Teorias que
fundamentam os estudos
na abordagem alternativa
Inspiração:
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila . Estudos de usuários:
pluralidade teórica, diversidade de objetos. Comunicação
oral apresentada ao GT03 – Mediação, Circulação e Uso
da Informação do IX ENANCIB. In: Anais do IX
ENANCIB, 2008.
Prólogo...
O
objeto da ciência da informação é o
estudo das relações entre os
discursos, áreas de conhecimento e
documentos em relação às possíveis
perspectivas ou pontos de acesso de
distintas comunidades de usuários
(CAPURRO, 2003, p. 16).
Capurro (2003)
Identifica três paradigmas na ciência da
Informação:
 o paradigma físico
 o paradigma cognitivo
 o paradigma social
Almeida et al (2007)
Identificam, no âmbito dos estudos da área
de gestão empresarial, três momentos,
diretamente ligados a esses três
paradigmas em CI dos quais fala Capurro:
 a gestão de dados (fundamentado no
paradigma físico),
 a gestão da informação (paradigma
cognitivo),
 e a gestão do conhecimento (paradigma
social).
Para os autores:



O primeiro momento (gestão de dados / paradigma
físico), centra-se nos processos tecnológicos e nas
bases de dados e contempla o usuário apenas
como feedback de indicadores de eficiência dos
sistemas.
O segundo (gestão da informação / paradigma
cognitivo) é voltado para os processos cognitivos e
analisa o usuário como sujeito cognoscente
possuidor de conhecimentos tácitos.
O terceiro (gestão do conhecimento / paradigma
social), entende a informação como algo construído,
percebendo o usuário como inserido em contextos
culturais e sociais (ALMEIDA, 2007, p. 24).
14 anos atrás... Uma constatação
pessoal:
Frequentemente, a intenção de transmitir
determinada informação, e as ações
desencadeadas com esse fim, não
traduziam efetivamente as expectativas
 Além disso, os esforços para “tornar
comuns” os significados entre os diversos
setores das organizações eram afetados por
certas características particulares que os
grupos “emissores” e “receptores”
assumiam no cotidiano organizacional

Modelo descritivo do processo de comunicação de informações proposto
por ANZIEU e MARTIN (1971, p. 113):
Resposta (indireta, através da execução de uma ação)
Estado de
Receptividade
Meios de
Transmissão
F
E
E
D
B
A
C
K
Perdas
Campo de
Consciência
Campo de
Consciência
COMUNICAÇÃO
EMISSOR
Atitude
intencional
Atitude
intencional
RECEPTOR
ESTÍMULO
Perdas
Perdas
Seleção da
Informação
Resposta (direta, mediante mesmos meios)
A partir da “descoberta” desse
modelo inicial
Concluiu-se que:
 Qualquer estudo que deixasse de levar em
consideração os “mapas de leitura” dos indivíduos
usados para a produção de sentido
 Esses mapas de leitura eram originados de certas
“representações sociais” construídas pelos
indivíduos
 Essas diferentes representações sociais se
relacionavam intimamente com a cultura da
organização e as subculturas nas quais os
indivíduos se inseriam
No entanto...
Essas mesmas representações sociais
 Eram intimamente relacionadas com a
cultura onde essa sociedade estava
inserida, sofrendo influências constantes do
ambiente externo
 Por outro lado, haviam evidências da
existência de um núcleo inconsciente que
conectava essas representações contruídas
coletivamente à psicologia individual dos
sujeitos envolvidos
Essa constatação...
Colocou em evidência o papel do símbolo nesse
processo:
 O símbolo, nesse contexto, seria muito mais que
um organizador ou uma unidade de significado
pura e simples, seria uma instância de ligação que
contém a possibilidade de sentido.
 “A carga simbólica de significações das palavras
gradualmente utilizadas induzem associações de
sentido que expandem os respectivos campos de
compreensão dos interlocutores, e permitem que
esses campos de compreensão sejam cada vez
mais coincidentes ou divergentes” (Paula, 1999)
Um exercício associativo:



Em grego: Sym (junto, comum, simultâneo) e
Bolon (aquilo que foi lançado) significando junção
de coisas que tem algo em comum.
Em latim: Sumbalon palavra usada para descrever
um objeto, usado como sinal de reconhecimento,
cortado em duas metades cujo confronto permitia
aos portadores reconhecerem-se como irmãos
mesmo sem jamais terem se encontrado.
Em alemão: Sinn (sentido, significado) e Bild
(imagem) cuja tradução poderia ser imagem
significativa.
Ao investigar um produto
cognitivo...


