QUANDO PODEREMOS LER O NOSSO LIVRO? – VILLA-LOBOS E SUA
FORMAÇÃO MUSICAL ENTRE CARTAS E (AUTO)BIOGRAFIA
Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
[email protected]
Palavras-chave: Villa-Lobos; cartas; (auto)biografia.
Prezado Mariz:
Muito obrigado pelo interesse dispensado a minha saúde, até hoje ainda
abalada. Estava deliberado que deveria ser operado, mas após estudos, o meu
médico preferiu fazer um tratamento embora demorado, evitando no entanto
qualquer operação.
A minha enfermidade privou-me de cumprir alguns convites no estrangeiro.
Em Paris, mais de15 dias visitei diariamente os médicos e sofri
enormemente. O consolo foi me ver cercado de grandes provas de carinho da
maioria dos brasileiros e de todos os amigos franceses. [...]
Quando poderemos ler o nosso livro?
Villa-Lobos1
O texto supracitado é um trecho de um grupo de correspondências trocadas entre
Villa-Lobos e Vasco Mariz. É focalizado, no presente artigo, o conjunto de cartas trocadas
entre o maestro e o diplomata brasileiro que atuava na cidade do Porto, em Portugal, no
período de construção da biografia Heitor Villa-Lobos que foi publicada em formato de livro,
em 1949. Destaca-se que nesse período o músico passava por num tratamento de câncer na
bexiga, doença que o levou a morte uma década depois.
A primeira edição da biografia foi publicada em 1949 pela Divisão Cultural do
Ministério das Relações Exteriores. Essa obra foi o primeiro livro sobre o músico e hoje, mais
de seis décadas depois, está na 12º edição, que foi lançada, em 2005, com o título VillaLobos: Vida e Obra.
Em mais de seis décadas o texto original passou por várias revisões, entretanto, essa
cultura biográfica2 vale ser interrogada, pois “a história de vida é uma dessas noções do senso
1
Carta escrita por Heitor Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, em 22 de junho de 1948, Sessão Correspondências do
Museu Villa-Lobos.
2
Na atualidade há um crescente interesse dos filósofos, sociólogos, antropólogos e historiadores pelo sentido do
termo cultura. Sendo múltiplas e muito variadas as formas de sua produção e evolução surgem naturalmente
comum que entraram como contrabando no universo científico; inicialmente, sem muito
alarde, entre os etnólogos, depois, mais recentemente, com estardalhaço, entre os
sociólogos.”3
Imagens das Capas4
Nessa direção, proponho então um novo olhar da biografia escrita por Mariz, um
questionamento a partir das correspondências, o que talvez possa revelar o que não pode ser
escrito no livro. Já que na escrita epistolar os elos de amizades, as cumplicidades, os atos de
lealdade estão presentes, bem como as outras afetividades constituídas, como a decepção, a
frustração; uma vez que “é uma forma de compartilhar vivências mais pessoais, íntimas e até
mundanas”5
A utilização das correspondências é pertinente na medida em que esses documentos
permitem “compreender itinerários pessoais e profissionais de formação, seguir a trama de
afinidades eletivas e penetrar em intimidades alheias”6
As cartas utilizadas neste estudo foram selecionadas em dois arquivos. As primeiras
correspondências foram encontradas na Sessão Correspondências no acervo do Museu que
questionamentos sobre o significado do vocábulo, o que dificulta sua utilização e entendimento científico.
(Werneck, 2003)
Por não ser a cultura o objetivo desse estudo, um debate filosófico sobre os significados do termo tomaria muito
“espaço”. Então, assumi-se aqui um conceito clássico de cultura que está associado ao efeito, ou modo, de
cultivar. Em outras palavras, “o cultivo dos campos, sendo tomado, com o tempo, o significado de instrução,
conhecimento adquirido” (idem, p.5); “o conjunto das representações e dos comportamentos adquiridos pelo
homem como ser social.” (JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, 2006, p.63)
3
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). In:
Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 183
4
Da esquerda para a direita, a primeira imagem é da edição de 1949; e a segunda figura é da publicação de 1989.
