A Formação de Árbitros de Futebol
Estudo comparativo dos modelos de formação vigentes
em Portugal e em Inglaterra
Eduardo José de Góis Gomes
Porto, 2008
A Formação de Árbitros de Futebol
Estudo comparativo dos modelos de formação vigentes
em Portugal e em Inglaterra
Monografia realizada no âmbito da disciplina
de Seminário do 5º ano da licenciatura em
Desporto e Educação Física, na área de
Treino Alto Rendimento Opção de Futebol,
da Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto.
Orientador: Dr. Jorge Pinto
Autor: Eduardo José de Góis Gomes
Porto, 2008
Provas de Licenciatura
Gomes, E. (2008). A Formação de Árbitros de Futebol: Um estudo comparativo
dos modelos de formação vigentes em Portugal e em Inglaterra. Dissertação de
Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ÁRBITRO; NÍVEIS DE FORMAÇÃO; FUTEBOL.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado às minhas filhas Maria Eduarda e Bárbara Elisa
Sou criança…
Sou criança, deixem-me ser…
…
Sou esperança e esperança no futuro quero ter
Gosto de correr, saltar, dançar
ar, mas também de aprender
Não me podem levar a mal, ainda estou a crescer
Sou criança, deixem-me
me fazer…
fazer
Chorar, gritar, uma birra ao adormecer
Um castelo na areia, uma asneira, brincar até o anoitecer
Não me podem levar a mal,, ainda estou a crescer
Sou criança, deixem-me ter…
…
Uma casa, um jardim, oportunidade para engrandecer
Amor, carinho, amigos a quem possa agradecer
Não me podem levar a mal, ainda estou a crescer
Sou criança, deixem-me ver…
…
O sol, a chuva, o céu e o mar nos meus braços receber
A textura da terra, o perfume duma flor, o cantar dum pássaro reconhecer
Não me podem levar a mal, ainda estou a crescer
Sou criança, deixem-me
me entender…
entender
Porquê que há guerra? Porquê
orquê que têm as baleias de morrer?
Porquê que há fome? Porquê
orquê que têm as florestas de desaparecer?
Não me podem levar a mal, ainda estou a crescer
Sou criança, deixem-me
me escolher…
escolher
Se ficas junto de mim, se te quero perder
Se corro para os teus braços, se me vou esconder
Não me podem levar a mal, ainda estou a crescer
De Góis
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Após uma longa e árdua travessia
t
num mar por vezes sereno,
sereno por vezes
enraivecido. Eis
is o vislumbre do tão desejado porto seguro.
Concluído este estudo, não posso deixar de agradecer a todas as
pessoas que contribuíram, directa ou indirectamente, para a sua realização.
Assim, gostaria de deixar o meu profundo agradecimento às seguintes
pessoas:
Ao Professor Jorge
orge Pinto por toda a disponibilidade, conhecimento e
compreensão
ão demonstrada.
demonstrada
À Professora Catarina,
Catarina por me ter ajudado nas traduções e
principalmente pelo apoio e amizade.
Ao Professor Manuel Francisco Costa, instrutor técnico de arbitragem
membro do gabinete de aperfeiçoamento técnico da Liga Portuguesa de
Futebol Profissional.
À Senhora Janie Frampton, membro da Football Association.
Association
À Dona Maria José e à Dona Paula, pelo auxílio
lio prestado.
Aos colegas e amigos, Sérgio, “Tropa”, Nelson, Fiqueli, Nuno Resende e
aos “Gémeos”, por me terem dado oportunidade de caminhar ao
o vosso lado.
Aos meus pais, irmãos e irmãs, pela ajuda, paciência e compreensão
nos momentos difíceis.. Por
P todo o amor e apoio que me deram sempre que
precisei.
A ti…, que nunca esquecerei!
VII
Eduardo Gomes
Gom
Índice Geral
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS.............................................................................
............................................................................. VII
.................................................................................
ÍNDICE GERAL..........................................................................................
GERAL...................................................................................... IX
ÍNDICE DE QUADROS..........................................................................
UADROS.......................................................................... XI
UADROS..............................................................................
RESUMO.................................................................................................... XIII
RESUMO................................................................................................
1. INTRODUÇÃO
1
o Trabalho ................................................................
............................................. 1
1.1. Pertinência do
1.2. Estrutura do
o Trabalho ................................................................
................................................ 3
2. REVISÃO DA
A LITERATURA
5
2.1. O Árbitro no Fenómeno Desportivo ............................................................
............................ 5
2.2. O Árbitro de Futebol .................................................................................
................. 12
2.2.1. Funções e Competências do Árbitro ..............................................
................................
12
2.3. Formação
rmação de Árbitros de Futebol .............................................................
............................. 14
2.3.1. A Escola de Arbitragem ................................................................
................................. 15
2.3.2. Fases de Formação do Árbitro.......................................................
....................... 18
2.3.2.1.
Característic da Fase de Iniciação..................................
Características
................................ 18
2.3.2.2.
Características da Fase Aperfeiçoamento .......................... 18
2.3.2.3.
Característica da Fase
F
de Especialização .......................... 19
3. HIPÓTESES
21
3.1. Hipóteses ................................................................................................
................................
................................. 21
IX
Eduardo Gomes
Gom
Índice Geral
4. MATERIAL E MÉTODOS
TODOS
23
4.1. Caracterização da Amostra ................................................................
...................................... 23
4.2. Recolha de Dados....................................................................................
.................... 23
5. DESCRIÇÃO E COMPARAÇÃO
COMPARAÇÃO DOS MODELOS DE FORMAÇÃO
FORMAÇ
25
5.1. Descrição dos Modelos de Formação de Árbitros de Futebol
Fute
em Portugal e em
Inglaterra ................................................................................................
................................
................................. 25
5.2. Discussão dos respectivos Modelos de Formação de Árbitros Futebol em
Portugal e em Inglaterra ................................................................
.......................................... 47
5.2.1. Objectivos
os dos Programas de Formação ......................................
................................
47
5.2.2. Formação Académica ................................................................
................................... 47
5.2.3. Formação Contínua
C
(acções de formação) ...................................
................................ 48
5.2.4. Conteúdos (disciplinas)................................................................
(disciplinas)
.................................. 49
5.2.5. Condições de Acesso
Aces (inscrição e preferência) ............................ 49
5.2.6. Duração ........................................................................................
................................
........................ 50
5.2.7. Avaliação ......................................................................................
................................
...................... 50
5.2.8. Organização
zação .................................................................................
................. 51
6. CONCLUSÕES
53
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
55
X
Eduardo Gomes
Gom
Índice de Quadros
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Descrição
ição e Comparação dos Níveis de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal e em
Inglaterra.
Quadro 2 – Descrição das principais características do Curso de Formação Inicial de Árbitros de Futebol
em Portugal.
Quadro 3 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Portugal nos Níveis: 5 (Segunda Categoria Distrital ou Regional) e 4 (Primeira Categoria Distrital ou
Regional).
Quadro 4 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Portugal no Nível 3 (Terceira Categoria Nacional).
Quadro 5 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Portugal no Nível 2 (Segunda Categoria Nacional).
Quadro 6 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Portugal no Nível 1 (Primeira Categoria Nacional).
Quadro 7 – Descrição das principais características do Curso de Formação Inicial de Árbitros de Futebol
em Inglaterra.
Quadro 8 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Inglaterra nos Níveis: 6 (County
County Referees)
Referees e 5 (Senior County Referees).
Quadro 9 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros
Árbitr de Futebol em
Inglaterra nos Níveis: 4 (Supply
Supply League Referees)
Referees e 3 (Contributory Referees).
Quadro 10 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em
Inglaterra nos Níveis:: 2 (Panel List) e 1 (National List).
XI
Eduardo Gomes
Resumo
RESUMO
O presente estudo norteou como principal objectivo,
objectivo comparar os modelos de formação
de árbitros de Futebol vigentes em Portugal e em Inglaterra.
Para isso comparamos os modelos de formação das respectivas Federações.
ederações.
- Através da análise dos dados constatamos que, em Portugal existem seis níveis de
formação de árbitros de Futebol e em Inglaterra existem dez níveis de formação.
formação
- Ambos os modelos apresentam um curso de formação inicial.
- Os objectivos dos cursos de formação inicial são semelhantes nos dois países.
- A avaliação compreende em ambos os modelos, várias componentes:
componente teórica, prática
e de desempenho.
- Comparativamente à formação académica,, o modelo português exige a escolaridade
mínima obrigatória,, contrariamente ao modelo inglês que não exige qualquer escolaridade.
escolaridade
- As condições de acesso aos cursos de formação inicial em Portugal são mais difíceis
do que em Inglaterra.
- Em Portugal a duração dos cursos de formação inicial possui no seu currículo mais
dezoito horas que o modelo inglês.
- Os conteúdos dos cursos de formação inicial
inicial em Inglaterra são mais específicos e
apresentam-se
se com uma maior componente prática.
- A organização dos cursos de formação
for
inicial está a cargo das Associações
ssociações locais.
Relativamente aos demais níveis de formação,
formação, são muito semelhantes na forma como
se apresentam,
presentam, quer em Portugal quer em Inglaterra.
- A formação contínua é obrigatória em todos os níveis.
- Ass condições de acesso aos níveis seguintes obedecem aos mesmos requisitos.
Existe um tempo mínimo de permanência em cada nível, um ano. Com excepção dos níveis
cinco e quatro do modelo português em que os árbitros permanecem no mínimo dois anos.
- A avaliação é feita com base no desempenho, nos conhecimentos teóricos/práticos
teó
e
na condição física do árbitro.
- Em termos de organização: As Associações locais têm a seu cargo os árbitros que
actuam no Futebol sénior amador. As Federações
F
são responsáveis pelos árbitros que actuam
no Futebol profissional.
PALAVRAS-CHAVE: ÁRBITRO;
NÍVEIS
XIII
DE
FORMAÇÃO;
FUTEBOL.
Eduardo Gomes
Gom
Introdução
1. INTRODUÇÃO
1.1. Pertinência do Trabalho
“O
O desporto é um fenómeno social, com organizações bem estruturadas
e vivido por milhões de pessoas através de todo o planeta. É mesmo um
fenómeno social total manifestando afinidades com todas as instâncias básicas
da sociedade. É talvez mesmo o fenómeno social mais significativo deste
século” (Costa, 1997).
Em Portugal, à semelhança do que se tem vindo a passar noutros
países, face a um mundo cada vez mais globalizado, o desporto apresenta-se
apresenta
de diversas formas, como actividade profissional, empreendimento de saúde,
domínio tecnológico, artigo de consumo, indústria
ind
de entretenimento, factor de
socialização, educação e formação (Bento, 1995).