... relacionado com a produção de sentido (a
“representação social”) eu havia me deparado
com uma situação muito mais complexa que
demandava ferramentas até então pouco
utilizadas nos campos da gestão da informação e
do conhecimento, em geral, dos estudos de
usuários, em particular
Estudos que repetiam abordagens tradicionais das
pesquisas em comportamento informacional e
organizacional (uma perspectiva nomotética
procupada em estabelecer leis e/ou estudar
eventos recorrentes)
Abordagens que...
… apresentavam uma compreensão
fragmentada das competências necessárias
para a troca de informações –
especialmente aquelas para se comunicar
em ambientes instáveis
 Especialmente por subvalorizar a influencia
da dimensão coletiva nos comportamentos
individuais…

Paralelamente, aqui na ECI...
Araújo (2008, p. 14) propunha:
 “Talvez a adoção de uma outra racionalidade,
que valorizasse a pluralidade, a validade de
diferentes critérios de cientificidade
(permitindo incorporar avanços dos estudos
das várias áreas “alternativas” que se
seguiram à consolidação do modelo
hegemônico) pudesse dar aos estudos de
usuários a condição adequada para avançar
teórica, conceitual e metodologicamente, para
a compreensão desse complexo objeto de
estudo que são os usuários da informação.”
Em outros contextos, preocupações
semelhantes:
Estudos de Mendel (1998 e 1999), Lhuillier
(2006) and Thibierge (2007) – que indicaram
o que, na frança foi chamado Approche
clinique (abordagem clínica) do fenômeno
organizacional como uma alternativa para
dificuldades semelhantes às relatadas.
 Ecos dessa visão podem ser reconhecidos
em outras perspectivas, como, por exemplo,
aquilo que Schein (2009) vem chamando de
Helping.

O seria uma
“Abordagem Clínica
da Informação”?
Uma abordagem que tem

…por característica uma perspectiva
profunda do fenômeno da informação,
utilizando-se de uma perspectiva clínica
(sem, no entanto, utilizar um viés
psicopatológico) para alcançar níveis de
análise que não são usuais nos estudos
comportamentais e cognigtivistas
tradicionais
Poderíamos, inspirados
por esses autores, propor
uma “Abordagem Clínica
da Informação”?
Uma abordagem que teria

…por característica uma perspectiva
profunda do fenômeno da informação,
utilizando-se de uma perspectiva clínica
para alcançar níveis de análise que não são
usuais nos estudos comportamentais e
cognigtivistas tradicionais
O uso do temo clínico, para descrever um método,
não pode ser separado de sua origem médica,
conforme atesta a descrição de Turato (2003).

(...) o termo clínico deriva do latim clinicus, que
quer dizer uma ‘pessoa acamada’, e do grego ...
(klinikos), ‘relativo à cama’, de ... (kline), ‘leito’.
Desta forma, ter uma atitude clínica significa
colocar-se naturalmente frente a uma pessoa
necessitada para ao menos compartilhar com ela
as ansiedades e angústias, surgidas ou agravadas
com sua condição de adoentado (Turato, 2003,p.
239).
Uma abordagem clínica da informação se basearia
em algumas premissas básicas:
1.
2.
3.
a interação entre os indivíduos e a informação é
indissociável da sua inserção nos grupos sociais a
que se vincula;
essa inserção em grupos sociais determina que o
comportamento de busca por informações (bem
como os desdobramentos que a ele se seguem)
seja um processo experiencial e contingencial
marcado, consciente ou inconscientemente, pelos
campos psíquico, cultural, histórico e social;
o campo psíquico é composto pelas dimensões
cognitivas, perceptivas e afetivas
indissociavelmente;
Uma abordagem clínica da informação se basearia
em algumas premissas básicas:
4.
5.
6.
7.
o campo psíquico influencia e é influenciado
pelos campos cultural, histórico e social;
a investigação desses fenômenos é de natureza
complexa e dificilmente alcançada apenas por
um instrumento;
os instrumentos padronizados tem se revelado
insuficientes para apreender as múltiplas
dimensões da relação entre os indivíduos e as
informações;
uma alternativa para abordar esses indivíduos,
os grupos em que estão inseridos e as
organizações é o método clínico.
Um método clínico para a abordagem da
informação consistiria em:

investigar o objeto sobre o qual se põe um
problema, inserindo as informações
coletadas na dinâmica particular desse
objeto, reconhecendo e determinando
determinados estados, padrões,
movimentos e alterações.
Essa ação permitiria :

descrever fenômenos, tecer diagnósticos,
prognósticos ou prescrever intervenções.
Uma vez que:

o método clínico tem como principal
preocupação o recolhimento de dados e
informações sem isolá-los da situação
“original” em que foram reunidas e do
contexto em que se inserem, seu “meio”
seria por excelência, o estudo de caso.
Um conjunto bastante extenso de
técnicas pode ser utilizado para
apreender esse os múltiplos
aspectos desse “caso / objeto”:
 Restringindo-nos
às sugeridas pelos
pesquisadores das ciências sociais
(Vergara (2005), por exemplo) poderse-ia citar:
Análise de Conteúdo
Análise do
discurso
Historiografia
Mapas de
associação de
idéias
Triangulação
Mapas cognitivos
Metodologia Reflexiva
Grounded theory
Grupos de foco
Desconstrução
Técnicas de
complemento
Fotoetnografia
Pesquisa-ação
Analogias e
metáforas
Construção de
desenhos
Incidente crítico
Método Delphi
Fenomenologia
Netnografia
Técnicas de construção
Teste de evocação de palavras
Etnografia
No entanto,

trata-se de uma lista aberta de
possibilidades, que se estende para muito
além dessas alternativas e onde o tipo de
interesse na pesquisa pode permitir a busca
por novas alternativas (ou mesmo a
utilização de alternativas híbridas)
Pode-se sugerir, ainda, que...

... essas técnicas, devido à mutabilidade do
objeto estudado, possam ser usadas de
forma combinada permitindo acessar
diferentes aspectos do objeto do contexto
estudado.
Uma vez coletados os dados passa-se ao estudo
aprofundado do caso que pode ser definido por três
componentes essenciais:
A dinâmica: onde o (os) sujeito (os),
processo (os), ou fluxo (os) estudado (os)
deve (m) ser compreendido (s) em suas
interações com o contexto que o (s) envolve
(m), com os outros sujeitos, processos ou
fluxos e com seus elementos intrínsecos;
 A gênese: a origem da situação estudada;
 A totalidade: o seu processo histórico
próprio ou ciclo vital.

Alguns métodos...
Análise de conteúdo:




Presta-se a fins exploratórios e de verificação
(para confirmar ou não hipóteses / suposições)
Exige categorias exaustivas, mutuamente
exclusivas, objetivas e pertinentes
Permite tratar grande quantidade de dados se
utilizar programas de computador, porém sua
interpretação depende do pesquisador e de sua
“hermenêutica”
O risco quando nos detemos no mais frequente
é perder o que está ausente ou é raro
Análise de conteúdo:
Como fazer?
Análise de conteúdo:
Revisão de literatura pertinente ao
problema e se escolhe a orientação
teórica de suporte
 Definem-se as suposições para o
problema
 Definem-se os meios para coleta de
dados: documental ou de campo
(entrevistas abertas, semi-estruturadas ou
questionários abertos?)?
 Coletam-se e transcrevem-se os dados

Análise de conteúdo:
Define-se o tipo de grade de análise (aberta,
fechada ou mista)
 Leitura do material coletado (leitura flutuante?)
 Definem-se unidades de análise (palavra,
expressão, frase, parágrafo?)
 Definem-se categorias de acordo com a grade
escolhida:
- Aberta: categorias “vão surgindo”
espontaneamente
- Fechada: categorias delimitadas previamente de
acordo com os objetivos e a teoria norteadora
- Mista: admite as duas formas, sua subdivisão,
inclusão ou exclusão

