Alternativa para a redução dos juros
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Sérgio Odilon
Edmar Casalatina
Diretor do Bacen acredita
nos benefícios da
portabilidade de crédito
Gerente do Banco do Brasil fala da
atuação dos correspondentes
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Editorial
ANEPS comemora 11 anos
de atividades
Período foi marcado por muitas lutas e vitórias, que
permitiram o fortalecimento do setor.
N
o dia 16 de agosto, a ANEPS comemorou 11 anos
de sua fundação. Foi um período de muitos desafios, mas de muitas conquistas também, as quais
contribuíram para o amadurecimento do mercado de crédito e profissionalização das empresas associadas.
Aproveitamos esta edição para fazer um balanço desse período tão importante para o nosso setor.
Veja também que nesse mercado a cada dia surgem novos
desafios, como a portabilidade de crédito, que tem permitido
à população em geral trocar duas dívidas por outra mais em
conta. A edição traz ainda uma matéria sobre o tema, que
pode ampliar a participação dos correspondentes. Só para se
ter uma ideia da importância desse segmento, foram realizadas 45 mil operações de portabilidade ao mês no período – a
maior parte referente ao crédito consignado – de maio a julho
deste ano, movimentando mais de R$ 520 milhões.
Como o assunto está ganhando mais destaque a cada dia,
entrevistamos o diretor de Normas do Banco Central, Sergio
Odilon dos Anjos, que traz um panorama acerca da portabilidade de crédito.
Para que as operações de crédito sejam feitas com mais profissionalismo e transparência, e para cumprir as exigências do
Banco Central no que se refere à capacitação e certificação
dos agentes de correspondentes, a ANEPS decidiu promover
algumas mudanças em seu programa de certificação. Antes,
em uma única prova abordava-se o crédito consignado, CDC,
leasing, empréstimos, financiamento de veículos. A partir de
agora, a certificação foi dividida em quatro modalidades: a
certificação completa; crédito pessoal e consignado; CDC, financiamento de veículos e crédito imobiliário.
Por outro lado, o setor continua apreensivo quanto a Resolução nº 4.058/2012 do Banco Central, que prorroga para 1º de
novembro de 2012 a proibição para contratação de correspondentes que atuam com crédito consignado pelas instituições
financeiras para atuação no recinto de suas dependências. A
insegurança quanto aos rumos de seus negócios a partir de
novembro tem levado os empresários a reverem suas ações,
o que tem prejudicado inclusive o programa de certificação
da ANEPS. Muitos empresários e também os seus funcionários
estão inseguros e preferem aguardar para obter a certificação.
Edison Costa, Presidente
Em Legislação, o leitor confere os detalhes da Resolução nº
4.072, que estabelece os requisitos sobre a instalação de dependências de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, como Agência, Posto de
Atendimento (PA), Posto de Atendimento Eletrônico (PAE) e Unidade Administrativa Desmembrada (UAD).
Na seção Consumidor, apresentamos um balanço da queda
dos juros, que teve início a partir da redução por parte do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, forçando as demais
instituições privadas a seguirem o mesmo caminho e abrindo
oportunidades para os consumidores.
Aproveitamos ainda para trazer, em Tecnologia & Gestão,
um artigo sobre o uso da tecnologia na definição e acompanhamento de crédito no País. Em Visão, o leitor confere como
andam as relações contratuais e institucionais entre os Correspondentes e as instituições financeiras.
Uma boa leitura!
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Sumário
Associação Nacional das
Empresas Promotoras de Crédito
e Correspondentes no País
Presidente
Edison João Costa
Vice-presidentes
Antonio dos Santos
Expansão e Relação c/ Associadas
Promotoras
Antonio Mário Rinaldini
Relações Fiscais e Tributárias
José Roberto Della Rocca
Relações Sindicais
Edison Aparecido Ferreira
Relações com Entidades do Mercado
Eloy Câmara Ventura
Assuntos Jurídicos
Marcos de Toledo Artigas Neto
Relações Transacionais
Luis Carlos Bento
Comunicação e Marketing
Marciano Testa
Formação e Certificação
Diretores
Antonio Cordon Sobrinho
Dirceu Variz
Douglas R. Navarrette
Letícia Cristina Hidalgo
Marcelo Fornazari
Renato Ferreira
João Ricardo Villas Boas
Joaquim Fernandes de Mello
Alberto Miranda
Diretor Secretário
Walter Arantes de Moraes
Entrevista
Diretor do Bacen acredita nos benefícios da portabilidade de crédito
10
Legislação
Resolução nº 4.072
Associativismo
ANEPS completa 11 anos
18
6
13
Capa
Portabilidade de crédito
Diretor Tesoureiro
Manuel Magno Alves
Diretores Regionais
Erbene de Castro Lima (RN)
Eduardo da Silveira G. Neto (RJ)
Elvis Bueno da Silva (Interior e Sul de MG)
John Lins (Belo Horizonte/MG)
Jayme Menezes de Siqueira (Recife/PE)
Jeser Batista – (Santa Catarina/SC)
Jocimar de Oliveira (Vitória/ES)
Gerson José Guarinão (Presidente
Prudente/SP)
Karla Reis Vieira Dantas (Goiânia/GO)
Raniery Barbosa Queiroz (Cuiabá/MT)
Vasco Azevedo (Brasília/DF)
Diretores Superintendentes
João Marques e Norivaldo Lopes
Produção Editorial
ALV Design Gráfico – (11) 8429-0696
Jornalista Responsável
Silvana Coelho – MTb 19.021/SP
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Análise Setorial
ANEPS muda certificação
22
Tecnologia &
24 Gestão
Os desafios da indústria de crédito
Consumidor
Queda dos juros
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Entrevista
Resolução do Banco Central
define regras para a
portabilidade de crédito
O
Banco Central, por meio da Resolução nº 3401, de 6 de setembro
de 2006, permite que os clientes
transfiram sua dívida em um banco para
outra instituição. A chamada portabilidade de crédito pode proporcionar algumas
vantagens ao consumidor, como a oferta
de melhores condições nas taxas de juros.
Embora a portabilidade de crédito esteja
em vigor há seis anos, agora é que está ganhando vulto entre os clientes das instituições financeiras. Nesta entrevista à Revista
Corresponde o Chefe do Departamento
de Normas e Fiscalização do Banco Cen-
tral do Brasil, Sérgio Odilon dos Anjos*,
fala dos benefícios que a medida traz ao
cliente bancário e também dos cuidados
a serem tomados nesse tipo de operação.
Confira:
Revista Corresponde – Porque o Banco
Central permitiu a portabilidade de crédito no País?
Sérgio Odilon – A portabilidade, composta pelas portabilidades de informações
cadastrais, de crédito e de salário, é um conjunto de medidas que permite que o cliente
transfira o relacionamento de uma institui-
ção financeira para outra, aumentando seu
poder de negociação e, assim, promovendo
a concorrência, fator fundamental para a redução de preços e de spread.
RC – O senhor acredita que a portabilidade realmente pode trazer mais benefícios
para o consumidor? Há custos de transferência ou impostos nessa operação?
SO – Sim, pois essas regras permitem que
o consumidor transfira seu relacionamento para a instituição financeira que melhor
atenda às suas necessidades, podendo obter, inclusive, benefícios econômicos por
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Entrevista
meio da contratação de uma operação de crédito com juros mais
baixos. Os custos relacionados à
transferência de recursos para a
quitação da operação não podem
ser repassados pelas instituições ao
consumidor (Resolução n° 3.401, de
2006). Além disso, não há pagamento de IOF, desde que o novo empréstimo não supere o valor da dívida
transferida (Decreto nº 6.306, de
14.12.2007). Para tal, a transferência
de recursos para liquidação da operação original deve ser efetuada, via
TED, diretamente pelo banco que
está fornecendo o novo crédito.
RC – No crédito imobiliário, por exemplo,
haverá vantagem uma vez que o cliente
deverá arcar com outras taxas cartoriais?
SO – Como em qualquer operação, a
vantagem da portabilidade de crédito
imobiliário depende de cada situação.
Cabe ao cliente avaliar, além da taxa de juros oferecida, todos os custos envolvidos.