De acordo
o com Garganta e Pinto (1998),
(1998), o Futebol, sendo considerado
um Jogo Desportivo Colectivo, é uma actividade revestida de grande
popularidade. Este aspecto justifica-se
justifica se pelo vasto número de praticantes e
espectadores que aglutina: é um fenómeno de elevada magnitude no quadro
cultural desportivo contemporâneo, constituindo-se
constitui
se como uma modalidade cuja
visibilidade
idade é manifestamente superior àss outras modalidades desportivas
desporti
existentes no nosso país.
Na procura da verdade desportiva e na salvaguarda da própria
competição e dos seus intervenientes, “a arbitragem é uma das componentes
de todas as modalidades desportivas sem a qual não se dá início a qualquer
competição que esteja
steja incluída nos calendários oficiais do associativismo
desportivo” (Pimentel, 1982).
No caso dos Jogos Desportivos Colectivos, a arbitragem é uma tarefa
extremamente dura, exigente e complexa, em que a preparação do árbitro
compreende preparação técnica, física e psicológica. Segundo Lima (1982), a
arbitragem, no contexto global de todas as
as actividades desportivas de média e
alta competição é, sem dúvida alguma, uma tarefa dura, difícil e bastante
Eduardo Gomes
1
Introdução
ingrata. É mesmo a menos agradecida e a menos apoiada de todas as tarefas
que dão corpo à competição desportiva.
De todos os agentes
gentes desportivos,
desportivos os árbitros encontram--se na linha da
frente para, sob pressão, darem respostas imediatas no julgamento do jogo.
Rodeados por ambientes de elevada competitividade e tensão, ter que decidir
ao milésimo, de forma objectiva e emocionalmente controlada, não é tarefa fácil
(Neto, 1999).
É do conhecimento geral, que o trabalho desempenhado pelo árbitro no
seio do desporto profissional, neste caso particular no Futebol, tem sido ao
longo dos tempos alvo de controvérsia.
De acordo com Nunes (1995), a qualidade da prática desportiva, está
em estreita dependência da qualidade dos agentes desportivos intervenientes:
treinadores, atletas, dirigentes ou árbitros.
Assim, parece de extrema importância uma aposta séria na formação
dos árbitros, baseada essencialmente na qualidade. Aliás, Adelino (1992),
afirma que referenciar a formação dos agentes desportivos como factor de
intervenção preponderante em qualquer processo desportivo, constitui uma
premissa de aceitação generalizada, à qual não é possível opor argumentação
convincente.
Adelino (1992) salienta que ao procurarmos analisar quem são os
agentes desportivos, se pusermos em confronto as actividades de que eles são
responsáveis e, ao mesmo tempo, a forma como se processa o acesso ao
desempenho daquelas tarefas, se verificarmos o estudo e o tipo de vínculo que
possuem, o tipo de conhecimentos que lhes são exigidos, as particularidades
mais relevantes da sua actuação, se analisarmos cuidadosamente todos estes
argumentos, será fácil chegar à conclusão dos riscos que se correm ao não
interferir com a continuidade e rigor sobre a formação dos agentes desportivos.
Estando o Futebol no topo das modalidades desportivas de maior
projecção à escala mundial, é com naturalidade que a arbitragem detenha uma
posição saliente dentro
o do próprio fenómeno.
Num quadro em que os níveis de exigência competitivas impostas pelo
desporto de rendimento
imento tem vindo a aumentar,
aumentar torna-se
se imprescindível uma
2
Eduardo Gomes
Introdução
maior consciencialização da importância do processo de formação,
formação com
qualidade, do árbitro.
Conhecer a estrutura em que assenta esta
a formação teórico/prática dos
árbitros de Futebol em Portugal e compara-la com a de outro país,
país
nomeadamente a Inglaterra
Inglate
reveste-se
se de interesse, pois poderão ser retiradas
ilações que ajudem na concepção de um modelo sólido e coeso, que satisfaça
as necessidades
ssidades emergentes do Futebol Português.
P
Este trabalho tem como objectivo analisar e comparar todo o processo
de formação de árbitros de Futebol, em Portugal e em Inglaterra.
Esta comparação deve-se
deve
ao facto de nos países em questão serem
caracterizados distintamente na forma como adeptos, dirigentes, treinadores e
jogadores encaram o árbitro de Futebol.
A justificação para a realização deste trabalho reside no facto de
considerarmos importante adquirirmos conhecimentos face ao aspecto
organizacional dos cursos de formação de árbitros de Futebol de ambos os
países,, de forma a disponibilizar informações a agentes ligados ao Futebol
(dirigentes, árbitros, treinadores e atletas).
atletas). Trabalhos relacionados com esta
temática são pouco frequentes, o que releva a realização do presente estudo.
1.2. Estrutura do Trabalho
De acordo com as normas estabelecidas pela Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, estruturamos o presente
presente trabalho em sete capítulos.
No ponto 1, realizamos uma pequena Introdução
Introdução ao tema e enunciamos,
a Pertinência do Trabalho e a Estrutura do Trabalho.
T
No ponto 2, apresentamos uma Revisão da Literatura relativamente ao
tema em análise.
No ponto 3, fazemos
emos referência às hipóteses do Estudo.
No ponto 4,, fazemos a Caracterização da Amostra, enunciamos a
Proveniência dos Dados e o Método Utilizado na Análise dos Dados.
Dados.
No ponto 5, apresentamos
presentamos e Discutimos os Resultados do Estudo.
E
No ponto 6,, apresentamos as Conclusões do Estudo.
No ponto 7,, apresentamos as Referências Bibliográficas
Bibliográficas consultadas.
3
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. O Árbitro no Fenómeno Desportivo
O futebol, quer dele se goste ou não, é uma realidade social e humana,
que hoje
oje em dia por ninguém pode ser ignorado. Seja por paixões clubistas,
seja por simples amor ao Desporto, o certo é que constatamos que enormes
multidões se reúnem semanalmente e muitos milhares de pessoas se
deslocam para assistir a jogos de Futebol. Invariavelmente, os adeptos ou
simpatizantes
tizantes do clube derrotado atribuem a responsabilidade da derrota à má
actuação do árbitro a quem dirigem insultos levando, por vezes, mais longe a
sua acção. Por tudo isso, a missão do árbitro é muito difícil e delicada,
actuando em ambientes normalmente sobreaquecidos pelas paixões, tem de
decidir em fracções de segundo, com uma visão clara do desenrolar do jogo e
conhecimento
perfeito
das
leis,
competindo-lhe
lhe
ainda
aplicar,
instantaneamente, a lei ao facto, não devendo, em caso algum, mostrar-se
mostrar
indeciso
o nem transigente (Matos, 1984).
Segundo
Gama
(1998)
(1998)
a
actividade
do
árbitro
desenvolve
desenvolve-se
normalmente num meio muito complexo, onde o ambiente criado à volta do
espectáculo suscita a todos, menos ao árbitro, um local privilegiado de
exteriorização de tensões,
sões, paixões ou frustrações, de forma muitas vezes
incontrolável.
Neste contexto, o árbitro é visto como um ser anti-social
anti social que não se
deve deixar influenciar pelo meio que o rodeia. É-lhe
É lhe sempre exigível o óptimo
e indesculpável, o erro e a sua condição
condição humana é permanentemente
ignorada. A avaliação do seu trabalho é quase sempre feita de forma
determinística, técnica e descontextualizada das emoções próprias da
competição.
Para Lima (1988)) a arbitragem é uma das componentes de todas as
modalidades de desporto
esporto sem a qual não se dá início a qualquer competição
que esteja incluída nos calendários oficiais do associativismo desportivo.
5
Eduardo Gomes
Gom
Revisão da Literatura
Não há associação nem federação desportiva que dispense a
arbitragem, porquanto esta representa a garantia de oficialização
oficializaçã dos
resultados, das marcas e dos recordes, realizados nos quadros competitivos
dependentes das áreas específicas da sua intervenção! Não há clube ou
colectividade desportiva que participe nas competições se, de antemão, não
estiver assegurada uma arbitragem
arbitragem reconhecida, à priori, como idónea e com
autoridade que vincule de modo indiscutível a homologação oficial dos
resultados verificados naquelas competições. Não há atleta, treinador, dirigente
ou espectador que admita estar numa competição desportiva oficial
of
sem
arbitragem.
Araújo (1995) refere que aos árbitros cumpre homologar os resultados
das competições e avaliar se as acções dos competidores decorrem de modo
conforme com aquilo que dita uma correcta interpretação do espírito das
regras.
O seu relacionamento
lacionamento com os treinadores e jogadores assenta no
reconhecimento prévio e absoluto da autoridade de que estão investidos – que
não o seu autoritarismo – e também no entendimento de que os jogadores e os
treinadores competem sob um determinado estado de
de tensão psicológica que
aqui e ali se manifesta de modo mais expansivo.
Nomeadamente, um árbitro com autoridade não é um árbitro que vigia
policialmente (no mau sentido deste termo) treinadores e jogadores, numa
procura constante de demonstrar o seu autoritarismo.
auto
O árbitro requer uma necessária sensibilidade pedagógica para ter
permanentemente uma atitude interpretativa das regras que lhe permita a
definição de um critério de intervenção o mais coerente possível com o espírito
que presidiu à sua elaboração,
elabora
tornando-se
se decisivo que procure entender
previamente a intencionalidade nelas subjacente de melhoria das condições
em que actua e de eliminação gradual das muitas subjectividades
interpretativas a que as suas decisões estão sujeitas.
Assim, ao árbitro
ro pertence aplicar as regras com critério, interpretandointerpretando
as em função do espírito do jogo que presidiu à sua definição. Um árbitro não é
um aplicador de regras: é um condutor do jogo cujas decisões necessitam ser
6
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
coerentes durante toda a sua actuação. O bom
bom árbitro, habitualmente
reconhecido por jogadores e treinadores, é aquele que na “nossa casa”
sabemos que não nos “dará nada”, mas que “fora” também jamais “nos tirará” o
que quer que seja! O melhor árbitro é aquele que é aceite por todos os
intervenientes
es de um jogo antes de ele se iniciar, ou seja, o que recebe maior
aval de credibilidade por parte dos dirigentes, treinadores e jogadores.
O árbitro deve julgar a acção, e não a intenção dos jogadores. Sancionar
o que vê, e não o que pensa que viu! Antecipar
Antecipar a jogada, e não a decisão! O
segredo de um bom árbitro, reside na sua capacidade de aplicar uma
arbitragem preventiva, mais que punitiva!
