UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO : MECANISMO DE INCLUSÃO OU EXCLUSÃO ?
Por
Cátia Cristina Florencio da Silva
Orientador : Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2005
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO : MECANISMO DE INCLUSÃO OU EXCLUSÃO ?
Por
Cátia Cristina Florencio da Silva
Orientador : Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2005
3
Para meus pais, que me ensinaram a primazia da
honestidade e da luta.
Para Antonio, que com seu amor, muito me incentivou a
vencer esta etapa.
Para Fábio e Augusto, meus filhos, que são minha
motivação maior para a busca por crescimento.
4
Agradeço a Catarina e Cristina, por serem verdadeiras
amigas e estarem sempre comigo derrubando barreiras.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo investigar a complexidade que
envolve a prática da avaliação no sistema educativo e suas repercussões no
desenvolvimento escolar ( e social ) dos alunos . Para tanto pretendo discutir sobre
questões que
envolvem todo o sistema educacional, uma vez que a avaliação está
intrinsecamente ligada ao mesmo.
A avaliação é uma invenção nascida nos colégios por volta do século XVII e
tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a
escolaridade obrigatória. A partir de então, a avaliação tem sido foco de grandes
discussões e estudos que suscitam paixões e levam a debates que confrontam a sua
verdadeira função: classificatória ou formativa.
A partir de meados dos anos de 1970-80 percebemos uma nova visão que
busca a lógica de uma avaliação puramente formativa. Hoje vemos os sistemas
educativos declarando um compromisso com uma avaliação menos seletiva e mais
formativa e integrada com o cotidiano pedagógico, porém constatamos que existe ainda
um distanciamente entre o discurso e a prática.
Vivemos , então, um período de transição que, evidentemente, prioriza a
formação e exclui a seleção, entretanto a democratização do ensino e a busca por uma
pedagogia mais diferenciada, fizeram com que tanto a avaliação classificatória quanto a
formativa encontrassem uma legitimidade de forma equilibrada.
Em todos os casos, a avaliação não é um fim em si mesma. È uma
engrenagem que faz parte do sistema escolar ( didático ) que deve ter como função
maior verificar o crescimento dos alunos e controlar o trabalho de forma a permitir o
replanejamento e a gestão do fluxo educacional.
A questão agora é “ de que lado o futuro fará pender a balança ? Ninguém
sabe. O momento não é de concluir, e sim de trabalhar para que coexistam e se
articulem duas lógicas de avaliação.” ( Perrenoud )
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO_________________________________________________ 08
CAPÍTULO I
O QUE É AVALIAÇÃO ? ________________________________________ 12
CAPÍTULO II
POR QUE AVALIAÇÃO ?_______________________________________ 16
CAPÍTULO III
O PSEUDO-SUCESSO NO ENSINAR. _____________________________ 20
CAPÍTULO IV
AVALIANDO PARA FORMAR . __________________________________ 23
CAPÍTULO V
A QUESTÃO DAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO. ___________________ 27
CONCLUSÃO __________________________________________________ 34
BIBLIOGRAFIA ________________________________________________ 37
ANEXOS ______________________________________________________ 39
7
“ O ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade
(como ela é). Assim, manifesta-se o ato amoroso consigo mesmo e com
os outros. O mandamento ‘ ama o teu próximo como a ti mesmo’ implica
o ato amoroso que, em primeiro lugar, inclui a si mesmo e, nessa medida,
pode incluir os outros. O ato amoroso é um ato que acolhe atos, ações,
alegrias e dores como eles são; acolhe por permitir que cada coisa seja o
que é, neste momento. Por acolher a situação como ela é, o ato amoroso
tem a característica de não julgar. Julgamentos aparecerão, mas,
evidentemente, para dar curso à vida (à ação) e não para excluí-la. (...) O
acolhimento integra, o julgamento afasta. Todos necessitamos do
acolhimento por parte de nós mesmos e dos outros. (...) O ato amoroso é
acolhedor, integrativo, inclusivo.