RC – A portabilidade foi instituída em
2006, mas até agora não deslanchou. O
que falta para que haja maior procura por
essa modalidade?
SO – O sucesso dessa medida não pode
ser mensurado apenas pela quantidade de
operações de crédito transferida, pois muitas vezes o cliente negocia e obtém melhores condições na própria instituição na qual
já mantém relacionamento. Cabe registrar
que a quantidade de transferências interbancárias de crédito relativas a liquidações
antecipadas, necessárias à execução da
portabilidade de crédito, passou de 13.033,
com um volume de R$1,47 bilhões no ano
de 2007, para 379.401, com um volume de
R$ 4,28 bilhões, no ano de 2011.
RC – O consumidor está bem informado
quanto aos procedimentos (e custos) de
transferência de dívida para outro banco?
SO – O Banco Central tem feito esforços
permanentes para a divulgação de informações de interesse público, por meio da
imprensa e de outros meios, inclusive em
sua página na internet. Mas é importante
que o cidadão, antes de qualquer decisão,
busque a informação, esclarecendo sobre
seus direitos e obrigações.
retar em mais endividamento do
brasileiro, já bastante alto?
SO – Não, a portabilidade permite que o cidadão obtenha melhores condições em seus empréstimos e financiamentos.
RC – O processo de portabilidade é moroso? Os bancos têm algum prazo para
cumprir?
SO – Na regulamentação sobre a portabilidade de crédito não é definido
prazo. Entretanto, cabe às instituições
atender as demandas de seus clientes
de maneira tempestiva (Resolução n°
3.694, de 2009). Ressalto que o processo
de portabilidade de crédito envolve várias etapas, sendo que a negociação para
obtenção de empréstimo junto ao banco
para o qual o cliente deseja transferir a
operação pode demandar algum tempo. Essa instituição, para a concessão
de uma operação de crédito, deve “conhecer seu cliente”, observando ainda
os princípios de seletividade, garantia,
liquidez e diversificação de riscos. Para
facilitar, o cliente pode se valer da portabilidade das informações cadastrais
(Resolução n° 2.835, de 2001), que permite o fornecimento das informações referentes ao histórico (positivo/negativo)
da totalidade das operações contratadas
com o cliente, registradas até o dia útil
anterior ao da solicitação.
RC – Se houver demora, o que o cliente
deve fazer?
SO – No caso de problemas, o cliente
deve recorrer ao Serviço de Atendimento
ao Consumidor (SAC) da instituição financeira. Em caso de insucesso, deve-se recorrer à Ouvidoria da instituição e, caso a
solução apresentada não seja satisfatória,
poderá encaminhar demanda ao Banco
Central do Brasil ou aos órgãos de defesa
do consumidor.
RC – A migração do débito não vai acar-
RC – O novo banco para onde o
cliente estará migrando tem obrigação de aceitar a portabilidade?
SO – A portabilidade de crédito
é obrigatória para o banco que detém a operação. Para a instituição
financeira para qual o cliente pretende portar a operação, trata-se
de uma concessão de crédito como qualquer outra. Ou seja, trata-se de contrato
voluntário entre as partes. Conforme já
comentei, essa instituição deverá conhecer esse cliente, observando ainda os princípios de seletividade, garantia, liquidez e
diversificação de riscos.
RC – Essa instituição poderá oferecer outro produto ao cliente para efetivar a portabilidade?
SO – Lembro que práticas que possam ser
caracterizadas como venda casada é vedada
pelo Código de Defesa do Consumidor.
RC – A quem o consumidor deve recorrer se sentir-se lesado?
SO – O cidadão pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor e, caso
constate descumprimento às normas
do Conselho Monetário Nacional ou do
Banco Central, pode apresentar denúncia
ao Banco Central, por um de seus canais
de atendimento: internet (http://www.
bcb.gov.br/cidadao), telefone (0800-9792345), fax, carta ou atendimento presencial na sede e em todas as capitais onde
há representação. ˜
* Sergio Odilon dos Anjos, formado em
Economia e pós-graduado em Teoria e Técnicas de Bancos Centrais pela Universidade de
Brasília (UnB), com curso de especialização
em mercado de derivativos na Universidade
de Cornell, Estados Unidos. Ocupa atual­
mente o cargo de Chefe do Departamento
de Normas do Sistema Financeiro do Banco
Central do Brasil (Denor). É palestrante em
diversos eventos do sistema financeiro.
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Em Tempo
Congresso recebe
propostas para moralizar
o crédito consignado
Crédito: Rodolfo Stuckert
Deputados de vários estados brasileiros prepararam
projetos de lei que
podem evitar as
irregularidades
existentes hoje no
mercado.
O
crédito consignado ganhou grande destaque nos últimos anos,
abrindo a possibilidade para os
aposentados adquirirem empréstimos a
juros mais baixos. Um bom negócio para
quem precisava de dinheiro e melhor ainda para as instituições bancárias. Estimase em R$ 10 milhões de empréstimos contratados em benefícios previdenciários,
conforme dados da Previdência.
Entretanto, ao longo do tempo, tornou-se
um problema em virtude das fraudes que
começaram a surgir, como cobrança de taxas maiores que a do contrato assinado; descontos não autorizados; ausência de recebimento do valor, apesar de o contracheque
apresentar o desconto, entre outras irregularidades. Diante disso, o Ministério Público
Federal e o Estadual decidiram investigar os
casos suspeitos de irregularidades.
As denúncias recaem contra os ‘pastinhas’, que atuam como intermediários
entre instituições bancárias e contratantes que agem irregularmente manipulando os contratados.
O resultado é que o Congresso Nacional
também está preocupado com a questão,
tanto que já existem projetos de lei visando
a regulamentação do mercado. São ao menos 13 propostas em tramitação na Câmara
dos Deputados, prevendo vetos à contratação por meio de procuração e a novo contrato de consignado enquanto existir outro em
andamento, limite à taxa de juros e impedir a
contratação em domicílio, entre outras.
Balanço dos
empréstimos
consignados
As operações de crédito consignado realizadas por aposentados e pensionistas do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
totalizaram R$ 2,762 bilhões em junho de
2012, o resultado foi 15,75% superior em
relação ao mesmo período de 2011, quando foram liberados R$ 2,386 bilhões.
Em número de operações, junho de
2012 registrou 796.774 contratos, índice
9,08% inferior ao de maio de 2012, quando
876.326 contratos foram efetivados.
Empréstimo pessoal – Nessa modalidade, em junho deste ano foram empres-
tados R$ 2,76 bilhões, ou seja, 15,88% acima do registrado no mesmo mês do ano
anterior, quando foram contratados R$
2,384 bilhões.
Renda – Em junho deste ano, do total
de operações de empréstimo pessoal e
com cartão de crédito, 433.555 foram
efetuados por segurados com até um
salário mínimo. Os aposentados e pensionistas responderam por R$ 1,065
bilhão em operações. Nessa faixa de
remuneração, em média, os segurados
contrataram, no empréstimo pessoal, R$
2.457,69. Na faixa salarial de um a três
salários mínimos foram contratados R$
943 milhões, por meio de 251.580 operações, no valor médio de R$ 3.747,76 para
o empréstimo pessoal. Na faixa acima de
três salários mínimos foram liberados
111.639 contratos, equivalentes a R$ 755
milhões, no valor médio em empréstimos pessoais de R$ 6.761,19.
(fonte: blog da Previdência)
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Legislação
Resolução 4072:
novas regras para instalação de
instituição financeira
Legislação define os tipos de dependências de instituições
financeiras e capital necessários para sua abertura.
O
Banco Central baixou a Resolução nº 4072, de 26 de abril deste
ano, que estabelece os requisitos
sobre a instalação de dependências de instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central, como Agência, Posto de Atendimento (PA), Posto de Atendimento Eletrônico
(PAE) e Unidade Administrativa Desmembrada (UAD).
De acordo com a resolução, a instalação
das dependências mencionadas é con-
dicionada ao cumprimento dos requerimentos mínimos de capital e dos demais
limites operacionais estabelecidos na regulamentação em vigor. A norma define
ainda cada dependência e sua destinação.
