Acidentes por animais
peçonhentos
Residente de pediatria HRAS/SES/DF
Luciana Silva Machado
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 7 de maio de 2009
Gênero Bothrops
•Responsável por 90% dos
envenenamentos.
•Jararaca, ouricana,
jaracuçu, etc
•Habitam zonas rurais e
periferia
•Hábitos noturnos
comportamento agressivo.
Ações do veneno Bothops



Ação proteolítica:
-Proteases,hialuronidases e fosfolipases
Ação coagulante:
-Ativa fator X e protrombina.Fibrinogênio em fibrina.
Ação hemorrágica:
-Alteração na membrana basal, plaquetopenia e
alteração da coagulação.
Quadro clínico
Dor, edema.
 Sangramento no local da picada e gengivorragias,
epistaxes, hematêmese, hematúria.
 Náuseas,vômitos, sudorese, hipotensão, choque.
 Classificação
- Leve: dor e edema local
- Moderada: Dor e edema que ultrapassa o seguimento
anatômico.
- Grave: edema local intenso e extenso podendo levar a
isquemia e compressão dos feixes nervosos.

Classificação


Complicações locais
-Síndrome compartimental: isquemia de extremidades
-Abscesso: G-, anaeróbios
-Necrose: ação proteolítica.
Complicações sistêmicas
-Choque: Liberação de substâncias vasoativas
-IRA: ação direta do veneno nos rins.
Exames complementares




Tempo de coagulação
Hemograma: leucocitose com neutrofilia,
plaquetopenia.
EAS: proteinúria, hematúria e leucositúria.
Métodos de imunodiagnostico: elisa.
Tratamento




Específico: soro antibotrópico (SAB) i.v. Na falta
deste, soroantibotrópico-crotálico (SABC) ou
antibotrópicolaquético (SABL).
Geral: Manter elevado e estendido o segmento
picado;Analgésicos; Hidratação; Antibioticoterapia.
Complicações locais:síndrome de compartimento:
fasciotomia, debridamento de áreas necrosadas e
drenagem de abscessos
Prognóstico: Geralmente é bom. A letalidade nos
casos tratados e 0,3%.
Acidente crotálico


77% dos acidentes ofídicos
Cascaveis.
Ação do veneno
Neurotóxico:
- crotaxina inibe a liberação da acetilcolina, havendo
bloqueio neuromuscular.
 Ação miotóxica:
- rabidomiólise
 Ação coagulante:
- incoagulabilidade sanguínea(fibrinogênio em fibrina)
-geralmente não há redução do numero de plaquetas

Quadro clínico
Poucas manifestações locais
 Gerais:
- mal estar, sudorese, náuseas, prostração
 Neurológicas:
- fácies miastênicas (fácies nourotóxicas de Rosenfeld),
oftalmoplegia, diplopia.
 Musculares:
-mialgias e mioglobinúria
 Disturbio da coagulação: aumento TC, gengivorragia.


Complicações
-Locais parestesias locais duradouras, reversíveis após
algumas semanas.
-Sistêmicas: insuficiencia renal aguda, com necrose
tubular, geralmente de instalação nas primeiras 48
horas.
Exames complementares:

Sangue :aumento da creatinoquinase (CK),
desidrogenase lática (LDH),aspartase-aminotransferase (AST), aspartase-alaninotransferase,(ALT), aldolase, uréia, creatinina, ác
úrico, fósforo, potássio e calcemia. Tempo de
Coagulação >.Leucocitose, com neutrofilia e desvio à
esquerda.

Urina: sedimento urinário normal quando não há
IRA e proteinúria discreta. Com IRA, hematúria.
Presença de mioglobina.
Tratamento
Específico: Soro anticrotálico, i.v. Pode ser utilizado
soro,antibotrópico-crotálico (SABC).
 Geral:
-Hidratação
-diurese osmótica com monitol 20%.
-Oliguria usar furosemida.
-Ph urinário > 6.5, pela administraçâo de bicarbonato
de sódio
 Prognostico bom, se atendido até 6h da picada.

Acidente laquético


Poucos acidentes relatados
Áreas florestais
Ações do veneno




Ação proteolítica: proteases
Ação coagulante: trombina
Ação hemorragica
Ação neurotóxica: estímulo vagal.
Quadro clínico
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



Semelhante ao botropico: dor e edema locais.
Sistêmicas: síndrome vagal (hipotensão arterial,
tontura, bradicardia, etc).
São classificadas como moderada a grave
Complicações: mesma do botrópico
Exames complementares:TC, hemog, Ur, Cr,
eletrólitos.
Tratamento


Tratamento específico: Soro antilaquético (SAL), ou
antibotrópico-laquético (SABL), na ausência dos 2,
soro antibotrópico (não neutraliza de maneira eficaz a
ação coagulante do veneno laquético).
Tratamento geral: Mesmas medidas indicadas para
o acidente botrópico.
Acidente elapídico
• 0,4% dos acidentes no Brasil.
•Evolui para insuficiência
respiratória aguda.
Ações do veneno

Neurotoxina ação pós sináptica: compete com a
acetilcolina pelos receptores colinérgicos da junção
neuromuscular, semelhante ao curare.

