Publicação da associação brasileira de distribuidores volkswagen
Ano 32 • n• 281
junho 2O1O
Ética
começa
entre as
pessoas
É
Muita gente acredita
piamente que é ética.
Mas não é.
interessante – e difícil – falar sobre valores. Quando o assunto é ser ou não ser ético, mais
ainda. O que é ética para alguns não é para outros. É um valor que se confunde com a maneira de
cada indivíduo pensar a vida. Tem gente que fica bem confortável quando é atendido na frente de
um idoso por descuido do caixa. Foi sorte, ele pensa. E não se sente constrangido ou na obrigação
de dizer: “este senhor estava na minha frente”.
Nas organizações, que, afinal, são pessoas interagindo entre elas e atendendo a outras não é
diferente. Não comprometer-se, não se manifestar em auxílio a um colega injustiçado, não são
consideradas atitudes antiéticas pela maioria das pessoas. Apenas situações normais do trabalho.
Ética define-se como “toda a ação que vise o bem-estar do próximo”. Em outras palavras, vale a
máxima: “não faça ao outro o que não gostaria que fizessem a você”.
É verdade que hoje os departamentos de RH estão implementando programas que valorizem
o comportamento ético nas empresas, mesmo porque os casos de queixas e até processos por
“assédio moral” - pressão psicológica velada ou evidente (ou chacota) que superiores fazem com
os comandados ou que acontece entre colegas - têm crescido sensivelmente.
Ora, se a ética, na acepção da palavra, não existe entre as pessoas que trabalham na organização,
o que será das relações com os fornecedores, e pior, com os clientes?
A verdade é que a imagem do “brasileiro cordial” não tem nada a ver com ser ético. Pesquisas
revelam que ainda estamos bem longe de termos como regra um comportamento ético em todas
as situações sociais.
A declaração de Maria do Carmo Whitaker, professora de ética no MBA e na pós-graduação da
FAAP esclarece com maestria a questão: “O discurso não corresponde à prática. Vou a eventos,
palestras, converso com as pessoas. Há muito discurso, mas não há correspondência na prática.
A obtenção de lucro a qualquer custo é mais sensível que a consciência. O que vem provar que
as empresas usam a responsabilidade social só para marketing. Se tivéssemos bons exemplos de
cima, dos administradores do País, ajudaria muito a difundir ações éticas de fato.” E encerra: “na
dúvida se uma determinada ação ou postura é ética, as pessoas devem se perguntar: isto que
estou fazendo é bom, é justo? Prejudica alguém? Eu gostaria que fizessem isso com meu filho?”
Reflita.
SHOWROOM
Conselho Editorial
3
A mensagem do Conselho Editorial.
5 Cartas
O que dizem sobre Showroom.
6 Quem Passou Por Aqui
Amigos e personalidades que visitaram a
Assobrav e as empresas do Grupo Disal.
8 Gente
Antonio Carlos Gouveia Jr., jornalista,
publicitário, apaixonado por arte e muito
bem-sucedido empresário. Alguém, como
poucos, que conseguiu unir o sonho, o
prazer, a um trabalho bem remunerado.
À frente da conhecida - nacional e
internacionalmente - Editora Décor,
conta, nesta entrevista, como construiu a
empresa que lidera o difícil mercado de
editar livros de arte no Brasil. O mérito
de Gouveia supera os números que lhe
garantem o topo do ranking: mais de 130
livros publicados e mais de um milhão de
livros vendidos no Brasil e no exterior. Ele
e a sócia, Cecília Gouveia, que também é
sua mulher e igualmente viciada no ramo
editorial, superaram muitos problemas
ao longo dos 20 anos hoje celebrados,
principalmente a desmotivação de todos
à sua volta – família, amigos e colegas
jornalistas – que insistiam em dizer:
“publicar arte? Isso não vai dar certo.”
12 TechMania
4
REDENEWS
A PASSEIO
COMPORTAMENTO
3 Recado
Os testes em laboratórios e em
pistas de provas da indústria
automobilística, segundo o
jornalista Fernando Calmon.
14 Comportamento
A ciência responsável pela interação do
homem com a máquina, a ergonomia,
analisa as atividades, as posturas
assumidas, a movimentação de
braços, mãos e pernas, para resolver os
problemas decorrentes do desequilíbrio
da relação homem/máquina. E
exatamente por isso é utilizada no
desenvolvimento do interior dos
veículos.Tudo é pensado para fazer
com que o motorista se sinta bem
acomodado e seguro.
18 Capa
A ideia de ética e cidadania nos
negócios pressupõe que as empresas
devam agir como cidadãos, membros
da sociedade que são. Empresas não
são CNPJs, mas pessoas se relacionando
umas com as outras e a ética deveria ser
inerente ao ser humano. Infelizmente
não é o que acontece ainda. Pelo menos
na maioria das empresas. Uma postura
ética deve começar dentro de casa, no
relacionamento interpessoal.
24 RedeNews
Eles são engraçadinhos, interessantes
e continuam revolucionários. Agradam
a todas as gerações. São os Fuscas, de
30 anos ou mais, que transmitem a
história da indústria automobilística
e a emoção da história recente da
humanidade.
30 A Passeio
Mais um destino paradisíaco: San Juan
de Puerto Rico. São praias de areias
brancas, florestas, desertos e rios.
28 mil hectares de floresta abrigam milhares
de pássaros. A Ilha do Encantamento, como é
conhecida, atrai gente de todo mundo para
viver uma experiência única, onde beleza e
diversão misturam-se o tempo todo.
36 Freio Solto
A opinião, a ironia e a crítica do jornalista Joel
Leite.
38 Efeméride
A crônica de Maria Regina Cyrino Corrêa sobre
as datas mais significativas do mês de junho.
39 Quando a Bola Rola...
O comentário de Marcelo Allendes sobre o que
acontece nos gramados, quadras, piscinas,
pistas...e em outros espaços também.
40 Novidades
O que há de novo em eletrônicos, periféricos
de informática e outras utilidades.
41 Livros & Afins
Nossas dicas para a sua biblioteca, cedeteca e
devedeteca.
42 Vinhos & Videiras
A opinião abalizada de Arthur Azevedo, diretor
executivo da ABS – Associação Brasileira de
Sommeliers – SP. Editor da Revista WineStyle e
do site WWW.artwine.com.br
42 Mesa Posta
Receitas, segredos e informações sobre a
história da gastronomia com o Chef Gustavo
Corrêa.
Publicação mensal da
Ano 31 – Edição 281– junho de 2010
Jovens talentosos
Affonso Pastore
É sempre um prazer conhecer o pensamento,
objetivo e técnico, do professor Affonso Celso
Pastore Edição 280 – Maio 2010). Sem rodeios, ele
soube transmitir a realidade de nossa economia
sem complicar o assunto e sem o pedante
“economês”.
Parabéns pela escolha do entrevistado.
Paulo Junqueira
Novos leitores de Showroom
Tive a oportunidade, dias atrás, de ter em mãos a Revista
Showroom e gostaria, se possível, de receber as próximas edições, já que gostei
muito da publicação. Ela tem leitura agradável e certamente seria muito útil
para o meu dia a dia profissional.
José Maurício Ferraz
Gostei muito do texto de Joel Leite na edição 280 (Freio Solto - Maio 2010) da
Revista Showroom. E como soube que ele é articulista fixo da revista, gostaria
muito de receber os próximos exemplares.
Parabéns a todos da redação pelo ótimo trabalho.
Marcelo Quintas
Conheci a Revista Showroom em uma concessionária GM. Achei incrível vocês,
uma publicação da marca VW, estarem presentes na concorrência. É uma
evidência de que a revista não tem oba-oba marqueteiro, mas assuntos de
interesse geral. Continuem nessa linha.
Ângelo Morais
N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente os interessados devem
enviar um e-mail à Redação ([email protected]) informando o seu endereço
e solicitando o envio da publicação. Os pedidos serão atendidos por ordem de
chegada e conforme a disponibilidade de exemplares.
Conselho Editorial
Antonio Francischinelli Jr. , Evaldo Ouriques,
Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C.
Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.
Editoria e Redação
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Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos
Roberto Franco de Mattos,
Roberto Torres Neves Osório,
Elmano Moisés Nigri e
Rui Flávio Chúfalo Guião.
SHOWROOM
Fábio Nicchi Ramos
foto: Felipe Lampe
Foi ótima a dica que vocês deram aos jovens que estão no fim da faculdade ou
buscando a primeira colocação, com a entrevista das duas moças estilistas na
revista de abril (Seção Gente – Nº 279). Tenho certeza de que o árduo caminho
de montar um negócio próprio acaba sendo muito mais compensador do que a
aparente facilidade de começar como estagiário em uma empresa com o sonho
de um dia chegar a presidente. Carreiras meteóricas e brilhantes são exceção
e não a regra. Por que não, como bem mostraram vocês, investir em uma ideia,
que começa pequena, mas que com determinação e trabalho, pode se tornar
uma empresa rentável e de sucesso, trazendo aos seus criadores mais que
compensação financeira, mas a incomparável sensação de ser um vencedor?
O Brasil é um país com grande mobilidade social e um perfil nato de
empreendedorismo. Acredito firmemente que a livre
iniciativa é o nosso caminho.
5
Diretora da
Fundação
Volkswagen,
Conceição
Mirandola, e
sua natural
habilidade
para conectar
pessoas, ideias,
projetos e
sonhos...
Sergio de Oliveira e Silva, representante do SENAC no Estado
de São Paulo, organização que desde 1946 desenvolve
programas de formação profissional em todo o País e que só
em São Paulo tem 56 estabelecimentos e dois Hotéis Escola,
reconhecidos pela qualidade técnica internacionalmente, para
dar o seu aval de competência ao “Projeto Incluir”, a mais nova
iniciativa da Assobrav com outros parceiros...
Gente da Casa, Juliana Paravani
Duarte, festejando um ano e meio
na linha de frente da Assobrav
no atendimento à Rede VW com
simpatia e dinamismo, hoje às voltas
com a hospedagem dos empresários
para os próximos dois grandes
eventos: a Reunião de Sucessores
da Assobrav e a sempre majoritária
participação dos concessionários VW
no Congresso Fenabrave...
6
A sucessora da
tradicionalíssima
concessionária
paulistana VW
Marcas Famosas,
Adriana Nazzar,
para conhecer de
perto as empresas
do Grupo Disal...
Luiz Antonio
Pedregal, gerente
de Negócios
Especiais da
Sascar, para rever
velhos amigos e
estabelecer novas
parcerias...
A competente...e
linda Carmen
Verônica Moreira
Sousa, psicóloga,
profissional de
RH, presidente da
RHTop – Consultoria
e Gestão de
Talentos, para
viabilizar com todas
as letras o Projeto
Incluir...
O vice-presidente do Fusca Clube
do Brasil, o aficionado e expert no
Volkswagen mais querido do mundo,
William Abdo Naddaf, para comandar
mais uma reunião festiva dos sócios e
suas famílias na sede da Assobrav...
Joel Leite, colunista
desta revista, jornalista
polivalente que transita
em todos os meios,
amante da moda de
viola, do vernáculo luso,
do folclore nacional e
defensor indelével do
meio ambiente, mas
conhecido do grande
público como especialista
no setor automobilístico,
para um bate-papo com
os concessionários de
São Paulo sobre os rumos
desse mercado...
SHOWROOM
A vocacionadíssima pedagoga
Marilda dos Santos Lima,
supervisora pedagógica do
Centro Social Nossa Senhora
do Bom Parto, em São Paulo,
feliz com o reconhecimento dos
concessionários Volkswagen
de São Paulo com a qualidade
pessoal e intelectual dos alunos
preparados pela entidade...
Mariana
Mattos, jovem
proeminente da
Itaucard, analista
de Vendas do
Volkswagen Card,
para estabelecer
nova parceria...