A agência é a dependência destinada
ao atendimento aos clientes e ao público
em geral no exercício de atividades da instituição, não podendo ser móvel ou transitória. No caso de bancos múltiplos com
carteira comercial, de bancos comerciais e
de caixas econômicas, as agências devem
dispor de atendimento presencial, bem
como de guichês de caixa destinados ao
atendimento aos clientes e ao público em
geral; e as contas de depósitos e demais
operações contratadas com clientes devem estar vinculadas à agência que mantiver o relacionamento contratual em nome
da instituição. A instalação de agência
depende de prévia autorização do Banco
Central do Brasil.
Na situação em que duas ou mais agências de uma mesma instituição funcionem
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Legislação
Sede Banco Central Brasília - Divulgação BC
no mesmo espaço físico, o atendimento
presencial e os guichês de caixa podem
ser compartilhados entre elas.
Posto de
Atendimento (PA)
É dependência, subordinada a agência ou à sede da instituição, destinada ao
atendimento ao público no exercício de
uma ou mais de suas atividades, podendo
ser fixo ou móvel. Considera-se PA móvel
aquele instalado em veículo automotor,
embarcação ou reboque, destinado ao
atendimento em uma ou mais localidades.
O PA, quando instalado em recinto de
órgão ou entidade da Administração Pública ou de empresa privada, pode prestar serviços do exclusivo interesse do
respectivo órgão ou entidade e de seus
servidores ou da respectiva empresa e
de seus empregados e administradores. É
facultada a instalação de PA destinado ao
oferecimento de serviços de conveniência
aos clientes da instituição, bem como à
divulgação de produtos e serviços, sem a
realização de operações ou prestação de
serviços financeiros.
As instituições referidas no art. 1º devem
informar, nos seus PAs, em local e formato
visíveis ao público:
I. os serviços oferecidos no PA;
II. a localização da dependência mais
próxima, para efeito da prestação dos
serviços eventualmente não disponíveis naquele PA; e
III. a localização da agência subordinadora ou da sede, conforme o caso.
O Posto de
Atendimento
Eletrônico (PAE)
É dependência constituída por um ou
mais terminais de autoatendimento, subordinada a agência ou à sede da instituição, destinada à prestação de serviços
por meio eletrônico, podendo ser fixo ou
móvel, permanente ou transitório.
A Unidade
Administrativa
Desmembrada (EAD)
É a dependência destinada à execução
de atividades administrativas da instituição, vedado o atendimento ao público.
As instituições referidas no art. 1º podem
manter, nos municípios onde tenham
agência ou PA fixo, pessoas de seus quadros funcionais em estabelecimentos comerciais para a contratação de operações
de financiamento ao consumidor final e
respectiva cobrança.
A instalação de PA, PAE e de UAD deve
ser informada ao Banco Central do Brasil. A
alteração de endereço ou da lista de serviços prestados, bem como o encerramento
das atividades de agências e PA, devem ser
comunicados com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, por meio de aviso afixado em local de ampla visibilidade aos usuá­
rios da dependência, admitindo-se adicionalmente outros meios de divulgação.
As instituições referidas no art. 1º, exceto cooperativas de crédito e Sociedades
de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte, devem manter,
em página da internet acessível a todos
os interessados, relação atualizada de suas
dependências, informando o endereço e
os serviços prestados.
A resolução esclarece ainda que o Banco Central (BC) definirá as informações e
procedimentos necessários para a concessão de autorização de agência, e prazo
de entrada em operação da dependência
e a forma, o prazo e as condições de fornecimento das informações a serem encaminhadas ao BC pelas instituições. E
define ainda que as instituições referidas
no art. 1º, previamente ao encerramento
das atividades de agências ou à transformação de agências em PA, devem elaborar relatório evidenciando a motivação,
os impactos econômicos e a adequação
das mudanças ao plano de negócios e à
estratégia operacional da instituição.
A resolução determina também que a
agência instalada em município onde não
haja outra agência de banco comercial, de
banco múltiplo com carteira comercial ou
de caixas econômicas não está sujeita ao
horário mínimo nem ao atendimento obrigatório previsto no § 1º. ˜
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a
Comemoração
ANEPS comemora
11
anos
de atividades
Desde sua fundação tem contribuído para a consolidação deste
importante segmento empresarial.
A
Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (ANEPS) comemorou 11
anos de atividade no dia 16 de agosto. Foi nesta data,
em 2001, que empresários de 13 empresas se reuniram e criaram uma entidade que viria a defender os interesses de um segmento econômico que já apresentava sinais de crescimento no
mercado nacional. Desde então, a ANEPS (criada sob o nome de
Associação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços ao
Consumo) opera regularmente em sua sede social localizada na
Rua XV de Novembro nº 269, centro da capital paulista.
Desde sua fundação seus esforços são empregados na consolidação da atividade, bem como, na criação de categoria empresarial profissional que dê suporte as atividades, tanto nos aspectos
fiscais e tributários, quanto do ponto de vista do trabalho e emprego. Tem como objetivos também promover o desenvolvimento das empresas e seus funcionários por meio de cursos, seminários, congressos, feiras e eventos, além de manter relacionamento
e pautas positivas junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judi-
ciário, bem como com os órgãos reguladores, fiscalizadores e de
defesa do consumidor.
Nesses anos de atuação a ANEPS tem obtido o reconhecimento
de uma parcela expressiva do mercado, através de sua participação em alguns dos principais eventos ligados ao setor do crédito
e ao estabelecimento progressivo de canais de diálogo com entidades representativas de diversos segmentos da economia.
Os Correspondentes e Promotoras de Crédito surgiram para
atender à demanda do mercado, que precisava de um canal comercial apropriado para modernizar e racionalizar sua estrutura
de atendimento na intermediação e encaminhamento das propostas de crédito.
A partir de sua atuação, o acesso ao crédito à população que
não possui conta bancária ou que mora em regiões distantes
dos grandes centros foi ampliado. Hoje, a ANEPS representa
mais de 300 empresas que respondem por 85% das transações
de crédito no país e atuam de acordo com a legislação vigente
e o Código de Defesa do Consumidor. É importante ressaltar
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Comemoração
que o setor emprega cerca de 900 mil pessoas em todo o país,
especialmente as que estão acima de 40 anos e jovens buscando o primeiro emprego.
Em 2010, a ANEPS promoveu o 1º Congresso Nacional de
Promotores de Crédito, que debateu temas importantes para a
indústria de crédito brasileiro, visando, a partir do encontro, fortalecer a própria entidade, que tem entre seus principais objetivos
a capacitação e a certificação dos profissionais do setor (um dos
maiores desafios do setor), a elaboração de projetos de autorregulamentação do segmento, além da promoção e da organização
da indústria do crédito.
O Banco Central vem adotando, ao longo da década, medidas
que visam dar mais transparência e credibilidade ao mercado,
como as resoluções nº 3.954, que criou a certificação para as empresas e seus agentes. A ANEPS, sempre atenta às necessidades
do mercado, foi a primeira a implantar, em julho de 2011, o curso
de capacitação e certificação e, desde então, já recebeu mais de 5
mil inscrições e emitiu mais de 3.900 certificados.
Ouvidoria
A entidade criou ainda uma Ouvidoria com o objetivo de reforçar a regulação de suas empresas associadas. A iniciativa qualifica ainda mais o programa de certificação da associação, voltado
para os profissionais da área de crédito.
Em linha com o Código de Defesa do Consumidor e as recentes resoluções do Banco Central do Brasil, a Ouvidoria é
um canal direto do cliente com a associação, que o permite
denunciar possíveis problemas que envolvam a atuação de
Correspondentes ou Agentes associados. Com base nas informações, a ANEPS poderá abrir processos administrativos
que serão submetidos ao Conselho de Ética e Disciplina para
apuração das irregularidades. Conforme o resultado, a ANEPS
poderá aplicar penalidades que vão desde a advertência até a
cassação dos registros e da certificação. Os resultados ficarão
abertos para consulta pública.
