a droga se
polarizou no Brasil. É facilmente encontrada em shows
de rock, baladas e lugares
turísticos alternativos. Mas o
usueariopode estar até em
de empresas de grande porte.
Por isso não foi difícil acháPerigos - O uso de quantilos no CEUNSP.
dades altas de maconha pode
levar as alucinações, ilusões,
O estudante G.B. diz que paranóia, pensamentos cono primeiro contato com a fusos e desordenados, desmaconha foi aos 18 anos, no personalização e fadiga afiralojamento da empresa onde ma a OMS.
ele trabalhava. Pra ele, normalmente sempre quem ofeA estudante C.L. foi entrerece a droga é uma pessoa vistada. Disse: “Antes eu usamuito próxima. O estudante va todos os dias cerca de cinuniversitário B.L. teve expe- co baseados por dia. Hoje só
riência parecida aos 16 anos: de vez em quando. Comecei a
“Meu amigo ofereceu, como ficar muito lesada com pensa-
www.ceunsp.edu.br
mentos que não fazia sentido
e sem vontade de fazer nada”.
Debate - A liberação da
maconha esta em debate no
mundo. Cientistas da Califórnia chegaram à conclusão
que a maconha causa câncer
e cientistas ingleses concluíram que ela cura o câncer. A
falta de unânimidade tambeem ocorre no debate libera x
não-libera.
O estudante de RTV João
Paulo Seixas de Almeida diz
que é a favor da legalização
“pois assim seria mais fácil
de combaterem traficantes.”
“ Seria um grande golpe no
trafico de drogas”, pensa. Já
o aluno Julio César Flausino,
de Publicidade e Propaganda,
se posiciona contra a legalização: “Vai ficar mais fácil de
encontrar a droga e isso fará
aumentar a violência, pois
nem todos teriam dinheiro
para a compra”.
A estudante Silvia Barbi
também se coloca contra a
legalização: “É muito fácil o
governo fechar os olhos para
o problema, mas o que ninguém se lembra é que a droga, além de ficar mais fácil
de achar, vai se tornar mais
cara, pois será comercializada, terá impostos, encarecendo-a e fazendo aumentar o número de assaltos”.
A aluna de Artes Cênicas
Taline é totalmente a favor da
legalização. “A maconha não é
uma droga mais pesada que
o cigarro ou o álcool. Está na
hora da nossa sociedade crescer, só assim nós conseguiremos desmarginalizar a maconha e dar um duro golpe nos
traficantes.”
A grande discussão atualmente na parece que não ter
uma resposta.
O Arauto / jun-jul.09
pág.11
Andando
por “ela”
A “Marcha da Maconha
Brasil” (foto) é um movimento social, cultural e
político, cujo objetivo é
debater e quebrar a proibição hoje vigente no Brasil em relação ao plantio
e consumo da Cannabis
Sativa, tanto para fins medicinais como recreativos.
Eles também defendem
que o potencial econômico dos produtos feitos de
cânhamo (a fibra da planta) deve ser explorado,
especialmente
quando
isto for adequado sob o
ponto de vista ambiental.
Origem - A “ Marcha”
começou com o evento
World Marijuana March,
um movimento global iniciou a partir da movimentação, em 1999, da ONG
Cures not Wars (numa
tradução livre: “curas
ao invés de guerras”) de
Nova York. No primeiro
ano desta movimentação,
31 cidades se inscreveriam. Uma década após,
no ano de 2009, já fazem
parte das Marchas da Maconha em torno de 257 cidades no mundo todo. No
país a marcha ocorre desde 2007, onde apenas o
Rio de Janeiro participou.
O movimento se fortaleceu de tal modo que foi
mostrado este ano em telejornais de exibição nacional e constantemente é
motivo de debate ´´é apologia ao uso ou não?”.
O evento ocorre uma
vez ao ano. A discussão
conceitual e o posicionamento político em torno
das questões podem ser
verificados no site www.
marchadamaconha.org.
A Favor x Contra
descriminalização:
um ponto em comum?
A criminalidade está no
centra da questão dos dois
lados. Ambas causas acham que
a violência aumenta ou diminui
- dependendo do ponto de
vista -com a liberalização.
Um ministro no meio
nalizar, não estou me referindo à droga. Estou me referindo a
um comportamento humano, individual, que atinge o social. O
importante não é punir um comportamento. É corrigi-lo. Para
tanto, deve existir um programa eficiente de prevenção e de
educação para que a pessoa evite consumir essa ou qualquer
outra droga”.
