CAVALEIROS DO ORIENTE NO BRASIL DO SÉCULO
XIX?
IX Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
UMA ANÁLISE DA MAÇONARIA, SUA RELAÇÃO COM O I E II
REINADO E SEUS PROBLEMAS COM A “IGREJA DE PEDRO”
Jefferson Batista Garcia (curso de História da PUCRS), Prof. Dr. René E. Gertz (orientador)
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de História
Resumo
A pesquisa tem como objetivo principal analisar a História da Maçonaria brasileira, e sua
relação com o I e II Reinado. Contudo, inicialmente apresentaremos um panorama da história
da maçonaria européia, realizando uma análise da mesma no contexto nacional, dando ênfase
na atuação desta instituição no Rio Grande do Sul. Ressaltamos que a pesquisa se concentrará,
no período da segunda metade do século XIX, visto que uma das propostas do presente
trabalho é analisar a conturbada relação que aconteceu entre a Ordem Maçônica e a Igreja
Católica no Brasil. Na análise da relação entre maçons e católicos, a presente pesquisa
enfocará a questão a partir de 1860 no Rio Grande do Sul, porém, sem perder de vista o
contexto nacional do problema, pois aquilo que a Igreja Católica combatia na Província do
Rio Grande do Sul, representada pelo bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, foi o mesmo que
estava sendo posto em outras regiões do Império: Bahia, Belém, Rio de Janeiro.
Durante a segunda metade do século XIX, a Igreja Católica passava por um processo de
reorganização, que, segundo o historiador Alexandre Mansur Barata, ficou conhecido pelo
nome de “romanização do clero católico” (BARATA 1999: 100). Essa romanização era
ideologicamente de caráter “ortodoxo”, ou como ficaria mais conhecido no século em voga:
Ultramontana. Tal ideologia, que estava se propagando com o papado de Pio IX, combatia
qualquer tipo de manifestação liberal, e, a partir de 1870, no Brasil, os adeptos mais
fervorosos do ultramontanismo também vão ignorar o fato das bulas papais terem de passar
pelo beneplácito do imperador; acatando diretamente as ordens vindas de Roma. Portanto,
desrespeitando as leis do Império, que desde a Constituição de 1824 assegurava o direito de
beneplácito ao imperador (CIFUENTES 1989: 238-239). É nesse contexto que a Igreja
Católica entrou em conflito com a maçonaria, pois a maçonaria se fazia presente na tentativa
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de implantação das idéias modernas e liberais, bem como nos gabinetes ministeriais, no
Conselho de Estado e entre os senadores, como sugere a historiadora Eliane Colussi
(COLUSSI, 2003: 305).
Segundo Alexandre Barata, no Brasil o que era defendido pelos ultramontanos, eram as
seguintes teses:
a) a supremacia do poder espiritual sobre o poder temporal, o qual, no caso brasileiro,
estava diretamente ligado à extinção do beneplácito imperial; b) a Monarquia como a
melhor forma de governo; c) a cidadania vinculada ao professar o catolicismo; a defesa da
estrutura familiar patriarcal e o combate à educação laica (BARATA, 1999: 103).
Se na França houve padres refratários, identificados com a contra-revolução, como
destaca Lynn Hunt (HUNT 2006: 32), no Brasil, tivemos os ultramontanos, também
identificados como contrários às idéias modernas; que na grande maioria das vezes
embasavam as reformas no Estado, o qual procurava se modernizar e se laicizar cada vez mais
durante o século XIX. É nessa perspectiva de modernização de vários setores do II Reinado
que nos concentraremos a análise dos periódicos católicos e maçons, pois as hostilidades de
ambas as instituições, na segunda metade do século, se travariam, principalmente, por meio
destes veículos de comunicação. Para isso, estão sendo realizadas visitas periódicas ao Museu
de Comunicação Hipólito José da Costa, para pesquisas no jornal católico A Estrela do Sul, na
folha maçônica A Acácia e no jornal liberal A Reforma.
Mas também são realizadas pesquisas na Biblioteca Central da PUCRS, visto que a
mesma contém uma vasta bibliografia sobre o assunto, inclusive, fontes primárias da época. A
próxima etapa da pesquisa será uma visita aos arquivos do Grande Oriente do Rio Grande do
Sul (GORGS), para analisarmos alguns Boletins Oficiais da década de 70 do século XIX, que
trazem artigos e manifesto da maçonaria sobre o problema da questão religiosa no Rio Grande
do Sul.
Iniciaremos com uma análise da historiografia sobre a História da Maçonaria no Brasil.
Aqui nos deparamos com obras claramente apologéticas de escritores maçons, e, ao mesmo
tempo, obras acadêmicas, escritas por historiadores e outros especialistas do assunto. Nas
pesquisas sobre a história da Igreja Católica, freqüentemente, nos deparamos com o mesmo
tipo de problema naquilo que diz respeito à parcialidade. Porém, ressaltamos que esses
problemas justamente nos impulsionaram a realizar esta pesquisa sobre a conturbada relação
histórica dessas duas instituições.
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F. 1. Maçons paramentados golpeado um orbe, representando o ultramontanismo, 1872.
Fonte: revista Nossa História: O Poder Secreto da Maçonaria. Ano 2, n° 20, jun. de 2005. p. 29.
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa maior (monografia). Como tal, está
inconcluso, mas algumas etapas já foram vencidas: análise dos elementos geradores do
conflito entre maçonaria e Igreja Católica na Província do Rio Grande do Sul; introdução da
doutrina ortodoxa ultramontana através do bispado de Dom Sebastião Dias Laranjeira e o
conflito político-doutrinário com o líder maçônico e político Karl von Koseritz.
Referências
BARATA, Alexandre Mansur. Luzes e Sombras: A Ação da Maçonaria Brasileira (1870-1910). Campinas:
Editora da Unicamp, 1999.
CIFUENTES, Rafael Llano. Relações Entre a Igreja e o Estado: A Igreja e o Estado à Luz do Vaticano II, do
Código de Direito Canônico de 1983 e da Constituição Brasileira de 1988. São Paulo: Editora José Olympio.
1989.
COLUSSI, Eliane Lucia. A Maçonaria Gaúcha no Século XIX. Passo Fundo: Editora UPF, 2003.
HUNT, Lynn. Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. In: PERROT, Michelle. História da Vida Privada. São
Paulo: Editora Companhia das Letras, 2006.
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