Manual formação pme
PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO
Índice:
1.
FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE
6
INTRODUÇÃO
6
2.
7
O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE
9
FACTORES DE COMPETITIVIDADE
9
DA PRODUTIVIDADE
11
GESTÃO DA PRODUTIVIDADE
14
SIGNIFICADO
3.
INTRODUÇÃO
14
MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO
15
PRODUTIVIDADE ENERGÉTICA
18
PRODUTIVIDADE EM SERVIÇOS
21
OUTROS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE
21
INDICADOR DE PRODUTIVIDADE REAL
22
ÍNDICES DE VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE
22
4.
TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
24
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA
24
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES
24
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO UNITÁRIA
25
PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO
25
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA
25
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES
26
FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO
28
CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS
28
TIPOS DE ACTIVIDADES
29
OPERAÇÕES
29
CONTROLO OU INSPECÇÃO
30
TRANSPORTES
31
ARMAZENAGEM TEMPORÁRIA OU ESPERA
31
ARMAZENAGEM PERMANENTE
31
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
2/116
5.
FACTORES DE PRODUTIVIDADE
33
RECURSOS HUMANOS
33
PLANEAMENTO
33
RECRUTAMENTO
34
ANÁLISE DE FUNÇÕES
35
FORMAÇÃO
36
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
37
REGISTO E MANUTENÇÃO DE INFORMAÇÕES
39
ROTAÇÃO DE PESSOAL
39
ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT
41
O TRABALHO E ERGONOMIA
41
POSTO DE TRABALHO
41
PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DE MOVIMENTOS
42
1- USO DE MÚSCULOS ADEQUADOS
42
2.- MÃOS E BRAÇOS
43
3 - MOVIMENTOS CURVOS
44
4. LANÇAMENTOS
44
5. RITMO
44
6. ZONAS DE TRABALHO
46
7. ALTURA DO POSTO DE TRABALHO
47
8. UM LUGAR PARA CADA COISA
47
9. OBJECTOS EM ORDEM
48
10. USO DA FORÇA DA GRAVIDADE
48
11. FERRAMENTAS
49
12. FERRAMENTAS COMBINADAS
49
13. ACESSÓRIOS INTELIGENTES
50
FACTORES AMBIENTAIS
50
TRABALHO EM TEMPERATURAS ELEVADAS
50
TRABALHO EM BAIXAS TEMPERATURAS
51
AMBIENTE ACÚSTICO
52
DEFINIÇÕES
52
O RUÍDO
53
A INFLUÊNCIA DO RUÍDO NA SAÚDE E NO DESEMPENHO DO TRABALHADOR
55
FORMAS DE REDUZIR O RUÍDO NOS LOCAIS DE TRABALHO
56
ILUMINAÇÃO AMBIENTE
58
PRINCIPAIS GRANDEZAS DA ILUMINAÇÃO AMBIENTE
58
LUZ AMBIENTE
59
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA OS AMBIENTES DE TRABALHO
61
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
3/116
QUALIDADE DO AR
63
CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS
63
HIGIENE E SEGURANÇA
66
DEFINIÇÕES
66
ACIDENTES DE TRABALHO
67
FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA
70
FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA
70
AS PERDAS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
71
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
73
TRABALHO DO HOMEM
76
SIMPLIFICAÇÃO DE TAREFAS
77
MÉTODO DE TRABALHO
78
ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
81
EQUILÍBRIO DA CAPACIDADE E DO FLUXO
81
TAXA DE UTILIZAÇÃO DE UM POSTO DE NÃO ESTRANGULAMENTO
81
TAXA DE UTILIZAÇÃO DOS POSTOS DE ESTRANGULAMENTO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO
82
REGRAS IMPORTANTES A SEGUIR
83
ANÁLISE DE LAYOUT (ARRANJO FÍSICO)
83
PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE LAYOUT
87
FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO
90
6.
PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO
95
DESPERDÍCIOS
95
REFUGO
96
REPROCESSO
97
GESTÃO DE UTILIDADES
98
CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS
98
7.
INOVAÇÃO
99
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
99
INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO
100
PRODUÇÃO ÁGIL ( AGILE MANUFACTURING )
101
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING
102
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING
104
KAIZEN
106
INTRODUÇÃO
106
AS REGRAS DE OURO DO GEMBA
106
5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA
108
COMO ELIMINAR O DESPERDÍCIO
109
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
4/116
O PAPEL DOS SUPERVISORES
110
CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC
111
CONCEITO DO TQC
112
DIMENSÕES DA QUALIDADE
112
8.
114
CONCLUSÕES
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
5/116
1. FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE
INTRODUÇÃO
A função produção, entendida como o conjunto de actividades que levam à
transformação de um bem em outro com maior utilidade, acompanha o
homem desde sua origem. Quando polia a pedra a fim de a transformar em
utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico
executava uma actividade de
produção.
Nos milhares de anos que se seguiram , o homem evoluiu e as suas
actividades e necessidades tornaram-se cada vem mais vastas e complexas ,
auxiliadas pelo desenvolvimento de ferramentas e métodos de produzir cada
vez mais sofisticados .
No inicio do século XX ,
Henry Ford cria a linha de montagem em série,
revolucionando os métodos e processos produtivos
até então existentes. Surge então o conceito de
produção em massa, caracterizada por grandes
volumes de produtos. Esta metodologia de fabrico
trouxe consigo princípios inovadores relacionados
com a melhoria da produtividade por meio de
novos
conceitos
e
técnicas
de
gestão
das
actividades , como :
•
linha de montagem;
•
posto de trabalho;
•
stoks intermédios;
•
arranjo físico ou Layout;
•
balanceamento de linha;
•
produtos em curso de fabrico;
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
6/116
•
controlo de tempos de fabrico ;
•
manutenção preventiva;
Neste contexto , é dada grande importância ao conceito de produtividade,
explicado como :
2.
a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processos
de fabrico, com o objectivo de se obter a melhor e maior
produção com o menor custo possível.
Esta procura ainda hoje é o tema central em todas as empresas, mudando-se
apenas as técnicas utilizadas.
A análise da relação entre o que é produzido (carros , sapatos , livros ,
transportes , receitas , etc) e o que é consumido (matérias-primas, mão-deobra, energia, capital, instalações, etc), corresponde á medida que permite
quantificar a produtividade, que sempre foi o grande indicador do sucesso ou
fracasso das empresas.
Pr odutividade =
Pr odução
Consumo
A produção em série é responsável pelo grande
aumento da produtividade e posteriormente da
qualidade com a obtenção de produtos mais
uniformes, devido á padronização e aplicação de
técnicas de controle da qualidade.
O conceito de produção em massa e as técnicas produtivas dele decorrentes
predominaram nas fábricas até meados da década de 60, quando surgiram
novas técnicas produtivas , destinadas a aumentar a eficiência dos processos
de fabrico e a sua flexibilidade
, promovendo entre outros , os seguintes
conceitos:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
7/116
•
just-in-time
•
células de produção;
•
robotização
•
qualidade total
•
certificação
Ao longo desse processo de modernização da produção, cresce em importância
a figura do consumidor, em nome do qual tudo se tem feito.
Pode-se dizer que a procura da satisfação do consumidor é que tem levado as
empresas a se actualizar em com novas técnicas de produção, cada vez mais
eficazes, eficientes e de alta produtividade.
É tão grande a atenção dispensada ao consumidor , que este, em muitos
casos, já especifica em detalhes o "seu" produto, sem que isso atrapalhe os
processos de produção do fornecedor, que para tal tem de melhorar a sua
flexibilidade.
Assim,
estamos
de
novo
a
caminhar
para
a
produção
personalizada , que, sob certos aspectos, constitui um "retomo ao artesanato"
sem a figura do artesão, que passa a ser substituído por fábricas e serviços
sofisticados .
Actualmente é o sector de serviços que emprega mais pessoas e gera maior
parcela do produto interno bruto na maioria das nações do mundo. Desta
forma, passou-se a dar ao fornecimento de serviços uma abordagem
semelhante à dada à fabricação industrial.
Uma empresa moderna e inserida na actual economia global , é a que está
voltada para o cliente, sem perder a característica de empresa eficiente, com
indicadores de produtividade que a colocam no topo entre seus concorrentes,
em termos mundiais, objectivo só atingido com a procura incessante de
melhorias.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
8/116
O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE
O que significa para uma empresa ser competitiva? A resposta a essa pergunta
tem sido objecto dos mais variados estudos, e muito ainda será dito e escrito
sobre o tema . Contudo poderemos dizer que :
ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais
fabricantes
e/ou
fornecedores
de
um
produto/serviço
num
determinado mercado
Essa capacidade de competir normalmente varia ao longo do tempo e não são
raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e são expulsas do
mercado.
À medida que crescem as vantagens competitivas de uma empresa, aumenta
sua parcela do mercado. Assim, em uma situação normal de mercado aberto,
uma empresa só sobrevive enquanto mantém alguma vantagem competitiva
sobre
seus
concorrentes,
e
um
dos
factores
que
mais
influencia
a
competitividade é a produtividade , que constitui por si só , um dos principais
factores que determinam o sucesso das empresas e dos países .
FACTORES DE COMPETITIVIDADE
O sucesso da actividade de uma empresa é moldado por um conjunto de
factores que importa dominar para a boa gestão dos seus recursos e
consequente melhoria da sua competitividade.
•
Custos. A produção de um bem e/ou serviço ao menor custo possível é
um objectivo permanente de toda e qualquer organização. A dimensão
custo, que pode traduzir-se no menor preço de venda, é o grande factor
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
9/116
decisório do consumidor. Não há dúvida que uma estratégia de redução
de custos terá enorme impacto na vantagem competitiva.
•
Qualidade. A melhoria contínua da qualidade foi o grande trunfo das
empresas japonesas na conquista de mercados cada vez maiores e mais
sofisticados. A dedicação de esforços na área da qualidade dos
produtos/serviços tem um duplo efeito no aumento da vantagem
competitiva, pois está demonstrado que a melhoria da qualidade, ao
contrário do que sempre se imaginou, resulta muitas vezes na redução
de custos de produção.
•
Prazos de entrega, Quanto menor o prazo de entrega de um
produto/serviço, tanto mais satisfeito ficará o consumidor. Além disso,
quanto menor o prazo de entrega, tanto menores serão os Stocks
intermédios , os espaços necessários e os seus custos relativos.
•
Flexibilidade.
É
a
capacidade
que
a
empresa
deve
ter
para
rapidamente se adaptar às mudanças do mercado devendo ser ágil na
adaptação dos seus produtos às novas exigências do consumidor.
Quanto mais flexível e rápida for, mais cedo chega ao mercado com uma
solução ou inovação tirando partido de ser o primeiro no mercado .
•
Inovação. É a capacidade da empresa se antecipar às necessidades dos
consumidores. A empresa americana 3M tem por característica sua
capacidade inovadora, o que tem lhe dado grande vantagem competitiva
em relação aos seus concorrentes.
•
Produtividade. É uma dimensão que deve estar presente em todas as
acções da empresa, sob pena de perder competitividade e é resultado
da combinação dos factores anteriores .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
10/116
A produtividade de uma Empresa , é assim obtida a partir da sua
capacidade de inovar, da sua flexibilidade, da qualidade obtida e da redução
dos seus custos .
Em resumo a Produtividade é a resultado da melhor ou pior gestão dos
recursos de uma qualquer actividade , pelo que a optimização dos mesmos
deve ser uma prioridade de qualquer forma de gestão .
SIGNIFICADO DA PRODUTIVIDADE
A produtividade é tema importante para gerentes e supervisores, em qualquer
nível da organização. Como se referiu antes o aumento da produtividade
fornece os meios para a redução dos preços, aumento dos lucros, segurança
do trabalho e maiores salários.
Na maior parte dos casos o aumento de produtividade requer mudanças na
tecnologia, na qualidade ou na forma de organização do trabalho, ou em todos
estes factores no seu conjunto.
Entre outros podem ser citados alguns factores que determinam ou influenciam
a produtividade:
✓
Relação capital-trabalho, ou seja, o nível de investimentos em
relação à mão-de-obra empregada. A tendência cada vez maior é o
de emprego de linhas automatizadas.
✓
Escassez
de
alguns
recursos,
como
por
exemplo
energia
eléctrica: ocasiona o aumento deste custo de produção.
✓
Mudanças
na
mão-de-obra,
decorrentes
de
alterações
de
processos produtivos, onde é necessário pessoal com maior grau de
formação e adaptabilidade .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
11/116
✓
Inovação e Tecnologia, são os grandes responsáveis pelo
aumento da produtividade .
✓
Restrições Legais, têm imposto limitações a certas empresas,
forçando-as a implantarem equipamentos de protecção ambiental,
com impactos na produtividade.
✓
Factores
de
Gestão,
relacionados
com
a
capacidade
dos
administradores em se empenharem em programas de melhoria de
produtividade das suas empresas.
O termo produtividade é hoje exaustivamente usado não só nas publicações
especializadas como também no dia-a-dia da empresa. O termo produtividade,
foi utilizado pela primeira vez, num artigo do economista francês Quesnay, em
1766. Decorrido mais de um século, em 1883, outro economista francês,
Littre, usou o termo com o sentido de “capacidade de produzir”. Entretanto,
somente no começo deste século o termo assumiu o significado da relação
entre o produzido (output) e os recursos empregues para o produzir
(input).
Em 1950 a Comunidade Económica Europeia apresentou uma definição formal
de produtividade como sendo
o quociente produzido pela divisão do produzido (output) por um
dos factores de produção
Dessa forma, pode-se falar da produtividade do capital, das matérias-primas,
da mão-de-obra etc.
Dependendo de quem defina produtividade ( economista, gerente, político,
líder sindical, engenheiro de produção etc ) esta pode ter diferentes definições.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
12/116
Contudo uma análise cuidadosa leva a duas definições básicas:
Produtividade parcial: é a relação entre o produzido, medido de
alguma forma, e o meio de produção utilizado.
Assim, a produtividade da mão-de-obra é uma
medida de produtividade
parcial. O mesmo é válido para a produtividade do capital
Produtividade total: é a relação entre o output total e a soma de
todos os meios de produção (Input)
Deste modo o significado de produtividade
reflecte o impacto conjunto de
todos os factores na produção do output (Produto ou serviço final)
Determinar a PRODUTIVIDADE PARCIAL da mão-de-obra de uma empresa
que facturou 73 milhões de Euros em certo ano fiscal no qual os 372
colaboradores trabalharam em média 180 horas/mês.
Horas totais de trabalho = 372 funcionários x 180 horas = 66960 horas
Produtividade = 73 000 000 € / 66960 = 1090 € / hora de trabalho
Determinar a PRODUTIVIDADE TOTAL da empresa do exemplo anterior
sabendo-se que incorreu em custos de 71 milhões de Euros , referentes a
todos os recursos utilizados na sua actividade.
Produtividade = 73 000 000 € / 71 000 000€ = 1,028
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
13/116
3. GESTÃO DA PRODUTIVIDADE
INTRODUÇÃO
O estudo sistemático da produtividade já faz parte dos processos de gestão de
várias empresa , como forma de medirem os seus desempenhos , detalhando
por vezes esta medida, para as áreas de Serviços , Financeira e Produção.
Avaliar
a
produtividade
e
compará-la
com
a
de
outras
empresas
(benchmarking), concorrentes ou não, tornou-se um igualmente um acto de
gestão importante para os gerentes preocupados com o futuro da empresa e a
sua posição no mercado .
A qualquer instante uma empresa envolvida num programa de melhoria da
produtividade estará num dos quatro estágios ou fases:
1. medida
2. avaliação
3. planeamento
4. melhoria
A produtividade deve ser medida através da definição de métodos adequados,
utilizando dados já existentes ou recolhendo dados novos para o efeito . Estes
dados devem reproduzir e representar fielmente os factores de actividade da
Empresa como :
Horas de trabalho , remunerações , Custos de materiais e matérias primas ,
valores facturados , valores recebidos , quantidades produzidas e vendidas etc
Estes valores devem estar associados a um mesmo período de avaliação
(Semana , mês , Ano)
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
14/116
Com os dados recolhidos e tratados , podem-se calcular os valores da
produtividade (parciais ou totais) , de acordo com a realidade da empresa .
A partir dos níveis identificados, e das comparações realizadas, podem-se
planear níveis a serem atingidos, tanto a curto quanto a longo prazo.Esta
planificação tem subjacente um trabalho de análise de processos menos
produtivos , para elaboração de medidas de melhoria da produtividade .