Com relação ao álcool que é uma droga de maior impacto
social que a maconha, Elisandro Carlini diz não ser contra a
legalização “porque vivemos uma situação de fato em que seu
uso social é aceito”. A questão aqui parece ser “uso marginal”
ou “ser aceito socialmente”.
Sim, o cigarro e o álcool são legalizado e tem o consumo
consagrado socialmente. E são comprovadamente prejudiciais à saúde. Essa situação traz em contrapartida o debate
da legalização da maconha que tem o uso é criminalizado. A
sociedade se mostra dividida. Certas correntes defendem que
a maconha deve ser descriminalizada, mas não legalizada, enquanto outras defendem a legalização.
Em entrevista para o site do médico Dráuzio Varella, o especialista, Elisando Carlini, médico psicofarmacologista, que
trabalha no CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas, diz ser “totalmente contra o uso e a legalização
da maconha”. Ele lembra, porém, que é necessário distinguir
legalização de descriminalização. “Quando falo em descrimi-
O cientista social Marcos Magri é contra a ideologia proibicionista. Ele também é membro organizador da Marcha da
Maconha e em entrevista aO Arauto deu seu ponto de vista
sobre um possível processo de industrialização da erva como
ocorre com o cigarro.
“Sobre a possibilidade do processo de industrialização
tomar a frente em uma política para a maconha espero que
isso não ocorra. Eu acho que seria muito mais interessante
incentivar um consumo e plantio doméstico, de preferência
orgânico. A monocultura deve ser combatida e a agricultura
familiar também deve ser incentivada. Considerar criminosa
uma pessoa adulta que usa maconha como droga recreativa,
planta sagrada, medicamento ou para qualquer outro uso não
ajuda em nada na tarefa de mantê-la saudável ou de assegurar
seu bem estar e acesso a cidadania” analisa.
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Marcos Magri, um dos
organizadores da Marcha
foi questionado sobre a
participação do ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT), no evento
desse ano: “O fato do ministro Minc estar presente na Marcha do Rio de
Janeiro reforça uma idéia
que muitos políticos, juristas, advogados, pensadores e personalidades
tem a favo da cusa. Porém
,não conseguem manifestar pela pressão. Aparecer em eventos assim
custa muito para a carreira de um ator, de um músico, sabemos disso. Mas
também entendemos que
precisamos de um apoio
mais positivos da classe artística em geral. São
muitos os que defendem
pessoalmente, mas não
publicamente.”
Reciclagem e biodegradáveis:
não descarte essas ideias
Por Lígia Martin
Com tanta ênfase na substituição de combustíveis por
produtos alternativos, investimentos em produções ecologicamente corretas, formas
de geração de energia que
não agridam o meio ambiente, há uma outra questão que
está um pouco esquecida: os
produtos não biodegradáveis.
Produto biodegradável é
aquele que a natureza consegue decompor por meio de
ações biológicas naturais. Ou
seja, produtos não biodegradáveis são descartáveis que
não são decompostos pelo
meio ambiente. Demoram
centenas de anos para serem
absorvidos pela natureza.
com este material e as obras
estão expostas na faculdade.
“É um material de baixo custo. Todas as peças de jornais
recebem muito cuidado durante o acabamento. A folha
de jornal é um material frágil
e com este tipo de papel, os
alunos treinam também o refinamento estético”, comanta
a professora.
Questão de governo - Em
muitos países da Europa, a
legislação não permite embalagens não biodegradáveis.
Somente são utilizados produtos retornáveis. Talvez seja
essa a razão de estrangeiros
investirem no Brasil, pois é
um país com leis ambientais
mais brandas. Os brasileiros
O exemplo mais comum estão entre os maiores consudeste lixo é de origem domés- midores de embalagens plástica. Consiste em restos de ticas do mundo.
comida, papel, plásticos, latas, que depois de um tempo
Camadas de espuma origisão descartados em aterros nadas de dejetos industriais e
sanitários. Segundo o Insti- domésticos frequentemente
tuto Brasileiro de Geografia e estão presentes na superfície
Estatística (IBGE), o lixo do- dos rios. Isso ocorre porque
miciliar equivale a 125 mil as bactérias que degradam o
toneladas por dia.
material orgânico precisam
de oxigênio para trabalhar.