Análise de conteúdo:
Procede-se a análise de conteúdo através
de procedimentos estatísticos,
interpretativos ou ambos
 Resgata-se o problema
 Confrontam-se os resultados com a teoria
de suporte
 Extrai-se da anaálise às conclusões

Etnografia:




Possibilita um compreensão ampla da atuação
dos indivíduos no ambiente organizacional:
acesso à realidade formal e informal
Permite identificar valores e aspectos do
relacionamento entre os seus integrantes
(muitas vezes desconhecidos)
Permite descobrir o simbolismo presente nos
comportamentos (através da imersão na
realidade dos depoentes) e características de
culturas e subculturas
Permite uma visão abrangente da satisfação
dos pesquisados dentro do ambiente onde eles
são pesquisados
Etnografia:





Por exigir contato prolongado, demanda tempo
considerável para a realização da pesquisa
Exige que o pesquisador busque minimizar os
riscos da omissão ou revelação de dados
distorcidos pelo grupo pesquisado
Exige sensibilidade para captar o observável
Exige sensibilidade para atuar no campo, ouvir,
observar e reconhecer momentos adequados
para perguntar e conversar
Exige uma decisão ética: devo me apresentar
ou não como pesquisador?
Etnografia:





Por exigir contato prolongado, demanda tempo
considerável para a realização da pesquisa
Exige que o pesquisador busque minimizar os
riscos da omissão ou revelação de dados
distorcidos pelo grupo pesquisado
Exige sensibilidade para captar o observável
Exige sensibilidade para atuar no campo, ouvir,
observar e reconhecer momentos adequados
para perguntar e conversar
Exige uma decisão ética: devo me apresentar
ou não como pesquisador?
Etnografia:
Como fazer?
Etnografia:
Define-se o tema e o problema de
pesquisa
 Revisão de literatura orientadora
 Negocia-se o início da pesquisa de campo
com o grupo pesquisado
 Primeiros contatos com o grupo no campo
 Coletam-se dados por observação simples
e participante
 Selecionam-se sujeitos para serem
entrevistados

Etnografia:








Coletam-se dados por meio de entrevistas,
fotografias ou outros procedimentos
Registram-se os dados em um diário de campo
Codificam-se os dados
Comparam-se os dados obtidos através dos
diversos procedimentos
Analisam-se os dados
Resgata-se o problema
Confrontam-se os dados com a teoria de
suporte
Formula-se a conclusão
Um exemplo de aplicação:
Utilização do binômio sentido-afeto como
possibilidade de alcançar a “autogestão”
inconsciente e subjacente da informação
(muitas vezes em desacordo com a
“realidade” oficial da organização).
Empiricamente...
A análise das comunicações de grupo de
professores de um departamento da área
de Ciências Humanas em uma tradicional
instituição de ensino superior brasileira.
Uma questão:
Uma vez que a produção de sentido em uma
organização é construída nas relações entre
seus integrantes, nas interpretações que
esses integrantes extraem do contexto em
que eles se inserem e na dimensão
simbólica subjacente a esse contexto,
poderia o conceito símbolo apresentado
anteriormente ser aplicado à análise dessa
produção de sentido?
E, dentro dessa visão:
Poderia a diversidade de interpretações da
informação, produzida por grupos e
subgrupos no ambiente de uma
organização, ser avaliada mediante
identificação das relações de seus
integrantes com os símbolos a ela
inerentes?
Na prática:
Demonstrar a viabilidade da análise da função
mediadora da dimensão afetiva e da
produção de sentido relacionadas ao
simbolismo no processo de comunicação
de uma organização, e sua influência na
utilização da informação na produção, na
mediação e na solução dos conflitos.
Parâmetros Conceituais:
Coletivo Social
Mitos e suas expressões rituais
Complexos Culturais
Produção de Sentido
Símbolos
Complexos ideo-afetivos
Disposições inconscientes / insintivas básicas
Parâmetros Conceituais:
Coletivo Social
Disposições inconscientes /
instintivas básicas
Complexos ideo/afetivos
Símbolos
Mitos e suas expressões rituais
Complexos Culturais
Produção de Sentido
Parâmetros Conceituais:

A diversidade de interpretações de uma
mesma informação (ou de uma realidade),
produzidas por grupos e subgrupos no
ambiente de uma organização pode ser
avaliada mediante a identificação das
relações de seus integrantes com os
símbolos a ela inerentes.
Parâmetros Conceituais:

A produção de sentido ocorre num “espaço”
(ou modo de operação) psíquico muito além
dos modelos de realidade convencionados
dentro do senso comum.
Parâmetros Conceituais:

Num processo constante de construção e
desconstrução o símbolo atua como
catalisador das expressões afetivas
conscientes e inconscientes, e como objeto
de passagem (transacional), mediando os
opostos inerentes aos atos comunicativos
interpessoais produzindo,
concomitantemente, sentido e cultura.
Métodos:
1. uma
abordagem da subjetividade através do
estímulo a faculdade poïetica dos
entrevistados como uma alternativa de
acesso à dimensão afetiva dos sujeitos;
2. a utilização do experimento de associação
de palavras como uma forma de acesso ao
nível inconsciente dos sujeitos e de
confirmação da interferência do afeto nas
formulações simbólicas por eles produzidas;
Métodos:
3.
4.
a utilização dos mitologemas como uma
alternativa à utilização de categorias
previamente estabelecidas na
interpretação dos dados;
a introdução da noção de actante na
concepção do roteiro semi-estruturado,
como um recurso complementar de
estimulação à expressão de conteúdos
afetivos durante a entrevista;
Métodos:
5.
6.
7.
a tomada do drama narrado como um
campo de ação, um contexto, onde o
símbolo se constela;
a atitude do pesquisador diante do material
apresentado (utilização do método da
atenção flutuante);
a atitude do pesquisador diante do
entrevistado (posicionamento como
audiência interessada e abertura para
interação).
O Caso:
Um departamento com mais de 40 anos de
existência e, a muitos anos, vem tentando,
sem sucesso, tornar-se uma faculdade
independente.
 Chegou a ter quase 100 professores e hoje
tem menos da metade disso (ainda é o
maior departamento da faculdade).
 Tem sua história marcada por severas
disputas internas que estão, em parte,
relacionadas à surgimento dos “setores”
como instância administrativa extra-oficial.

O Caso:
Em função de sucessivos afastamentos e
aposentadorias o curso operava na ocasião
com um grande número de professores
temporários recém saídos da graduação.
 A mais de dez anos vinha sendo tentada,
sem sucesso, uma reforma curricular.
 Por um período de tempo semelhante vem
sendo tentada a criação de um Programa de
Doutorado, igualmente sem sucesso.