7
Antonio
Gouveia
Jr.
Fazendo arte
Por Silvia Bella
8
Quando Antonio Gouveia Jr lançou o primeiro título de sua
incipiente editora, compareceram à festa duas mil pessoas.
Foi um sucesso, mas ele e a mulher, Cecília, sócia de primeira
hora, só conheciam uma pessoa: um ao outro. Vinte anos
depois, a Editora Décor Books comemorou os 130 títulos
publicados e o mais de um milhão de livros de arte vendidos
no Brasil e no exterior, lançando sua obra mais recente, a 16ª
edição do Décor Year Book Brasil. No badalado Club A da capital
paulista estiveram reunidos os mais famosos arquitetos,
decoradores, artistas plásticos e personalidades ligadas ao
sofisticado e exclusivo mundo da arte e decoração. Só que
desta vez, os anfitriões conheciam todo mundo.
eram poucos na
época – tinha uns
50 decoradores
atuantes no
Brasil. Era um
mercado grande,
mas no seu
profissionalismo,
pequeno.
sou jornalista, sou publicitário...Hoje
sou um Publisher, quer dizer, aquele
profissional que entende de todas
as áreas da comunicação editorial.
Tem que entender desde a redação,
do texto jornalístico, até a produção
gráfica, que é definir que tipo de
papel, formato etc. Agora, essa
especialização foi lenta. Demorou um
bom tempo.
Foi um trabalho árduo, imagino,
porque o mercado editorial é um
segmento muito difícil. A gente que
é do meio sabe quantas revistas,
jornais, publicações nascem e
fecham antes de um ano.
Como foi o seu começo, como você
superou essas dificuldades que são
comuns a todos neste ramo?
Olha, eu comecei absolutamente
sozinho. Na época eu dava consultoria
de comunicação para algumas empresas
e vislumbrei uma oportunidade. Como
minha mulher trabalhava na Casa
Vogue, a gente circulava no mercado da
decoração e eu tive a ideia, na época,
original, que foi a de unir em um livro
obras de arquitetos e decoradores do
Brasil. Pesquisei e constatei que não
havia esse tipo de publicação no mundo.
Então, a ideia foi construída na minha
cabeça e eu acreditei, desde o primeiro
instante, que era uma ideia boa, que
tinha em mãos uma oportunidade
grande, gigante mesmo.
Bem, aí você saiu buscando
patrocínio...
Antes disso eu montei um boneco (no
jargão gráfico-jornalístico, simulação
em papel muito próxima do que será
a futura edição). Depois comecei a
bater na porta dos arquitetos, dos
decoradores. Todos eles me receberam,
mas ninguém quis participar do livro.
Nos primeiros seis meses eu não
consegui rigorosamente nada. Foi difícil
vender o projeto porque não havia uma
referência, nem mesmo estrangeira.
Todo mundo me dizia: “você é louco,
lançar livro no Brasil e ainda mais nesse
segmento!”
Quem era todo mundo? Os
próprios arquitetos?
Todo mundo sem exceção. Os
próprios decoradores diziam isso.
Eles até me recebiam, mas como
eu não tinha a menor credibilidade,
se retraíram. Além do mais, era um
segmento fechado; eram poucos na
época – tinha uns 50 decoradores
atuantes no Brasil. Era um mercado
grande, mas no seu profissionalismo,
pequeno. Já existia a Casa Cor,
percebia-se que era um segmento em
evolução, mas ainda muito fechado.
Então, eles me diziam: “se o Sig
(Bergamin) entrar, eu entro”. Aí eu ia
visitar o Sig, que me dizia exatamente
a mesma coisa: “Se o Aguiar (José
Eduardo) entrar, eu entro”. Eu fiquei
nesse jogo de empurra sete meses...
(risos)
Diante do impasse, o que você fez?
Tive a ideia de convidar todos
para um coquetel em minha casa
e, surpreendentemente, todos
eles foram. De repente, eu via na
minha sala os 30 mais prestigiados
arquitetos e decoradores brasileiros! E
já que eu tinha sido suficientemente
ousado para convidar gente famosa
de quem não era íntimo,
tomei a coragem de
colocar um na frente do
SHOWROOM
Showroom: Sua formação é em
administração de empresas?
Antonio Gouveia Jr: Na verdade eu
9
outro e dizer: “então, gente, vamos
assinar a participação de vocês no
livro?” Mas ninguém assinou...
(risos)
Eles disseram: “vamos pensar
um pouco mais, a coisa não é tão
simples assim...”
Mas no dia seguinte, o José Eduardo
de Aguiar (falecido) – que era o
mais famoso na época - me chamou
ao escritório dele e disse: “passa o
contrato. Vou fazer parte do seu
livro.”
Nossa!, imediatamente comecei
a ligar para todos os outros
para contar que o Aguiar estava
dentro do projeto, e aí os demais
assinaram. Em uma semana eu
reuni os 30 primeiros arquitetos/
decoradores para lançar o primeiro
livro da Editora Décor. Foi assim
que tudo começou, e eu não tinha a
menor experiência...
Teve problemas até estar com a
tiragem na mão?
E como! Quando cheguei à gráfica
para imprimir a edição – e, digase, era uma das maiores gráficas
de São Paulo – encontrei as portas
fechadas e os funcionários de
braços cruzados do lado de fora.
A gráfica havia falido, e o pior, eu
tinha pago adiantado! Desesperado
com o prazo e com o compromisso
que tinha assumido com todos os
profissionais que participaram do
livro, reuni os gráficos e disse: “eu
pago o salário de vocês, mas, por
favor, rodem o livro”. E assim foi.
10
Você acabou fazendo mais uma
venda de sonho. Dessa vez para
os funcionários. Você foi muito
de novo nesse projeto maluco de
livro de arte?” O caso é que eu
acreditava na ideia, achava a ideia
maravilhosa, e não desisti. Fiz tudo
de novo, trabalhei, trabalhei...,
aliás, como faço até hoje, e saiu o
segundo livro...
Você diria que a sua grande
sacada foi editar conteúdos
nacionais, se especializar em
divulgar obras de artistas
brasileiros?
convincente, persuasivo...
Olha, foi um trabalho de venda,
foi um trabalho de persuasão, foi
um trabalho psicológico, foi um
trabalho de emoção, e com todos
os públicos envolvidos para que o
livro acontecesse.
Veja só, eu vendi o projeto para
o Credicard! Credicard foi meu
primeiro patrocinador. Então, eu
posso dizer que a editora começou
a partir daquele momento.
Lançamos o livro no Museu da
Casa Brasileira e duas mil pessoas
compareceram, das quais eu só
conhecia uma, minha mulher!
(risos)
Bem, mas depois você ficou
conhecendo novos artistas e pode
partir para o segundo livro, não?
Em teoria sim, mas fazer o segundo
livro foi muito mais difícil do
que o primeiro, por incrível que
pareça. De novo, as pessoas me
desestimulavam. Elas diziam: “ah!,
você fez o primeiro, mas o segundo
não vai conseguir. Quem vai entrar
Este é um objetivo pessoal meu. Eu
trabalho com artistas brasileiros; e
vivos. Salvo duas exceções, todos os
demais livros que já editamos são de
artistas brasileiros contemporâneos
e vivos, porque eu acredito
firmemente que todo mundo
precisa ter a chance de aparecer, de
acontecer...
Como se dá o processo de
descobrir novos artistas, tratar
com eles, selecionar seus melhores
trabalhos?
Estamos ligados em todos os canais
Você tem que ceder muito da sua
opinião como Publisher para lidar
com o ego dos artistas?
Olha, no primeiro contato eu uso
muito a praticidade do empresário.
Nesse momento eu me visto de
empresário e apresento o projeto com
objetividade. Eu realmente coloco na
frente o lado pragmático, mas sempre,
sempre mesmo, incluo os artistas na
fase da composição do livro, porque o
individualismo não leva a nada. Não
funciona. Tem que ter a motivação e o
compromisso de todos.
Como empresário, o que mais o
preocupa no seu negócio?
Vou ser sincero, como empresário
tenho todos os receios e medos de
todos os empresários brasileiros.
Especialmente numa empresa pequena
como a minha, que não tem crédito,
investimento...Você não entra em um
banco e pede um milhão de reais. O
banco não lhe dá esse crédito, a menos
que você dê uma garantia no mesmo
valor. Na Europa é totalmente diferente.
Uma empresa como a minha tem crédito
a hora que quiser. Mas, mesmo assim,
incentivos fiscais como a Lei Rouanet e
os do próprio Estado de São Paulo, nos
favoreceram bastante nos últimos dez
anos. Graças a esses incentivos podemos
editar entre 30 a 35 livros de arte por
ano. Sem esse benefício não passaríamos
de três ao ano.
Resumidamente, que postura e
que atitudes tem que tomar um
empresário num segmento difícil e
fechado como o seu?
Isso é segredo. ( risos)
Brincadeira...Olha, é ter foco. Foco e
trabalhar muito. Não tem uma fórmula
exata, mas é fundamental não se desviar
do foco e acreditar firmemente no que se
faz. O resto é tudo conquista.
Mas quanto à sua empresa em si, ao
negócio “Editora Décor Books”, o que
lhe tira o sono?
Talvez decidir se devemos crescer ou
não. Do tamanho que estamos, estamos
no limite. Não conseguimos atender
mais gente do que já atendemos e eu
próprio estou no meu limite. Há cinco
anos, minha mulher e eu decidimos
priorizar um cronograma de projetos,
tentando investir em produtos ainda
mais bem elaborados, mais sofisticados
e de menor quantidade, mas o resultado
é que se acaba trabalhando ainda mais,
porque são projetos que exigem mais da
gente. Por exemplo, o livro da Brunete
Fraccaroli já leva três anos sendo
produzido.
E vocês têm receio de, ao crescer,
deixar de acompanhar de perto os
projetos e perder qualidade?
Exato. E qualidade nós não podemos
perder de jeito algum. Então, o
empenho pessoal é total. Eu crio a
ideia, monto o projeto, faço todas as
reuniões de estratégia e de elaboração.
Só me afasto na fase final de produção,
praticamente quando o livro está
rodando. Mas ainda assim, mesmo
pensando em desacelerar um pouco,
a gente continua inventando novos
projetos, mesmo porque, em cada 100,
200 projetos que temos, realizamos,
efetivamente, um terço deles. E é esse
o nosso negócio, ter ideias, montar
livros bonitos, valorizando os artistas
nacionais.
Nunca lhe passou pela cabeça mudar
de área? Quer dizer, ao invés de editar
livros de arte, caros e difíceis de fazer,
produzir manuais técnicos ou qualquer
outra publicação mais simples de
produzir?
Já, já pensei várias vezes. (risos) Mudar de
ramo, não, porque eu adoro o segmento
editorial. Cresci nele e me especializei
nele, mas já pensei, sim, em editar outro
tipo de título. Só que eu conclui que
sou incapaz de levar a termo projetos de
que não gosto. Eu só faço o que gosto.
Então, insisto na minha ideia original,
que continuo achando maravilhosa, e
passo umas duas horas do meu tempo
todos os dias buscando conteúdos novos,
artistas de talento que estão começando.
E o melhor é que no meu negócio, hoje,
falo com umas 500 pessoas diferentes,
que são as pessoas direta e indiretamente
relacionadas aos 100 projetos em
produção que temos no momento.
Isto significa que neste último
lançamento (Décor Year Book Brasil
– vol 16, dia 25 de maio de 2010,
no Club A, em São Paulo) você
certamente conhecia todas
as pessoas...
Conheço, conheço todas
sim. (risos)
SHOWROOM
de informação o tempo todo e ao
longo dos anos fomos conhecendo as
várias “tribos”. Foi um aprendizado
lidar com todos eles, e ainda é.
