UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP
THAIS FERNANDA SILVA GUIMARÃES
HETEROPTERA AQUÁTICOS E SEMI-AQUÁTICOS COMO INDICADORES
DE QUALIDADE AMBIENTAL NA FAZENDA BAÍA GRANDE, PANTANAL
DE MIRANDA-AQUIDAUANA, MATO GROSSO DO SUL
Dissertação apresentada a Universidade AnhangueraUniderp, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional para a obtenção do título de Mestre.
CAMPO GRANDE - MS
2013
THAIS FERNANDA SILVA GUIMARÃES
HETEROPTERA AQUÁTICOS E SEMI-AQUÁTICOS COMO INDICADORES
DE QUALIDADE AMBIENTAL NA FAZENDA BAÍA GRANDE, PANTANAL
DE MIRANDA-AQUIDAUANA, MATO GROSSO DO SUL
Dissertação apresentada a Universidade AnhangueraUniderp, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional para a obtenção do título de Mestre.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Silvio Favero
Profa. Dra. Mercedes Abid Mercante
CAMPO GRANDE - MS
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp
G981h
Guimarães, Thais Fernanda Silva.
80f.
Heteroptera aquáticos e semi-aquáticos como indicadores de
qualidade ambiental na fazenda Baía Grande, Pantanal de MirandaAquidauana, Mato Grosso do Sul. / Thais Fernanda Silva Guimarães. - Campo Grande, 2013.
Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp,
2013.
“Orientação: Prof. Dr. Silvio Favero.”
1. Integridade ambiental 2. Insetos aquáticos 3. Hemiptera 4.
Nepomorpha, 5. Percevejos aquáticos 6. Estrutura da comunidade 7.
Heteroptera 8. Percevejos semi-aquáticos I. Título.
CDD 21.ed. 595.75
iii
iv
Dedico este trabalho a minha família, pelo eixo de sustentação, pela base de
educação para a minha formação como ser.
v
AGRADECIMENTOS
À Deus, por cada respirar, por sustentar-me em Tua presença e pela família
abençoada que concedeste a mim.
À minha avó Nely (in memoriam), por sua coragem e seu exemplo de caráter,
por tudo de bom que me ensinaste. Fortaleza da família que trouxe ao mundo a
margarida dentre um jardim florido. Eu te amo incondicionalmente!
À minha mãe Magali, meu eixo, meu porto seguro. Agradeço-te por todos os
leões que enfrentou durante a vida para que hoje eu aqui pudesse reconhecer,
humildemente, que tudo que sou, é o reflexo de uma vida vivida com honra, trabalho e
amor. Amo-te!
À minha comadre Viviane pela eterna amizade e por simplesmente existir em
minha vida. Estaremos juntas, sempre. Amo-te! Agradeço a minha família e aos
amigos pela tolerância, companheirismo ao longo desta jornada.
Ao Professor Doutor Silvio Favero, por todos os ensinamentos, pela
dedicação e paciência ao longo de minha formação no âmbito da pesquisa. E a toda
equipe do Laboratório de Entomologia: Cintia Conte, Carolina Pauliquevis e Carolinni
Ferreira. Agradeço a amizade e a parceria ao longo destes anos. Vai deixar saudades!
Obrigada!
Ao Professor Doutor Alan Lane de Melo, muito obrigada por ter me ensinado
a identificar os heterópteros aquáticos, enriquecendo ainda mais minha paixão por
este incrível mundo e ampliando meus horizontes de possibilidades.
Aos amigos do mestrado: Ana Américo, Ana Marques, Célia de Souza,
Ednaldo dos Santos, Eiane Lima, Emerson Rodrigues, Fabiane Lima, Gisele Estrella,
Karina Balejo, Karolinne Azambuja, Katiúcia Oliskovicz, Leonel Pinto, Luciana Ferreira,
Pâmela Leal, Roberto Itsuo, Sabrina Piacentini, Sebastião Damásio, Wilmar Junior,
obrigada pelos ótimos momentos que passamos juntos!
Ao Professor Dr. Mauro Henrique Soares, pela presteza e disposição, deixo
aqui meus mais sinceros agradecimentos pelo auxilio na elaboração dos mapas
cartográficos.
Aos companheiros de viagem à Fazenda Baía Grande, pelas prosas e
risadas, agradeço por me auxiliarem neste trabalho. Agradeço também ao proprietário
Alexandre Costa Marques por abrir as porteiras e pelo incentivo à pesquisa em sua
fazenda.
À Universidade Anhanguera-Uniderp, à PROPP e ao Projeto GIP pelo
incentivo e pelo apoio financeiro para a realização deste projeto.
A CAPES, pela bolsa de Mestrado que me concedeu.
vi
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste
trabalho.E a você que está lendo este trabalho, obrigada!
vii
“Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar,
divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as
outras, enquanto o imenso oceano continua misterioso diante dos meus olhos.”
Sir Isaac Newton
viii
RESUMO GERAL
A preservação e conservação dos ambientes aquáticos são fatores primordiais
para o desenvolvimento sustentável de uma região, uma vez que os recursos
hídricos são responsáveis pelo equilíbrio de todos os ecossistemas. O
conhecimento da fauna aquática é um dos principais fatores para o manejo e
conservação dos ecossistemas aquáticos, assim, o objetivo deste trabalho é
avaliar ambientes em diferentes graus de antropização, através da estrutura da
comunidade de Gerromorpha e Nepomorpha na Fazenda Baía Grande, região
do Pantanal de Miranda-Aquidauana, Miranda – Mato Grosso do Sul. Os
heterópteros aquáticos foram coletados em quatro áreas: Baía Grande, Açude
e Ilha e Córrego. Para tais coletas utilizou-se a rede D – que possui uma área
de 600 cm2 e malha de 300 µm. Para compreender a estrutura da comunidade
de heterópteros, utilizaram-se os seguintes parâmetros: Índice de Diversidade
de Shannon (logn), Equitabilidade de Shannon, Riqueza por Rarefação e
Análise Multivariada de Similaridade ANOSIM. No total, foram coletados 12428
heterópteros aquáticos. O estudo mostrou que os percevejos aquáticos em
estádios ninfais e imaginais não são bons indicadores da qualidade do
ambiente.
ix
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................ 01
CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA.............................................................. 03
1. Pantanal................................................................................................................... 03
2. Ecossistemas Aquáticos........................................................................................... 04
3. Bioindicadores e Insetos Aquáticos.......................................................................... 05
4. Heteroptera aquáticos.............................................................................................. 08
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 10
CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE BIÓTICA POR MEIO DA
ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE HETEROPTERA AQUÁTICOS E SEMIAQUÁTICOS EM UMA REGIÃO DO PANTANAL DE MIRANDA-AQUIDAUANA,
MATO
GROSSO
DO
SUL
(Normas
de
acordo
com
a
Revista
Biota
Neotropica).................................................................................................................. 18
ABSTRACT.................................................................................................................. 18
RESUMO...................................................................................................................... 19
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 20
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 21
1. Área de Estudo......................................................................................................... 21
1.1. Baía Grande.......................................................................................................... 23
1.2. Açude.................................................................................................................... 24
1.3. Ilha......................................................................................................................... 25
1.4. Córrego.................................................................................................................. 26
2. Coleta e identificação do material............................................................................ 27
3. Caracterização física e química da água................................................................. 28
4. Análise dos dados................................................................................................... 28
x
5. Obtenção das imagens............................................................................................. 28
5.1. Estimativa da área dos ambientes lênticos........................................................... 28
5.2. Localização das áreas e Hierarquia fluvial............................................................ 29
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 29
1. Fatores Abióticos...................................................................................................... 29
2. Abundância e Diversidade........................................................................................ 30
3. Equitabilidade e Dominância.................................................................................... 35
4. Riqueza de espécies................................................................................................ 36
5. Similaridade.............................................................................................................. 37
CONCLUSÃO.............................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 40
CAPÍTULO 3 – GERROMORPHA E NEPOMORPHA EM ESTÁDIOS NINFAIS:
SAÚDE E INTEGRIDADE DE AMBIENTES AQUÁTICOS EM UMA REGIÃO DO
PANTANAL DE MIRANDA-AQUIDAUANA, MATO GROSSO DO SUL (Normas de
acordo com a Revista Brasileira de Biociências).................................................... 46
RESUMO...................................................................................................................... 46
ABSTRACT.................................................................................................................. 47
1. Introdução............................................................................................................... 48
2. Material e Métodos................................................................................................. 49
2.1. Área de Estudo...................................................................................................... 49
2.1.a. Baía Grande....................................................................................................... 51
2.1.b. Açude ................................................................................................................ 51
2.1.c. Ilha...................................................................................................................... 51
2.1.d. Córrego............................................................................................................... 51
2.2. Coleta e identificação do material......................................................................... 52
xi
2.3. Caracterização física e química da água.............................................................. 53
2.4. Análise dos dados................................................................................................. 53
2.5. Obtenção das imagens.......................................................................................... 53
2.5.1. Estimativa da área dos ambientes lênticos........................................................ 53
2.5.2. Localização das áreas e Hierarquia fluvial......................................................... 54
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 54
3.1. Fatores Abióticos................................................................................................... 54
3.2. Abundância e Diversidade..................................................................................... 55
3.3. Equitabilidade e Dominância................................................................................. 59
3.4. Riqueza de espécies............................................................................................. 59
3.5. Similaridade........................................................................................................... 60
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 64
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 64
CONCLUSÃO GERAL................................................................................................. 70
xii
1
INTRODUÇÃO GERAL
O uso de bioindicadores para obter um diagnóstico ambiental, para assim,
tomar as medidas mitigadoras necessárias para a conservação do ecossistema
estudado (BARBOZA et al., 2011). Alguns macroinvertebrados são considerados
bons indicadores ambientais em ecossistemas aquáticos, sendo amplamente
utilizados na formulação de índices bióticos (STRIEDER et al., 2006). Este grupo de
organismos responde a estresses hidráulicos, orgânicos e tóxicos, que causam
drásticas mudanças na biota aquática, levando a perda da diversidade do
ecossistema e redução de espécies sensíveis, além da proliferação de espécies
tolerantes (NESSIMIAN et al., 2008).
A diversidade de macroinvertebrados aquáticos pode ser influenciada por
diversos fatores, sendo alguns deles: disponibilidade de alimento (entradas de
energia – alóctone/autóctone), fatores físico-químicos, localização geográfica, tipo
de vegetação, alterações ambientais, entre outros. Quando se tem o conhecimento
destes fatores, podem-se utilizar os macroinvertebrados ou um grupo específico
para o monitoramento ambiental (GULLAN; CRANSTON, 2008; CORTEZZI et al.,
2009).
O crescimento populacional e as atividades decorrentes da urbanização
implicam
em
mudanças
nas
comunidades
biológicas,
especialmente
em
ecossistemas aquáticos, onde qualquer variação que ocorra irá refletir na
comunidade biológica (BARBOZA et al., 2011). Por exemplo, sedimentação a partir
de desmatamentos, construção de estradas, retirada da mata ciliar, exploração
intensa de recursos pesqueiros, introdução de espécies exóticas, remoção e
destruição de hábitats, regulação de rios por meio da construção de represas e
reservatórios, salinização, fontes de poluição industrial, urbana, agropecuária e
mineração, são alguns dos principais impactos de origem antrópica que alteram os
ecossistemas aquáticos (QUEIROZ et al., 2008).
