ANAIS
RELAÇÃO ENTRE OS INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO E A
INTANGIBILIDADE DOS ATIVOS: UM ESTUDO DAS EMPRESAS LISTADAS
NA BM&FBOVESPA
FERNANDA KREUZBERG ( [email protected] )
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
VITOR PAULO RIGO ( [email protected] , [email protected] )
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
ROBERTO CARLOS KLANN ( [email protected] )
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
RESUMO
O estudo objetiva analisar a relação entre indicadores de desempenho financeiro e o grau de
intangibilidade dos ativos das empresas listadas na BM&FBovespa. A população da pesquisa
se limita às companhias abertas brasileiras, exceto as empresas financeiras, perfazendo uma
amostra final de 241 empresas. Para análise dos dados efetuou-se uma Regressão Linear
Simples, para verificar a relação das variáveis independentes (indicadores de desempenho)
com a intangibilidade dos ativos. Os resultados apontam que os indicadores de desempenho
das empresas analisadas não possuem relação significativa em relação ao grau de
intangibilidade dos ativos, apesar do impacto positivo do endividamento sobre a constante.
Palavras-chave: Ativos Intangíveis. Indicadores de Desempenho. Companhias Abertas
Brasileiras.
1 INTRODUÇÃO
Os ativos intangíveis estão sendo cada vez mais enfatizados, tanto no meio científico
como no mundo dos negócios. Tal fato pode estar sendo influenciado pelo ambiente
competitivo combinado com os recursos limitados e, principalmente, devido à importância do
conhecimento como sendo uma mercadoria (KAUFMANN; SCHNEIDER, 2004). Dessa
forma, os autores corroboram que a diferença positiva entre o valor contábil registrado e o
valor de mercado das empresas pode representar o grau de importância dos ativos intangíveis
nas organizações.
O crescimento da importância dos ativos intangíveis na geração de riqueza nas
empresas denota o papel diferenciado destes ativos em cada organização, conforme o setor de
atuação e a estratégia adotada. O ativo intangível representa um direito de benefícios futuros,
porém, que não tem um corpo físico ou financeiro (LEV, 2001).
Os investimentos em ativos tangíveis, em sua maioria, não afetam os resultados da
empresa de forma imediata. No entanto, alguns ativos intangíveis, como os gastos com
pesquisa, afetam os resultados da empresa imediatamente, pois em sua maioria, são lançados
no mesmo período, mesmo que seus benefícios sejam gerados apenas em exercícios
subsequentes (PEREZ; FAMÁ, 2006). Logo, os autores salientam que essa a abordagem dos
ativos intangíveis pode proporcionar contribuições para o processo decisório das empresas.
Desde a década de 80 vem sendo discutida a avaliação dos ativos intangíveis das
empresas, sendo seu estudo de grande importância no contexto atual acadêmico, conforme
destacam Riahi-Belkaoui (2003), Kaufmann e Schneider (2004), Wang e Chang (2005),
Villalonga e Mcgaham (2005), Uhlenbruck, Hitt e Semadeni (2006) e Tan, Plowman e
Hancock (2007).
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A aplicação adequada dos diferentes recursos à disposição das empresas é fundamental
para elevar a sua capacidade competitiva e o seu desempenho organizacional (RIAHIBELKAOUI, 2003). Estes recursos incluem os ativos tangíveis e intangíveis. O autor enfatiza
que os intangíveis são reconhecidos como recursos estratégicos, que são capazes de gerar
vantagens competitivas e um desempenho financeiro superior, por serem mais valiosos e
insubstituíveis.
A literatura comporta que uma empresa com um bom desempenho financeiro e um
elevado poder competitivo é, em sua maioria, influenciada pelo seu ativo intangível (WANG;
CHANG, 2005). A relação entre estes elementos pode facilitar a correta gestão do capital
intangível, considerando que para os usuários externos das informações, permite-se a
compreensão dos fatores que afetam o valor da empresa.
Diante do exposto, propôs-se analisar a seguinte problemática: Qual a relação entre os
indicadores de desempenho financeiro e o grau de intangibilidade dos ativos das empresas
listadas na BM&FBovespa? Com base na questão problema, o estudo tem por objetivo
analisar a relação entre indicadores de desempenho financeiro e o grau de intangibilidade dos
ativos das empresas listadas na BM&FBovespa.
Diversos estudos têm investigado a relação entre a geração de valor econômico ao
acionista e o grau de intangibilidade das empresas (LEV, 2001; PEREZ, FAMÁ, 2006;
COLAUTO et al., 2009; ZÉGHAL, MAALOUL, 2010), além da relação com o
endividamento (O’BRIEN, 2003; KAYO, PATROCÍNIO, MARTIN, 2009), assim como da
relação entre ativos intangíveis e desempenho econômico e financeiro (BONTIS, KEOW,
RICHARDSON, 2000; WANG, CHANG, 2005; FIETZ, SCAPRIN, 2008; COLAUTO et al.,
2009; NASCIMENTO et al., 2012).