Muitos materiais que de- Quando há muito esgoto, não
veriam ser reciclados são sobra oxigênio para que as
descartados de forma errada. bactérias destruam os deterO exemplo mais conhecido é gentes e eles permanecem
a garrafa PET (originada do ativos. Após os detergentes
petróleo). Além de demora- passarem por corredeiras,
rem mais de 100 anos para se aparecem as espumas.
decomporem, são ainda um
problema para o saneamento
Outro problema a ser
público. Nas épocas de chuva, abordado são as questões soentopem bueiros por onde ciais. Pesquisas apontam que
deveria passar água, ocasio- um dos maiores problemas
nando as enchentes.
do lixo não biodegradável
está nas áreas onde a popuSacolinhas - O que antes lação não tem acesso a coleera considerado cortesia dos ta seletiva de lixo e o esgoto
supermercados agora é um é despejado a céu aberto.
problema: as famosas saco- “Esta deveria ser uma queslas plásticas demoram muito tão de interesse do governo,
para se decomporem. Anual- para que todos tenham acesmente, são consumidas em so ao saneamento básico”,
média 1 trilhão de sacolinhas afirma Rodrigo Legrazie,
em todo o mundo. O mais coordenador e professor
alarmante neste cenário é do curso de Engenharia
que a maioria destes produ- Ambiental do CEUNSP.
tos é consumida apenas uma “É preciso haver
vez e descartados como sacos c o n s c i e n t i z a ç ã o
de lixo, gerando também pro- das pessoas sobre
blema também para os ater- a
importância
ros sanitários.
da reutilização
dos materiais,
Lixo é luxo - Este é um di- mas também
tado que é representado cla- é
preciso
ramente no curso de moda exigir dos
do CEUNSP. Jornais velhos g o v e r n o s
são utilizados como matéria- que todos
prima: os estudantes fazem t e n h a m
moldes de roupas em mane- a c e s s o
quins. “É um treinamento à ao sanecriatividade dos alunos, que a m e n t o
depois aplicarão este apren- b á s i c o ,
dizado nas roupas que dese- proporcionharão futuramente”, explica nando tamFatiam Lúcia Cruz, professo- bém uma melhor
ra de Moda. Alunos do 1º se- qualidade de vida”, commestre estão trabalhando plementa Rodrigo.
Fonte de renda - Existe um outro
lado também: o que é lixo para alguns,
para outros é sobrevivência. No Brasil,
muitas pessoas vivem da coleta de materiais reciclados, que são vendidos para
empresas que lucram com o reaproveitamento da sucata. A reutilização de materiais descartados pode originar em vários
objetos úteis para o cotidiano.
Soluções - Para a questão das sacolinhas, enquanto o supermercado não oferecer recursos para a utilização de sacolas de
pano, parte da atitude de cada um fazer é levar a sua. É preciso que a população esteja
consciente que é preciso um mundo mais
limpo. Vale lembrar também que sacolas de
pano estão na moda.
“A solução para o material descartável
não é reciclar e sim reutilizar de outra forma criativa. Utilizar embalagens que fiquem menos tempo possível presentes
no meio ambiente. Também é preciso
a conscientização desde criança, para
que sejam informadas desde pequenas e melhorem o futuro”, finaliza
o professor. Acredita-se que os
pequenos serão os multiplicadores de opiniões e podem
passar informações adiante,
basta um pouco investimento para isso.
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Mauricio Bueno/O Arauto
MEIO-AMBIENTE
O Arauto / jun-jul.09
pág.13
te, estamos dentro dos efeitos
climáticos da La Niña, e este
é caracterizado pela maior
incidência de chuvas fortes
nas regiões Norte e Nordeste
do Brasil”. Assim como Wagner Silva, Hélio Rubens afirma “que o homem contribui
com isso, pois nossas cidades são redutos de impermeabilização do solo, o que
aumenta a quantidade de
água a ser carregada pelos
afluentes”.
mudanças climáticas extremas. Físicos russos afirmam
que as árvores são responsáveis pela distribuição dos
ventos e formação da chuva.
Segundo o ambientalista Hélio Rubens, essa teoria não
vai contra a meteorologia
convencional, pois soma os
dados meteorológicos com
as informações vindas das
florestas, ou seja ajuda a entender melhor o papel das
florestas dentro das mudanças climáticas. A “Bomba Bi-
Sul. Bastam serem mencionadas essas mudanças climáticas, que muitos argumentam:
“são efeitos do aquecimento
global”. Será?