Sujeitos:
Identificação do
Sujeito
Sexo
Idade
Tempo no
departamento
Titulação
S1
Feminino
64
11 anos
Doutorado
S2
Masculino
54
24 anos
Pós-doutorado
S3
Masculino
48
10 anos
Doutorado
S4
Feminino
61
38 anos
Mestrado
S5
Masculino
63
31 anos
Doutorado
S6
Masculino
40
09 anos
Doutorado
Pesquisa de Campo:
1.
2.
Entrevistas semi-estruturadas e semidiretivas ;
Experimento com associações de
palavras.
Roteiro para entrevistas:
Dados Bio-Sociográficos. (Sexo biológico;
nacionalidade; naturalidade; backgroud étnico;
backgroud religioso; estado civil; número de filhos;
anos de escolaridade; atividades paralelas ao
magistério superior; anos de experiência como
professor dentro e fora da instituição; cargos que
ocupa; participação em grupos temporários ou por
tarefa e grupos de referência a que se vincula
dentro e fora da instituição)
OBS: A coleta de dados deste item foi feita de forma a
respeitar a fluência da comunicação entre
entrevistador e entrevistado não sendo, portanto,
apresentada obrigatoriamente num tópico à parte,
podendo ser diluída e inserir-se diferentemente no
diálogo dependendo do entrevistado e da situação.
1.
Roteiro para entrevistas:
2.
3.
4.
5.
História pessoal e profissional. (Quem é
você? Conte-me sua história... Como o
Sr.(a) chegou até aqui?O que aconteceu
desde então?...)
História do departamento. (O que é o
departamento? Conte-me história deste
departamento... Como ele surgiu?)
Qualidades do departamento. (O que é
bom no departamento?)
Problemas do departamento. (O que é
ruim no departamento?)
Roteiro para entrevistas:
6.
7.
8.
9.
Ciclos. (Se o departamento fosse uma plantação... em
que momento do cultivo ele estaria? Você diria que o
departamento evoluiu ou involuiu com o tempo? Você
poderia narrar casos ou situações que evidenciem essa
opinião?)
Elementos que diferenciam o departamento de outros da
faculdade. (Aproveitando esse retrospecto, como você
diferenciaria o Departamento dos outros departamentos
aqui da faculdade?)
Histórias e relatos sobre aspectos valorizados no
departamento. (Você poderia contar 3 coisas importantes
que todo mundo valoriza nesse departamento?)
Histórias e relatos sobre aspectos criticados no
departamento. (E se falarmos de crítica? Você seria
capaz de contar 3 coisas importantes que todo mundo
critica por aqui?)
Roteiro para entrevistas:
10.
11.
12.
13.
Problemas renitentes ou crônicos. (Existem
coisas renitentes que são discutidas sempre e,
sempre, voltam à baila?)
Hábitos do departamento. (Existem hábitos
típicos do departamento ou hábitos típicos das
pessoas aqui do departamento?)
Um símbolo para o departamento. (Se eu lhe
pedisse para escolher um símbolo para
descrever o departamento, que imagem o Sr.(a)
usaria?)
Comparação do departamento com um estilo
artístico / musical. (Se você fosse comparar o
departamento a um estilo artístico ou musical
que estilo ele seria? Porquê?)
Roteiro para entrevistas:
14.
15.
16.
17.
Comparação do departamento com um
instrumento musical, animal ou canção. (E se
você tivesse que escolher um instrumento, um
animal ou uma canção para representar o
departamento, qual você escolheria? Porquê?)
Relato de conflitos no departamento. (Conte-me
um caso ou uma situação de conflito ocorrida no
departamento. Conte-me outra.)
Relato de êxitos do departamento. (Conte-me
uma história de sucesso do departamento.
Conte-me outra.)
Relato de fracassos do departamento. (Fale-me
agora do oposto. Conte-me uma história de
fracasso ocorrida no departamento. Conte-me
outra. )
Palavras-estímulo escolhidas para
o experimento com as associações:
alcoólatra, aposentar, arrogante, atendimento,
auto-imagem, avaliação, banca, behavioristas,
CAPES, chefia, clínica, competição, concorrentes,
concurso, corporativismo, crise, currículo,
departamento, efetivo, excluído, improdutividade,
individualista, interesses, jornada, lacanianos, malestar, maracutaia, mestrado, orientando,
panelinhas, particular, perder, prejudicar,
psicanalistas, radical, rejeitar, reprovar, setor,
substituto, turno
Três palavras como exemplos:
“Maracutaia”: apareceu em uma fala em
relação aos concursos para professores
 Improdutividade: apareceu num comentário
sobre uma professora que “trabalhou por 25
anos e só publicou um paper (sua
dissertação de mestrado)”, aposentou-se,
fez concurso e foi aprovada: “para ficar mais
25 anos sem fazer nada”?
 CAPES: apareceu em vários depoimentos