Porque cada livro de arte vai refletir a
personalidade, a emoção, o íntimo dos
artistas que ali estarão, então, eu acho
que fui aprendendo a me relacionar
com pessoas, independentemente se
são pintores, escultores, arquitetos ou
decoradores.
11
Verdadeiro
Piloto
Automático
O contínuo aperfeiçoamento dos
métodos de teste tem sido prioridade
dos fabricantes de veículos. Em
provas dinâmicas estão ao volante
pessoas bem treinadas e experientes
das equipes de desenvolvimento,
mas as habilidades humanas sempre
apresentam limitações. Os pilotos
não podem reagir com a rapidez, a
repetitividade e a precisão exigidas
em certas circunstâncias.
N
Por Fernando Calmon
12
o entanto, avançados sistemas
eletrônicos de bordo, em especial os
de assistência ao motorista, exigem
validação funcional da forma mais
abrangente e perto da realidade
possíveis. A metodologia de teste
deve focar a capacidade de o veículo
manter velocidade, trajetória
e frenagem com o máximo de
exatidão. A possibilidade de
aprovar recursos como a direção
automatizável – hoje restrita a
experiências que mais parecem
ficção científica – não pode
depender de testadores em carne e
osso por questões de segurança no
trabalho.
Em razão disso, a MercedesBenz desenvolveu um aparato
eletrônico-mecânico único para
veículos de teste utilizados em
instalações internas dedicadas.
Na realidade são modelos
comuns de produção seriada
equipados com robôs que
cuidam de dirigir, acelerar
e frear. Um computador a
bordo controla
esse sistema
de pilotagem
automática para
que o percurso
pré-programado seja
seguido à risca, mesmo
se vários carros estiverem
envolvidos em uma manobra.
Engenheiros especializados
monitoram tudo a partir de uma
central de controle e podem parar
remotamente um automóvel a
qualquer tempo. Paralelamente,
os veículos em teste fazem
autochecagem e freiam, se
detectam desvios de programação.
Para se imaginar a perfeição do
projeto, se o carro faz um percurso
pré-planejado diversas vezes, a
diferença registrada ao final varia
em menos de 2 cm. Em caso de
repetidas frenagens até a parada
total, as rodas se imobilizam em
pontos no chão dentro de um raio
de 3 cm!
Um das simulações interessantes
é uma prova considerada pela
marca alemã de alto risco. O
carro dirigido a distância sobe
uma pequena rampa e mergulha
no asfalto. Assim se pode ter
certeza de que os airbags não irão
inflar nessas condições, ou seja,
saltando no ar em função de uma
lombada ou avançando sobre
uma calçada. Os pilotos de testes,
por sua vez, evitam o estresse de
guiar nessa condição adversa.
Outra condição severa é a
simulação dos dispositivos
anticolisão. O automóvel em
avaliação freia repentinamente
para evitar o choque com outro,
que só se desvia no último
segundo. Situação de quase
colisão em cruzamentos também
é reproduzida sem o risco de
acidente real e de altos prejuízos
materiais e humanos.
Portanto, há várias aplicações
possíveis para o sistema. Os
diferentes procedimentos
permitem obter resultados
com maior confiabilidade e em
menor tempo. Entretanto, são
complementares aos alcançados
em condições de rodagem na vida
real.
O futuro reserva avanços ainda
mais surpreendentes. São
tais tipos de testes e controles
que viabilizarão a pilotagem
verdadeiramente automática em
estradas adaptadas para esse fim.
Há programas cooperativados
em estudo nos grandes polos de
produção mundial, mas ainda não
se pode prever uma data exata
para introdução dessa revolução
na mobilidade com segurança.
Provavelmente dentro de dez anos.
Fernando Calmon ([email protected]) é
jornalista especializado desde 1967, engenheiro,
palestrante e consultor em assuntos técnicos
e de mercado nas áreas automobilística e de
comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em
1999. É reproduzida em uma rede nacional de 65
publicações entre jornais, revistas e sites. É, ainda,
correspondente para a América do Sul do site justauto (Inglaterra).
Não há
ergonomia
que vença
a dor do
trânsito
Por Sophia Zhale
14
Ao criar um novo carro, os projetistas
utilizam a ciência ergonômica para
definir onde cada elemento no interior
dos veículos será colocado. Põem em
perspectiva aspectos antropométricos
e dimensionais do corpo para propiciar
espaço, conforto, visibilidade e
segurança. Os cuidados ergonômicos
são imprescindíveis para minimizar as
consequências sentidas pelos motoristas
que ficam horas sentados, executando
movimentos repetitivos dentro dos
carros, parados nos congestionamentos.
ciência responsável pela interação do
homem com a máquina, a ergonomia,
analisa as atividades, as posturas
assumidas, a movimentação de
braços, mãos e pernas, para resolver os
problemas decorrentes do desequilíbrio
da relação homem/máquina. E
exatamente por isso, é utilizada no
desenvolvimento do interior dos veículos.
A posição dos bancos, volante, botões,
cintos de segurança, alavancas do
câmbio e do freio de estacionamento, as
cores, formas, texturas, características
físico-químicas, termo-acústicas, a
habitabilidade, tudo é pensado para
encantar o consumidor, fazer com que se
sinta bem acomodado e seguro.
“A primeira preocupação ergométrica no
design do cockpit é a condução do veículo.
Busca-se, através de uma análise global,
adequar o interior do veículo ao uso que
se fará dele, se de passeio ou comercial, a
interação com o volante, o esforço exigido
para fazer manobras, a visibilidade
entendida como a facilidade de captar
informações do meio externo e interno,
o conforto do banco do motorista, a
caixa de transmissão e muitas outras
coisas, principalmente, a possibilidade de
ajustar todos os elementos de acordo com
sua anatomia”, explica Laerte Snelwar,
médico com doutorado em ergonomia e
professor de engenharia de produção da
POLI-USP.
A visibilidade é um elemento
fundamental, explica Snelwar. Padrões
internacionais estabelecem que o
automóvel deve atender a uma faixa
média de estatura que vai de 2,5%
da população até 97,5% dela, a partir
do chamado ponto “H”, uma posição
universal que respeita ângulos
recomendados para a junção da
articulação do tronco com as pernas. O
carro tem que ter boa dirigibilidade para
uma mulher com 1,49 m de altura e um
homem de 1,88 m. Ambos devem alcançar
pedais e volante confortavelmente,
manter os olhos numa posição ideal para
visualizar o painel de instrumentos, os
espelhos retrovisores e os quatro cantos
do veículo. “A ergonomia deve propiciar a
boa dirigibilidade”, ressalta.
A tecnologia melhora a
ergonomia
“A tecnologia instalada no veículo ajuda a
reduzir o esforço do motorista e minimiza os
problemas de fadiga. A direção hidráulica ou
eletricamente assistida reduz a quantidade
de giros do volante para fazer uma curva
ou manobrar e diminui o esforço. Caixas de
câmbio automáticas ou semi-automáticas
também influem na ergonomia e na
segurança, porque dispensam o motorista
de realizar constantemente trocas manuais.
Ele pode manter as duas mão no volante e
ter mais atenção, é uma opção excelente nos
centros urbanos. Ajustes elétricos de retrovisor
e vidros elétricos facilitam a ação do motorista,
que pode se concentrar só no trânsito”, diz
Snelwar.
Como as preocupações ergonômicas começam
no ser humano com a posição do motorista,
o banco é fundamental quando se fala de
conforto e segurança. “O motorista precisa
poder ajustar o banco para encontrar a
sua posição ideal de dirigir, a sua altura,
com condições ideais de visibilidade da
área externa e de acesso aos comandos.”
Geralmente, os bancos possuem encosto
regulável e são diferentes dos passageiros, que
ficam em posição mais relaxada do que quem
dirige. O banco do motorista deve ter uma
configuração que abrace o motorista, possuir
ângulo de inclinação das guias, do assento do
encosto para acomodar corretamente a coluna
vertebral, principalmente a zona lombar
e o trecho cervical, a fim de evitar esforço.
“Acomodar a coluna lombar é mais importante
do que os ísquios da nádega”, ressalta Snelwar.
Para o professor da POLI, ajustes, regulagens
como as de altura do assento do motorista e
de altura e profundidade do volante, de modo
a permitir a personalização do veículo para
o biótipo de cada condutor, já deviam estar
em todos os veículos, segmentos de entrada e
médios, como já acontece nos modelos de luxo.
Barulho, solavancos
Ainda nos bancos, a densidade das espumas
é variável, sendo maior no assento para
que o motorista não afunde, e menor
nos encostos - com materiais esponjosos,
revestimentos com boa elasticidade, não
SHOWROOM
A
15
escorregadios - que permitam boa
transpiração.
O desenho ergonômico do interior
do veículo também minimiza fatores
que perturbam os motoristas: as
vibrações, os solavancos, o alto
nível de ruído e a climatização.
As esburacadas ruas das cidades
brasileiras produzem vibrações
geradas sobre as suspensões do
veículo que são transmitidas à
carroçaria, diminuindo o conforto.
Também peças mecânicas, que
vibram ou fazem barulho incomodam
o motorista que percebe, igualmente,
as vibrações da direção e de outros
comandos. Em um país tropical é
tarefa do design e da engenharia
de produção solucionar problemas
de climatização e ruído da cabine
usando materiais antirruído e
antivibração. “Há cada vez mais no
mercado soluções interessantes
para todas essas questões. A da
visibilidade, por exemplo, com o
aumento do número de botões
integrados ao volante e a projeção de
informações relevantes e do GPS no
vidro dianteiro”, conta Laerte Snelwar.
Os desafios do design do interior são
muitos: proporcionar habitabilidade
no vaivém diário, propiciar conforto
16
e segurança, refletir e atender o
comportamento de usuários em
constante mudança, além de, por
formas, texturas, características
físico-químicas, termo-acústicas
e cromáticas, proporcionar uma
agradável percepção visual, tátil
e olfativa aos veículos em seu
contexto de uso. Sem esquecer-se
das peculiaridades do mercado e
das pressões por custos menores.
Pouco amigável
Por vezes todo esse esforço
parece em vão. A atenção se
divide entre as informações
internas, do painel, e do exterior,
no fluxo de tráfego, no anda-epara, no caminho, nas motos, nos
veículos ao lado, nos pedestres,
nos ruídos, nos ambulantes, nas
nuvens que se avolumam no céu,
nas irregularidades das ruas e
estradas. As mãos se revezam
entre a direção e o câmbio. Os
pés num movimento contínuo
de freia e acelera. Conforme
as horas passam, o equilíbrio
entre homem, máquina e sua
interação com o ambiente, acaba,
não tem jeito. “A ergonomia
não vai encontrar solução para
o trânsito intenso, que obriga
os motoristas a passarem cada
vez mais tempo dentro dos carros”,
afirma Laerte Snelwar.
Para o especialista em trânsito e
ex-presidente da CET-SP (Companhia
de Engenharia de Tráfego), Roberto
Scaringella, a extensão e a gravidade
do problema do trânsito paulistano
requerem uma abordagem sistêmica,
uma intervenção profunda com
visão de longo prazo. “É um desafio
tecnológico, político e administrativo
que exige um tratamento mais
holístico, requer políticas de uso do
solo, transporte e trânsito.”
Para ele, a média de quilômetros de
congestionamento medidos pela CET
no sistema viário principal da cidade
só vai aumentar e a velocidade de
circulação continuará caindo. São
Paulo tem 14 mil km de vias, sendo
11,7 mil pavimentados e 2,3 mil
de vias de terra. O sistema viário
principal, onde a maior parte dos
deslocamentos ocorre é de apenas
2,5 mil km de extensão, enquanto
a relação carros/habitantes é 3,6, a
maior do País, segundo cruzamento
de dados do Denatran (frota) e do
IBGE (população). “Consequências da
irresponsabilidade das autoridades
para com o transporte coletivo e pela
opção pelo transporte individual.