Redução de encargos financeiros , redução de tempos mortos , redefinição dos
fluxos de produção , adjudicação externa de serviços não essenciais , etc
Elaborado o planeamento com a devida fixação de objectivos de melhoria ,
resta passar à acção, introduzindo as melhorias propostas, fazendo as
verificações necessárias e realizando novas medições da produtividade para a
sua monitorização.
A gestão da produtividade é um processo formal de gestão,
envolvendo todos os níveis da administração e colaboradores,
com o objectivo último de reduzir custos de manufactura,
distribuição e venda de um produto ou serviço, através da
integração das quatro fases do Ciclo da Produtividade, ou seja
medida - avaliação - planeamento - melhoria
MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO
Quando falamos em produtividade, há que distinguir os diferentes termos em
que
pode
ser
trabalho(número
expressa
de
,
unidades
como
no
produzidas
caso
por
da
produtividade
hora
de
trabalho)
do
ou
produtividade do capital(o capital inclui capital ,máquinas, terras, edifício e
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
15/116
em que a produtividade se mede pelo aumento da produção com o mesmo
capital).
Em qualquer destes casos, estamos a referir a produtividade parcial em que se
considera
apenas
um
factor
como
input.
Quando
referimos
todos
os
inputs(produtividade do trabalho e a de capital) temos a produtividade total
dos factores.
Saídas ou Outputs
Constituem os resultados obtidos e podem ser aferidos pelas seguintes
medidas:
Quantidade de
produção
número de produtos produzidos por uma
empresa
ou
o
número
de
serviços
prestados
Valor da
valor das vendas do produto ou serviço
produção
prestado, durante um dado período
traduz o resultado das vendas de uma
Valor adicionado empresa
menos
os
valores
pagos
fornecedores e/ou terceiros
Consumos ou Inputs
Recursos necessários para produzir mercadorias ou serviços. Podem ser:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
16/116
a
Quantidade de
trabalho
Quantidade de
capital
reflecte o número de horas de trabalho ou
o número de empregados número de
reflecte o valor de utilização das máquinas
e instalações ou aquilo que se gasta para
produzir
Aumentar a produtividade NÃO SIGNIFICA que os trabalhadores
tenham de trabalhar mais horas; uma alta produtividade passa por
uma eficiente organização dos processos de produção e de trabalho e
uma constante formação profissional dos trabalhadores
Os processo de medida da produtividade mais indicados utilizam indicadores
que permitem avaliar as variações, ao longo do tempo, de uma grandeza não
susceptível de medida directa.
Assim a produtividade na empresa pode ser avaliada através dos indicadores:
Produtividade total (PT): é a relação entre a medida do output
gerado entre dois instantes i e j, a preços do instante inicial, e a
medida do input consumido entre os dois instantes i e j, a preços
do instante inicial.1
PT =
OI
CI
em que
C = total de bens consumidos
O = Total dos bens produzidos
1 Os preços devem ter a mesma base de referência, podendo ser tanto o instante i como j (ou qualquer outro). , reportando-se á
totalidade dos recursos usados na actividade .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
17/116
A produtividade é, pois, uma avaliação efectuada entre dois instantes no
tempo , fazendo sentido falar em produtividade no dia, no mês, no ano. Por
outro lado , a variação da produtividade é avaliada entre dois períodos,
consecutivos ou não.
Produtividade parcial do trabalho (Pm) (ou da mão-de-obra):
é a relação entre o output total no período, a preços constantes, e o
input de mão-de-obra no mesmo período, a preços constantes.
Pm =
OI
em que
MI
M = total de Mão de obra usada (Horas ou trabalhadores)
O = Total dos bens produzidos
Há duas variantes da medida que relaciona produto com o factor de produção
trabalho. A primeira divide o produto (ou um índice de produção) pelo número
de trabalhadores envolvidos na produção (ou pelo índice a ele relacionado). O
inconveniente de tal medida é que ela não considera o tempo de trabalho
despendido por cada um dos trabalhadores.
Assim, um mesmo número de trabalhadores trabalhando por mais tempo seria
interpretado como um aumento da produtividade ao invés de um aumento no
uso do trabalho.
Para se evitar esse problema, procura-se utilizar a segunda variante: a razão
entre o produto e o número de horas trabalhadas (homens-hora).
Pr =
Y
H
onde,
Y é a quantidade produzida do bem e
H é o número de horas trabalhadas ou horas pagas.
Produtividade energética
Uma segunda medida de produtividade também de fácil construção é a
produtividade do factor energia, ou seja, a relação entre o produto e o
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
18/116
consumo de energia. Dado que a energia é a principal força motriz nos
processos de produção, este índice mede o desempenho técnico destes
processos.
Pr =
Y
CE
Y é a quantidade produzida do bem e
CE – Consumo de Energia (Kwh)
No caso de actividades que utilizem outros tipos de energia (Gás , Fúel ,etc)
de maneira predominante, deve-se substituir o consumo de energia eléctrica
da equação pelo consumo da fonte de energia utilizada.
Utilizando-se uma
medida comum de energia, a tonelada equivalente de petróleo – tep, por
exemplo, é possível se combinar o consumo energético de fontes diferentes. A
esta medida poderemos igualmente chamar consumo especifico de energia
A Produtividade energética (Consumo especifico) , constitui
uma das melhores medidas do desempenho de uma actividade ,
valor que pode ser comparado com os índices de regulamentados
para a actividade em causa
2
.
Taxa de Produção em quilogramas por hora:
Representa o peso médio (em Kg) produzido no intervalo de uma hora. O
cálculo é feito dividindo-se o peso obtido em cada máquina pela diferença
entre o horário final e o horário inicial de produção .
2
Consultar o Regulamento de Racionalização dos Consumos de Energia da Direcção Geral de Energia
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
19/116
No mês de janeiro de 1996 a empresa ABC produziu 1.330 unidades do
produto Z, com a utilização de 818homens/hora. No mês de fevereiro,
devido ao menor número de dias úteis, produziu 1.180 unidades, com a
utilização de 780 homens/hora. Determinar a produtividade total nos meses
de janeiro e fevereiro e sua variação.
Pm Janeiro = 1330 peças / 880 homens
= 1,511 peças / Hm
Pm Fevereiro = 1180 peças / 780 homens = 1,513 peças / Hm
Variação da Produtividade = PmFev – PmJan = 1,513 – 1,511 =
0,003un/Hm
Uma indústria de cartão ondulado produziu, em 1989, 240000 de toneladas
com o emprego de 1570 empregados. Em 1994 produziu 290000 ton com o
emprego de 1390. Determinar as produtividades em 1989 e 1994
Pm 1989 = 240000 ton /1570 homens
Pm 1994 = 290000 ton / 1390 homens
= 153 ton / Hm
= 208 ton / Hm
Variação da Produtividade = 208 – 153 =55 ton/ hm
Produtividade parcial do capital(Pc) : é a relação entre o output
total no período, a preços constantes, e o input de capital no
mesmo período, a uma taxa de retorno constante
Produtividade parcial dos materiais (Pi): é a relação entre o
output total no período, a preços constantes, e o input dos
materiais intermediários comprados no período, a preços constantes
Uma industria utiliza água no seu processo industrial, e o consumo histórico
tem sido de 0,88 litro por 1.000 unidades produzidas. Uma melhoria no
processo industrial reduziu o consumo para 0,84 litro por 1.000 unidades.
Determinar a produtividade antes e depois da alteração e sua variação
Pi 1 = 1000 un / 0,88 L
Pi 2 = 1000 un / 0,84 L
= 1136 un / L
= 1190 un / L
Variação da Produtividade = 1190 – 1136 =60 un/ L
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
20/116
Produtividade em Serviços
Exemplos de medida de produtividade para serviços , podem ser dados por :
Produtividade diária por doca (em Kg/doca.dia):
Representa a taxa diária de carregamento numa doca, ou seja, quantos
quilogramas foram movimentados em cada doca num dia. O cálculo é feito
dividindo-se o total carregado num dia (em Kg) pelo número de docas em
operação nesse dia.
Produtividade dos empilhadores (kg/hora.empilhadores):
Representa o peso (em Kg) movimentado por cada empilhador no intervalo de
uma hora. É calculado dividindo-se o total diário carregado (em Kg) pelo
produto entre o número de empilhadores e o total de horas de utilização por
dia
Outros Indicadores de Produtividade
PTF = produtividade total de uma firma = output total da firma
input total da firma
TTi = produtividade total do produto i = output total do produto i
input total do produto i
Txi
=
produtividade parcial do produto i com relação ao input do
factor j
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
21/116
Tx = Output do Produto
Input do Produto
Indicador de produtividade real
Para ambos os casos citados anteriormente, é possível construir um indicador
que leve em consideração as unidades perdidas no processo produtivo, assim
como o retrabalho. Assim sendo, esse indicador forneceria uma medida mais
adequada da produtividade dos factores de produção.
PRT =
(1 + P!) /(1 + P1 + P 2) Y
*
CM
1 + P1 * r
onde,
p1 é a fracção de produto que necessita de retrabalho;
p2 é a fracção de produto que não pode ser aproveitada;
r é a taxa de consumo de materiais para um produto que necessita
de retrabalho;
Y é a quantidade de bem produzida; e
CM é o montante de MATERIAL utilizado.
Índices de variação da Produtividade
A par da medida da absoluta da Produtividade , podem-se compara valores e a
sua variação , a partir de índices de variação da produtividade
.Define-se o
índice de variação da produtividade total da firma, no período t, como:
(IPTF)t =
PTFt
PTFo
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
22/116
Similarmente, o índice de variação da produtividade total do produto i, no
período t (entre os momentos a e b), (ITx)it, é dado por:
(ITx)it =
Txb
Txa
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
23/116
4. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
Antes de abordarmos com maior detalhe os factores de influencia da
produtividade
,
será
útil
apresentar
as
formas
e
características
mais
importantes dos tipos de organização das actividades de fabrico , para a
melhor identificação do relacionamento entre os diferentes meios de produção
necessários á obtenção de um artigo ou serviço .
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA
É caracterizada por elevado volume de produção
durante
longos
períodos,
com
poucas
mudanças
tecnológicas ou de especificações . Podemos considerar
processos contínuos e discretos:
Processos
contínuos
envolvem
matéria-prima,
alimentada
contínua e regularmente , embora com características variáveis
dentro de um dado limite; Nos processos contínuos o produto flui
continuamente; trata-se do processo tecnológico mais eficiente,
mas pouco flexível.(Petróleo , Cimento , Papel , Químicos, etc)
Processos
individuais
discretos
de
envolvem
produto,
tais
a
como
produção
frigoríficos
de
,
unidades
sapatos
componentes electrónicos..
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES
O mesmo equipamento é utilizado para produzir vários
produtos sendo a produção programada de forma cíclica.
Podemos considerar três tipos de produção em lotes:
9 Produção em longos lotes com montagem diferenciada.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
24/116
ou
9 Produção em longos lotes com pouca variedade na montagem.
9 Produção em pequenos lotes.
TECNOLOGIA
DE
PRODUÇÃO
UNITÁRIA
Caracterizada
pela
produção
de
reduzida
quantidade de produtos e muito diversificados.
Podemos considerar três tipos de produção
unitária:
✓
✓
✓
Produção de equipamento especial.
Montagens tecnicamente complexas.
Produção de equipamento pesado
PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO
Podemos identificar em sistemas de produção, diferentes formas para
estruturação do fluxo de produção:
1. Fluxo de produção em linhas do tipo mão-de-obra intensiva.
2. Fluxo de produção em grandes lotes
3. Fluxo de produção em pequenos lotes.
4. Fluxo de produção em células do tipo tecnológico.
5. Fluxo de produção em células do tipo mão-de-obra intensiva.
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
25/116
Fluxo de produção em Linhas é utilizada em unidades industriais com elevado
volume de produção durante longos períodos e com poucas mudanças
tecnológicas.
O layout de produção é orientado por produto, sendo caracterizado por
elevada velocidade de produção. Utiliza equipamento dedicado à produção
específica de um conjunto particular de produtos. Diferentes postos de
trabalho são agrupados na linha de produção, tipicamente um posto de cada
tipo,
excepto
onde
postos
semelhantes
são
necessários para balancear o fluxo de produção.
investimento
especiais
em
pode
ser
equipamento
elevado;
e
O
ferramentas
frequentemente
os
tempos de ciclo de fabrico são inferiores a 10
minutos,
incluindo
tarefas
com
relativo
baixo
conteúdo.
Os componentes são concebidos para fluir por uma sequência de operações,
através de equipamento de movimentação como transportadores de corrente,
rolos ou tela. Os componentes deslocam-se pelos diversos postos de trabalho,
componente a componente ou peça-a-peça.
Um dos factores de maior importância para a boa gestão deste tipo de fluxo
produtivo , é o Balanceamento da Linha . Uma linha balanceada significa
que o tempo das operações realizadas nos diferentes postos de trabalho, é
sensivelmente o mesmo, de forma a reduzir o seu tempo de inactividade.
Trata-se de um sistema de fabricação normalmente pouco flexível, no
respeitante à variedade e ao volume de produção.
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES
No fluxo de produção por lotes, o mesmo equipamento tecnológico é
utilizado por variados produtos sendo cada produto programado de forma
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
26/116
cíclica. A característica que diferencia este sistema de fabricação, é a sua
capacidade para produzir uma
larga variedade de produtos, em lotes de grande, média ou reduzida dimensão
(mesmo unitária).
Unidades de produção em lotes são frequentemente
concebidas para responder a encomendas especiais dos
clientes; muitas indústrias de fabricação por lotes
fabricam para stocks de produtos acabados.
Os operadores/as necessitam de elevada capacidade técnica para realizarem
uma diversidade de tarefas. Verificam-se dificuldades em obter, neste tipo de
fabricação, elevados níveis de produtividade. Valores como 10% de tempo útil
de produção, num total de 8 horas de trabalho, são considerados correntes
neste tipo de fabricação.
Na fabricação por lotes
as
máquinas
ferramentas encontramse
funcionalmente
agrupadas,
com
o
de
acordo
processo
de
fabricação: todos os equipamentos duma mesma família agrupados na mesma
área funcional. A vantagem deste layout reside na sua capacidade para
fabricar uma larga diversidade de produtos.
Cada
componente,
sequência
possuindo
a
sua
própria
de operações, pode ser programada
através dos diferentes departamentos funcionais, na
sequência adequada. São concebidas Folhas de
Acompanhamento para controlar o movimento dos
materiais. Em geral empilhadores e transportadores
são utilizados para transportar os produtos de um
posto de trabalho para o seguinte.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
27/116
Quando o volume de produção aumenta, o sistema de produção em lotes
pode-se tornar bastante complexo de gerir, resultando em longos prazos de
processamento e elevados produtos em curso de fabricação. Lotes típicos de
dimensão média envolvem 50 a 200 unidades.
FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO
Trata-se de uma estrutura semelhante às linhas de produção, contudo
concebida para flexibilidade. A célula é frequentemente configurada na forma
de
U,
permitindo
aos
operadores/as
deslocarem-se
rapidamente
entre
máquinas.
SE
RE
SE
RE
TO FR
TO RE
TO
FU
TO RE
TO FR
FU RE
TO
FR
TO
FU FU
FU FR
CÉLULA 1
FU
CÉLULA 2
CÉLULA 3
CÉLULA 4
As máquinas na célula são normalmente automáticas de ciclo único, ou
semiautomáticas, desligando-se automaticamente no final do ciclo. As células
p ro d. acab ad o
m a te ria is
podem incluir todas as operações necessárias
à
2 min
POSTO 1
5 min
POSTO 2
2 min
1 min
POSTO 8
POSTO 7
POSTO 3
4 min
10 min
POSTO 6
POSTO 5
um
componente
ou
CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS
As máquinas são organizadas na sequência
de fabricação.
•
6 min
POSTO 4
de
subconjunto.
•
3 min
produção
As células são normalmente concebidas na
forma de U ou de C.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
28/116
•
O processamento na célula pode ser peça-a-peça ou em pequenos lotes.
•
Os operadores/as são treinados de forma a realizarem diversas
operações.
•
O tempo de ciclo na célula, pode ser regulado de acordo com as
necessidades dos clientes.
•
Os operadores/as operam frequentemente na posição de pé.