Nesta pesquisa busca-se atestar a capacidade que os ativos intangíveis possuem de
gerar riquezas para as organizações, conforme defendem alguns pesquisadores (LEV, 2001;
RIAHI-BELKAOUI, 2003; WANG, CHANG, 2005). Os resultados obtidos podem ajudar a
contribuir para o amadurecimento da discussão em torno do potencial dos ativos intangíveis
como uma ferramenta de auxílio no processo decisório das empresas e na avaliação do
desempenho empresarial.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O propósito desta seção é apresentar a revisão da literatura a respeito dos ativos
intangíveis, remetendo a sua conceituação e importância em relação aos indicadores das
empresas. Na sequência, apresentam-se os indicadores de desempenho e alguns estudos
realizados, que servem como base para a formulação da hipótese da pesquisa.
2.1 Ativos Intangíveis
Ao estudar a abrangência terminológica dos ativos intangíveis, é importante ressaltar
que alguns pesquisadores utilizam outras expressões como: ativos do conhecimento (LEV,
2001; STEWART, 2001), capital intelectual (STEWART, 1998, 2001) e ativos invisíveis
(SVEIBY, 1997).
A palavra intangível vem do latim tangere, que significa “tocar”, por isso, os ativos
intangíveis são bens que não podem ser tocados, porque não têm corpo, ou mais
especificamente, são bens incorpóreos (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). No entanto, os
autores salientam que não basta o ativo possuir essa característica para ser considerado
intangível, pois, por exemplo, contas a receber e despesas pagas antecipadamente são bens
incorpóreos, mas não são classificados como intangíveis.
Para Kaufmann e Scheneider (2004), não há apenas uma grande variedade de termos
na discussão dos ativos intangíveis, mas também um amplo espectro de definições para cada
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termo na literatura. Em alguns casos, as definições permanecem em níveis muito resumidos e
oferecem pouca ajuda aos profissionais e pesquisadores. No entanto, os estudos apontam que
a maioria das definições, independentemente do termo utilizado, abordam o conhecimento
como uma fonte geradora de riquezas e aproximam essa premissa aos conceitos sobre ativos
intangíveis.
O debate percebido em torno da conceituação acarreta em uma discussão mais
aprofundada acerca deste conceito. Hendriksen e Van Breda (1999) chamam a atenção para o
fato de que em muitas ocasiões a definição é baseada na diferença positiva entre o custo de
uma empresa adquirida e a soma de seus ativos tangíveis líquidos, alertando que isso seria
confundir a definição com mensuração. Conforme Martins (1972) os intangíveis também são
considerados ativos, não pela inocorrência por parte da firma em qualquer custo para a sua
obtenção, mas pela sua natureza, sendo caracterizados como agentes de futuros resultados
econômicos das empresas.
A definição apresentada por Lev (2001) consiste em definir o ativo intangível como
um direito a benefícios futuros que não possui corpo físico ou financeiro. Essa concepção do
autor demonstra que o ativo intangível é resultado de benefícios econômicos futuros, ou seja,
a soma de resultados econômicos projetados descontados a uma taxa de risco apropriada,
desconsiderando qualquer influência dos ativos tangíveis (KAYO, 2002).
Encontrou-se ainda outra concepção que aborda a capacidade de geração de benefícios
econômicos futuros pelos ativos intangíveis. Upton (2001) admite os ativos intangíveis como
sendo recursos não físicos, geradores de prováveis benefícios econômicos futuros para uma
entidade, que foram adquiridos por meio de troca ou ainda desenvolvidos internamente,
baseados em custos identificáveis, que têm vida limitada, possuem valor de mercado próprio e
que pertencem ou são controlados pela entidade.
No conceito anterior, verifica-se a expressão prováveis benefícios econômicos futuros,
o que permite fomentar o debate em torno da complexidade na definição de ativos intangíveis.
Kaufmann e Schneider (2004) apontam que as discussões dessas questões normalmente
permanecem em um nível muito abstrato, pois a investigação sobre os intangíveis é
caracterizada por uma grande variedade de pontos de vista e interpretações que as escolas e
pesquisadores precisam desenvolver.
Ao buscar a definição no ambiente normativo, o Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), por meio do Pronunciamento Técnico CPC 04 R1, define ativo intangível
como um ativo não monetário identificável sem substância física. A norma destaca também
que caso um item não atenda à definição de ativo intangível, o gasto incorrido na sua
aquisição ou geração interna deve ser reconhecido como despesa quando incorrido. No
entanto, se o item for adquirido em uma combinação de negócios, passa a fazer parte do ágio
derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) reconhecido na data da aquisição.
Após a exposição dos desafios da conceituação e terminologias, surge o problema de
como reconhecer, classificar, estruturar ou ainda, como surgem os ativos intangíveis. Nesse
sentido Kaufmann e Schneider (2004) elencam essa dificuldade de encontram um consenso
dos termos e conceitos sobre os ativos intangíveis, porem muitos estudos ainda perpetuam na
buscam responder as questões elencadas acima.