A enorme expansão do número
de motocicletas autorizadas pela
legislação em vigor a circularem
entre as faixas, também contribui
para degradar o trânsito”, diz ele.
E já que a lei da Física, que diz
que dois corpos não ocupam o
mesmo lugar no espaço, não será
revogada, o médico especialista em
ergonomia aconselha diminuir os
problemas posturais, dando um
tempo para fazer exercícios. Uma
pausa, se possível a cada duas
horas, contribui para recuperar os
músculos dos olhos e das mãos. Se
a pausa for acompanhada de uma
série de exercícios de alongamento e
relaxamento feitos no início do dia,
no meio da manhã e pela tarde, além
de exercícios quando se está parado
no trânsito dentro do carro, será
ainda mais benéfico.
éti
18
Para a maioria das
empresas nacionais,
ica
é apenas “cumprir a lei”
A noção de ética e cidadania nos
negócios, conceitos da Responsabilidade
Social Empresarial, é relativamente
recente no País. Segundo o Relatório
de Sustentabilidade do Instituto Ethos
publicado em 2008, em 1997 o movimento
RSE já fervilhava nos Estados Unidos, mas
era incipiente no Brasil. De lá para cá, muita
coisa mudou e, outras tantas, ainda não.
recorrente no século
VI a.C, discutida na
Grécia antiga por
A ideia de ética e
filósofos que refletiam e
cidadania nos negócios
teorizavam, procurando
pressupõe que as
responder não só ao
empresas devam agir
porquê das coisas, mas
como cidadãos, membros como acontecem ou
da sociedade que são.
“funcionam”. Assim,
Empresas não são
marcaram a formação
CNPJs, mas pessoas se
do pensamento humano
relacionando umas com
até a atualidade. A
as outras e a ética deveria ética não é um conceito
ser inerente ao ser
vago, diz respeito à
humano.
conduta e a moralidade
Ética era um tema
humana, ao bem e ao
mal. Segundo Aristóteles,
“Por ética compreenda-se
toda a ação que vise o bemestar do outro indivíduo.” O
conceito mais atual, explica
Maria do Carmo Whitaker,
consultora e professora de
ética nas organizações no
MBA e na pós-graduação da
FAAP, relaciona ética com a
liberdade, consciência, intenção
e responsabilidade. Maria do
Carmo gosta da abordagem da
colega norte-americana, Laura
Nash, PhD da Universidade de
Harvard, quando coloca em
SHOWROOM
O
Por Rosângela Lotfi
19
a preocupação moral
nas operações, negócios,
produtos e serviços,
incorporar o hábito
e encontrar questões
morais naquilo que
fazem rotineiramente.
Inclusive na escolha dos
colaboradores, pessoas
que compartilham
os mesmos valores;
fornecedores e até
clientes.
“Precisamos
revogar a Lei
de Gerson”
20
discussão o seguinte:
“na dúvida se uma
determinada ação
ou postura é ética,
as pessoas devem se
perguntar: isto que estou
fazendo é bom, é justo?
Prejudica alguém? Eu
gostaria que fizessem
isso com meu filho?”
Ética é uma postura
de vida, não só na
empresa. Tem que vir de
dentro, da convicção de
valores, ressalta Maria
do Carmo. As empresas
precisam se preocupar
com seus públicos de
interesse e formar a
mentalidade de incluir
É uma ação responsável
e ética não permitir o
trabalho precário em
sua cadeia de valor,
terceirizar serviços e
não se preocupar se o
fornecedor escolhido
cumpre com suas
obrigações trabalhistas.
No Brasil, segundo
apontam várias
pesquisas, a noção
de ética na atividade
empresarial está quase
totalmente presa ao
cumprimento da lei. O
que é básico e deveria
ser inerente a todos.
Trabalhos desenvolvidos
pela Abamec – Associação
Brasileira de Analistas
do Mercado de Capitais
apontam que o
surgimento da questão
de responsabilidade
social no Brasil ocorre
de forma menos
dependente de
Do cumprimento
à convicção
Há alguns anos, a professora
Laura Nash esteve no Brasil
e apontou os estágios pelos
quais passa a ética nos
negócios. O primeiro é a ética
do cumprimento. Começou
nos Estados Unidos, em 1977,
quando o congresso daquele
país promulgou lei contra a
prática de atos corruptos no
exterior e passou a combater
vigorosamente a prática de
corrupção interna. No Brasil,
empresas que têm ações na
Bovespa submetem-se aos
critérios de governança e de
transparência exigidos para a
abertura de capital e têm seus
códigos de ética. O segundo
estágio aconteceu em paralelo
ao do cumprimento e foi o
da ética da responsabilidade
social, que ganha força aos
poucos. De qualquer forma, o
tema já é conhecido e a ideia de
transparência e compromisso
com a sustentabilidade
– conceito que defende o
equilíbrio dos negócios nos
desempenhos econômico, social
e ambiental– e com a sociedade
já faz parte do discurso
corporativo da maioria das
organizações, segundo aponta o
Relatório de Sustentabilidade do
Ethos, que em dezembro de 2008
tinha 1.314 empresas associadas.
“Ética não se
ensina, transpira”
“É um trabalho de formiguinha,
mas que precisa ser feito
até que as empresas (e os
indivíduos) transformem seus
valores pessoais em ações.
Ninguém muda com palestras.
A ética deveria permear todas
as atividades. Ética não se
ensina, transpira”, ressalta
Maria do Carmo Whitaker.
Ações de responsabilidade
e ética começam dentro das
organizações no compromisso
com os colaboradores. “A
empresa precisa dar ao trabalho
um sentido de contribuição. As
pessoas que trabalham têm que
considerar que isso é importante
para si, para a empresa, para
os clientes e para a sociedade
como um todo. É condição
fundamental, antes de qualquer
atitude externa, cumprir as leis
do trabalho e proporcionar um
ambiente de equilíbrio com
valores de solidariedade, criando
um espírito de cooperação e
não de competição desenfreada,
equiparando o salário de homens
e mulheres na mesma função,
entre outras ações.” Ainda
resta muito a fazer para que
o comportamento ético passe
realmente a fazer parte da vida
empresarial. Ao mesmo tempo em
que esses valores são pregados,
em todos os países aumentam as
denúncias e processos de assédio
moral. Na Europa, estatísticas
de trabalhadores afetados só
aumentam. O assédio moral, a
conduta abusiva, de natureza
psicológica, que atenta contra
a dignidade psíquica atinge
16,3% dos trabalhadores do Reino
Unido; 10,2% dos funcionários
da Suécia; 9,9% da França; 9,4%
da Irlanda; 7,3% da Alemanha;
5,5% da Espanha; 4,8% da Bélgica,
4,7% Grécia e 4,2% da Itália. No
Brasil não existem estatísticas
oficiais, mas juízes do Trabalho
confirmam que os processos sobre
assédio moral estão crescendo
principalmente nas regiões Sul
e Sudeste com São Paulo, Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de
Janeiro, liderando o ranking
nacional em número
de queixas.
SHOWROOM
considerações éticas e mais
de uma visão de marketing
e de imagem empresarial.
No País, tido como solidário
e cordial, a tese de que ter
uma imagem de preocupação
com as questões sociais traz
mais clientes e mais lucros é
facilmente absorvida. A dúvida
é a solidez dessas afirmações e
se a abordagem ética prevalece
em qualquer circunstância.
A professora Maria do
Carmo concorda: “O discurso
não corresponde à prática.
Vou a eventos, palestras,
converso com as pessoas. Há
muito discurso, mas não há
correspondência na prática. A
obtenção de lucro a qualquer
custo é mais sensível que a
consciência. O que vem provar
que as empresas usam a
responsabilidade social só para
marketing. Ainda precisamos
revogar a Lei de Gerson. Se
tivéssemos bons exemplos de
cima, dos administradores do
País, ajudaria muito a difundir
ações éticas de fato.”
21
FUSCA
Mais que um carro,
mais que uma marca
24
As histórias são muitas. Sentimentais, divertidas,
emblemáticas... e os fãs adoram contá-las.
Todo o universo ao redor do Fusca é envolvente e mágico.
O carro é muito mais do que o “primeiro carro” de muitas
gerações. É um símbolo que atende a vários perfis: o
homem do campo, o operário, o estudante, os jovens
descolados, os velhinhos saudosistas e os colecionadores.
Ah! os colecionadores, estes admiradores apaixonados
confessos do “besouro”. Com emoção e alguns exageros, –
certamente permitidos –, são os responsáveis por manter
o Fusca no top do ranking dos carros mais desejados. A eles
cabe o mérito de preservar a tecnologia revolucionária, o
design exótico e simpático e a fantasia que complementa
todos os acessórios do Fusca, desde o primeiro até o último
produzido no mundo.
Por Silvia Bella
Fusca Clube do Brasil (www.fuscaclube.
com.br) – imaginem! – completou 25 anos. E é uma
organização como se deve. Com estatuto, comissão técnica
de avaliadores, rígidos princípios éticos e de fiscalização. Tal é a
seriedade da Entidade, embora seus associados se comportem como uma
grande família, que mereceu o aval e alguns patrocínios da Volkswagen do Brasil ao longo
do tempo. Assim como da Assobrav. Mensalmente eles se reúnem no pátio da Entidade. A
diretoria, devidamente uniformizada – com camisa, jaqueta, boné e botons de gosto
primoroso -, circula orgulhosa entre os carros dos aficionados, que vão chegando sem parar
todo último sábado de cada mês. Os negócios acontecem. Avaliações, palpites, trocas de
informações – onde restaurar, onde conseguir peças – tudo isso faz parte das conversas
entre os sócios, mas o que vale mesmo é a curtição. É perfilar todos os Fuscas direitinho,
como uma coleção de miniaturas em uma estante de menino. Aliás, meninos é o que não
falta na reunião mensal do Fusca Clube do Brasil. Claro, acima de tudo, é uma festa entre
as famílias. Tem barracas de sorvete, doces, sanduíches, som alto, souvenirs do Fusca...
Um acontecimento. Mas há ainda outras datas que motivam os sócios a reunir-se. No
dia 20 de janeiro celebram o Dia Nacional do Fusca no Autódromo de Interlagos – um
SHOWROOM
O
25
festão. Em fevereiro tem a Festa do
Sorvete. Em Maio – como o passado comemoram o Aniversário do Clube.
Em junho tem Festa Junina. Em
outubro, a Festa da Primavera. Em
novembro acontece a Assembleia e
em dezembro a Festa do Panetone.
É muita programação! E a cada mês,
mais gente comparece, “porque o
Fusca – como disse um associado – é
um vício”.
O início
26
Em 1985, durante o II Salão
do Automóvel Antigo, dois
“fuscamaníacos”, Eduardo Ohara e
Sérgio Eduardo Fontana, começaram
a planejar a criação de um Clube
para os milhões de brasileiros
apaixonados pelo Fusca. Empolgado
com a idéia, o amigo Demétrios
Bérgamo juntou-se a eles. Assim
nascia o Sedan Clube do Brasil.
Em 10 de novembro, um passeio até o
Pico do Jaraguá marcou o batismo do
novo clube. A presença de 70 Fuscas
naquele primeiro encontro anunciou
para os fundadores o sucesso que o
Clube, que depois viria a chamar-se
Fusca Clube do Brasil iria ter.
Isto porque, sete anos após a sua
fundação, o Sedan Clube recebeu
autorização da Volkswagen do Brasil
para o uso da marca “Fusca”. Foi
então que o Clube, devidamente
oficializado como entidade cultural,
recreativa, desportiva e sem
fins lucrativos, deslanchou.
Deve-se frisar que o conhecido
apaixonado e especialista em
Fusca, engenheiro Alexander
Gromow, autor de vários livros
sobre o Fusca, deu grande
impulso à Entidade, atuando
em primeira pessoa para a sua
consolidação.