5
MIGNOT, Ana Chrystina Venancio. “Artesãos da palavra: cartas de um prisioneiro político tecem redes de
idéias e afetos”. In. BASTOS, Maria Helena Camara, CUNHA, Maria Teresa Santos e MIGNOT, Ana Chrystina
Venancio (orgs) Destinos das letras: história, educação e escrita epistolar. Passo Fundo: EDUPF, 2002a. p. 5-6.
leva o nome do maestro7, situado no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Essas
cartas iniciais sinalizaram a existência de outros documentos epistolares que foram
encontrados no arquivo da Academia Brasileira de Música8. Instituição que foi criada no
modelo da Academia Francesa de Música, em 14 de julho de 1945, por Villa-Lobos e, depois,
presidida por Vasco Mariz de 1991 a 1993. O arquivo do órgão técnico-consultivo do
Governo Federal está na sua sede, situada no Centro do Rio de Janeiro, na Rua da Lapa, 120.
As correspondências escritas por ambos, biógrafo e biografado, são entendidas como
significativas neste estudo. Portanto, não foram consideradas apenas as cartas escritas por
Villa-Lobos, abordei também os documentos escritos por Vasco Mariz.
Nos cruzamentos dos conteúdos das cartas são expostas as características dos seus
remetentes e, simultaneamente, é revelado o perfil do destinatário, pois esse tipo de escrita,
segundo Castilho Gómez, “busca seu interlocutor, reclama a presença da pessoa ausente”9.
Por um lado, em 1948, como apontam as cartas, Mariz fomentava a participação do
maestro no processo de construção do livro. Em uma de suas correspondências, chamava o
biografado a participar da elaboração da biografia, incitando-o a agregar ao texto novos fatos:
“Recebi há dias provas do nosso livro. Diga-me de suas últimas obras para que possa
acrescentar algo mesmo na edição portuguesa. O que o senhor fez na Europa, etc,. Tudo que
possa interessar.” 10
Por outro lado, quarenta anos depois, na edição de 1989, o diplomata demonstrou certo
ressentimento com a intervenção do Maestro na obra. Nesta 11ª edição da biografia, Mariz
revela que somente na 3ª edição, em 1967 - a primeira publicada após a morte de Villa-Lobos
- conseguiu fazer algumas alterações desejadas por ele, o autor, e não pelo biografado. No
final da década de oitenta afirmou mesmo que desde a 1ª. Edição se ressentiu com a atitude
intervencionista do maestro – o que contraria suas atitudes nas cartas trocadas11 com VillaLobos naquele período em que escrevia o trabalho. No prefácio da edição de 1989 o
diplomata escreveu:
6
MIGNOT, Ana Chrystina Venancio Cultura docente na prática epistolar: estudo sobre as cartas de professores
para Anísio Teixeira (1931-1935). Rio de Janeiro: UERJ, 2002b. p.115.
7
http://www.museuvillalobos.org.br/
8
http://www.abmusica.org.br/
9
Apud ROCHA, Inês de Almeida. Canções de amigo: redes de sociabilidade na correspondência de Liddy
Chiaffarelli Mignone para Mário de Andrade. 2010. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade do Estado
do Rio de Janeiro.
10
Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 12 de junho de 1948, Arquivo da Academia Brasileira
de Música, Rio de Janeiro- RJ.
11
Vide texto já mencionado da Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 02 de julho de 1948,
Arquivo da Academia Brasileira de Música, Rio de Janeiro- RJ.
A terceira edição apareceu em Paris, em edição Seghers, em uma série de
livros sobre compositores célebres, 1967. Afinal podia apresentar meu
trabalho em versão aparentemente definitiva, embora com perspectiva
dirigida ao público francês e internacional. Havia vencido meu
ressentimento contra a atitude do mestre em relação à primeira edição e
preparei um texto que me satisfaz ainda hoje, Devo sua publicação a
Guilherme Figueiredo, então Adido Cultural em Paris.12
Justamente naquele período em que a biografia foi escrita, as cartas eram constantes
entre Mariz e Villa-Lobos. O biógrafo, diplomata brasileiro que trabalhava em Portugal, vivia
na cidade do Porto e Villa-Lobos, o biografado, transitava em dois países, por ter duas
residências. O músico mantinha um apartamento no Rio de Janeiro, então capital da república,
e outro na França, em Paris, “capital musical” do mundo no período.