Gestões
Desde sua fundação, a ANEPS teve quatro presidentes: Ange-
lo Bifulco, que presidiu a entidade em 2001; Edison Aparecido
Ferreira, nas gestões 2001/2003, 2003/2006 e 2006/2009; Luis
Carlos Bento da Costa Dias, no período de 2009/2012 e Edison
João Costa, eleito para o período de 2012/2015. Nesta edição
eles comentam como foi administrar a ANEPS e quais suas expectativas para o futuro. O superintendente Norivaldo Lopes,
que trabalha na entidade desde sua fundação, também relembra o início dessa trajetória. ˜
Angelo Bifulco
(ex-presidente)
“Em 2001, quando da fundação
da ANEPS, fui eleito presidente e
permaneci no cargo por alguns
meses apenas em função de ter
assumido atividades em outro
ramo de negócios. Logo em seguida, o Edison assumiu a presidência. Os fundadores da ANEPS foram os empresários, na época,
de expressiva atuação no mercado e que, por isso mesmo necessitavam de representação junto à autoridade pública no sentido
de que o segmento fosse ouvido na regulamentação da atividade.
A adesão de outros empresários foi conquistada à medida
que a atuação da ANEPS tornava-se positiva. Surgiram muitas dificuldades naturais de toda a iniciativa associativa, mas
fomos nos adaptando e buscando melhorar nossa atuação a
cada dia. Naquela época, estava iniciando uma nova etapa de
crescimento e as instituições financeiras voltavam a apostar no
crédito ao varejo, ampliando os volumes de recursos destinados a este segmento.
Passados esses 11 anos, as perspectivas são boas para o segmento, porém há que se dedicar à avaliação mais profunda do
relacionamento das instituições financeiras com as prestadoras
de serviços e nos custos da operação, tão onerosos como a inadimplência que, por sua vez, deve ser minimizada com a constante revisão e melhoria nos critérios e ferramentas de análise de
crédito. No âmbito das atividades das empresas prestadoras de
serviços há muito campo ainda a ser explorado”.
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Comemoração
Edison
Aparecido
Ferreira
(ex-presidente)
“Lembro-me de como foi difícil conseguir a adesão de outros
empresários para a fundação da
ANEPS. Foi dificílimo. O assunto
foi debatido durante vários anos no ambiente da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento – até que se chegou a um consenso para fundar uma associação desvinculada da Acrefi, com endereço e diretoria própria.
As grandes redes tinham crediário próprio e as Promotoras eram
coligadas a instituições financeiras, como exemplos posso citar a
Finasa ligada ao Banco Mercantil, a Fininvest ao Unibanco, o Losango ao Banco Multiplic e o Continental ao Bradesco, entre outras.
Mas tivemos algumas conquistas nesses 11 anos, como o
reconhecimento da atividade, relacionamento com entidades de classe, participação em congressos e aumento significativo das Promotoras Independentes e dos Correspondentes Bancários. Minha expectativa para o futuro é melhorar
o reconhecimento da categoria por todos os segmentos da
sociedade, aumentar o quadro de associados e a divulgação
do setor em todo o Brasil”.
Luis Carlos
Bento
(ex-presidente)
“A trajetória da ANEPS
é repleta de importantes
conquistas obtidas para
o setor. Ao longo de seus
11 anos de atuação, sempre trabalhou em favor da
qualificação e certificação
dos profissionais envolvidos com o intermédio de operações
de concessão de crédito, bem como a regulamentação da categoria. Até agora, muitos dos ideais já se transformaram em
realizações, como por exemplo a publicação da portaria nº
3.954, que é sem dúvida essencial para a atividade de oferta
de crédito.
O processo de certificação de correspondentes também merece especial destaque: proporcionará legitimidade à atuação
dos correspondentes bancários, deixando à margem aqueles
que não estiverem comprometidos com normas rígidas de
conduta e ética, alinhadas com as prerrogativas do Código de
Defesa do Consumidor. Também, é da mais elementar justiça,
agradecer a todos os associados e colaboradores que contribuíram de alguma forma para que a ANEPS se tornasse o que
é hoje: uma associação com alto grau de respeito e confiabilidade junto ao setor. Não mediremos esforços para continuar a
atuar, aperfeiçoar e consolidar a atuação da ANEPS em todos
os domínios de nossa atividade.”
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Edison João
Costa
(Presidente)
“Em continuidade ao trabalho
iniciado pela diretoria anterior, as
principais metas serão o reconhecimento da categoria; constituição de sindicato de classe patronal em nível nacional; promover através dos canais adequados a
representação sindical de classe laboral para promotores e correspondentes em nível nacional; promover o desenvolvimento das
empresas de seus funcionários e o respeito aos consumidores através da certificação de todos os envolvidos na oferta de serviços.
Não se pode deixar de destacar que ANEPS foi a primeira a lançar o processo de certificação dos correspondentes de acordo em
aderência a resolução do Banco Central que hoje já contabiliza
cinco mil colaboradores certificados em todo o País”, afirma Costa.
Norivaldo Lopes
(Superintendente)
As Promotoras de Crédito, hoje
denominadas Correspondentes
no Pais não transacionais foram
criadas, em 1979, por meio da Resolução nº 562, do Banco Central
do Brasil. Na época de sua fundação, há pouco mais de uma década, foi muito difícil conseguir que as empresas se filiassem à ANEPS,
haja vista que as poucas empresas Promotoras de Crédito existentes
eram ligadas a bancos, financeiras, à indústria e/ou comércio e algumas poucas independentes, e foram constituídas exatamente para
ser importante ferramenta para o escoamento da produção industrial e também para fomentar o comércio, pois podiam operar em
prazos mais longos de financiamento que o dos bancos comerciais
(24 ou 36 meses). O setor, naquele período, era muito rudimentar,
pois estamos falando do segmento na década de 60, quando os sistemas de telefonia e informação eram muito rudimentares. Mesmo
assim, as promotoras tiveram participação expressiva na evolução
das vendas de produtos de consumo duráveis e não duráveis, facilitando sobremaneira as vendas das indústrias e a colocação de seus
produtos no mercado nacional.
O processo de crédito ao consumidor final mudou muito, principalmente nos últimos anos por conta da evolução tecnológica e dos
sistemas de informação online. As operações podem ser rapidamente aprovadas, na hora da compra e em tempo real dentro das próprias lojas (promotoras), que fazem a intermediação entre os financiadores e os consumidores, liberando rapidamente o pagamento
do financiamento aos lojistas. Essa foi uma das principais conquistas
do setor nos últimos anos. Por outro lado, a intermediação financeira
não pode ser confundida com serviços bancários, pois trata-se de atividade devidamente regulamentada através de inúmeros normativos do Banco Central, desde 1979 com a Resolução 562, que durante
estas mais de três décadas foi sistematicamente atualizada, chegando ao final com as resoluções 3.954 e 4.035.
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Em Tempo
Correspondentes:
atuação cada vez
mais necessária
A comodidade oferecida pelo setor e ampla
linha de produtos tem
proporcionado à população um serviço cada
vez mais diferenciado.
Edmar Casalatina
A
ascensão de mais de 30 milhões de brasileiros à classe C nos últimos anos, que entrou para o mercado de
consumo, e consequentemente ao de crédito, revelou a
importância social e econômica dos correspondentes bancários
para o Brasil.
Os serviços oferecidos hoje pelos correspondentes são fundamentais para suprir a demanda desse público carente por serviços
financeiros. A proximidade desse novo canal de distribuição de crédito veio para facilitar a vida da população, especialmente daque-
las que estão nas regiões mais distantes do país. Sem
falar na comodidade, pois os correspondentes atuam
em horários diferenciados, aos sábados e domingos.
Por meio dos mais de 160 mil correspondentes,
pagar uma conta ou mesmo abrir conta bancária,
solicitar um cartão de crédito ou empréstimo pes­
soal deixou de ser um ‘bicho de sete cabeças’, que
obrigava a pessoa a se dirigir a uma agência bancária. Hoje, basta entrar numa casa lotérica, agência
dos Correios ou mesmo numa loja de eletrodomésticos para realizar estas operações.
Em entrevista recente à Revista Corresponde, o gerente-executivo da Unidade Canais Parceiros do Banco
do Brasil, Edmar Casalatina, disse que “a atuação dos
correspondentes é muito boa, especialmente pela agilidade que oferece ao consumidor”.