Hoje o Fusca Clube do Brasil é
uma marca registrada e tem
um interessante acervo: um
VW Sedan 1950, uma Kombi
Standard 1972, um Fusca Série
Ouro 1996 (o último produzido
pela Volkswagen do Brasil) e
um New Beetle 1998, estes dois
últimos doados pela Montadora.
“Ele está sempre
sorrindo”
É assim que o atual vicepresidente do Clube Fusca
do Brasil (a diretoria muda a
cada dois anos) William Abdo
Naddaf, competente técnico em
Informática, define o Fusca. “Por
mais que eu conheça a mecânica
do Fusca, suas qualidades,
a graça do design, o que me
encanta nele é a simpatia, é essa
frente sorridente, amiga, que
é quase a reprodução de um
brinquedo”, diz.
É incrível, como mesmo William,
um homem sério, reservado,
consegue falar com ternura
sobre Fusca. O mesmo acontece
com outro sócio, o administrador
de empresas Eduardo Ohara,
um dos fundadores do Fusca
Clube do Brasil: “Vivi dois anos
no Japão e eles me consideravam
um milionário, porque disse que
no Brasil eu tinha um Fusca. Lá,
o carro é valorizadíssimo. Muito
mais caro do que aqui.”
Recuperar é uma
coisa. Restaurar é
outra
Os critérios do Clube são
tão rígidos que a diretoria,
cujos membros têm, no
mínimo, 15 anos de associados,
fazem questão de frisar que
“restaurar é diferente do que
recuperar”. “Para ganhar a
Placa Preta (destinada aos
carros de coleção e isentos
da Inspeção Veicular) os
proprietários precisam
apresentar Fuscas com pelo
menos 30 anos e 80% da
planilha de itens usada para a
avaliação técnica preenchida
com 80% de originalidade”, diz
o presidente William Naddaf.
Quem pode opinar com muita
propriedade sobre isso é o
médico urologista Reinaldo
Abrahão, que roubou a cena
ao entrar com o seu Fusca azul
reluzente com a direção do
lado direito. Exato!, um Fusca
produzido na Alemanha em
1965 para as colônias inglesas
na África. Simplesmente
maravilhoso.
A história deste carro e do
seu dono são igualmente
fantásticas. E comoventes. Sem
ser piegas.
Que história!
Reinaldo foi um menino
interessado em automóveis
desde sempre. Tanto é que
conseguiu ter a Carteira
Nacional de Habilitação aos 17
anos, por conta de uma Lei que
o permitia durante um breve
período nos anos 60 e que foi
logo em seguida revogada.
Sua paixão por carros
também tinha outro motivo:
a proximidade. Seu pai foi
um próspero e conhecido
comerciante de carros na
capital paulista. Sua loja, na
Conselheiro Nébias, chamavase Sócrates Autos.
O Fusca 65 de Reinaldo foi
arrematado em um leilão. O
carro chegou ao Brasil quando
o seu primeiro dono, um
cônsul americano na África
do Sul, conseguiu importar
seus pertences algum tempo
depois de ter fugido apenas
com a roupa do corpo no
ápice do Regime Apartheid.
Reinaldo recorda o dia
do leilão com precisão
de repórter: “Fiquei
frustadíssimo porque o meu
lance ficou em segundo lugar.
Liguei para o meu pai, mas ele
foi taxativo:´não aumente o
lance. A pessoa que ofereceu
mais é um comerciante de
carros que conheço. Ele deu
um preço muito acima do
valor de mercado, esperando
revender em seguida o carro
para algum colecionador.
Espere que esse carro ainda
vai ser seu`. “E foi exatamente
isso o que aconteceu”, conta
o médico, visivelmente
emocionado ao recordar a
sabedoria e competência
do pai. ”Como em 24 horas
o dono do maior lance não
apareceu com o dinheiro, eu
fiquei com ele. Paguei 7.555
cruzeiros por esse carro”, diz,
orgulhoso.
Mas a história do “rapaz
que dirigia um Fusca com
a direção ao contrário”
não termina aí. “Um dia,
circulando com o carro fui
abordado por um senhor. Ele
me disse: ´tenho um filho com
talidomida, que só tem um
braço. Por favor, me venda o seu
carro.´ Falei com o meu pai, que
prontamente ordenou: ´vamos
vender para esse rapaz, pelo
preço exato que você pagou. Ele
só tem um braço. Você tem dois”,
recorda Reinaldo, novamente
muito emocionado. “Confesso
que me senti mais uma vez
frustrado, mas naturalmente
concordei, e ganhei um Karmann
Ghia no lugar. Só que disse ao
rapaz: ´prometa que você nunca
vai vender esse carro. Quando
não o quiser mais, me avise, eu
o compro de volta. E, de fato, foi
assim. Oito anos depois, ele já
advogado, pôde comprar um
carro automático e adaptado.”
Reinaldo o restaurou e continua
circulando altaneiro com o
seu Fusca Azul reluzente, com
estofamento original quase
impecável e cheio de charme.
Um carro que não tem preço, e
por mais que tenha passeado em
outras mãos, sempre foi e será de
um dono só.
SHOWROOM
Reinaldo Abrahão e seu
Fusca com direção inglesa
27
Além das suposições
pré-históricas
O achado pré-histórico encontrado há
alguns anos, um mamute de 3,7 cm de
comprimento, pesando 7,5 gramas,
esculpido em marfim, guardado na
Universidade de Tübingen (Alemanha)
(acesso: www.uni-tuebingen.de/
uni/qvo/highlights/h54-eiszeit.
html), datado de 35.000 anos, pode
promover a reflexão e compreensão
acerca dos nossos antepassados, e
também revelar o quanto ainda nos
aproximamos deles, mesmo depois de
vasto tempo na escalada evolutiva.
C
Por Armando Correa de Siqueira Neto
hama a atenção cada detalhe
do feitio do animal, fazendo levantar
hipóteses de certas capacidades
presentes nos humanos que
habitaram o planeta há considerável
tempo. Contrariamente ao que
se pregou até então, percebe-se
refinada habilidade laboral no
dito “selvagem” pré-histórico. Tal
Homo sapiens, além de sobreviver
caçando e coletando, procriando
e descobrindo novas formas
de prosseguir na sua jornada,
dedicava-se, ao que tudo indica, à
produção tecnológica e artística,
incluindo a escultura, além da
pintura e música. Ou seja, geravase naquela época longínqua
cultura com significativo nível de
qualidade.
A breve análise do mamute
de Tübingen faz emergir
as seguintes observações:
o seu artesão possuía,
primeiramente, a capacidade
simbólica de representação
dos registros cotidianos
28
armazenados na memória,
levando-o a reproduzir, através da
escultura, o enorme animal que
lhe era comum à época. Percebese, ainda, a utilização de técnicas
no feitio da escultura. Em segundo
lugar, nota-se proporcionalidade
em relação à referência (o mamute
biológico) e a escultura, haja vista
os estudos atuais demonstrarem o
formato de tal animal a partir das
ossadas encontradas em algumas
regiões do globo terrestre. Um
terceiro ponto também merece
destaque: a tromba é esculpida
rente à parte frontal do mamute
e encerra-se
em contato
direto à perna,
facilitando o
trabalho, pois
o entalhe que
faz separar
um membro
do outro é
simples, além
de eficiente na
conservação
do produto
encontrado
intacto.
Há ainda
linhas que contornam o animal
esculpido, dando-lhe a perspectiva
de articulação e mobilidade, de
acordo com a realidade da própria
referência registrada e reproduzida
pelo artista em questão. Por fim,
evidencia-se certo refinamento e
compreensão técnica acerca dos
instrumentos empregados no feitio,
possíveis ferramentas de pedra,
conforme sugerem os estudiosos.
Não obstante, acrescenta-se o fato
de que na produção de esculturas,
quando pequenas como é o
caso, as ferramentas devem ser
igualmente delicadas, pois, do
contrário, dificilmente se chegaria
ao resultado que se alcançou.
Porquanto, a partir dos itens
apreciados, é possível inferir que
o nosso ancestral era dotado de
capacidades intelectuais presentes
na contemporaneidade do século
21, as quais apresentam qualidades
relacionadas à inteligência
cinestésica, através da coordenação
motora fina.
Parece-nos que o ontem e o hoje se
aproximaram demasiadamente.
A mão pré-histórica pôde nos
tocar sutilmente por meio da
pequena análise da escultura do
mamute encontrado na Alemanha.
Desta forma, vale perguntar: o
passado está tão longe de quanto
imaginávamos? Mais: O que o
futuro ainda nos promete?
Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo,
diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas,
professor e mestre em Liderança pela Unisa Business
School. Co-autor dos livros Gigantes da Motivação,
Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail:
[email protected]
Joannes Est Nomen Eius
João é seu nome
Por Carolina Gonçalves
Do Apocalipse ao Após
O brasão de armas de Porto Rico é o mais antigo em uso na
América. Foi concedido pela Coroa Espanhola em 1511. É dedicado a
São João Baptista, ao cordeiro de Deus e ao livro do Apocalipse.
Nele está escrito “João é o seu nome”, porque San Juan foi o
primeiro nome dado à ilha, e ainda é nome da Capital.
30
Por Carolina Gonçalves
M
as se o assunto for bíblico,
Porto Rico está mais para
o Paraíso do que para
o fim do mundo. São
praias de areias brancas,
florestas, desertos e rios.
28 mil hectares de floresta abrigam
milhares de pássaros. A Ilha do
Encantamento, como é conhecida,
atrai gente de todo mundo para
viver uma experiência única, onde
beleza e diversão misturam-se o
tempo todo.
Além da ilha principal, há
muito o que ver e aproveitar
nas ilhas menores como
Culebra, Vieques, Desecheo,
Caja de Muertos e Mona.
A temperatura fica em torno
de 26ºC, durante todo o ano.
Mas a ilha bomba entre
dezembro e abril. Portanto,
escolha quando ir baseado
na sua personalidade...
Hospede-se em San Juan,
que é um porto muito
importante e o centro turístico
da região. E comece visitando
a parte antiga da cidade,
com áreas tombadas pela
UNESCO como patrimônio da
humanidade, conhecida como
San Juan National.
Vá primeiro a La Fortaleza,
construída em 1533, para
defender o porto de San Juan.
Também conhecida como o
Palácio de Santa Catalina,
hoje é a residência oficial do
SHOWROOM
Calipso...
31
Geografia
privilegiada
32
governador das ilhas. A arquitetura militar do
século 16 com requintes de século 20, pode ser
visitada todos os dias. O prédio é um dos mais
antigos na função de residência do executivo,
em nosso hemisfério.
Visite o Castillo de San
Cristóbal, construído em
1785, a quase 150 metros
acima do nível do mar.
Foi projetado para ser
uma grande dificuldade
para o inimigo, que teria
que enfrentar várias
barreiras defensivas antes
de ultrapassar a rede de
fortificações diferentes.
Dali saiu o primeiro tiro
da Guerra EspanholaAmericana, em 1898. De suas
muralhas se vê El Morro, a
cidade e o cais.
Depois, vá ao Forte San
Felipe del Morro, uma
das maiores fortificações do Caribe. Forte
espanhol construído em 1591 para defender
a entrada do Porto de San Juan, tem túneis
secretos e masmorras. Imponente em seus
seis andares e paredes espessas com mais
de meio metro, ocupa uma área de 74 acres.
Comece a visita pelo pátio principal para
conhecer as condições de vida dos habitantes
da época, sua pequena capela e os canhões
que eles usavam. Tem um exposto, construído
em Barcelona, que precisava de, no mínimo,
oito artilheiros pra funcionar e disparava
duas bolas por minuto. Caminhando pelo
forte, pode-se chegar ao alto e ter uma vista
fantástica da cidade, da ilha e do mar.