DIPLOMACIA E MÚSICA
Estou preparando, durante o verão, algumas canções suas para um
programa “All Villa-Lobos”, que pretendo realizar aqui em Lisboa na
próxima estação. [...] Ser-lhe-ai difícil escrever algo para mim? Ainda esse
ano? Minha tessitura vai do lá grave até o mi médio, sendo melhor explorar
o centro. Desculpe a ousadia, sim?13
Destaco que no documento supracitado, carta datada de 15 de agosto de 1948, que
assim como o subtítulo do livro que valorizava o compositor brasileiro, havia algumas trocas
entre os correspondentes que envolviam as habilidades criativas musicais de Villa-Lobos.
Nessa perspectiva, numa forma de intercâmbio, por um lado, o biografado tinha suas
obras divulgadas fora do país, na Europa. E, por outro lado, o biógrafo cantor podia
interpretar obras inéditas, de alta qualidade e confortáveis a si, ou seja, compatíveis com sua
extensão vocal.
Sendo assim, a primeira biografia de Heitor Villa-Lobos foi escrita por um jovem
cantor – de 25 ou 26 anos, recém-ingressado na carreira diplomática – e que foi publicada
pela Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores do governo Dutra, como pode ser
constatado na capa à primeira edição. Nas informações encontradas na internet,
especificamente nos sites do Governo federal, sobre a trajetória de Vasco Mariz, consta que o
12
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989, p.8.
Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 15 de agosto de 1948, Sessão Correspondências do
Museu Villa-Lobos.
13
biógrafo foi casado com Therezinha B. Dutra14, o que sugere uma relação de laços de
parentesco com Eurico Gaspar Dutra, presidente do Brasil entre 1946 e 1951, período no qual
foi escrita e publicada a primeira edição da biografia.
Nas cartas trocadas entre Villa e Mariz15, o nome de Therezinha Dutra, o seu estado de
saúde e outras informações são constantes, mas não há referências que embasem uma
afirmação nessa direção. Portanto, não há nos documentos investigados achados que
sustentem afirmações referentes a esta hipótese.
Existindo ou não essa relação com o então presidente Dutra, na introdução da 11ª
edição, publicada em 1989, o diplomata Vasco Mariz destaca os 40 anos da primeira edição
do livro, também menciona o seu amadurecimento como biógrafo na trajetória das diferentes
edições. Porém, não abandona nas primeiras páginas do livro a sua postura laudatória no que
se refere ao biografado. Afirma o diplomata cantor: “A obra, afinal, é um canto sincero de
louvor, ou não a teria escrito.”16
Como cantor, amigo, musicólogo e intérprete, Mariz parece ter seguido o “roteiro” dos
relatos e de alguns documentos já escritos por Villa-Lobos. Em 1941, na Revista Música
Viva, o Maestro publicou uma “Biografia Autêntica Resumida”, documento que pode ser
considerado um esboço autobiográfico. Como explica Silva: “a etimologia da palavra
autobiografia permite algumas interferências: ‘auto’ refere-se a próprio; ‘bio’, à vida; ‘grafia’
à escrita.”17
Como pode ser observada, a obra de Mariz em questão reverbera diversas ideias desse
esboço autobiográfico e, inclusive, adota consideráveis juízos de valor escritos pelo músico.
Vale ressaltar que numa autobiografia:
[...] não só escolhemos alguns acontecimentos, como os ordenamos numa
narrativa; a escolha e a classificação dos acontecimentos determinam o
sentido que desejamos dar às nossas vidas. [...] escrever uma autobiografia,
são práticas que participam mais daquilo que Foucault chamava a
preocupação com o eu. Arquivar a própria vida é se pôr no espelho, é
contrapor à imagem social a imagem íntima de si próprio, e nesse sentido o
arquivamento do eu é uma prática de construção de si mesmo e de
resistência.18
14
Disponível em: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/5/13/na-duvida-calar/
Acessado em: 9 de julho de 2011.
15
Essas cartas podem ser encontradas no Museu Villa-Lobos – Sessão correspondências, Rio de Janeiro.
16
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989, p.8.