Segundo Cortezzi et al. (2009), em locais com modificações principalmente
de origem antrópica, ocorre uma perda ou diminuição de táxons sensíveis e um
aumento nos táxons tolerantes, o que pode acarretar na diminuição da diversidade,
isto ocorre devido aos macroinvertebrados aquáticos utilizarem diferentes faixas
dentro de um gradiente ambiental. Os Insecta, dentre os macroinvertebrados,
constituem o grupo taxonômico mais utilizado em programas de biomonitoramento
2
(BAPTISTA, 2008). Os insetos bioindicadores são importantes ferramentas na
avaliação da saúde e integridade ecológica de um ecossistema aquático, sendo
utilizados para correlacionar a um determinado fator antrópico ou um fator natural
com potencial impactante, comparando uma área impactada com áreas de
referência por meio da estrutura e função de uma comunidade biológica
(MOULTON, 1998; CALLISTO et al., 2010).
Os organismos e comunidades que são expostos a algum poluente aquático
(ou outra alteração) respondem pela modificação da composição faunística. Para
isso, devem-se elencar previamente as substâncias a serem monitoradas, e este
monitoramento deve ser contínuo para detectar poluentes que possam ser
intermitentes (GULLAN; CRANSTON, 2008).
Este trabalho teve por objetivo avaliar ambientes em diferentes graus de
antropização por meio da estrutura da comunidade de Heteroptera aquáticos e
semi-aquáticos (Gerromorpha e Nepomorpha) na Fazenda Baía Grande, região do
Pantanal de Miranda-Aquidauana, município de Miranda – Mato Grosso do Sul.
3
CAPÍTULO 1
REVISÃO DE LITERATURA
1. Pantanal
O Pantanal é uma das maiores planícies de inundação periódica do mundo
(SWARTZ, 2000). Além disso, apresenta uma das mais diversificadas reservas
naturais, por isso é considerado um Patrimônio Natural pela UNESCO (ALHO;
GONÇALVES, 2005).
O fator ecológico que individualiza o Pantanal é o pulso de inundação (JUNK;
SILVA, 1999), que se caracteriza pelo aumento da oferta de recursos, o que
acarreta uma maior riqueza e biomassa nestas comunidades (POTT; POTT, 1997).
Esta planície de inundação periódica varia entre fases terrestres e aquáticas
e há dois tipos de áreas alagáveis no Pantanal: áreas de Cerrado inundáveis e
planícies fluviais (BICUDO; BICUDO, 2004), sendo que a última compõe grande
parte da sub-região do Miranda.
Segundo Alho e Gonçalves (2005) no período de enchente as águas do
planalto serão carreadas para a planície pantaneira, é devido à esta relação
planalto-planície que o Pantanal exibe uma biodiversidade singular.
No inicio do processo de inundação é frequente o fenômeno chamado
“dequada”, na qual, a matéria orgânica vinda do planalto irá submergir e decompor.
Esta decomposição irá diminuir o oxigênio dissolvido dos corpos d’água e aumentar
os níveis de gás carbônico, e dependendo da intensidade deste fenômeno esta
condição é limitante para as espécies aquáticas (CALHEIROS; HAMILTON, 1998;
ALHO; GONÇALVES, 2005).
De acordo com Pott (2007), a diversidade e a dinâmica temporal da
vegetação do Pantanal estão diretamente relacionadas com os ciclos hidrológicos
naturais sazonais. Com as atividades humanas, além da decorrência do manejo
vegetacional como o pastejo e o fogo, pode-se observar consequências maiores
como o assoreamento.
Segundo Harris et al. (2005), as maiores e principais ameaças que o
Pantanal vem sofrendo, que levam à quebra dos processos ecológicos e afetam
gravemente a biodiversidade são: a perda de hábitat (principalmente pelo
desmatamento), a caça, os projetos de desenvolvimento (Usina Hidrelétrica,
4
Pequena Central Hidrelétrica, entre outros), a introdução de espécies exóticas (em
especial, as gramíneas) e a poluição de diversas formas.
2. Ecossistemas Aquáticos
Segundo Odum (2001), existem dois tipos de hábitats de água doce,
denominados lênticos (de água estacionária – lago, lagoa, charco ou pântano) e
lóticos (de água corrente – nascente, ribeiro ou rio), sendo que cada tipo de
ambiente irá restringir os organismos que nele vivem. Os hábitats de água doce
representam uma pequena parcela da superfície terrestre quando comparados com
os ambientes terrestres e marinhos; entretanto, sua importância para o homem é
muito maior. Por esta razão, o uso deste bem deve ser menos abusivo ou se tornará
um fator limitante.
O manejo da qualidade da água está diretamente relacionado à integridade
biológica dos ecossistemas aquáticos, o qual envolve quatro aspectos principais: o
estabelecimento de estratégias para o uso e manejo dos recursos hídricos, a
identificação dos valores ambientais que devem ser protegidos, o estabelecimento
de indicadores físico-químicos e biológicos e o desenvolvimento de um programa de
monitoramento para assegurar a manutenção da qualidade da água e do meio
ambiente (QUEIROZ et al., 2008).
O programa de biomonitoramento considerado ideal é aquele que integra
avaliações
físico-químicas
e
biológicas,
permitindo
uma
associação
da
caracterização dos ecossistemas aquáticos e do estudo da ecologia dos organismos
bioindicadores da qualidade da água (CALLISTO et al., 2010). O biomonitoramento
é a avaliação da qualidade biológica da água, a saúde e a integridade ecológica dos
ecossistemas aquáticos uma vez que, a biota é a melhor relação da antropização
com a água (BUSS; BORGES, 2008; OLIVEIRA et al., 2008).
Os ecossistemas aquáticos têm sido alterados em diferentes escalas em
consequência das atividades antrópicas, e os rios integram o que acontece nas
áreas de entorno, considerando o uso e ocupação do solo. Segundo Callisto et al.
(2010), dentre os impactos ambientais que os ecossistemas aquáticos vêm
sofrendo, os principais tipos são: hidrológicos, salinidade, sedimentação e turbidez,
anoxia, mudança da cobertura vegetal, contaminação por pesticidas e metais
pesados.
5
Outro problema é a retirada da mata ciliar dos ecossistemas aquáticos, pois
perdem as barreiras naturais que impedem o transporte de fertilizantes, herbicidas e
sedimentos, gerando assoreamento dos corpos d’água (CALLISTO et al., 2010).
Em função da desestruturação dos ecossistemas aquáticos poderá ocorrer
uma queda acentuada da biodiversidade. Com isso, o melhor caminho para que se
tenham
informações
sobre
as
consequências
das
alterações
ambientais,
principalmente as de origem antrópica, é o estudo das comunidades biológicas
(CALLISTO et al., 2001).
3. Bioindicadores e Insetos Aquáticos
As alterações ambientais, especialmente, as de origem antrópica, causam
danos diretos na integridade biótica dos ecossistemas. E, para monitorar os padrões
de mudança na biodiversidade, utilizam-se espécies da entomofauna que atuam
como bioindicadores da degradação ambiental (FAVERO et al., 2012).
A entomofauna aquática constitui um dos mais importantes grupos
encontrados em ecossistemas aquáticos; estão associados às plantas aquáticas e
aos sedimentos e participam ativamente da ciclagem de nutrientes e do fluxo
energético. São abundantes em ambientes dulcícolas, sendo considerados base de
cadeias alimentares e importantes indicadores da qualidade do ambiente, devido a
sua sensibilidade aos impactos ambientais (ROSENBERG; RESH, 1996).
Certamente, o ecossistema aquático é mais restrito que o ambiente
terrestre, sendo que a vida dos organismos aquáticos é mais vulnerável à atividade
do homem. As relações interativas e os fatores ambientais são os principais
responsáveis pela distribuição e composição da comunidade de insetos aquáticos
nos corpos d’água (NIESSIMIAN et al., 2008). Além disso,a distribuição da
entomofauna aquática é diretamente influenciada pela disponibilidade de alimentos
e condições físicas e químicas da água (BISPO; OLIVEIRA, 1998).
Com isso, a diversidade e a riqueza de insetos aquáticos em ambientes
lênticos estão relacionadas, frequentemente, com a presença de macrófitas
aquáticas (PEIRÓ; ALVES, 2006). De acordo com Vannote et al. (1980), esta
associação entre as macrófitas aquáticas e o ambiente lêntico constitui um dos
6
principais fatores responsáveis pela disponibilidade de alimento e distribuição dos
insetos aquáticos.
Os macroinvertebrados, em especial os insetos aquáticos, utilizam as
macrófitas aquáticas como abrigo e/ou fonte de alimento (WINTERBOURN;
TOWNSED, 1991; HIGUTI et al., 1993; TRIVINHO-STRIXINO; STRIXINO, 1993;
ADRIAN et al., 1994; UIEDA; GAJARDO, 1996; FAVERO; CONTE, 2003), além de
compor um grupo de grande relevância ecológica em ambientes aquáticos,
considerados elo entre os recursos basais na cadeia alimentar (CARVALHO;
UIEDA, 2004). A entrada de nutrientes de origem alóctone nos ecossistemas
aquáticos através da vegetação ripária contribui, ainda, para o fornecimento de
alimento e abrigo para os insetos aquáticos (UIEDA; GAJARDO, 1996; KIKUCHI;
UIEDA, 1998; GULLAN; CRANSTON, 2008).
Os bioindicadores de qualidade de água são considerados importantes
instrumentos para avaliar a saúde e a integridade ecológica do ecossistema
aquático devido à comparação da qualidade da água e a diversidade biológica entre
as áreas impactadas e as de referência (CALLISTO et al., 2010). Quando deveriam
ser, também, utilizados para preservar e conservar a qualidade do ecossistema
(BARBOUR et al., 1996; ROSENBERG; RESH, 1996; MOULTON, 1998; LYONS et
al., 2000; DRAKE; PEREIRA, 2003; KLEMM et al., 2003; BÖHMER et al., 2004;
MOYA et al., 2007; BAPTISTA et al., 2007; QUEIROZ et al., 2008).
Segundo Moulton (1998), com relação ao estado e ao funcionamento de um
ecossistema, a integridade está relacionada ao grau de similaridade dos
componentes frente ao ecossistema intocado, já a saúde se refere ao estado e o
funcionamento desejável. Em outras palavras: saúde define-se ao desejado estado
de ecossistemas modificados antropicamente e integridade refere-se ao grau em
que um ecossistema ou comunidade varia do original, em condições não
impactadas.
Os bioindicadores são comunidades, grupos de espécies ou espécies que de
acordo com a sua presença ou ausência, quantidade e distribuição, irão indicar o
grau de preservação do ecossistema em questão. Dentre os bioindicadores, os mais
utilizados são aqueles capazes de diferenciar entre causas naturais ou estresses de
origem antrópica, sendo estes de fontes pontuais ou difusas (CALLISTO;
GONÇALVES, 2002).
7
Os insetos aquáticos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de
qualidade de água, saúde e integridade de ecossistemas aquáticos, por
apresentarem as seguintes características (ROSENBERG; RESH, 1993; WARD et
al., 1995; ROSENBERG; RESH, 1996; REECE; RICHARDSON, 1999; CALLISTO et
al., 2001; GOULART; CALLISTO, 2003; MORENO; CALLISTO, 2004; HELLAWELL,
1986 apud MOURA-SILVA et al., 2008):

Facilidade de coleta com equipamentos de baixo custo;

Serem cosmopolitas e abundantes;

Possuírem geralmente grande tamanho de corpo;

A maioria possuir características ecológicas bem conhecidas;

Viabilidade de utilização em estudos laboratoriais;

Possuir mobilidade restrita;

Ciclo de vida relativamente longo;

Baixa variabilidade genética e ecológica;

Vantagem de caracterizar a qualidade das águas não apenas no instante da
coleta, permitindo avaliar os efeitos de poluentes;

Participar ativamente da ciclagem de nutrientes, das cadeias alimentares e
de detritos.