TIPOS DE ACTIVIDADES
Existem 5 tipos principais de actividades industriais que afectam o resultado
final da Produtividade :
1 - Operação
2 - Controlo ou inspecção
3 - Transporte
4 - Armazenagem temporária ou Espera
5 - Armazenagem permanente
OPERAÇÕES
As operações são as fases principais de um processo ou método. Em geral, a
peça, a matéria, ou o produto em causa, são modificados ou alterados durante
a operação. Uma operação pode ser igualmente um trabalho de preparação
para uma actividade que contribui para o acabamento do produto. Existem
dois tipos de operações:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
29/116
1. Operações que acrescentam valor ao produto
Normalmente transformam o material, mudando a
forma ou qualidade. Transformam componentes ou
produtos
e
aumentam
o
seu
valor
através
de
actividades como
•
Montagem
•
Preparação de matéria-prima
•
Estampagem de chapas de aço
•
Soldadura, pintura
2. Operações que não acrescentam valor ao produto
Tratam-se de operações como manutenção de equipamento, reparações de
defeitos,
preparação
de
equipamento
e
mudança
de
ferramentas, que fundamentalmente reduzem a eficiência e
a produtividade da unidade.
A
observação
percentagem
dos
da
postos
actividade
de
trabalho
que
indica
acrescenta
que
valor
a
ao
produto, é inferior ao normalmente esperado. Isto significa,
que os colaboradores devem transformar os movimentos em operações de
valor acrescentado; mover rápido e eficientemente, pode não conduzir a valor
acrescentado para o produto.
Controlo ou inspecção
Indica o controlo de qualidade, verificação de quantidade
ou leitura de painéis de controlo. O controlo não contribui
directamente para produzir o produto. Visa simplesmente
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
30/116
verificar se uma dada operação foi executada correctamente, do ponto de vista
qualitativo ou quantitativo.
Transportes
Representa a deslocação de colaboradores, matérias-primas ou materiais
acabados, de um local para outro. Existe transporte quando um objecto é
mudado de um lugar, salvo se a deslocação faz parte de
uma operação ou é efectuado por um colaborador no seu
posto de trabalho durante uma operação ou controlo.
Transporte significa que o material é deslocado por um
empilhador, por um empregado, por transportador de rolos ou por uma ponte
rolante.
Armazenagem temporária ou espera
Designa um atraso ocorrido no decorrer de uma série de acontecimentos,
como por exemplo:
•
Espera de trabalho entre duas operações; espera de um elevador.
•
Colocação de objecto de lado à espera de ser deslocado.
•
Caixotes à espera de serem abertos.
•
Peças soltas colocadas nos cacifos de armazenagem à espera de
serem controladas.
Armazenagem permanente
Designa uma armazenagem controlada na qual é requerida uma autorização
para que o material possa entrar ou sair do armazém. Existe armazenagem
permanente quando um objecto é conservado e protegido contra qualquer
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
31/116
deslocação não justificada. A diferença entre armazenagem permanente e
temporária reside no seguinte facto:
•
Armazenagem Permanente: Geralmente é preciso apresentar uma
requisição ou outra justificação para fazer sair um artigo do
armazém
•
Armazenagem
temporária:
Não
é
preciso
requisição
autorização para deslocar o material
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
32/116
ou
5. FACTORES DE PRODUTIVIDADE
Nesta secção , iremos abordar os factores e parâmetros relacionados com os
recursos produtivos que interferem com a produtividade no âmbito da
actividade de uma empresa , explicitando sempre que possível os aspectos de
potencial melhoria em cada caso .
RECURSOS HUMANOS
Os Recursos Humanos são a chave vital numa organização. São as pessoas
que fazem as organizações e que produzem pelo que a adequação e o
entrosamento desses recursos é determinante para o sucesso da organização.
A gestão de recursos humanos engloba vários pontos fulcrais comuns a á
maioria das empresas , como sejam :
9 Planeamento de recursos humanos
9 Recrutamento e selecção
9 Gestão documental
9 Processamento de salários
9 Definição de funções
9 Formação
9 Avaliação de desempenho.
9 Registo e manutenção de informações
Planeamento
O recrutamento de recursos humanos exige que se saiba previamente quem se
vai recrutar, quantos se vão recrutar e porque é que se vai recrutar. Ora isto
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
33/116
só é possível se existir uma acção de planeamento que determine as
necessidades da organização.
O planeamento consiste em fazer uma previsão das futuras necessidades, ter
conhecimento das mudanças que irão ter lugar, analisar a mão-de-obra
existente, e analisar as ofertas interna e externa de mão-de-obra. Para se
poder efectuar um bom planeamento deve-se ter conhecimento absoluto dos
objectivos
da
empresa,
e
conhecer
também
o
mercado
de
trabalho.
A previsão das futuras necessidades só é possível se :
9 Houver um perfeito conhecimento dos objectivos da empresa e
das mudanças que se irão verificar;
9 Existir um perfeito acompanhamento das movimentações de
pessoal no interior da empresa (e. transferências, baixas e
aposentações, promoções, etc.);
Recrutamento
O recrutamento consiste num conjunto de técnicas e métodos para atrair
candidatos. Uma organização recorre ao recrutamento sempre que se verifique
um défice de pessoal para desempenhar determinadas tarefas.
O
recrutamento
poderá
fazer-se
no
interior
da
organização, ou no exterior. Nalguns casos poderá
recorrer-se a outras técnicas para fazer face ao défice
de pessoal, procedendo a uma reorganização de
determinadas áreas da empresa onde se poderá
reduzir
o
pessoal
e
transferi-lo
para
os
locais
deficitários em recursos humanos.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
34/116
O recrutamento interno apresenta uma economia para a empresa e um
aproveitamento do investimento feito na formação, assim como possibilita
uma maior rapidez no preenchimento da vaga. A probabilidade de
escolher um candidato adequado é maior, uma vez que já se conhece o
seu perfil.
O recrutamento externo permite importar novos conhecimentos e
experiências para a organização. A formação não é necessária na maioria
dos casos, pois escolhem-se candidatos que já possuam a formação
adequada. É mais fácil incutir nos novos funcionários o que se
espera deles, já que não possuem certos hábitos existentes na organização (menor
produtividade inicia compensada com maior flexibilidade).
Após o recrutamento , o candidato deverá ser sujeito a um período
experimental nas funções que lhe forem atribuídas , durante o qual o mesmo
deverá ser acompanhado por monitor ou superior hierárquico , para a mais
rápida integração e consequente aumento de produção .
É muito importante que o candidato seja bem acompanhado nesta fase , para
aumentar a taxa de sucesso de incorporação de novos funcionários (e redução
da rotatividade) , pois em geral é perdido todo o investimento capital , tempo
e materiais consumidos durante a sua formação inicial .
Análise de funções
Para evitar perdas de produtividade por inadaptação do colaborador , é muito
importante o bom conhecimento dos quesitos de cada função a desempenhar .
Só depois deste passo , é que se deve proceder ao recrutamento do melhor
elemento para o lugar.
A análise de uma função é efectuada através de uma investigação sistemática
das tarefas e responsabilidades dessa função, assim como dos conhecimentos
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
35/116
e capacidades necessárias à função Obtemos assim um conjunto de tarefas e
responsabilidades que descrevem cada função e a distinguem das outras.
É necessário igualmente estabelecer o alcance de cada função a sua posição
hierárquica , as suas limitações, os recursos a atribuir e as actividades mais
significativas. Também se devem definir as condições de execução da função,
tais como ambiente, ruído, trabalho nocturno, deslocações, esforço físico, etc.
Os resultados esperados mais importantes também devem ser descritos. A
definição da função só estará concluída após terem sido efectuadas revisões,
correcções e ajustes, e finalmente a aprovação superior.
Formação
A integração pressupõe um período de adaptação e
de
aprendizagem.
A
adaptação
deve
ser
proporcionada por uma acção de acolhimento que
consiste
na
apresentação
da
estrutura
da
organização, das condições básicas de trabalho, dos
regulamentos e acordos em vigor, e das pessoas
com que se vai trabalhar, superiores, colegas e equipas de trabalho.
A aprendizagem pode tomar duas formas: treino e formação.
O treino serve para preparar o trabalhador a executar as suas tarefas.
Trata-se de uma forma de formação muito específica e determinada, que
normalmente é efectuada no próprio local de trabalho.
Devem-se
implementar
programas
de
treino
a
longo
prazo
,
pois
Operadores/as em novas tecnologias requerem formação permanente para
manter um elevado desempenho
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
36/116
A formação profissional pode e deve ser fomentada pela própria
organização, ou pode ser adquirida pelo próprio trabalhador no seu
interesse. A formação profissional difere do treino pelo seu conteúdo mais
geral e de acordo com os objectivos da organização.
A formação assume hoje um papel fundamental na melhoria da produtividade ,
pois existem frequentemente défices de competências técnicas ou funcionais
no desempenho das actividades de manufactura.
A formação para novas funções , deve ser programada com antecedência ,
para evitar situações em que o colaborador ocupa o lugar sem a devida
preparação , aumentando defeitos e perdas de produtividade .
Avaliação de desempenho
A avaliação de desempenho consiste na apreciação do comportamento dos
colaboradores na função que ocupam , através de uma análise objectiva dos
seus dados de produção e comportamento (Peças produzidas , nº de defeitos
horas trabalhadas , absentismo , funções desempenhadas etc)
e posterior
comunicação do resultado da avaliação.
Pretende-se que os resultados forneçam uma
ideia do nível de desempenho e que sirvam
para motivar o aumento de qualidade e da
produtividade , mecanismo por vezes associado
á atribuição de remunerações adicionais (prémios de mérito ou produção) . Os
resultados da avaliação podem ser igualmente utilizados para fundamentar
promoções , despedimentos ou mudança de funções .
Neste
sentido
é
preferível
que
o
método
de
avaliação
seja
apoiado
predominantemente em factores objectivos (peças produzidas , absentismo ,
flexibilidade etc)
contra factores subjectivos (avaliação da chefia) , para
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
37/116
aumento da transparência dos resultados e assim funcionar como factor real
de motivação dos colaboradores .
Exemplo de parâmetros de avaliação
1 - DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE REALIZADA
TAREFA / OPERAÇÃO
INICIO - FIM
PRODUÇÃO
OBJECTIVO
OBTIDA (PC/H)
(PÇ/H)
2 - ABSENTISMO
MÊS
HORAS
HORAS DE FALTA
HORAS DE FALTA
POTENCIAIS
JUSTIFICADAS
TOTAIS
% ABSENTISMO
TOTAIS
3 - AVALIAÇÃO DO FUNCIONÁRIO
PRODUTIVIDADE: Comparação entre a quantidade de trabalho apresentada e aquela que é esperada para a
função. Implica a consulta dos registos de produção.
… 1 - Não atinge valores relevantes de Produção.
… 2 - Produção inferior a 50% do valor médio.
… 3 - Produção superior a 50% e inferior a 80% do valor médio.
… 4 - Atinge a produção média (100%) definida para a função
…
5 - Ultrapassa com frequência a produção média (100%) definida para a função.
Observações:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
38/116
Registo e manutenção de informações
O departamento ou responsável de RH , deve manter ,
tratar e actualizar todas as informações relativas aos
colaboradores da empresa , providenciando igualmente
informações em tempo útil aos colaboradores , de forma a
evitar perdas de tempo em deslocações dos funcionários
ao departamento .
A organização da gestão dos RH , deve ter em conta que deve ser evitado a
todo o custo a saída do funcionário do seu posto de trabalho para resolução de
problemas administrativos pois ela resulta muitas vezes em :
9 perda de produção
9 perda de tempo
9 atraso de outras tarefas
9 perda de ritmo
9 aumento de defeitos
Estes factores enunciados , determinam uma inevitável perda de produtividade
do trabalhador e possivelmente do seu sector .
Rotação de pessoal
Uma organização é composta por pessoas, e à semelhança de qualquer
sistema de pessoas, existem migrações tanto no interior da organização, como
no seu exterior. À migração exterior, ou seja, à movimentação de pessoas para
dentro e para fora da organização, chama-se rotação. A gestão da rotação
torna-se essencial pois uma rotação elevada gera custos também elevados ,
pois exige um esforço considerável de tempo e materiais para a sua formação.
Se bem que a um dado nível a substituição dos colaboradores de uma Empresa
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
39/116
pode ser positiva dado se admitirem pessoas sem vícios de função e mais
abertas a novos desafios e possibilidades , os custos da rotação das pessoas
podem assumir um valor significativo , uma vez que ocorrem diversas
consequências :
custos com recrutamento e selecção,
custos com treino e formação,
aumento do risco de acidentes por falta de rotina e experiência,
baixa produção no período de treino
falta de entrosamento entre funcionários
As vantagens da rotação das pessoas podem ser identificadas por aspectos
como os seguintes:
✓
substituição dos profissionais menos eficientes torna-se mais fácil,
✓
permite a importação de novas ideias,
✓
novos talentos,
✓
novos estilos,
✓
novas tecnologias,
✓
garante o recrutamento de profissionais mais jovens.
A rotação pode, e deve ser controlado de forma a mantê-lo dentro de valores
aceitáveis, tendo em conta a necessidade de rejuvenescimento da organização
e as capacidades financeiras para fazer face a estes custos.
A rotatividade do pessoal , pode ser um meio de aumentar a flexibilidade da
organização , mas geralmente á custa da produtividade , a menos que as
funções a desempenhar sejam de muito fácil aprendizagem .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
40/116
ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT
O trabalho e Ergonomia
Como se verificam os problemas ergonômicos no posto de trabalho?
Diversos critérios podem ser adoptados para se diagnosticarem os problemas
ergonómicos de um posto de trabalho. Entre eles se incluem-se:
✓
✓
o tempo gasto na operação
o índice de erros e acidentes na execução das tarefas
Contudo, o melhor critério do ponto de vista ergonómico, é a postura e o
esforço físico exigido aos trabalhadores pois desta forma, determinam-se os
principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores
nos músculos e tendões.
Por este motivo, o factor mais importante na análise ergonómica de um posto
de trabalho são as posturas assumidas na execução das tarefas, visto que uma
má postura pode provocar não só problemas operacionais, como também
problemas de coluna e outros, colaterais, provocados por estes.
Posto de trabalho
É o local definido e delimitado para a realização de uma actividade qualquer.
Esse local deve ter tudo que é necessário para o trabalho: máquinas, mesas,
material, ferramentas, instalações etc.
Num posto de trabalho, podem trabalhar uma ou mais pessoas.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
41/116
A organização do espaço do posto de trabalho é de grande importância para se
obter produtividade, ou seja, para se produzir mais, com menos esforço,
tempo e custo, sem perda da qualidade.
Para essa organização, é valiosa a técnica baseada nos princípios de
economia de movimentos
Princípios de economia de movimentos
Esses princípios orientam procedimentos que visam reduzir os movimentos do
profissional e assim diminuir o seu esforço e aumentar a produtividade.
A ideia base desses princípios é a de que não se deve fazer nada que seja
desnecessário. Normalmente, esses princípios são empregues em trabalhos
contínuos, manuais e em pequenas montagens. De acordo com tais princípios,
o trabalho deve ser organizado a partir das seguintes regras :
1- Uso de músculos adequados
Deve haver concordância entre o esforço a ser feito e os músculos a serem
utilizados num trabalho físico. Pela ordem, devemos usar os músculos dos
dedos. Se estes não forem suficientes para o esforço despendido, vamos
acrescentando a força de outros músculos: do punho, do antebraço, do braço e
dos ombros. Essa quantidade de músculos deve ser usada de acordo com a
necessidade:
Nem demais, o que seria desperdício de energia;
Nem de menos, porque a sobrecarga de um só músculo pode
causar problemas sérios ao trabalhador.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
42/116
Quando um pintor usa um pincel médio para pintar uma porta numa
determinada altura, ele deve usar os
músculos dos dedos mais os músculos
dos punhos.
Se utilizar também o antebraço, estará a
realizar esforço desnecessário.
2.- Mãos e braços
As mãos e os braços devem trabalhar juntos. Sempre que possível, deve-se
organizar o trabalho de modo que ele possa ser realizado com as duas mãos
ou os dois braços num mesmo momento e em actividades iguais.
Se, por exemplo, temos de colocar uma porca num parafuso, dar meia-volta
na porca e colocar a peça numa caixa de embalagem, devemos fazer esse
trabalho com as duas mãos e os dois braços.