Sveiby (1997) classifica os ativos intangíveis em três tipos, quanto a: a) competências
dos empregados; b) a estrutura interna; e c) a estrutura externa. Conforme o autor a
competência dos empregados refere-se a capacidade de atuação em uma grande diversidade
de situações na criação de ativos tangíveis e intangíveis. Dessa forma Sveiby (1997, p. 10)
afirma que “[... a competência do empregado deve ser incluída como um ativo intangível, pois
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é impossível conceber uma organização sem pessoas”. Quanto a estrutura interna o autor
corrobora que são as patentes, os sistemas de informação assim como a cultura de uma
organização. Por sua vez, a estrutura externa refere-se ao relacionamento da empresa com
clientes e fornecedores.
Os conhecimentos e as competências das pessoas são considerados exemplos de ativos
intangíveis, contribuindo de alguma forma para o sucesso organizacional. Logo, muitas
empresas perceberam que as pessoas são os verdadeiros agentes nos negócios e que todos os
ativos e estruturas, tangíveis ou intangíveis, representam o resultado de ações humanas (YEO,
2003).
No entanto, apesar da reconhecida relevância e até capacidade do conhecimento
humano de gerar riquezas, não há mecanismos para o reconhecimento dessas habilidades
como um Ativo Intangível classificável nas demonstrações contábeis. O CPC 04 R1 (2010)
destaca que um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo
intangível, quando:
a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido,
licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade;
b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de
tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações.
A principal razão para a não publicação de ativos intangíveis de maneira mais ousada
nas demonstrações financeiras é a subjetividade que envolve o tema e, em consequência, o
risco de erros de medição. Além disso, a maioria dos ativos intangíveis classificados pela
literatura não se encaixam como ativos no sentido contábil e de registro da palavra (SRIRAM,
2008). Enquanto os estudos relacionados aos ativos físicos estão consolidados na literatura e
também nas práticas contábeis das empresas, os ativos intangíveis necessitam de maior
investigação, pois, a cada dia são reconhecidos por serem recursos capazes de singularizar a
atuação das organizações (RIAHI-BELKAOUI, 2003).
Mesmo com a discussão apresentada em relação às definições, terminologias e as
dificuldades de inserir os ativos intangíveis nas demonstrações financeiras, há um consenso
em admitir a influência de agentes intangíveis no processo de geração de riqueza das
organizações. Do ponto de vista empresarial, as organizações estão cada vez mais motivadas,
seja por forças externas ou internas, em medir e gerenciar proativamente os seus recursos
intangíveis (KAUFMANN; SCHNEIDER, 2004).
Riahi-Belkaoui (2003) alerta para a necessidade de aperfeiçoamento na prestação de
informações relativas aos Ativos Intangíveis, que deve ser melhor explorado tanto para
atender ao usuário interno como o externo. Internamente, os tratamentos adequados às
informações dos intangíveis poderiam melhorar a alocação de recursos da empresa, ou
aumentar a competitividade na captação de recursos de terceiros. Externamente, possibilita a
ampliação da base informacional disponível aos investidores, de modo a não deixá-los reféns
exclusivamente de medidas financeiras.
A capacidade de geração de riquezas por parte dos ativos intangíveis pode ser
conhecida por meio da análise da sua relação com os indicadores de desempenho financeiro,
que são apresentados na sequência.
2.2 Indicadores de Desempenho
A contabilidade apresenta-se como fonte de informações padronizadas para servir aos
interesses dos mais diversos usuários. Essas informações podem ser analisadas de maneiras
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distintas, por meio de diferentes procedimentos ou técnicas. Os dados apresentados nas
demonstrações financeiras geradas pela contabilidade são fundamentais para os usuários que
desejam medir a eficiência operacional das empresas (GITMAN, 2010).
Por meio das demonstrações financeiras de uma organização podem-se extrair
informações sobre sua posição econômica e financeira, tornando-as insumo para a construção
das mais variadas análises e estudos (ASSAF NETO, 2009). Para realizar a análise
econômico-financeira citada, é possível utilizar, entre outros, índices de liquidez,
endividamento e rentabilidade. No entanto, ressalta-se que a análise de índices não se trata
exclusivamente da aplicação de uma operação isolada. Um aspecto fundamental no processo é
a interpretação e a capacidade de concluir se o indicador é positivo ou negativo em
determinada circunstância (GITMAN, 2010).
O uso de indicadores para a realização de análises se deve principalmente à grande
quantidade de informações constantes nas demonstrações financeiras, e também, como uma
forma de comparar empresas de tamanhos distintos. Destaca-se que os índices financeiros são
relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que têm por objetivo
fornecer informações que não são evidentes num simples olhar dos números de tais
demonstrativos. Possibilita conhecer a posição atual da empresa, analisar eventos passados e
projetar as tendências dos resultados vindouros. Corroborando Matarazzo (2010) enfatiza que
as demonstrações contábeis possuem um elevado poder informativo, por sua vez, perante a
análise de balanços é plausível extrair melhores ainda informações mais eficientes.
Os ativos intangíveis podem gerar vantagens competitivas, bem como um efeito de
maior desempenho na organização (RIAHI-BELKAOUI, 2003; ZÉGHAL, MAALOUL,
2010). Colauto et al. (2009) corroboram com essa premissa ao sustentar que os ativos
intangíveis geram diferenciação nos lucros, bem como nos valores econômicos das
organizações. Diversos estudos vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos sobre o tema,
procurando comprovar empiricamente esses efeitos.