Segundo Queiroz et al. (2008), grandes concentrações de substâncias
tóxicas têm sido carreadas para os corpos d’água em consequência das atividades
agrícolas, o que tem afetado a integridade dos ecossistemas aquáticos. Esta
contaminação determina diferentes níveis de tolerância entre as espécies que são
utilizadas, a partir daí, como indicadores biológicos.
Melo e Hepp (2008) afirmam sobre a relação entre a sensibilidade de uma
espécie a determinado fator de acordo com a sua abundância num local preservado
ou se ela é rara em um local impactado, seguindo o mesmo raciocínio para espécies
tolerantes.
Com relação aos níveis de tolerância, os macroinvertebrados sofrem
influências diferentes quanto à degradação ambiental, sendo alguns encontrados
em ambientes íntegros, sendo considerados sensíveis ou intolerantes, e outras
espécies tolerantes e outros resistentes (CALLISTO et al., 2001; GOULART;
CALLISTO, 2003).
8
4. Heteroptera aquáticos
Das quase 5000 espécies de Heteroptera que habitam os ecossistemas
aquáticos, aproximadamente 1500 espécies de heterópteros existem na América do
Sul,
sendo
500
conhecidas
no
Brasil
(POLHEMUS;
POLHEMUS,
2008;
FROEHLICH, 1999; HECKMAN, 2011; MOREIRA et al., 2011; MOREIRA;
CAMPOS, 2012).
No Brasil há uma série de levantamentos existentes sobre Hemiptera, sendo
poucos para a região pantaneira. Segundo Costa et al. (2006), a ordem apresenta
de 8 a 10% do total de insetos catalogados. No estado de Minas Gerais foram
registradas 160 espécies (NIESER; MELO, 1997) e na Amazônia Central, cerca de
60 espécies (PEREIRA et al., 2007; PEREIRA; MELO, 2007).
Os Hemiptera são considerados a maior ordem de insetos com metamorfose
incompleta (TRIPLEHORN; JOHNSON, 2011). Presentemente, a ordem se divide
em três subordens: Heteroptera, Auchenorrhyncha e Sternorrhyncha, sendo que as
duas últimas pertenciam à ordem Homoptera (COSTA et al., 2006; TRIPLEHORN;
JOHNSON, 2011).
A subordem Heteroptera possui como característica principal a presença de
hemiélitros – asa anterior modificada com base rígida, coriáceas, e parte distal
membranosa (NIESER; MELO, 1997; TRIPLEHORN; JOHNSON, 2011). A principal
e mais uniforme característica desta ordem é o seu aparelho bucal do tipo sugador
labial (NIESER; MELO, 1997; TRIPLEHORN; JOHNSON, 2011).
Os heterópteros constituem um amplo grupo de insetos aquáticos e são de
grande interesse para o conhecimento da estrutura da comunidade, atuando como
bioindicadores da saúde e da integridade de ecossistema aquáticos continentais.
Conhecidos como percevejos aquáticos, desempenham um importante papel em
ecossistemas dulcícolas, ocupando os mais diferentes hábitats (TRIPLEHORN;
JOHNSON, 2011).
Grande parte dos heterópteros é constituída de espécies terrestres, porém há
representantes muito bem adaptados à vida aquática e semi-aquática, incluindo os
que exploram a tensão superficial ou epineuston (FROEHLICH, 1999; COSTA et al.,
2006).
Os heterópteros são considerados excelentes predadores (PEREIRA; MELO,
2007). Os insetos aquáticos, de acordo com a classificação de grupos funcionais de
9
alimentação de Cummins e Merritt (1996), estão agrupados em cinco guildas
funcionais: coletores (divididos em filtradores – material em suspensão – e os que
se alimentam de material depositado no fundo), raspadores, predadores,
fragmentadores e parasitas. Segundo Marques et al. (1999), os Heteroptera são
considerados predadores, com exceção dos Corixidae que são principalmente
coletores, alimentando-se principalmente de detritos.
Os heterópteros aquáticos requerem hábitats específicos, sendo vulneráveis
à perda de integridade física dos sistemas aquáticos, com sua diversidade se
correlacionando com a integridade física do ambiente, o que faz com que possam
ser utilizados como bioindicadores (DIAS-SILVA et al., 2010).
Dentre os bioindicadores, os heterópteros se encontram dos critérios
descritos por Beeby (2001) para uma espécie sentinela (acumulador). Espécies
consideradas sentinelas refletem as perturbações no meio ambiente, servem para
prever ameaças e indicar os níveis de degradação do ecossistema (McGEOCH,
1998).
Segundo Moreno e Callisto (2004), os representantes da família Gerridae
(Hemiptera) têm sido utilizados com bioindicadores de qualidade de água
associados a ecossistemas naturais e alterados, mas não a ecossistemas
impactados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADRIAN, I. F.; LANSAC-TÔHA, F. A.; ALVES, L. F. Entomofauna disponível para
alimentação de peixes, comedores de superfície, em duas lagoas da planície de
inundação do alto Paraná, Brasil. Revista Unimar. v.16, n.3, p.117-126, 1994.
ALHO, C. J. R.; GONÇALVES, H. C. Biodiversidade do Pantanal: Ecologia e
Conservação. Campo Grande: UNIDERP, 2005. 144p.
BAPTISTA,
D.
F.
Uso
de
macroinvertebrados
em
procedimentos
de
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18
CAPÍTULO 2
Avaliação da integridade biótica por meio da estrutura da comunidade de
Heteroptera aquáticos e semi-aquáticos em uma região do Pantanal de
Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul
ABSTRACT
This study aimed to determine the taxonomic composition of aquatic Heteroptera at
the farm Baía Grande, located in the Pantanal region of Miranda-Aquidauana, in the
town of Miranda - Mato Grosso do Sul State. The study was conducted in two types
of ecosystems: lentic (Lake, Dam Reservoir and Dam Pool) and lotic. The
heteropterofauna associated with water and shoreline vegetation was collected with
a D net (mesh of 300 µm), and in each sampling unit there were three bids D net.
We analyzed the wealth of genera, absolute and relative abundance of
heteropterans found, the Shannon Diversity (logn), Equitability Shannon, Wealth by
Rarefaction
and
Multivariate
Analysis ANOSIM and
SIMPER Analysis of
Dissimilarity. We identified 3118 adults specimens of Nepomorpha and Gerromorpha
distributed in 11 families and 40 species. It can be concluded that the environments
and dam called Dam Pool had higher abundance compared to Stream and a Lake,
and these two natural environments, the real richness does not relate to the one
observed. The community of Heteroptera cannot be considered a good indicator of
environmental integrity.
KEYWORDS: Environmental Integrity, Aquatic insects, Hemiptera, Nepomorpha,
Gerromorpha, true bugs.
19
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo determinar a composição taxonômica de Heteroptera
em ambientes aquáticos na Fazenda Baía Grande, situada na região do Pantanal de
Miranda-Aquidauana, no município de Miranda – Mato Grosso do Sul. O estudo foi
realizado em dois tipos de ecossistemas: lêntico (Baía Grande, Açude e Ilha) e
lótico. A heteropterofauna associada ao filme d’água e à vegetação marginal foi
coletada com rede D, com malha de 300 µm, sendo que em cada unidade amostral
foram efetivados três lances de rede D. Foi analisada a riqueza de gêneros,
abundância absoluta e relativa dos heterópteros encontrados, a Diversidade de
Shannon (logn), Equitabilidade de Shannon, Riqueza por Rarefação, Análise
Multivariada ANOSIM e Análise de Dissimilaridade SIMPER. Foram identificados
3118
heterópteros
adultos
pertencentes
às
infraordens
Nepomorpha
e
Gerromorpha, distribuídos em 11 famílias e 40 espécies. Pode-se concluir que os
ambientes denominados Açude e Ilha apresentaram maior abundância quando
comparada ao Córrego e a Baía Grande, sendo que nestes dois ambientes de
origem natural a riqueza real não condiz com a riqueza observada. A comunidade
de espécies de Heteroptera não pode ser considerada um bom indicador da
integridade ambiental.
PALAVRAS-CHAVE:
Integridade
ambiental,
Nepomorpha, Gerromorpha, percevejos aquáticos.
insetos
aquáticos,
Hemiptera,
20
INTRODUÇÃO
As degradações ambientais causam diversos efeitos na estrutura da
comunidade, fazendo com que as espécies sensíveis tornem-se mais ou menos
abundantes ou desaparecendo na presença de perturbações (Dias-Silva et al.
2010). Estas alterações resultam na mudança do ambiente físico, hidrologia e
qualidade da água nos ecossistemas límnicos (Nessimian et al. 2008).
Por esta razão, para se avaliar a qualidade da água e o nível de preservação
do ecossistema, seria ideal que se estudasse a resposta de toda comunidade
aquática a um determinado estresse ambiental. Como na prática isto é impossível, a
maioria dos pesquisadores enfoca apenas um setor do ecossistema, como o
perifíton, o plâncton, os macroinvertebrados ou os peixes (Silveira 2004).
Todo corpo d’água continental possui uma comunidade biológica e neste
contexto, os insetos aquáticos constituem um grupo bem distribuído (Merritt &
Cummins 1996).
Uma ordem de insetos abundante em ecossistemas límnicos é a Heteroptera,
sendo amplamente distribuída em ambientes em diferentes estados de conservação
(Neri et al. 2005, Naranjo et al. 2010). É um grupo composto de espécies terrestres
com algumas espécies adaptadas a vida aquática e semi-aquática, sendo
considerados excelentes predadores (Pereira & Melo 2007).
Os indivíduos deste grupo apresentam especializações morfológicas para
explorar determinados microhabitats (Polhemus & Polhemus 2008) e possuem a
capacidade de responder rapidamente às perturbações ambientais, sendo elas de
origem antrópica ou natural (Souza et al. 2006).
Este grupo é estudado em todo o mundo, por ser um grupo com ampla
distribuição (Nieser & Melo 1997, Polhemus & Polhemus 2008). Em escala mundial,
estudos recentes na Indonésia (Nieser & Chen 1999), na Colômbia (MoralesCastaño & Molano-Rendón 2008), na Grécia (Karaouzas & Gritzalis 2006), na
Romênia (Berchi et al. 2011) e em Cuba (Naranjo et al. 2010) tem expandido o
conhecimento da fauna aquática e semi-aquática de Heteroptera.
O estado de Minas Gerais é uma das principais regiões no Brasil, em termos
de registros da fauna e ecologia dos heterópteros aquáticos (Nieser & Pelli 1994,
Nieser & Melo 1997, Nieser et al. 1997, Nieser & Melo 1999, Nieser et al. 1999,
21
Nieser & Polhemus 1999, Vianna & Melo 2003, Melo & Nieser 2004, Souza et al.
2006, Moreira & Ribeiro 2009, Moreira et al. 2010).
Este trabalho teve por objetivo avaliar a integridade biótica de ambientes
aquáticos através da estrutura da comunidade de Heteroptera (Gerromorpha e
Nepomorpha) da Fazenda Baía Grande, situada no Pantanal de MirandaAquidauana, no município de Miranda – Mato Grosso do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Área de Estudo
A área de estudo está localizada no município de Miranda, Mato Grosso do
Sul, em uma propriedade denominada Fazenda Baía Grande, situada na região do
Pantanal Miranda-Aquidauana, descrita em Mercante et al. (2012). A propriedade
está distante 220 km de Campo Grande, com área aproximada de 1800 hectares,
possuindo como atividade econômica principal a pecuária, além do turismo rural.