Defino a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no
sentido de que a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo,
inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir avaliação de
julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado,
incluindo o primeiro e excluindo o segundo. A avaliação tem por base
acolher uma situação, então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo
em vista dar-lhe suporte de mudanças, se necessário. A avaliação, como
ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e
não a seleção (que obrigatoriamente conduz à exclusão). O diagnóstico
tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista
tomar decisões no sentido de criar condições para obtenção de uma maior
satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo.”
Luckesi
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INTRODUÇÃO
Vivemos hoje um grande dilema na educação no que diz respeito à
avaliação: Como avaliar ? Devemos priorizar a qualidade ou a quantidade ? Como fazer
para evitar a exclusão do aluno que, diante de um “mal desempenho”, fica à margem do
conhecimento socialmente valorizado ?
Partindo desses questionamentos, pretendo desenvolver o tema “Avaliação
– mecanismo de inclusão ou exclusão ?” como tema-gerador e chegar a algumas
conclusões que norteiem meu trabalho em sala de aula e me ajudem a desatar alguns nós
que estão dificultando meu desempenho como educadora.
A escola é uma instituição social a que foi atribuída competência para
realizar a educação formal dos alunos matriculados. Porém, nos atuais conceitos de
educar a escola não se restringe a uma educação de transmissão de conteúdos.
A escola deve promover uma educação que compreenda as diversas
interferências e interesses que perpassam a sociedade e que organize o ensino de forma
a levar o educando a compreendê-los e a compreender o papel de cada um,
individualmente, e o de cada grupo organizado, para interferir nas ações dessa
sociedade.
A partir da leitura da realidade social, devemos levar o educando a elaborar
conceitos que o ajudem a construir concepções para que possa atuar crítica e
efetivamente na sociedade. Porém, a necessidade de construir tem levado educadores a
uma prática avaliativa que, em vez de promover uma aprendizagem efetiva, leva o
educando a repetência, a baixa auto-estima e, muitas vezes, a evasão.
O sucesso do aluno não pode ser fruto de uma postura paternalista, restrito
ao desempenho escolar e à recuperação de estatísticas falaciosas para a autopromoção
dos governantes e tão pouco como forma de definição do papel de cada aluno na
estratificação social.
A tomada de consciência do professor de que tem um poder em suas mãos
tem ajudado a superar o jogo do “empurra-empurra” das responsabilidades pelo fracasso
do educando. Não se pode apenas acusar o professor como se esse fosse o grande
9
responsável por todas as mazelas da educação, porém, no que tange a avaliação é de sua
responsabilidade e, portanto, objeto de reflexão e constante reformulação.
Assim sendo, muitas são as discussões, os debates e os questionamentos em
torno do tema avaliação. Alguns defendem a perspectiva quantitativa, que prioriza
aquilo que o aluno “aprende” através do que foi memorizado ( e que na maioria das
vezes esquece no dia seguinte ). Outros apostam em uma perspectiva democrática, onde
se respeita a diversidade cultural e prioriza a construção do conhecimento pelo aluno, o
que viabiliza a apreensão dos conceitos e a formação do indivíduo crítico.
Nesta segunda perspectiva é que procuro me inserir, porém esbarro em
alguns valores impostos pela sociedade que dificultam o processo. Nossa sociedade, e
por conta a escola, não admite os múltiplos saberes e atropela a diversidade, negando a
possibilidade de interação dos conhecimentos adquiridos através de diferentes vivências
e perspectivas sociais. Dessa forma excluímos aqueles que não se “encaixam” no
modelo imposto.
A escola é um espaço de múltiplos saberes, com uma heterogeneidade rica
de possibilidades de aprendizagem e que é, freqüentemente, alvo de um processo de
padronização, onde “os alunos e alunas devem ter acesso a conteúdos iguais para que
tenham as mesmas oportunidades” ( Esteban, 2002 ). Desta forma, percebemos que essa
prática pedagógica reafirma a hierarquia posta e dissemina a diversidade de saberes.
