A teoria estruturalista
da inflação
Notas de Aula
PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO
ECONOMIA MONETÁRIA I [A]
UFRGS
Bibliografia recomendada
Fernando de Holanda Barbosa (1983, cap. IV)
Oswaldo Sunkel (1958)
Eliana Cardoso (1980 a,b), PPE
Pérsio Arida (1981), Estudos Econômicos
Lopes e Rossetti (2005)
2
A Teoria Estruturalista da Inflação
Foi desenvolvida no final dos anos 1950 e inicio dos
anos 1960, na tentativa de explicar a inflação crônica
que vinha assolando os países da área desde a década
de 1930.
Dadas as particularidades de uma série de problemas
considerados estruturais, característicos dos países
latino americanos, a Cepal colocava em dúvida a
eficácia de medidas ortodoxas de inspiração monetária ,
destinadas ao combate da inflação nesses países, em
geral preconizadas pelo FMI.
3
Principais autores
Oswaldo Sunkel (1958)
Joseph Grunwald (1961)
Júlio Oliveira
Anibal Pinto
4
A Teoria Estruturalista da Inflação
O objetivo da escola estruturalista era construir uma
teoria da inflação que fosse adequada às características
dos países em desenvolvimento e que pudesse explicar
as altas taxa de inflação experimentadas por estes
países.
5
A Teoria Estruturalista da Inflação
A visão estruturalista da inflação afirma que a inflação
resulta de modificações estruturais na economia que
provocam mudanças nos preços relativos, as quais,
aliadas à rigidez de preços em alguns setores da
economia (principalmente no moderno setor industrial
oligopolizado cujos preços são fixados através de uma
regra de mark up segundo a qual se adiciona ao custo
unitário de produção uma margem bruta de lucro) e a
passividade monetária, levam a subida dos preços
absolutos.
6
A Teoria Estruturalista da Inflação
Segundo o enfoque estruturalista, a inflação não
resultaria de medidas inadequadas de política fiscal
e monetária, mas de limitações e inflexibilidades da
estrutura econômica surgidas no decorrer do
processo de desenvolvimento econômico.
Estas pressões por sua vez, são ratificadas e
ampliadas por determinados mecanismo de
propagação que asseguram a continuidade do
processo inflacionário.
7
A Teoria Estruturalista da Inflação
a) Básicas ou estruturais;
(i) estrangulamento da oferta agrícola;
Pressões inflacionárias
(ii) desequilíbrio no setor externo.
em uma economia
(iii) reduzida taxa de formação de capital.
em desenvolvimento
b) Circustanciais;
c) Cumulativas.
8
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
As pressões inflacionárias básicas representam a
principal causa da inflação e derivam basicamente da
incapacidade de determinados setores produtivos em
atender a modificações na demanda devido aos
funcionamento inadequado do sistema de preços e à
restrita mobilidade dos fatores de produção.
9
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
(i) o estrangulamento da oferta agrícola – ocorreria devido ao
aumento na demanda de produtos agrícolas em função da migração
urbano rural, do crescimento demográfico e das próprias
necessidades criadas pela industrialização.
A oferta, contudo, não cresceria no mesmo ritmo, limitada por
diversos fatores como a estrutura centralizadas da propriedade
agrícola e a dificuldade de ampliar as importações, devido as
dificuldades enfrentadas no setor externo [BP].
10
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
A inadequação entre a oferta e demanda agrícolas
requereria a elevação dos preços agrícolas, que iria
resultar num aumento no nível geral de preços, devido a
rigidez para baixo de alguns dos preços nominais,
principalmente naqueles setores oligopolizados da
economia que fixam seus preços com base num mark up
fixo sobre os custos variáveis.
11
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
b) desequilíbrio no setor externo – dado que a pauta de
exportações dos países latino americanos na época era
pouco diversificada e apoiada em poucos produtos
agrícolas, as oscilações nas cotações dos produtos
primários tornava a receita de exportações instável.
Por outro lado, as importações eram pressionadas pelo
processo de industrialização que necessitava de
insumos e produtos intermediários importados e pela
elevada elasticidade-renda da demanda por
importações.
12
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
O resultado do comportamento das importações e
exportações seria então um déficit na balança comercial
e, na ausência de um superávit de igual magnitude na
conta capital e um déficit no BP.
O reequilíbrio do setor externo requer que o preço dos
bens importados se eleve em relação ao preço dos bens
produzidos internamente. Esta alteração é obtida por
meio de desvalorizações cambiais e/ou restrições às
importações, que são reponsaveis por essas pressões
inflacionárias de natureza estrutural.
13
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias básicas
c) reduzida taxa de formação de capital - a insuficiência
dinâmica das economias latino-americanas não
conseqüência absorver os recursos humanos na
produção de bens e serviços que eram empregados no
setor de serviços, o que contribuiu para a ampliação da
demanda, enquanto que só marginalmente para o
aumento da produção constitui-se num terceiro fato de
pressão inflacionária básica.
14
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias circunstanciais
As pressões inflacionárias circunstanciais - são
produzidas por eventos como a elevação exógena nos
preços de produção importado e o aumento de gastos
públicos por razões políticas, além de desastres naturais,
guerras, revoluções, aumento dos preços das
importações e intervencionismo estatal exagerado.
