Teorias que fundamentam os estudos na abordagem alternativa Inspiração: ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila . Estudos de usuários: pluralidade teórica, diversidade de objetos. Comunicação oral apresentada ao GT03 – Mediação, Circulação e Uso da Informação do IX ENANCIB. In: Anais do IX ENANCIB, 2008. Prólogo... O objeto da ciência da informação é o estudo das relações entre os discursos, áreas de conhecimento e documentos em relação às possíveis perspectivas ou pontos de acesso de distintas comunidades de usuários (CAPURRO, 2003, p. 16). Capurro (2003) Identifica três paradigmas na ciência da Informação: o paradigma físico o paradigma cognitivo o paradigma social Almeida et al (2007) Identificam, no âmbito dos estudos da área de gestão empresarial, três momentos, diretamente ligados a esses três paradigmas em CI dos quais fala Capurro: a gestão de dados (fundamentado no paradigma físico), a gestão da informação (paradigma cognitivo), e a gestão do conhecimento (paradigma social). Para os autores: O primeiro momento (gestão de dados / paradigma físico), centra-se nos processos tecnológicos e nas bases de dados e contempla o usuário apenas como feedback de indicadores de eficiência dos sistemas. O segundo (gestão da informação / paradigma cognitivo) é voltado para os processos cognitivos e analisa o usuário como sujeito cognoscente possuidor de conhecimentos tácitos. O terceiro (gestão do conhecimento / paradigma social), entende a informação como algo construído, percebendo o usuário como inserido em contextos culturais e sociais (ALMEIDA, 2007, p. 24). 14 anos atrás... Uma constatação pessoal: Frequentemente, a intenção de transmitir determinada informação, e as ações desencadeadas com esse fim, não traduziam efetivamente as expectativas Além disso, os esforços para “tornar comuns” os significados entre os diversos setores das organizações eram afetados por certas características particulares que os grupos “emissores” e “receptores” assumiam no cotidiano organizacional Modelo descritivo do processo de comunicação de informações proposto por ANZIEU e MARTIN (1971, p. 113): Resposta (indireta, através da execução de uma ação) Estado de Receptividade Meios de Transmissão F E E D B A C K Perdas Campo de Consciência Campo de Consciência COMUNICAÇÃO EMISSOR Atitude intencional Atitude intencional RECEPTOR ESTÍMULO Perdas Perdas Seleção da Informação Resposta (direta, mediante mesmos meios) A partir da “descoberta” desse modelo inicial Concluiu-se que: Qualquer estudo que deixasse de levar em consideração os “mapas de leitura” dos indivíduos usados para a produção de sentido Esses mapas de leitura eram originados de certas “representações sociais” construídas pelos indivíduos Essas diferentes representações sociais se relacionavam intimamente com a cultura da organização e as subculturas nas quais os indivíduos se inseriam No entanto... Essas mesmas representações sociais Eram intimamente relacionadas com a cultura onde essa sociedade estava inserida, sofrendo influências constantes do ambiente externo Por outro lado, haviam evidências da existência de um núcleo inconsciente que conectava essas representações contruídas coletivamente à psicologia individual dos sujeitos envolvidos Essa constatação... Colocou em evidência o papel do símbolo nesse processo: O símbolo, nesse contexto, seria muito mais que um organizador ou uma unidade de significado pura e simples, seria uma instância de ligação que contém a possibilidade de sentido. “A carga simbólica de significações das palavras gradualmente utilizadas induzem associações de sentido que expandem os respectivos campos de compreensão dos interlocutores, e permitem que esses campos de compreensão sejam cada vez mais coincidentes ou divergentes” (Paula, 1999) Um exercício associativo: Em grego: Sym (junto, comum, simultâneo) e Bolon (aquilo que foi lançado) significando junção de coisas que tem algo em comum. Em latim: Sumbalon palavra usada para descrever um objeto, usado como sinal de reconhecimento, cortado em duas metades cujo confronto permitia aos portadores reconhecerem-se como irmãos mesmo sem jamais terem se encontrado. Em alemão: Sinn (sentido, significado) e Bild (imagem) cuja tradução poderia ser imagem significativa. Ao investigar um produto cognitivo... ... relacionado com a produção de sentido (a “representação social”) eu havia me deparado com uma situação muito mais complexa que demandava ferramentas até então pouco