2.3 Estudos Empíricos: Formulação da hipótese
A discussão em torno dos ativos intangíveis vem adquirindo importância
principalmente no ambiente acadêmico, a partir da década de 80, prevalecendo ainda a sua
importância no atual cenário acadêmico. O estudo de Bontis, Keow e Richardson (2000)
investigou três elementos do capital intelectual: o capital humano, a estrutura de capital e
capital do cliente e as suas inter-relações. O estudo foi desenvolvido por meio de aplicação de
questionário em empresas de diversos setores da Malásia. Os resultados da pesquisa apontam
que o capital humano é importante independente do setor de atuação das empresas, e a
estrutura de capital apresenta uma relação positiva com o desempenho dos negócios.
Fietz e Scarpin (2008) verificaram se as informações contábeis permitem averiguar o
grau de intangibilidade pelo usuário externo das organizações de capital aberto, constantes no
índice IBrX – Índice Brasil. O estudo utilizou 13 indicadores e os resultados apontam que os
indicadores de análise de ações refletem os ativos intangíveis de uma empresa, bem como nas
empresas que possuem níveis diferenciados de governança.
O estudo de Zéghal e Maaloul (2010) teve por objetivo analisar o papel do valor
agregado como sendo um indicador de capital humano, além de medir qual o seu impacto no
desempenho econômico e financeiro das empresas. O estudo foi desenvolvido com 300
empresas do Reino Unido. Os resultados revelam que o capital humano tem um efeito
positivo sobre o desempenho econômico e financeiro apenas nas empresas caracterizadas por
serem de alta tecnologia. Os autores ainda constataram que o capital empregado tanto físico
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como financeiro ainda é um importante determinante no desempenho empresarial e no
mercado de ações.
Wang e Chang (2005) investigaram o impacto dos elementos do capital intelectual no
desempenho das empresas de tecnologia da informação de Taiwan. Com seus achados os
autores concluíram que o capital intelectual afeta o desempenho das empresas em três
elementos (capital de inovação, capital de processos e capital do cliente). Os autores ainda
investigaram a relação causa e efeito dos elementos do capital intelectual.
Por fim apresenta-se o estudo de Nascimento et al. (2012) que verificaram a correlação
entre o grau de intangibilidade e indicadores de desempenho (GA, ML, ROA e ROE) das
empresas do setor de tecnologia da informação e de telecomunicações. A análise foi pautada
na utilização dos testes de homogeneidade Qui-quadrado (χ²) e teste Wilcoxon para a verificar
de existência de diferença entre os setores analisados, sendo que para a análise da correlação
utilizou-se por base o coeficiente de correlação. Os resultados indicaram não haver diferenças
entre os segmentos analisados e infere-se ainda que o giro do ativo não apresentou uma
correlação estatisticamente significativa com os índices de desempenho utilizados.
Fundamentando-se nos estudos encontrados e elencados acima, admite-se a seguinte
hipótese da pesquisa:
H0: Os indicadores de desempenho das empresas e o grau de intangibilidade dos
ativos não possuem relação.
Caso a hipótese nula H0 não seja aceita, admite-se a seguinte hipótese de pesquisa:
H1: Os indicadores de desempenho das empresas e o grau de intangibilidade dos
ativos possuem relação.
Os estudo de Lev (2001), Perez e Famá (2006) e Colauto et al. (2009) indicam que
quanto maior o grau de intangibilidade das empresas maior são os seus indicadores de
lucratividade e rentabilidade. Colauto et al. (2009) ainda encontraram diferenças na relação da
evidenciação de ativos intangíveis com o valor de mercado. Os estudos de Fietz e Scarpin
(2008) e Machado e Famá (2011) apontam para alterações no grau de intangibilidade quando
abordados os diferentes níveis de governança corporativa.
A literatura comporta que uma empresa com um bom desempenho financeiro e que
possui um elevado poder competitivo é,em sua maioria, influenciada pelo seu ativo intangível
(WANG; CHANG, 2005). Colauto et al. (2009) complementam que os ativos intangíveis
causam alterações tanto nos lucros, quanto nos valores econômicos das organizações.
3 METODOLOGIA
Admiti-se que o objetivo da pesquisa consiste em analisar a relação entre indicadores
de desempenho financeiro e o grau de intangibilidade dos ativos das empresas listadas na
BM&FBovespa, delinear-se o estudo como descritivo quanto aos objetivos. No
enquadramento metodológico caracteriza-se o estudo como documental no que tange aos
procedimentos, possuindo uma abordagem quantitativa dos dados.
3.1 População e amostra
A população do estudo compreende todas as companhias abertas listadas na
BM&FBovespa até Janeiro de 2013. Para a delimitação da população, foram excluídas as
empresas financeiras, por apresentarem particularidades na divulgação das informações
contábeis. Logo a população compreende as 359 empresas listadas na BM&FBovespa. Porém
algumas empresas não apresentaram todas as informações necessárias para o cálculo dos
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indicadores bem como do grau de intangibilidade. Dessa forma, a amostra da pesquisa ficou
delimitada a um total de 241 empresas para a realização da análise.