O árbitro erra tal como o jogador e o treinador, mas nunca pode
esquecer que tem nas suas mãos o poder absoluto contido no facto de das
suas decisões não poder existir apelo. O árbitro erra mas necessita preparar-se
preparar
cada vez melhor para errar cada vez menos. Ao árbitro cumpre a enorme
responsabilidade de decidir sempre do modo mais justo possível, de forma a
dar a ambas as equipas igualdade de oportunidades de vitória.
Mas então o que é ser, por exemplo, árbitro de futebol? Para Lima
(1982) ser árbitro é estar
estar preparado para aguentar as vagas alterosas e as
bruscas mudanças de sentimentos, de opiniões e de atitudes que as mesmas
pessoas provocam perante factos desportivos na realidade idênticos.
Ser árbitro é, para os que vão ver ganhar, ser o alvo directo dos
d
protestos daqueles que comungam com a equipa penalizada pela decisão do
juiz! Ora, logo que o árbitro intervém para fazer respeitar as leis do jogo – há
sempre uma equipa penalizada – há sempre protestos! Ser árbitro é estar
metido numa fornalha para onde
onde todos deitam lenha, em especial aqueles que
mais intensamente vivem o fenómeno de identificação com as equipas e que
os leva a dizer no final do encontro: ganhamos, perdemos ou empatámos!
Ser árbitro é também ficar de repente rodeado de jogadores que
protestam,
otestam, que reclamam e vociferam contra a decisão do pénalti
péna assinalado,
perante a falta clara, cometida sobre o adversário que dentro da grande área
estava em boa posição para fazer golo.
7
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
Ser árbitro é ainda correr o risco de ser fisicamente agredido, quer
q
por
espectadores, quer por uma das personagens do quadro do jogo. Ser árbitro é,
muitas vezes, sair do recinto de jogo sob escolta policial, de protecção à sua
segurança como cidadão. Ser árbitro é viver tantas outras situações, que
teríamos de preencher
er muitas páginas para descreve-lo
descreve lo com pormenor.
Ser árbitro não deve ser nada daquilo que referimos anteriormente. Ser
árbitro é algo de diferente! A contribuição da arbitragem para o processo das
modalidades e para o disciplinamento das competições tem
tem de concretizar-se
concretizar
fundamentalmente por forma objectiva, no modo de actuar em relação aos
atletas, aos técnicos, aos dirigentes e a todos os profissionais que dão apoio às
actividades desportivas.
Ser membro de uma equipa de arbitragem, é ser antes de mais adepto
convicto da modalidade escolhida; é ser um conhecedor profundo das regras; é
ser um juiz desportivo, responsável pelo enquadramento das competições no
âmbito dos objectivos educativos e formativos que devem presidir à prática
desportiva, e em conformidade
onformidade com o alcance social e cultural que se
reconhece ao fenómeno do desporto.
Ser árbitro é ser um técnico desportivo devidamente capacitado no
domínio da aplicação concreta das regras e dos regulamentos especificamente
vinculados à competição, habilitado
habilitado no que se refere à interpretação criteriosa
e coerente dessas regras e desses regulamentos, é, em suma, um dirigente
desportivo que actua directamente no terreno competitivo. A competição
desportiva exige três intérpretes activos, participantes e responsáveis: o atleta,
o treinador, e o árbitro. É evidente que não se podem equiparar. O atleta é
aquele que pratica o desporto e dá vida à competição desportiva. O treinador é
um especialista na preparação dos atletas e um orientador do modo de actuar
do
o atleta na competição.
Para Barata-Moura
Moura (1991) o juiz é um mediador, e como tal é um
u
elemento integrante do jogo - submetido a regras e dependente de uma
avaliação decisiva, autorizada, criteriosa.
8
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
O juiz-árbitro
árbitro é uma primeira consciência, uma primeira
primeira reflexão, de uma
prestação desportiva. Ele é, em campo e no momento, o primeiro garante ou
referencial da verdade desportiva de uma competição.
Arbitrar desportivamente não é assistir de modo passivo, nem sancionar
de maneira mecânica: É interpretar - de modo humanamente fiável, mas
igualmente de modo humanamente fundado - a verdade de um jogo que,
embora sujeito a regras universais pré-estabelecidas,
pré estabelecidas, a cada passo evidencia a
criatividade historicamente irrepetível das circunstâncias, dos agentes, dos
desempenhos. É por isso que arbitrar é difícil. É por isso que arbitrar é
necessário. É por isso que arbitrar é uma ingrediência constitutiva do jogo
competitivo.
Ser árbitro, segundo Barata-Moura
Barata Moura (1991) corresponde ao exercício de
uma actividade muito complexa e imediata ou próxima do acontecimento
desportivo a que se refere a respectiva intervenção.
O processo social do desporto, em todas as suas vertentes competitivas,
é que consagra a presença do árbitro como parceiro integrante da competição
desportiva.
O árbitro é ainda, e também, imolaror do que acontece na competição,
na medida em que a sua intervenção, sendo plurivectorial e qualificada, não
pode deixar de influenciar
ciar os ritmos competitivos, de determinar formas de
actuação dos competidores e de ajuizar sobre a duração temporal do evento
desportivo. Ao dirigir uma competição, o árbitro faz pedagogia.
Sem dúvida nenhuma, a tarefa essencial dum árbitro é assegurar uma
direcção correcta dos jogos. Uma formação permanente, directivas, e as
conversas pessoais, devem ser para eles uma ajuda de valor (Seipelt, 1981).
Araújo (1987) considera
con
que, o árbitro, ao contrário
rio da vontade expressa
pelos
jogadores
es
e pelos
pel
clubes,
surge
como
elemento estranho e
independente, investido de poderes discricionários que lhe dão total
independência na aplicação das leis, sem que tenha de pensar na vitória de
qualquer dos intervenientes.
Porém, existe no homem a possibilidade
p
de exercitar a sua consciência
através de métodos que motivem a sua conduta em determinado momento.
9
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
Para tanto, bastará conhecer o que significa: carácter; responsabilidade;
competência; personalidade; coragem moral; dignidade; espírito de justiça;
força de vontade; capacidade
apacidade de decisão; autoridade; experiência; força moral;
motivação; qualidades físicas; dedicação e entusiasmo.
A cada uma destas qualidades, corresponde:
CARÁCTER - É o elemento essencial à aptidão do árbitro. Ele exprime o
modo do árbitro se conduzir nas suas funções. Pelo carácter se podem
distinguir as pessoas sob o ponto de vista moral. A lealdade, a lisura e a
imparcialidade são algumas das qualidades postas em evidência pelo carácter.
SABER - Depende da acumulação na memória dos factos e das coisas.
coisa
É o fundamento do senso comum e do critério.
RESPONSABILIDADE - É a obrigação de cumprir uma tarefa atribuída e
assumida.
COMPETÊNCIA - Está ligada aos conhecimentos de que deve estar
investido, sem os quais não poderá conhecer a fundo a profissão. Além disso,
a competência gera o prestígio.
PERSONALIDADE - Ninguém poderá ter a veleidade de querer
influenciar alguém se primeiro não conseguir
conseg
dominar-se
se a si próprio. A
personalidade permite ao árbitro no meio das dificuldades, impor-se
impor
pela
calma, aos jogadores e ao público. Ela permite demonstrar firmeza nas suas
acções e convicções, facilitando as decisões.
CORAGEM MORAL - Representa as responsabilidades
esponsabilidades pelas nossas
acções. Ela afirma-se
se ainda manutenção da justiça e da imparcialidade.
DIGNIDADE - É um misto de brio e de valor. Está muito ligada à honra.
É uma força interior que nos impele a manter um comportamento guiado por
valores elevados.
ados. Ser digno é mostrar-se
mostrar se à altura das situações. É não
descambar. A dignidade zela pela nossa personalidade.
ESPÍRITO DE JUSTIÇA - Quando não se trata os jogadores com justiça,
o árbitro como juiz não pode realizar-se
realizar
nem manter-se.
A justiça envolve equidade,
quidade, imparcialidade e ausência de desvios de critérios.
O sentido de justiça permite dar a cada jogador o que ele merece, estimulando
nos mesmos um sentimento de estabilidade e firmeza.
10
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
FORÇA DE VONTADE - Manifesta-se
se pelo querer. Só ela permite atingir
ating
metas difíceis de alcançar. A força de vontade mantém a chama de vencer.
CAPACIDADE DE DECISÃO - Decidir significa optar. É a ausência de
hesitação.
AUTORIDADE - É o poder de agir dentro do campo de acordo com as
leis do jogo.
EXPERIÊNCIA - Resulta da capacidade dos seus conhecimentos e
poder dizer-se
se que ela nasce da dedicação pelo dever.
FORÇA MORAL - É por assim dizer o estado de espírito do indivíduo e
deve ser a preocupação de todos os árbitros.
MOTIVAÇÃO - É um processo intimamente ligado a todas as acções do
árbitro. É uma espécie de satisfação de um conjunto de necessidades do ser
humano com o fundamental.
É o bom trabalho desenvolvido de princípio a final pelos árbitros e
apreciado pelos jogadores e público.
púb
QUALIDADES FÍSICAS - De pouco servirá ao árbitro possuir as
qualidades intelectuais e morais necessárias se ao mesmo tempo não tiver
condições físicas que lhe permitam acompanhar o jogo de perto. A preparação
física deve ser preocupação permanente dos
dos árbitros, porque engloba
desembaraço, resistência e energia.
DEDICAÇÃO E ENTUSIASMO - Esta
sta acção leva o árbitro a procurar
fazer sempre mais e melhor, despertando nele um interesse intenso em relação
ao cumprimento do dever.
Além de tudo isto, a situação
situação do árbitro exige ainda planos cuidados,
devendo tornar-se
se perito em:
Vencer dificuldades; Compensar inadequações; Modelar um ideal de
superioridade útil sobre os jogadores e o público, através de uma presença
latente.
O árbitro dirige a competição: verifica
verifica se está tudo preparado para a
competição; convida os competidores a ocupar os lugares e as posições
regulamentares para começar a competição; dá sinal para começar a
competição; acompanha as actuações dos competidores; intervém quando a
11
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
forma de actuar
ar de qualquer competidor não respeita as regras do jogo;
penaliza sempre que há infracção ao código das leis desportivas e, por fim,
quando a competição termina, procede à oficialização do resultado da
competição.
Não concebemos qualquer razão válida para que esta trilogia – atleta,
treinador e árbitro – deva receber tratamento diferente durante o respectivo
processo de formação (Araújo, 1995).
2.2. O Árbitro de Futebol
Até aqui temos perspectivado a problemática do árbitro no fenómeno
desportivo, nomeadamente
nomeadamente o seu papel, imagem, responsabilidades e
preocupações actuais, com vista à concretização do objectivo primordial que
reside na obtenção do êxito no desporto profissional em geral.