Neurotoxina ação pré-sináptica:atuam na junção
neuromuscular, bloqueando a ação de Ach pelos
impulsos nervosos, impedindo o potencial de
ação.Não e antagonizado pelas substâncias
anticolinergicas.
Quadro clínico



1H após a picada
Dor local e parestesia
Fraqueza muscular progressiva, ptose palpebral,
oftalmoplegia, fácie miastênica, dificuldade p
deglutir, IRA.
Tratamento



Específico: soro antielapídico 10 ampolas.
Tratamento geral :Nos casos de insuficiência
respiratória-ventilação artificial. Anticolinesterásicos
(neostigmina).
Em todos os casos por acidentes por coral devem ser
considerados como potencialmente graves.
Escorpionismo
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


Importância por freqüência e gravidade em
crianças.(Tityus serrulatus).
Notificações por 50% do total: MG, SP.
Principais:T. serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus.
Lugares da picada: membros superiores 65%.
Animais carnívoros, insetos, hábitos noturnos.
Podem sobreviver vários meses sem alimento e água.
•Tityus serrulatus
Serrilha dorsal nos dois
últimos segmentos.
Mede de 6 cm a 7 cm.
•Distribuição geográfica:
Bahia, Espírito Santo,
Goiás, Minas Gerais,
Paraná, Rio de Janeiro e
São Paulo.
Tityus bahiensis
marrom-escuro, patas e
pedipalpos com manchas
escuras.Mede de 6 cm a 7 cm

Distribuição geográfica:
Goiás, São Paulo, Mato
Grosso do Sul, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina.

• Tityus stigmurus
amarelo-escuro,triângulo
negro no cefalotórax, uma
faixa escura longitudinal
mediana e manchas laterais
escuras nos tergitos.Mede
de 6 cm a 7 cm.
•Distribuição geográfica:
Nordeste do Brasil.
Tityus cambridgei
Tronco e pernas
escuros, quase negros
Mede cerca de 8,5 cm
Distribuição geográfica:
região Amazônica.
Tityus metuendus
Vermelho-escuro, quase negro
patas com manchas amareladas;
apresentando um
espessamento dos últimos dois
artículos.Mede de 6 cm a 7 cm
Distribuição geográfica:
Amazonas, Acre e Pará.
•Tityus fasciolatus
Listrado amarelo e preto.
Mede de 4 cm a 8,5 cm
•Distribuição
geográfica:
Goiás e DF.
Ações do veneno

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


Dor local.
Efeitos complexos nos canais de sódio,
Despolarização da terminações nervosas pós
ganglionares.
Liberação de catecolaminas e acetilcilina
Efeitos simpáticos e parasimpáticos.
Quadro clínico
Dor local e parestesias
 Sistêmicas:
-Gerais:hipo ou hipertermia e sudorese
-Digestivas: náuseas , vômitos, sialorréia.
-Respi: taquidispnéia, edema pulmonar agudo
-Neur: agitação, sonolência, confusão mental.

Classificação




Leves: dor local e parestesias
Moderada: dor intensa e manifestações sistêmicas
Graves: Sudorese profunda, salivação, vômitos
incoercíveis,agitação, prostração, insuficiência
cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e
coma.
Exames complementares:eletro,elisa, glicose e
amilase elevados, leucositose, hipopotassemia,
hiponatremia.Rx de tórax
Tratamento
Sintomático: Consiste no alívio da dor
 Específico: Consiste na administração i.v. de soro
antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr)
nos casos moderados e graves.
 Manutenção das funções vitais:Controle da função
cardíaca e uso de respiração artificial em casos de
edema pulmonar agudo.

Araneísmo





Importantes:Phoneutria, Loxosceles eLatrodectus.
Incidência 1,5 casos por1000.000 habitantes.
São animais carnívoros, alimentam-se de insetos.
Tem hábitos domiciliares
Nas quelíceras estão os ferrões.
Phoneutria
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


Aranhas armadeiras, 42,2% dos casos
Atingem de 3 a 4cm e até 15cm de envergadura.
Não constroem teias geométricas, caçam a noite.
Estado sul e sudeste.
Ações do veneno
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

Ativação e inativação dos canais neuronais de sódio
Despolarização das fibras sensitivas , musculares,
motoras e do sistema nervoso autônomo, liberação de
neurotransmissores, principalmente acetilcolina e
catecolaminas.
Contração da musculatura lisa vascular e aumento da
permeabilidade vascular, por calicreina-cininas e de
óxido nítrico.
Quadro clínico
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
Predominam as manifestações locais
Leves : 91% dos casos, sintomatologia local
Moderados: 7,1% do total de acidentes. Alterações
sistêmicas, taquicardia, hipertensão, sudorese
discreta.
Grave: 0,5% do total, restritos a crianças: sudorese,
sialorréia, priaprismo, vômitos, choque, edema agudo
de pulmão.
Exames:leucocitose com neutrofilia,hiperglicemia,
acidose metabólica
Tratamento
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