As discussões entre educadores parecem conceber a ação avaliativa como
um procedimento que se resume a um momento definido do processo educativo,
ocorrido a intervalos estabelecidos e exigidos burocraticamente. Reduzem a avaliação a
uma prática de registro de resultados acerca do desempenho do aluno em um
determinado período do ano letivo.
Vemos esse modelo de avaliação em todos os âmbitos do processo ensinoaprendizagem, desde o primeiro segmento do ensino básico até a universidade ( espaço
dito democrático ). No entanto, essa avaliação classificatória, vem sendo considerada
um ato penoso de julgamento de resultados.
Essa prática de avaliação não viabiliza um processo de democratização do
ensino. Ao contrário, possibilita um processo cada vez menos democrático no que se
refere tanto à expansão do ensino quanto à sua qualidade.
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Uma prática de avaliação escolar pautada no autoritarismo, pode mudar a
história de vida do indivíduo, impedindo o seu crescimento e sua ascensão social. Por
outro lado, a prática avaliativa pode ser dialética, abrangente e, acima de tudo,
diagnóstica, objetivando a transformação do aluno ( e do professor ) em sujeito crítico ,
capaz de modificar a sua trajetória de vida.
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“ A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela
que é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato,
isolado, solto, desligado do mundo, assim como uma realidade ausente
dos homens.”
( Paulo Freire )
12
CAPÍTULO I
O QUE É AVALIAÇÃO ?
O que diz :
a a Lei 9394/96 :
Art. 24 – V : a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos e dos resultados
ao longo do período, sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar.
a a Resolução SME nº 684, de 18 de abril de 2000 :
“ a avaliação global do aluno deve levar em conta o seu desenvolvimento
potencial e real, a partir de atividades planejadas ou surgidas
espontaneamente no grupo;
a avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno
deve ser contínua e ter como um de seus propósitos subsidiar a prática
dos professores, oferecendo diagnósticos significativos para a definição e
redefinição do trabalho escolar, corrigindo os rumos do processo
educativo em curso;”
Como se pode ver as palavras oficiais convergem, visando o aproveitamento
máximo do aluno, aproveitando o que ele sabe e não o que ele não sabe.
Ainda complementando, a Proposta Curricular Multieducação, do Minicípio
do Rio de Janeiro, cita as zonas de desenvolvimento proximal, nas quais o professor
deve interferir fazendo avaliação retrospectiva ( o que os alunos realizam sozinhos ) e a
prospectiva ( que clarifica o que os alunos somente fazem com ajuda ).
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Tal postulação baseia-se em Vygotsky, que tem como base de seu trabalho a
reconstrução/reelaboração interna dos significados de operações externas transmitidas
por grupos sociais ao indivíduo.
Ainda segundo Vygotsky (1993), “ um conceito é mais do que a soma de
certas conexões associativas formadas pela memória, é mais do que um simples hábito
mental; é um ato real e complexo de pensamento que não pode ser ensinado por meio de
treinamento, só podendo ser realizado quando o próprio desenvolvimento mental da
criança já tiver atingido o nível necessário.”
Desse modo, para se avaliar os conhecimentos que foram sendo construídos
deve-se vinculá-los ao processo em que foram constituídos. Isso justifica a necessidade
da avaliação ser contínua, num processo constante. Tal fato ocorrerá à medida que o
professor promove em sala de aula trocas de experiências, divisão de tarefas, confrontos
de pontos de vistas.
A avaliação deve ser diagnóstica, ou seja, deve servir como instrumento de
compreensão do estágio de aprendizagem do aluno, para que, possa, então, tomar
decisões satisfatórias para que avance em sua aprendizagem.
A função da avaliação será possibilitar ao educador condições de
compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista poder trabalhar com
ele para que saia do estágio defasado em que se encontra, se for o caso, e possa avançar
em termos dos conhecimentos necessários. Desse modo, a avaliação não seria tão
somente um instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um
diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados
para a sua aprendizagem.