17
SILVA, Márcia. Cabral. Uma história da formação do leitor no Brasil. 1ª. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009,
p. 21
A Revista Música Viva não afirma que a “biografia autêntica resumida” foi produzida
pelo maestro, o texto não está escrito na primeira pessoa do singular e não há pronomes
possessivos. Entretanto, algumas evidências podem sinalizar a autoria do conteúdo em
questão como um esboço autobiográfico, mesmo que o documento não afirme tal fato. Dentre
outros aspectos, destaco: a caligrafia do educador que pode ser identificada num rascunhado
desse esboço; o suporte da escrita, uma vez que as folhas são de um bloco de anotações com a
logo do Hotel New Weston, logomarca que também foi encontrada no suporte de algumas
outras cartas arquivadas na Sessão Correspondências do Museu Villa-Lobos.
Assim, as análises das fontes indicam que as concepções villalobianas construídas por
Mariz são bastante semelhantes à imagem que o Maestro construía de si mesmo. Nesse
sentido, “tudo leva a crer que o relato de vida tende a aproximar-se do modelo oficial de si,
carteira de identidade, ficha de estado civil, curriculum vitae, biografia oficial, bem como da
filosofia da identidade que o sustenta.”19
Isso posto, reafirma as ideias de Chernavsky
20
sobre o fato de Vasco Mariz ter
dividido a estrutura do seu primeiro livro sobre o músico em duas seções. “A vida de Heitor
Villa-Lobos” e “A obra de Heitor Villa-Lobos.” Sendo que os oito capítulos que compõem a
primeira sessão correspondem à mesma organização indicada no esboço autobiográfico:
“Infância” (infância)21; “Os Chorões” e “Em busca da personalidade” (juventude); “O
inovador” (inovador); “A Semana de Arte Moderna” e “Europa” (amadurecimento); e
“Maturidade” e “O Educador” (maturidade).
Também, nessa perspectiva de desdobramentos da imagem de Villa-lobos por si
mesmo, vale destacar, que nesse grupo de cartas analisadas são constantes os termos “seu
livro” ou “nosso livro”. Escreveu Mariz numa correspondência, com data de 31 de maio de
1948:
Com minha partida, influências estranhas fizeram parar o trabalho na
Imprensa Nacional com o seu livro. Graças aos bons ofícios do Embaixador
18
ARTIÈRES. Philippe. “O arquivamento de eu”. In: Estudos Históricos. CPDOC/FGV. 1998. vol. 11, n. 21, p.
11.
19
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). In:
Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 188
20
CHERNAVSKY, Anália. Um Maestro no Gabinete: música e política no tempo de Villa-Lobos. 2003. 243 f.
Dissertação (Mestrado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas.
21
Os termos entre aspas referem-se aos subtítulos do livro de Vasco Mariz e os outros, entre parênteses, indicam
as subdivisões da autobiografia.
Accioly e do Renato Almeida tudo agora está bem e muito breve teremos o
prazer de folhear o nosso livro. (grifo do autor)22
Esta biografia escrita por Vasco Mariz multiplicou-se. Os conceitos contidos no livro
Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro reverberou-se e reverbera-se numa série de outros
livros que reproduzem suas informações e ideias. Em outras palavras, a obra do diplomata
cumpre uma função de matriz para boa parte das biografias villalobianas.23
VILLA-LOBOS: O MITO NA BIOGRAFIA E O HOMEM NAS CARTAS
Produzir uma história de vida, tratar a vida como uma história, isto é, como
relato coerente de uma sequência de acontecimentos com significado e
direção, talvez seja conformar-se com uma ilusão retórica, uma
representação comum da existência que toda uma tradição literária não
deixou e não deixa de reforçar. 24
A partir desse pressuposto teórico de Bourdieu, percebo que a biografia villalobiana,
bem como o padrão clássico das biografias em geral, é caracterizada pela narração densa e
pela utilização dos mecanismos literários. Não é pertinente esperar de Vasco Mariz, por ser
um musicólogo, a utilização de critérios e formas de escrita específicas dos historiadores.
Portanto, há certa conformidade com os outros biógrafos, o diplomata parece que
procura apresentar uma trajetória progressiva de seu “personagem”, seu processo evolutivo no
que se refere à sabedoria. Villa-Lobos é exposto numa vitrine que vai das primeiras aulas de
música com o pai até o status de sobrenatural, de um artista não compreendido por estar à
frente de seu tempo, inalcançável para a quase totalidade dos músicos. Em 1948, o Maestro
numa carta escreveu:
22
Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 31 de maio de 1948, Sessão Correspondências do
Museu Villa-Lobos.