Numa empresa, esse tipo de trabalho pode ser feito de modo rápido e eficiente
pelo trabalhador, desde que se façam as adaptações necessárias no posto de
trabalho e que o trabalhador passe por um treino adequado.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
43/116
3 - Movimentos curvos
ÁREA DE TRABALHO
Os movimentos dos braços e das mãos devem ser
zona máxima
feitos em curvas contínuas, isto é, sem paragens
e, se possível, de forma combinada.
Um exemplo de movimento em curvas é o de
encerar que, em vez de vaivém, deve ser feito em
zona normal
círculos contínuos.
zona optima
Um exemplo de movimento combinado é o que
fazemos quando pegamos num parafuso com as
mãos e o seguramos de modo que sua posição fique adequada para o encaixar
num furo.
4. Lançamentos
Quando necessitamos transportar coisas, poderemos lançá-las em vez de as
carregar, se a distância assim o permitir. Esse lançamento deve seguir uma
trajectória
curva
com
um
alcance adequado .
É o que fazem os operários da
Construção Civil , ao usarem
pás para lançarem areia de um
local para outro , ou para a
movimentação de materiais de construção .
5. Ritmo
O trabalho deve ser feito com ritmo, ou seja, cadência. Quando percorremos
uma longa distância, devemos manter um ritmo constante, de modo a que não
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
44/116
nos cansemos tanto andando muito rápido, ou
demoremos demasiado
andando muito devagar.
É contudo importante referir que cada pessoa tem um ritmo próprio. Assim, o
trabalhador deve seguir o seu próprio ritmo e mantê-lo constantemente.
O aumento do ritmo de trabalho é uma excelente forma de aumentar a
Produtividade , mas deve ser obtida á custa do treino do operador na
função que desempenha , sem que tal ponha em causa as suas condições de
segurança .
A melhoria do ritmo deverá ser um objectivo do treino e da formação do
operador
,
mas
deverá
igualmente
ser
obtida
através
a
melhoria
e
simplificação das máquinas e das ferramentas que são usadas . Ao serrar uma
barra de aço de bitola fina, por exemplo, com uma serra manual, o movimento
de vaivém deve ter um ritmo normal.
Um movimento excessivamente rápido, além de
cansar
quem
serra,
pode
resultar
num
corte
imperfeito, ou sem a qualidade pretendida.
Em alguns casos , poderá causar a redução da
produção pois o trabalhador, após esse esforço, vêse obrigado a parar por cansaço excessivo.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
45/116
6. Zonas de trabalho
É preciso demarcar bem a zona de
zona optima
trabalho, que é a área da extensão das
mãos
do
trabalhador
movimenta
os
quando
braços,
sem
ele
precisar
movimentar o corpo.
No plano horizontal, temos a chamada
zona óptima, adequada para a realização de tarefas mais precisas, em que são
movimentados os dedos e os punhos.
zona normal
Quando
usamos
dedos,
punho
e
antebraço na execução de um trabalho,
estamos
a
usar
a
zona
normal,
conforme ilustra a figura .
A zona de alcance máximo dos braços corresponde à área denominada zona
máxima.
Além desse limite, não é recomendável
zona maxima
a realização de nenhuma tarefa. Todas
as ferramentas, materiais, botões de
comando e pontos de operação devem
estar sempre colocados nessas áreas,
seguindo, se possível, a sequência:
ZONA ÓPTIMA - ZONA NORMAL - ZONA
MÁXIMA.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
46/116
7. Altura do posto de trabalho
A altura do posto de trabalho é um dos aspectos
importantes
para
manter
o
conforto
do
trabalhador e evitar cansaço.
Sempre
que
possível,
a
pessoa
deve
ter
liberdade para trabalhar em pé ou sentada,
mudando essas duas posições de acordo com
sua disposição física.
Portanto, as máquinas e mesas de trabalho
devem
ter
altura
adequada
à
altura
do
trabalhador para ele trabalhar em pé.
Sempre que necessário e para seu conforto,
deve haver um assento
regulável á sua estatura e fisionomia , que lhe
possibilite trabalhar sentado sem esforço da coluna . Existem trabalhos que só
podem ser feitos com o trabalhador sentado, como é o caso dos motoristas, ou
trabalhadoras da confecção e trabalhos que só podem ser feitos em pé, como
é o caso dos cozinheiros à frente de um fogão.
Se o posto de trabalho exigir que o operador esteja sentado numa cadeira alta,
o trabalhador precisa de ter um apoio para os pés, de modo que haja facilidade
de circulação do sangue pelas coxas, pernas e pelos pés.
8. Um lugar para cada coisa
Deve haver sempre um lugar para cada coisa e
cada coisa deve estar sempre num lugar próprio
.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
47/116
Pondo isso em prática, evitam-se fadiga, perda de tempo e irritação por não se
encontrar o que se necessita e quando se necessita .
Nas operações de manufactura como as confecções , é muito importante que a
posição dos artigos de produção e das ferramentas , estejam em posições
adequadas e pré definidas , para que o operador crie o hábito de proceder
sempre do mesmo modo (mecanização) sem perder tempo há procura dos
itens de produção . Caso isso não aconteça , perde-se muito tempo com
operações não produtivas .
Um exemplo desse princípio de ordem e organização é o dos quadros de
oficinas mecânicas, que apresentam contornos das ferramentas a fim de que
cada uma volte sempre ao seu local especifico , permitindo que os operadores
fixem ao fim de algum tempo , a posição da ferramenta no quadro de
ferramentas .
9. Objectos em ordem
Objectos em ordem facilitam o trabalho. Se, numa
sequência de operações, se usa uma ferramentas
ou outros objectos, deve-se procurar colocá-los na
mesma ordem da sequência de utilização e na zona
em que vai trabalhar.
Os objectos de uso mais frequente devem ser os que ficam mais próximo do
utilizador.
10. Uso da força da gravidade
A força da gravidade faz com que os corpos sejam
atraídos
para
o
centro
da
Terra.
Deve
ser
aproveitada para pequenos deslocamentos, como é caso de abastecimento e
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
48/116
uso de materiais. Se a banca de trabalho por exemplo, poder ter uma calha
para receber peças de outro posto de trabalho , evita-se o deslocamento do
operador .
11. Ferramentas
As ferramentas devem ser adequadas ao trabalho,
tanto no tipo quanto no tamanho.
Por exemplo, para pregar pregos pequenos, devemos
usar
martelos
pequenos
e
para
pregos
grandes,
martelos grandes.
Devemos apertar uma porca com chave de boca com
tamanho e tipo apropriados. Seria incorrecto usar por
exemplo um alicate para realizar essa operação ..
Quando para a operação a realizar não existem ferramentas adequadas , é
necessário adaptar ou criar ferramentas próprias para que a tarefa produtiva
possa ser mais rápida ou segura . Esta vertente da produção fabrico de
ferramentas próprias), corresponde a um dos aspectos que mais influencia o
saber fazer da Empresa e o que a pode distinguir dos seus concorrentes .
12. Ferramentas combinadas
Podemos utilizar combinações de ferramentas, desde
que não criem risco de acidentes.
É o caso do canivete, que tem lâmina de corte, abridor
de latas, de garrafas etc. É o caso, também, da chave
de bicicleta, que retira diferentes tipos de porcas e serve como chave de fenda.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
49/116
13. Acessórios inteligentes
Alguns acessórios úteis são inventados para aumentar o rendimento das
máquinas e para proporcionar maior segurança para quem trabalha.
Exemplos disso são os encostos, gabaritos, suportes, guias. São acessórios
conhecidos como inteligentes porque permitem de forma passiva , realizar
tarefas que de outro modo exigiriam um operador adicional ou mais operações
de controle .
FACTORES AMBIENTAIS
Outros factores, como iluminação, ruído, temperatura , poluentes , etc., devem
ser considerados quando se estuda a produtividade ( ou a falta dela)
Para aumentar a produtividade deve-se assegurar
que estes factores estão controlados ou optimizados,
pois eles afectam a saúde , o poder de concentração
e o nível de conforto do trabalhador , enquanto este
desempenha a sua tarefa.
Nestes casos , a perda de produtividade é indirecta e
dificilmente mensurável .
Trabalho em temperaturas elevadas
Durante o trabalho físico no calor, constata-se que a
capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a
actividade mental altera-se , apresentando perturbação da
coordenação motora e perda gradual de concentração.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
50/116
A frequência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância
diminui, principalmente a partir de 30° C. Ocorrem igualmente outros
problemas ligados à saúde, quando o indivíduo trabalha em locais com
temperaturas elevadas:
Internação ou insolação;
Prostração térmica;
Catarata e conjuntivites;
Dermatites.
Algumas recomendações para o trabalho em locais quentes
✓
✓
✓
✓
Isolamento das fontes de calor;
Roupas e óculos adequados no caso de calor por radiação;
Pausas para repouso;
Reposição hídrica adequada - beber pequenas quantidades de
líquido (0,25 l/vez), frequentemente.
✓
Ventilação natural. Sempre que as condições de conforto
térmico
não
forem
atendidas
pela
ventilação
natural,
recomenda-se a utilização de ventilação artificial.
Trabalho em baixas temperaturas
Os danos à saúde, nestes casos, apresentam uma relação directa entre o
tempo de exposição e as condições de protecção corporal. Destacam-se, ainda,
os cuidados necessários à prevenção dos denominados choques térmicos, que
podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca de
temperatura.
Os efeitos sobre a saúde do trabalhador frente a um ambiente de trabalho com
baixas temperaturas são, entre outros:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
51/116
ƒ enregelamento dos membros devido a má circulação do sangue;
ƒ ulcerações decorrentes da necrose dos tecidos expostos;
ƒ redução das habilidades motoras como a destreza e a força, assim
como da capacidade de pensar e julgar;
ƒ tremores, alucinações e a inconsciência.
Como se compreende facilmente
, o trabalho sob stress térmico , origina
desgaste físico prematuro ao colaborador , ou perda parcial das suas
faculdades
.
concentração
Nestas
e
condições
capacidade
de
o
seu
realizar
desempenho
esforços
é
perturbado
contínuos
,
pelo
na
que
naturalmente ocorrerão :
✓
✓
✓
✓
Mais defeitos de produção
Perdas de tempo em paragem para descanso
Dificuldade de reagir prontamente
Incapacidade física em realizar algumas tarefas mais pesadas
AMBIENTE ACÚSTICO
Definições
O SOM caracteriza-se por flutuações de pressão
num meio compressível (ar) .
Não são todas as flutuações de pressão que
produzem a sensação de audição quando atingem
o ouvido humano pois a sensação de som só
ocorrerá quando a amplitude destas flutuações e a frequência com que elas se
repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
52/116
Estas flutuações têm as seguintes características:
a) Frequência (f) : é definida como o n° de repetições das flutuações de
pressão ou ciclos/segundo ou n° de ciclos/segundo (1 ciclo/segundo = 1
Hz). De 20 - 20000 Hz as ondas sonoras podem ser audíveis.
b) Amplitude : é o deslocamento máximo da posição de equilíbrio
c) Comprimento de onda (λ) : é a distância entre dois picos sucessivos de
ondas com amplitudes similares.
O RUÍDO
Definição subjectiva: som desagradável e indesejável
Definição operacional: é um estímulo que não contém informações úteis à
tarefa em execução
Exemplo: o bip intencional de uma máquina, ao final de um ciclo de operação,
pode ser considerado útil ao operador (aviso), mas para um colega pode ser
considerado um ruído, se estiver concentrado noutra tarefa.
Nível de pressão sonora - escala decíbel (dB)
O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica,
desde o limiar da audição até o limiar da dor. Por exemplo, a 1000 Hz a
intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de dor é 104 vezes a
intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de audição
Intensidade sonora
Exemplos
100.000.000.000.000
limiar da dor
10.000.000.000.000
avião a jato
.
.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
53/116
.
.
100
sala acústica
1
limiar da audição
A escala logarítmica empregada para descrever níveis de som é a escala BEL,
onde
1 BEL = Log 10 (1 divisão de escala)
1 BEL = log10 = 10 dB
14 BEL = 14 log 10 = 140 dB
intensidade da pressão sonora
Exemplos – dB
100.000.000.000.000
140 – limiar da dor
10.000.000.000.000
130 . avião a jato , . martelo pneumático
1.000.000.000.000
120 . buzina de carro . fundição
100.000.000.000
110
M
M
100.000
50 escritório, sala de estar
10.000
Æ 40 . biblioteca
1.000
Æ 30 quarto de dormir
100
Æ 20. sala acústica
10
Æ 10 limiar da audição
1
Æ0
Em geral as normas definem níveis de tolerância e risco para o ruído:
Leq= 85 dB(A) - nível de alerta
Leq= 90 dB(A) - nível de perigo,
Considera-se que a partir de 80 dB já pode ocorrer alterações do sistema auditivo.
Locais
dB(A)
Hospitais
apartamentos, enfermarias, berçários
35-45
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
54/116
laboratórios, áreas para uso público
40-50
serviços
45-55
Escolas
bibliotecas, salas de desenho
35-45
salas de aula, laboratórios
40-50
circulação
45-55
Hotéis
Apartamentos
35-45
restaurantes, salas de estar
40-50
portaria, recepção, circulação
45-55
Escritórios
salas de reunião
30-40
salas de gerência, salas de projectos
35-45
salas de computadores
45-65
Locais para desporto
pavilhões fechados para espectáculos e actividades
desportivas
45-60
A Influência do ruído na saúde e no desempenho do trabalhador
A consequência mais evidente do ruído é a surdez. A surdez pode ter naturezas
diferentes:
✓
surdez
acidental:
causada
por
infecção,
perfuração
do
tímpano, acumulação de cera;
✓
surdez nervosa: redução da sensibilidade das células nervosas.
Essa insensibilidade pode ocorrer, principalmente, nas faixas de
maior frequência, acima de 1000 Hertz e em função da idade,
sobretudo após os 40 anos.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
55/116
✓
surdez temporária ou permanente: a exposição diária a um
certo NPS elevado, durante a jornada de trabalho, sempre
provoca
algum
tipo
de
surdez
temporária,
que
tende
a
desaparecer com o descanso diário (desaparece num intervalo
de 24 a 48 horas).
Formas de reduzir o ruído nos locais de trabalho
Para combater o ruído deve-se agir sobre:
a) a prevenção no planeamento (quando da concepção da empresa)
-
fábrica: colocar os postos de trabalho (escritórios) onde se
desenvolvem actividades mentais afastados das fontes de ruído
(máquinas);
- empresa de serviços: postos afastados de janelas que dão para
ruas movimentadas.
b) a fonte
- compra de equipamentos menos ruidosos (dentro do
recomendado);
- manutenção constante (fixação, ajuste dos parafusos e
equilíbrio dos aparelhos rotatório);
- adaptações na tecnologia (troca de peças rectas por
helicoidais das engrenagens, silenciadores nas saídas de ar
comprimido).
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
56/116
c) a propagação (directa e indirecta - via aérea ou sólida)
-
vibrações:
pés
anti-vibratórios,
pranchas
intermediárias,
fundações independentes;
-
isolamento interno: usar placas de material absorvente de
som no tecto e nas paredes (escritórios);
- gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de ruído.
d) protecção individual do operador (menos aconselhável)
- solução paliativa;
-
deve
ser
adequado
ao
trabalhador
(são
geralmente pouco confortáveis);
- deve ser de qualidade (não deixar passar o
som);
- dificulta a comunicação entre os trabalhadores.
As consequências para a produtividade das empresa , por efeitos de ruído
excessivo , podem ser importantes pois afectam algumas das funções mais
importantes a desempenhar pelo colaborador , como :
Em ambientes ruidosos a troca de informações
Comunicação
verbais faz-se com muita maior dificuldade e maior
perda de tempo
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
57/116
A presença de ruído continuo ou descontinuo ,
Concentração
perturba
a
capacidade
de
concentração
dos
operadores o que determina perda de ritmo ou
aumento de riscos de acidente
Em muitos trabalhos a condição física é importante
Disponibilidade dado o desgaste natural da função . Com o ruído ,
física
a fadiga ocorre mais cedo , pedendo-se alguma da
capacidade de trabalho
Embora as perdas de produtividade por perda de capacidade produtiva não sejam
facilmente mensuráveis é vulgar verificar que operadores que operam em ambientes
mais ruídos têm um desgaste e absentismo superior .