As empresas da amostra estão segmentadas em oito setores econômicos, conforme a
classificação setorial apresentada pela BM&FBovespa. As empresas estão distribuídas entre
os setores de Petróleo, Gás e Biocombustiveis (1,2%), Materiais Básicos (14,1%), Bens
Industriais (10,8%), Construção e Transporte (17,8%), Consumo Não Cíclico (12,9%),
Consumo Cíclico (18,7%), Tecnologia da Informação e Telecomunicações (6,2%) e Utilidade
Pública (18,3%).
3.2 Análise dos dados
Para responder a hipótese e ao problema da pesquisa, fez-se uso da técnica estatística
de Regressão Linear Simples, para verificar a relação dos indicadores de desempenho das
empresas com o grau de intangibilidade dos ativos. Conforme Hair et al. (2005), a regressão
linear tem por objetivo prever mudanças na variável dependente como resposta à variável
independente. Para a utilização desta técnica fez-se uso do software SPSS 20.0. Os dados
foram coletados na base de dados Economática®, sendo a análise pautada no período de 2005
a 2011.
A escolha desta técnica se justifica em relação ao objetivo da pesquisa que consiste em
analisar a relação entre o desempenho das empresas e intangibilidade dos ativos,
determinando a importância da variável independente (grau de intangibilidade) na explicação
de cada variável dependente (indicadores de desempenho).
Como variáveis dependentes utilizou-se alguns indicadores de desempenho das
empresas. Antunes e Martins (2007) corroboram que as medidas de avaliação classificam-se
em tradicionais, que são oriundas de informações divulgadas pelas Demonstrações Contábeis,
e as metodologias concentradas no valor (EVA, MVA, Valor de mercados das ações). Diante
disso, assume-se como variáveis dependentes as medidas tradicionais (indicadores de
rentabilidade, liquidez e endividamento) apresentados por Assaf Neto (2009) e Matarazzo
(2010), Gitman (2010) e Silva (2012), conforme apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Variáveis dependentes do estudo
Grupo
de
Indicadores
Fórmula
Indicadores
Indicadores de
Liquidez
Indicadores de
Endividamento
Indicadores de
Rentabilidade
Autores
Liquidez Geral
Assaf Neto (2002)
Liquidez Corrente
Assaf Neto (2002); Matarazzo (2003)
Endividamento
Assaf Neto (2002)
Retorno sobre o Ativo
Assaf Neto (2009); Gitman (2010);
Matarazzo (2010); Silva (2012).
Retorno
sobre
Patrimônio Líquido
o
Assaf Neto (2009); Gitman (2010);
Matarazzo (2010); Silva (2012).
Margem líquida
Matarazzo (2010)
Giro do Ativo
Matarazzo (2010)
Legenda:
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
PT = Passivo total
ARLP = Ativo Realizável a Longo Prazo
PELP = Passivo Exigível a Longo Prazo
PL = Patrimônio Líquido
7/15
LO = Lucro operacional
ANAIS
AT = Ativo total
LL = Lucro líquido
Fonte: Elaborado pelos autores.
VL = Venda Liquida
Diante disso, assume-se como variável independente o grau de intangibilidade das
companhias abertas, objeto deste estudo, encontrado pela fórmula:
Considerando o Patrimônio Líquido pelo seu valor de mercado, este é encontrado pela
multiplicação da quantidade de ações das empresas com o preço de mercado das ações (LEV,
2001). A utilização deste índice foi encontrada nos estudos de Lev (2001), Kayo e Famá
(2004), Nascimento et al. (2012), Machado e Famá (2011), considerando que quanto maior
este índice, maior é a participação dos ativos intangíveis na estrutura dos ativos das empresas.
Dessa forma assumem-se os indicadores de desempenho como variáveis dependentes,
pois para cada indicador será efetuado uma Regressão Linear Simples. Por exemplo, será
efetuada uma regressão linear simples entre o indicador de Liquidez Geral (variável
dependente) e o grau de intangibilidade (variável independente). Na sequencia outra regressão
linear simples considerando como variável dependente a Liquidez Corrente e como
independente o grau de intangibilidade, e assim sucessivamente com os demais indicadores.
Na seção seguinte, apresentam-se os principais resultados encontrados no estudo.
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para aceitar ou refutar a hipótese da pesquisa, encontrou-se num primeiro momento o
grau de intangibilidade das empresas, metodologia adotada nos estudo de Lev (2001), Kayo e
Famá (2004), Nascimento et al. (2012) e Machado e Famá (2011). Na sequência,
relacionaram-se os resultados com cada um dos indicadores de desempenho das empresas, por
meio do cálculo da regressão linear simples, a partir do software SPSS 20.0.
Porém, primeiramente é necessário atender alguns pressupostos aplicados à regressão
linear, de modo que os resultados sejam mais confiáveis, sendo eles: a normalidade, a
homocedasticidade, a multicolinearidade e autocorrelação de resíduos. Em um primeiro
momento testou-se a normalidade dos dados pelo teste Kolmogorov-Smirnov Z, sendo que os
resultados confirmam que todos os dados estão distribuídos de forma normal.