Formado em Engenharia
Mecânica, mestre em Energia
e gerente da Divisão de Questões Globais da Companhia
Tecnologia de Saneamento
Ambiental do governo paulista, a Cetesb, João Wagner Silva
Alves diz que, na opinião dele,
essas mudanças são naturais,
“mas, já com conseqüências
da alteração da concentração de gases de efeito estufa
na atmosfera, provocada pelo
homem”.
O especialista dis que a interpretação se o dia vai ser
quente ou frio é mais simples
e precisa. Já a interpretação
de períodos chuvosos ou secos é mais difícil. Por isso, na
falta dessa informação mais
precisa, as causas são as que
vemos nos meios de comunicação: catástrofes, desabrigados e perdas na produção
agrícola, “que provocam elevação nos preços desses mesmos bens”. E ainda ressalta
que no Brasil devem ser esperados novos e intensos movimentos migratórios para os
próximos anos, devido aos
desabrigados pelas enchentes e secas.
O coordenador do curso de
Gestão Ambiental do CEUNSP,
Hélio Rubens, compartilha
da mesma idéia. Ele também
acha que essas mudanças climáticas desses últimos meses
são conseqüências de fenômenos naturais. “No presen-
Previsão ruim - Tanto
Wagner Silva Alves quanto
Hélio Rubens afirmam que
para as próximas décadas
espera-se elevação da temperatura, elevação do nível dos
mares, extinção de espécies,
frio intenso e fora de época,
degelo de regiões tradicionalmente congeladas e chuvas
intensas e fora de época. E segundo Hélio Rubens, para os
brasileiros, essa última trará
“conseqüentemente maiores
riscos de enchentes e deslocamentos das áreas de cultivo”. E aponta um exemplo:
“No passado o café era plantado no centro-oeste de São
Paulo, depois migrou para as
terras altas de Minas Gerais
e Planalto Oeste do Paraná.
Atualmente já se vê a possibilidade de plantio em Santa
Catarina”. Ele ainda completa
que poderá ocorrer “maior
variação térmica durante o
dia, como num deserto (dia
mais quente com noites mais
frias), aumento da desertificação de área, perdas de
áreas agricultáveis, aumento do preço dos alimentos e
dos combustíveis, já que nossa matriz de combustíveis é
dependente da agricultura”
lembra. Ou seja, “adaptações
serão necessárias e acontecerão”, declara Wagner Silva.
ótica é um efeito localizado,
restrito a áreas de dimensões
pequenas, mas é a soma de
pequenos eventos que causam as grandes calamidades”,
explica Hélio.
Wagner Silva lembra que
essa teoria não é recente e
também é conhecida como
“Rios Voadores”. Segundo o
site Planeta Sustentável, especializado nesse tipo de assunto, “os ventos alísios empurram a umidade vinda do
Atlântico para a Amazônia e
provocam chuvas na região.
Do total das chuvas, 25% alimentam os Igarapés, 25% são
retidos pelas folhas e 50%
são absorvidos pelas árvores
– esses últimos 75% voltam
para a atmosfera em forma
de vapor d’água, por meio da
evaporação e da transpiração.
Por Allan Guimarães
O que acontece
com o clima?
Giuliano Miranda/O Arauto
Monte Caburaí (AP) e Arroio Chuí (RS). Dois pontos
extremos do Brasil e climas
tão diferentes. Mas essas
duas regiões nunca apresentaram uma mudança tão extrema no clima, como a que
está acontecendo nos últimos
meses. Desde o início de abril,
as chuvas têm castigado as
regiões Norte e Nordeste do
país, enquanto a seca acaba
com as Cataratas do Iguaçu,
no Paraná, além de ressecar
plantações no Rio Grande do
RIOS VOADORES?
ENERGIA VINDA
DO TRÂNSITO
A
empresa
israelense Innowattech encontrou
uma maneira de produzir
energia a partir da pressão dos veículos no piso
“Nós podemos produzir
eletricidade em qualquer lugar onde haja uma estrada
agitada usando energia que
normalmente é desperdiçada”, explicou à agência britânica Reuters Uri Amit, presidente da Innowattech.
Recentemente foi divulgada uma nova teoria, chamada
Com uma equipe de 12
de Bomba Biótica. O estudo pessoas e o investimento priaponta que a destruição das vado de US$ 3 milhões, a emflorestas é responsável pelas presa pretende instalar gera-
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dores embaixo de calçadas,
malhas viárias e ferroviárias
capazes de armazenar energia a partir do movimento e
peso por meio do processo
de “piezeletricidade”. Assim,
quanto mais congestionado o
trânsito estiver, melhor.