ILUMINAÇÃO AMBIENTE
Principais Grandezas da iluminação Ambiente
Aalguns requisitos são necessário para a avaliação do conforto
visual de um ambiente, como:
✓
✓
✓
✓
Iluminação suficiente;
Boa distribuição de iluminação;
Ausência de ofuscamento;
Contrastes adequados (equilíbrio de iluminação);
Desta forma, serão apresentados os principais parâmetros do ambiente
lumínico, conforme ilustra o quadro a seguir.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
58/116
Ilustração das grandezas de iluminação
Principais parâmetros do
Fórmula
Unidades
φ
lúmen (lm)
ambiente luminoso
a) Fluxo Luminoso - é a emissão
luminosa de uma fonte.
I=
b) Intensidade Luminosa - a luz
que se propaga em uma dada
φ
ω
candela (cd)
direcção.
E=
φ
c) Iluminância - a quantidade de luz
recebida por uma superfície
d) Luminância - luz recebida pelo
E=
L=
ou
A
A
lux (lx)
I
d2
I
cosθ
sup erficie
A'
olho de uma superfície (reflectida).
e) Contraste – diferenças de brilho
(luminância) entre os objectos e as
C=
superfícies no campo visual.
candela/m2(cd/m2)
L0
La
Tabela Grandezas do Ambiente de Iluminação
onde: d - é a distância entre a fonte e a superfície
θ - é o ângulo formado entre a direção da luz e a normal da superfícies
ω - ângulo sólido, é uma medida do espaço tridimensional.
A - é área real da superfície.
Luz Ambiente
Para determinar a quantidade de luz, é necessário distinguir entre a luz
ambiental e a iluminação no local de trabalho.
a) luz ambiental
Uma luz ambiental de 10 a 200 lux é suficiente para lugares como
corredores, depósitos e outros lugares onde não há tarefas críticas.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
59/116
O mínimo necessário para visualizar obstáculos é de
10 lux e uma intensidade maior é necessária para ler
avisos e, também, para evitar grandes contrastes. O
olho demora mais tempo para se adaptar, quando há
grandes diferenças de brilhos. Para diminuir esses
contrastes, pode-se fazer algumas adaptações, como por exemplo um túnel
deve ser melhor iluminado durante o dia, podendo ficar mais escuro durante a
noite.
b) iluminação em locais de trabalho
A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser
suficiente para garantir uma boa visibilidade. Além disso, o contraste entre a
figura e o fundo também é importante.
TAREFAS NORMAIS - para tarefas normais, como leitura de livros, montagens
de peças e operações com máquinas, aplicam-se as seguintes recomendações:
uma intensidade de luz de 200lux é suficiente para tarefas
com bom contrastes, sem necessidade de percepção de muitos
detalhes, como na leitura de letras pretas sobre um fundo branco
é necessário aumentar a intensidade luminosa à medida que
o contraste diminui e se exige a percepção de muitos detalhes;
uma intensidade maior pode ser necessária para reduzir as
diferenças de brilhos no campo visual, como por exemplo, quando
há presença de uma lâmpada ou uma janela no campo visual;
TAREFAS ESPECIAIS - quando há grandes exigências visuais, o nível de
iluminação deve ser aumentado, colocando-se uma fonte de luz directamente
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
60/116
sobre a tarefa. Isso ocorre, por exemplo, em tarefas de inspecção, em que
pequenos detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste é muito
pequeno. Nesses casos, o nível pode chegar até 3000 lux. Entretanto, níveis
muito elevados provocam fadiga visual.
Algumas recomendações para os ambientes de trabalho
Consegue-se melhorar a iluminação, providenciando
intensidade luminosa suficiente sobre os objectos e
evitando as diferenças excessivas de brilho no campo
visual, causadas por focos de luz, janelas e sombras.
Quando a informação for pouco legível, é mais eficaz melhorar
a legibilidade da mesma do que aumentar o nível de iluminação (os
aumentos
da
intensidade
luminosa
acima
de
200
lux
não
aumentam significativamente a eficiência visual). A legibilidade
pode ser melhorada com aumento dos detalhes (usando fontes
maiores ou reduzindo a distância de leitura) ou aumento do
contraste (escurecendo a figura e clareando o fundo).
A iluminação local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior
à luz ambiental. A relação entre elas depende das diferenças de
brilho entre a tarefa e o ambiente, e também das preferências
pessoais. De qualquer forma, é conveniente que a fonte de luz
local seja regulável
A luz natural pode ser usada para complementar a iluminação
ambiental. A luz natural, assim como a visão do exterior, é
apreciada por muitas pessoas. Mas nos postos de trabalho junto a
janelas,, pode ocorrer o ofuscamento. As grandes variações da luz
natural, durante o dia, podem ser reguladas com uso de cortinas
ou persianas
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
61/116
A incidência de luz directa deve ser evitada, colocando-se
anteparos entre a fonte de luz e os olhos. Contudo, algumas
superfícies podem ficar mal iluminadas. Nesse caso, a luz natural
pode
ser
complementada
ou
substituída
pela
luz
artificial,
convenientemente posicionada.
A luz deve ser posicionada, em relação à tarefa, de modo a evitar
os reflexos e as sombras. Nos trabalhos com monitores, deve-se
tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre o écran . Os
reflexos podem ser evitados com uso de luz difusa no tecto. Isso
pode ser feito também substituindo as superfícies lisas e polidas
das mesas, paredes e objectos, por superfícies rugosas e difusoras,
que disseminam a luz.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
62/116
QUALIDADE DO AR
Em virtude do desenvolvimento industrial e o consequente aumento no uso dos
produtos químicos, nenhum tipo de ocupação está inteiramente livre da
exposição de substâncias capazes de produzir efeitos nocivos aos organismos
biológicos e promover uma degradação da saúde ocupacional de uma empresa
, agravando o absentismo dos seus colaboradores , ou afectando a sua
capacidade produtiva
De realçar que em algumas empresas as condições
ambientais mais precárias , são precisamente neste
domínio por excesso de poeiras ou de humidade .
Refira-se que o National Institute of Ocupacional Safety and Health (NIOSCH)
nos Estados Unidos relacionou já em 1974, cerca de 42.000 substâncias
tóxicas. Por este motivo , a importância de estudos que possibilitem a
obtenção de informações a respeito da toxicidade dessas substâncias em
processos industriais (toxicologia ocupacional).
Qualidade do ar aceitável pode ser definido como :
o ar sem concentrações de contaminantes prejudiciais à saúde e
com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se sintam
satisfeitas
Contaminantes Atmosféricos
São gases, vapores e as partículas sólidas ou líquidas suspensas ou dispersas
no ar. A contaminação pode ocorrer por:
agentes biológicos (microorganismos: vírus, bactérias e fungos)
agentes químicos ( gases e vapores, poeiras, fumos, fumaças
neblinas e névoas)
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
63/116
Por sua vez os agentes químicos podem ocorrer no estado sólido, líquido ou
gasoso.
Os sólidos são poeiras nocivas que podem ser de origem:
animal (pelos e couro), vegetal (fibras de algodão e do bagaço de
cana), mineral (sílica livre e cristalina, amianto, berílio e carvão) e
sintética (fibras de plástico).
Os líquidos, são soluções ácidas,
alcalinas
ou solventes
orgânicos.
Os gasosos são os gases e vapores, sendo este último a
evaporação de substâncias sólidas ou líquidas que estão distribuído no
ar. Ex.: monóxido de carbono, dióxido de carbono e metano
O material particulado suspenso no ar constitui os aerossóis, isto é, dispersão
de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. A classificação
dos aerossóis, ocorre de acordo com sua formação:
POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração
mecânica de substâncias orgânicas ou inorgânicas (rochas, minérios,
metais, carvão, madeira, grãos, pólens, etc), seja pelo manuseio,
operações de esmagamento, de moagem, trituração, detonação e
outros.
FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da
condensação,
sublimação
ou
reacção
química
de
vapores,
geralmente, provenientes da volatilização de metais em fusão (
fumos de óxidos de zinco, de chumbo, etc.).
FUMAÇA – são partículas resultantes da combustão incompleta de
materiais orgânicos (fumaças industriais).
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
64/116
NÉVOAS – são aerossóis constituído por partículas líquidas
(gotículas) resultantes da condensação de vapores, ou dispersão
mecânica de líquidos ( névoa de ácido crómico, de ácido sulfúrico,
tinta pulverizada e agrotóxicos).
O ar de um ambiente, é alterado principalmente pelos seguintes factores:
emissão de substâncias aromáticas;
formação de vapor de água;
libertação de calor;
produção de dióxido de carbono e
impurezas do ar, que penetram de fora para dentro,
ou são produzidas pelo processo do trabalho.
A qualidade do ar em edifícios , considerando alguns tipos de ambientes de
trabalho, pode ser afectada pelos seguintes agentes:
agentes de envenenamento presentes nos ambientes fechados
Fontes de Poluição em edifícios
Fontes
Agentes de envenenamento
- Fotocopiadora
- Bactérias
- Ar-condicionado
- Fungos
- Ambientes fechados
- Poeira
- Fumaça de cigarro
- Benzina
- Carpete
- Tolueno
- Tinta para caneta
- Ozono
- Vernizes
- Formaldeídos
- Cola de móveis
- Detergentes
Riscos para a saúde: cansaço – sonolência - dor de cabeça - alergias de pele e
respiratória - tontura - doenças pulmonares
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
65/116
HIGIENE E SEGURANÇA
A indústria sempre teve associada a vertente humana, nem sempre tratada
como sua componente preponderante. Actualmente em Portugal existe
legislação que permite uma protecção eficaz de quem integra actividades
industriais, ou outras , devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor
meio de beneficiar simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na
salvaguarda dos aspectos relacionados com as condições ambientais e de
segurança de cada posto de trabalho.
Nos dias de hoje em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e
Ambientais ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e
Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que o despertar de
consciências é fundamental.
Por outro lado , sabe-se que em algumas empresas , são os acidentes de
trabalho uma das causas mais importantes para a perda de capacidade de
produção , com afectação directa e indirecta da produtividade da Empresa .
A boa gestão dos meios e dispositivos de Higiene e segurança , corresponde a
mais uma ferramenta de melhoria da produtividade no âmbito da gestão global
das actividades .
Definições
A higiene e a segurança são duas actividades que estão intimamente
relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de
manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa
Segundo a O.M.S.-Organização Mundial de Saúde, a verificação de condições
de Higiene e Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e
social e não somente a ausência de doença e enfermidade ".
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
66/116
A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico,
as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o
ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos
profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde,
segurança e bem estar do trabalhador).
A segurança do trabalho propõe-se combater, também dum ponto de
vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições
inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas
preventivas.
Para além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho
constituem o fundamento material de qualquer programa de prevenção de
riscos
profissionais
e
contribuem,
na
empresa,
para
o
aumento
da
competitividade com diminuição da sinistralidade.
ƒ
Segurança ; Estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação
ƒ
Higiene ; Identificar e controlar as condições de trabalho que possam
prejudicar a saúde do trabalhador
ƒ
Doença Profissional ; Doença em que o trabalho é determinante
para o seu aparecimento.
Acidentes de Trabalho
O que é ACIDENTE ?. Se procurarmos num dicionário poderemos
encontrar “Acontecimento imprevisto , casual , que resulta em
ferimento , dano , estrago , prejuízo , avaria , ruína , etc ..”
Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre
os quais se destacam as falhas humanas e falhas materiais.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
67/116
Vale a pena lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem
acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que
fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.
Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles
ocorre porque os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar
certos riscos.
O que diz a lei ?. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução
da
capacidade
para
o
trabalho,
permanente
ou
temporária...”
Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano,
seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave,
como a perda de um membro.
Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de
qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão,
provocada
por
uma
pancada
na
cabeça,
caracteriza
uma
perturbação funcional..
Doença profissional também é acidente do trabalho?
Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do
exercício do trabalho em si.
Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em
que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do
trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
68/116
Um funcionário pode apanhar uma gripe, por contagio com colegas de trabalho
. Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de trabalho, não é
considerada doença profissional nem do trabalho, porque não é ocasionada
pelos meios de produção.
Contudo , se o trabalhador contrair uma doença ou lesão por contaminação
acidental, no exercício de sua actividade, temos aí um caso equiparado a um
acidente de trabalho. Por exemplo, se operador de um banho de decapagem se
queima com ácido ao encher a tina do banho ácido isso é um acidente do
trabalho.
Noutro caso, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem
protecção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo
trabalho executado junto a uma grande prensa, isso caracteriza igualmente
uma doença de trabalho.
Um acidente de trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa
apenas por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É
que ocorre, por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no
dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida.
Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas
actividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o
trabalhador acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até no dia
seguinte, temos o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na
incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda,
na incapacidade total e permanente para o trabalho.
A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o
trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o
trabalhador retorna às suas actividades normais.
A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda
vida, da capacidade física total para o trabalho. É o que acontece,
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
69/116
por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista
incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o
trabalho.
Neste ultimo caso, o trabalhador não reúne condições para trabalhar o que
acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas num acidente
do trabalho. Nos casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador.
Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fracção de segundo,
ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos
mais dois colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser
removido urgentemente para o hospital e os dois outros trabalhadores
envolvidos são atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de
fundamental importância é paralisado em consequência do dano em algumas
peças da máquina. O equipamento parado é uma guilhotina que corta a
matéria-prima para vários sectores de produção.
Analise a situação anterior e liste as consequências directas e indirectas que
consegue prever , em resultado deste acidente .
Factores que afectam a Higiene e Segurança
FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA
Em geral a actividade produtiva encerra um conjunto de riscos e de condições
de trabalho desfavoráveis em resultado da especificidades próprias de alguns
processos ou operações , pelo que o seu tratamento quanto a Higiene e
Segurança costuma ser cuidado com atenção.
Contudo , na maior parte dos casos , é possível identificar um conjunto de
factores relacionados com a negligência ou desatenção por regras elementares
e que potenciam a possibilidade de acidentes ou problemas .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
70/116
Acidentes devido a CONDIÇÕES PERIGOSAS;
Máquinas e ferramentas
Condições de organização (Lay-Out mal concebido,
armazenamento perigoso,
falta de Equipamento de Protecção Individual - E.P.I.)
Condições
de
ambiente
físico,
(iluminação, calor, frio, poeiras, ruído)
Acidentes devido a ACÇÕES PERIGOSAS;
Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.)
Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem)
Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar
empilhadores à Fangio, distracções, brincadeiras)
As Perdas de Produtividade e Qualidade
Foi necessário muito tempo para que se reconhecesse até que ponto as
condições de trabalho e a produtividade se encontram ligadas. Numa primeira
fase, houve a percepção da incidência económica dos acidentes de trabalho
onde só eram considerados inicialmente os custos directos (assistência médica
e indemnizações) e só mais tarde se consideraram as doenças profissionais.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
71/116
Na actividade corrente de uma empresa , compreendeu-se que os custos
indirectos dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos
directos , através de factores de perda como os seguintes :
perda de horas de trabalho pela vítima
perda de horas de trabalho pelas testemunhas e Responsáveis
perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas do
inquéritos
interrupções da produção,
danos materiais,
atraso na execução do trabalho,
custos inerentes às peritagens e acções legais eventuais,
diminuição do rendimento durante a substituição
a retoma de trabalho pela vítima
Estas perdas podem ser muito elevadas , podendo mesmo
representar quatro vezes os custos directos do acidente de
trabalho.
A diminuição de produtividade e o aumento do número de
peças defeituosas e dos desperdícios de material imputáveis à fadiga
provocada por horários de trabalho excessivos e por más condições de
trabalho, nomeadamente no que se refere à iluminação e à ventilação,
demonstraram que o corpo humano, apesar da sua imensa capacidade de
adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho decorre em
condições óptimas.
Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a produtividade
simplesmente com a melhoria das condições de trabalho. De uma forma geral,
a Gestão das Empresas não explora suficientemente a melhoria das condições
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
72/116
de higiene e a segurança do trabalho nem mesmo a ergonomia dos postos de
trabalho como forma de aumentar a Produtividade e a Qualidade .
A relação entre o trabalho executado pelo operador e as
condições de trabalho do local de trabalho , passou a ser
melhor estudada desde que as restrições impostas pela
tecnologia industrial moderna constituem a fonte das
formas de insatisfação que se manifestam sobretudo entre
os trabalhadores afectos às tarefas mais elementares,
desprovidas
de
qualquer
interesse
e
com
carácter
repetitivo e monótono.
Desta forma pode-se afirmar que na maior parte dos casos a Produtividade é
afectada ,pela conjugação de dois aspectos importantes :
¾ um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a
riscos profissionais graves (causa directa de acidentes de trabalho e
de doenças profissionais)
¾ a insatisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que
não estejam em harmonia com as suas características físicas e
psicológicas
Em geral as consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa
da produção, numa rotação excessiva do pessoal e a num elevado absentismo.