A homocedasticidade, que indicada se os dados são homogêneos em sua distribuição,
foi verificada pelo Teste de Gleijser. Para atender a tal pressuposto verificou-se que o valor da
significância é superior a 0,05 no teste ANOVA.
Pelos testes Tolerance e VIF (Fator de inflação da variância) testou-se a
multicolinearidade dos dados. Admite-se que esse pressuposto foi atendido, pois pelo Teste
VIF os valores permaneceram no intervalo de 1 até 10 e no teste Tolerance permaneceram
entre 1 e 0,10. Por fim, pelo Teste de Durbin-Watson verificou-se que existe ausência de
autocorrelação de resíduos, admitindo-se apenas valores próximos de 2, para este pressuposto
seja atendido.
Realizados os testes dos pressupostos, constou-se que os dados são confiáveis para a
realização da regressão linear simples entre os indicadores de desempenho econômico
financeiro e o grau de intangibilidade das empresas listadas na BM&FBovespa.
Na Tabela 1 encontram-se os resultados da primeira regressão linear simples, em que
se assume como variável dependente a liquidez geral e como variável independente o grau de
intangibilidade dos ativos das empresas.
Tabela 1 – Resultados da Regressão entre Liquidez Geral e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
2010
8/15
2011
ANAIS
-4,92E-12
Beta
-0,011
Beta Standard
0,870
Sig.
0,011
R
0,000
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
-5,14E-12
-0,021
0,743
0,021
0,000
-1,05E-11
-0,045
0,487
0,045
0,002
-3,27E-10
-0,007
0,910
0,007
0,000
3,06E-12
0,002
0,978
0,002
0,000
4,03E-12
0,004
0,951
0,004
0,000
-3,06E-11
-0,040
0,538
0,040
0,002
Conforme apresentado na Tabela 1, é possível inferir que a relação das variáveis é
fraca, pois o valor apresentou percentual abaixo de 1% para todos os períodos analisados.
Infere-se que o poder explicativo deste modelo pode ser considerado muito baixo.
Em relação aos coeficientes da regressão, é possível averiguar que o Beta Standard
explica o impacto da variável sobre a constante. Logo, infere-se que a relação das variáveis
não foi significativa para nenhum dos períodos analisados.
Esses resultados corroboram com Fietz e Scarpin (2008) ao não encontrarem
significância no modelo que possui por variáveis a liquidez geral e o grau de intangibilidade
dos ativos das empresas de capital aberto listadas no Índice IBrX – Índice Brasil. Desse modo,
depreende-se que a liquidez geral das empresas não apresenta relação com o grau de
intangibilidade dos ativos.
Na Tabela 2 apresentam-se os resultados da regressão linear simples, em que a
variável dependente é a liquidez corrente e a variável independente é o grau de intangibilidade
dos ativos das empresas.
Tabela 2 – Resultados da Regressão entre Liquidez Corrente e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
2010
-4,26E-12 -8,81E-12 -1,55E-11 -3,92E-12 -2,24E-11 -2,07E-11
Beta
-0,008
-0,022
-0,059
-0,009
-0,044
-0,071
Beta Standard
0,898
0,729
0,362
0,891
0,499
0,271
Sig.
0,008
0,022
0,059
0,009
0,044
0,071
R
0,000
0,001
0,003
0,000
0,002
0,005
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
2011
-5,09E-11
-0,046
0,481
0,046
0,002
Considerando os dados apresentado na Tabela 2, infere-se que é o valor para R2 é
baixo, logo a relação das variáveis é fraca. Quanto ao poder explicativo do modelo, este figura
em torno de 1% para todos os períodos analisados, valor este considerado muito baixo.
No que tange aos coeficientes da regressão, infere-se que com o valor do Beta
Standard (que explica o impacto da variável sobre a constante) nenhuma relação é verificada
entre a liquidez corrente e o grau de intangibilidade. Dessa forma, nenhuma das variáveis
apresentou significância ao nível de 95%.
Os resultados estão em consonância com os achados de Fietz e Scarpin (2008), que
não encontraram significância do modelo ao analisar a liquidez corrente com a intangibilidade
dos ativos. Logo, infere-se que a liquidez corrente e o grau de intangibilidade dos ativos das
empresas não apresentaram nenhuma relação no período analisado.
Apresentam-se na Tabela 3 os resultados da regressão linear, em que a variável
dependente é representada pelo endividamento e a variável independente é representada pelo
grau de intangibilidade das empresas, conforme evidenciado.
Tabela 3 – Resultados da Regressão entre Endividamento e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
2010
-1,96E-11 -2,60E-11
6,58E-10
2,07E-09
-3,44E-10 -1,05E-10
Beta
-0,008
-0,009
0,502
0,626
-0,187
-0,058
Beta Standard
0,903
0,890
0,000
0,000
0,004
0,369
Sig.