15
A Teoria Estruturalista da Inflação:
as pressões inflacionárias cumulativas
As pressões inflacionárias cumulativas são aquelas
criadas e desenvolvidas pelo próprio processo
inflacionário, como por exemplo, as distorções no
sistema de preços e o aparecimento de expectativas
desfavoráveis com relação ao comportamento da
inflação, tais como:
(i) orientação dos investimentos;
(ii) expectativas;
(iii) produtividade;
(iv) luta distributiva.
16
A Teoria Estruturalista da Inflação:
os mecanismo de propagação
Segundo Sunkel (1958), as pressões inflacionárias só
gera um processo de permanente expansão monetária e
elevação de preços graças à atuação dos chamados
mecanismo de propagação.
No enfoque estruturalista, o conflito distributivo entre os
diversos grupos da sociedade e entre os setores público
e privado da economia é que se constitui no principal
mecanismo de propagação de elevação dos preços.
17
A Teoria Estruturalista da Inflação:
os mecanismo de propagação
Uma vez iniciado o processo inflacionário, os reajustes de salários e
preços, sancionado pela expansão monetária e creditícia
[pressuposto da moeda passiva] aliados ao sistema de
financiamento do déficit fiscal, são responsáveis pela sustentação
da inflação.
Segundo Grunwald (1961), os mecanismos de propagação são
aqueles que agravam o problema inflacionário e dele se nutrem,
sendo uma conseqüência da capacidade dos vários grupos e
setores da economia para defender suas rendas reais durante o
processo inflacionário.
18
A Teoria Estruturalista da Inflação:
os mecanismo de propagação
Segundo Barbosa (1983,p.122), os salários não se
constituiriam em uma causa da inflação, mas sim
num veículo pelo qual a inflação se transmite de um
período para o outro.
Quanto ao custo financeiro do capital de giro, este
depende da taxa de juros, que por sua vez depende
da taxa de inflação e do crédito associado à
quantidade de moeda.
19
A Teoria Estruturalista da Inflação:
os mecanismo de propagação
A visão estruturalista considera a moeda passiva. Esta
proposição pode significar uma das duas coisas:
(i) a quantidade de moeda é uma variável endógena
determinada pelo comportamento da renda nominal e
da velocidade-renda da moeda;
(ii) a velocidade-renda da moeda ajustar-se-ia às
variações da renda nominal e da quantidade de moeda ;
20
A Teoria Estruturalista da Inflação:
os mecanismo de propagação
Para Grunwald (1961, p.4), - A essência da tese
estruturalista é que só se pode obter a estabilidade de
preços através do crescimento econômico. As forças
básicas da inflação são de natureza estrutural. Os
fatores monetários podem ser importantes, mas apenas,
como instrumentos de propagação da inflação, a qual
neles não encontra, todavia, a sua origem. Admite-se
que seja fácil manejar a política monetária e que seus
efeitos sejam rápidos, contudo ela somente ataca os
sintomas, e, por conseguinte, não estanca a inflação.
21
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
(i) supõem-se que a economia esteja dividida em dois
setores: um agrícola, onde os preços são determinados
pelo livre jogo das forças de mercado e outro industrial,
onde os preços são determinados pela imposição de um
mark-up constante aos custos variáveis;
(ii) é assumido que a oferta de moeda seja passiva [cf.
Fernando de Holanda Barbosa (1983, p.121-122);
22
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
(iii) a taxa de inflação é uma média ponderada das taxa de
inflação dos setores agrícola e industrial:
 = a + (1-)i
Participação do setor
agrícola no índice de inflação
(1)
ou
 = i + (a - i) (2)
23
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
(iv) a estrutura de mercado do setor agrícola é
competitiva e os preços agrícolas são determinados
pelas forças de oferta e demanda;
24
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
(v) a taxa de inflação dos preços industriais é igual a
uma média ponderada da taxa de crescimento dos
salários [w], deduzida da taxa de crescimento da
produtividade [q], mais a taxa de crescimento dos
preços domésticos dos insumos importados []:
i =  (w – q) + (1- )
(2)
25
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
(vi) a taxa de crescimento dos preços domésticos dos
insumos importados é devido ao aumenta da taxa de
câmbio, que é reajustada pela inflação corrente, de modo
a evitar problemas na balança de pagamentos
decorrentes da antecipação das importações e
postergação das exportações e do aumento dos insumos
importados:
 = e +r (3)
e=
 =  + r (3’)
26
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
Substituindo-se (3’) em (2) e a equação resultante em (1’) chega-se a
equação (4):
 = (w-q) + [r (1- )/ ] + (/ ) (a -i)
(4)
A equação (4) nos mostra que a taxa de inflação é função do diferencial
entre as taxas de crescimento dos preços agrícolas e industriais [(a -i)].
Assim, qualquer aumento nas relações de troca entre estes dois setores
produzirá pressões inflacionárias de natureza estrutural.
27
Uma formalização da
teoria estruturalista da inflação
A inflação é afetada também pela taxa de crescimento
dos salários nominais e da produtividade da mão-deobra, bem como do aumento dos preços dos insumos
importados.
28
Avaliação da teoria
estruturalista da inflação
Embora seja escassa a evidência empírica relacionada às
proposições da escola estruturalista, não se pode negar
que esta salientou aspectos importantes da inflação em
países em desenvolvimento, especialmente na América
Latina, até então negligenciados no diagnóstico e na
formulação das políticas de estabilização inflacionárias.
29
O modelo estruturalista escandinavo
O modelo estruturalista escandinavo analisa o
processo inflacionários em economias pequenas,
abertas, industrializadas e com regimes de câmbio
fixo.
30
FIM
Download

Teoria da Inflação Notas de Aula