Fica assim explicado que as condições de trabalho e as regras de segurança e
Higiene correspondentes , constituem um factor da maior importância para a
melhoria de desempenho das Empresas , através do aumento da sua
produtividade obtida em condições de menor absentismo e sinistralidade .
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
73/116
Para executar qualquer tarefa com sucesso, é preciso que nos organizemos
antes. Organizar significa pensar antes de iniciar a tarefa. Mas pensar em
quê?
Na maneira mais simples de fazer a tarefa, evitando complicações ou controles
exagerados
No modo mais barato de fazer a tarefa
No meio menos cansativo para quem vai realizar a tarefa
Aspectos a Analisar
Num procedimento que seja mais rápido
Em obter a melhor qualidade e o resultado mais confiável
Na maneira menos perigosa de executar a tarefa
Numa forma de trabalho que não prejudique o meio
ambiente, ou seja, que não cause poluição do ar, da água
e do solo
Como se compreende , é mais fácil tratar cada um destes itens isoladamente
para que a tarefa ou operação seja
realizada com
maior rendimento . Contudo , na realidade qualquer
trabalho que se realize depende de um conjunto de
pequenas operações , pelo que muitas vezes teremos
de
tratar todos estes itens em simultâneo , pois a
melhoria de uns , pode representar a degradação de
outros .
Podemos, por exemplo, escolher uma forma mais
rápida de realizar uma operação. Entretanto, essa
forma pode afectar a qualidade e a segurança, tornando o trabalho perigoso.
Se, por exemplo, é necessário mudar rapidamente uma lâmpada queimada
sobre uma máquina de trabalho, poderemos eventualmente fazer a troca
subindo para cima da máquina , melhorando a rapidez da operação. Contudo
esse procedimento não é aconselhável , pois pode levar a um acidente ou á
avaria da própria máquina.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
74/116
O procedimento correcto seria o de usar uma escada para realizar a operação .
A tarefa seria mais demorada mas a segurança e a qualidade estarão melhor
asseguradas.
Portanto, todos os itens devem ser pensados em conjunto, para que no final
haja um equilíbrio entre eles, de modo a que um não prejudique o outro.
Outro exemplo da preparação dos trabalhos de produção, resulta da
necessidade de pensar na organização da produção relativamente a aspectos
como :
sequência das operações a realizar
na
quantidade
e
qualidade
das
pessoas
e
dos
materiais
necessários,
na hora e no local em que eles são necessários.
Então antes de se iniciar um dado trabalho, deveremos assegurar que existem
as condições essenciais para que a produção seja realizada com a maior
eficiência , devendo providenciar:
MÁQUINAS
Fornos , Gruas , Empilhadores , Moinhos
MATÉRIA-PRIMA
Carvão , Petróleo , Barro , Sementes , Sucata , Farinha
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
75/116
EQUIPAMENTOS
DIVERSOS,
INCLUSIVE
OS
DE
SEGURANÇA
Fatos macaco , máscaras , rede incêndios , Auriculares
TEMPO NECESSÁRIO
Tempo encomenda , tempo planeamento , compra ,
produção embalagem
PESSOAS QUALIFICADAS
Serralheiro , Pintor , Encarregado , Administrador
Quando fazemos, com antecedência, um estudo
de todos os factores que vão interferir no
trabalho e reunimos o que é necessário para a
sua
execução,
estamos
a
ORGANIZAR
O
TRABALHO para alcançar bons resultados
Trabalho do homem
Sempre trabalhamos em função de um objectivo, ele
pode destinado á
fabricação de um produto ou a realização de um serviço.
Serviço é o trabalho feito por uma pessoa para satisfazer a uma
necessidade, como, por exemplo, consertar uma torneira. A torneira é
consertada sem ser modificada.
Produto é o resultado de um trabalho de fabricação.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
76/116
Quando
fazemos
algum
produto,
causando
modificações
nas
suas
características físicas ou químicas, ou quando fazemos um serviço, estamos a
realizar um trabalho com uma dada finalidade.
Se, por exemplo, misturamos várias matérias-primas e levamos a mistura ao
forno, as matérias fundem-se num só produto. Ocorre uma transformação
química, uma vez que mudam as características iniciais das matérias-primas.
Por outro lado, se pegamos numa barra de aço e a maquinamos num torno,
transformando-o numa peça, causamos uma transformação física sem que se
transformem as características químicas do aço.
Todas essas transformações são feitas graças à participação física ou
intelectual do homem.
Simplificação de Tarefas
A simplificação do trabalho ou de tarefas , constitui outro meio que favorece
directamente a produtividade.
Essa simplificação relaciona-se com a melhoria de um método de trabalho,
seja ele de natureza científica ou simplesmente surgido da experiência prática.
Para isso, o método passa por alterações de modo que o trabalho se torne:
MAIS SIMPLES
MAIS BARATO
MENOS FATIGANTE
MAIS RÁPIDO
MENOS PERIGOSO
COM MELHOR QUALIDADE
MENOS POLUIDOR
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
77/116
Na técnica de simplificação do trabalho são usados os próprios recursos
humanos e materiais da empresa e sempre que possível , poucos recursos
financeiros.
Para a melhoria de método de trabalho, a simplificação dá
resultados altamente compensadores. Essa melhora só
modifica o método existente e não é destinada a
modificar as características de projecto ou dos produtos .
Como a simplificação do trabalho se liga ao modo ou
método de trabalho, é necessário saber o que se entende
por modo ou método de trabalho.
Método de trabalho
Se um trabalho simples for distribuído a diversas pessoas sem que se indique
qual o método a ser usado, é provável que cada pessoa use um modo
diferente para fazer sua tarefa. Como consequência, os trabalhos poderão ser
feitos em tempos diferentes, com custo e qualidade variados. O que lhes falta,
então, é um método de trabalho
Método de trabalho é um conjunto de princípios procedimentos e
técnicas, adoptado para se fazer algo, ou produzir alguma coisa .
Imaginemos que dois indivíduos tenham de transportar lingotes de alumínio do
armazém para o forno.
Um indivíduo pode fazer o transporte pegando num
lingote com cada mão e colocando-os num carrinho. O carrinho é empurrado
até próximo ao forno e os lingotes são empilhados.
Já o segundo indivíduo decide apanhar dois lingotes de cada vez, puxando o
carrinho e empilhando os lingotes, aos poucos, perto do forno.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
78/116
São dois métodos diferentes de trabalhar, e um deles deve ser mais adequado à
produtividade. É preciso analisar e estudar os dois métodos para identificar as vantagens
de cada um. Com esse estudo, é possível chegar ao melhor método ou forma de fazer o
trabalho, ou seja, um modo de trabalhar que seja simples, rápido e produtivo.
É o que se chama de MÉTODO SIMPLIFICADO DE TRABALHO.
Para adoptar um método simplificado de trabalho, é necessário que as pessoas
sejam treinadas na sua utilização, até se acostumarem com ele e trabalharem
de forma entrosada e expedita . A duração da formação vai depender dos
operários e do nível de dificuldade das mudanças feitas.
No início, a implementação de um novo método de trabalho pode causar
dificuldades , o que é normal porque toda mudança na forma de trabalho exige
tempo e força de vontade para os operários se adaptarem ao novo método. É
importante que todos os operários usem o mesmo método para racionalizar o
trabalho, ou seja, com economia de esforços, de tempo e de materiais e sem
prejuízo da qualidade. Convém lembrar que a simplificação do trabalho liga-se
directamente ao método de trabalho com o objectivo de que ele fique melhor
para se alcançar maior produtividade.
A optimização da actividade no posto de trabalho pode ser obtida muitas
vezes com a simplificação das tarefas e consequente redução de tempos de
operação. Algumas metodologias simples , como as que a seguir são
apresentadas ,podem economizar esforço , tempo e deslocações do operador :
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
79/116
Colocação das ferramentas e materiais ao alcance das mãos e se
necessário , proceder á sua pré identificação
Ordenar materiais ou acessórios de
acessibilidade e sequência de utilização
acordo
com
a
melhor
Eliminar todos os movimentos e acções de repetição que ocorram
desnecessariamente .
Preparar e conferir previamente todos os componentes do trabalho
, antes deste ser iniciado .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
80/116
ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
A optimização dos postos de trabalho para a máxima produtividade , passa
igualmente pela tomada de diversas decisões e metodologias de planificação
produtiva , que visam manter no máximo a taxa de ocupação de todos os
intervenientes assim como minimizar o efeito de estrangulamentos de
produção ou actividade
Os estrangulamentos determinam por completo as regras e as condições de
produção de um sistema produtivo, e desde o planeamento até á execução da
produção eles devem merecer a máxima atenção , pois qualquer redução de
produtividade nestes pontos , significa perda imediata de produção numa linha
Equilíbrio da capacidade e do fluxo
É necessário equilibrar o fluxo e não as capacidades . O fluxo deve ser
contínuo
,
pelo
que
os
todos
os
postos
devem
estar
alimentados
simultaneamente . Os postos com produção excedentária (folga) devem
permitir que os seus operadores façam mais que uma operação , para apoiar
operações mais lentas .
Taxa de utilização de um posto de não estrangulamento
Há dois tipos de recursos num sistema produtivo:
A taxa de utilização de um posto de não estrangulamento é
imposta pelos constrangimentos do sistema e não pela seu
próprio
potencial
de
produção
pelo
que
não
adianta
aumentar a cadencia dos postos mais rápidos , se tal não
libertar o operador para outras funções .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
81/116
Seleccionar um equipamento de alta taxa de produção cujo custo por peça é
baixo não significa uma boa escolha desde que o sistema não permita essa
taxa.
Taxa de utilização dos postos de estrangulamento e funcionamento do sistema
produtivo
Se a taxa de utilização de um posto de estrangulamento for abaixo de 100%
toda a utilização do sistema é afectada.
Exemplo
Se o posto X, por alguma razão, apenas produzir 40p/h, então a linha apenas
produz 40 p/h.
Uma hora perdida num estrangulamento é uma hora perdida no
sistema de produção , com redução da produtividade total
É necessário proteger os estrangulamentos quanto a processos de interrupção
de trabalho , pois a sua paragem produz efeitos imediatos na redução do ciclo
produtivo , que não são recuperáveis .
È nestes postos de trabalho que deverão existir as melhores condições de :
Operação e controlo (Mão de Obra mais qualificada )
Manutenção (maior aplicação de Manutenção preventiva)
Fornecimento de Materiais e Matérias-primas
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
82/116
Melhor fornecimento de Energia , água ou AR
Caso seja possível (e necessário) deverá ser criado um pequeno stock de
material anterior ao PT onde ocorre o Estrangulamento .
Se ocorrem mudanças de ferramentas , deve ser nestes pontos do processo
onde podem e devem ser aplicadas técnicas optimização de mudança de
Ferramentas .
Regras Importantes a Seguir
Os estrangulamentos (ou gargalos ) da actividade da empresa , devem então
concitar a maioria das atenções dos responsáveis , pois qualquer melhoria de
processos deve ser iniciada nesses postos de trabalho . A gestão dos
estrangulamentos aconselha a que se sigam algumas regras fundamentais
para a optimização da produção e da produtividade :
Utilizar os estrangulamentos em pleno rendimento
Controlar sempre o desempenho dos estrangulamentos
Ganhar horas de produção nos estrangulamentos
Análise de Layout (Arranjo Físico)
Qualquer posto de trabalho está ligado aos demais postos de trabalho, num
local qualquer de uma empresa. Esse local pode ser uma área grande ou
pequena , fabricação ou serviços .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
83/116
Em geral, essa área é coberta e abriga certos tipos de trabalho que estão
ligados entre si por apresentarem serviços semelhantes ou completarem o
produto fabricado. O seu conjunto é denominado por sector, departamento ou
Fábrica.
Nos locais destinados à fabricação, existem homens, máquinas, equipamentos,
matérias-primas localizados em determinados pontos que permitem que várias
actividades sejam realizadas simultaneamente em série ou em paralelo
conforme os requisitos do produto ou do serviço .
Pensando novamente na Produtividade, verifica-se, muitas vezes que nessas
instalações ocorrem factos que promovem a perda de eficiência e de
produtividade , como sejam :
Excesso de movimentação de pessoas e matérias-primas
Produtos
semi-acabados
e
produtos
acabados,
causando
transtornos diversos e aumentando os riscos de quebra e acidentes,
além de custos e de tempo de produção.
Os produtos têm um percurso produtivo muito complicado
Como se referiu , a ideia base da simplificação
do trabalho corresponde á eliminação de tudo
aquilo que não agrega valor ao produto, ou
seja, tudo aquilo que não melhora ou não
transforma o produto e que aumenta os seus
custos.
O transporte pode representar esse tipo de actividade que não acrescenta
valor ao produto e que se for mal gerido no decorrer do processo , irá onerar
em tempo , energia , desgaste de máquinas e paragens o produto final .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
84/116
Torna-se em muitos casos imperioso a avaliar a participação dos processos de
transporte e percursos de pessoas e bens , por forma a minimizar a sua
participação no custo final do produto e na Produtividade do processo.
A melhor forma de reduzir o transporte entre dois postos de trabalho é a de
aproximar os dois postos, o máximo possível. Essa distância mínima entre
os dois postos de trabalho tem contudo valores mínimos a cumprir ,
relacionados com a ergonomia necessária e as normas de segurança de cada
operação
Por outro lado sugere-se que as vias principais destinadas á circulação de
pessoas e materiais devem possuir largura mínima de 1,20 m. devidamente
assinaladas com duas barras brancas ou amarelas , que sinalize o percurso
ideal
e
onde
não
poderá
ocorrer
qualquer
atravancamento
nem
armazenamento , mesmo que temporário.
Faixa de cor branca
com 10 cm Largura
1.20
Dentro desses princípios, para melhor organizar a produção, podemos elaborar
um estudo de reorganização do Layout fabril , ou seja, avaliar a necessidade
de mudança de máquinas, equipamentos e postos de trabalho , por forma a
optimizar a DISPOSIÇÃO FÍSICA
desses recursos e dos espaços onde se
realiza a produção.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
85/116
Na melhoria de um arranjo físico das instalações produtivas , a primeira coisa
a fazer é observar o local em estudo e fazer um desenho em planta,
relativamente simples, mas com detalhes importantes de implantação como
sejam :
Posição real dos equipamentos principais
Corredores de passagem
Janelas , portas , Elevadores
Pontos de iluminação
Posição dos sistemas de segurança
Pontos de abastecimento de água , energia e ar comprimido
Posição média dos Operadores e dos postos de trabalho
Fluxos internos dos diferentes produtos
As medidas deverão ser tanto quanto possível rigorosas e a disposição relativa
dos diferentes equipamentos deve ser respeitada .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
86/116
Procedimentos para análise de layout
1º Passo: desenho (planta) do local
Como vimos, o primeiro passo para a melhoria de um Layout
elaboração de
consiste na
uma planta do local (desenho), que poderá ser feito,
preferencialmente em escala de 1:50, contendo detalhes importantes que
devem ser marcados claramente na planta.
Aspectos importantes que devem ser observados e, se necessário, anotados:
Materiais: produto semi-acabado; acabado ou matéria-prima.
Máquinas: Principais equipamentos de transformação.
Equipamentos : pontes rolantes, esteiras transportadoras etc.
Pessoal: posição de trabalho.
Transportes: circulação de pessoas, materiais e equipamentos.
Armazenamento de materiais.
Características do edifício: andar, dimensões , janelas , portas
, elevadores.
Pontos de iluminação
Instalações:
eléctrica;
pneumática,
vapor,
hidráulica
,
Segurança.
Pontos de abastecimento : Água , energia e ar comprimido
Fluxo de circulação: sequência ordenada da movimentação do
produto, indicado por flecha.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
87/116
Realizado o desenho do Layout ele deve ser examinado para ser pensada a
reorganização do espaço e do fluxo produtivo actual .
Esse exame começa sempre pela eliminação ou redução de TRANSPORTES.
Para isso, os postos de trabalho devem ser colocados o mais próximo entre si,
para minimizar deslocamentos em volta do posto de trabalho .