utilizadas nos campos da gestão da informação e do conhecimento, em geral, dos estudos de usuários, em particular Estudos que repetiam abordagens tradicionais das pesquisas em comportamento informacional e organizacional (uma perspectiva nomotética procupada em estabelecer leis e/ou estudar eventos recorrentes) Abordagens que... … apresentavam uma compreensão fragmentada das competências necessárias para a troca de informações – especialmente aquelas para se comunicar em ambientes instáveis Especialmente por subvalorizar a influencia da dimensão coletiva nos comportamentos individuais… Paralelamente, aqui na ECI... Araújo (2008, p. 14) propunha: “Talvez a adoção de uma outra racionalidade, que valorizasse a pluralidade, a validade de diferentes critérios de cientificidade (permitindo incorporar avanços dos estudos das várias áreas “alternativas” que se seguiram à consolidação do modelo hegemônico) pudesse dar aos estudos de usuários a condição adequada para avançar teórica, conceitual e metodologicamente, para a compreensão desse complexo objeto de estudo que são os usuários da informação.” Em outros contextos, preocupações semelhantes: Estudos de Mendel (1998 e 1999), Lhuillier (2006) and Thibierge (2007) – que indicaram o que, na frança foi chamado Approche clinique (abordagem clínica) do fenômeno organizacional como uma alternativa para dificuldades semelhantes às relatadas. Ecos dessa visão podem ser reconhecidos em outras perspectivas, como, por exemplo, aquilo que Schein (2009) vem chamando de Helping. O seria uma “Abordagem Clínica da Informação”? Uma abordagem que tem …por característica uma perspectiva profunda do fenômeno da informação, utilizando-se de uma perspectiva clínica (sem, no entanto, utilizar um viés psicopatológico) para alcançar níveis de análise que não são usuais nos estudos comportamentais e cognigtivistas tradicionais Poderíamos, inspirados por esses autores, propor uma “Abordagem Clínica da Informação”? Uma abordagem que teria …por característica uma perspectiva profunda do fenômeno da informação, utilizando-se de uma perspectiva clínica para alcançar níveis de análise que não são usuais nos estudos comportamentais e cognigtivistas tradicionais O uso do temo clínico, para descrever um método, não pode ser separado de sua origem médica, conforme atesta a descrição de Turato (2003). (...) o termo clínico deriva do latim clinicus, que quer dizer uma ‘pessoa acamada’, e do grego ... (klinikos), ‘relativo à cama’, de ... (kline), ‘leito’. Desta forma, ter uma atitude clínica significa colocar-se naturalmente frente a uma pessoa necessitada para ao menos compartilhar com ela as ansiedades e angústias, surgidas ou agravadas com sua condição de adoentado (Turato, 2003,p. 239). Uma abordagem clínica da informação se basearia em algumas premissas básicas: 1. 2. 3. a interação entre os indivíduos e a informação é indissociável da sua inserção nos grupos sociais a que se vincula; essa inserção em grupos sociais determina que o comportamento de busca por informações (bem como os desdobramentos que a ele se seguem) seja um processo experiencial e contingencial marcado, consciente ou inconscientemente, pelos campos psíquico, cultural, histórico e social; o campo psíquico é composto pelas dimensões cognitivas, perceptivas e afetivas indissociavelmente; Uma abordagem clínica da informação se basearia em algumas premissas básicas: 4. 5. 6. 7. o campo psíquico influencia e é influenciado pelos campos cultural, histórico e social; a investigação desses fenômenos é de natureza complexa e dificilmente alcançada apenas por um instrumento; os instrumentos padronizados tem se revelado insuficientes para apreender as múltiplas dimensões da relação entre os indivíduos e as informações; uma alternativa para abordar esses indivíduos, os grupos em que estão inseridos e as organizações é o método clínico. Um método clínico para a abordagem da informação consistiria em: investigar o objeto sobre o qual se põe um problema, inserindo as informações coletadas na dinâmica particular desse objeto, reconhecendo e determinando determinados estados, padrões, movimentos e alterações. Essa ação permitiria : descrever fenômenos, tecer diagnósticos, prognósticos ou prescrever intervenções. Uma vez que: o método clínico tem como principal preocupação o recolhimento de dados e informações sem isolá-los da situação “original” em que foram reunidas e do contexto em que se inserem, seu “meio” seria por excelência, o