23
Seguem as referências de alguns livros com estrutura bem próximas à obra em questão.
HORTA, Luiz Paulo. Villa-Lobos: Uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.
MURICY, Andrade. Villa-Lobos – Uma interpretação. Ministério da Educação e Cultura. s/d.
PERPPERCORN, Lisa. Villa-Lobos: Biografia ilustrada do mais importante compositor brasileiro. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2000.
MAIA, Maria. Villa-Lobos: alma brasileira. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2000.
SCHIC. Anna Stella. Villa-Lobos: O Índio Branco. Rio de Janeiro, Editora Imago, 1989.
SILVA, Francisco Pereira da, Villa-Lobos. São Paulo: Editora Três, 1974.
SILVA, Maria Augusta Machado da, Um homem chamado Villa-Lobos. Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, 1988.
24
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). In:
Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 185
Para coroar a minha carreira artística, tão cheia de longos anos de
incompreensão de quase todos os meus patrícios e dos inúmeros sacrifícios e
aborrecimentos que passei durante minha vida intima e material, tive grande
honra de merecer da Academia de Belas Artes do Instituto de França, o título
de Membro correspondente, na vaga de Manuel de Falla. Confesso-lhe que é
um título que muito me desvanece e me enche de orgulho.25
Na biografia Mariz não destaca as frustrações do músico, entretanto, ressalta a
genialidade do biografado, há na biografia que desde pequeno Heitor Villa-Lobos foi bem
sucedido em sua trajetória ligada à música, em consonância com o esboço autobiográfico.
Nessa perspectiva, na tenra infância teve as primeiras lições de música com seu pai,
Raul Villa-Lobos, de ascendência espanhola, funcionário público da Biblioteca Nacional que
morreu em 1899. Ele lhe ensinava a tocar violoncelo usando improvisadamente uma viola,
devido ao tamanho de “Tuhú”.26 No sentido de constante progresso intelectual, Mariz escreve:
“Desde os seis anos de idade, aprendera com o pai a tocar violoncelo em uma viola
especialmente adaptada para aquele fim. No ano seguinte27, já improvisava melodias simples,
baseadas nas cantigas de roda [...]”28
O principal biógrafo do Maestro, Vasco Mariz29, resalta que a influência do pai foi
importante na formação musical, além de ser determinante na sua escolha profissional.
O especial interesse de Raul Villa-Lobos pelo Tuhú foi patente. Exigia dele
o que não pedia aos outros filhos: despertou-lhe o gosto pela música,
ensinou-o a tocar violoncelo e clarinete. Não tivesse Heitor Villa-Lobos
vivido naquele ambiente musical, muito provavelmente ter-se-ia feito
médico [de acordo com o desejo de sua mãe], ou ainda seguido a inclinação
que sentia pela matemática ou pelo desenho.
Segundo Mariz
30
, o ambiente do lar de Villa-Lobos era privilegiado com a boa
música, compatível com sua genialidade. Em muitas noites era ouvida a sonoridade do
violoncelo de Raul a propagar-se pela rua do Riachuelo, encantando suavemente os vizinhos.
Mas o funcionário público não se contentava em tocar sozinho, chamava os amigos e
organizava verdadeiros concertos em sua residência. Respeitados nomes da época, como
Manoel Vitorino que, posteriormente, foi vice-presidente república, participavam ativamente
dos grupos de câmara que tocavam até altas horas da noite.
25
Carta escrita por Heitor Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, em 22 de junho de 1948, Sessão Correspondências do
Museu Villa-Lobos.
26
Apelido de origem indígena que Villa-Lobos disse ter na infância.
27
Grifado pelo autor do artigo.
28
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989, p.25.
29
Ibidem, p.22
30
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Rio de Janeiro: Serviço de Publicações/Ministério
das Relações Exteriores/Divisão Cultural, 1949.
Segundo Vasco Mariz, a influência do pai foi importante na formação musical do
Maestro. Assim como a herança Bachiana herdada da Tia. Segundo o biógrafo:
Duas coisas pareciam-lhe incomuns: Bach e a música caipira. Havia uma
força irresistível que o atraia para Bach. Sua idade impedia-o de
compreendê-lo imediatamente, mas isso, no momento, pouco se lhe dava.