Os correspondentes são responsáveis ainda pelo
pagamento dos benefícios sociais do Governo Federal à população, como o Programa Bolsa Família,
entre outros. Sem esses agentes ficaria difícil para
os bancos atenderem à demanda crescente da nova
classe média brasileira. É preciso destacar também
que esse segmento tem participação fundamental na
geração de emprego e renda. São mais de 900 mil postos de trabalho diretos no País, empregando principalmente pessoas com
mais de 40 anos ou que estão em busca do primeiro emprego.
O Brasil está em franco desenvolvimento econômico e a demanda por crédito deve crescer ainda mais nos próximos anos.
Além disso, existem milhões de pessoas ainda fora do sistema financeiro o que fará com que o segmento dos correspondentes
cresça ainda mais seja um diferencial para a população ainda não
atendida pelos bancos tradicionais. ˜
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Capa
Portabilidade
de crédito:
alternativa para a redução dos juros
Medida permitirá que cliente transfira sua dívida em um
banco para outra instituição financeira.
A
portabilidade de crédito – quando o consumidor transfere sua
dívida com o banco para outra
instituição – e a redução das taxas de juros
promovida pela Caixa Econômica Federal
e Banco do Brasil, seguidos por outras ins-
tituições financeiras, estão agitando ainda
mais o mercado de crédito no País.
A tendência é que o consumidor procure por melhores condições de financiamento com a crescente concorrência entre os bancos, estimulada pelas medidas
do Governo Federal. Mas, o que tem chamado à atenção é a possibilidade da troca
de financiamentos entre as instituições, a
chamada portabilidade de crédito, regulamentada em 2006 pelo Banco Central.
Nesse caso, o cliente que fez uma dívida
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Capa
com determinada taxa de juros em um
banco tem a possibilidade de transferir,
gratuitamente, seu crédito para outra instituição que apresente uma oferta mais
interessante.
Mas a portabilidade de crédito está
sendo confundida com o refinanciamento, onde as instituições bancárias
disponibilizam o refinanciamento mediante a liberação de um novo empréstimo. Para que a mudança seja realmente
vantajosa o cliente deve fazer uma pesquisa minuciosa, analisando os juros e
taxas mais convidativos.
Segundo o Procon-SP, o consumidor
deve verificar ainda as taxas de juros oferecidas pelo banco para onde está sendo
feita a migração são realmente menores, o custo efetivo total da transação, as
despesas e demais encargos incidentes
na nova operação e número de parcelas.
Pode ocorrer um aumento no número de
parcelas, aumentando a dívida também. É
preciso evitar surpresas desagradáveis.
Para a supervisora para assuntos financeiros do Procon, Renata Reis, “embora a
portabilidade de crédito esteja em vigor
desde 2006, somente agora é que a prática ganhou força. Isso ainda é novo para
o consumidor, que precisa ficar atento às
propostas que lhe são oferecidas e tudo
precisa estar documentado”.
De acordo com dados do Banco Central,
no período de maio a julho deste ano, foram fechadas cerca de 45 mil operações de
portabilidade por mês, totalizando R$ 520
milhões mensais, sendo que a maior parte
refere-se ao crédito consignado.
transação, primeiramente ele fará uma
análise de crédito para conhecer o perfil
do cliente. Se optar por aceitar a migração, então esta instituição é que irá solicitar a portabilidade e fará a quitação da
dívida original.
Portabilidade de
crédito imobiliário
A portabilidade também vale para o
crédito imobiliário, mas é bom fazer uma
análise antes de tomar uma decisão, pois
os custos para a transferência ainda são
muito altos nesta transação. O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, sinalizou que o
governo deve melhorar as condições para
a portabilidade de crédito imobiliário.
Ao fazer a portabilidade de um crédito
habitacional atualmente, o consumidor
tem dois gastos referentes ao cartório,
como o registro da mudança do banco
credor na matrícula do imóvel e a averbação do novo contrato de alienação. Em São
Paulo, o valor destas despesas chega a até
R$ 1.174 para os imóveis financiados pelo
SFH. Para os que estão fora do SFH esse
custo chega a R$ 2.348 para imóveis avaliados em até R$ 500 mil.
Há propostas em estudo para facilitar
o trâmite em cartório e o corte das taxas
pela metade, além da exigência de apenas
duas averbações, que são mais baratas
que o registro em matrícula. A primeira
aconteceria entre o banco originário e o
novo credor, e poderia ser feita eletronicamente. A segunda envolveria o novo banco e o mutuário.
O custo de transferência de docu­
mentação do imóvel no cartório também é alto. Se o financiamento já está
perto do final, a vantagem do juro menor pode não compensar a troca diante
do gasto com a documentação, como a
taxa de uma nova avaliação do imóvel
cobrada pelo banco, pré-requisito para a
transferência, e que custa entre R$ 400
e R$ 1.215, e a taxa de administração do
contrato. Isso deve ser considerado pelo
cliente ao fazer a simulação da portabilidade de uma dívida habitacional.
Propostas
O relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) à medida provisória nº 567
que muda a regra de remuneração da
poupança traz alteração no processo de
portabilidade de crédito imobiliário entre bancos. O parecer do parlamentar, diz
que o credor poderá fazer uma averbação
do imóvel quando transferir o crédito
imobiliá­rio de instituição financeira – e
não mais um novo registro, como acontece hoje.
Extrato da dívida
O ideal é que o consumidor peça ao seu
banco um extrato da dívida em que conste o saldo devedor, os juros cobrados e o
número de parcelas, em seguida, leve à
instituição bancária para onde pretende
transferir a dívida e solicite a troca. A supervisora do Procon, Renata Reis, ressalta
que o consumidor “tem direito a essas informações”. Ela alerta ainda que os Correspondentes que atuam com diversas modalidades de crédito devem trabalhar de
forma correta, pois são representantes das
instituições financeiras.
O cliente deve estar ciente de que o
novo banco não é obrigado a aceitar essa
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“A medida visa diminuir a burocracia
e os custos para o cidadão, além de estimular a concorrência entre os bancos”,
destaca. O texto estabelece que o Conselho Monetário Nacional (CMN) editará
uma norma disciplinando o uso de um
código de identificação específico para
as operações de portabilidade de crédito pelas instituições financeiras. A intenção é fazer com que os bancos transfiram os dados dos clientes que migrarem
seus financiamentos. ˜
Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos
Comerciais (ABBC), fala sobre portabilidade.
Revista Corresponde – Como os bancos estão avaliando a questão da portabilidade
de crédito?
Renato Oliva – A portabilidade de crédito pode ser compreendida como a transferência de um empréstimo ou financiamento de um banco para outro banco a pedido do
cliente. Como não se trata de um novo empréstimo, não haveria que se cobrar um novo
Imposto sobre Operações financeiras (IOF) para a operação que foi transferida. A motivação do cliente para usar a portabilidade deveria estar atrelada à redução de custos que o
novo banco estaria oferecendo através de juros menores.
A maior percepção desse tipo de situação deverá ocorrer nos contratos de longuíssimos prazos, como o crédito imobiliário. Por isso, a portabilidade das operações de crédito imobiliário é o que está sendo trabalhado pelas autoridades. Quando se fala em
portabilidade de operações de crédito, fala-se também na portabilidade das garantias
associadas à operação transferida. Nesse ponto, há custos inerentes que deverão ser assumidos pelo cliente. Por exemplo: se a operação for de crédito imobiliário, a nova averbação do imóvel ou a sua alienação estaria associada à transferência. Da mesma forma
as operações de financiamentos de veículos.
Deveria ser definida uma tarifa para a portabilidade, a ser paga pelo cliente, que refletisse o custo do processamento para a portabilidade e um ressarcimento das despesas
incorridas na originação da operação e que seriam pagas pelas receitas dos juros. A avaliação é que em mercados relativamente estáveis, onde as taxas operadas são muito parecidas, e os prazos das operações não são
tão longos, a portabilidade não deveria ser uma vantagem para o cliente, uma vez que os custos de sua operacionalização poderiam anular o pequeno ganho da menor taxa oferecida pelo outro banco.