Sintomáticos: infiltração anestésica.
Específico: soterapia.
Não dar fenergam.
Prognóstico: Bom, monitoração por 6h.
Loxosceles


Notificados no Paraná e Santa Catarina
Não são agressivas
Ação do veneno

Ação do veneno
-enzima esfingomielinase-D
-Atua sobre os constituintes das membranas das
células, endotélios e hemácias.
-Ativação da cascatas do sistema complemento, da
coagulação e das plaquetas.
-Inflamação, obstrução de pequenos vasos, edema
hemorragia e necrose local.
Quadro clínico

Forma cutânea: 87-98% dos casos. Lenta e progressiva, dor,
edema e eritema no local da picada,se acentuam nas primeiras
24-72 h, podendo variar sua apresentação desde:
-Lesão incaracterística bolha de conteúdo seroso, edema,calor
e rubor, com ou sem dor em queimação;
-Lesão sugestiva enduração, bolha, equimoses e dor em
queimação;
-Lesão característica dor em queimação, lesões hemorrágicas
focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa
marmórea) e necrose. Geralmente o diagnóstico é feito nesta
oportunidade.

Forma cutâneo-visceral (hemolítica)
-Manifestações clínicas decorrentes de hemólise
intravascular anemia, icterícia e hemoglobinúria
(primeiras 24 horas).
- Petéquias e equimoses,relacionadas à coagulação
intravascular disseminada.
-Casos graves insuficiência renal aguda, de etiologia
multifatorial, principal causa de óbito no
loxoscelismo.
Classificação
Leve: lesão incaracterística sem alterações clínicas ou
laboratoriais.
 Moderado: lesão sugestiva ou característica, mesmo
sem a identificação do agente causal, podendo ou não
haver alterações sistêmicas.
 Grave: lesão característica e alterações clínicolaboratoriais de hemólise intravascular.


Complicações:
-Locais: infecção secundária, perda tecidual,
cicatrizes.
-Sistêmicas:Insuficiência renal aguda.

Exames complementares
-Forma cutânea:
hemograma com leucocitose e neutrofilia
-Forma cutâneo-visceral: anemia
aguda,plaquetopenia,reticulocitose,
hiperbilirrubinemia indireta, K+, creatinina e uréia e
coagulograma alterado.
Tratamento






Antiveneno é controvertida na literatura.
Eficácia da soroterapia é reduzida após 36 h do
acidente.
Corticoterapia:40mg vo adultos, 1mg\kg\dia crianças
Dapsone:50-100mg\dia
Analgésicos, compressas frias, anti-séptico local,
antibiótico sistêmico, remoção da escara.
Prognostico bom, difícil cicatrização.
Latrodectus
•Região nordeste
Ação do veneno
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
Terminações nervosas:doloroso local da picada
Sistema nervoso autônomo:
neurotransmissores adrenergicos e colinergicos
Junção neuro muscular pré sináptica
Altera a permeabilidade: Na, K
Quadro clínico
Manifestações locais: dor local (60% dos casos) e sensação
de queimadura 15-60min após a picada. Pápula eritematosa e
sudorese localizada (20% dos casos). Lesões puntiformes,
distando de 1 mm a 2 mm entre si. Na área da picada há
referência de hiperestesia e pode ser observada a presença de
placa urticariforme acompanhada de infartamento ganglionar
regional.



Manifestações sistêmicasGerais: tremores (26%), ansiedade
(12%), excitabilidade,(11%), insônia, cefaléia, prurido, eritema
de face e pescoço.Distúrbios de comportamento e choque nos
casos graves.
Motoras: dor irradiada para os membros inferiores (32%),
contraturas musculares periódicas (26%), movimentação
incessante, atitude de flexão no leito; hiperreflexia
ósteomúsculo-tendinosa constante. Dor abdominal intensa
(18%),acompanhada de rigidez e desaparecimento do reflexo
cutâneoabdominal.Contratura facial, trismo dos masseteres
caracteriza o fácies latrodectísmica observado em 5% dos
casos.

fácies latrodectísmica


Cardiovasculares opressão precordial, com sensação
de morte iminente, taquicardia inicial e hipertensão
seguidas de bradicardia.
Exames complementares: Leucocitose,
linfopenia,eosinopenia. Hiperglicemia,
hiperfosfatemia. Albuminúria,hematúria, leucocitúria
e cilindrúria. Arritmias cardíacas. Essas alterações
podem persistir até por dez dias.




Específico soro antilatrodectus (SALatr) é indicado
nos casos graves, i.m. A melhora do paciente ocorre
de 30 min a 3h
Sintomático :Analgésicos,
Suporte cardiorespiratório e hospitalização por, no
mínimo, 24horas.
Prognóstico Não há registro de óbitos
Aranha Caranguejeira
•Não são de importância
médica.
•Exeto pela irritação do
pêlos na pele e mucosas
Saturnídeo - Lonomia
•Causadora de síndrome
hemorrágica.
•Orugas ou rugas (Sul do
Brasil), beijus-de-tapurudeseringueira(norte do
Brasil).
Obrigada!
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