0,008
0,009
0,502
0,626
0,187
0,058
R
9/15
2011
9,66E-09
0,578
0,000
0,578
ANAIS
0,000
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
0,000
0,252
0,392
0,035
0,003
0,334
Conforme apresentado na Tabela 3, é possível inferir que a relação entre o
endividamento e o grau de intangibilidade dos ativos está entre 20% e 40%, no período de
2007, 2008 e 2011. O poder explicativo máximo encontrado para o modelo foi em 2008,
quando alcançou 62%, percentual este com inferências consideráveis para o modelo.
Em relação aos coeficientes da regressão, é possível averiguar que para alguns dos
períodos analisados o Beta Standard apresenta valores significativos quanto ao impacto da
variável sobre a constante.
Estes achados não são condizentes com o exposto por Antunes e Martins (2007), que
não encontram uma relação significativa do endividamento com o a percepção dos gestores
acerca do capital intelectual, em um estudo realizado em 2002. Porém, esses resultados
corroboram com Fietz e Scarpin (2008) e com o estudo de Kayo, Patrocínio e Martin (2009),
que reforçam a importância do endividamento para a intangibilidade das empresas, sendo que
essa relação exerce grande influência sobre o valor da empresa. Dessa forma, é possível
averiguar que o indicador de endividamento apresenta alguma relação com o grau de
intangibilidade das empresas, no período analisado.
Na Tabela 4 encontram-se os resultados da regressão linear simples, onde se assume
como variável dependente o ROA e como variável independente o grau de intangibilidade dos
ativos das empresas.
Tabela 4 – Resultados da Regressão entre ROA e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
5,17E-12
1,20E-10
6,02E-12
1,42E-09
-3,40E-12
Beta
0,038
0,006
0,011
0,007
-0,005
Beta Standard
0,561
0,923
0,869
0,915
0,944
Sig.
0,038
0,006
0,011
0,007
0,005
R
0,001
0,000
0,000
0,000
0,000
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
2010
2,25E-13
0,003
0,960
0,003
0,000
2011
4,01E-12
0,011
0,869
0,011
0,000
Considerando os dados apresentados na Tabela 4, denota-se uma baixa relação entre o
ROA e o grau de intangibilidade, bem como o baixo poder explicativo apresentado por este
modelo.
Sobre os coeficientes da regressão, é possível constatar que o Beta Standard apresenta
valores insignificantes, que remetam para algum impacto das variáveis sobre a constante.
Esses resultados corroboram com Fietz e Scarpin (2008), que também não
encontraram significância do modelo ao analisar o ROA e a intangibilidade dos ativos das
empresas de capital aberto listadas no Índice IBrX – Índice Brasil. Também vai ao encontro
de Nascimento et al. (2012), que concluíram não existir uma relação significativa entre o
ROA e a intangibilidade dos ativos das empresas do setor de Tecnologia da informação e de
telecomunicações. Logo, destaca-se que o ROA não apresenta relação com o grau de
intangibilidade das empresas.
Apresentam-se na Tabela 5 os resultados da regressão linear em que a variável
dependente é representada pelo indicador ROE e a variável independente é representada pelo
grau de intangibilidade das empresas.
Tabela 5 – Resultados da Regressão entre ROE e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
7,41E-12
-3,26E-12
1,79E-12
9,39E-12
-8,00E-12
Beta
0,043
-0,001
0,022
0,010
-0,010
Beta Standard
10/15
2010
-8,36E-11
-0,678
2011
4,85E-12
0,009
ANAIS
0,504
Sig.
0,043
R
0,002
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
0,983
0,001
0,000
0,737
0,022
0,000
0,880
0,010
0,000
0,874
0,010
0,000
0,000
0,678
0,459
0,890
0,009
0,000
Conforme apresentado na Tabela 5, verifica-se que a relação das variáveis é fraca, pois
o valor de R2 consiste em um percentual abaixo de 1%, para todos os períodos analisados.
Infere-se que o poder explicativo do modelo gira em torno de 1%, exceto para ao período de
2010, em que atingiu 46%.
Em relação aos coeficientes da regressão, é possível averiguar que o Beta Standard
que explica o impacto da variável sobre a constante, possui um baixo impacto, exceto no ano
de 2010.
Os achados do presente estudo contradizem Fietz e Scarpin (2008), que analisaram as
empresas de capital aberto listadas no Índice IBrX – Índice Brasil e apontaram para uma
relação do ROE com o grau de intangibilidade dos ativos. Por sua vez, Antunes e Martins
(2007) não encontram uma relação significativa do endividamento com o entendimento sobre
capital intelectual, em um estudo realizado em 2002. Do mesmo modo, corrobora-se com
Nascimento et al. (2012), ao concluírem que não existe uma relação significativa entre o ROE
e a intangibilidade dos ativos das empresas do setor de Tecnologia da informação e de
telecomunicações. Logo, infere-se que o ROE não apresenta relação com o grau de
intangibilidade dos ativos.
Na Tabela 6 encontram-se os resultados da regressão linear simples entre a margem
líquida e o grau de intangibilidade das empresas.