Segundo Rebelo, Silva, Pereira e Soares (2002) o árbitro de Futebol é a
entidade oficial que regula o comportamento desportivo dos intervenientes
directos no jogo, fazendo cumprir as regras do jogo.
Nesta fase, é da maior importância referenciar
referenciar algumas funções que se
consideram importantes
portantes para contextualizar o papel do árbitro
tro, na realidade
desportiva actual.
2.2.1.
Funções e Competências do Árbitro
O jogo disputa-se
se sob o controlo dum árbitro que dispõe de toda a
autoridade necessária para velar pela aplicação das Leis do Jogo no quadro do
jogo que é chamado a dirigir (Federação Portuguesa de Futebol, 2000).
De acordo com a Federação Portuguesa de Futebol (2000), o árbitro
deve:
Velar pela aplicação das Leis do Jogo;
Assegurar o controlo do jogo em colaboração com os árbitros
assistentes e, se for caso disso, com o quarto árbitro;
Assegurar-se
se que a bola utilizada satisfaz as exigências da Lei 12;
12
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
Assegurar-se
se que o equipamento dos jogadores satisfaz as exigências
da Lei 4;
Assegurar a função de cronometrista e redigir um relatório do jogo;
Parar
o
jogo
temporariamen
temporariamente,
suspendê-lo
lo
ou
interrompê
interrompê-lo
definitivamente, à sua discrição, por cada infracção às Leis;
Parar
o
jogo
definitivamente
temporariamente,
por
razões
de
suspendê lo
suspendê-lo
interferência
ou
de
interrompê
interrompê-lo
acontecimentos
exteriores, quaisquer que eles sejam;
Parar
rar o jogo se, no seu entender um jogador está seriamente lesionado
e fazê-lo
lo transportar para fora do terreno de jogo;
Deixar o jogo prosseguir até que a bola deixe de estar em jogo e, em
seu entender um jogador só está ligeiramente lesionado;
Fazer com que
ue todo o jogador que tenha uma ferida a sangrar deixe o
terreno de jogo. O jogador só poderá regressar após receber um sinal do
árbitro depois deste se assegurar que a hemorragia parou;
Deixar o jogo prosseguir quando a equipa contra a qual uma falta foi
cometida possa tirar uma vantagem, e sancionar a falta cometida
inicialmente se a presumível vantagem não se concretizar;
Sancionar
a
falta
mais
grave
quando
um
jogador
cometa
simultaneamente várias faltas;
Tomar medidas disciplinares contra todo o jogador que cometa uma falta
passível de advertência ou expulsão. O árbitro não tem de actuar
imediatamente, mas deve fazê-lo
fazê lo na próxima interrupção de jogo;
Tomar medidas disciplinares contra os elementos oficiais da equipa que
não tenham um comportamento responsável,
responsável, e, à sua discrição,
expulsá-los
los do terreno de jogo e das imediações;
Intervir sob indicação dos seus árbitros assistentes no que respeita a
incidentes que ele próprio não pode constatar;
Fazer com que nenhuma pessoa não autorizada penetre no terreno de
jogo;
Dar sinal de recomeço do jogo após uma interrupção;
13
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
Remeter às autoridades competentes um relatório donde conste as
informações relativas a todas as medidas disciplinares que tomou contra
jogadores e/ou elementos oficiais, assim como qualquer incidente
in
ocorrido antes,
ntes, durante ou depois do jogo.
As decisões do árbitro sobre os factos relacionados com o jogo não têm
apelo. O árbitro só pode revogar uma decisão que ele verifica ser incorrecta ou,
à sua discrição, ou por aviso do árbitro assistente, desde que o jogo não tenha
ainda recomeçado (Federação Portuguesa de Futebol, 2000).
2.3. Formação
ormação de árbitros de Futebol
As funções e competências exigidas ao árbitro determinam uma
formação adequada.
Tal como afirma Gama (1998) a formação do árbitro é contínua. O seu
laboratório é a competição que dirige diariamente. A intervenção das estruturas
de formação terá
á de ser também contínua. A formação mais orgânica,
associada à definição da carreira e à categoria deve estar intimamente ligada
ao seu enquadramento prático. A formação do árbitro tem de ser
fundamentalmente dirigida para a resolução das situações em concreto.
concreto
Existe
xiste uma preocupação para quem quer assistir ao desenvolvimento do
desporto nacional,, preferencialmente no que respeita
respeita aos graus de formação
para treinadores e para árbitros que sem uma formação devidamente
organizada, dificilmente irão aparecer melhores desportistas, melhores
treinadores, melhores árbitros e melhores
melhor dirigentes (Lima, 1991).
1991)
Apenas uma boa formação
formação vai poder baixar os índices de más
actuações dos árbitros, que nem sempre dependem dos próprios mas de uma
política formativa que as autoridades federativas devem empreender (Comas,
1991).
Desta forma e, para que esta premissa se cumpra, cada vez se torna
tor
mais imperioso uma maior e melhor formação dos árbitros,
s, para que consigam
responder àss exigências do futebol actual.
14
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
2.3.1.
A Escola da Arbitragem
Uma preocupação, dir-se-ia
dir
ia mesmo a principal, que tem vindo a ser
sentida pelos responsáveis da arbitragem, e nomeadamente por aqueles que
estão mais vocacionados para a função, é como se conseguirão nos tempos
futuros candidatos à frequência dos cursos de árbitros. Os Conselhos de
Arbitragem estão sensíveis a este problema, daí a preocupação
preocupação com que
encaram o recrutamento de novos elementos, que assegurem a continuidade e
a necessária renovação dos quadros (Reis, 2000).
Já se sabe que se perspectivam e estão mesmo em marcha acelerada
grandes mudanças na formação para o árbitro do futuro.
turo. Desde logo conceito
de profissionalismo com disponibilidade quase exclusiva, prevê-se
prevê
não há-de
tardar para os árbitros das categorias superiores. Este aspecto vai implicar
forçosamente que se comece a dar, desde já, uma outra atenção ao sector
específico
ífico da formação. Porque os árbitros ditos profissionais (se tiverem
conseguido alcançar a primeira categoria ou a internacionalização), deverão
ser portadores de sólidos conhecimentos técnicos e possuidores de assinalável
condição física, atributos que só
só se alcançam se se tiverem iniciado na função
muito cedo, começando logo aí a sua aprendizagem. (Reis, 2000).
Dentro desta perspectiva, o mesmo autor Reis (2005) salienta que em
Portugal foi criada, em devido tempo, uma figura específica, o “Árbitro Jovem”,
vem”, abrangida por um estatuto especial e que representa, ainda hoje, uma
base sólida da formação de novos valores para a arbitragem. São conhecidas
as crescentes dificuldades sentidas pelos Conselhos de Arbitragem Distritais
no recrutamento e captação de novos árbitros que possam garantir a
continuidade e a renovação dos seus quadros. Há, por isso, uma necessidade
premente de serem reavaliadas as normas de acesso a esta actividade. TornaTorna
se primordial iniciar a formação
ormação de juízes
juízes de campo para que garantam
garanta desde
cedo níveis técnicos e físicos, aperfeiçoados pela
pela experiência e solidez de
carácter.
cter. Mas também se deverá defender que envolver jovens apaixonados
pelo
fenómeno
futebolístico,
logo
por
alturas
da
formação
da
sua
personalidade, conduzi--los-á, na sua
a generalidade, a uma sensibilização e
15
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
respeito pela actividade da arbitragem, garantindo, se não a formação de um
árbitro de elevado nível, pelo menos a consciencialização plena de um
praticante ou de um espectador em que se venha a tornar.
Hoje em dia é posta uma questão fundamental que é – Como poderá ser
feito o recrutamento dos jovens para os cursos de árbitros? A resposta estará
provavelmente na escola. Poderemos e deveremos aproveitar para o
específico sector da arbitragem todos os jovens que, gostando
gostando de futebol, não
o possam praticar pelos mais variados motivos, todavia, não pode ser
“empurrado” para árbitro o aluno que tem menos jeito para o futebol. Estes
jovens poderão constituir um terreno privilegiado de recrutamento e havendo
quantidade, haverá
rá forçosamente qualidade (Reis, 2000).
Surge então outra questão, como os vamos cativar? A Associação
Portuguesa de Árbitros de Futebol iniciou já de algum tempo a esta parte um
périplo por algumas escolas preparatórias e secundárias, dando a conhecer o
que é a arbitragem do futebol. Será uma semente que se está a lançar, num
trabalho que esta Associação de Classe entendeu levar a cabo. Caberá
também, aos núcleos de arbitragem desenvolver, nas escolas da sua zona de
acção, actividades sobre a temática da arbitragem, tentando criar o “bichinho”
da arbitragem. No entanto, deparamo-nos
deparamo nos muitas vezes com a aversão que
alguns jovens sentem pela arbitragem do futebol, focando concretamente
alguns aspectos embaraçosos como são: a insegurança, a corrupção, a
idoneidade
dade moral afectada pelos, infelizmente normais, insultos durante toda a
partida, as declarações de alguns intervenientes directos no fenómeno da
“bola”, mediatização excessiva dos erros cometidos pelo arbitragem do futebol,
entre muitos outros problemas inerentes
inerentes a esta actividade (Reis, 2000).
A actividade dos árbitros jovens deverá ser condicionada à direcção dos
jogos dos escalões etários mais baixos (escolas e infantis) ou à direcção de
desafios na escola que frequentam (inter – turmas), disputados por
p outros
jovens da sua idade. E claro, com um bom critério de rotatividade, de modo que
muitos deles possam jogar e arbitrar, incutindo-se-lhes assim o gosto pelas
questões da arbitragem. A vivência de uma nova experiência que não é fácil,
pode constituir para eles um permanente desafio. Nestes jogos e actividades,
16
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
os alunos podem testar a sua capacidade e apetência para funções de árbitros.
Ao mesmo tempo é fundamental que os responsáveis educativos transmitam
ao jovem árbitro que a sua função é contribuir,
contribuir, enquanto juiz, para a evolução
do jogo, intervindo o menos possível, só o devendo fazer quando surjam
infracções técnicas e disciplinares às leis (Reis, 2000).
É importante reter que os escalões juvenis percebem por vezes melhor
os colegas do que outros
outros árbitros mais velhos e de grande categoria. A
arbitragem nos jovens é uma importante riqueza humana, desportiva e social.
Ensinar um jovem a ser árbitro, é sempre de um enorme alcance educativo.
Para isso precisam de receber uma formação global e específica
específica neste campo.
Se o verdadeiro espírito desportivo com que pretendemos educar os jovens na
escola, na sua relação de permanente educação com os colegas e
professores, temos de insistir para que consigamos envolver esses jovens nas
acções relacionadas com a arbitragem (Reis, 2000).
