Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito
Desenvolvido em parceria com o Instituto Akatu
cap.
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Por que falar sobre o
consumo dos recursos e
serviços financeiros ?
Basicamente porque nas últimas décadas a oferta de crédito cresceu muito no Brasil, mas não
veio associada a, por exemplo, uma educação financeira apropriada. Esse contexto trouxe duas
consequências diretas:
1) O incremento no consumo;
2) o aumento do grau de endividamento da população.
Há também duas importantes perguntas, que decorrem dessas consequências:
• Até que ponto esse maior consumo significa melhor qualidade de vida e maior felicidade
para os consumidores e suas famílias?
• Quais efeitos o consumo crescente provoca sobre o meio ambiente, as relações sociais e a
economia?
Cerca de um terço do crédito no Brasil é destinado diretamente às pessoas físicas, sendo fortemente
direcionado ao consumo. A cada ano as pessoas compram mais. O volume de vendas cresceu mais
do que a população, isso significa que, em média, cada pessoa compra mais produtos e serviços.
No entanto, nem todas conseguem pagar suas compras.
Em resumo:
Aumento da oferta de crédito + Falta de planejamento financeiro = Maior consumo g Maior
endividamento g Maior inadimplência
Essa equação não precisa e nem deve ser assim. A oferta de serviços e recursos financeiros, como
o crédito, é vital para o bom funcionamento da economia e pode facilitar a vida das pessoas. Mas,
assim como um remédio, deve ser usado na dose certa. E só um bom planejamento financeiro
pode fazer com que a população acerte na dose. Para realizar esse planejamento da melhor forma,
recomenda-se uma boa educação financeira. Como isso funciona?
Como o consumo consciente se conecta com a educação financeira
Em uma visão tradicional, poderíamos dizer que:
A educação financeira nos ajuda a aprendermos como ganhar mais e gastar menos, para que no fim
do mês sobre dinheiro. E para saber como usá-lo, pagando as dívidas, investindo e formando um
patrimônio.
À primeira vista, não há nada de errado com essa definição. De fato, a educação financeira (base
do planejamento) diz que devemos ser realistas e bem informados em relação ao nosso dinheiro.
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Além disso, devemos manter boas anotações dos ganhos e dos gastos, comprando com disciplina,
controlando excessos e assumindo apenas dívidas muito bem planejadas, que poderemos
realmente pagar.
Mas a prova de que isso nem sempre acontece é a grande (e crescente) quantidade de pessoas
inadimplentes. Para muita gente, o planejamento financeiro não passa de uma ficção distante. Em
alguns casos, a razão disso é mesmo a falta de conhecimento ou de capacidade para anotar valores
e realizar as contas necessárias. Em outros casos, o planejamento existe, mas é atrapalhado por
imprevistos, como perda de emprego, doenças, acidentes e outros fatos que afetam nossas finanças
de modo excepcional e repentino. No entanto, em muitas situações, a causa da inadimplência é
puramente a falta de controle. Na série de pesquisas realizada pela Federação do Comércio do
Estado de São Paulo entre consumidores paulistanos, essa é a principal causa da inadimplência
(41% dos casos, em abril de 2008). O segundo motivo mais frequente é a perda do emprego, com
27% dos casos 1.
Se o descontrole financeiro está na raiz de boa parte da inadimplência, vale a pena perguntarmos
qual seria a sua causa. E a resposta a essa questão nos aproxima do consumo consciente, pois o que
geralmente leva ao descontrole financeiro são os mesmos motivos que levam à insustentabilidade
social e ambiental:
• Falta da noção de limites;
• baixa reflexão sobre prioridades;
• privilegiar o “aqui e agora”, desconsiderando o futuro;
• confundir “desejos” com “necessidades”;
• confundir as noções de “ser” e de “ter”.
Pensando nisso, o Instituto Akatu propõe uma nova perspectiva para a educação financeira. Pela
perspectiva do consumo consciente, a educação financeira é importante para:
• Tornar as pessoas mais conscientes dos impactos do mau uso do dinheiro e do crédito;
• dar a elas a real dimensão da implicação desse mau uso ao longo da vida e seu reflexo na sociedade;
• oferecer motivos para a adoção de novos hábitos, a partir da valorização dos benefícios do bom uso do dinheiro e do crédito para elas mesmas, o meio ambiente, a sociedade e a economia;
• oferecer alternativas práticas que permitam às pessoas, ao mesmo tempo, poupar, realizar suas necessidades e permitir seus prazeres com consciência.
Diferente da perspectiva tradicional, – que se foca simplesmente no dinheiro, – a perspectiva do
consumo consciente centra-se no que realmente importa: a qualidade de vida, a segurança e a
felicidade, hoje e no futuro.
As considerações que formam uma boa educação financeira são as mesmas que levam a uma boa
educação para a sustentabilidade. E isso faz toda diferença.
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Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), apurada mensalmente pela Fecomercio-SP. Publicado no
site www.fecomercio.com.br
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Nos próximos capítulos falaremos um pouco mais sobre a relação entre o uso do dinheiro e a
sustentabilidade, com aplicações práticas dos instrumentos de gestão financeira e dos vários
produtos que o setor financeiro oferece ao consumidor.
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