Porto Rico é formado por várias
ilhas. O arquipélago é um território
autônomo dos Estados Unidos,
em pleno mar das Caraíbas. Além
da ilha principal, que dá nome
ao arquipélago, há outras ilhas
menores, destacando-se Vieques,
Culebra e Mona. A ilha maior faz
parte das quatro grandes Antilhas,
ao lado de Cuba, Hispaniola e
Jamaica. Num referendo em
dezembro de 98, a população optou
por manter-se como Estado Livre
Associado, ao invés de virar o 51º
estado dos EUA ou ser totalmente
independente. Como em qualquer
viagem para os Estados Unidos, é
preciso visto norte americano para
entrar em Porto Rico.
Compras e
maravilhas
Vá às compras no Plaza Las
Americas Shopping, o maior do
Caribe, com marcas consagradas
como JC Penny, Sears e Macy,
ancorando outras mais de 300
lojas. Tem tudo lá. Se você é mais
exigente, vá a Área do Condado,
onde estão as grandes marcas como
Dior e Gucci. Grandes compras pra
família toda? Tem dois grandes
shoppings: Route 66 Outlet Mall em
Canovanas e o Prime Outlets, em
Barceloneta.
Todo mundo já tomou um Cuba
Libre na vida... Pois em San Juan
você pode visitar a destilaria
Bacardi e ver o rum sendo feito
enquanto aprende sobre a história
da famosa marca. E já que falamos
em bebidas, reza a lenda que a Piña
sub-tropical. As águas claríssimas
permitem o melhor mergulho com
snorkel, onde você enxerga até uns
150 m de profundidade. A abundante
vida marinha e a diversidade
ecológica do mar são deslumbrantes.
E você ainda vê, durante o inverno,
golfinhos e baleias jubarte.
Fiesta, fiesta!
Porto Rico é uma festa constante. Os
festivais acontecem o tempo todo, com
muita música, comida,
artes e artesanato.
O festival LeLoLai é
um grande exemplo,
organizado para
turistas. Criado há
mais de três décadas,
é extremamente
atual no conceito
do turismo cultural.
Promove a cultura de
Porto Rico através da
sua música e ritmos
e das heranças taino,
africana e espanhola.
São seis shows
folclóricos semanais,
durante o ano todo.
Já os festivais da
Padroeira acontecem
o ano inteiro em
diversas localidades
da ilha. A natureza
religiosa da festa
SHOWROOM
Colada foi inventada no Hotel Hilton de
San Juan.
Se uns drinques não fizerem você
ver estrelas, tente o Observatório de
Arecibo, onde está um dos maiores
radiotelescópios do mundo. Está aberto
ao público somente alguns dias da
semana e por algumas horas. Por isso,
vale a pena agendar a visita.
Alugue um carro e dirija uns 90
minutos em direção ao noroeste,
até o Parque Nacional Cavernas do
Rio Camuy. É uma região de terreno
irregular causado pela erosão
do calcário da ilha, o que resulta
num enorme sistema de cavernas
subterrâneas e abriga o terceiro maior
rio subterrâneo do mundo. É uma
visita muito interessante.
Indo na direção oposta, visite El Yunque
National Forest, floresta tropical com
240 espécies de plantas e árvores,
animais selvagens e 10 espécies de
pássaros muito raros. São mais de 11
mil hectares, com condições climáticas
que vão do deserto à floresta e valem a
pena ser explorados.
Na costa nordeste da ilha tem uma
cidade chamada Luquillo. Tem uma
das mais belas praias que você já
viu, pontuada por coqueiros e boa
para body surf. Conta com boa
infraestrutura para passar o dia.
Lembra das outras ilhas? Vá mergulhar
em Mona. A ilha não habitada, há uns
80 km da costa oeste, tem clima seco
não impede que haja muita
animação com bandas ao vivo e
jogos.
Aliás, jogos são muito populares
numa ilha que tem muitos
cassinos. Ao lado de bares e
discotecas, fazem uma noite
fervilhante pra quem gosta de
agito. E não só em San Juan, mas
em outras partes, como Ponce,
Mayaguez e Dorado.
Quer balancear as atividades?
Jogue golfe olhando o mar, ou
dispute uma partida de tênis
bem pertinho da praia.
É bom mesmo fazer esportes, pra
poder abusar da comida criolla,
fantástica, que é servida em toda
ilha. Com fortes influências da
Espanha e da África, e da cozinha
típica dos índios Tainos – nativos
das ilhas – a cozinha crioula
usa ingredientes locais como
mandioca, batata doce e inhame,
além do milho. Dos espanhóis
vêm a cebola, o alho, coentro,
berinjela, grão de bico, coco e
bebidas como o rum. Da África,
veio a banana verde.
Entradas fritas fazem as vezes de
petiscos pra abrir o apetite. Tente
33
Para curtir, relaxando...
34
os tostones, bananas verdes fritas servidas com
arroz. Mas não deixe de comer as empanadillas, os
bacalaítos e os surullitos – feitos com farinha de
milho e queijo. E as imperdíveis batatas recheadas.
Próximo passo, sopas. A sopa nacional é um
guisado de frango com arroz, que também é feita
com lagostas, camarões ou outros frutos do mar.
Os frutos do mar estão na excelente companhia
das carnes de boi e porco, sempre servidos com
arroz e feijão – Parece familiar? Pois é, eles também
adotam a dieta mais saudável do mundo!
O mofongo é um dos pratos mais populares e
consiste em banana verde frita com carne ou
frutos do mar num delicioso molho de alho e
tomate. Os doces e as frutas são muito parecidos
com os nossos, mas dizem que as mangas são
melhores.
Para quem vai a Porto Rico interessado em
gastronomia, a pedida é o programa Mesones
Gatronomicos, criado em 1987. De origem
espanhola, deu muito certo na Ilha. Os
restaurantes participantes garantem excelente
serviço, boa comida e preços justos. Em qualquer
posto de turismo é possível obter a lista dos
restaurantes credenciados.
Vá passear em Old San Juan, o lugar mais
interessante de Porto Rico, que é a parte mais
antiga e histórica da cidade. É uma graça, toda
colorida, cheia de bares, restaurantes animados,
lojinhas de artesanato, roupas e chapéus “panamás”
maravilhosos! Além de galerias de arte, pequenas
lojas de antiguidades e souvenires. Caminhe no
Paseo de La Princesa, uma passarela do século 19,
ladeada de árvores, candeeiros antigos, bancos,
fontes e artistas de rua. O Paseo leva a uma
fonte com uma escultura de bronze que retrata a
diversidade das raízes culturais da ilha. Restaurada
em 1990, a passagem de novas pedras rosa leva à
baia de San Juan. Relaxe e observe as pessoas. A brisa
do mar da baía refresca e torna a caminhada ainda
mais agradável.
Vá para Port Caribe, ao sul da ilha. É pouco explorado
e tem muitas atrações. Comece pela cidade de Ponce,
cosmopolita e chamada a “Pérola do Sul”, fundada
em 1692. A rica arquitetura abriga museus e faz da
cidade um importante centro cultural da ilha. Port
Caribe tem em torno de 15 cidades aninhadas na
orla, ao pé de serras e vales.
Não perca o Museu de Arte de Ponce. Fundado por
um industrial e mecenas de arte, conta com boas
obras de pintores da Europa. Aberto ao público em
1959, ganhou sua sede atual em 1965. Iniciado com
24 pinturas, conta hoje com um
acervo de mais de 3.500 obras de
arte, com destaque para a pintura
dos pré-rafaelitas ingleses, a
pintura barroca italiana e da escola
francesa. A obra mais famosa do
museu é “Sol Ardente de junho”
– Fleming June – de Frederic Lord
Leighton.
Troque a direção rumo ao oeste em
direção a Porta Del Sol. São várias
cidades onde estão as melhores
praias para o surf. Além disso, você
pode andar de bicicleta, observar
pássaros, mergulhar, pescar,
caminhar… Lá está a cidade de
Rincón, palco do famoso por de
sol, cantado pelos The Beach Boys
no hino não oficial dos surfistas “Surfing Safari”.
Lá, bons surfistas encontram mariscos ainda
melhores…
Onde ficar
São muitas as opções de hospedagem, para todos
os gostos e bolsos.
Começam com grandes resorts espalhados pela
ilha, com cassinos, campos de golfe, restaurantes e
baladas. A maioria das grandes grifes estão lá. Há
também pequenas pousadas e hotéis.
Uma opção bem interessante são os Paradores,
nos arredores da ilha, fora do agito de San Juan. M
parador é um pequeno hotel privado, que participa
de um programa do governo que garante o nível
de qualidade. Os preços são atrativos, estão quase
sempre em locais muito bonitos e históricos e
oferecem a gastronomia local.
Do outro lado da balança, os hotéis butique, que
oferecem luxo e personalização.
Mas se você quer ver Porto Rico ferver, marque
já sua passagem e vá para o 14 Porto Rico Salsa
Congress, que acontece entre 24 e 31 de julho,
no San Juan Hotel & Casino. É uma festa sem
comparação. Tem gente de todas as idades e de
todos os lugares que vão lá para ...dançar!
Pode haver motivo melhor pra viajar e
encontrar de alemães a japoneses, de 8 a 80
anos? As Américas parecem confluir para
San Juan para rebolar feliz.
Vêm bailarinos de todo lugar para competir
nos quesitos grupo e dupla. Presença de
palco, coreografia, visual, técnica e execução
são os critérios que elegem os melhores do
mundo. Para participar, é só se inscrever.
Tem workshops e aulas pra quem não é –
ainda – fera na salsa. Diversão em estado
bruto.
35
O povo não
entende esse
portinglês,
right?
L
Outro dia, no intervalo
de um congresso, um
colega me convidou para
tomar um “cofe brake”.
Meu motorista preferiu
almoçar no restaurante
de “seve-serve...
Por JOEL LEITE
evei uma bronca do Sr. Matinhos,
editor do “Luso Americano”, jornal
onde eu trabalhava em New Jersey,
EUA. Eu recebia diariamente notícias
da comunidade portuguesa em
várias cidades do país, escritas
normalmente à mão, e enviadas pelo
correio. Minha função era dar um
formato jornalístico ao texto, colocar
o título e mandar para a edição. Certa
vez, recebi um comunicado onde se
lia: “A comunidade portuguesa de
Boston “negoceia” com a prefeitura
a reforma da escola local”. Ri da
ignorância alheia e, naturalmente,
substituí a palavra por “negocia”.
O Sr. Matinhos ameaçou me demitir
caso eu continuasse a escrever
em “brasileiro”. “Aqui s´screve em
prtuguês, ô gajo!”
Nunca tinha pensado na
possibilidade de o Brasil falar a
língua “brasileira”. Nem acho que,
quinhentos e tantos anos depois,
alteramos tanto a língua dos
conquistadores. Uma pronúncia
diferente aqui, uma palavra
surpreendente ali, mas, de uma
forma geral, falamos no Brasil
e em Portugal uma língua
compreensível para ambos os
povos. Mesmo depois de 500
anos!
Incompreensível é a
36
língua que o Brasil construiu após
a Segunda Guerra, quando nossas
raízes europeias, alimentadas pela
força da imigração portuguesa,
italiana e espanhola, entre outras,
foram substituídas pelo lifestyle
estadunidense, padrão dos
vencedores da II Guerra.
Para você que tem intimidade com a
língua inglesa - que vive o mundo dos
negócios, da moda, da informática,
enfim, que tem atividades próprias
da classe média - as expressões
estrangeiras são facilmente
absorvidas. Mas o brasileiro comum
sofre com a incompreensão. Passa por
situações difíceis. Como empurrar
a porta quando a placa indica
push? Até os iniciados vacilam. É
uma agressão, uma humilhação às
pessoas que não têm o domínio do
idioma. Dentro do seu próprio país o
sujeito se defronta com expressões
incompreensíveis, em língua
estrangeira, informações as quais
necessita para o seu dia a dia.