As práticas avaliativas devem ser enriquecedoras e estimuladoras. A
homogeneidade já não é mais o que se deve perseguir, mas sim o respeito às
singularidades. A prova única, igual para todos, deixa de ser o eixo principal, acrescida
de outros recursos como a cooperação, a solução partilhada, as interações em trabalhos
coletivos, bem como tudo o que estiver sendo construído pelo aluno em diversas
instâncias, a partir de outras mediações.
A ação avaliativa de acompanhamento permanente do desenvolvimento do
educando, deve ser inerente e indissociável à educação, sendo observadora e
investigativa no sentido de favorecer e ampliar as possibilidades próprias do educando.
14
O educador deve manter-se atento e curioso sobre as manifestações dos
alunos, oportunizando situações de aprendizagem enriquecedoras.
A prática do professor é permeada por momentos de pensar pedagógico e
momentos de fazer pedagógico. O pensar pedagógico respalda e orienta a prática. A
prática realimenta e enriquece o pensar.
A definição da prática de qualidade consiste em pensar-fazer-pensar. A
avaliação é parte integrante desse processo.
Todos os envolvidos no processo educacional podem, e devem, se avaliar. O
professor, sua prática pedagógica; a escola, seu projeto educacional; o aluno, a
construção do conhecimento.
15
“ A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem
com a libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como
seres vazios a quem o mundo encha de conteúdos; não pode basear-se numa
consciência espacializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos homens
como corpos conscientes e na consciência como consciência intensionada ao
mundo. Não pode ser a do depósito de conteúdos, mas a problematização dos
homens em suas relações com o mundo.”
( Paulo Freire )
16
CAPÍTULO II
POR QUE AVALIAÇÃO ?
Discutir avaliação. Este tema continua, após tantos debates e discussões a
ser relevante. Qual seria a causa ?
Porque a avaliação faz parte de um processo amplo que engloba o fracasso
escolar, especialmente de crianças de classes populares.
O fracasso escolar encontra-se dentro de um quadro de múltiplas negações.
A própria inexistência de um sistema educacional que garanta que a maior parte do
potencial humano não seja deixado de lado é uma forte razão para que a questão da
avaliação venha sempre à tona.
A avaliação educacional é um mito decorrente de sua história, que vem
perpetuando os fantasmas do controle e do autoritarismo há muitas gerações. “Impõemse ao aluno imperativos categóricos que limitam o desenvolvimento de sua autonomia
moral e intelectual.” ( Hoffmann, 1995,p.34 )
A educadora Maria Teresa Esteban, professora da Faculdade de Educação
da Universidade Federal Fluminense ( UFF ) , que pesquisa o fracasso escolar e o
desempenho de alunos de classes populares, destaca que este sistema de avaliação (
classificatório ) reproduz a dinâmica da atual sociedade que inclui poucos e exclui
muitos : “A avaliação atribui valores aos sujeitos e aos seus processos de aprendizagem
a partir de conceitos socialmente estabelecidos. A busca da hegemoneidade é a forma de
a escola se vincular ao processo de inclusão e exclusão”, afirma a educadora.
A
diferença
não
significa
superioridade
ou
inferioridade,
como
freqüentemente a escola ensina. “A construção do conhecimento é processo permanente,
sem pontos fixos de partida e de chegada. A escola definitivamente não precisa
selecionar para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Ensinar e aprender
pressupõem encontros, o que demanda práticas que favoreçam o diálogo.” ( Esteban,
2002, p.6)
Dessa forma, a avaliação deve ser um instrumento auxiliar da aprendizagem
e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos. Deve estar sempre e
17
atentamente preocupada com o crescimento do educando, visando que ele adquira o
conhecimento e a habilidade que têm carácter essencial em sua aprendizagem.