[...] Responsável por isso foi tia Zizinha, boa pianista e grande entusiasta do
Cravo Bem Temperado.31 E o pequeno Villa-Lobos extasiava-se diante dos
prelúdios e fugas que a tia lhe tocava.32
Já sobre a adolescência, em 1903, o biógrafo ressalta que aos quinze anos Villa-Lobos
concluiu os estudos básicos no Mosteiro de São Bento e aprendeu sozinho a tocar violão,
instrumento que teve que estudar as escondidas. Mariz sinaliza que “O fanatismo pelos
chorões não impediu que Villa-Lobos prosseguisse o seu curso de humanidades no mosteiro
de São Bento.”33
Nesse sentido de reconhecimento, o teor das cartas escritas por Villa-Lobos insinua
que ele nem sempre ficava muito satisfeito com o texto do diplomata, parece que o maestro
desejava que seu bom desempenho ficasse mais evidente na biografia. No processo de
construção do texto o músico escreveu: “Agradeço-lhe a remessa e felicito-o pelo trabalho
que está realizando, apenas lastimo que emitiu muitas opiniões sem perfeito conhecimento das
minhas qualidades e habilidades artísticas, pessoalmente exporei a você.” 34
Por um lado, na biografia é mencionado que essa relação com os chorões não era
aceita pela família, nem bem vista pela polícia, pois muitas vezes era encontrado entre os
jovens boêmios que passavam as madrugadas cantando e tocando embriagados pelas ruas
cariocas. Por outro lado, essa relação do jovem Villa-Lobos com as rodas de choro, a música
urbana, aparece tão marcantemente vinculada à série de obras mais importantes da fase adulta
do Maestro, representada em: os Choros.
No livro Mariz parece querer evitar transparecer para o leitor que o compositor fazia
certo comércio com a dedicatória das peças. Por exemplo, o principal Choro, o de número 11,
composto em 1928, um “verdadeiro concerto” para piano e orquestra, foi dedicado a Arthur
Rubinstein, famoso músico polonês e um dos maiores pianistas do século passado. Esse artista
foi peça fundamental na carreira de Villa-Lobos, na verdade seu “passaporte” para a França
31
Bach usou o título Das Wohltemperierte Clavier no primeiro volume (1722) para o seu livro de prelúdios e
fugas em cada uma das tonalidades maiores e menores (hoje o título é aplicado habitualmente aos dois livros
dessa coleção); o título alemão seria bem mais preciso se traduzido como “O Teclado bem temperado”, ou “O
instrumento de teclado bem temperado.” (GROVE, 1994)
32
MARIZ, Vasco. Op. Cit., p.26
33
Ibidem, p.33
ao estabelecer o contato do Maestro com a família Guinle35, mas o biógrafo não faz essa
referência.
Nesse grupo de peças, nos Choros compostos por Villa-Lobos, principalmente no Nº
11 escrito para piano e orquestra, a beleza da juventude boêmia articulada com a maturidade
da textura sinfônica orquestral.36 Entretanto, por ser uma peça de intensa dificuldade técnica e
interpretativa, é dificilmente apresentada e raramente gravada, por temeridade dos intérpretes
em concebê-la e ser considerada, por isso, “intocável”.
A grande dificuldade das peças villalobianas de concerto parece que impediam o
próprio compositor de tocá-las. Algumas delas demandam investimentos de meses ou, até
mesmo, de anos para serem tocadas com uma qualidade aceitável. Daí surgem alguns bons
pianistas brasileiros que dizem não mais tocar essa peça e o termo “devotado à obra” como
um adjetivo dos virtuosos pianista José Vieira Brandão que gravou a obra. Apenas em 2005 a
pianista Cristina Ortiz quebrou esse mito entre os pianistas brasileiros.37
Porém, não foi abordado por Mariz na biografia e pelo Maestro nas cartas, que antes
desse pianista “devotado à obra” rever as músicas, que o compositor para revisar os
dedilhados e a textura pianística de suas peças, utilizava-se inicialmente das habilidades de
sua primeira esposa, Lucília Villa-Lobos, aluna Medalha de Ouro do Instituto Nacional de
Música.38, o que também não é mencionado na biografia de Mariz.