É necessário saber se as MÁQUINAS podem ser removidas com facilidade e a
sua mudança de posição é compatível com as instalações (pé direito ,
resistência mecânica do solo , drenos , etc)
Há máquinas pesadas, difíceis de serem removidas, como as que exigem
fundações especiais como Grandes Prensas e as que exigem montagens
especiais, como grandes fornos. Este tipo de máquinas devem ser preservados
nos seus locais salvo em casos extremamente necessários
È importante saber se as INSTALAÇÕES também podem ser modificadas
facilmente , nomeadamente na mudança de localização de portas e janelas ou
ainda na eliminação de divisões físicas (paredes ou painéis desmontáveis) que
dificultem as movimentações . Contudo estas alterações no edifício não podem
por em causa normas de segurança (contaminação , ruído , etc) , nem deverão
reduzir condições de conforto ambiental .
Deve-se igualmente analisar a posição dos POSTOS DE TRABALHO
e dos
operadores que os ocupam assim como das condições de operação , de modo a
obter sempre que possível :
Redução dos seus deslocamentos em volta da máquina que
operam
Redução de movimentos entre máquinas
Melhor nível de iluminação (favorecer iluminação natural se
existir)
Aumento do seu grau de conforto
Aumento da Higiene e Segurança ..
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
88/116
Para facilitar este estudo, deve-se recorrer a software adequado , onde o
desenho de implantação base , possa ser combinado com os factores acima
referidos , para obtenção de um modelo que permita a análise das diferentes
opções e a antevisão das suas implicações .
Por exemplo, podemos chegar a um arranjo adequado, conforme esta
ilustração seguinte , que representa uma oficina de metalomecânica ,
representada igualmente numa figura anterior , de acordo com a disposição
inicial dos seus recursos de produção .
Neste exemplo foram operadas diversas modificações na disposição inicial e
que apresentam as seguintes características :
Os tornos e fresadoras foram posicionados a 35º em relação à
parede para facilitar a iluminação natural do posto de execução do
trabalho, aproveitando a iluminação vinda das janelas.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
89/116
A distância entre as partes móveis das fresadoras foram mantidas
com um mínimo de 1,30 m e as demais distâncias entre os postos de
trabalho foram mantidas num mínimo de 0,80 m.
Foram feitas faixas de circulação que não havia no LAYOUT
anterior.
Para os contentores foram feitos cavaletes com altura de 0,80 m
para o trabalhador não ter de se curvar.
Alguns contentores de materiais
estão próximos de dois postos
de trabalho. Assim, o trabalhador tem-nos ao alcance do movimento
dos braços.
A distância média anterior mantida para movimentação era de
29,50 m e a actual , de 15,40 m. Portanto, houve uma redução de
14,10 m. Isto dá uma ideia da redução que se pode obter em
movimentações , ao se transportar 10.000 peças. Neste caso,
alcança-se uma redução de 141.000 metros ou 141 km. Além disso,
sobra espaço para a colocação de mais postos de trabalho.
FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO
Ao se elaborar um arranjo físico, os principais factores a serem estudados são:
✓
materiais,
✓
máquinas,
✓
mão-de-obra,
✓
movimentação,
✓
armazenamento,
✓
edifícios,
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
90/116
✓
serviços auxiliares.
MATERIAL
São considerados todos os materiais que são processados e manipulados no
sector
:
matéria
prima,
material
em
processo,
produto
final,
embalagem, etc.
Estudam-se dimensões, pesos, quantidade, características físicas, químicas ,
assim como as suas perdas características de fabrico (Refugo , resíduos , etc).
O processo de produção deve ser detalhado por :
tipos,
sequência
tempos padrão das operações.
Deve-se procurar:
que o fluxo do material esteja de acordo com o processo;
diminuir
o
manuseio
dos
produtos
(menos
riscos
de
acidentes);
diminuir o percurso dos produtos e mão de obra.
MÁQUINAS
Levam-se em conta todos os equipamentos utilizados na produção , na
manutenção, em medidas e controle e no transporte. Listam-se informações
sobre:
identificação do equipamento (nome, tipo, acessórios);
dimensões e peso;
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
91/116
áreas necessárias para operação e manutenção;
operadores necessários;
fornecimento
de
energia
eléctrica,
gás,
água,
ar
comprimido, vapor, etc.;
grau de risco , ruído, calor, etc.;
possibilidade de desmontagem das máquinas;
ocupação prevista para a máquina e atravancamento;
características
operacionais
:
tipos
de
operação
e
velocidade.
Entre outros pontos , deverão ser estudados :
minimizar potencial de acidentes
facilitar operação no posto de trabalho
dimensionamento da
área necessária
facilitar movimentação do operador
garantir segurança do operador
assegurar áreas de armazenagem
prever áreas de passagem / transporte
posicionamento do
equipamento em função
do processo, tipo de
equipamento
minimização do ruído,
pontos de abastecimento energia
respeitar sequência lógica do processo
garantir pontos de carga acessíveis
MÃO de OBRA
Inclui todo o pessoal directo e indirecto da fábrica, observando-se as áreas
necessárias para o desenvolvimento do trabalho de cada elemento.
É conveniente recolherem-se os seguintes tipos de informações :
condições de trabalho
pessoal necessário
Áreas de apoio
iluminação,
ruído,
vibração,
limpeza,
segurança, ventilação
qualificação, quantidade e sexo
vestuário, serviços auxiliares (restaurantes
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
92/116
e/ou refeitório ), bebedouros em função do
número de pessoas
MOVIMENTAÇÃO
Este é um dos principais factores na elaboração do arranjo físico devendo ser
analisados :
percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as
especificações das distâncias;
tipos de transportes usados;
manuseio ( frequência, motivo, esforço físico necessário, tempo
utilizado);
espaço existente para a movimentação.
dimensionamento
da
largura
do
corredor
em
função
dos
equipamentos, meio de transporte, etc.;
segurança dos funcionários e visitantes;
acesso aos meios de combate de incêndio, meios auxiliares, etc.
ARMAZENAMENTO
Considera-se o armazenamento de todos os materiais, inclusive aqueles em
processo (stock intermédio existente antes de uma dada operação), nos
seguintes aspectos :
localização,
dimensões,
métodos de armazenagem,
tempo de espera,
cuidados especiais.
Deverão ser estudados:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
93/116
dimensionamento em função do material (em processo e
final);
dimensionamento dos corredores do Armazém;
minimização de stock intermédio em processo;
dimensionamento dos corredores do Armazém;
distância das prateleiras com paredes, etc.
SERVIÇOS AUXILIARES
Inclui os espaços destinados à manutenção, controles e inspecção, escritório
(sala de espera, formação, conferências), laboratórios, equipamentos e linhas
auxiliares (ar, vapor, gás, Tc), facilidades ( restaurantes, vestiários, lavatórios,
relógio de ponto, estacionamento).
EDIFÍCIO
Estudam-se : área, compartimentos, estruturas, tectos, acessos, rampas,
escadas, elevadores e outras características do edifício.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
94/116
6.
PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO
A actividade produtiva ou dos Serviços ,
nunca é totalmente eficiente , devido a um
conjunto
de
combinados
factores
,
que
isolados
ou
com
o
interferem
aproveitamento final da actividade que se
pretende desenvolver .
Neste capítulo são abordados os diferentes tipos de perdas que podem ocorrer
e que afectam a Produtividade e o Custo da Produção ou dos Serviços.
DESPERDÍCIOS
Se necessitamos de apenas uma pessoa para executar um serviço e colocamos duas, essa
segunda pessoa representa um desperdício, pois ela poderia realizar outro trabalho, também
importante.
Mesmo que as técnicas de simplificação do trabalho sejam aplicadas e os
equipamentos
sejam
os
mais
modernos
e
adequados,
a
melhoria
da
produtividade sempre possível , enquanto houver DESPERDÍCIOS NAS
FÁBRICAS.
DESPERDÍCIO É TUDO AQUILO FEITO EM EXCESSO OU MAL
Na realização de um trabalho ou operação podem-se considerar desperdício as
seguintes situações:
Stock de materiais ou produtos em excesso.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
95/116
Espaços mal aproveitados.
Energia: máquinas, luz etc. ligados desnecessariamente(em vazio)
Consumo excessivo e desnecessário de materiais
Tempo: uma tarefa de duração média de 1 hora é realizada em
duas horas.
Deslocações desnecessárias
Paragem de produção por deficiente Planificação dos recursos
REFUGO
Riscar uma peça metálica para depois transforma-la
é a mesma coisa que
riscar os contornos de uma figura no papel e depois, com a tesoura, recortar
os contornos.
Só que, em mecânica, esse corte é realizado por máquinas especiais e o risco é
feito com técnica própria. Se, no entanto, houver erros no momento de riscar,
a peça toda estará perdida ocorrendo a consequente perda de dinheiro, tempo,
esforços e materiais.
Portanto, se erramos ao fazer algo, e se esse erro estraga completamente o
que fazemos , não sendo possível corrigi-lo, o material inutilizado passa a
constituir um refugo e passando a ser considerado um resto da actividade .
REFUGO É TUDO AQUILO MALFEITO PELO HOMEM
OU MÁQUINAS
O refugo será tanto mais grave , quanto menores as possibilidades de
reintegração como matéria prima ou como subproduto da actividade , podendo
em alguns casos exigir custos adicionais , para o seu tratamento Ambiental
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
96/116
Considerando todos os aspectos relacionados com a produção de refugo e as
suas consequências em termos de eficiência e Produtividade podemos concluir
que é muito importante:
Produzir com eficácia total , usando todos os
nossos esforços para atingir um nível de
produção SEM NENHUM DEFEITO
REPROCESSO
Supor uma pessoa que necessita de um cano de água de plástico com o
comprimento de 260 mm. Ela apanha uma serra e, sem medir o cano com
exactidão, corta-o com o comprimento de 270 mm. Na altura em que tenta a
montagem no local, o cano não entra. Torna-se então necessário refazer as
medidas para efectuar um novo corte.
A nova medição e o novo corte constituem um reprocesso
Reprocesso é fazer novamente o que já foi feito, ocasionando um agravamento
de custos e um desgaste desnecessário de recursos e tempo .
REPROCESSO É FAZER NOVAMENTE O QUE JÁ FOI FEITO
Na actividade industrial e dos serviços , o reprocesso faz muitas vezes parte integrante do
desenrolar do processo produtivo assumindo diferentes formas e tipos:
Reaproveitamento
de
resíduos
metálicos
(sucata)
Industria metalúrgica
Reaproveitamento de Plásticos e Aparas para reciclagem
Reparação de Edifícios
Correcção de ficheiros danificados ou incompletos
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
97/116
na
GESTÃO DE UTILIDADES
O consumo de Energia , água e Ar comprimido , ocupa frequentemente uma
parte importante dos recursos da Empresa .
Nesta área , justifica-se que a Empresa faça um diagnóstico ou Auditoria á
forma como ocorrem estes consumos e estabeleça um plano para a sua
racionalização .
A redução destes consumos tem um impacto indirecto mas imediato na
produtividade da Empresa , para além de reduzirem o custo de actividade e
dos artigos produzidos .
CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS
Estes três elementos Desperdícios Refugos e Reprocesso representam uma
parcela muito grande no aumento dos custos dos produtos.
É comum uma pessoa comprar algum produto sob encomenda, com preço e
tempo de entrega combinados. Entretanto, a encomenda é entregue com
atraso e o preço só é mantido porque se pagou com antecedência, mas o
fabricante reclama que o preço de custo foi maior do que o que foi pago.
Tais factos, que ocorrem diariamente, podem ser, na maioria das vezes,
causados por desperdício, refugos e reprocesso, que aumentam o tempo de
trabalho e, consequentemente, os custos, prejudicando o empregado, a
empresa e o consumidor.
Infelizmente, somos campeões em desperdício, refugos e reprocesso, não só
nas fábricas como na vida particular.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
98/116
Nestes
termos,
devemos
progressivamente
introduzir melhorias de eficiência na utilização dos
diferentes bens e recursos , quer nas Empresas ,
quer nas nossas casas .
Essa mudança de atitude passa sobretudo pela
redução de Desperdícios , Refugos e Reprocesso .
A produtividade é medida em função do artigo ou serviço útil que for
vendido , pelo que tudo que seja perdido na sua obtenção , reduzirá o valor
final da produtividade da empresa .
Uma vez mais , torna-se
evidente
como é imperioso aumentar o
rendimento dos processos , como forma de aumentar a produtividade .
7. INOVAÇÃO
A segunda metade do século XX , foi pródiga em novas tecnologias colocadas
ao serviço da actividade humana .
Como seria de esperar , a actividade económica beneficiou muito com esse
facto , pois aplicou diversas novas metodologias e equipamentos ao serviço da
industria e dos serviços , que lhe permitiram aumentar a produtividade e a
qualidade dos artigos ou serviços fornecidos ao mercado
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
A mecanização dos processos fabris no inicio do século XX , teve um novo
impulso com a substituição integral do homem na acção de produzir , com a
introdução dos primeiros robots mecânicos na industria .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
99/116
Este foi um dos sinais mais fortes de que a inovação e o desenvolvimento
tecnológico produziriam alterações notáveis na “arte de produzir” . Outras
transformações importantes ocorreram , das quais se podem destacar :
Construção de Centrais Nucleares para produção de Energia
Invenção do Computador e das redes de comunicação
Criação e expansão de redes digitais de comunicações
Utilização de satélites artificiais para comunicações
Implementação de cabo óptico
Automatização de processos fabris e de serviços
Instalação de redes de computadores
Criação de Software integrado de Gestão
Todas estas novidades tecnológicas , tiveram um impacto directo ou indirecto
na Produtividade das empresas e dos países dessas empresas , pois o salto
tecnológico permitiu produzir mais , com muito menos recursos e sobretudo
com menos pessoas .
Nos dias de hoje a evolução tecnológica é constante , sobretudo com a
miniaturização de aplicações electrónicas que permitem que equipamentos
pessoais
e industriais sejam cada vez mais sofisticados e com maiores
capacidades .
INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO
A par da inovação tecnológica , colocaram-se desafios importantes para a
produção , no sentido de dar resposta a um aumento exponencial das
capacidade de produção , o que determinou um tratamento de um numero
igualmente exponencial de problemas novos .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
100/116
Neste contexto , nos últimos 40 a 50 anos , foram sendo formulados e
implementados métodos de gestão , que permitiram acompanhar a introdução
das novas tecnologias de produção , de ferramentas de controlo e gestão
inovadores , baseados em conceitos inovadores , como :
✓
✓
✓
✓
✓
Produção Ágil
Just in Time
Kaizen
Optimização de Processos
Qualidade Total
Os sistemas industriais enfrentam actualmente importantes desafios:
Aumento na concorrência.
Complexidade dos mercados.
Complexidade dos produtos e processos.
Alterações rápidas nas necessidades dos clientes.
A forma tradicional de aumentar a competitividade das empresas pela simples
redução de custos, pode não ser uma estratégia eficaz de empresa. Os clientes
pretendem, para além de um preço competitivo,
a elevada qualidade dos produtos.
satisfação das suas necessidades particulares (individuais).
prazos razoáveis.
Esta diversidade de necessidades dos clientes, coloca elevada pressão nas
organizações, tendo motivado diferentes formas de reestruturação nas
empresas industriais.
Produção Ágil ( Agile Manufacturing )
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
101/116
Neste conceito a organização, as pessoas e os factores tecnológicos são
considerados importantes para gerar os resultados esperados. O conceito de
produção ágil
pretende identificar elementos chave num novo ambiente
industrial, substituindo a tradicional produção em massa.
A Agile Manufacturing pretende combinar as vantagens da produção unitária
com a produção em massa:
Produzindo elevado volume com produtos diversificados.
Recorrendo a automação flexível.
Fomentando trabalho em grupo com operadores/as polivalentes.
Implementando uma cultura de empresa de desenvolvimento
contínuo e de elevada qualidade.
Princípios fundamentais na Agile Manufacturing
Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se
encontram
da
qualidade
nas
diversas
fases
de
fabricação,
necessitando da dedicação integral dos empregados a todos os
níveis.
Quanto
mais
sofisticada
a
tecnologia
de
fabricação,
mais
vulnerável e dependente se encontra da capacidade humana para
realizar o seu controlo e a sua manutenção.
Quanto
mais sofisticado
for o
sistema de
produção,
mais
intervenções humanas inovadoras são necessárias. Mudança de
produtos, preparação dos equipamentos, adaptações tecnológicas e
controlo requerem considerável intervenção humana.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
102/116
Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é
necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do
produto ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da
experiência e conhecimentos formais e operacionais do pessoal.