Ao avaliar o aluno, o professor deve diagnosticar e repensar a sua prática
pedagógica visando redimensionar o processo educativo.
A utilização da observação como forma de obter elementos para realizar
com segurança a avaliação, é uma técnica que pode ser utilizada ao longo do processo
de ensino-aprendizagem, pois permite apreciar aspectos do desenvolvimento global do
aluno, inclusive os não relacionados obrigatoriamente com o campo cognitivo.
A observação é necessária para que aconteça o acompanhamento do aluno e
com isso obtenham-se dados a serem analisados e que venham subsidiar o processo
avaliativo.
Sabendo que não é fácil observar cada aluno, registrar seu desempenho,
quando se tem um grupo grande de alunos, certos procedimentos poderão facilitar o
trabalho de observação como as atividades de grupo.
Ao organizar seus planos de ação, o professor sempre tem em mente o
alcance dos objetivos por todos os alunos, mas fatores interferem positiva e
negativamente nesse processo. Do ponto de vista do aluno, há as diferenças individuais,
o ritmo de aprendizagem e as experiências anteriores.
Normalmente, em uma turma, alguns alunos apresentam ritmo mais rápido
no alcance de determinados objetivos e outros, ao contrário, aprendem mais lentamente
que a média do grupo.
Como conciliar isso, é um problema que o professor precisa resolver. A
combinação de procedimentos individualizados e socializados de ensino, incluindo
trabalhos independentes é uma solução. Os trabalhos em grupos diversificados são, sem
dúvida, um meio bastante eficaz.
Nesse tipo de trabalho, enquanto o professor atende diretamente a um
grupo, alvo da observação, os demais realizam trabalho independente, em grupo ou até
mesmo individualizados.
A adoção dessa metodologia de trabalho em sala-de-aula deve
fundamentar-se nos seguintes pontos :
• o aluno é o centro do processo de ensino-aprendizagem;
18
• os alunos são diferentes entre si e essas diferenças precisam ser
consideradas no desenvolvimento do processo;
• a aprendizagem deve ser significativa ( fazer sentido ) para todos os alunos
e transcorrer em clima prazeroso;
• o tempo pedagógico deve ser otimizado, isto é, melhor aproveitado;
• o aluno e seu trabalho devem ser valorizados, visando o desenvolvimento
de sua auto-estima;
A observação, como subsídio à avaliação, é diagnóstica e, por tanto, deverá
ter o máximo possível de rigor no seu encaminhamento, pois o rigor técnico e científico
na exercitação da avaliação, garantirão ao professor um instrumento mais objetivo de
tomada de decisão. Em função disso, sua ação poderá ser mais adequada e mais
eficiente na perspectiva da transformação.
19
“ O principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes
de realizar coisas novas, não simplesmente de repetir o que outras gerações
fizeram; homens que sejam criativos, inventivos e descobridores.”
( Jean Piaget )
20
CAPÍTULO III
O PSEUDO-SUCESSO NO ENSINAR
Nas escolas tradicionais, a avaliação da aprendizagem é feita através de
provas, testes que apelam apenas para a memória mecânica, sem contextualização ou
significado algum. Os alunos são adestrados, reproduzindo modelos e informações.
Quando o aluno obtém boas notas nas provas, significa que aprendeu tudo,
da forma como foi ensinado.
Todo professor quer que seu aluno obtenha boas notas, mas analisar
somente as notas não garante o seu sucesso, pois dependerá de como foi formulada
aquela prova em que ele teve bom resultado.
O professor cuja escola escolhe a linha tradicional, costuma assumir a
postura de falar todo o tempo e vê no aluno seu ouvinte-anotador, que deverá reproduzir
tudo na prova posterior.
O foco desta escola é a aquisição de conteúdos, selecionados das diferentes
ciências, com critérios acadêmicos onde os alunos desenvolvem a “habilidade” de
memorização e reprodução em momentos de avaliação. Aqui a avaliação é apenas a
aferição de conteúdos decorados. A atribuição de notas visa apenas o controle formal,
com o objetivo classificatório e não educativo.