Cabe aqui uma referência aos professores de Educação Física, porque é
na escola que o jovem tem um acesso mais facilitado à informação que os
professores de Educação Física lhes possam facultar. Estes, dando
seguimento ao seu papel
apel de educadores, podem transmitir aos alunos
candidatos – árbitros, não só as matérias teórico-práticas
teórico práticas relacionadas com a
arbitragem
da
modalidade
escolhidas
pelos
jovens,
como
e
muito
especialmente noções tão fundamentais como justiça, «fair-play»,
«fair play», isenção,
is
espírito desportivo e respeito pela figura daquele que é o garante da aplicação
correcta das regras (Reis, 2000).
No grau acima desta pirâmide, os técnicos de arbitragem (monitores e
instrutores devidamente habilitados), aquando dos cursos de candidatos,
cand
transmitem aos seus alunos que a arbitragem correctamente efectuada, valida
o resultado de um jogo, que o árbitro em função disso aplica a lei, é a
autoridade e administra a justiça. Por isso deve ser respeitado e é insubstituível
(Reis, 2000).
Se a arbitragem é mais uma componente da prática desportiva, ela
mesma pode ser uma experiência inesquecível e enriquecedora no
desenvolvimento equilibrado dos jovens. É mesmo uma importante riqueza
17
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
humana, desportiva e social. Prepara-nos
Prepara nos para a vida em sociedade,
soc
onde
existem regras básicas a cumprir e onde muitos vão ser chamados, no futuro, a
dirigir pessoas. (Reis, 2005).
2.3.2.
Fases de Formação do Árbitro
O percurso evolutivo do árbitro (i.e. formação necessária e qualificação
atribuída) deverá corresponder às fases evolutivas dos atletas: iniciação,
aperfeiçoamento e especialização.
Atendo à ruptura do plano/modelo técnico que se verifica entre a
especialização e as outras fases prévias, a arbitragem deverá conciliar a
função de juiz (a mais relevante
relevante na fase de especialização) com uma função
pedagógica, fundamental na iniciação e aperfeiçoamento da prática desportiva
(Gama, 1998).
2.3.2.1.
Características da Fase de Iniciação (Gama, 1998):
Fase preferencial para o jovem árbitro;
Favorecer o ambiente festivo e lúdico, sem diminuir o rigor;
Cuidar o aspecto cónico do convívio competitivo;
Actuar com regras simplificadas;
Promover um coordenador da arbitragem, especialmente para modelar
excessos competitivos dos técnicos e dirigentes.
2.3.2.2.
Características da Fase de Aperfeiçoamento (Gama,
1998):
Fase destinada aos árbitros estagiários e regionais;
Cuidar o protocolo e a encenação de toda a organização, como
elemento motivador;
18
Eduardo Gomes
Revisão da Literatura
Potenciar a componente pedagógica: pelo rigor para assinalar e corrigir
faltas técnicas; pela gestão disciplinar que privilegie a prevenção à
remediação; pela serena cooperante relação com intervenientes.
2.3.2.3.
Características da Fase de Especialização (Gama,
Características
1998):
Fases dos árbitros nacionais e internacionais;
A sua função
ção é homologar a competição, sendo este serviço quase o
exclusivo que lhe é solicitado.
A importância da formação desportiva de todos os árbitros é relevante,
porquanto permitirá que melhor entendam as reacções psicológicas dos
competidores e que adquiram maiores capacidades para tomar decisões
oportunas, definitivas, que podem controlar a emotividade desmedida de
alguns intervenientes nas competições. Entende-se
Entende se que quanto mais cuidada e
profunda for a formação dos juízes desportivos, maior será a sua autoridade
aut
nas relações com os atletas, treinadores e dirigentes e mais significativa a sua
acção no futebol (Lima, 1990).
19
Eduardo Gomes
Hipóteses
3. HIPÓTESES
3.1. Hipóteses
No Futebol em Portugal a arbitragem é discutida todos os dias,
dias quer por
espectadores, quer por agentes desportivos em geral (jornalistas,
(jornalistas, jogadores
treinadores ou dirigentes). Esta atitude não se verifica em Inglaterra, tal
t como
salienta Queirós (2003) a atitude dos agentes desportivos em geral (adeptos,
jornalistas, jogadores, treinadores
treinad
e dirigentes) é diferente.
Esta constatação leva-nos a admitir que o problema poderá residir na
forma como é feita a formação dos árbitros em ambos os países. Sendo assim
colocamos a seguinte hipótese:
H1: O modelo de formação de árbitros de Futebol em Portugal é
diferente do modelo de formação em Inglaterra.
Inglaterra
21
Eduardo Gomes
Material e Métodos
4. MATERIAL E MÉTODOS
A
4.1. Caracterização da Amostra
A amostra de estudo é constituída pelos modelos
odelos de formação de
Árbitros de Futebol em dois países europeus: Portugal e Inglaterra. Estes
modelos integram os cursos de formação de Árbitros de Futebol actualmente
em vigor em ambos os países. Para a comparação dos modelos em estudo
procedeu-se
se a uma análise do conteúdo dos documentos fornecidos pelas
respectivas Federações. A comparação foi feita por dimensão ou categorias de
análise, tendo sido seleccionadas: Objectivos dos Programas de Formação;
Formação Académica; Formação Continua (acções de formação); Conteúdos
(Disciplinas); Condições de Acesso (Inscrição e Preferência); Duração;
Avaliação (Teórico/Prática
/Prática); Organização dos Cursos.
4.2. Recolha de Dados
D
A recolha
ha de dados consistiu na consulta dos Regulamentos da
Arbitragem e de Exames da Federação Portuguesa de Futebol, Liga
Portuguesa
tuguesa de Futebol Profissional. Na consulta dos programas de curso de
candidatos a árbitro das Associações de Futebol de Leiria, Lisboa, Madeira e
Porto bem como na consulta dos regulamentos de Arbitragem da Football
Association e The Referees Association. Consistiu também,, no programa de
curso básico para
ara árbitros,
árbit
fornecida pela Liverpool County Football
Association.
23
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5. DESCRIÇÃO E COMPARAÇÃO DOS MODELOS DE
FORMAÇÃO
5.1. Descrição dos Modelos de Formação de Árbitros de
Futebol em Portugal e em Inglaterra
Analisando os Modelos de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
e em Inglaterra são logo à partida visíveis, algumas diferenças.
Verificamos no quadro 1 que em Portugal existem seis níveis na
formação de um árbitro:
árbitro Nível 6 (Árbitro
Árbitro Jovem ou Estagiário);
Estagiário Nível 5
(Segunda Categoria Distrital ou Regional);
R
Nível 4 (Primeira Categoria
ategoria Distrital
ou Regional); Nível 3 (Terceira Categoria
C
Nacional); Nível
ível 2 (Segunda
Categoria Nacional); Nível
ível 1 (Primeira Categoria Nacional).
Em Inglaterra por sua vez, existem dez níveis de formação
rmação: Nível 10
(Declared non-active
active Referee).
Referee) Convém
onvém aqui salientar que o nível 10 é
constituído por árbitro que já não se encontram no activo, desempenhando
portanto a função de observadores;
observadores; Nível 9 (Trainee Referee); Nível 8 (Yuoth
Referee); Nível 7 (Junior Referee); Nível 6 (County
(Cou
Referees);
); Nível 5 (Senior
County
ty Referees); Nível 4 (Supply League
League Referees); Nível 3 (Contributory
Referees); Nível 2 (Panel List);
List Nível 1 (National List).
Elaboramos um quadro para
p
cada um dos níveis de formação,
formaç
quer em
Portugal quer em Inglaterra, onde apresentamos as categorias de análise:
Objectivos; Formação Académica;
Académica; Formação continua; Conteúdos; Condições
de Acesso; duração; Avaliação e Organização.
25
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Níveis de Formação de Árbitros de Futebol em
Portugal e em Inglaterra
Níveis
Curso de
Formação
Inicial
Nível 5
Nível 4
Portugal
rbitro Jovem (nível 6)
Árbitro
Árbitro Estagiário (nível 6)
Segunda Categoria Distrital ou
Regional
Primeira Categoria Distrital ou
Níveis
Inglaterra
Curso de
Trainee Referee (nível 9)
Formação
Youth Referee (nível 8)
Inicial
Junior Referee (nível 7)
Nível 6
County Referees
Nível 5
Regional
Senior County Referees
Nível 3
Terceira Categoria Nacional
Nível 4
Nível 2
Segunda Categoria Nacional
Nível 3
Nível 1
Primeira Categoria Nacional
Nível 2
Panel List
Nível 1
National list
Suply League Referees
Contributory Referees
Quadro 1 – Descrição e Comparação dos Níveis de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal e em
Inglaterra.
26
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
Níveis
Objectivos
- Conhecer as
17 leis do jogo
Ficar
habilitado
para arbitrar
jogos
de
futebol
aplicando as
leis oficiais
Nível 6
(Árbitro Jovem)
(Idade >13 anos
<18anos)
Ou
(Árbitro
Estagiário)
(Idade >18 anos
<31anos)
Formação
Académica
- Escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Participação
obrigatória e
colaboração
em todos os
eventos
de
formação para
os
quais
sejam
convocados
(Acções
de
Formação ou
Reciclagens)
- Máximo 4
acções
de
formação por
época
Conteúdos
(Disciplinas)
- Leis do jogo
- 2 aulas práticas
- Regulamentação
- História do futebol e
a evolução das leis
do jogo
- Ética do árbitro
Psicologia
desportiva
Sociologia
desportiva
Análise
e
compreensão
do
futebol
sob
os
aspectos
técnicos,
tácticos e físicos
Organização
desportiva
e
específica do futebol
a nível nacional e
internacional
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
- Possuir o nível de
escolaridade
mínima nacional ou
equivalente
- Altura mínimo
1,60
Nacionalidade
portuguesa,
país
comunitário
ou
estatuto de dupla
nacionalidade
- Residam na área
do
distrito
do
conselho
de
arbitragem
da
associação em que
se inscrevem
- Não sofram de
incapacidade civil,
interdição
ou
inabilitação
- Registo criminal
sem condenações
Sem
penalizações
disciplinares
desportivas
- Aprovação na
prova de admissão
(teste psicotécnico
mais questionário)
Duração
Avaliação
Organização
- Curso:
duração
mínimo
48 horas
- 1 ano
como
estagiário
Aprovação
nos
seguintes
exames:
- Prova escrita, duração 60
minutos
a) Preenchimento de boletim de
jogo com o relato de uma
ocorrência
b) Resposta a 10 perguntas sobre
leis do jogo e regulamentação
específica (2 vezes por época)
- Prova oral, duração 10 minutos
Interrogatório sobre leis do jogo e
disposições
regulamentares
relativas
à
arbitragem,
comportamento e missão do
árbitro
- Provas físicas: (2 vezes por
época)
Prova de velocidade – Seis (6)
sprints de 40 metros com 1 minuto
e 30 segundos de recuperação.