RC – Tem havido maior procura pela migração do crédito nos bancos associados à ABBC?
RO – A migração de crédito entre bancos não se dá somente através da portabilidade. A maior parte desta migração, seja em
operações de financiamento de veículos ou empréstimo consignado, se dá através da liquidação antecipada dos contratos originais
e da realização de um novo contrato com o novo banco. Há bancos, mais agressivos e com maior espaço de alavancagem para suas
operações, que possuem ou se utilizam de argumentos mercadológicos mais persuasivos para conquistar maiores fatias do mercado. Por outro lado, há bancos que estão mantendo suas carteiras estáveis, numa postura mais conservadora em termos de gestão
de liquidez e por conta do momento mundial.
RC – Quais as vantagens para as instituições financeiras ao receber a dívida feita em outro banco?
RO: Crescimento do market share. Crescimento de sua participação relativa no mercado.
RC – Há riscos para essas instituições financeiras que aceitam a migração da dívida?
RO – A decisão da portabilidade é do cliente. Se o cliente assim o decidir, ela deverá ser executada. Os preços do mercado refletem a dinâmica atual, onde o banco capta, empresta, recebe os pagamentos e paga o investidor que fez a captação. Havendo uma
mudança importante na dinâmica, certamente deverá haver um ajuste nos preços que reflita as novas condições e os novos riscos.
Neste sentido, o mercado sempre buscará seu equilíbrio econômico.
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Análise Setorial
Certificação da ANEPS
está de cara nova
O novo formato oferece mais agilidade aos agentes que
buscam capacitação.
O
programa de certificação
dos agentes dos correspondentes foi implantado há um
ano pela ANEPS – Associação
Nacional dos Correspondes no País –, em
parceria com Instituto Totum, e desde
então tem sido um sucesso, com mais de
3 mil agentes certificados em todo território nacional.
A certificação foi criada para atender à
Resolução nº 3.954 do Banco Central que
passou a exigir a capacitação e certificação
dos agentes de correspondentes, como
forma de dar mais transparência ao setor
e melhorar o atendimento oferecido por
esse canal de distribuição de crédito.
Apesar do sucesso da certificação, a
ANEPS observou recentemente uma queda
no número de interessados devido à incerteza provocada pela Resolução nº 4.035, que
proíbe a atuação dos correspondentes dentro das agências bancárias. Por outro lado,
para tornar o programa ainda mais atraente, a associação decidiu promover algumas
mudanças. Antes, em uma única prova abordava-se o crédito consignado, CDC, leasing,
empréstimos e financiamento de veículos.
A certificação foi dividida em quatro
modalidades: a certificação completa;
crédito pessoal e consignado; CDC e financiamento de veículos e crédito imobiliário. Assim, os alunos poderão escolher
a área de seu interesse. A outra mudança
é que até os últimos meses a prova que é
feita no Brasil inteiro dependia da formação de turmas com 15 a 20 pessoas. No
novo formato a prova poderá ser feita em
todas as capitais sem a exigência de um
número mínimo de participantes.
Para o vice-presidente de Formação
e Certificação da ANEPS, Marciano Testa, “a certificação trouxe melhoria para
o dia a dia das empresas. Temos recebido feedbacks positivos das empresas
que passaram a exigir a certificação dos
seus colaboradores e parceiros. O nível
do atendimento dos serviços prestados
à população, que é a maior beneficiada,
melhorou muito. Para o indivíduo que
busca colocação profissional, ter a Certificação/ANEPS é um diferencial no currículo no momento da contratação”.
“Queremos estender aqui o convite a
todos empresários de promotoras e instituições financeiras que incentivem a certificação, todos ganham com a formalização do setor. Acreditamos que a demanda
pela certificação aumente significativamente ao passo que se aproxima a data da
obrigatoriedade exigida pela norma. Além
disso, estamos em tratativas com a FEBRABAN para disponibilizarmos às instituições
financeiras um banco de dados único, para
consulta online do status dos agentes certificados no momento do input do contrato, uma vez que a ANEPS hoje detêm o
maior numero de certificações emitidas,
destaca Marciano Testa.
De acordo com Fernando Lopes, diretor
do Instituto Totum, “o maior benefício desse novo modelo
é que agora a
certificação é
focada no interesse de cada
Marciano Testa
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Análise Setorial
agente e dará mais agilidade ao processo
de formação dos agentes. Além disso, a
ANEPS é a única que fornece carteira de
identificação profissional aos agentes que
concluem a certificação pela entidade”.
O programa de certificação da ANEPS
recebeu 5.057 inscrições, dos quais 3.044
agentes foram certificados. Os gráficos mostram o perfil dos agentes que participaram
da certificação por Estado, sexo, faixa etária
e escolaridade. Um dos pontos de destaque
é a participação do público feminino, 71%
ante 29% do masculino (gráfico 1).
Os agentes na faixa dos 25 a 30 anos representam 34% dos inscritos, seguido por 29%
dos que têm entre 18 e 24 anos (gráfico 2).
Em relação ao nível de escolaridade, 49%
tem ensino médio completo (gráfico 3).
Na divisão por região, o estado de São
Paulo lidera com o maior número de
pessoas inscritas (mais de 1.050), seguido
pelo Rio de Janeiro (mais de 600) e Minas
Gerais (mais de 300) (gráfico 4). ˜
Fernando Lopes, diretor do Instituto Totum
71%
29%
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Tecnologia e Gestão
Os desafios da indústria
do crédito no Brasil
Setor deverá buscar novos modelos de promoção e
captação de clientes utilizando canais e parcerias com
custo baixo e automação completa dos processos.
O
crescimento da indústria do
crédito e o avanço tecnológico, que permite uma análise
mais criteriosa no processo de
análise e concessão de crédito, fazem com
que se olhe mais atentamente para as facilidades que os recursos tecnológicos oferecem. Por isso, a partir de agora, a Revista
Corresponde passa a publicar uma seção
fixa sobre o tema, abordando a revolução
silenciosa que está em curso.
Talvez essa seja a melhor definição para
o momento por que passa o processo de
análise e concessão de crédito no Brasil. O
aumento de volume substancial ocorrido
ao longo da última década, que definiu
um novo patamar a partir de 2009 e 2010
para as instituições financeiras, encontrou
mais recentemente dois novos desafios:
a demanda pela redução substancial nas
taxas de juros aliada a um aumento na inadimplência para índices preocupantes.
Neste novo cenário, o mercado depara-se
com o dilema do “crescimento sustentável”
na indústria do crédito, que precisará equacionar: alto volume, novos juros, redução de
custos e geração de valor para acionistas.
O processo de análise e concessão evoluiu
bastante nos últimos anos principalmente
para suportar altos volumes de operações
com manutenção de custos ou boa escala
de crescimento, mas os avanços se deram
em um ambiente diferente: a competitividade de juros mantinha-se em um patamar de
taxa básica bem mais alto, com regulação de
mercado diferente e o foco das instituições
voltado para expansão de suas carteiras.
Uma rápida olhada na maioria das instituições do país comparando seus processos à realidade de mercados mais
evoluídos pode ajudar a definir algumas
tendências para o processo de concessão
nesta próxima fase: novos modelos para
promover e captar clientes utilizando canais, parcerias e meios com custo mais baixo, automação completa dos processos,
meios transparentes e rápidos de decisão.
Essas tendências, no entanto, passam
pela inevitável necessidade de “tropicalizar” os processos e adaptá-los para um
ambiente onde ainda não há bases de dados “positivas”, onde há uma enorme classe média “nascente” que não tem histórico
de consumo e dificulta a análise estatística. Isso sem falar em um território com características, culturas e estrutura díspares.
Nesse sentido, a revisão do processo de
concessão de crédito passa, sim, por uma
“volta às origens”: a instituição deverá reduzir
sua “aprovação automática” – a vedete da
concessão dos últimos cinco anos – e precisará coletar mais informações sobre seus
possíveis clientes: fontes de dados chamadas “não convencionais” tendem a ser mais
utilizadas, por possuir informações ricas para
apoiar análises: bases de redes sociais, geoposicionamento, análise de intenção etc.