estudo de caso. Um conjunto bastante extenso de técnicas pode ser utilizado para apreender esse os múltiplos aspectos desse “caso / objeto”: Restringindo-nos às sugeridas pelos pesquisadores das ciências sociais (Vergara (2005), por exemplo) poderse-ia citar: Análise de Conteúdo Análise do discurso Historiografia Mapas de associação de idéias Triangulação Mapas cognitivos Metodologia Reflexiva Grounded theory Grupos de foco Desconstrução Técnicas de complemento Fotoetnografia Pesquisa-ação Analogias e metáforas Construção de desenhos Incidente crítico Método Delphi Fenomenologia Netnografia Técnicas de construção Teste de evocação de palavras Etnografia No entanto, trata-se de uma lista aberta de possibilidades, que se estende para muito além dessas alternativas e onde o tipo de interesse na pesquisa pode permitir a busca por novas alternativas (ou mesmo a utilização de alternativas híbridas) Pode-se sugerir, ainda, que... ... essas técnicas, devido à mutabilidade do objeto estudado, possam ser usadas de forma combinada permitindo acessar diferentes aspectos do objeto do contexto estudado. Uma vez coletados os dados passa-se ao estudo aprofundado do caso que pode ser definido por três componentes essenciais: A dinâmica: onde o (os) sujeito (os), processo (os), ou fluxo (os) estudado (os) deve (m) ser compreendido (s) em suas interações com o contexto que o (s) envolve (m), com os outros sujeitos, processos ou fluxos e com seus elementos intrínsecos; A gênese: a origem da situação estudada; A totalidade: o seu processo histórico próprio ou ciclo vital. Alguns métodos... Análise de conteúdo: Presta-se a fins exploratórios e de verificação (para confirmar ou não hipóteses / suposições) Exige categorias exaustivas, mutuamente exclusivas, objetivas e pertinentes Permite tratar grande quantidade de dados se utilizar programas de computador, porém sua interpretação depende do pesquisador e de sua “hermenêutica” O risco quando nos detemos no mais frequente é perder o que está ausente ou é raro Análise de conteúdo: Como fazer? Análise de conteúdo: Revisão de literatura pertinente ao problema e se escolhe a orientação teórica de suporte Definem-se as suposições para o problema Definem-se os meios para coleta de dados: documental ou de campo (entrevistas abertas, semi-estruturadas ou questionários abertos?)? Coletam-se e transcrevem-se os dados Análise de conteúdo: Define-se o tipo de grade de análise (aberta, fechada ou mista) Leitura do material coletado (leitura flutuante?) Definem-se unidades de análise (palavra, expressão, frase, parágrafo?) Definem-se categorias de acordo com a grade escolhida: - Aberta: categorias “vão surgindo” espontaneamente - Fechada: categorias delimitadas previamente de acordo com os objetivos e a teoria norteadora - Mista: admite as duas formas, sua subdivisão, inclusão ou exclusão Análise de conteúdo: Procede-se a análise de conteúdo através de procedimentos estatísticos, interpretativos ou ambos Resgata-se o problema Confrontam-se os resultados com a teoria de suporte Extrai-se da anaálise às conclusões Etnografia: Possibilita um compreensão ampla da atuação dos indivíduos no ambiente organizacional: acesso à realidade formal e informal Permite identificar valores e aspectos do relacionamento entre os seus integrantes (muitas vezes desconhecidos) Permite descobrir o simbolismo presente nos comportamentos (através da imersão na realidade dos depoentes) e características de culturas e subculturas Permite uma visão abrangente da satisfação dos pesquisados dentro do ambiente onde eles são pesquisados Etnografia: Por exigir contato prolongado, demanda tempo considerável para a realização da pesquisa Exige que o pesquisador busque minimizar os riscos da omissão ou revelação de dados distorcidos pelo grupo pesquisado Exige sensibilidade para captar o observável Exige sensibilidade para atuar no campo, ouvir, observar e reconhecer momentos adequados para perguntar e conversar Exige uma decisão ética: devo me apresentar ou não como pesquisador? Etnografia: Por exigir contato prolongado, demanda tempo considerável para a realização da pesquisa Exige que o pesquisador busque minimizar os riscos da omissão ou revelação de dados distorcidos pelo grupo pesquisado Exige sensibilidade para captar o observável Exige sensibilidade para atuar no campo, ouvir, observar e reconhecer momentos adequados para perguntar e conversar Exige uma decisão ética: devo me apresentar ou não como