Ligada ao Instituto de Tecnologia Technion de Israel, a
Innowattech deve implantar
o projeto a partir de 2010 nas
principais cidades do mundo,
começando pelas israelenses
e norte-americanas. A empresa trabalha atualmente
em um programa piloto para
instalar os geradores em shoppings e no metrô de Nova
York para captar a energia do
movimento de pedestres.
O professor Haim Abramovich, fundador da organização, explica que uma avenida
com menos de 1,6 quilômetro
(uma milha), quatro faixas e
por onde cerca de mil veículos circulam por hora pode
criar aproximadamente 0.4
megawatts de potência, o suficiente para alimentar 600
casas. No futuro, os cientistas
do projeto desejam aprimorar a tecnologia para armazenar mais energia e distribuíla em escala nacional.
O custo de implantação
atual dos geradores israelenses é de US$ 650 mil por quilômetro, o que equivale a US$
6,5 mil por kilowatt. Entretanto, o presidente da empresa, Amid, observa que o custo
deve cair 60% quando alcançarem a produção em massa,
tornando o sistema mais barato do que a energia solar.
Grandes empresas já demonstraram interesse no
empreendimento da Innowattech. A multinacional Mc
Donald’s, por exemplo, teve a
idéia de instalar o sistema em
suas filas, para que os consumidores gerem energia enquanto esperam para comer
um Big Mac. “Acredito que as
pessoas vão começar a pular
e dançar sabendo que ao fazer isso vão criar energia. Vai
ser bom para a saúde delas”,
defende Abramovich.
CONTRACULTURA
Em agosto, o festival de
Woodstock comemora 40
anos. Foi no “verão do amor”,
como ficou conhecido aquele
meio de ano de 1969 (agosto
é verão no hemisfério norte). Meio milhão de jovens
hippies, como vieram a ser
chamados, se reuniram num
festival que teve a duração de
três dias e a participação de
32 dos mais conhecidos músicos da época apresentaramse durante um chuvoso fim
de semana defronte a meio
milhão de espectadores. Os
organizadores estimavam um
público aproximado de 100
mil pessoas, mas 186 mil ingressos foram vendidos antecipadamente. No entanto,
mais de 500 mil compareceram, derrubando cercas e tornando o festival gratuito.
Época conturbada - Para
entender a importancia, é
preciso voltar no tempo. O
mundo, especialmente os Estados Unidos, passava por
tempos dificeis de guerra,
violência e desilusão. A década de 60 - a mais conturbada
do século XX - tinha a sensação de “e agora?” no ar. E é
nesse clima de fim de festa,
no último ano da década, que
o maior evento de música já
o festival não devia ser visto como algo comercial, que
envolviam contratos, montagem de palcos ou vendas de
ingressos. Woodstock deveria
ser um estado de espirito, um
Ingredientes - Já era pro- acontecimento que se tornagramado para ser o maior ria um ícone de uma geração.
festival musical de todos os
Grandiosidade - Os
tempos. Seu público alvo, os
jovens, foram atraídos pelos quatro jovens foram considesímbolos e frases consagra- rados loucos e pretenciosos
das pela contracultura. O pró- por intencionarem realizar
prio slogan do evento - três o maior festival de música
dias de paz e música - era já feito e reunir mais de 100
baseado na contracultura. O mil pessoas, mas o que aconslogan tinha o sentimento an- teceu foi que Woodstock sutiguerra, o conceito da Era de perou todas as expectativas
Aquárius (presente no musi- e se revelou um fenomeno.
cal “Hair”) e a intenção dos Os jovens foram até o local
organizadores de manter a e viram três dias de mentes
paz no evento. O festival foi abertas, amor livre, drogas e
idealizado e levado a cabo rock and roll (desagradando
por quatro jovens, Michael os mais conservatores). O fesLang, John P. Roberts, Joel Ro- tival gerou um dos piores engarrafamentos de Nova York,
senman e Artie Kornfeld.
mas não houve nenhum aciComo foi - Roberts e Ro- dente ou violência durante o
senman colocaram um anún- festival. Foi criada uma nação,
cio, no New York Times e no dentro de uma nação, reunida
Wall Street Journal (“Jovens por seus ideais e sua vontade
com capital ilimitado bus- de se divertir, embaladas ao
cam oportunidades de in- som de The Who, Jefferson
vestimento e propostas de Airplane, Jimmy Hendrix, Janegócios interessantes e ori- nis Joplin, Joe Cocker, Bob
ginais”). Lang e Kornfeld ti- Dylan e outros nomes da éponham as ideias interessantes ca. Enfim, Woodstock virou
e originais Kornfeld dizia que ícone da contracultura.
feito encontrou terreno fértil
para brotar. Woodstock aconteceu fora da zono urbana.