Ao mesmo tempo, a “volta às origens”
deve se valer de todas as ferramentas
atualmente empregadas, aliadas a uma
gestão mais eficiente de produtividade de
equipes e analistas. Adotar mecanismos
eficientes de acompanhamento de produção e níveis de qualidade – mais próximos à metodologia adotada em contact
centers – tornam a rotina de análise mais
eficaz e permitem otimizar um dos custos
mais importantes, o de pessoas.
Melhores práticas
Além do enriquecimento de dados e monitoramento no processo de concessão, a
padronização será o próximo desafio para
as instituições. Executar seus processos in
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A indústria de concessão de crédito no Brasil apresenta, em resumo, uma estrutura que envolve as Instituições Financeiras, os Correspondentes e os Agentes de Correspondentes. O Agente de Correspondente representa o contato
direto com os Clientes, garantindo a capilaridade da indústria.
A Certificação Profissional de Agentes de Correspondentes da ANEPS (Certificação ANEPS) envolve não somente um
exame de certificação, mas também o atendimento ao Código de Ética e Conduta e a atuação de sua Ouvidoria. Isto é
autorregulação da nossa indústria.
Certificação Completa
<
Crédito Consignado
<
Veículos e CDC
<
Crédito Imobiliário
<
Diferenciais
✓ A 1° Entidade e única a ter o programa de
certificação COMPLETO (desde 07/2011);
✓ Milhares de Agentes de Correspondentes
certificados em todo território nacional;
✓ Possibilidade de realizar exames apenas para
os seus funcionários (turmas fechadas);
✓ O único serviço de certificação que atende
✓ Canal de Ouvidoria através de 0800;
✓ Emissão da Carteira de Certificação
Profissional do Agente de Correspondente,
que pode ser utilizada como Identificação
Profissional*.
atendendo ao Capítulo IV, ART. 11, item II, da Res 3954/2011 do Banco Central.
em qualquer localidade do Brasil;
Para mais informações:
www.certificacaoaneps.com.br
(11) 3104-5168 ou (11) 3104-5169
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Tecnologia e Gestão
house ou com parceiros traz desafios similares para os gestores de crédito: a distribuição
geográfica, a rotatividade de equipes e a rápida mudança de políticas de crédito parecem ser variáveis incompatíveis, que fazem
com que o processo como um todo sofra
perda de qualidade a cada nova mudança.
A demanda por soluções que suportem
e facilitem as mudanças de políticas de
crédito - e que ao mesmo tempo sejam
fáceis de aprender e multiplicar - são pontos fundamentais para o sucesso do processo de concessão nos próximos anos.
À medida que os processos mudarem, as
plataformas precisarão ser mais robustas
que as atuais e deverão representá-los em
sua plenitude, considerando os diferentes
critérios de avaliação para as diferentes
demandas dentro do mesmo processo.
Também no contexto das mudanças em
processos de análise e concessão, as instituições deverão melhor definir o que tratar (e
quando tratar) propostas como “indícios de
fraude”, separando-as efetivamente de casos
de “desenquadramento” estrutural ou finan-
ceiro. A propalada educação para o crédito
tem no momento da análise mais uma grande oportunidade ao bem detectar e diferenciar as intenções do cliente, e direcioná-lo
eventualmente para um melhor enquadramento de seu desejo de aquisição.
Saber diferenciar, tratar e executar o ajuste
fino neste processo depende, sim, de feedback contínuo entre backoffice, análise, checagem e força de venda, identificando oportunidades de bons negócios em um ambiente
mais competitivo, que aceitará cada vez menos erros. Ferramentas de Workflow e B.I.,
efetivamente integradas ao ambiente operacional, e ferramentas de B.PM. precisarão urgentemente substituir as planilhas e e-mails
utilizados hoje neste ambiente.
Flexibilidade é o
segredo
Finalmente, o novo ciclo de crédito do
mercado deverá ser seletivo quanto à recorrente inflexibilidade de boa parte das
instituições. Os subprocessos ligados à
concessão deverão ocorrer em ambientes
multiproduto, multioferta, multiequipe
e multiparceiros. A instituição, cada vez
mais, deverá representar o papel de “ponto de convergência” para captar os melhores clientes, atraídos pelos melhores produtos com os parceiros desejados.
A instituição deverá ser flexível para
atuar em nichos, de forma corporativa,
ao mesmo tempo aberta e integrada com
seus canais. Isso só será possível quebrando alguns paradigmas atualmente vigentes, como os conceitos de “banco grande”
e “banco pequeno”, “financeira de produto
x” ou “produto y” etc.
Enfim, mesmo contando com a já tradicional “capacidade de superação”, aliada ao
poder de ação e potencial, a indústria do crédito no Brasil está diante de um novo “momento de virada”. Inovação e tecnologia são
os caminhos para promover esta mudança.
Rafael Matos
[email protected]
Diretor de IT Services - Intervalor
Agenda
Congresso nacional de crédito e cobrança
Confira os temas
que serão debatidos:
E
ntre os dias 9 e 10 de outubro,
será realizado o 8° Congresso
Nacional de Crédito e Cobrança,
em São Paulo, e reunirá profissionais e executivos do setor. No evento
serão discutidos temas de grande importância para o setor, que tem passado por
transformações nos últimos anos.
Neste novo cenário, o destaque fica por
conta do consumidor, que adquiriu novos
hábitos de consumo a partir do crescimento
da classe média, que hoje representa mais
de 50% da população brasileira. A classe C
cresceu e já são mais de 101 milhões de pessoas, sem falar na estabilidade econômica e,
principalmente, nas facilidades de acesso ao
crédito no País e na queda dos juros, o que
tem levado ao aumento do consumo.
Inadimplência
Desafio: crédito x inadimplência. Como
conseguir o equilíbrio entre o incremento
da oferta de crédito frente ao crescimento
dos índices de inadimplência para o desenvolvimento do setor.
Crédito & Cobrança
Crédito responsável: Como mantê-lo –
da concessão à cobrança.
Crédito educativo: crescimento profissional ao alcance de todos. Como o crédito estudantil pode ajudar a democratizar o
acesso ao ensino universitário e melhorar
a qualificação profissional do brasileiro.
Marketing
Marketing em educação financeira: o
primeiro passo para educar é comunicar
bem. Bancos e grandes entidades de cré-
dito fazem uso das técnicas de marketing
e publicidade para ensinar o brasileiro a
usar corretamente seu salário, pagar dívidas e economizar para realizar sonhos.
Fraudes
Roubo de identidade: Onde tudo começa. Como fraudadores atuam, quem
são suas vítimas preferenciais, quais as
consequências para o sistema financeiro e
como as empresas podem proteger.
Mercado
Compra e venda de carteiras: Como essa
atividade pode mudar totalmente o rol das
empresas de recuperação. Oportunidades e
desafios do Brasil em utilizar essa ferramenta, que pode representar um marco no desenvolvimento da indústria do crédito.
Oportunidades para empresas de cobrança do Brasil nos EUA. A possível interação de mão-dupla entre empresas
americanas e brasileiras na indústria de
cobrança. ˜
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Consumidor
Reflexos da queda
dos juros para o
consumidor
Maior competição entre as instituições financeiras podem beneficiar população.
A
recente redução das taxas de
juros nas operações de crédito
realizada pelo Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal elevou
a concorrência no setor, levando as instituições privadas a reduzirem suas taxas também. Segundo nota distribuída à imprensa,
a Associação Nacional de
Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac),
esta é a quarta
redução no ano
das taxas de
juros pa­ra pessoa física e a quinta redução
das taxas de juros para pessoa jurídica.
De acordo com a pesquisa de juros divulgada pela entidade, em maio deste ano
a taxa de juros média mensal para pessoa
física recuou 0,07 ponto porcentual em
relação a abril, passando de 6,25% para
6,18% ao mês e de 106,99% para 105,36%
ao ano. É a menor taxa média desde 1995,
início da série histórica do levantamento
das taxas para pessoa física.
Ainda de acordo com o levantamento,
os principais fatores que contribuíram
para a queda são: a redução da taxa básica de juros (Selic) que recuou 0,50 ponto
percentual, de 9,00% ao ano em abril para
8,50% ao ano em maio; maior competição
no sistema financeiro após os bancos
públicos promoverem reduções em
suas taxas, que foi acompanhada
pelas principais instituições financeiras privadas, e expecta­tiva de
no­­vas reduções da
taxa básica
de juros.