Tempo
empo máximo: 6,2 segundos.
Prova de resistência – Corrida 150
metros
intervalada
com
caminhada de 50 metros ( 10
voltas à pista corresponde a 20
repetições)
Tempo máximo: 30 segundos,
corrida 150 metros.
35 segundos, caminhada de 50
metros.
Conselho de
Arbitragem
das
Associações
de
Futebol
Distritais
ou
Regionais
Em
Colaboração
com
o
Conselho de
Arbitragem da
Federação
Portuguesa
de Futebol
Quadro 2 – Descrição das principais características do Curso de Formação Inicial de Árbitros de Futebol em Portugal.
27
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
Níveis
Objectivos
Nível 5
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
(Segunda
Categoria
Distritais ou
Regionais)
Nível 4
(Primeira
Formação
Académica
- Escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Participação
obrigatória e
colaboração
em todos os
eventos
de
formação
para os quais
sejam
convocados
(Acções de
Formação ou
Reciclagens)
- Máximo 4
acções
de
formação por
época
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
Categorias
Distritais ou
Regionais)
- Idade superior a
18 anos e inferior
a 31 anos.
- Ter finalizado um
ano como árbitro
estagiário e com
avaliação positiva
(acesso
à
segunda
categoria)
- Ter completado
2
anos
na
segunda categoria
com
avaliação
positiva (acesso à
primeira categoria)
Exame
de
admissão.
Duração
Avaliação
Organização
Permanência
2 anos em
cada
uma
destas
categorias
(mínimo)
- Avaliação prática (Observação
no mínimo 3 jogos - segunda
categoria)
(Observação no mínimo 4 jogos primeira categoria)
- Prova escrita (2 vezes por
época): 20 perguntas sobre leis
de jogo e regulamentação.
- Provas físicas (2 vezes por
época):
Prova de velocidade – Seis (6)
sprints de 40 metros com 1
minuto e 30 segundos de
recuperação.
Tempo máximo: 6,2 segundos.
segundo
Prova de resistência – Corrida
150 metros intervalada com
caminhada de 50 metros ( 10
voltas à pista corresponde a 20
repetições)
Tempo máximo: 30 segundos,
corrida 150 metros.
35 segundos, caminhada de 50
metros.
Conselho de
Arbitragem
das
Associações
de
Futebol
Distritais ou
Regionais
Em
Colaboração
com
o
Conselho de
Arbitragem
da
Federação
Portuguesa
de Futebol
Quadro 3 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal nos Níveis: 5 (Segunda Categoria Distrital ou
Regional) e 4 (Primeira Categoria Distrital ou Regional)
Regional).
29
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
Níveis
Objectivos
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Nível 3
(Terceira
Categoria
Nacional)
Formação
Académica
- Escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Participação
obrigatória e
colaboração
em todos os
eventos
de
formação
para os quais
sejam
convocados
(Acções de
Formação ou
Reciclagens)
- Máximo 4
acções
de
formação por
época
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
- Idade superior a
18 anos e inferior
a 32 anos.
- Ter completado
2 anos na primeira
categoria (distrital
ou regional) com
avaliação positiva
Exame
de
admissão
Testes
psicotécnicos.
Duração
Avaliação
Organização
Permanência
de 1 ano
nesta
categoria
- Avaliação prática (Observação
no mínimo 7 jogos)
-prova
prova oral
- Prova escrita mínimo 70% (2
vezes por época): sobre leis de
jogo e regulamentação.
- Provas físicas (2 vezes por
época):
Prova de velocidade – Seis (6)
sprints de 40 metros com 1
minuto e 30 segundos de
recuperação.
Tempo máximo: 6,2 segundos.
Prova de resistência – Corrida
150 metros intervalada com
caminhada de 50 metros ( 10
voltas à pista corresponde a 20
repetições)
Tempo máximo: 30 segundos,
corrida 150 metros.
35 segundos,
segun
caminhada de 50
metros.
Conselho de
Arbitragem
da
Federação
Portuguesa
de Futebol
Terceira Categoria Nacional).
Nacional
Quadro 4 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal no Nível 3 (Terceira
31
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
Níveis
Objectivos
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Nível 2
(Segunda
Categoria
Nacional)
Formação
Académica
- Escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Participação
obrigatória e
colaboração
em todos os
eventos
de
formação
para os quais
sejam
convocados
(Acções de
Formação ou
Reciclagens)
- Máximo 4
acções
de
formação por
época
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
- Idade superior a
18 anos e inferior
a 32 anos.
- Ter completado
1 ano na terceira
categoria
(nacional)
com
avaliação positiva
Exame
de
admissão
Testes
psicotécnicos.
Duração
Avaliação
Organização
Permanência
de 1 ano
nesta
categoria
- Avaliação prática (Observação
no mínimo 9 jogos)
- Prova escrita: mínimo 70% (2
vezes por época): sobre leis de
jogo e regulamentação.
- Provas físicas (2 vezes por
época):
Prova de velocidade – Seis (6)
sprints de 40 metros com 1
minuto e 30 segundos de
recuperação.
Tempo máximo: 6,2 segundos.
Prova de resistência – Corrida
150 metros intervalada com
caminhada de 50 metros ( 10
voltas à pista corresponde a 20
repetições)
Tempo máximo: 30 segundos,
corrida 150 metros.
35 segundos, caminhada de 50
metros.
Conselho de
Arbitragem
da
Federação
Portuguesa
de Futebol
Segunda Categoria Nacional).
Nacional
Quadro 5 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal no Nível 2 (Segunda
33
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal
Níveis
Objectivos
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Nível 1
(Primeira
Categoria
Nacional)
Formação
Académica
- Escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Participação
obrigatória e
colaboração
em todos os
eventos
de
formação
para os quais
sejam
convocados
(Acções de
Formação ou
Reciclagens)
- Máximo 4
acções
de
formação por
época
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
- Idade superior a
18 anos e inferior
a 37 anos.
- Ter completado
1 ano na segunda
categoria
(nacional)
com
avaliação positiva
Exame
de
admissão
Testes
psicotécnicos.
Duração
Avaliação
Organização
Permanência
de 1 ano
nesta
categoria
- Avaliação prática (Observação
no mínimo 8 jogos)
- Prova escrita: mínimo 70% (2
vezes por época): sobre leis de
jogo e regulamentação.
- Provas físicas (2 vezes por
época):
Prova de velocidade – Seis (6)
sprints de 40 metros com 1
minuto e 30 segundos de
recuperação.
Tempo máximo: 6,2 segundos.
Prova de resistência – Corrida
150 metros intervalada com
caminhada de 50 metros ( 10
voltas à pista corresponde a 20
repetições)
Tempo máximo: 30 segundos,
corrida 150 metros.
35 segundos, caminhada de 50
metros.
Comissão de
Arbitragem
da
Liga
Portuguesa
de
Futebol
Profissional
Conselho de
Arbitragem
da
Federação
Portuguesa
de Futebol
Primeira Categoria Nacional).
Nacional
Quadro 6 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Portugal no Nível 1 (Primeira
35
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra
Níveis
Objectivos
- Assegurarse que os
candidatos
estão aptos a
arbitrar jogos
locais,
aplicando as
leis do jogo
Nível 9
(Trainee
Referee)
(Módulo III,
Idade >14 anos
<16 anos)
Formação
Académica
- Não é exigido
qualquer tipo de
formação
académica ou
escolaridade
mínima
obrigatória
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
Não é
exigido
qualquer tipo
de formação
contínua
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Conteúdos
(Disciplinas)
Módulo
I
“Conhecimento das
Leis”
Mecanismos
disponíveis para os
árbitros
Benefícios
e
oportunidades
trazidas
pela
arbitragem
- Pré-requisitos
- Idade >14 Anos
- Boa forma física
-Boa
acuidade
visual
Módulo
II
“Aplicação da Leis”
- Relacionar a teoria
com a prática
Actividades
interactivas
em
campo
- Técnicas de autoavaliação
- Treino de protecção
da criança
- Aprovação no
Módulo I
- Registo criminal
- Módulo III “Exames”
- Elemento escrito
(aplicação das leis)
- Exame teórico (em
campo ou utilizando
meios audiovisuais)
- Avaliação prática
(em campo)
- Aprovação
Módulo II
Duração
Avaliação
Organização
2 Horas e 30
minutos
Avaliação
teórica
dos
conhecimentos (teste escrito)
Associações
Locais
com
apoio
da
Football
Association
15Horas
1 Hora e 30
minutos
Avaliação
prática
conhecimentos (em campo )
dos
Avaliação
teórico/prática
conhecimentos adquiridos
dos
no
Quadro 7 – Descrição das principais características do Curso de Formação Inicial de Árbitros de Futebol em Inglaterra.
37
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Nível 8
Não
é
exigido
qualquer tipo
de formação
contínua
(Youth
Referee)
(Módulo V,
- Módulo IV “Período
probatório
(estagiário)”Estágio, arbitrar 6 jogos
11x11 com auxilio de um
árbitro treinador e um
instrutor
Análise
do
seu
desempenho através de
vídeo
Auto-avaliação
e
avaliação do desempenho
dos colegas
- Aprovação no
Módulo III
9 Horas
- Avaliação de competências de
acordo com o actual regime de
avaliação em vigor da Football
Association
- Auto-avaliação
avaliação
- Módulo V “Treino de
árbitros
recentemente
qualificados (em serviço)”Aplicação das leis
Reconhecimento
de
infracções
- Linguagem corporal e
comunicação
- Consciência fitness
Técnicas
de
aquecimento/arrefecimento
- Programas que vão ao
encontro
das
necessidades individuais
- Treino de encorajamento
de conceitos de união e
espírito de equipa
- Aprovação no
Módulo IV
2 Horas
- Se o candidato concluir com
sucesso o Módulo V ser-lhe-á
atribuído um Certificado de
Aptidão pela Football Association
Idade >14 anos
<16 anos)
Nível 7
(Junior
Referees)
(Módulo V,
idade > 16
anos)
- Acções de
formação (de
cariz
obrigatório)
Só para o
nível 7
- 3 Horas só
para o nível
7
Quadro 7 – Continuação.
39
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra
Níveis
Nível 6
(County
Referees)
Nível 5
(Senior County
Referees)
Objectivos
Formação
Académica
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Frequência e
aproveitamento
num Seminário
a
determinar
pela
Associação de
Futebol Local.