Motivo: dar enfâse ao clima
de “volta ao campo”.
Ame ou odeie
o livro da moda
Por Adriane Souza
Reprodução/Orkut
Por Valesca
Cotafava
Google images
40 anos de Woodstock
O Arauto / jun-jul.09
pág.14
Crepúsculo (Twilight) é o
título em português do primeiro livro da saga vampiresca escrita por Stephenie
Meyer. Segundo a autora, “poderia ser como qualquer outra história não fosse um elemento irresistível: o objeto
da paixão da protagonista é
um vampiro. Assim, soma-se
à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito
suspense, e o resultado é uma
leitura de tirar o fôlego - um
romance repleto das angústias e incertezas da juventude”. Porém, as opiniões sobre
esta história não são unânimes entre seus leitores.
Pró - Arthur César Leal
Numeriano de Sá, reside em
Recife/PE e é um dos moderadores da comunidade
‘Crepúsculo – Twilight Série’,
no site de relacionamentos
Orkut diz que:
“O livro destaca-se por não
ser convencional. Stephenie
Meyer desenvolve conceitos
próprios sobre os vampiros,
como o vegetarianismo dos
Cullens, que evitam se alimentar de sangue humano.
Mas o mérito de Crepúsculo está no diálogo honesto e
simples que estabelece com o
público adolescente. Em meio
ao modismo atual, Crepúsculo traz de volta o romantismo
e acerta em cheio ao explorar
as angústias e paixões da fase
mais atormentada da vida.”
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Contra - Já Arthur Davoglio Losquiavo, mora em Caxias do Sul/RS e faz parte da
moderação, no site de relacionamentos Orkut, da comunidade ‘Eu odeio Crepúsculo’, se
fundamenta também no blog
Twilight Haters Brasil para
defender a idéia de que “o livro Crepúsculo, de Stephenie
Meyer, promete um enredo
“inovador”, de um romance
proibido entre uma humana e
um vampiro. Romances entre
seres da noite e humanos são
comuns há anos. A própria
adaptação cinematográfica
de Drácula usa um romance
como pano de fundo. Não é
um livro bem escrito, mas milhares de pessoas compraram
e adoram. Bem, nada impede
que milhares de pessoas estejam erradas. Eu não recomendo esse livro para ninguém
que possua um senso crítico
um pouco desenvolvido”. Por
que? “Por se passar nos dias
atuais, o leitor poderia esperar algo diferente e talvez
gostar. Infelizmente, a autora
não colaborou para que isso
pudesse acontecer. Os personagens são estereotipados e
de personalidade rasa, quando não inexistente”, explica.
Os vampiros - Mitos que
surgiram em todos os cantos
do mundo, cada um com suas
variações. Mas todos têm uma
característica básica para serem considerados vampiros:
eles se alimentam da fonte de
vida humana. Exceto os vam-
piros de Meyer. Eles brilham
no sol, são lindos, perfeitos,
fortes, ágeis, mas não se alimentam de humanos.
Opinião 3 - A estudante
do 1º semestre se Jornalismo do CEUNSP, Natália Esteves, que reside em Indaiatuba, revela um ponto de vista
diferente:“Um romance vampírico que foge um pouco
das lendas que conhecemos,
mas não quer dizer que não é
bom. Acho que um dos objetivos da autora era despertar
o interesse de pessoas que
não se excitam com ficções
deste gênero. Não é certo fazer comparações com outras
obras, cada uma tem um enredo diferente.
Edward é romântico, atencioso, preocupado com o bem
estar da amada. Ele a ama e
nunca a odiou, apenas tinha
medo deste sentimento que,
em tantos anos de existência,
nunca havia surgido. Ele tinha
medo de perder todo seu auto
controle por desejá-la tanto
desde o início. Bella é esquisita e os garotos da escola se
apaixonam por ela devido ao
seu jeito diferente, por ela ser
novidade.
A série é teen, com personagens sobrenaturais é
suficiente para deixar muitas pessoas interessadas em
vampiros e apaixonadas pelo
inexistente. No Edward parece a Globeleza quando está no
sol, cheio de purpurina. Não
gostei”, comenta.
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Edição 7