No local foram marcadas quatro áreas (Figura 1) para a coleta dos
heterópteros aquáticos: três em ecossistema lênticos, denominados Baía Grande,
Açude e Ilha, e uma em ecossistema lótico, denominada como Córrego.
22
58ºw
56ºw
57ºw
55ºw
56º22’46”
20º19’36”
N
16ºS
17ºS
18ºS
19ºS
20ºS
21ºS
0
22ºS
100
Km
0
3
56º11’32”
20º27’32”
6
Km
56º23’33”
20º23´18”
Área de Coletas
Limites da Bacia Hidrográfica
Rio Miranda
Canal de 1ª Ordem
Canal de 2ª Ordem
Canal de 3ª Ordem
Canal de 4ª Ordem
Laboratório de Geoprocessamento LABGEO
Universidade Anhanguera-Uniderp
Org.: GUIMARÃES, T.F.S. e SILVA, M.H.S.
Fonte: Zani (2008) e Imagem Google Earth - Spot,
2012
0
650
1.300
M
20º25’32”
56º19’39”
Figura 1. Localização da área de estudo na Fazenda Baía Grande e hierarquia fluvial do córrego,
Pantanal de Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul.
23
1.1. Baía Grande
Este ambiente lêntico (20° 24’ 33.1’’ S 56° 22’ 51.4’’ W) de origem natural
(Figura 2) apresenta comunicação com o Rio Miranda e com os campos alagáveis
durante o período de cheia, que se inicia no mês de novembro. A Baía Grande
278.029,76 m² de área, devido a esta extensão as coletas foram realizadas às
margens da baía com por meio de um barco.
Possui vegetação ripária de grande densidade, em processo de sucessão
ecológica, devido à retirada seletiva de madeira. Constata-se a presença de
espécies vegetais de porte arbóreo, como o pau-de-novato (Triplaris sp. Loefl.,
1758), ingá (Inga uraguensis Hook. & Arn., 1833), cambará (Vochysia divergens
Pohl, 1831), piúva (Tabebuia sp. Gomes ex DC., 1838), figueira (Ficus sp. L., 1753),
acácia (Acacia sp. Mill., 1754), algarobeira (Prosopis sp. L., 1767), pimenteira
(Licania parvifolia Huber, 1909). Pode-se ainda, observar espécies de arbustos
como Mimosa sp. L., 1753, Piper sp. L., 1753, Polygala sp. L., 1753 e Coccoloba
sp.P. Browne, 1756, além da presença de espécies de trepadeiras como Passiflora
sp. L., 1753.
As plantas aquáticas encontradas neste ambiente formam bancos mistos,
com uma ampla diversidade, sendo elas: orelha-de-onça (Salvinia auriculata Aubl.,
1775), alface d’água (Pistia stratiotes L., 1753), aguapé (Eichhornia azurea (Sw.)
Kunth, 1843), chapéu-de-couro (Echinodorus sp. Rich. & Engelm. ex A. Gray, 1848),
erva-de-bicho (Polygonum acuminatum Kunth, 1817) e orelha-de-veado (Pontederia
sp. L., 1753) além de espécimes do gênero Azolla Lam., 1783.
24
Figura 2. Baia Grande, ambiente lêntico de origem natural localizado na
Fazenda Baía Grande, no município de Miranda, Mato Grosso do Sul (Foto:
Alexandre Costa Marques 2011).
1.2. Açude
É um açude (Figura 3) de origem artificial (20° 24’ 13’’ S 56° 21’ 30’’ W) que
sofre influência direta da pecuária local, servindo de bebedouro para o gado. Este
açude possui uma área de 81.956,89 m² e apresenta uma vegetação ripária
secundária e em baixa densidade, destacando-se as seguintes espécies arbóreas:
louro (Cordia glabrata (Mart.) A. DC., 1845), acuri (Scheelea phalerata (Mart. ex
Spreng.) Burret, 1929) e espécimes de Myrtaceae, cercando parcialmente o local.
Esta área não apresenta comunicação com os campos alagáveis no período
de cheia e possui um banco de macrófitas composto predominantemente por
orelha-de-onça (S. auriculata Aubl., 1775), alface d’água (P. stratiotes L., 1753),
aguapé (E. azurea (Sw.) Kunth, 1843) e trevo-de-quatro-folhas (Marsilea quadrifolia
L., 1753).
25
Figura 3. Ambiente lêntico denominado Açude, Fazenda Baía Grande, Miranda
– MS (Foto: Thaís Fernanda Silva Guimarães 2012).
1.3. Ilha
O local denominado “Ilha” (Figura 4) é um ambiente lêntico artificial com
13.653.39 m² de área (20° 24’ 26’’ S 56° 20’ 37.9’’ W), distante cerca de 100 metros
da sede da fazenda e quase não possui vegetação nativa no entorno. Este ambiente
não está em contato com as áreas alagáveis, e o banco de macrófitas observado é
constituído basicamente das seguintes espécies: aguapé (E.azurea (Sw.) Kunth,
1843), orelha-de-onça (S. auriculata Aubl., 1775) e orelha-de-veado (Pontederia sp.
L., 1753).
Neste ambiente lêntico pode ser observada uma fisionomia aberta e
vegetação escassa, com poucas espécies arbóreas observadas, tais como: figueira
(Ficus sp. L., 1753), goiabeira (Psidium guajava L., 1753) e uma espécie invasora
da família Fabaceae não identificada.
26
Figura 4. Ambiente lêntico bastante antropizado denominado Ilha, na Fazenda
Baía Grande, Miranda – MS (Foto: Thaís Fernanda Silva Guimarães 2012).
1.4. Córrego
O córrego (coordenadas 20° 23’ 40.1’’ S 56° 20’ 46.4’’ W) que segundo a
classificação de Strahler (Cristofoletti 1980) sobre hierarquia fluvial, constitui um
canal de 4ª ordem (Figura 1, Figura 5). Apresenta comunicação com as áreas
inundáveis, o que em grande parte do ano gera uma baixa vazão deste ambiente,
considerado como semi-lótico (Carvalho & Niessimian 1998 apud Da-Silva et al.
2010).
Este ecossistema foi considerado o controle, por constituir a condição de
referência mais próxima do natural, pois não existe um ecossistema pristino na
região estudada. Sendo o córrego a área onde a pressão antropogênica é baixa, e
atualmente nula, pode não alterar a organização da comunidade estudada.
27
Figura 5. Córrego, ambiente semi-lótico considerado controle, inserido na Fazenda
Baía Grande, Miranda – MS.
A vegetação local possui dossel coberto formando uma mata de galeria que é
composta por espécies pioneiras, destacando-se: embaúba (Cecropia sp. Loefl.,
1758), canafístula (Cassia grandis L. f., 1781), piúva (Tabebuia sp. Gomes ex DC.,
1838), figueira (Ficus sp. L., 1753), acuri (S. phalerata (Mart. ex Spreng.) Burret,
1929), pau-de-novato (Triplaris sp. Loefl., 1758), cambará (V. divergens Pohl, 1831),
Albizia sp. Durazz., 1772, Trichilia sp. P. Browne, 1756, Fagara sp. L., 1759.
Observa-se ainda, a presença de espécies de trepadeiras – como a do gênero
Aristolochia sp. L., 1753, além de capim navalha (Hypolytrum sp. Pers., 1805) e
espécimes de Piper sp. L., 1753. Nota-se a ausência de macrófitas.
2. Coleta e identificação do material
Nos três ambientes lênticos foram demarcadas oito unidades amostrais
equidistantes; no córrego foi selecionado um trecho de 30 metros, divido em três
subseções. Em cada unidade amostral foram realizados três lances de rede D, com
uma área de 600 cm2 e malha de 300 µm. A entomofauna aquática visada estava
28
associada ao filme d’água e à vegetação marginal, conforme o método descrito em
Merritt et al. (1996) e Bicudo & Bicudo (2004).
Em campo, o material foi acondicionado em sacos plásticos, devidamente
vedados e identificados e fixado/conservado em álcool 80%. Em seguida foram
levados ao Laboratório de Pesquisa em Entomologia da Universidade AnhangueraUniderp para devida triagem por meio de uma caixa transiluminada. A identificação
e contagem dos heterópteros foram realizadas por meio de um estereomicroscópio,
com o auxílio de literatura especializada (Merritt & Cummins 1996, Nieser & Melo
1997, Heckman 2011, Triplehorn & Johnson 2011) para determinação à nível de
família e espécie.
3. Caracterização física e química da água
Foram realizadas em cada unidade amostral nos pontos de coleta,
avaliações dos parâmetros físicos e químicos da água, tais como: temperatura da
água, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e transparência da água, além
da luminosidade, da temperatura e umidade relativa do ar. Para tais avaliações
foram utilizados os seguintes materiais, respectivamente: termômetro, pHmetro,
condutivímetro, oxímetro, disco de secchi, luxímetro e termohigrômetro.
4. Análise dos dados
As análises foram feitas por meio do software Past, para cada ambiente,
utilizando-se os seguintes parâmetros: Índice de Diversidade de Shannon (log n),
Equitabilidade de Shannon, Riqueza por Rarefação, Análise Multivariada de
Similaridade ANOSIM e Análise de Dissimilaridade SIMPER (Krebs 1989, Hammer
et al. 2001, Melo & Hepp 2008).
5. Obtenção das imagens
5.1. Estimativa da área dos ambientes lênticos
Para a obtenção das imagens da área com os ambientes lênticos estudados
utilizou-se o software Ge-PATH 1.4.6..O Ge-PATH 1.4.6. é um programa auxiliar do
Google Earth® utilizado no cálculo da área de superfície (Sgrillo 2006). Os cálculos
de áreas grandes são realizados através de um único algoritmo (polígonos
29
esféricos) e as pequenas áreas a partir da conversão das coordenadas para o
sistema UTM. O erro de cálculo da área é de (±1%), isto se deve à localização dos
polígonos (marcadores) no Google Earth®, quanto mais precisa a marcação, menor
o erro.
5.2. Localização das áreas e Hierarquia fluvial
Para a localização das áreas de estudo e a hierarquia fluvial do Córrego
foram utilizados os softwares: Google Earth® para a determinação das áreas via
imagens de satélites, CorelDRAW® Graphics Suite 12.0 para edição das imagens e
elaboração do mapa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período que compreendeu os meses de agosto de 2011 à janeiro de
2012 foram identificados 3118 heterópteros adultos pertencentes às infraordens
Nepomorpha e Gerromorpha, distribuídos em 11 famílias e 40 espécies.
1. Fatores Abióticos
As características físicas e químicas da água nos ambientes de coleta não
são significativamente diferentes (Tabela 1). Resultado semelhante foi observado no
Pantanal do Negro no trabalho de Oliveira et al. (2006). Exceto com relação à
condutividade elétrica e o oxigênio dissolvido da Ilha, que apresentaram diferença
com relação aos outros ambientes. Isto comprova que este ambiente não sofre
despejo direto de efluentes domésticos, devido à alta taxa de oxigênio dissolvido e o
baixo valor de condutividade.
30
Tabela 1. Média dos fatores abióticos nos ambientes de coleta, Fazenda Baía
Grande, Pantanal de Miranda-Aquidauana.