- Acções de
formação (de
cariz
obrigatório)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
- Idade superior a
16 anos.
1
ano
de
actuação no nível
anterior.
Exame
de
admissão.
Duração
Avaliação
Organização
- Mínimo 1
ano
em
cada uma
das
categorias.
- Prova escrita: Leis de jogo.
- Prova física: Não existe uma
prova específica nestes níveis (6
e 5) é recomendado que o árbitro
seja capaz de correr um mínimo
de 2200 metros em 12 minutos.
- Avaliação de desempenho:
Média satisfatória num mínimo de
3 jogos.
- Arbitrar:
itrar: mínimo 20 jogos por
época.
Avaliação
como
árbitro
assistente em pelo menos 5
jogos (só o nível 5).
-Comité das
Associações
de
Futebol
Locais.
- 3 Horas
para os dois
níveis
County Referees)
Referees e 5 (Senior County
Quadro 8 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra nos Níveis: 6 (County
Referees).
41
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra
Níveis
Nível 4
(Supply League
Referees)
Objectivos
Formação
Académica
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Nível 3
(Contributory
Referees)
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Frequência e
aproveitamento
num Seminário
a
determinar
pela
Associação de
Futebol Local.
- Acções de
formação (de
cariz
obrigatório)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Duração
Avaliação
Organização
- Idade inferior a
43 anos.
1
ano
de
actuação no nível
anterior.
Exame
de
admissão.
- Mínimo 1
ano
em
cada uma
das
categorias.
-“The
Football
Association”
- Entrevista para
apurar
a
adequação
aos
critérios
determinados pela
- “The Football
Association”.
- 3 Horas
para o nível
4.
- 3x3 Horas
para o nível
3.
- Avaliação de desempenho:
Número de jogos a determinar
pela “The Football Association”
- Exame escrito: a determinar
pela “The Football Association”
Testes físicos:
físico Velocidade, 2x50
metros máximo 7,5 segundos.
Resistência,
2700
metros
máximo 12 minutos.
- Mínimo 5 jogos como árbitro
assistente. (para o nível 4)
Quadro 9 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra nos Níveis:
Níveis 4 (Supply League Referees) e 3
(Contributory Referees).
43
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra
Níveis
Nível 2
(Panel List)
Nível 1
(National List)
Objectivos
Formação
Académica
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Não
foi
possível obter
dados
correspondentes
Formação
Continua
(Acções
Acções de
Formação
Formação)
- Frequência e
aproveitamento
num Seminário
a
determinar
pela
Associação de
Futebol Local.
- Acções de
formação (de
cariz
obrigatório)
Conteúdos
(Disciplinas)
- Não foi possível
obter
dados
correspondentes
Condições de
Acesso
(Inscrição e
Preferência)
Exame
admissão.
de
- Entrevista para
apurar
a
adequação
aos
critérios
determinados pela
“The
Football
Association”
- Atingir o número
de
créditos
estipulados pela
The
Football
Association” (na
promoção do nível
2 para o nível 1).
Duração
Avaliação
Organização
- Mínimo 1
ano
em
cada uma
das
categorias.
- Avaliação de desempenho:
Número de jogos a determinar
pela “The Football Association”
- Exame escrito: a determinar
pela “The Football Association”
Testes
es físicos: Velocidade, 2x50
metros máximo 7,5 segundos.
Resistência,
2700
metros
máximo 12 minutos.
-“The
Football
Association”
Quadro 10 – Descrição das principais características do Modelo de Formação de Árbitros de Futebol em Inglaterra nos Níveis
Níveis: 2 (Panel
Panel List)
List e 1 (National List).
45
Eduardo Gomes
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5.2. Discussão dos Modelos de Formação de Árbitros de
Futebol em Portugal e em Inglaterra
Nesta parte
e do trabalho, em primeiro lugar iremos
emos discutir os aspectos
apresentados no ponto anterior.
Iremos utilizar todas as dimensões ou categorias descritas nos quadros
relativos aos modelos de formação de árbitros em Portugal e em Inglaterra.
Analisaremos e discutiremos os resultados por dimensão ou categoria.
categoria
5.2.1. Objectivos dos Programas de Formação
Em relação a esta categoria ou dimensão, verificamos
verificamos que existe uma
grande semelhança noss objectivos dos programas dos cursos de formação
inicial em ambos os países,
países estes procuram assegurar que os candidatos
estejam aptos a arbitrar jogos de futebol, aplicando as leis oficiais.
Não foi possível obter dados correspondentes para os restantes níveis
de formação, quer para Portugal, quer para Inglaterra.
5.2.2. Formação Académica
Com base nos quadros
quadro correspondentes,, relativamente a esta
dimensão,, o aspecto mais relevante é o facto de em Portugal, quer no curso de
formação inicial, quer ao longo de todo o processo de formação é exigido pelo
menos a escolaridade mínima obrigatória.
Pudemos
mos também verificar,
ver
que não é exigido qualquer tipo de formação
académica para poder frequentar o curso de formação inicial em Inglaterra.
Ainda no modelo Inglês e reportando-nos
reportando
aos restantes níveis
íveis de formação,
não adquirimos
mos informação suficiente para poder dar resposta
resposta a esta questão.
47
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5.2.3. Formação Contínua (Acções de Formação)
Nesta dimensão,, existem de facto algumas diferenças nos modelos em
questão.
No modelo Português, os candidatos que
que finalizarem o curso de
formação inicial, com aproveitamento e idade superior a treze anos e inferior
in
a
dezoito anos, obtêm o Nível 6 “Árbitros Jovem”. Se o candidato tiver mais de
dezoito anos, este
ste fica habilitado com Nível 6 “Árbitro Estagiário”.
Em Inglaterra o curso de formação inicial,
inicial encontra-se
se dividido por cinco
módulos. Se os candidatos obtiverem aprovação no terceiro módulo e tiverem
idades compreendidas entre catorze e dezasseis anos, ser-lhes
lhes-ão atribuído o
Nível 9 (Trainee Referee). Se os candidatos concluírem com aproveitamento o
quarto módulo no
o mesmo intervalo
inter
de idades, serão considerados árbitros de
Nível 8 (Youth Referee). Por sua vez, os candidatos que possuam mais de
dezasseis anos e que tenham concluído com aproveitamento o quinto módulo,
mó
passam a ser árbitros de Nível 7 (Junior Referee)
Em relação às acções de formação e seminários, pudemos constatar
que existe uma grande preocupação por parte das associações responsáveis
pela formação de árbitros, em ambos os países, em dota-los
los de conhecimentos
que vão ao encontro das exigências colocadas às suas funções.
Em Portugal, verificamos que em todos os níveis,
n
, inclusive no curso de
formação inicial, os árbitros deverão participar
participar em todos os eventos e acções
de formação para o qual sejam solicitados,
solicitados, num mínimo de quatro por época.
No modelo Inglês,
Inglês, a frequência obrigatória em seminários e acções de
formação, acontece a partir do Nível 7 (Junior Referee). Isto deve-se
deve
ao facto
dos árbitros de níveis mais baixos, não possuírem idade nem habilitação
suficiente para poderem arbitrar em jogos
jo
oficias.
Referimos também,
ém, que o número
mero de eventos de formação por época,
época é
determinado do pelas associações locais, de acordo com as necessidades
demonstradas.
48
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5.2.4. Conteúdos (Disciplinas)
Os conteúdos referentes aos cursos de formação inicial para árbitros de
futebol em Portugal e em Inglaterra apresentam-se
se de forma distinta. O modelo
Português parece-nos
nos ser um modelo que privilegia a componente teórica, com
um objectivo multidisciplinar evidente.
evidente. Proporcionando aos candidatos,
candidat
obviamente, uma mais alargada aquisição de conhecimentos.
Como se pode ver no quadro 7, o modelo Inglês dá uma maior
importância à componente prática. Verificamos também, que existe neste
modelo uma maior especificidade na escolha das disciplinas ministradas
ministr
nos
cursos de formação inicial.
inicial
Não foi possível obter dados correspondentes para os restantes níveis,
quer para Portugal, quer para Inglaterra.
5.2.5. Condições de Acesso (Inscrição e Preferência)
Para além
ém da aprovação nos exames de admissão, que são exigidos
como condição para iniciar ou progredir
progred nos níveis de formação até atingir o
nível mais elevado, os árbitros terão de permanecer, pelo menos um ano em
cada nível. Esta condição
condição é válida para ambos os países, excepto
except no Nível 5
(Segunda Categoria Distrital ou Regional)
R
e no Nível 4 (Primeira Categoria
Distrital ou Regional) em Portugal,
Portugal onde é necessário permanecer no mínimo
dois anos.
A idade e os testes psicotécnicos são também uma condição de acesso
em todos os níveis no modelo Português
Um aspecto
ecto que podemos salientar,
salientar é que os pré-requisitos
requisitos dos cursos
de formação inicial em Portugal parecem-nos
parecem
ser mais exigentes
ntes do que os do
modelo Inglês.
49
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5.2.6. Duração
Verificamos que a duração dos cursos de formação
ão inicial para árbitros
de Futebol em Portugal não poderá ser inferior a quarenta e oito horas.
horas O
regulamento não especifica o número de horas que são despendidas para as
vertentes teórica e prática.
Os cursos de formação inicial em Inglaterra
Inglaterra têm uma duração de trinta
horas, notando-se
se aqui uma
uma diferença de menos dezoito horas em relação ao
modelo português.. Um aspecto que achamos pertinente referir,
referir é o facto de
haver um claro predomínio
redomínio da componente prática no modelo inglês.
inglês
Verifica-se que em ambos os modelos, os árbitros devem permanecer
no mínimo, um ano em cada nível de formação.
Como já referimos anteriormente
anteriormente esta condição não se aplica aos Níveis
5 e 4 do modelo em português,
português, nestes níveis os árbitros deverão permanecer
um mínimo de dois anos.
5.2.7. Avaliação
Como podemos constatar através dos dados visíveis nos
n
quadros
correspondentes, ambos os países
pa
incorporam nos seus modelos de formação,
formação
uma componente teórica e outra prática. Deste modo, os procedimentos de
avaliação devem ir ao encontro dos conhecimentos adquiridos por parte dos
formandos.
Existem grandes semelhanças na forma como os árbitros são avaliados
ao longo de todo o processo de formação em ambos os países.
Ambos os modelos preconizam uma avaliação contínua, apesar de
conter as suas próprias particularidades.