Sale, airbag, site, bluetooth, player,
CEO, feedback, coffee breake, facelift,
call center, upgrade, happy hour,
fast-food, drive-thru, são palavras
que povoam o nosso dia a dia, e
incompreendidas por grande parte
da população.
O inglês domina a comunicação
brasileira. Os nomes das coisas foram
substituídos. Lembra do vestido
estilo Tomara que Caia? e a blusa
Frente Única, a calça Boca de Sino ou
a Pantalona? Hoje é blusa baby look,
calça bag, camiseta é T-shirt.
O mercado imobiliário exagera.
Trocou churrasqueira por grill, sala
por living, armário embutido por
closet. Parque infantil é playground.
Questionar esse exagero é questão
de sobrevivência, não se trata
(apenas) de resistência ao domínio
cultural estrangeiro. Outro dia,
no intervalo de um congresso, um
colega me convidou para tomar um
“cofe brake”. Meu motorista preferiu
almoçar no restaurante de “seveserve”.
Numa sala de aula, o aluno não
sabia o que era “doravante”. O colega
respondeu prontamente: “quer dizer:
fora da classe”. Percebeu a relação
com o inglês? Não? “Door avante”
(da porta pra fora). Não é piada, isso
aconteceu numa aula do professor
Clóvis de Barros Filho, na USP.
O brasileiro de classe média já pensa
em inglês. Não se trata de simples
aceitação dos estrangeirismos. Se
assim fosse, as expressões em outras
línguas também seriam absorvidas.
Não são. Se o sujeito pronunciar
Leroy Merlin em francês, “lerroá
merrlã”, vai ser taxado de pedante,
isso se for compreendido. O mesmo
com Magneti Marelli: a pronúncia
aceita é em português, Maguinéti,
e não no italiano Manheti. São dois
pesos para a mesma medida.
Há duas formas de exercer o poder.
Pela força física ou pelo controle
social. Antigamente a força física era
usada em qualquer situação. Hoje só
é usada se for preciso. Mas o controle
social está dando conta, se está!
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pós-graduação em
Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, assina
colunas em jornais, revistas, rádio,TV e internet. Não tem nenhum livro editado e nunca
ganhou nenhum prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu.
Santo Antônio
e os namorados
Eu cresci ouvindo minha mãe dizer
que ia pedir ajuda ao Toninho. Se
a gente perdia alguma coisa em
casa, ou se precisava de alguma
coisa muito importante e quase
impossível. Se tinha alguém doente,
ou triste, ou sem perspectiva, ela
logo dizia que o Toninho ia dar um
jeito. Que ele sempre dava. O Toninho
em questão era o Santo Antonio, que
minha mãe adorava do jeito dela, bem
informalmente.
Por Maria Regina
C
38
Cyrino Corrêa
elebrado em 13 de junho, é
considerado o “Santo Casamenteiro”,
que vem em auxílio das solteiras e –
talvez – dos solteiros. O imaginário
popular conhece muitas simpatias
e adivinhas que devem ser feitas na
noite de 12 de junho. A resposta pode
ser tiro e queda.
Lembro que, na minha adolescência,
todo mundo escrevia quatro nomes
de pretendentes em quatro pedaços
de papel. Depois, a gente dobrava
em quatro e colocava um em cada
canto do quarto. O papel que
amanhecesse mais aberto indicava o
nome do próximo namorado. Lógico
que a gente dava uma roubadinha,
deixando a dobra do preferido mais
frouxa...
Também são muitas as histórias de
mocinhas em idade de casar que
põem o pobre do santo de ponta
cabeça, como forma de forçá-lo a
arrumar-lhes um marido. Ouvi dizer
até de Santo Antonio mantido no
congelador, enquanto não trouxesse
um marido. E dizem que tem que se
ganhar a imagem pra arranjar um
amor. Não vale comprar!
Santo Antonio nasceu em Lisboa e foi
contemporâneo de São Francisco
de Assis, tendo convivido com
ele intensamente na ordem
Franciscana. Protetor dos noivos,
até hoje se celebram casamentos
coletivos em sua igreja no dia 13
de junho em Portugal. Morreu
perto dos 40 anos e logo começaram
a lhe atribuir milagres. Foi canonizado
um ano depois da sua morte e tornouse um dos doutores da Igreja.
Imagina só! Ele convivia com São
Francisco! Eu fico pensando que tipo
de conversa maravilhosa eles teriam...
De qualquer maneira, junho pra nós
é o mês dos namoros. Ainda que hoje
pouca gente pareça disposta a dividir
alguma coisa, todo mundo diz que
quer namorar.
O dia dos namorados na maior parte
dos lugares é celebrado em 14 de
fevereiro, que é dia de São Valentim.
Aqui, foi mudado para perto do dia de
Santo Antonio por razões bem mais
práticas do que românticas: importado
para ajudar o comércio, alojou-se em
junho, mês tradicionalmente fraco
para vendas. Hoje, depois do Natal e
do Dia das Mães, faz os comerciantes
rirem de orelha a orelha.
Um bom lugar pra se encontrar um
namorado é uma festa junina. Sempre
friozinho, faces coradas de quentão,
correio elegante, fogueira... Em São
Paulo vem ficando cada vez mais difícil
encontrar uma boa festa. Mas no
Nordeste, as tradições são mantidas e
as festas são quase tão boas e famosas
quanto o Carnaval. São João, o mais
celebrado, ganha as festas como forma
de agradecimento pelas chuvas no
sertão.
A grande atração são os foguetórios!
Eu simplesmente adoro fogos de
artifício! Mais um presente dos
chineses para nos maravilhar, como
o biscoito da sorte e o frango xadrez.
Um aparte: fui cinco vezes pra China e
nunca comi – ou encontrei no cardápio
– qualquer coisa parecida com o nosso
bom e velho frango xadrez...
Mas os fogos de artifício, assim como a
pólvora, são mesmo chineses. Quando
eu era criança, adorava me vestir de
caipira, com falsas tranças que o meu
cabelo, muito liso, não seguram. Ia
pras festas do colégio bem feliz, dançar
quadrilha e me entupir de doces e
amendoim. Que delícia ser criança e
comer amendoim sem culpa.
Tenho uma foto muito legal em que
estou uma legítima caipirinha, cheia de
babadinhos e sem os dentes da frente!
Foi a única vez que me senti adequada
naquele período em que passei
trocando dentes aos 6, 7 anos.
As festas juninas são celebradas no
mundo todo. Dedicadas aos santos
populares, coincidem com a festa pagã
do solstício de verão no hemisfério
norte, celebrado em 24 de junho, dia de
São João. A tradição da fogueira vem
daí. Já os balões serviam pra sinalizar
que a festa estava começando. Hoje,
estão proibidos, pelo perigo. Mas
a gente ainda lembra como eram
bonitos...
“O balão vai subindo, vem caindo a
garoa, o céu é tão lindo e a noite é tão
boa...”
Maria Regina Cyrino Corrêa é jornalista,
publicitária e, apesar de não ser católica,
tem uma linda imagem do Toni... ops! Santo
Antonio em casa.
[email protected]
http://felllikeaqueen.blogspot.com/
www.2showcomunicacao.com.br
Pisada
na
bola
O que fazer quando o problema não é resolvido
por email, por telefone ou pessoalmente? No
papel de cliente, quase nada. A não ser esperar
a boa vontade do atendimento terceirizado
e da própria empresa. Ou abandonar
definitivamente a marca. Enquanto isso, meu
celular novo continua hibernando...
uitas empresas ainda não perceberam que, para
garantir um ciclo de vida com os consumidores, é
necessário que o consumidor seja, antes de tudo,
cliente da marca. Um caminho ideal é compreender
as necessidades daquele que consome o produto (ou
serviço) e supri-las de forma positiva e inesperada.
A partir daí, o vínculo e a confiança estabelecida
atingirão um nível tão elevado que uma única
venda gerará naturalmente outros relacionamentos
comerciais.
Porém, uma gama ainda maior de empresas não
consegue sequer oferecer o mínimo possível. Ou
seja, um atendimento básico para sanar problemas
gerados pela própria empresa. Infelizmente fui e
continuo sendo vítima e testemunha dessa afronta
imperdoável.
Tudo começou no estande de vendas de celulares
de uma famosa marca asiática, que gasta milhões
em merchandising esportivo, mas coloca em
segundo plano o treinamento de seus empregados
e dos demais prestadores de serviço terceirizados.
Na conversa inicial com o vendedor, ele exibiu as
ferramentas e as maravilhas do aparelho, destacando
a qualidade da manufatura e dos materiais utilizados
na fabricação. “Nossos produtos são únicos no
mercado. A performance é garantida”, complementou
o representante.
Orgulhoso com tanta tecnologia embarcada à
disposição, tive que recorrer a meu antigo celular um
dia depois da aquisição, pois a então suposta super
bateria arriou em algumas horas de uso. E não voltou
a dar sinal de vida depois.
A decepção não é com o problema técnico, mas sim
com os caminhos tortuosos para encontrar uma
solução. O site oficial da empresa esconde a página
de atendimento ao cliente, como pedindo “por favor”
para não ser contatada. Os e-mail de reclamação
são tratados por meio de resposta automática, que
promete retorno em até 48 horas. E só promete. E
a central telefônica (não gratuita) orienta procurar
alguma assistência técnica “mais perto de sua cidade”.
O grande pilar do atendimento é atender! Depois
satisfazer. E, por último, surpreender os clientes. A
teoria não é minha. Está registrada nas literaturas
especializadas. Nas últimas semanas, no entanto,
tenho sido transformado em bolinha de pinguepongue. Do call center para a sala de recepção
da autorizada que, terceirizada, afirma seguir os
procedimentos da empresa. E a ela reclamar, se assim
quisermos.
Como consumidor, aí vai minha singela contribuição
às empresas que insistem em maltratar os clientes: a
relação comercial é como a relação amorosa. Se não
cuidarmos com carinho, alguém fará isso por nós. E aí
já será tarde para lamentos. Eu já troquei de celular. E
de marca, definitivamente.
Marcelo Allendes é jornalista e
colaborador do Banco Volkswagen.
email: [email protected]
SHOWROOM
M
Por Marcelo Allendes
39
Multimídia e
conectado
Bonitos e acessíveis
Cada vez mais multimídias e conectados, os celulares são não
só extensão do corpo, mas dos computadores, do som, das
câmeras, das filmadoras. É caso do novo celular Sony Ericsson
Vivaz que permite gravar filmes em HD e fazer upload para
o Youtube ou Picasa via Wi-Fi. O recurso de filmagem tem
foco automático contínuo, que garante capturar com nitidez
imagens mesmo em movimento. O recurso câmera tem
lente de 8.1 megapixels com zoom digital de até 4x e autofoco - função que detecta o rosto que encontra e regula
automaticamente o foco para a face no visor. As fotos
podem ser vistas no modo retrato ou paisagem, bastando
girar o telefone para alternar os modos.
O Vivaz está integrado com o Facebook e, na tela do
telefone, vê-se as atualizações de status dos amigos e é
possível enviar as fotos tiradas diretamente para a sua
página do Facebook.
O recurso Media Go facilita a transferência
de arquivos de mídia entre o telefone e o
PC, arrastando e soltando, além de converter
filmes e arquivos de música para a melhor
qualidade possível.
A tela de 3,2” é sensível ao toque. Vem com
GPS incorporado e funciona em qualquer
região do Brasil em operadoras que operam
com GSM. Pode ser habilitado com Chip Pós
Pago ou Pré Pago.
Monitores LED LCD mais acessíveis e com
excelente custo/benefício é a proposta
da LG Electronics com o lançamento
da linha E40 no mercado nacional.