VARIÁVEIS
AÇUDE
Tágua⁰C
Cond.µS.cm-1
OD mg.L-1
pH
Transparência Secchi
(cm)
Tar⁰C
UR (%)
Luminosidade (x100
lux)
34,8
145,8
11,3
7,7
BAÍA
GRANDE
30,3
201,4
7,0
7,9
17,6
ILHA CÓRREGO
33,4
74,7
16,8
7,9
25,9
256,4
9,6
8,1
33,2
18,1
26,6
35,0
42,7
37,0
47,4
34,7
46
32,1
61,8
473,5
647,7
345,2
11,3
2. Abundância e Diversidade
Os ambientes lênticos de origem artificial, Ilha e Açude, por não apresentar
comunicação com as áreas alagáveis e com os ambientes lóticos do entorno,
tornam-se únicos e com comunidades próprias. Com isso, os heterópteros aquáticos
acabam encontrando ambiente adequado para se multiplicam rapidamente, no qual
existe pouca competitividade. A maior abundância e riqueza foram encontradas
nestes ambientes (Tabela 2), compreendendo 9 famílias e 21 espécies, com total de
2483 indivíduos para Ilha, e para o Açude, 10 famílias e 26 espécies com 428
heterópteros adultos, totalizando 2911 espécimes nos dois ambientes. Já o córrego
apresentou uma menor abundância e riqueza, com 7 famílias e 13 espécies,
totalizando 94 heterópteros. Na Baía Grande foram identificados 113 heterópteros,
distribuídos em 9 familias e 19 espécies.
31
Tabela 2. Abundância de heterópteros aquáticos encontrados nos ambientes
lênticos e lótico no Pantanal de Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul.
FAMÍLIA
NEPOMORPHA
Popov, 1971
BELOSTOMATIDAE
CORIXIDAE
MICRONECTIDAE
NAUCORIDAE
NEPIDAE
NOTONECTIDAE
PLEIDAE
GERROMORPHA
Popov, 1971
GERRIDAE
HEBRIDAE
HYDROMETRIDAE
MESOVELIIDAE
Cont.
ESPÉCIE
ILHA AÇUDE
BAÍA
CÓRREGO
GRANDE
Belostoma cf. candidulum Montandon
Belostoma dilatatum Dufour
Belostoma discretum Montandon
Belostoma foveolatum Mayr
Belostoma micantulum Stål
Belostoma sp.1
Heterocorixa chapadiensis Hungerford
Sigara chrostowskii Jaczewski
Tenagobia incerta Lundblad
Tenagobia schadei Lundblad
Pelocoris binotulatus Stål
Pelocoris bipunctulus Herrich-Schäffer
Pelocoris politus Montadon
Pelocoris procurrens White
Pelocoris subflavus Montadon
Ranatra heydeni Montandon
Ranatra horvathi Montandon
Buenoa amnigenus White
Buenoa antigone Kirkaldy
Buenoa konta Nieser & Pelli
Buenoa salutis Kirkaldy
Martarega uruguayensis Berg
Notonecta disturbata Hungerford
Neoplea semipicta Horváth
Neoplea maculosa Berg
0
0
0
0
3
0
1
1
44
31
0
3
0
1
0
1
0
1554
0
11
14
220
1
353
2
1
0
1
0
9
0
0
0
103
0
0
1
1
8
31
19
0
70
2
0
5
1
1
16
3
0
0
0
1
14
0
0
0
2
0
3
1
0
18
1
0
1
0
0
0
0
0
0
18
0
0
1
0
0
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
1
Cylindrostethus palmaris Drake & Harris
Limnogonus aduncus Drake & Harris
Limnogonus profugus Drake & Harris
Neogerris lotus White
Neogerris lubricus White
Rheumatobates crassifemur crassifemur Esaki
Rheumatobates bonariensis Berg
Lipogomphus lacuniferus Berg
Hydrometra argentina Berg
Mesovelia amoena Ulher
Mesovelia mulsanti White
0
0
0
0
6
10
34
0
0
0
5
0
0
0
1
2
49
49
0
2
1
23
0
1
3
0
0
7
32
5
0
0
1
10
0
0
4
3
0
1
0
0
1
2
32
Cont.
FAMÍLIA
ESPÉCIE
VELIIDAE
Microvelia pulchella Westwood
Steinovelia virgata White
TOTAL
ILHA AÇUDE
187
0
2483
29
0
428
BAÍA
CÓRREGO
GRANDE
4
1
113
Os heterópteros aquáticos são comumente estudados em escala mundial, e
há uma série de levantamentos no Brasil, porém existem poucos estudos na região
pantaneira. Bervian et al. (2006) estudaram os heterópteros associados à Salvinia
auriculata em três ambientes lênticos no Pantanal do Negro, e coletaram 64
espécimes pertencentes a 8 famílias, sendo Hebridae a mais abundante, com 28
indivíduos (44%). Apesar dos três ambientes lênticos apresentarem espécimes
desta macrófita, apenas na Baía Grande que foram coletadas as espécies de
Hebridae. Isto devido a visível abundância da espécie Salvinia auriculata na Baía
Grande, na qual as espécies de Hebridae utilizam como abrigo.
A área denominada Baía Grande possui, dentre os ambientes estudados, a
maior diversidade observada de macrófitas aquáticas, com 7 espécies, o que
explica sua alta diversidade de heterópteros, com H’ = 2,288 nit. indivíduo -1, ficando
atrás apenas do Açude (Tabela 3). Peiró & Alves (2006) afirmam que onde há maior
diversidade de macrófitas nas margens haverá, por consequência, um aumento da
diversidade biótica, principalmente a fauna fitófila. Com isso, ocorrerá um aumento
no nível de nutrientes de origem autóctone.
Tabela 3. Índices de diversidade em cada ambiente estudado no Pantanal de
Miranda-Aquidauana.
ÍNDICES
ILHA
S
21
N
2483
D
0,4263
H
1,306
J
0,4291
(S) Espécies, (N)
BAÍA
CÓRREGO
GRANDE
26
19
13
428
113
94
0,1271 0,1476
0,5088
2,388
2,288
1,233
0,733
0,7771
0,4808
Indivíduos, (D) Dominância, (H)
AÇUDE
Índice de Diversidade de Shannon e (J) Índice de
Equitabilidade ou Igualdade de Shannon.
66
0
94
33
Já, Souza et al. (2007) em coletas em um corixo e uma baía na sub-região
do Pantanal do Negro, coletaram 659 heterópteros, distribuídos em 12 famílias,
sendo a família Corixidae a mais abundante, com 42,65% do total de indivíduos.
Segundo Nieser & Melo (1997) os corixídeos dos gêneros Heterocorixa e
Sigara preferem vegetação mais densa, porém estes dois gêneros só foram
encontrados na Ilha – ambiente degradado e com pouca, ou nenhuma, vegetação
nativa.
Em contrapartida nenhum exemplar da família Micronectidae foi encontrado
no Córrego, mesmo o gênero Tenagobia mais generalista, podendo ser encontrado
até em locais sem vegetação (Nieser & Melo 1997). Assim mesmo, Dias-Silva
(2010) considera a espécie Tenagobia incerta (Lundblad, 1928) indicador de
ambientes mais preservados. O que não condiz com os resultados deste estudo, já
que esta espécie não teve representatividade em ambientes mais conservados,
como a Baía Grande e o Córrego. O que pode explicar este fato, é que estes
percevejos são encontrados em ambientes mais rasos (Nieser & Melo 1997), como
é o caso do Açude e da Ilha, sendo encontrados 34 exemplares de T. incerta na Ilha
e 76 indivíduos no Açude.
Dias-Silva et al. (2010) sugerem que as perturbações antrópicas interferem
nas comunidades de insetos aquáticos, sendo que alterações em zonas ribeirinhas
pode levar a mudanças significativas na composição de Heteroptera.
Por isso, onde há maior zona ripária no entorno do ecossistema aquático,
haverá maior acúmulo de nutrientes de origem alóctone (externo) e assim, maior
diversidade e abundância (Goulart et al. 2002). Com a retirada da vegetação para a
atividade pecuária, diminui essa entrada de nutrientes de origem alóctone. Com esta
retirada perdem-se barreiras naturais que impedem o transporte de fertilizantes,
herbicidas e sedimentos, carreando estes sedimentos e gerando assoreamento dos
corpos d’água (Callisto et al. 2010).
O aumento da atividade agrícola na região pantaneira, associado à perda da
cobertura vegetal, vem resultando na degradação dos ecossistemas aquáticos.
Porém a pecuária intensiva na região de estudo é considerada um impacto menos
perturbador, com relação às alterações químicas da água, o que reflete na
composição da biota. Isto se deve ao fato de que as pastagens não utilizam,
normalmente, adubação ou aplicações de pesticidas (Ferreira & Casatti 2006).
34
A principal atividade econômica da Fazenda Baía Grande é a pecuária e o
ambiente que sofre influência direta desta atividade é a Ilha, que apresenta a maior
abundância absoluta dentre os outros ambientes (Figura 6), porém uma baixa
diversidade (H’ = 1,233 nit. indivíduo-1), reflexo direto da escassez de vegetação
nativa.
Figura 6. Abundância absoluta de heterópteros aquáticos adultos nos períodos de
cheia e seca no Pantanal de Miranda-Aquidauana.
No mês de outubro houve um aumento na abundância de indivíduos na Ilha,
isto se deve, provavelmente, pelo início do período chuvoso da região. Neste
período, segundo Alho & Gonçalves (2005), as águas do planalto irão carrear os
nutrientes para a planície, e estes sedimentos retidos nas planícies alagadas
possuem um importante papel para o funcionamento do ecossistema, aumentando a
produtividade primária desses ambientes. A abundância de insetos aquáticos está
relacionada com período de cheia da região pantaneira (Silva et al. 2011). Neste
período, a oferta de recursos alimentares é maior, devido à entrada alóctone através
da inundação e um aumento autóctone por meio da decomposição da matéria
orgânica (Junk & Silva 1999).
35
O Córrego apresentou a menor diversidade com relação ao Índice de
Diversidade de Shannon, com H’= 1,233 nit. indivíduo-1. A Baía Grande e o Açude
apresentaram, respectivamente: H’= 2,288 nit. indivíduo-1 e H’= 2,388 nit. indivíduo-1.
A família que apresentou a maior diversidade observada de espécies, em
todos os ambientes estudados, foi Gerridae com 7 exemplares. E o ambiente que
apresentou maior abundância de indivíduos desta família foi o Açude com 101
heterópteros (47,6%) do total de 212 gerrídeos nos ambientes amostrados.
Segundo Nieser & Melo (1997), dentre os gerrídeos, as espécies do gênero
Limnogonus e Neogerris são comumente encontradas em regiões tropicais e em
ambiente lênticos, já os Brachymetra preferem locais sombreados. Cylindrostethus é
um gênero encontrado em regiões tropicais, que vive em ambientes lóticos, o que
justifica a espécie Cylindrostethus palmaris só ter sido encontrada no Córrego.
As espécies em comum para todos os quatro pontos, foram Belostoma
micantulum, Neoplea semipicta, Rheumatobastes bonariensis, Mesovelia mulsanti e
Microvelia pulchella, sendo que nenhuma dessas espécies foi constante em todas
as coletas. Isto devido, provavelmente, à sazonalidade, ao período reprodutivo de
cada espécie e ao voltinismo de cada espécie.
A espécie com maior abundância foi Buenoa amnigenus, que representa
sozinha mais da metade do total de indivíduos coletados (52,1%), com 1625
espécimes. Isto porque, de acordo com Nieser & Melo (1997) a espécie Buenoa
amnigenus é comumente encontrada entre vegetação emergente, em ambientes
lênticos e abertos. O que justifica apenas 1 exemplar ser encontrado no Córrego
pois, este ambiente não apresenta macrófitas. Em contrapartida, nenhum
notonectídeo foi encontrado na Baía Grande, mesmo este ambiente apresentando
macrófitas aquáticas e vegetação ripária, o que pode ser justificado pela dimensão
da Baía Grande.