pesquisador? Etnografia: Como fazer? Etnografia: Define-se o tema e o problema de pesquisa Revisão de literatura orientadora Negocia-se o início da pesquisa de campo com o grupo pesquisado Primeiros contatos com o grupo no campo Coletam-se dados por observação simples e participante Selecionam-se sujeitos para serem entrevistados Etnografia: Coletam-se dados por meio de entrevistas, fotografias ou outros procedimentos Registram-se os dados em um diário de campo Codificam-se os dados Comparam-se os dados obtidos através dos diversos procedimentos Analisam-se os dados Resgata-se o problema Confrontam-se os dados com a teoria de suporte Formula-se a conclusão Um exemplo de aplicação: Utilização do binômio sentido-afeto como possibilidade de alcançar a “autogestão” inconsciente e subjacente da informação (muitas vezes em desacordo com a “realidade” oficial da organização). Empiricamente... A análise das comunicações de grupo de professores de um departamento da área de Ciências Humanas em uma tradicional instituição de ensino superior brasileira. Uma questão: Uma vez que a produção de sentido em uma organização é construída nas relações entre seus integrantes, nas interpretações que esses integrantes extraem do contexto em que eles se inserem e na dimensão simbólica subjacente a esse contexto, poderia o conceito símbolo apresentado anteriormente ser aplicado à análise dessa produção de sentido? E, dentro dessa visão: Poderia a diversidade de interpretações da informação, produzida por grupos e subgrupos no ambiente de uma organização, ser avaliada mediante identificação das relações de seus integrantes com os símbolos a ela inerentes? Na prática: Demonstrar a viabilidade da análise da função mediadora da dimensão afetiva e da produção de sentido relacionadas ao simbolismo no processo de comunicação de uma organização, e sua influência na utilização da informação na produção, na mediação e na solução dos conflitos. Parâmetros Conceituais: Coletivo Social Mitos e suas expressões rituais Complexos Culturais Produção de Sentido Símbolos Complexos ideo-afetivos Disposições inconscientes / insintivas básicas Parâmetros Conceituais: Coletivo Social Disposições inconscientes / instintivas básicas Complexos ideo/afetivos Símbolos Mitos e suas expressões rituais Complexos Culturais Produção de Sentido Parâmetros Conceituais: A diversidade de interpretações de uma mesma informação (ou de uma realidade), produzidas por grupos e subgrupos no ambiente de uma organização pode ser avaliada mediante a identificação das relações de seus integrantes com os símbolos a ela inerentes. Parâmetros Conceituais: A produção de sentido ocorre num “espaço” (ou modo de operação) psíquico muito além dos modelos de realidade convencionados dentro do senso comum. Parâmetros Conceituais: Num processo constante de construção e desconstrução o símbolo atua como catalisador das expressões afetivas conscientes e inconscientes, e como objeto de passagem (transacional), mediando os opostos inerentes aos atos comunicativos interpessoais produzindo, concomitantemente, sentido e cultura. Métodos: 1. uma abordagem da subjetividade através do estímulo a faculdade poïetica dos entrevistados como uma alternativa de acesso à dimensão afetiva dos sujeitos; 2. a utilização do experimento de associação de palavras como uma forma de acesso ao nível inconsciente dos sujeitos e de confirmação da interferência do afeto nas formulações simbólicas por eles produzidas; Métodos: 3. 4. a utilização dos mitologemas como uma alternativa à utilização de categorias previamente estabelecidas na interpretação dos dados; a introdução da noção de actante na concepção do roteiro semi-estruturado, como um recurso complementar de estimulação à expressão de conteúdos afetivos durante a entrevista; Métodos: 5. 6. 7. a tomada do drama narrado como um campo de ação, um contexto, onde o símbolo se constela; a atitude do pesquisador diante do material apresentado (utilização do método da atenção flutuante); a atitude do pesquisador diante do entrevistado (posicionamento como audiência interessada e abertura para interação). O Caso: Um departamento com mais de 40 anos de existência e, a muitos anos, vem tentando, sem sucesso, tornar-se uma faculdade independente. Chegou a ter quase 100 professores e hoje tem menos da metade disso (ainda é o maior departamento da faculdade). Tem sua história marcada por severas disputas internas que estão, em parte, relacionadas à surgimento dos “setores” como instância administrativa extra-oficial. O Caso: Em função de sucessivos afastamentos e aposentadorias o curso operava na ocasião com um grande número de professores temporários recém saídos da graduação. A mais de dez anos vinha sendo tentada, sem sucesso, uma reforma curricular. Por um período de tempo semelhante vem sendo tentada a criação de um Programa de Doutorado, igualmente sem sucesso. Sujeitos: Identificação do Sujeito Sexo Idade Tempo no departamento Titulação S1 Feminino 64 11 anos Doutorado S2 Masculino 54 24 anos Pós-doutorado S3 Masculino 48 10 anos Doutorado S4 Feminino 61 38 anos Mestrado S5 Masculino 63 31 anos Doutorado S6 Masculino 40 09 anos Doutorado Pesquisa de Campo: 1. 2. Entrevistas semi-estruturadas e semidiretivas ; Experimento com associações de palavras. Roteiro para entrevistas: Dados Bio-Sociográficos. (Sexo biológico; nacionalidade; naturalidade; backgroud étnico; backgroud religioso; estado civil; número de filhos; anos de escolaridade; atividades paralelas ao magistério superior; anos de experiência como professor dentro e fora da instituição; cargos que ocupa; participação em grupos temporários ou por tarefa e grupos de referência a que se vincula dentro e fora da instituição) OBS: A coleta de dados deste item foi feita de forma a respeitar a fluência da comunicação entre entrevistador e entrevistado não sendo, portanto, apresentada obrigatoriamente num tópico à parte, podendo ser diluída e inserir-se diferentemente no diálogo dependendo do entrevistado e da situação. 1. Roteiro para entrevistas: 2. 3. 4. 5. História pessoal e profissional. (Quem é você? Conte-me sua história... Como o Sr.(a) chegou até aqui?O que aconteceu desde então?...) História do departamento. (O que é o departamento? Conte-me história deste departamento... Como ele surgiu?) Qualidades do departamento. (O que é bom no departamento?) Problemas do departamento. (O que é ruim no departamento?) Roteiro para entrevistas: 6. 7. 8. 9. Ciclos. (Se o departamento fosse uma plantação... em que momento do cultivo ele estaria? Você diria que o departamento evoluiu ou involuiu com o tempo? Você poderia narrar casos ou situações que evidenciem essa opinião?) Elementos que diferenciam o departamento de outros da faculdade. (Aproveitando esse retrospecto, como você diferenciaria o Departamento dos outros departamentos aqui da faculdade?) Histórias e relatos sobre aspectos valorizados no departamento. (Você poderia contar 3 coisas importantes que todo mundo valoriza nesse departamento?) Histórias e relatos sobre aspectos criticados no departamento. (E se falarmos de crítica? Você seria capaz de contar 3 coisas importantes que todo mundo critica por aqui?) Roteiro para entrevistas: 10. 11. 12. 13. Problemas renitentes ou crônicos. (Existem coisas renitentes que são discutidas sempre e, sempre, voltam à baila?) Hábitos do departamento. (Existem hábitos típicos do departamento ou hábitos típicos das pessoas aqui do departamento?) Um símbolo para o departamento. (Se eu lhe pedisse para escolher um símbolo para descrever o departamento, que imagem o Sr.(a) usaria?) Comparação do departamento com um estilo artístico / musical. (Se você fosse comparar o departamento a um estilo artístico ou musical que estilo ele seria? Porquê?) Roteiro para entrevistas: 14. 15. 16. 17. Comparação do departamento com um instrumento musical, animal ou canção. (E se você tivesse que escolher um instrumento, um animal ou uma canção para representar o departamento, qual você escolheria? Porquê?) Relato de conflitos no departamento. (Conte-me um caso ou uma situação de conflito ocorrida no departamento. Conte-me outra.) Relato de êxitos do departamento. (Conte-me uma história de sucesso do departamento. Conte-me outra.) Relato de fracassos do departamento. (Fale-me agora do oposto. Conte-me uma história de fracasso ocorrida no departamento. Conte-me outra. ) Palavras-estímulo escolhidas para o experimento com as associações: alcoólatra, aposentar, arrogante, atendimento, auto-imagem, avaliação, banca, behavioristas, CAPES, chefia, clínica, competição, concorrentes, concurso, corporativismo, crise, currículo, departamento, efetivo, excluído, improdutividade, individualista, interesses, jornada, lacanianos, malestar, maracutaia, mestrado, orientando, panelinhas, particular, perder, prejudicar, psicanalistas, radical, rejeitar, reprovar, setor, substituto, turno Três palavras como exemplos: “Maracutaia”: apareceu em