Ambos oss países efectuam avaliação de desempenho, observando os
o
árbitros em jogo.. Avaliam a condição física dos árbitros duas vezes por época,
avaliam os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso de formação
através de exames escritos.
escritos
50
Eduardo Gomes
Gom
Descrição e Comparação dos Modelos de Formação
5.2.8. Organização
Nesta categoria existe uma forte analogia entre os dois países.
Os cursos de formação inicial e os níveis de formação de árbitros de
Futebol que actuam junto do
d Futebol jovem e Futebol sénior amador são
organizados pelas Associações
ssociações locais. Por sua vez, o Futebol semi-profissional
semi
e profissional está a cargo das Federações
F
correspondentes.
Salientamos que a promoção dos árbitros do Nível 2 para o Nível 1 em
Portugal é organizada pela Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de
Futebol Profissional em parceria com
com o Conselho de Arbitragem da Federação
Portuguesa de Futebol.
51
Eduardo Gomes
Gom
Conclusões
6. CONCLUSÕES
Após a realização deste trabalho concluímos que os dois modelos de
formação de árbitros de Futebol,
Futebol para além
m de alguns pontos em comum,
apresentam pequenas diferenças:
1.
O modelo de formação dos árbitros de Futebol
Futebo em Portugal
contempla seis níveis enquanto o modelo de formação de árbitros de futebol
em Inglaterra contempla dez níveis.
2.
Ambos os modelos compreendem um curso de formação inicial.
Estes apresentam na sua concepção algumas semelhanças e algumas
diferenças:
Quanto às semelhanças:
-
Os objectivos
jectivos são idênticos.
-
A avaliação do curso de formação inicial em ambos os países
prevê uma avaliação prática, uma avaliação teórica e uma avaliação de
desempenho.
Em ambos os países o curso de formação inicial está a cargo das
respectivas Associações de Futebol locais e habilita os árbitros a arbitrar no
“Futebol Jovem”
Quanto àss diferenças:
-
Em Portugal é exigida a escolaridade mínima obrigatória
obrigat
enquanto que em Inglaterra essa exigência não
n é referida.
-
No modelo de formação de árbitros em Inglaterra as disciplinas
ministradas nos cursos de formação inicial parecem ser mais específicas e dão
maior relevância à componente prática.
-
As condições
ições de
d acesso ao curso de formação inicial em Portugal
Po
são mais exigentes do que em Inglaterra.
Inglaterra
-
O curso de formação inicial em Portugal tem mais dezoito horas
do que o curso de formação inicial em Inglaterra.
Inglaterra
3.
Relativamente às condições de acesso aos restantes níveis de
formação, concluímos que:
que
53
Eduardo Gomes
Gom
Conclusão
-
Em ambos os modelos de formação a formação contínua é
obrigatória para a passagem aos níveis seguintes.
seguintes
-
Para além desta frequência
frequência em acções de formação,
formação a idade, o
tempo de permanecia em cada um dos níveis (um ano em todos e dois anos
nos níveis 5 e 4 no
o modelo português) e um exame de admissão, são
condições de acesso aos níveis seguintes.
-
A avaliação em ambos os modelos de formação é feita de forma
semelhante. Avalia-se
se o desempenho, os conhecimentos e a condição física do
árbitro.
-
Quer em Portugal quer em Inglaterra as Associação
A
ção locais são
responsáveis pelos
os níveis formação dos árbitros que actuam no Futebol sénior
amador. Enquanto as respectivas Federações São responsáveis pelos níveis
formação dos árbitros que actuem no Futebol semi-profissional e profissional.
profissional
Estas conclusões, levam-nos
leva
a pensar que as diferentes atitudes dos
agentes desportivos em geral (espectadores, jornalistas, jogadores, treinadores
e dirigentes) quer em Portugal quer em Inglaterra e relativamente à actuação
dos
árbitros
não
se
explicam
pela
diferente formação
ão
destes
mas
eventualmente por uma
ma cultura desportiva diferente.
difer
54
Eduardo Gomes
Gom
Referências Bibliográficas
7. REFERÊNCIAS
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
•
Adelino, J. (1992). A Importância da Formação:
Formação Revista Horizonte, VIII (46), 137-148.
148.
•
Alexandre, A. (2005). O Árbitro esse Desconhecido.
Desconhecid Lisboa: Sete Caminhos.
•
Almeida, C. (2004). A Actividade, a Formação e o Perfil Social do Árbitro/Juiz Desportivo.
Desportivo Lisboa: IDP.
•
Araújo, A. (1987). Ano Internacional do Árbitro:
Árbitro Revista Futebol, 4(25), 57-58.
•
Profissional: O Treinador e o Árbitro. Porto:
Araújo, J. (1995). Manual do Treinador do Desporto Profissional:
Campos das Letras.
•
Associação de Futebol da Madeira. (2003). Regulamento Interno. Funchal: AFM.
•
Associação de Futebol de Leiria. (2007). Regulamento da Arbitragem. Leiria: AFL.
•
Bangerter, H. (1981). Os árbitros da UEFA:
UEFA Funções e obrigações. Revista Futebol,
Futebol 3(5), 45-48.
•
Barata-Moura, J. (1991). Arbitragem e Juízo:
Juízo A regra e o Jogo. Revista Horizonte,, XII (43), 27-30.
•
Bento, J. (1995). O Outro Lado do Desporto. Porto: Campo das Letras.
•
Bento, J. (1997). Um Olhar do Norte: Crónicas Desportivas. Porto: Campo das Letras.
•
Caltelo, J., Barreto, H., Alves, F., Santos, P., Carvalho, J. & Vieira, J. (1998). Metodologia do Treino
Desportivo.. Lisboa: FMH Edições.
•
Comas, M. (1991). Baloncesto – Más que un juego. Portagonistas – Árbitros, Jugadores, Entrenadores
y Prensa. Madrid: Gymnos Editorial.
•
Costa, A. (1997). À Volta do Estádio
stádio: O Desporto, o Homem e a Sociedade. Porto:
Porto Campo das Letras.
•
Federação Portuguesa de Futebol. (2000). Leis do Jogo: Lisboa: Edição FPF.Federação
Federação Portuguesa
de Futebol. (2003). Arbitragem Regulamento de Exames.
Exames Lisboa: Edição FPF.
•
Federação Portuguesa de Futebol. (2005). Arbitragem Regulamento de Exames. Lisboa: Edição FPF.
•
Federação Portuguesa de Futebol. (2006). Regulamento da Arbitragem. Lisboa: Edição FPF.
55
Eduardo Gomes
Gom
Referências Bibliográficas
•
Fulgêncio, S. (2000). Arbitragem: Revista O Árbitro, 1(21), 104.
•
Gama, A., Bento, J., Casanova, J., & Puga, N. (1991).
(1991 A Preparação do Árbitro:: Biblioteca do Árbitro.
Edição Ministério da Educação.. Lisboa.
•
Gama, A. (1998). Níveis de arbitragem:
arbitragem Manual do Árbitro. Edição Centro de Estudos e Formação
Desportiva. Lisboa.
•
Gama, A. (1998). O árbitro e o contexto de arbitragem:
arbitragem Manual do Árbitro. Edição Centro de Estudos e
Formação Desportiva. Lisboa.
•
Garganta, J. & Pinto, J. (1998). O Ensino do Futebol:
Futebol O Ensino dos Jogos Desportivos.
Desportivos (3ª ed.). Porto:
CEJD da FCDEF-UP, In A. Graça, & Oliveira J. Editores. pp
p 95-135.
•
Glockner, R. (1981). Vantagem - Jogai!: Revista Futebol, 3(7), 43-45.
•
LCTA Referee Courses. (2008). Disponível em
http://www.liverpoolfa.com/GetIntoFootball/Refereeing/refcourses/
•
Lima, T. (1982). Fora o Árbitro!:: Lisboa: Editorial Caminho.
•
Lima, T. (1988). O que é ser árbitro:
árbitro Lisboa: Edição DGD.
•
Lima, T. (1991). A Formação de Treinadores e de Árbitros Desportivos.
Desportivos Oeiras: Câmara Municipal de
Oeiras.
•
Marques, A. (1997). Repensar o Desporto:
Desporto Revista Horizonte, XIII (75), 3-10.
•
Matos, M. (1984). A Delicada e Incompreendida Missão:
Missão Revista Futebol, 4(7), 39--40.
•
Montiel, A. (1998). A Arbitragem e o Futebol Profissional.. Lisboa: Livros Horizonte.
•
Montiel, A., Pina, J. & Pereira, V. (2005). Arbitragem nas Federações Desportivas em Portugal:
Contributos para uma Caracterização Organizacional.
Organizacional Lisboa: IDP.
•
Neto, J. (1999). A Preparação Física e Psicológica do Árbitro de Futebol. Porto: ASA Editores II S.A.
•
Nunes, M. (1995). A Formação e o Treinador de Futebol:
Futebol Revista Horizonte, XII (68), 75-78.
•
Pimentel, J. (1982). Radiografia do Futebol Português.
Português Porto: Livraria Leitura.
•
Pires, M. (2006). A Arbitragem no Seio do Futebol Profissional: Novas Perspectivas.
Perspectivas Dissertação de
Mestrado em Psicologia do Desporto. FADEUP.
56
Eduardo Gomes
Gom
Referências Bibliográficas
•
Queirós, C. (2003). Em Inglaterra há futebol em vez de politiquices:
politiquices Jornal O Jogo,
Jogo Porto: 12 de
Fevereiro de 2003, pp 38.
•
Ramos, F. (1999). A Condição
ondição Física do Árbitro:
Árbitro Revista Coaching/Training, 4 (22), 17.
•
Rebelo, A., Silva, S., Pereira, N. & Soares, J. (2002). Stress Físico do Árbitro de Futebol no Jogo:
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto,
Desporto 2 (5), 24-30.
•
Regulation for the registration and control referees. (2008). Disponível em
http://www.thefa.com/NR/rdonlyres/C5DD715E
rdonlyres/C5DD715E-E79D-4A63-8249AB915D093C19/40582/FAHandbook_RefereeRegs.pdf
•
Tecnologias Revista O Árbitro, 1(23), 104-105
105
Reis, V. (2000). O Futebol das Novas Tecnologias:
•
Reis, V. (2005).A
A Arbitragem do Futebol: A Caminho do futuro. Lisboa: Edição Sete Caminhos.
•
Seipelt, F. (1981). Cenas duma guerra paralela: Revista Futebol, 3(7), 39-42.
•
Sérgio, M. (2000). O árbitro como contra – poder: Revista O Árbitro, 2(14), 104.
•
The Promotion Structure and Referee Classification Levels in England. (2008). Disponível em
http://www.footeballreferee.org/promotion_structure.php
57
Eduardo Gomes
Gom
Download

A Formação de Árbitros de Futebol