3. Equitabilidade e Dominância
Para verificar se ocorre, ou não, dominância na comunidade analisada,
determinou-se o Índice de Equitabilidade ou Igualdade para cada ambiente. Os
dados obtidos pelo Índice de Shannon (J) indicam uma maior igualdade no Córrego
(J= 0,8374) e na Baía Grande (J= 0,8361), em relação à Ilha (J= 0,4049). O Açude,
também, apresentou um elevado Índice de Equitabilidade (J= 0,8361). Esses
36
valores (J) indicam que a distribuição de indivíduos por espécies ocorrentes são
similares, considerando que os valores sempre estarão situados entre 0 e 1, e
quanto mais próximo de 1 maior será a igualdade (Melo & Hepp 2008).
A maior dominância do gênero Buenoa foi o que o tornou dissimilar a Ilha
com todos os outros ambientes. Buenoa amnigenus foi a espécie dominante, com
relação ao número de indivíduos, na comunidade analisada. O que é constatado
pelo baixo Índice de Equitabilidade (J) da Ilha, local em que foram coletados 1554
indivíduos da espécie. A família Notonectidae foi a mais abundante, tanto em
espécie quanto em espécime devido, provavelmente, ao fato de ser menos
suscetível às alterações da coluna d’água, pelo fato de que os representantes desta
família apresentarem hábito planctônico (Neri et al. 2005).
4. Riqueza de espécies
O Açude e a Ilha apresentaram maior abundância e riqueza observada
quando comparada ao Córrego e a Baía Grande. Porém, os dados obtidos por
rarefação indicam que não ocorreu uma estabilização da curva nos ambientes
naturais (Baía Grande e Córrego) que encontram em melhor estado de conservação
e que a riqueza do ambiente é muito maior do que a parcela da amostra que foi
coletada, mostrando que a riqueza real do ambiente não condiz com a riqueza
observada (Figura 7C e 7D).
No caso da Baía Grande isto se deve, provavelmente, à dimensão deste
ambiente que apresenta 278.029,76 m² de área, quando comparada aos demais
ambientes lênticos a Baía Grande é 20,4 vezes maior que a Ilha e 3,4 vezes da
dimensão do Açude.
Já para os ambientes, Ilha e Açude, a curva tende à estabilização dos
dados obtidos pela rarefação (Figura 7A e 7B), estimando assim, que as espécies
existentes naquele ambiente foram coletadas.
37
Figura 7. Estimativa de Riqueza de heterópteros adultos obtida por Curva de
Rarefação. A. Ilha; B. Açude; C. Baía Grande; D. Córrego.
A maior riqueza observada foi nos ambientes lênticos Ilha e Açude (Tabela
2). Já o ambiente lótico apresentou uma menor riqueza compreendendo 5 famílias e
7 espécies, total de 23 heterópteros.
5. Similaridade
A ANOSIM (Analysis of Similarities) foi utilizada para comparar as
comunidades do Córrego, da Ilha, do Açude e da Baía Grande (Tabela 4). E os
resultados mostraram que todos os ambientes, quando comparados, diferem entre
si.
38
Tabela 4. Comparação das comunidades de heterópteros adultos dos hábitats
amostrados, pelo método estatístico ANOSIM.
Comparação
ILHA x AÇUDE
ILHA x BAÍA GRANDE
ILHA x CÓRREGO
AÇUDE x BAÍA
GRANDE
AÇUDE x CÓRREGO
BAÍA GRANDE x
CÓRREGO
Resultados de ANOSIM
Valores de
R
0,9425
0,9562
0,9839
Valores de p corrigido
(Bonferroni)
0,0012
<0,0001
0,0318
0,8198
0,0036
0,879
0,0462
0,8508
0,0324
com
base
em
distância
Bray-Curtis
(número de permutações = 999, α = 0,05).
Devido a esta diferença significativa na composição das comunidades
analisadas, foi realizada a Análise de Dissimilaridade (SIMPER) para identificar
quais espécies são responsáveis pela dissimilaridade das comunidades, quando
comparadas par a par (Tabela 5).
Tabela 5. Comparação dos ambientes par a par e contribuição das 5 principais
espécies para a dissimilaridade entre eles. Cont.= Contribuição; Acum.=
Acumulação; Ab. Med. 1= Abundância Média do grupo 1; Ab. Med. 2= Abundância
Média do grupo 2.
Comparação
ILHA
x
AÇUDE
ILHA
x
CÓRREGO
Cont.
Espécies
Cont.%
Acum.%
Ab.
Med. 1
Ab.
Med. 2
Buenoa amnigenus
Neoplea semipicta
Martarega uruguayensis
Microvelia pulchella
Tenagobia incerta
Buenoa amnigenus
Neoplea semipicta
Martarega uruguayensis
Microvelia pulchella
Tenagobia incerta
45,42
13,76
8,387
6,506
2,659
51,23
15,37
9,095
8,431
2,063
51,84
67,55
77,12
84,55
87,58
54,91
71,39
81,14
90,18
92,39
194
44,3
27,5
23,4
5,5
194
44,3
27,5
23,4
5,5
8,75
2
0,125
3,63
12,9
0,333
0,333
0
22
0
39
Cont.
Comparação
ILHA
x
BAÍA
GRANDE
AÇUDE
x
BAÍA
GRANDE
AÇUDE
x
CÓRREGO
BAÍA
GRANDE
x
CÓRREGO
Espécies
Cont.%
Acum.%
Ab.
Med. 1
Ab.
Med. 2
Buenoa amnigenus
Neoplea semipicta
Martarega uruguayensis
Microvelia pulchella
Rheumatobastes
bonariensis
Tenagobia incerta
Buenoa amnigenus
Rheumatobastes
bonariensis
Rheumatobastes
crassifemur crassifemur
Pelocoris subflavus
Microvelia pulchella
Tenagobia incerta
Buenoa amnigenus
Rheumatobastes
bonariensis
Rheumatobastes
crassifemur crassifemur
Microvelia pulchella
Rheumatobastes
bonariensis
Cylindrostethus palmaris
Neoplea semipicta
Pelocoris procurrens
54,14
15,79
9,687
7,305
55,59
71,8
81,74
89,24
194
44,3
27,5
23,4
0
2,25
0
0,5
2,399
21,5
13,46
91,71
23,75
38,61
4,25
12,9
8,75
4
0,25
0
11,14
50,92
6,13
4
7,267
5,736
23,14
17,49
10,34
58,94
65,28
25,79
45,29
56,82
6,13
3,5
3,63
12,9
8,75
0,875
0,125
22
0
0,333
6,386
63,93
6,13
0,333
5,801
39,74
70,4
42,11
6,13
0,5
0
22
9,56
8,299
5,395
4,665
52,24
61,03
66,75
71,69
4
0
2,25
1,88
0,333
3,33
0,333
0
As espécies que contribuíram para a dissimilaridade das comunidades
analisadas foram: Buenoa amnigenus, Tenagobia incerta, Microvelia pulchella.
Sendo que a espécie Buenoa amnigenus foi a principal responsável pela
dissimilaridade da Ilha e da Baía Grande, com a maior contribuição com uma
percentagem de 54,1%. Isto porque, nenhum notonectídeo foi encontrado na Baía
Grande e na Ilha a espécie B. amnigenus foi a mais abundante deste ambiente.
Os resultados da Análise de Similaridade mostraram que todos os hábitats,
quando comparados par a par, diferem entre si. A espécie B. amnigenus foi a
espécie mais abundante e dominante em uma comunidade analisada.
40
CONCLUSÃO
A comunidade de espécies de Heteroptera não pode ser considerada um
bom indicador da integridade ambiental, pois, este grupo não sofre grandes
modificações na estrutura da sua comunidade de acordo com os diferentes níveis
de degradações ambientais. Este grupo apresenta uma maior tolerância às
modificações ambientais, possivelmente, por estar inserido em um nível mais alto da
cadeia alimentar (predadores, com apenas alguns fitófagos), e por estarem neste
patamar sofrerão indiretamente, e tardiamente, os efeitos desta modificação.
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46
CAPÍTULO 3
Gerromorpha e Nepomorpha em estádios ninfais: saúde e integridade de
ambientes aquáticos em uma região do Pantanal de Miranda-Aquidauana,
Mato Grosso do Sul
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo determinar a composição taxonômica e analisar a
estrutura da comunidade de percevejos aquáticos em estágios imaturos em uma
região do Pantanal de Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul. Na Fazenda Baía
Grande foram marcadas quatro áreas para a coleta dos heterópteros aquáticos: três
em ecossistema lênticos, denominados Baía Grande, Açude e Ilha, e uma em
ecossistema lótico, denominada como Córrego. Utilizou-se a rede D para a coleta
dos heterópteros aquáticos, sendo que a entomofauna aquática visada estava
associada ao filme d’água e à vegetação marginal. Em cada unidade amostral foram
realizados três lances de rede D, com uma área de 600 cm 2 e malha de 300 µm.
Para que se tenha conhecimento da estrutura da comunidade, utilizaram-se os
seguintes parâmetros: Índice de Diversidade de Shannon (log n), Equitabilidade de
Shannon, Riqueza por Rarefação e Análise Multivariada de Similaridade ANOSIM.
Foram coletadas 9310 ninfas de heterópteros pertencentes às infraordens
Nepomorpha e Gerromorpha, distribuídos em 11 famílias e 19 gêneros, em quatro
ambientes com diferentes processos de antropização. O Açude foi dissimilar com
todos os outros ambientes, devido a maior dominância do gênero Buenoa. A
comunidade de ninfas de Heteroptera nos ambientes estudados não permitiu uma
caracterização dos ambientes quanto ao seu estado de conservação.
47
PALAVRAS-CHAVE: Estrutura da comunidade, insetos aquáticos, Hemiptera,
Heteroptera, percevejos aquáticos, percevejos semi-aquáticos.
ABSTRACT
This study aimed to determine the taxonomic composition and analyze the
community structure of aquatic bugs in immature stages in a region of the Pantanal
Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul State. Four areas were marked for
collection of aquatic Heteroptera at Fazenda Baia Grande: three in lentic ecosystem,
called Lake, Dam Reservoir and Dam Pool, and one in lotic ecosystem, known as
Stream. It was used the D net to collect the aquatic Heteroptera since that the
aquatic insect was associated with the water surface and shoreline vegetation. At
each sampling unit three D net casts were done, with an area of 600 cm2 and a
mesh of 300 µm. To understand the community structure, we used the following
parameters: Shannon Diversity Index (logn), Equitability Shannon, Wealth
Rarefaction and Multivariate Analysis of Similarity ANOSIM. We collected 9310
nymphs
of
heteropterans
which
belong
to
infraorders
Nepomorpha
and
Gerromorpha, distributed in 11 families and 19 genera in four areas with different
processes of human degradation. The Dam was dissimilar to all other areas due to
greater dominance of the genre Buenoa. The nymphs’ community of Heteroptera in
the studied areas did not allow a characterization of the areas when it is related to
their environmental conservation.
KEYWORDS: Community structure, aquatic insects, Hemiptera, Heteroptera,
aquatic bugs, semi aquatic Bugs.
48
1. INTRODUÇÃO
A degradação ambiental é responsável pela perda da biodiversidade em
ecossistemas naturais, o que gera a simplificação destes e a perda da integridade
ecológica (Goulart et al. 2002). Dentre as possíveis degradações de origem
antrópica, a supressão de vegetação ciliar diminui a entrada de matéria orgânica de
origem alóctone, que é a principal fonte de energia primária dos ecossistemas
aquáticos (Polhemus et al. 2004).