Tabela 6 – Resultados da Regressão entre Margem Líquida e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
2010
-9,74E-08 -7,87E-08 -4,70E-08 -1,00E-07
1,38E-08
2,49E-08
Beta
-0,006
-0,006
-0,007
-0,008
0,001
0,003
Beta Standard
0,923
0,925
0,917
0,908
0,984
0,963
Sig.
0,006
0,006
0,007
0,008
0,001
0,003
R
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
2011
-3,13E-07
-0,007
0,910
0,007
0,000
Considerando-se os resultados apresentados na Tabela 6, percebe-se pelos valores de
R e R2 que o poder explicativo do modelo é baixo, assim como a relação das variáveis é
considerada fraca.
Em relação aos coeficientes da regressão, é possível averiguar que o Beta Standard,
explica o impacto da variável sobre a constante, é baixo, tanto que para nenhum dos períodos
analisados os resultados apresentaram significância.
Tais resultados estão em consonância ao encontro por Fietz e Scarpin (2008), que
apontam para a não significância do modelo ao analisar essa relação em empresas de capital
aberto listadas no Índice IBrX – Índice Brasil. Os achados corroboram ainda com Nascimento
et al. (2012), ao concluírem que não existe uma relação significativa entre a margem líquida e
a intangibilidade dos ativos das empresas do setor de Tecnologia da informação e de
telecomunicações.
Apresentam-se na Tabela 7 os resultados da regressão linear em que a variável
dependente é representada pelo indicador do giro do ativo e a variável independente é
representada pelo grau de intangibilidade das empresas.
Tabela 7 – Resultados da Regressão entre Giro do Ativo e Grau de Intangibilidade
2005
2006
2007
2008
2009
11/15
2010
2011
ANAIS
-1,57E-12
Beta
-0,010
Beta Standard
0,883
Sig.
0,010
R
0,000
R Square (R2)
Fonte: dados da pesquisa.
-9,57E-13
-0,009
0,890
0,009
0,000
-1,39E-12
-0,019
0,771
0,019
0,000
-6,90E-12
-0,045
0,484
0,045
0,002
1,41E-11
0,106
0,101
0,106
0,011
8,50E-12
0,096
0,137
0,096
0,009
2,23E-11
0,056
0,389
0,056
0,003
Conforme apresentado na Tabela 1, é possível inferir que a relação das variáveis é
fraca, pois o valor de R2 está abaixo de 1% para todos os períodos analisados. Esses
resultados corroboram com os de Fietz e Scarpin (2008) e Nascimento et al. (2012), que não
encontraram uma relação significativa entre o giro do ativo e a intangibilidade dos ativos das
empresas do Índice IBrX e do setor de Tecnologia da informação e de telecomunicações,
respectivamente. Desse modo, pode-se inferir que o giro do ativo das empresas não apresenta
relação com o grau de intangibilidade dos ativos.
Diante desses achados, obtidos pelas regressões lineares simples, é plausível inferir
que os indicadores de desempenho das empresas analisadas não possuem uma relação com o
grau de intangibilidade dos ativos. Dessa forma, se aceita a hipótese nula H0 da pesquisa,
porém, de maneira parcial, pois os resultados inferem para uma relação do indicador de
endividamento com o grau de intangibilidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo analisar a relação entre os indicadores de desempenho
financeiro e o grau de intangibilidade dos ativos das empresas listadas na BM&FBovespa.
Adotou-se uma metodologia descritiva, documental e quantitativa. O estudo foi realizado em
241 companhias abertas brasileiras. Para a análise dos resultados formulou-se duas hipóteses.
Os resultados sugerem que os indicadores de desempenho das empresas analisadas não
possuem relação significativa com o grau de intangibilidade dos ativos. No entanto,
encontrou-se uma relação positiva e significativa entre o endividamento e o grau de
intangibilidade dos ativos das empresas, resultado este que corrobora com os achados de Fietz
e Scarpin (2008) e de Kayo, Patrocínio e Martin (2009).
Os indicadores de liquidez geral, liquidez corrente, ROA, ROE, margem líquida e giro
do ativo não se mostraram significantes em relação ao grau de intangibilidade das empresas.
Diante disso, a hipótese de pesquisa (H1) não se confirma, pois, dentre as variáveis testadas,
apenas o grau de endividamento apresentou relação com o grau de intangibilidade dos ativos.
Esses resultados são respaldados nos achados de Antunes e Martins (2007) e Fietz e
Scarpin (2008) em relação à liquidez geral, em Fietz e Scarpin (2008) no tocante à liquidez
corrente, no estudo de Nascimento et al. (2012) no que diz respeito ao ROA e ROE e
novamente a Fietz e Scarpin (2008) e Nascimento et al. (2012) no tocante à margem líquida e
giro do ativo.
Por isso, ao analisar a outra hipótese de pesquisa (H0), que sugere que os indicadores
de desempenho das empresas e o grau de intangibilidade dos ativos não possuem relação,
pode-se aceitá-la.
Para futuras pesquisas sugere-se utilizar outra metodologia disponível na literatura
para mensurar o grau de intangibilidade das empresas. Sugere-se ainda a incorporação de
outros indicadores de desempenho, ou ainda, analisar se a relação da intangibilidade com os
indicadores de desempenho é afetada pela governança corporativa.
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