* Alcoólatra
Cinco
* Doutorado
Lã
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
0
S1
S2
S3
S4
S5
S6
* Lacanianos
Livro
Sujo
* Atendimento
Correto
Dente
* Particular
Caderno
Bobo
* Reprovar
Cavalgar
* Mal-estar
Novo
Sal
* Concorrentes
Montanha
* Competição
Amarelo
* Banca
Árvore
CAPES
Selvagem
* Turno
Pão
Azul
* Concurso
Nadar
* Interesses
Mau
Tinta
* Perder
Cozinhar
* Efetivo
Doente
Lago
*Improdutividade
Mal-humorado
Cadeira
* Crise
Mesa
* Aposentar
Assassinato
2
Água
Verde
1
Perfurar
Cabeça
Gráfico comparativo dos resultados : tempo de reação por
palavra-estímulo S1 a S6 (1 – 50 )
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Sapo
0
S1
S2
S3
S4
S5
S6
Falar
Setor
Colorido
* Individualista
Caçoar
* Jornada
Quieto
Serragem
* Departamento
Porta
* Clínica
Incêndio
* Mestrado
Cerveja
* Avaliação
Cegonha
Narrar
* Substituto
Estreito
Decência
* Rejeitar
* Currículo
Estranho
Vaca
* Chefia
Família
* Maracutaia
Caixote
* Radical
Flor
Velho
* Behavioristas
Pintar
* Panelinhas
Grande
* Orientando
Brigar
*Corporativismo
Querido
* Arrogante
Criança
* Prejudicar
Nublado
* Excluído
Lei
* Auto-imagem
Fome
* Psicanalistas
Separar
Gráfico comparativo dos resultados : tempo de reação por
palavra-estímulo S1 a S6 (56 – 100 )
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
Comentários às associações:


“Maracutaia”: “concurso ‘público’ (bota aspas no
público)”, “Macunaíma, o rei da maracutaia,
representante típico do brasileiro”, “É muito difícil
construir sua vida sem fazer maracutaia”, “não
conseguia vir uma palavra à cabeça... vigarice”,
“eu não acredito que esse pessoal tenha coragem
de fazer o que fazem”
Referência cruzada apresentada em associação à
palavra Concurso (para professor): maracutaia,
com um alto tempo de resposta seguida de um
sorriso
Comentários às associações:

“Improdutividade”: “passei a vida tentando
ser produtiva... É uma morte a
improdutividade”, “porque nossos bons
propósitos falham?”, “corporativismo”, “falta
do que fazer (gaguejando) ... a pessoa
improdutiva é a que não te... num num que
não faz nada. Não éee... Fo-fo-foi a primeira
coisa que veio. Eu teria falado outras coisas,
a universidade cobra da gente
produtividade, mas a primeira que veio foi
essa...”
Comentários às associações:

“CAPES”: “É um órgão que vive fazendo
exigências, cobrando e não reconhecendo... eu
percebo uma certa injustiça nas decisões...”, “é
uma burocracia infernal, né? São critérios assim
injustos e as pessoas fazem as coisas de uma
maneira que a gente não entende muito bem
como é que funciona”, “O governo... órgão de
fomento, nunca usei nem precisei dela, nem para
fazer mestrado, nem para fazer doutorado. Eu não
tenho relação com ela”, “desconhecido ... Esses
critérios (da CAPES, do MEC e do CNPq) não são
articulados entre si, então a universidade fica
sendo puxada entre essas instituições”
Análise das associações de S1
Autoridade:
Justiça
Existência
Grande
Sombra
Pão
CAPES
Dente.
Perfurar
Mau /
Monstro
Cozinhar
Improdutividade
Regeitar
Doutorado.
Concurso.
Maracutaia
Competição
Concorrente.
Análise geral da situação encontrada:



O departamento vive sob uma inércia
passiva.
O departamento jamais se recompôs da
perda do seu fundador e essa perda
manifesta reflexos até o presente.
A perda do pai fundador e as disputas
intestinas pelo poder que se seguiram
fizeram com que os integrantes perdessem
parte de sua capacidade discriminativa, da
capacidade de perceber minúcias e
sutilezas
Análise geral da situação encontrada:


A disputa com os “concorrentes” e as
tentativas de alijá-los das oportunidades
tem impacto direto nas relações com a
informação e a gestão do conhecimento
tornando as pessoas vorazes, com
dificuldades
para
reconhecer
seus
semelhantes como tais e preocupados
demais em buscar a satisfação imediata
para os seus próprios interesses.
Isso parece impedí-los de encontrar o
sentido na sua própria existência no
departamento.
Análise geral da situação encontrada:


A impressão geral é de uma “terra devastada”
Talvez seja por isso que o departamento esteja
paralisado, como dizem alguns depoentes: para
que exista autoria é preciso haver autoridade. A
autoridade no departamento é buscada na
instituição, não é buscada por fatos. Isso
explicaria a dificuldade em se escolher um líder
e que a sua posse seja feita quase às
escondidas. Explicaria, ainda, porque, quando
aparece um líder, ele seja destituído logo. O
vácuo na liderança do departamento parece
estar longe de ser preenchido.
Conclusões:



Ao longo do processo de investigação
evidenciaram-se motivos dramáticos comuns a
vários sujeitos, ainda que experienciados de forma
individual por cada um deles.
Nesses motivos, estavam presentes uma série de
fragmentos menores que, por serem capazes de
despertar reações intensas de conteúdo
emocional nos sujeitos estudados, puderam se
encaixar na categoria de símbolos.
Esses símbolos se mostraram estruturadores dos
sentidos que os indivíduos extraem das
informações (e das situações).
Conclusões:


Verificou-se a existência da conexão proposta
entre o simbólico individual (produzido pelo sujeito
sob a influência de seus complexos ideo-afetivos)
e o simbólico coletivo (produzido em grupo pelos
indivíduos a partir da fricção entre as diversas
realidades psíquicas e seus sentidos individuais).
Comprovou-se uma vinculação entre a dinâmica
das relações dos indivíduos com os arranjos que
os símbolos presentes no imaginário do
departamento tomaram ao longo do seu percurso
sócio-histórico.
Conclusões:



Interpretações diferentes de partes do mapa de
leitura simbólico parecem estar na base das
subculturas do departamento.
Algumas dessas subculturas ganharam um status
de instituições: os chamados setores.
Os setores, embora úteis administrativamente,
têm uma atuação patológica dentro do
departamento e, utilizando uma metáfora
energética, drenam um energia fundamental à
manutenção da higidez do departamento.
Conclusões:
Verificou-se que os aspectos inconscientes
da dimensão afetiva presentes nos
componentes simbólicos da comunicação
no departamento são alimentados por
complexos individuais e coletivos.
 A dinâmica vital dos setores – elementos
como: o senso individual de pertença e
identificação e a postura crítica e
preconceituosa em relação aos indivíduos e
grupos concorrentes – é regida por
“clusters” como os detectados.

Conclusões:


Certos “clusters” detectados na investigação
operam tanto individual quanto coletivamente, essa
constatação trouxe elementos que possibilitariam
apontar a presença de algo semelhante ao que
Kimbles (2000) chamou de complexos culturais e
que, aqui, denominou-se complexos
organizacionais.
A constatação do papel dos elementos
inconscientes nas relações dos sujeitos com a
informação e, consequentemente, com a forma
como eles gerem o conhecimento, indicam uma
potencialidade que a Psicologia Organizacional
ainda apresenta para ser desenvolvida.
Questões a serem respondidas em
estudos futuros:


Seria viável a aplicação da metodologia
empregada no presente estudo, ou de algum
processo dela derivado, no cotidiano das
organizações de trabalho como um instrumento
diagnóstico para avaliação de dificuldades na
organização e na gestão da informação /
conhecimento?
O reconhecimento ou detecção desses
“complexos organizacionais” poderia ser utilizado
como um instrumento de facilitação durante a
elaboração de programas de gerenciamento de
informações / conhecimento na organização?
Questões a serem respondidas em
estudos futuros:


Seria viável se propor um processo de “gestão”
das crises organizacionais de base informacional
pela via simbólica? Em que moldes essa
intervenção poderia ser feita? Quais seriam os
limites éticos em que tal intervenção esbarraria?
E, finalmente, seria possível antecipar crises
futuras através da análise dos mecanismos pelos
quais os símbolos coletivos e os afetos individuais
interagem no cotidiano das organizações?
Referências Complementares
ALMEIDA, Daniela et al. Paradigmas contemporâneos da ciência da informação: a
recuperação da informação como ponto focal. Revista Eletrônica Informação e
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Anais do IX ENANCIB - Bogliolo - Universidade Federal de Minas