Como afirmou Artières:
não pomos nossas vidas em conserva de qualquer maneira; não guardamos
todas as maçãs da nossa cesta pessoal; fazemos um acordo com a realidade,
manipulamos a existência: omitimos, rasuramos, riscamos, sublinhamos,
colocamos em exergo certas passagens. [...] Na correspondência que
recebemos, jogamos algumas cartas diretamente no lixo, outras são
conservadas durante um certo tempo, outras enfim são guardadas; com o
passar do tempo, muitas vezes fazemos uma nova triagem. 39
34
Carta escrita por Heitor Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 1948, Sessão Correspondências
do Museu Villa-Lobos.
35
A família Guinle está associada à elite cultural, financeira e social carioca. No século passado, desde a
primeira década, destacaram-se como mecenas no Brasil.
36
Segundo os critérios estéticos do autor deste artigo, o Choro Nº 11 de Villa-Lobos é a mais “bela” peça de
concerto brasileira.
37
Gravação de 2005 por Cristina Ortiz. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cuOgETvQ8GU
Acessado em; 17 de fevereiro de 2013.
38
Até hoje a Escola de Música da UFRJ, então Instituto Nacional de Música, confere anualmente esse prêmio
aos melhores alunos de Piano.
39
ARTIÈRES. Philippe. “O arquivamento de eu”. In: Estudos Históricos. CPDOC/FGV. 1998. vol. 11, n. 21, p.
3
Nessa perspectiva de destaques e camufles, a biografia também apresenta um clichê
comum entre os mitos como justificativa, o fato dos gênios não serem compreendidos pela
academia. Assim, nas correspondências Mariz parece sondar a possibilidade de fazer críticas à
Escola Nacional de Música. Em uma das cartas distante da diplomacia escreveu,
Meu Caro Maestro,
[...] Li sua entrevista no “O Jornal” e estou de pleno acordo com o senhor.
Não há nada de mais provinciano que a Escola Nacional de Música. Tudo
que hoje existe de interessante em música, no Brasil, está fora dela. [...]
Continue a impulsionar o Conservatório de Canto Orfeônico, que é de suas
maiores realizações. Se um grupo de imbecis não lhe reconhece o valor, não
se deixe abater! [...]
Com um abraço saudoso do admirador e amigo,
Vasco40
Na biografia, o contexto da carta supracitada aparece articulado com questões da
juventude do Maestro. No livro o diplomata explica que no final da década de 1910, o
biografado ingressou no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, atual Escola de
Música da UFRJ, mas que não chegou a concluir o curso devido a sua incompatibilidade e
descontentamento com o ensino acadêmico.
Entretanto, segundo a biografia, a falta de uma formação oficial não foi empecilho
para a ascensão do biografado, que foi buscar seu reconhecimento no exterior, pois “uma
pessoa à frente de seu tempo” não poderia ser entendida num país ainda pouco civilizado.
Assim, segundo Mariz, que no decorrer dos primeiros meses que o maestro passou em paris
“Villa-Lobos viveu dos estipêndios dos amigos do Rio. Não tardou, porém, a equilibrar sua
vida financeira, pois conseguiu vender muitas composições e obteve alguns alunos. Em breve,
com auxílio de Arnaldo Guinle e Olívia Penteado, montou uma casa encantadora.”41
Outro contraste das cartas com a biografia é a relação com Rubinstein, pois na
biografia o pianista e os Guinle aparecem com um “breve apoio” ao maestro, já nas cartas
consta certa permanência na busca de recursos. Sobre essas relações, as cartas insinuam que
além dos dividendos financeiros, elas traziam outras benesses à Villa-Lobos. Por exemplo, na
cidade do Porto, o diplomata escreveu para avisar ao destinatário que haveria um programa
radiofônico da Emissora Nacional Portuguesa “para toda Europa, com musica brasileira será
inaugurado na próxima semana com sua Prole do Bebê Nº 1, tocado pelo Rubinstein. Por falar
40
Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 02 de julho de 1948, Arquivo da Academia Brasileira
de Música, Rio de Janeiro- RJ.
41
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Rio de Janeiro: Serviço de Publicações/Ministério
das Relações Exteriores/Divisão Cultural, 1949, p.59
nele, aqui o teremos a 25 de novembro. Pretendo oferecer-lhe um jantar e falar muito no
senhor.” 42
No livro Villa-Lobos: compositor brasileiro Mariz parece querer evitar transparecer
para o leitor que o compositor fazia certo comércio com a dedicatória das peças. Na biografia
mostra-se o músico polonês como um admirador e divulgador do repertório villalobiano. Já
nas cartas o pianista sempre é apresentado como uma peça chave indispensável, que precisa
ser conquistada a todo tempo.
