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o Estado C1
Sábado
21 de agosto de 2010
Fotos: Jefferson Ravedutti
[email protected]
Local onde são realizadas as cerimônias ritualísticas na sede do Grande Oriente do Brasil em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; as reuniões são semanais e os participantes precisam ser filiados a uma das 69 lojas no Estado
Trabalho justo e perfeito
Grande Oriente do Brasil MS abre as portas para O Estado; Dia do Maçom foi comemorado ontem
Rodrigo Teixeira
P
ara os leigos, a maçonaria é cheia de
mistério. Praticamente uma entidade lacrada para
quem não participa de suas
atividades. Mas, atualmente, a
maçonaria está deixando de
lado a fama de secreta e passa a
ser apenas discreta. Apesar de
manter em segredo os ensinamentos, rituais e normas, a maçonaria do Brasil está cada vez
mais “aberta” para a sociedade.
O exemplo é O Grande Oriente
do Brasil, que foi fundada em
17 de junho de 1822 e que tem
“lojas" em todos os Estados
brasileiros.
Em Mato Grosso do Sul, a
entidade foi criada em abril de
1980. Hoje em dia O Grande
Oriente do Brasil em MS possui
69 lojas maçônicas e mais de
1.700 membros (em todo Brasil
são aproximadamente 70 mil).
Na verdade, são várias as entidades paramaçônicas, em que
participam, por exemplo, cerca
de 400 jovens entre 7 e 21 anos.
Entre os exemplos estão a Demolay para meninos entre 12
e 21 anos, a Filhas de Jô para
meninas também entre 12 e 21
anos, a Lawtos, para os filhos
dos maçons, e a APJ, uma instituição mista e que é dedicada
a juventude e serve como ação
paralela a escola.
O secretário estadual de
educação e cultura do Grande
Oriente do Brasil em MS, Moiseis Moreira Alves, de 64 anos,
explica que estas entidades
fazem trabalhos filantrópicos
e várias atividades sociais. Ele
frisa que o maçom regular tem
de ser do sexo masculino e
com mais de 21 anos. "Mas as
mulheres podem participar da
associação paramaçônica Fraternidade Feminina Cruzeiro do
Sul, onde atuam as esposas dos
maçons", avisa.
Moiseis, na verdade, ajuda
a amenizar alguns mitos, como
a fama de que quem participa da maçonaria é, geralmente, pessoa de alto padrão
financeiro. "Isto é uma lenda. A
maçonaria comporta o homem
comum da sociedade", garante.
O secretário, no entanto, enu-
Local de onde o Venerável Mestre comanda os trabalhos ritualísticos nas sessões realizadas na maçonaria
mera alguns itens para que a
pessoa seja aceita na maçonaria. "É preciso ter comportamento ilibado, atitudes corretas
e ser puro e bom. A disciplina
na maçonaria é importante e as
regras são fortes", cita.
Entidade maçônica é estudada no
mundo todo desde o Século XVIII
Acima, alguns dos elementos ritualísticos utilizados nas cerimônias: a Bíblia
com esquadro e compasso, a pedra bruta que é desbastada e as espadas
A data exata de quando
surgiu a maçonaria é um mistério. No entanto, é correto dizer
que a maçonaria começou a ser
estudada realmente a partir de
1717. No entanto, a entidade
só chegou ao Brasil em 1822.
A maçonaria teve grande importância na época imperial.
Tanto que seu primeiro Grão
-Mestre foi o patriarca da Independência José Bonifácio de
Andrada e Silva. "O Dom Pedro
I também acabou entrando para
a maçonaria, assim como o Dom
Pedro II", enumera Moiseis.
Entre os feitos importantes
para o desenvolvimento do
Brasil estão a luta pelo desligamento de Portugal, a abolição da
escravatura e a proclamação da
República. "A maçonaria é uma
espécie de Estado dentro do
Estado", compara. Ele lembra
que O Grande Oriente do Brasil
é a única entidade federativa do
Brasil e que a administração
geral fica em Brasília. "Também
existe a Grande Loja do Estado
de MS e O Grande Oriente do Estado de MS. Entidades estaduais
e independentes", explica.
Maçonaria possui várias normas e rituais
bem definidos para as cerimônias
Moiseis ressalta que a maçonaria aceita como integrante
pessoas de todas as religiões.
"Só não aceitamos quem é ateu.
Aí não pode", frisa. "A maçonaria não é uma religião, mas
acreditamos no princípio de que
existe um grande arquiteto do
universo", completa. Ele explica
que a sala em que são realizados os encontros têm vários
símbolos - como o sol, a lua e os
astros - porque o local remete a
ideia do universo. Quem entra
na maçonaria começa como
aprendiz, depois é denominado
companheiro e termina o ciclo
como mestre. "São 33 níveis que
a pessoa passa. Para chegar ao
topo atualmente leva-se 4 anos
e meio, como em uma universidade. Antes não era menos do
que 12 anos", calcula.
Quanto à maçonaria estar
se tornando mais popular, ele
garante que a internet foi responsável. "Temos muitos documentos que são públicos e
abertos a todos. O que é mais
fechado são os rituais e os
trabalhos nas lojas. Mas muita
coisa já está na net", pondera.
A maçonaria não tem uma
data certa de fundação. "Mas
começamos com os entalhadores de pedra e muitos segredos ainda vêm desta época.
Inclusive, esta tradição vem
dos segredos dos entalhes. Só
podia subir na entidade quem
atingisse um determinado nível
de conhecimento", explica. O
secretário avisa que as reuniões
são semanais e que os participantes pagam uma espécie de
mensalidade. "Cada loja tem um
valor", diz. Moiseis garante que
são várias as personalidades
sul-mato-grossenses que participam de O Grande Oriente
do Brasil MS, inclusive o governador André Puccinelli e o
prefeito Nelson Trad Filho.
Atualmente o grão-mestre
geral de O Grande Oriente do
Brasil é Marcos José da Silva.
Em MS, o grão mestre geral é
Gessírio Domingos Mendes. São
várias as personalidades que já
passaram pela entidade, como
Benjamim Constant, Joaquim
Nabuco e Deodoro da Fonseca,
além de artistas como Pixinguinha e Carlos Gomes.
"A maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica,
progressista e evolucionista e
que busca o aperfeiçoamento
moral, intelectual e social da
humanidade", finaliza.
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