Os modelos E1940S (18,5 polegadas) e
E2240S (21,5 polegadas) têm tela LED
LCD, que garante alta qualidade de
imagem e menor consumo de energia,
30% menos quando comparado a um
monitor LCD convencional. Iluminadas
por lâmpadas LED, as telas não contém
mercúrio - material nocivo ao meio
Preço sugerido: R$ 1.399,00
ambiente - em sua composição. O design é
simples e elegante, com apenas 1,7 cm de
espessura, acabamento em black piano
e bordas em acrílico transparente. A
linha possui tela widescreen (16:9),
índice de contraste dinâmico
A Canon traz para o mercado brasileiro, a partir de julho, a Canon PowerShot SD4000,
de 2.000.000:1 e tempo de
a primeira câmera da linha Elph com o sistema de alta sensibilidade, que soma um
resposta de 5ms, recursos que
sensor retro iluminado de 10 megapixels e um processador de imagem para melhorar a
proporcionam maior nitidez e
qualidade das fotos capturadas em situações de pouca luz. Tarefa auxiliada pela lente f/2.0
riqueza de detalhes.
que permite maior entrada de luz, velocidades altas do obturador e redução do efeito de
Preço médio sugerido: E2240S trepidação da câmera. O resultado são imagens mais claras, com mais qualidade e nitidez,
RS 759,00 / E1940S - R$ 619,00.
mesmo sem flash ou com ISO elevados. Outra função bacana é a gravação de vídeos em
HD, conteúdo que é facilmente transferido da câmara por um cabo USB e reproduzido em
HDTV via saída HDMI. Possibilita não só filmar, mas “brincar” trocando, acentuando cores ou
assistindo aos vídeos em câmera lenta. A tela da câmera é de LCD, de três polegadas e mostra
imagens e menus com facilidade. Tem ainda zoom óptico de 3.8X com estabilizador óptico de
imagens. Tudo num design compacto com curvas bem trabalhadas, textura, aparência moderna e
leque de cores: vermelha, preta, prata e branca.
A câmera é compatível com memory cards SDXC e tem capacidade máxima de 2 terabytes (TB).
Pequena criativa
40
Preço sugerido: no Brasil ainda não foi divulgado, mas nos EUA o preço é de US$ 350.
Um romance paranoico
Comédia romântica gay
“Coração apertado” por Marie NDiaye (Cosac Naify Editora, 2010)
Preço sugerido: R$ 50,00
SHOWROOM
Nas primeiras cenas, o aviso: “isso aconteceu de verdade”. E, à medida que a trama
Onde são lançados, os livros da francesa
se desenrola tudo parece improvável. Steven Russell, interpretado por Jim Carrey,
de origem senegalesa e moradora de
cresceu no Texas, tornou-se policial, casou-se, teve uma filha, tudo dentro dos
Berlin, Marie NDiaye chamam a atenção
parâmetros “normais”, até que ele sobrevive a um grave acidente de carro e decide
da crítica e do público. O ano passado ela
não mais viver na mentira e se assume gay. Muda-se para Miami, onde adota um
ganhou o prestigioso prêmio das letras
estilo de vida hedonista e conhece seu primeiro amante sério, Jimmy Kemple,
francesas, o Goncourt (que há 11 anos não
interpretado por Rodrigo Santoro.
era atribuído a uma mulher) por Trois
Prazeres custam caro, as contas têm que ser pagas, e Russell passa a violar as leis,
Femmes Puissantes, ainda sem tradução
aplicando golpes e fraudes, daí o título em português “O golpista do ano”, do
no Brasil, mas que será lançado pela Cosac
original “I Love You Phillip Morris”. Ele é carismático, inteligente, mas as coisas
Naify, a mesma editora que trouxe “Coração
saem erradas. Ele vai para a prisão, onde conhece o amor de sua vida: um homem
apertado”, romance de estreia de Marie
sensível, louro, olhos claros, chamado Phillip Morris (Ewan McGregor). Tem início
NDiaye por aqui. “Coração apertado” narra
uma sucessão de golpes, intercalados com períodos na prisão e fugas, sempre
em primeira pessoa a perturbadora história
através de meios engenhosos e não-violentos, tudo em nome do amor para
de Nadia e Ange, um casal de professores,
estar ao lado de Phillip Morris. É uma comédia romântica, inclusive com as
moradores de Bordeaux, que sem nenhum
cenas clássicas de encontros e despedidas, só que gay, e só por isso polêmica.
motivo aparente começam a serem olhados
Tanto que os diretores/roteiristas tiveram que buscar produtores - leia-se
de modo diferente por colegas, vizinhos,
dinheiro - na Europa porque não encontraram nos EUA. O filme, aliás, não
alunos. Como Nadia e Ange, o leitor custa a
estreou por lá, os distribuidores norte-americanos prometem para 30 de
entender por que eles estão sendo tratados
junho, junto com as grandes estreias do verão.
assim, e como os personagens, sente-se
Muita gente não gosta de Carey; o considera exagerado, careteiro. Mas
paranoico. A linguagem é seca, neutra, limpa,
ele está na medida para este papel. Não dá para rolar de rir, mas os
por vezes, engraçada, só que com um humor
102 minutos de projeção passam rápido. Dá para se divertir, mas a
ferino, o que acentua o absurdo da situação e o
sensação de incredulidade não desaparece.
desespero das personagens. A autora de 43 anos
fala da França urbana contemporânea, das tensões
“O golpista do ano” (I Love You Phillip Morris, EUA / França, 2009, 102
sociais e violência latente. No romance, questões
Minutos).
como racismo, integração, imigração, as ex-colônias,
Escrito e dirigido por Glenn Ficarra e John Requa com Jim Carrey, Ewan
não são verbalizadas, mas estão presentes. “Coração
McGregor, Rodrigo Santoro, Leslie Mann e outros.
apertado” é um suspense apavorante e sufocante,
Estreia prometida: 4 de junho.
sensação que é potencializada pelo cenário - Bordeaux e a
neblina que encobre a cidade, tão densa, que à certa altura,
Nadia se perde e não consegue se orientar por onde vive há
tanto tempo. É um livro sobre a intolerância com os imigrantes em
tempos de atentados terroristas, globalização e recessão dos países
desenvolvidos.
41
“Culto do Cassoulet
Amador”,
ameaça ao
mundo do
vinho?
Por Gustavo Corrêa
Por Arthur Azevedo
P
quer que seja, e sim de não
permitir que inocentes úteis
sejam usados pela indústria
do vinho para validar produtos
de péssima qualidade,
que lamentavelmente, se
encontram às centenas em
Assunto dominante no
todos os países. Consumidores
evento Wine Future 09,
comuns tendem a dar opiniões
realizado na Espanha,
baseadas no hedonismo, do
em novembro último, a
tipo “gostei” e “não gostei”,
qualidade e a confiabilidade
que, em última análise, não
das informações disponíveis
servem para absolutamente
nas diversas redes sociais
nada, pois refletem um gosto
(Facebook, Orkut, Twitter,
pessoal, que pode ou não ser
My Space e outras), no You
útil para outros consumidores.
Tube e em inúmeros blogs e
Pior ainda são os blogs de
websites que se multiplicam
pseudo-especialistas, que são
a cada minuto, vêm
alimentados por produtores
inescrupulosos, onde pessoas
despertando o interesse dos
que não têm a menor noção
especialistas no mundo todo.
dos diversos aspectos do vinho
e sem nenhuma formação
ara uma melhor compreensão do
específica, por mínima
assunto, vale recapitular a origem do
que seja, se travestem de
título que abre essa matéria. “Culto
profundos conhecedores
do Amador” é o nome do livro de
de um assunto do qual não
Andrew Keen, editado no Brasil pela
tem noções rudimentares.
Zahar Editora, cujo tema central é
As facilidades trazidas pela
a celebração do amadorismo, o que
permite que qualquer pessoa, por mais internet escondem armadilhas
para o consumidor de vinhos,
desinformado ou mal-intencionado,
que seja, emita sua opinião sobre temas que só poderão ser evitadas
os mais diversos possíveis, fazendo com se a fonte das informações for
que muitas pessoas, inadvertidamente, cuidadosamente avaliada e as
informações criteriosamente
recebam informações errôneas, visto
filtradas. O “Culto do
ser hoje praticamente impossível se
Amador” deve sempre estar
medir a confiabilidade da informação
presente nas considerações
postada. Esse fenômeno mundial do
amadorismo chegou com força total ao de qualquer consumidor
mundo dos vinhos, com consequências consciente, especialmente
em assuntos que dependam
nefastas, visto o vinho ser uma bebida
que envolve diretamente a ciência em de formação específica e bem
fundamentada.
sua elaboração e apreciação.
Não se trata de censura a quem
42
Arthur Azevedo é diretor da Associação Brasileira de Sommelier –
SP, editor da revista Wine Style (www.winestyle.com.br) e consultor
de vinhos do Angeloni
Você sabe a diferença entre o cassoulet e o puchero?
O cassoulet é a feijoada francesa, feita com feijão
branco e carne de porco, carneiro, ganso ou pato e
pouco tempero. Já o puchero é espanhol e feito com
carnes e grão-de-bico, mas muito temperada.
Boa pedida para os dias frios, servido com arroz
branco e pimentas variadas, o Cassoulet é uma
ótima oportunidade para reunir amigos e cozinhar,
tudo sem pressa, tomando um vinhozinho...
Anote:
Deixe os fundos prontos com antecedência. Eles
são úteis para várias receitas. Faça o fundo (caldo) a
partir de carcaças de frango ou ossos e carne de boi,
cozidos com cebola, alho, cenoura e ervas finas.
Ingredientes:
• Cozinhe 480g de feijão branco coberto com água ou
fundo de legumes, dentes de alho e um bouquet garni
(trouxinha feita com ervas aromática, alho e pimenta
em grão). Quando estiverem cozidos, reserve.
• Asse 800 g de tomates, tire a pele e corte em cubos
pequenos.
• Cozinhe 140g de lombo de porco em fundo de frango
até que esteja macia (uma hora e meia). Reserve a carne
e o fundo separadamente. Não esqueça de retirar o
excesso de gordura do fundo.
• Em uma panela grande e quente, adicione 450g de
cebolas fatiadas bem fininho e 1 colher de sopa de vinho.
Salteie até dourar.
• Adicione na mesma panela 1 colher de sopa de alho
picado e salteie até sair o aroma. Adicione 50g de extrato
de tomate e pincele até ficar marrom.
• Aí, é só deglacear (remover e aproveitar o sabor dos
restinhos de fritura e gordura que aderem no fundo da
panela) com mais 80ml de vinho e deixar reduzir até a
consistência de um xarope.
• Junte uma colher de sopa de tomilho, uma de alecrim
e metade dos tomates assados. Cozinhe até o suco dos
tomates reduzir.
• Adicione o fundo reservado: 370g de tomate concassé
(sem pele, cortado em cubos), meio copo de fundo de
carne, sal e pimenta. Cozinhe em fogo brando por 15
minutos.
• Adicione a carne de porco reservada, 140g de peito
de pato defumado, 225g de carne de peru picada e
temperada e os feijões cozidos. Teste o sal e adicione o
necessário para o seu paladar, sem exageros.
• Cozinhe por mais 20 minutos.
• Aos poucos, vá juntando o restante dos tomates
assados e mantenha quente.
• Misture 100g de farinha de rosca com meia colher de
ceboulette e meia de salsa picadas.
Na hora de servir, coloque porções individuais do
guisado quente em cumbucas refratárias e polvilhe
com a mistura da farinha de rosca. Finalize no forno
260 oC até formar uma crosta dourada.
Tempo de preparo: 2 horas • Rendimento: 6 porções
Calorias: em torno de 340 por porção
Gustavo Corrêa é chef formado pelo SENAC Águas de São
Pedro. Trabalhou em várias regiões brasileiras, em restaurantes
renomados internacionalmente. Sua especialidade e prazer são
os jantares temáticos. [email protected]
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