uma fala em relação aos concursos para professores Improdutividade: apareceu num comentário sobre uma professora que “trabalhou por 25 anos e só publicou um paper (sua dissertação de mestrado)”, aposentou-se, fez concurso e foi aprovada: “para ficar mais 25 anos sem fazer nada”? CAPES: apareceu em vários depoimentos * Alcoólatra Cinco * Doutorado Lã 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 * Lacanianos Livro Sujo * Atendimento Correto Dente * Particular Caderno Bobo * Reprovar Cavalgar * Mal-estar Novo Sal * Concorrentes Montanha * Competição Amarelo * Banca Árvore CAPES Selvagem * Turno Pão Azul * Concurso Nadar * Interesses Mau Tinta * Perder Cozinhar * Efetivo Doente Lago *Improdutividade Mal-humorado Cadeira * Crise Mesa * Aposentar Assassinato 2 Água Verde 1 Perfurar Cabeça Gráfico comparativo dos resultados : tempo de reação por palavra-estímulo S1 a S6 (1 – 50 ) 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Sapo 0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 Falar Setor Colorido * Individualista Caçoar * Jornada Quieto Serragem * Departamento Porta * Clínica Incêndio * Mestrado Cerveja * Avaliação Cegonha Narrar * Substituto Estreito Decência * Rejeitar * Currículo Estranho Vaca * Chefia Família * Maracutaia Caixote * Radical Flor Velho * Behavioristas Pintar * Panelinhas Grande * Orientando Brigar *Corporativismo Querido * Arrogante Criança * Prejudicar Nublado * Excluído Lei * Auto-imagem Fome * Psicanalistas Separar Gráfico comparativo dos resultados : tempo de reação por palavra-estímulo S1 a S6 (56 – 100 ) 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 Comentários às associações: “Maracutaia”: “concurso ‘público’ (bota aspas no público)”, “Macunaíma, o rei da maracutaia, representante típico do brasileiro”, “É muito difícil construir sua vida sem fazer maracutaia”, “não conseguia vir uma palavra à cabeça... vigarice”, “eu não acredito que esse pessoal tenha coragem de fazer o que fazem” Referência cruzada apresentada em associação à palavra Concurso (para professor): maracutaia, com um alto tempo de resposta seguida de um sorriso Comentários às associações: “Improdutividade”: “passei a vida tentando ser produtiva... É uma morte a improdutividade”, “porque nossos bons propósitos falham?”, “corporativismo”, “falta do que fazer (gaguejando) ... a pessoa improdutiva é a que não te... num num que não faz nada. Não éee... Fo-fo-foi a primeira coisa que veio. Eu teria falado outras coisas, a universidade cobra da gente produtividade, mas a primeira que veio foi essa...” Comentários às associações: “CAPES”: “É um órgão que vive fazendo exigências, cobrando e não reconhecendo... eu percebo uma certa injustiça nas decisões...”, “é uma burocracia infernal, né? São critérios assim injustos e as pessoas fazem as coisas de uma maneira que a gente não entende muito bem como é que funciona”, “O governo... órgão de fomento, nunca usei nem precisei dela, nem para fazer mestrado, nem para fazer doutorado. Eu não tenho relação com ela”, “desconhecido ... Esses critérios (da CAPES, do MEC e do CNPq) não são articulados entre si, então a universidade fica sendo puxada entre essas instituições” Análise das associações de S1 Autoridade: Justiça Existência Grande Sombra Pão CAPES Dente. Perfurar Mau / Monstro Cozinhar Improdutividade Regeitar Doutorado. Concurso. Maracutaia Competição Concorrente. Análise geral da situação encontrada: O departamento vive sob uma inércia passiva. O departamento jamais se recompôs da perda do seu fundador e essa perda manifesta reflexos até o presente. A perda do pai fundador e as disputas intestinas pelo poder que se seguiram fizeram com que os integrantes perdessem parte de sua capacidade discriminativa, da capacidade de perceber minúcias e sutilezas Análise geral da situação encontrada: A disputa com os “concorrentes” e as tentativas de alijá-los das oportunidades tem impacto direto nas relações com a informação e a gestão do conhecimento tornando as pessoas vorazes, com dificuldades para reconhecer seus semelhantes como tais e preocupados demais em buscar a satisfação imediata para os seus próprios interesses. Isso parece impedí-los de encontrar o sentido na sua própria existência no departamento. Análise geral da situação encontrada: A impressão geral é de uma “terra devastada” Talvez seja por isso que o departamento esteja paralisado, como dizem alguns depoentes: para que exista autoria é preciso haver autoridade. A autoridade no