Este extrativismo está causando quedas rápidas e significativas nos
hábitats, e na estrutura de comunidades dos ecossistemas dulcícolas (Dias-Silva et
al. 2010). Devido à sequente degradação das matas ciliares tem-se a necessidade e
o interesse de estudos de conservação da biodiversidade aquática (Goulart et al.
2002). A conservação efetiva de biotas regionais requer informações precisas sobre
a distribuição, composição taxonômica, endemismo, e riqueza local de assembleias
em várias escalas geográficas (Polhemus et al. 2008).
As alterações ambientais podem afetar a estrutura da comunidade,
especialmente de espécies sensíveis que podem se tornar mais ou menos
abundantes ou desaparecer, na presença de distúrbios (Taniwaki & Smith 2011).
Estas espécies são conhecidas como bioindicadoras e têm uma capacidade limitada
para migrar, sendo altamente suscetíveis aos impactos ambientais (Moura-Silva et
al. 2008, Callisto et al. 2010). Os insetos aquáticos constituem o grupo taxonômico
mais utilizado como bioindicadores (Goulart & Callisto 2003, Baptista 2008).
Neste contexto, as espécies da subordem Heteroptera ocupam um amplo
espectro de hábitats aquáticos e têm uma grande variedade de formas, adaptados a
vários nichos, sendo importantes componentes tróficos de ecossistemas aquáticos
(Polhemus 1996). De acordo com Goulart et al. (2002), a distribuição e diversidade
49
de heterópteros aquáticos são determinadas pela presença de macrófitas aquáticas,
disponibilidade de alimento e diversidade de substrato.
A
subordem
Heteroptera
(Hemiptera)
constitui
um
grupo
de
macroinvertebrados aquáticos, composto pela infra-ordem Nepomorpha, que possui
hábitos nectônicos ou bentônicos e inclui os percevejos verdadeiramente aquáticos
(com exceção das famílias Gelastocoridae e Ochteridae, que são encontrados nas
margens dos ecossistemas aquáticos), e pela infra-ordem Gerromorpha, que
contêm espécies semi-aquáticas e apresenta hábito pleustônico (Nieser & Melo
1997).
Quanto à biologia dos heterópteros aquáticos, o ciclo de desenvolvimento
envolve: o ovo, a ninfa (que apresenta 5 instares, com exceção para Microvelia, que
têm 4 estágios ninfais) e o adulto (Nieser & Melo 1997).
O objetivo deste estudo foi avaliar a estrutura da comunidade através da
composição taxonômica de heterópteros aquáticos (Nepomorpha) e semi-aquáticos
(Gerromorpha) de estágios ninfais em ecossistemas aquáticos localizados na
Fazenda Baía Grande, Pantanal de Miranda-Aquiadauana, Mato Grosso do Sul,
Brasil.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de Estudo
O estudo foi realizado em dois tipos de ecossistemas: lêntico e lótico, em
uma propriedade denominada Fazenda Baía Grande, município de Miranda, Mato
Grosso do Sul - região do Pantanal Miranda-Aquidauana – segundo a classificação
de Mercante et al. (2012). No local foram demarcadas quatro áreas para a coleta
dos heterópteros aquáticos (Figura 1).
50
58ºw
56ºw
57ºw
55ºw
56º22’46”
20º19’36”
N
16ºS
17ºS
18ºS
19ºS
20ºS
21ºS
0
22ºS
100
Km
0
3
56º11’32”
20º27’32”
6
Km
56º23’33”
20º23´18”
Área de Coletas
Limites da Bacia Hidrográfica
Rio Miranda
Canal de 1ª Ordem
Canal de 2ª Ordem
Canal de 3ª Ordem
Canal de 4ª Ordem
Laboratório de Geoprocessamento LABGEO
Universidade Anhanguera-Uniderp
Org.: GUIMARÃES, T.F.S. e SILVA, M.H.S.
Fonte: Zani (2008) e Imagem Google Earth - Spot,
2012
0
650
1.300
M
20º25’32”
56º19’39”
Figura 1. Localização da área de estudo na Fazenda Baía Grande e hierarquia fluvial do córrego, Pantanal
de Miranda-Aquidauana, Mato Grosso do Sul.
51
2.1.a. Baía Grande
Ambiente lêntico (20° 24’ 33.1’’ S 56° 22’ 51.4’’ W) de origem natural que
possui 278.029,76 m² de área e apresenta comunicação com o Rio Miranda e com
campos alagáveis durante o período de cheia. Possui ao seu redor vegetação ripária
de grande densidade, resultado do processo de sucessão ecológica.
2.1.b. Açude
Ambiente lêntico de origem artificial (20° 24’ 13’’ S 56° 21’ 30’’ W), sofrendo
a influência direta da pecuária local, pois serve de bebedouro para o gado. Esta
área de 81.956,89 m² não apresenta comunicação com os campos alagáveis no
período de cheia, apresentando uma vegetação ripária secundária e com baixa
densidade.
2.1.c. Ilha
A Ilha possui 13.653,39 m² de área, é um ambiente lêntico artificial (20° 24’
26’’ S 56° 20’ 37.9’’ W) e, igualmente, não está em contato com as áreas alagáveis,
podendo ser observada ao seu redor uma fisionomia ripária aberta e vegetação de
porte escassa, localizada próxima da sede da fazenda, a menos de 100 metros.
2.1.d. Córrego
É o único ambiente semi-lótico (20° 23’ 40.1’’ S 56° 20’ 46.4’’ W), e de
acordo com a classificação de Strahler (Cristofoletti 1980) possui um canal de 4ª
ordem (Figura 1). Utilizou-se o termo semi-lótico (Carvalho & Niessimian 1998 apud
52
Da-Silva et al. 2010), pois este ambiente apresenta um represamento devido à
comunicação com as áreas alagáveis do entorno.
A vegetação local possui dossel coberto formando mata de galeria que é
composta por espécies pioneiras e apresenta comunicação com as áreas
inundáveis, porém com ausência de macrófitas.
Este ecossistema foi considerado o controle, servindo como referência para
os três ambientes lênticos, devido às condições ambientais estarem mais próximas
do natural.
2.2. Coleta e identificação do material
Foram demarcadas, nos três ambientes lênticos, oito unidades amostrais
equidistantes e no córrego foi selecionado um trecho de 30 metros divido em três
subseções.
Em cada unidade amostral foram realizados três lances de rede D, com
uma área de 600 cm2 e malha de 300 µm, visando a entomofauna aquática
associada ao filme d’água e à vegetação marginal (Merritt et al. 1996, Bicudo &
Bicudo 2004).
O material coletado foi acondicionado em sacos plásticos, fixado/conservado
em álcool 80% in situ, devidamente vedados e identificados e transportados ao
Laboratório de Pesquisa em Entomologia da Universidade Anhanguera-Uniderp para
triagem com auxilio de uma caixa transiluminada. A identificação e contagem dos
heterópteros foram realizadas por meio de um estereomicroscópio, com o auxílio de
literatura especializada (Merritt & Cummins 1996, Nieser & Melo 1997, Heckman
2011, Triplehorn & Johnson 2011) para identificação ao menor táxon possível,
preferencialmente gênero.
53
2.3. Caracterização física e química da água
Em cada unidade amostral foram analisados os parâmetros físicos e
químicos da água in loco, tais como: temperatura da água, pH, condutividade
elétrica, oxigênio dissolvido e transparência da água, além da luminosidade,
temperatura e umidade relativa do ar. Para tais avaliações dos parâmetros físicos e
químicos da água foram utilizados os seguintes materiais, respectivamente:
termômetro, pHmetro, condutivímetro, oxímetro, disco de secchi, luxímetro e
termohigrômetro.
2.4. Análise dos dados
Através do software Past, os dados foram analisados de acordo com cada
ambiente para o conhecimento da estrutura da comunidade, utilizando-se os
seguintes parâmetros: Índice de Diversidade de Shannon (logn), Equitabilidade de
Shannon, Riqueza por Rarefação, Análise Multivariada de Similaridade ANOSIM e
Análise de Dissimilaridade SIMPER (Krebs 1989, Hammer et al. 2001, Melo & Hepp
2008).
2.5. Obtenção das imagens
2.5.1. Estimativa da área dos ambientes lênticos
O software Ge-PATH 1.4.6.é um programa auxiliar do Google Earth®
utilizado no cálculo da área de superfície (Sgrillo 2006) e foi utilizado para calcular a
área dos ambientes lênticos estudados.
54
2.5.2. Localização das áreas e Hierarquia fluvial
Para a localização das áreas de estudo e a hierarquia fluvial do Córrego
foram utilizados os softwares Google Earth® para a determinação das áreas via
imagens de satélites e o CorelDRAW® Graphics Suite 12.0 para edição das imagens
e elaboração do mapa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Fatores Abióticos
Nos períodos de coleta, os fatores abióticos não alteraram significativamente
de um ambiente para outro (Tabela 1) o que é esperado para ecossistemas
aquáticos tropicais (Huamantinco & Nessimian 2000), resultados semelhantes foram
obtidos por Silva et al. (2008) no Pantanal do Negro. Com exceção dos valores
referentes à condutividade elétrica e o oxigênio dissolvido da Ilha, que teve certa
diferença quando comparados aos outros ambientes. Isto se deve, provavelmente,
ao fato de que os elementos acima citados são inversamente proporcionais,
comprovando que a Ilha por apresentar elevada taxa de oxigênio dissolvido não
recebe despejo direto de efluentes, estando extremamente favorável para o
crescimento biótico deste ecossistema.
55
Tabela 1. Média dos fatores abióticos nos ambientes de coleta no período de agosto
de 2011 à janeiro de 2012, Fazenda Baía Grande, Pantanal de Miranda-Aquidauana.
VARIÁVEIS
Tágua⁰C
AÇUDE BAÍA GRANDE ILHA CÓRREGO
34,8
30,3
33,4
25,9
145,8
201,4
74,7
256,4
11,3
7,0
16,8
9,6
pH
7,7
7,9
7,9
8,1
Transparência Secchi (cm)
17,6
33,2
18,1
26,6
Tar⁰C
35,0
37,0
34,7
32,1
UR (%)
42,7
47,4
46
61,8
Luminosidade (x100 lux)
473,5
647,7
345,2
11,3
Cond.µS.cm-1
OD mg.L
-1
3.2. Abundância e diversidade
As ninfas de heterópteros aquáticos foram capturadas no Córrego, na Baía
Grande, no Açude e na Ilha, nos meses de agosto de 2011 à janeiro de 2012. Foi
possível identificar 19 gêneros pertencentes às infraordens Nepomorpha e
Gerromorpha, distribuídos em 11 famílias, totalizando 9310 indivíduos jovens
(Tabela 2).
56
Tabela 2. Abundância de heterópteros aquáticos imaturos encontrados nos
ambientes lênticos e lótico no Pantanal de Miranda-Aquidauana.
BAÍA
FAMÍLIA
GÊNERO
ILHA
AÇUDE
BELOSTOMATIDAE
Belostoma
92
72
67
9
MICRONECTIDAE
Tenagobia
80
165
4
1
GELASTOCORIDAE
*Nertha
0
1
0
0
GERRIDAE
Limnogonus
74
3
16
9
Neogerris
3
1
0
0
Rheumatobates
110
656
102
49
Tachygerris
0
0
1
0
HEBRIDAE
Hebrus
0
0
9
0
HYDROMETRIDAE
Hydrometra
0
1
0
0
MESOVELIIDAE
Mesovelia
35
101
2
16
NAUCORIDAE
Pelocoris
11
42
111
1
NEPIDAE
Ranatra
9
8
0
0
Curicta
0
4
0
0
Buenoa
1312
3174
21
12
Martarega
1268
186
0
6
Notonecta
17
7
1
0
PLEIDAE
Neoplea
708
2
130
0
VELIIDAE
Microvelia
549
4
6
41
Steinovelia
0
0
1
0
4268
4427
471
144
NOTONECTIDAE
TOTAL
GRANDE
CÓRREGO
*Semi-aquático.