Considerando todas as reduções da Selic promovidas pelo Banco Central desde
dezembro do ano passado, observa-se um
recuo – entre dezembro/2011 e maio/2012
– de 2,50 pontos percentuais (redução de
22,73%) de 11,00% ao ano em dezembro/2011 para 8,50% ao ano em maio/2012.
Nesse período a taxa de juros média
para pessoa física apresentou uma redução de 9,48 pontos percentuais (redução de 8,25%) de 114,84% ao ano em
dezembro/2011 para 105,36% ao ano em
maio/2012. Embora venha ocorrendo a
redução dos juros, é bom lembrar que as
taxas se encontram em patamares elevados no país, seja pelo baixo volume de
crédito disponível que representa hoje
49,6% do PIB quando a média internacional passa de 100%, seja pelos custos que
incidam sobre as taxas.
“A nossa expectativa é de que as taxas de
juros voltem a cair nos próximos meses por
conta das prováveis reduções da taxa básica de juros (Selic), conforme sinalizações
do Banco Central, bem como pela maior
competição no sistema financeiro após os
bancos públicos promoverem reduções em
suas taxas de juros”, destaca o coordenador
da pesquisa e vice-presidente da Anefac,
Miguel José Ribeiro de Oliveira.
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Consumidor
Linha de Crédito
Abril/2012
Maio/2012
VARIAÇÃO
%
TAXA MÊS TAXA MÊS TAXA MÊS TAXA MÊS
VARIAÇÃO
pontos
percentuais
Juros comércio
4,77%
74,92%
4,72%
73,92%
-1,05%
-0,05
Cartão de crédito
10,69%
238,30%
10,69%
238,30%
0%
0
Cheque especial
8,28%
159,76%
8,24%
158,61%
-0,48%
-0,04
CDC - bancos financiamento de
automóveis
1,94%
25,93%
1,85%
24,60%
-4,64%
-0,09
Empréstimo pessoal bancos
3,69%
54,47%
3,59%
52,69%
-2,71%
-0,10
Empréstimo pessoal financeiras
8,14%
155,76%
7,98%
151,26%
-1,97%
-0,16
6,25%
106,99%
6,18%
105,36%
-1,12%
-0,07
TAXA MÉDIA
Fonte: Anefac
Inadimplência
A pesquisa destaca ainda a importância
do crédito para o desenvolvimento econômico do País – com aumento da produção,
vendas e geração de empregos –, e que o
crescimento do volume de crédito tenderá a se acentuar nos próximos meses em
virtude desse desenvolvimento. Isso contribui para que as pessoas realizem seus
sonhos e antecipem seus projetos.
Entretanto, o consumidor precisa aprender a usar o crédito a seu favor para melhorar sua qualidade de vida sem gerar
problemas, como o endividamento, que
na maioria das vezes leva-o a perder o
bem adquirido (muito comum nos financiamentos de veículos).
A inadimplência do consumidor, que
está cada vez mais endividado, aumentou
e preocupa o mercado. Segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do
Consumidor, houve crescimento de 4,8%
em abril de 2012, na comparação com
março deste ano. Na relação anual – abril deste ano contra o mesmo
mês do ano passado – o indicador
apresentou alta de 23,7%. No fechamento dos quatro primeiros
meses do ano, o índice apontou
crescimento de 19,6%.
Para os economistas da Serasa
Experian, o aumento da inadimplência do consumidor mostra
que as dificuldades de honrar as
despesas de início de ano, aliadas
ao endividamento crescente, se estenderam para além do mês de março, considerado o mais crítico do ano. Dessa forma,
abril de 2012 registrou a maior variação
mensal para este mês desde 2002.
O Correspondente também tem um
papel importante de conscientização do
cliente que se candidata a um empréstimo
ou financiamento, devendo mostrar a ele
as melhores opções de crédito para a sua
necessidade. ˜
Composição da taxa de juros em um empréstimo:
• Custo de captação do banco (Quanto o banco paga pelo dinheiro que paga a seus aplicadores ou custo de oportunidade). A
referência é a taxa Selic;
• Cunha fiscal – Compreende os impostos da intermediação financeira mais os compulsórios (dinheiro dos depósitos que os
bancos deixam no Banco Central sem poderem emprestar);
• Despesas administrativas – Custos dos processos do banco (funcionários, agências, etc);
• Risco – Custo da inadimplência dos empréstimos (parte dos empréstimos não são pagos ou demoram para ser recebidos o
que embute um risco à instituição);
• Margem líquida da instituição – Lucro do banco ou depois de todos os itens anteriores quanto efetivamente sobra para a
instituição financeira.
Fonte: Anefac
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Visão
Correspondentes, Promotoras e
Contratantes – uma relação sem
equilíbrio e carente de atenção
T
oda relação desigual sempre gerou distorção, não importa o
tamanho de seus contentores, ou seja, se são dois grandes,
dois pequenos, um grande e um pequeno etc. Seja qual for a
combinação de tamanhos, se não haver equilíbrio uma parte perece.
O que é desequilíbrio para um dos lados em uma relação? Concorrência, armas desiguais, regras claras, condições adversas, metas severas, estabilidade irrestrita, vínculos inquebráveis, etc. Não,
não é por aí.
O desequilíbrio reside exatamente na ausência de regras, ou
regras mutáveis à exclusiva vontade de um dos lados, nas condições em que um lado não tem as mesmas garantias que o outro,
aliás, um dilema que em termos de Brasil, durante muito tempo,
afastou e nos afasta de sermos empreendedores.
Das relações frágeis e desiguais sempre nasceram os grandes
problemas e não poderia ser diferente nas atividades de promotoras e correspondentes, que ainda não podemos assim chamar
de relação equilibrada.
Instáveis e superficiais por serem pouco institucionais, do
lado dos correspondentes são muito convenientes para os
oportunistas e não suficientemente seguras para os empreendedores sérios.
A atividade de promotoras de crédito e correspondentes,
quaisquer que sejam as regras, é fato praticamente irreversível e
inconteste. Um olhar atento mostrará que aproximadamente 50%
das transações de caixa são hoje realizadas por correspondentes,
nada diferente será encontrado nas operações de empréstimo
consignado em folha, financiamento de veículos, estabelecimentos de cartões de crédito, crédito imobiliário etc.
Por que, então, não investirmos em relações contratuais menos
vulneráveis às vontades pessoais e análises subjetivas, em troca
de relações mais institucionais?
A própria Resolução nº 3.954, em 24 de fevereiro de 2011, do
Banco Central, veio para ajudar a dar um ordenamento a essa
situação. Com ela as parcerias entre as promotoras de crédito e
instituições financeiras passaram a ter um cunho de maior legalidade, pois a norma do Banco Central enuncia de forma minuciosa
a preocupação das autoridades monetárias em exigir maior rigor
e responsabilidades para ambas as partes.
O interesse mútuo passou a ser regido por norteamentos de
condutas de forma ética profissional visando resguardar o sistema financeiro como um todo, sendo que o objetivo maior é
proteger o consumidor final, para que o mesmo não seja prejudicado por qualquer desvio de conduta e, em última instância,
a própria sociedade.
Das empresas que atuam na atividade de promotoras de
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*Edison Costa
crédito foi exigido maior investimento, idoneidade, responsabilidade e capacitação profissional, a fim de estarem aptas
a praticar o crédito com responsabilidade e prontas a dirimir
quaisquer dúvidas que possam ser manifestadas por potenciais interessados na obtenção de crédito ou em relação aos
produtos comercializados.
Assim, entendemos que os contratos a serem firmados entre as promotoras de crédito e as instituições financeiras, além
de assegurarem para os celebrantes direitos e obrigações, sejam redigidos de maneira que não possibilitem rupturas por
motivos não profissionais ou injustificados e que possa colocar em risco a promotora de crédito ou próprio sistema como
um todo. ˜
*Edison Costa é presidente da ANEPS e
diretor da Brascorf.
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