departamento é buscada na instituição, não é buscada por fatos. Isso explicaria a dificuldade em se escolher um líder e que a sua posse seja feita quase às escondidas. Explicaria, ainda, porque, quando aparece um líder, ele seja destituído logo. O vácuo na liderança do departamento parece estar longe de ser preenchido. Conclusões: Ao longo do processo de investigação evidenciaram-se motivos dramáticos comuns a vários sujeitos, ainda que experienciados de forma individual por cada um deles. Nesses motivos, estavam presentes uma série de fragmentos menores que, por serem capazes de despertar reações intensas de conteúdo emocional nos sujeitos estudados, puderam se encaixar na categoria de símbolos. Esses símbolos se mostraram estruturadores dos sentidos que os indivíduos extraem das informações (e das situações). Conclusões: Verificou-se a existência da conexão proposta entre o simbólico individual (produzido pelo sujeito sob a influência de seus complexos ideo-afetivos) e o simbólico coletivo (produzido em grupo pelos indivíduos a partir da fricção entre as diversas realidades psíquicas e seus sentidos individuais). Comprovou-se uma vinculação entre a dinâmica das relações dos indivíduos com os arranjos que os símbolos presentes no imaginário do departamento tomaram ao longo do seu percurso sócio-histórico. Conclusões: Interpretações diferentes de partes do mapa de leitura simbólico parecem estar na base das subculturas do departamento. Algumas dessas subculturas ganharam um status de instituições: os chamados setores. Os setores, embora úteis administrativamente, têm uma atuação patológica dentro do departamento e, utilizando uma metáfora energética, drenam um energia fundamental à manutenção da higidez do departamento. Conclusões: Verificou-se que os aspectos inconscientes da dimensão afetiva presentes nos componentes simbólicos da comunicação no departamento são alimentados por complexos individuais e coletivos. A dinâmica vital dos setores – elementos como: o senso individual de pertença e identificação e a postura crítica e preconceituosa em relação aos indivíduos e grupos concorrentes – é regida por “clusters” como os detectados. Conclusões: Certos “clusters” detectados na investigação operam tanto individual quanto coletivamente, essa constatação trouxe elementos que possibilitariam apontar a presença de algo semelhante ao que Kimbles (2000) chamou de complexos culturais e que, aqui, denominou-se complexos organizacionais. A constatação do papel dos elementos inconscientes nas relações dos sujeitos com a informação e, consequentemente, com a forma como eles gerem o conhecimento, indicam uma potencialidade que a Psicologia Organizacional ainda apresenta para ser desenvolvida. Questões a serem respondidas em estudos futuros: Seria viável a aplicação da metodologia empregada no presente estudo, ou de algum processo dela derivado, no cotidiano das organizações de trabalho como um instrumento diagnóstico para avaliação de dificuldades na organização e na gestão da informação / conhecimento? O reconhecimento ou detecção desses “complexos organizacionais” poderia ser utilizado como um instrumento de facilitação durante a elaboração de programas de gerenciamento de informações / conhecimento na organização? Questões a serem respondidas em estudos futuros: Seria viável se propor um processo de “gestão” das crises organizacionais de base informacional pela via simbólica? Em que moldes essa intervenção poderia ser feita? Quais seriam os limites éticos em que tal intervenção esbarraria? E, finalmente, seria possível antecipar crises futuras através da análise dos mecanismos pelos quais os símbolos coletivos e os afetos individuais interagem no cotidiano das organizações? Referências Complementares ALMEIDA, Daniela et al. Paradigmas contemporâneos da ciência da informação: a recuperação da informação como ponto focal. Revista Eletrônica Informação e Cognição, v. 6, n.1, p. 16-27, 2007. ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila . Estudos de usuários: pluralidade teórica, diversidade de objetos. Comunicação oral apresentada ao GT03 - Mediação, Circulação e Uso da Informação do IX ENANCIB. In: Anais do IX ENANCIB , 2008. AUBERT, Nicole (2003). Le Culte de L’Urgence. Paris, Flammarion CAPURRO, Rafael. Epistemologia e ciência da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Ciência da Informação e Biblioteconomia, 2003. CHOO, Chun Wei. 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