Deve ser considerado que em 1948, no período em que essas cartas foram escritas, o
maestro estava com a saúde muito fragilizada por conta de um tratamento de câncer, motivo
de sua morte dez anos depois. Assim, aparece na biografia escrita por Mariz as representações
do mito Villa-Lobos e, em contraste, nas cartas, há expressões das fragilidades do homem,
pois “escrever cartas é, para muitos, além de uma emoção, uma forma de ousar, de ser
transparente e vulnerável com a pessoa que se convida a participar desse processo, porque
estamos escrevendo para alguém. Como resultado, constrói-se a confiança, cresce a
intimidade.”43
CONCLUSÃO
Percebo que Mariz fez uma filtragem das cartas para o livro, uma transposição com a
diplomacia que o Ministério das Relações Exteriores demandava. Com todo cuidado
conseguiu satisfazer o Ministério que publicou o livro; entretanto, seu esforço não foi
suficiente para atender às expectativas do maestro. Por mais que o diplomata tentasse retratar
na biografia a imagem que Heitor Villa-Lobos fazia de si mesmo, isso não o satisfez
plenamente. O biógrafo ficou consciente dessa realidade e a relatou:
Em 1976, Arminda44 quebrou o gelo e caí das nuvens pelo motivo:
Villa-Lobos ficara furioso porque eu havia escrito que ele dava
cascudos nas crianças que participavam nas concentrações de canto
orfeônico! Bem, eu levei um cascudo leve, mas jamais tive a intenção
de afirmar que ele batia sistematicamente nas crianças para obrigá-las
42
Carta escrita por Vasco Mariz, em Portugal. Porto, em 29 de outubro de 1948, Arquivo da Academia Brasileira
de Música, Rio de Janeiro- RJ.
43
BASTOS, Maria Helena Camara, CUNHA, Maria Teresa Santos e MIGNOT, Ana Chrystina Venancio (orgs)
Destinos das letras: história, educação e escrita epistolar. Passo Fundo: EDUPF, 2002a. p.6.
44
Arminda Villa-Lobos - segunda esposa de Villa-Lobos. Muito conhecida como Mindinha Villa-Lobos.
a cantar! Entretanto, revisei minha redação desse episódio para me
redimir com a memória do mestre [...] Recordo, aliás, que Luiz Heitor
também sofreu com as iras do compositor.45
Então, conclui-se que as cartas trocadas entre Villa-Lobos e Vasco Mariz revelaram as
representações do biografado profundamente na medida em que apresentaram o mito e o
homem. O mito valorizado no livro Villa-Lobos: compositor brasileiro torna-se mais humano
e transparente quando contrastado com as escritas epistolares em questão, pois parecem ser
mais reveladoras que a própria imagem comercial que o Maestro fazia de si no esboço
autobiográfico e na biografia escrita por Mariz.
Termina-se este estudo com muitos encantamentos e questionamentos oriundos de um
apaixonante mito que aqui se tentou de alguma maneira desmistificar. As leituras dessas
cartas continuam e acontecem de diferentes maneiras, pois o maestro Villa-Lobos deixou uma
pista que está registrada como seu epitáfio no Cemitério São João Batista: “Considero minhas
obras como cartas que escrevi à posteridade sem esperar resposta”46 Villa- Lobos.
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MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Rio de Janeiro: Serviço de
Publicações/Ministério das Relações Exteriores/Divisão Cultural, 1949.
____________. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.
45
46
MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: compositor brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989, p.8.
Frase inscrita na lápide do Maestro Villa-Lobos, no cemitério São João Batista, RJ.
MIGNOT, Ana Chrystina Venancio. “Artesãos da palavra: cartas de um prisioneiro político
tecem redes de idéias e afetos”. In. BASTOS, Maria Helena Camara, CUNHA, Maria Teresa
Santos e MIGNOT, Ana Chrystina Venancio (orgs) Destinos das letras: história, educação e
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WERNECK, Vera. Rudge Cultura e Valor. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
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