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A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Romulo Ferreira Diniz *
Não existe consenso entre os historiadores sobre a possível participação
da Maçonaria no movimento da Inconfidência Mineira. A razão disto está na
ausência de documentos oficiais que possam atestar a existência de lojas
maçônicas em funcionamento no Brasil à época em que o movimento eclodiu.
Entretanto, cabe atentar que, naquele tempo a Maçonaria, através de
seus obreiros, já se fazia presente e influenciava a maioria dos movimentos
libertários. Por este motivo, era vigiada pela elite dominante. Além do mais, a
participação dos católicos na Ordem Maçônica estava expressamente proibida
pelas autoridades religiosas com base, inicialmente, na bula "In eminenti", do
Papa Clemente XII e, posteriormente, na bula "Provida Romanorum
Pontificum", do Papa Bento XIV
Via de conseqüência, em países católicos, por razões de segurança, as
reuniões maçônicas eram realizadas em locais secretos sob o pálio das
academias, areópagos e arcádias literárias.
Assim sendo, os registros regulares do funcionamento de lojas em nosso
país só passaram a existir a partir do início do século XIX, mais precisamente
após a consolidação do Grande Oriente do Brasil.
Porém, existem indícios de que, na Bahia, no Rio de Janeiro e em Minas
Gerais, houve Lojas Maçônicas anteriormente a 1800.
A divulgação dos ideais maçônicos era feita principalmente por pessoas
que retornavam da Europa para onde tinham ido estudar.
Era comum, entre as famílias abastadas, enviar seus filhos a países da
Europa a fim de completarem a sua educação. Ali eles tinham a oportunidade
de freqüentar universidades famosas, como a de Coimbra, em Portugal e a de
Montpellier, na França, onde o pensamento maçônico fervilhava. Muitos dali
saíam iniciados nos augustos mistérios da Ordem.
Em aqui chegando, esses estudantes, agora doutores, além de divulgar
os ideais de liberdade, acabavam por arregimentar adeptos propagando o
pensamento maçônico.
Era freqüente, naquela época, a Iniciação por Comunicação, ou seja, a
iniciação levada a efeito fora dos templos ou realizada por um maçom com
autoridade para tanto.
Segundo consta, Tiradentes foi iniciado pelo Dr. Álvares Maciel, que, de
acordo com o costume, lhe transmitiu os sinais e ensinou-lhe a palavra de
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passe de aprendiz. Entretanto, há historiadores discordantes. Estes afirmam
que sua iniciação se deu na Bahia, centro de grande movimentação maçônica.
Ora, existindo grupos que pregavam os ideais de liberdade e de justiça
era natural que sentimentos contra a Metrópole se aflorassem, uma vez que a
população se sentia aviltada com a cobrança dos impostos. As exigências da
Corte com a cobrança do quinto do ouro, ou seja, 20% do que era produzido,
representava grandes sacrifícios para a população (e pensar que hoje
pagamos o dobro em impostos ao governo).
A independência das colônias Inglesas localizadas na América do Norte
alimentava os desejos dos mineiros em se libertarem do julgo português e
formarem uma república onde se respeitasse a livre iniciativa, a liberdade de
escolha e a cidadania.
Ora esses anseios se fortificavam a cada dia. O Projeto de um levante
contra o opressor ganhava corpo. Porem sabiam os seus idealizadores que
não bastava o apoio interno para o sucesso de tão grande empreitada. Seria
necessário obter, também, o reconhecimento de outras nações.
Tiveram, então a ideia de fazer contato com Thomas Jefferson, maçom e
um dos lideres da independência dos Estados Unidos, que, naquela época se
encontrava na França exercendo as funções de Embaixador americano em
Paris
Essa articulação internacional foi levada a efeito com muita cautela.
Criou-se, inclusive, um personagem com o nome de Vendek para funcionar
como interlocutor junto a Thomaz Jefferson. Várias reuniões foram realizadas
na França sendo que, a mais importante aconteceu nas ruínas da cidade
histórica de Nimes, em março de 1.787. Nesta além dos emissários brasileiros,
participaram estudantes que já se encontravam na Europa, tais como Álvares
Maciel, Joaquim da Maia e Domingos Vidal Barbosa.
Os revolucionários mineiros obtiveram o apoio do líder americano,
recebendo orientações e instruções de como se proceder a fim de que a
revolução republicana em gestação resultasse em êxito, tudo isto em sintonia
com os princípios da franco-maçonaria alicerçados no espírito de ajuda-mútua
entre homens livres pautados no trinômio: IGUALDADE, LIBERDADE e
FRATERNIDADE.
Após toda essa preparação foi marcada a data para o levante. Seria no
dia da Derrama. Mas, os revolucionários foram traídos. Presos, foram julgados
e condenados ao degredo na África, exceto Tiradentes que foi condenado à
forca.
Entretanto, segundo alguns historiadores, em um ato de caráter
maçônico-fraternal, o poeta Cruz e Silva, que além de maçom e amigo dos
revolucionários era um dos juizes da Devassa, arquitetou uma operação nãooficial fazendo com que o carpinteiro Isidro de Gouveia condenado por outros
crimes fosse enforcado no lugar de Tiradentes em troca de ajuda financeira
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oferecida pela Maçonaria à sua família. O alferes embarcou incógnito para
Lisboa e a cabeça de Isidro Gouveia, que estava acorrentada em uma gaiola
no alto de um poste, foi retirada e colocada numa urna funerária e, em
cerimônia fúnebre cristã, enterrada sob um altar maçônico.
Essa hipótese se concretizou quando, no ano de 1.969, o historiador
carioca Marcos Antonio Correa, pesquisando sobre José Bonifácio de Andrade
e Silva, descobriu que na lista de presença na galeria da Assembléia Nacional
Francesa de 1.793 constava a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier.
Foram feitos estudos grafotécnicos que comprovaram a veracidade da
assinatura.
Concluímos, portanto, meus irmãos que a Inconfidência Mineira foi um
movimento de inspiração maçônica, capitaneado por maçons. O fato de não
existir documentos oficiais capazes de comprovar esta assertiva é
perfeitamente justificável uma vez que as maiores informações sobre o
movimento encontram-se nos autos da devassa e estes foram produzidos pelo
opressor.
Muito obrigado e que o G:.A:.D:.U:. nos ajude e proteja a todos.
BIBLIOGRAFIA
1. Junior, Augusto de Lima. História da Inconfidência de Minas Gerais, Itatiaia
1996.
2. Grieco, Donatello,.História Sincera da Inconfidência Mineira. Rio de Janeiro .
1990
3. D’Albuquerque, A.Tenório. A Maçonaria e a Inconfidência Mineira. Edit. Aurora,
2ª ed.
4. Silva, Carlos Eduardo Lins.Morte de Tiradentes tem Contestação.Jornal Folha
de São Paulo, edição de 21 de abril de 1999.
* M.:M.:
A.:R.:L.:S.: Cavaleiros Templários nº 3.997
Grande Oriente do Brasil
Belo Horizonte - MG
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