Os heterópteros aquáticos imaturos constituem mais da metade dos adultos
coletados no mesmo período (c.f. Capitulo 2). Costa (2006) afirma que as formas
imaturas são muito mais abundantes que as adultas da mesma amostra.
Para imaturos, outubro é o mês que apresenta a maior abundância de
indivíduos (Figura 2). Isto se deve ao início do período chuvoso da região, o que
gera um aumento da entrada alóctone de nutrientes, teoria confirmada pelo aumento
57
visível de macrófitas aquáticas nos ambientes lênticos de coleta. Alguns dos fatores
responsáveis pela distribuição das populações de invertebrados, devido às pressões
competitivas é chamada de deslocamento passivo unidirecional em ecossistemas
lóticos. Essa dispersão espacial é conhecida como deriva (drift) constituindo
importante processo de dispersão e colonização de novas áreas por estádios
imaturos (Brittain & Eikeland 1988).
Figura 2. Abundância absoluta das quatro áreas de coleta nos meses de agosto de
2011 à janeiro de 2012.
Portanto pode-se observar que o regime hidrológico do Pantanal, além de
ser responsável pela entrada de nutrientes (Alho & Gonçalves 2005), diversidade e
abundância de macrófitas aquáticas (Pott 2007), também é responsável pela
distribuição dos insetos aquáticos (Uieda & Gajardo 1996, Kikuchi & Uieda 1998,
Peiró & Alves 2006, Souza-Franco et al. 2009, Silva et al. 2009, Silva et al. 2012),
notadamente os heterópteros.
58
Os ambientes Ilha e Açude obtiveram maior abundância e riqueza observada
de indivíduos, representando 93,4% do total de imaturos coletados, incluindo 08
famílias com 13 gêneros para a Ilha e 16 gêneros pertencentes a 10 famílias no
Açude, com total de 8695 indivíduos.
Com relação ao número de indivíduos, os notonectídeos foram os mais
abundantes apresentando 6004 exemplares, representando 64,5% do total de
indivíduos coletados. Isto se deve ao fato, dos representantes desta família ser
menos suscetíveis às alterações da coluna d’água (Neri et al. 2005). Buenoa foi o
gênero mais abundante, com 4519 espécimes, com 48,5% do total.
O Açude apresentou a menor diversidade de gêneros de acordo com o
Índice de Diversidade de Shannon (H’ = 1,059 nit. indivíduo-1), o menor índice de
igualdade, devido a maior dominância do gênero Buenoa, o que o tornou dissimilar
com todos os outros ambientes. A Baía Grande e o Córrego apresentaram as
maiores diversidades de heterópteros aquáticos em estádios imaturos (Tabela 3), os
maiores Índices de Igualdade e por consequência, os menores Índices de
Dominância.
Tabela 3. Espécies (S), Indivíduos (N), Dominância (D), Índice de Diversidade de
Shannon (H) e Índice de Equitabilidade ou Igualdade de Shannon (J) em cada
ambiente estudado no Pantanal de Miranda-Aquidauana.
ÍNDICES
ILHA
AÇUDE BAÍA GRANDE
CÓRREGO
S
13
16
13
9
N
4268
4427
471
144
D
0,2287
0,54
0,2026
0,2258
H
1,702
1,023
1,792
1,724
J
0,6634
0,369
0,6988
0,7845
59
3.3. Equitabilidade e Dominância
O Açude foi o único ambiente que apresentou a menor equitabilidade (J=
0,369) obtida pelo Índice de Shannon, confirmado pelo alto Índice de Dominância
(D= 0,54). A equitabilidade foi considerada alta nos demais ambientes (Tabela 2),
demonstrando que os indivíduos encontram-se bem distribuídos dentro de uma
comunidade.
A dominância observada da comunidade do Açude é do gênero Buenoa, que
representa 71,7% do total de indivíduos deste ambiente. Isto devido ao fato, de que
os indivíduos deste gênero vivem, preferencialmente, em ambientes lênticos com
pouca ou nenhuma vegetação marginal (Nieser et al. 1997).
3.4. Riqueza de espécies
Os dois ambientes lênticos e de origem artificial, Açude e Ilha, apresentaram
a maior abundância e riqueza observada de espécies. Sendo que, na Ilha a riqueza
obtida por rarefação aponta uma assíntota da curva, indicando que a riqueza
observada condiz com a riqueza real (Figura 3). No Açude, na Baía Grande e no
Córrego, a curva de rarefação tende a uma estabilização (Figura 3B, 3C e 3D).
60
Figura 3. Curva de Rarefação: A. Ilha; B. Açude; C. Baía Grande; D. Córrego.
3.5. Similaridade
A análise de similaridade ANOSIM, utilizada para testar as diferenças na
composição de espécies nas áreas preservadas e degradadas, com a finalidade de
apontar as diferenças na estrutura de espécies entre as áreas (Melo & Hepp 2008),
indica que todos os hábitats, quando comparados par a par, apenas a Ilha e o
Córrego apresentam similaridade entre si, indicando que as comunidades de
gêneros de heterópteros aquáticos imaturos da Ilha e do Córrego apresentam
estruturas de comunidade semelhantes (Tabela 4). O que explicaria esta
similaridade de uma comunidade de um ambiente degradado com outro em melhor
estado de conservação é a capacidade de resilência de um ecossistema, que é a
capacidade deste ambiente de retornar seu estado organizado quando exposto a
perturbações. Para tanto, esta capacidade é responsável pela relação da biota com
o ecossistema, mantendo seu equilíbrio ativo (Baptista 2008).
61
Tabela 4. Comparação por ANOSIM dos hábitats amostrados, para as comunidades
de heterópteros imaturos.
Valores de p corrigido
Comparação
Valores de R
ILHA x AÇUDE
0,6127
0,006006
ILHA x BAÍA GRANDE
1
<0,0001
ILHA x CÓRREGO
1
0,05405
AÇUDE x BAÍA GRANDE
0,9905
<0,0001
AÇUDE x CÓRREGO
0,9704
0,03604
BAÍA GRANDE x CÓRREGO
0,957
0,03003
Resultados
de
ANOSIM
com
base
em
(Bonferroni)
distância
Bray-Curtis
(número de permutações = 999, α = 0,05).
Como a maioria das comunidades, quando comparadas par a par,
apresentam diferenças significativas em sua composição (ANOSIM, p =0,05), foi
realizada a Análise de Dissimilaridade (SIMPER). Esta análise permite a
comprovação de quais gêneros interferem na dissimilaridade das comunidades de
heterópteros aquáticos em estádios ninfais (Tabela 5), mostrando que o gênero
Buenoa foi o principal responsável pela diferença entre a comunidade do Açude com
todos os outros ambientes (Ilha, Baía Grande e Córrego).
62
Tabela 5. Contribuição das cinco principais espécies na dissimilaridade entre as
comunidades de heterópteros aquáticos em estádios ninfais.
COMPARAÇÃO
GÊNEROS
CONT% ACUM.% AB.MED.1 AB.MED.2
Buenoa
23,57
35,74
157
397
Martarega
14,8
58,18
159
23,3
Neoplea
8,994
71,82
88,5
0,25
Rheumatobates
7,643
83,41
13,8
82
Microvelia
5,978
92,48
68,6
0,5
Martarega
28,79
32,57
159
0
ILHA
Buenoa
24,61
60,41
157
2,63
x
Neoplea
13,45
75,62
88,5
16,3
BAÍA GRANDE
Microvelia
9,753
86,66
68,6
0,75
Rheumatobates
3,401
90,5
13,8
12,8
Buenoa
58,99
65,73
397
2,63
Rheumatobates
12,33
79,46
82
12,8
Martarega
3,756
83,65
23,3
0
Tenagobia
3,547
87,6
20,6
0,5
Neoplea
3,268
91,24
0,25
16,3
Buenoa
58,68
67,44
397
6
AÇUDE
Rheumatobates
12,36
81,65
82
22
x
Martarega
4,15
86,42
23,3
2,67
CÓRREGO
Tenagobia
3,606
90,56
20,6
0,333
Microvelia
2,358
93,27
0,5
12,7
Neoplea
14,75
22,68
16,3
0
Rheumatobates
11,91
40,98
12,8
22
Pelocoris
11,81
59,14
13,9
1,33
Microvelia
9,125
73,17
0,75
12,7
Mesovelia
4,525
80,13
0,25
5,33
ILHA
x
AÇUDE
AÇUDE
x
BAÍA
GRANDE
BAÍA
GRANDE
x
CÓRREGO
Cont.= Contribuição; Acum.= Acumulação; Ab. Med. 1= Abundância Média do grupo
1; Ab. Med. 2= Abundância Média do grupo 2.
63
Além do gênero Buenoa, os gêneros Martarega e Neoplea contribuíram para
a dissimilaridade das comunidades analisadas. Sendo que, o gênero Martarega foi o
principal responsável pela diferença entre as comunidades da Ilha e da Baía Grande,
devido ao fato de não ter sido encontrado nenhum exemplar deste gênero na Baía
Grande, mesmo sendo a Baía Grande lugar apropriado para as espécies de
Martarega, que vivem em água mais lentas de riachos e em ambientes lênticos
associados a estes riachos (Nieser & Melo 1997). Isto se deve, provavelmente, pela
dimensão da Baía Grande que é de 278.029,76 m², equivalente a 20,4 vezes a área
da Ilha, que é de 13.653.39 m².
O gênero Neoplea contribuiu para a dissimilaridade entre as comunidades
da Baía Grande e do Córrego, por não estar presente na composição taxonômica do
Córrego, devido ao fato de que a maioria das espécies desta família preferem
ambientes lênticos e macrófitas em abundância (Nieser & Melo 1997).
A comunidade de heterópteros aquáticos da Ilha por apresentar semelhança
com a comunidade do Córrego mostra que, um ambiente degradado não difere de
um ambiente preservado, indicando que os heterópteros aquáticos não são bons
indicadores ambientais uma vez que este grupo tem, na sua maioria, indivíduos
predadores de outros invertebrados, presentes em ambientes onde a sucessão
ecológica já esta em adiantado estágio sucessionais secundária tardia (Budowski
1963).
Isto devido ao fato deste grupo, especificamente, ser mais tolerante às
modificações do ambiente, o que provavelmente está relacionado com a estrutura
trófica no qual o grupo se encontra (a maioria predador).
64
4. CONCLUSÃO

A comunidade de ninfas de Heteroptera nos ambientes em estudo não permitiu uma
caracterização dos ambientes quanto ao seu estado de conservação.

Apenas
os gêneros
Neoplea,
Buenoa
e
Martarega
contribuíram
para a
dissimilaridade entre os ambientes.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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70
CONCLUSÃO GERAL
O estudo mostrou que os percevejos aquáticos em estádios ninfais e
imaginais não foram suficientes para classificar os ambientes quanto à qualidade
ambiental. O que pode ser justificado devido a uma inferência estatística, um erro
tipo II, e/ou pela estrutura trófica no qual este grupo se encontra, sendo a maioria
topo da cadeia alimentar e que na sucessão ecológica seriam os últimos a
aparecerem, sendo assim mais tolerantes. Dado o exposto, conclui-se que o
ambiente está tendendo à estabilização.
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