A Produção ágil necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e
estrutura organizacional:
a
tecnologia
apropriada
deve
ser
instalada;
as
pessoas
devem
ser
seleccionadas, treinadas e com autonomia para utilizar a tecnologia no sentido
dos objectivos da empresa; uma estrutura organizacional deve ser instalada
para gerir os recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
103/116
Princípios fundamentais na Agile Manufacturing
1. Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se encontram da
qualidade nas diversas fases de fabricação, necessitando da dedicação
integral dos empregados a todos os níveis.
2. Quanto mais sofisticada a tecnologia de fabricação, mais vulnerável e
dependente se encontra da capacidade humana para realizar o seu
controlo e a sua manutenção.
3. Quanto mais sofisticado for o sistema de produção, mais intervenções
humanas inovadoras são necessárias. Mudança de produtos, preparação
dos equipamentos, adaptações tecnológicas e controlo requerem
considerável intervenção humana.
4. Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é
necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do produto
ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da experiência
e conhecimentos formais e operacionais do pessoal.
A Agile Manufacturing necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e estrutura
organizacional:;;.
a tecnologia apropriada deve ser instalada
as pessoas devem ser seleccionadas, treinadas e com autonomia
para utilizar a tecnologia no sentido dos objectivos da empresa
uma estrutura organizacional deve ser instalada para gerir os
recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
104/116
Neste modelo de gestão , alguns tema s principais merecem ser destacados ,
para demonstrar a mudança de estratégia quanto á forma de gestão dos
recursos .
Aspectos humanos:
•
•
•
•
•
•
•
A capacidade dos colaboradores é um investimento.
Seleccionar pessoal com aptidão para aprender e se adaptar.
Seleccionar pessoal com capacidade de comunicação.
Implementar programas de treino a longo prazo.
Especificar programas de treino de acordo com os objectivos da
empresa.
Implementar equipas pluridisciplinares transitórias.
Conceber sistemas integrados de informação.
Aspectos organizacionais:
•
•
•
•
•
A organização deve focar na interacção ou congruência dos factores
técnico-sociais.
Desenvolvidos indicadores de produtividade para os colaboradores
administrativos.
Desenvolver a produtividade em funções de conhecimento, como
operadores/as e engenheiros de CAD-CAM, programadores e
controladores de produção.
A estrutura organizacional deve ser descentralizada, tanto quanto
possível.
Devem ser desenvolvidas estruturas organizacionais para promover
mudança e aprendizagem organizacional.
Aspectos tecnológicos:
•
•
Necessário atender a aspectos ergonómicos particulares, na fabricação
avançada.
As novas tarefas de fabricação são mais cognitivas: o operador/a
necessita de capacidade para tratar processamento da informação.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
105/116
KAIZEN
introdução
Kaisen é a filosofia japonesa de melhoria contínua: fazer melhorias simples e
pequenas, que não custam muito dinheiro mas que resultam numa redução de
custos, maior qualidade e produtividade.
Considere-se uma fábrica de electrodomésticos onde os operadores adicionam
partes a uma unidade principal. O processo leva sete segundos, incluindo cinco
segundos para os trabalhadores se voltarem e recolherem as partes de um
contentor que se situa atrás deles.
Se se puser o contentor à frente dos
empregados, eliminam-se quatro segundos do processo — o que se traduz
numa melhoria da produtividade.
É a este processo de melhoria a que se dá o nome kaisen.
Gemba, em japonês, representa o sítio onde a acção se desenrola. No cenário
dos negócios, gemba significa o local onde os produtos são fabricados, um
laboratório ou uma fábrica, por exemplo. No sector dos serviços, gemba é
onde os clientes se encontram com quem lhes fornece os serviços.
A metodologia Kaizen rege-se por princípios que aplicam o espírito e técnicas
do kaisen no gemba, com o fim de reduzir os custos e melhorar a qualidade e
produtividade na organização.
As regras de ouro do gemba
Demasiados gestores ficam sentados nas suas secretárias, distanciados dos
acontecimentos que se dão no no interior da Empresa (GEMBA). A sua função
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
106/116
é compreender e permanecer em contacto com o local onde tudo acontece. Só
depois de o fazer é que poderão tomar as iniciativas kaisen. Eis as principais
regras da gestão gemba:
•
Quando surge um problema, averiguar no gemba. Não se deve
tentar resolver o problema por controlo remoto. Quando Taiichi Ohno,
da Toyota, se apercebia que um gestor estava distanciado da sua
fábrica, levava-o lá, desenhava um círculo no chão e fazia com que o
supervisor ali permanecesse até que ficasse mais consciente acerca do
que se passava no terreno das operações;
•
Verificar os gembutsu. Dá-se o nome de gembutsu aos itens tangíveis
do gemba — uma máquina avariada, produtos devolvidos ou um
cliente insatisfeito. Se uma máquina se avariar, não se deverá
convocar uma reunião para identificar os próximos passos a tomar ,
antes se deverá verificar o que se passa com a máquina e passar à
acção;
•
Adoptar soluções temporárias. Se não se conseguir resolver
completamente o problema na altura em que este surge, deve-se tentar
remediar da forma que for possível. Por exemplo, numa fábrica, lascas
de metais que caíam numa correia estavam sempre a parar a máquina.
Cada vez que isto acontecia, os empregados afastavam as lascas e
ligavam as máquinas outra vez;
•
Encontrar a raiz do problema. Depois de remediar o problema,
devem-se identificar as causas do mesmo. Para os problemas simples, a
técnica dos «cinco porquês» é suficiente.
Por exemplo, um homem está a pôr serrim no chão.
1. Porquê? Porque o chão está escorregadio.
2. Porquê? Porque está óleo no chão.
3. Porquê? Porque a máquina está a verter óleo.
4. Porquê?
Porque
o
óleo
está
a
verter
do
depósito.
5. Porquê? Porque o revestimento de borracha do
depósito está gasto
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
107/116
•
Estabelecer um padrão de procedimentos. Quando se resolver um
problema, o novo procedimento deve ser padronizado para evitar que
volte a surgir.
5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA
Espaços mal organizados criam frequentemente ineficiências caras no processo
de trabalho. O simples acto de limpar o local de trabalho e mantê-lo limpo
produz melhorias substanciais na produtividade e eficiência de custos.
Os cinco passos para limpar a casa foram desenvolvidos no contexto fabril,
mas podem ser aplicados aos serviços:
•
Seiri (classificar). O primeiro passo é classificar os itens em duas
categorias — necessários e desnecessários — e livrar-se dos últimos.
É comum colocarem-se etiquetas vermelhas nos itens desnecessários,
para que seja mais fácil saber o que se deita fora. Se os empregados
encontrarem uma etiqueta vermelha em algo que eles pensam que é
necessário, têm de convencer a equipa que ele será útil no futuro;
•
Seiton (arrumar). Assim que os itens desnecessários forem removidos,
devem-se arrumar os restantes para minimizar o tempo que levará a
procurá-los. Cada objecto deve ter um nome. Por exemplo, dê um nome
a cada parede e marque os itens com os números da parede onde serão
colocados;
•
Seiso (esfregar). O espaço de trabalho deve ser limpo, incluindo
máquinas, ferramentas, chão e outras áreas. Ao limparem, os
trabalhadores podem identificar problemas como, por exemplo, uma
máquina que verte óleo;
•
Seiketsu (sistematizar). O kaisen deve ser feito sistematicamente.
Seiketsu significa que os passos anteriores devem ser efectuados
sistematicamente;
•
Shitsuke (padronizar). Estes cinco passos devem ser integrados nos
hábitos e atitudes dos trabalhadores.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
108/116
Como eliminar o desperdício
No trabalho, existem dois tipos de actividades: aquelas que adicionam valor e
aquelas que não adicionam valor.
Qualquer actividade que não adicione valor ao produto ou serviço que está a
ser criado é muda (desperdício). Eliminar o muda é uma das tarefas
fundamentais do kaisen. Taiichi Ohno classificou o muda em sete categorias:
•
Muda de sobreprodução. Produzir mais do que o necessário resulta
num desperdício tremendo: as matérias-primas são utilizadas antes de
serem precisas, mais espaço é necessário para armazenar o excesso de
inventário e custos administrativos e de transporte adicionais são
contraídos;
•
Muda de inventário. Os produtos guardados em inventário adicionam
custos por precisarem de equipamento e espaço adicional. E podem
esconder problemas no gemba;
•
Muda de rejeição. As rejeições interrompem a produção e requerem
um trabalho caro. Desfazer-se delas é também um desperdício de
tempo;
•
Muda de movimento. Qualquer movimento do corpo de uma pessoa
que não está a adicionar valor é muda. Um trabalhador a andar ou a
carregar um pacote pesado está a perder tempo. Evite este tipo de
muda, reorganizando o espaço de trabalho;
•
Muda de processamento. Tecnologia inadequada ou um layout pobre
do espaço pode representar um desperdício no processamento do
próprio trabalho. Por exemplo, num local onde são produzidos telefones,
os auscultadores e o corpo são fabricados em linhas diferentes. São
depois embalados em sacos para serem transportados até à linha de
montagem final. Fazendo a ligação entre a linha de montagem dos
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
109/116
auscultadores e a linha de montagem final eliminará os sacos de
plástico;
•
Muda de espera. Se um operário fica sem nada para fazer porque está
à espera de uma peça, por exemplo, existe muda. Solucione o problema
que está a causar a espera do trabalhador;
•
Muda de transporte. O transporte em camiões ou empilhadores não
adiciona valor e, por isso, deve ser eliminado, sempre que possível.
O papel dos supervisores
O kaisen será bem sucedido se for empreendido com objectivos e metas
claros. É à gestão de topo que pertence a tarefa de os definir. E é o supervisor
que deve fazer com que se alcance a meta do gemba kaisen, que é produzir
com padrões de elevada qualidade a baixos custos e entregando a tempo.
Para alcançar o objectivo, os supervisores têm de gerir os chamados «cinco
M»:
•
Material. O supervisor terá sempre de assegurar que o material é limpo
e que está devidamente organizado;
•
Máquina. O supervisor tem de assegurar a manutenção das máquinas;
•
Mão-de-obra. O supervisor é responsável por encorajar as sugestões
dos empregados e recompensar as boas ideias;
•
Medida. O supervisor gere visualmente o local de trabalho. A exposição
de tabelas, listas e registos de desempenho tornam-se ferramentas
primordiais;
•
Método. O supervisor é responsável por manter os elevados padrões de
trabalho e de segurança na empresa;
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
110/116
CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC
TQC, sigla de Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total é um
sistema de gestão, nascido nos EUA e aperfeiçoado no Japão (TQC no estilo
japonês).
Controle: Não é uma palavra muito simpática, por estar associada à idéia de
fiscalização ou limitação de liberdade. Mas no TQC seu significado é outro..
Quando se diz que o processo está sob controle significa que as causas
de não conformidade estão dominadas, ou seja, o processo produz os
resultados desejados
Qualidade:. Não é a simples ausência de defeitos (não-conformidades) ou
adequação ao uso.
É o conjunto de características, concretas ou abstractas que fazem com
que o consumidor ou utilizador prefira determinado produto ou serviço
Nesta metodologia , a qualidade do produto ou serviço deve ser garantida em
todas as fases de seu desenvolvimento:
projecto,
produção,
distribuição
assistência pós-venda.
Por ser subjectiva e pessoal, a qualidade carece de medição, além da
preferência do cliente. Como a reclamação ou rejeição do cliente vem sempre
depois do produto estar no mercado, é necessário estabelecer indicadores de
qualidade, que meçam as dimensões da qualidade.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
111/116
QUALIDADE TOTAL: O Controle de Qualidade é dito Total por
envolver todas as pessoas e ser exercido em todos os lugares da
empresa, envolvendo todos os níveis e todas as unidades.
Conceito do TQC
O conceito do TQC é formado por onze princípios:
1. Orientação pelo cliente
2. Qualidade em primeiro lugar
3. Acção orientada por prioridades
4. Acção orientada por fatos e dados
5. Controle de processos
6. Controle da dispersão
7. O próximo processo é o seu cliente
8. Controle a montante
9. Acção de bloqueio
10..Respeito pelo empregado como ser humano
11..Comprometimento da Direcção da Empresa
Dimensões da Qualidade
Quando falamos qualidade, não nos referimos apenas às características
intrínsecas do produto, mas sim a um conjunto de valores que estão presentes
ou acompanham o produto ou serviço. Para um melhor entendimento
detalhamos a seguir as dimensões da qualidade:
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
112/116
Qualidade: chamada de qualidade intrínseca, são as características que
podem
ser
medidas
directamente
no
produto.
Para
um
produto
alimentício, as características de qualidade intrísecas poderiam ser, por
exemplo: cor, textura, sabor, odor, carga microbiana, propriedades físicoquímicas, etc.
Custo: de nada adianta ter o melhor produto do mundo se o cliente não
puder pagá-lo. Mesmo que possa, o cliente só pagará pelo produto que
custar igual ou menos que o valor que ele perceber no bem. Assim, todo
o esforço deve ser empreendido pelas pessoas da empresa para reduzir
os custos de produção, venda e assistência técnica.
O TQC tem várias ferramentas que possibilitam reduzir custos, entre elas o
PDCA de melhoria (Metodologia de Análise e Solução de Problemas).
Atendimento:
O
atendimento
pode
ser
medido
em
termos
de
quantidade, local e prazo de entrega.
Moral: é a satisfação média dos colaboradores, expressa em termos de
sugestões apresentadas, ausências ao trabalho, rotatividade, atc. Uma via
mais directa de medir o grau de satisfação da equipe é através de
diagnósticos motivacionais, realizados de forma a garantir o anonimato,
com a totalidade ou parcela representativa do quadro funcional e com
questionário elaborado com a participação dos próprios colaboradores.
Segurança: o fornecedor deve garantir que o produto não coloque a
integridade
física
do
consumidor
ou
utilizador
em
risco.
Isso
é
particularmente importante no caso de produtores e prestadores de
serviços em alimentação. Neste caso medidas importantes são contagem
de microorganismos patogénicos e análise de aditivos. Para melhor
informação veja as páginas referentes a BPF e HACCP.
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
113/116
8. CONCLUSÕES
Com este texto , pretendeu-se a abordagem dos principais factores de
influencia da produtividade da actividade das empresas .
A Gestão moderna das empresas , tem de se guiar pelo aproveitamento das
“vantagens internas” , por vezes desconhecidas , que constituem todos os
desperdícios e perdas de rendimento que potencialmente poderá aproveitar .
Do ponto de vista teórico , até que não seria difícil detectar e corrigir essas
ineficiências de processos . Contudo é na fase de implementação que as coisas
ficam mais sérias , pois na grande maioria dos casos há que vencer
resistências internas e mentalidades que se apoiam na velha máxima de que
“foi sempre assim , porquê mudar …”
É um facto que hoje em dia , mais que no passado , as empresas têm de
antecipar os escolhos que vão encontrar no mercado e na concorrência , pelo
que devem estar principalmente atentas ao que se passa no seu exterior . No
entanto em Portugal , uma boa parte das empresas tem de arrumar a casa
primeiro e de realizar um esforço empenhado em adquirir vantagens
competitivas no aumento da sua produtividade .
Para o fazer , deverá aumentar o seu rendimento no consumo dos recursos
através de factores tão objectivos como :
Reduzir o absentismo do pessoal
Reduzir nível de acidentes
Aumentar taxa de ocupação dos equipamentos
Analisar e optimizar os estrangulamentos da actividade
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
114/116
Implementar sistema de custeio para monitorizar custos de
todas as actividades
Melhorar eficiência energética
Implementar programas de manutenção preventiva
Em suma , uma empresa que pretenda vencer no mercado , terá de dedicar
algum tempo a elaborar e implementar um plano de aumento de produtividade
assente em alguns dos objectivos atrás enunciados .
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
115/116
Bibliografia
Recursos Humanos , JM Peretti , Edições Silabo
Total Quality Control , Armand Feigenbaum , 3ª Edição McGraw Hill
Projectos Industriais , R. Assis , V. Távora , Edições Lidel
Produção , P Baranger , Edições Sílabo
Gestão da Produção , ª Courtouis , Edições Lidel
PINTO, Jane Lúcia Gaspar Coelho. Controle de Processos na Indústria de Móveis.:
UFSC, 1993. Tese (Mestrado em Engenharia de Produção)
COMISSÃO EUROPÉIA. (1995) Livro Verde da Inovação, Comissão
Européia, Luxemburgo
PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campas, 1986.
http://www.usernomics.com/
Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME
116/116
Download

AEP-Produtividade-Inovacao