Nesse contexto, ignora-se a complexidade de fatores que envolvem o
ensino, tais como : os objetivos de formação, os métodos e procedimentos usados pelo
professor, a situação social dos alunos, as condições e meios de organização do ensino,
os requisitos prévios que têm os alunos para assimilar tal matéria, as diferenças
individuais, o nível de desenvolvimento intelectual, as dificuldades de assimilação
devido as condições sociais, econômicas e culturais adversas dos alunos.
Podemos constatar que a maioria dos nossos professores aplica a avaliação
como uma verificação de conteúdos. Verificação essa que encerra-se com a informação
que se busca, isto é, “vê-se” ou “não se vê” o que foi apreendido e que não implica que
o sujeito retire dela conseqüências novas e significativas.
Urge que se crie uma nova cultura sobre avaliação, que não permita que
limites da técnica sejam barreiras para a inclusão social.
21
Restringir-se a exames pontuais com atribuições de notas e calcular a média
dos resultados não mede a quantidade nem a qualidade do aprendizado. É um jeito
velho ( e ultrapassado ) de enxergar o ensino. Sandra Záckia de Souza, professora do
Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Universidade de
São Paulo (USP), destaca que a transformação depende mais do uso que se faz dos
resultados da avaliação do que dos procedimentos e ferramentas usados. Ela afirma: “A
nota é apenas uma representação simplificada de um momento do processo de
aprendizagem. (...) O que vale é o crescimento do aluno em relação a si próprio e aos
objetivos propostos.” ( Revista Nova Escola, nov. 2001, p.16 )
Mas, a escola existiria sem avaliação ?
Alguns alunos certamente adorariam a idéia.
Mas seria este um sentimento de todos ?
Será que não haveria alguns que sentiriam falta do status que boas notas
trazem ? Não sentiriam eles falta dos rótulos que os diferencia e, conseqüentemente,
separa ?
E nós professores ? Que felicidade não termos materiais e mais materiais
para dar conta de corrigir.
Mas, o que obrigaria os alunos a estudarem ? É possível fazer com que
estudem sem que haja, no fim, uma “prestação de contas” ?
Pensando dessa forma chegamos a conclusão de que a avaliação é um mal
necessário. Que a avaliação dentro do processo educacional tem um papel. Qual é ele
afinal ?
22
“ A maneira como uma escola avalia é o reflexo da educação que ela
valoriza. Essa prática deve ser capaz de julgar o valor do aluno e possibilitar
que ele cresça como indivíduo e como integrante de uma comunidade.”
Mere Abramowicz
23
CAPÍTULO IV
AVALIANDO PARA FORMAR
Os rumos da educação se voltam para o desenvolvimento de competências
em vários campos do saber. A escola seleciona os conteúdos para desenvolver a
capacidade de pensar e as habilidades de observar, relacionar, estruturar, analisar,
justificar, sintetizar, inferir, correlacionar, dentre outras, preparando o cidadão para o
exercício na sociedade de forma global.
Se a visão da escola é, ao contrário de outrora, a de contribuir para a
aprendizagem, então estamos diante de uma avaliação que visa ser formativa.
Nessa perspectiva, a avaliação formativa prioriza o domínio dos
conhecimentos e das capacidades, colocando a seleção, quando muito, em seu lugar de
“mal necessário”, mas nunca como uma vantagem ou com fim em si mesma.
A avaliação formativa faz com que seja papel da escola não o impedir
autoritariamente o ingresso deste ou daquele aluno nesta ou naquela disciplina e/ou
série. A escola aqui tem o papel de aconselhar, dar informações, indicações, através das
quais a família do aluno tomará decisões.
Nesse tipo de visão pedagógica, o professor não pode apoiar-se no “poder”.
Não pode existir a onipotência no avaliar. É preciso se ter consciência, é necessário que
haja divisão deste ato com o corpo docente, com diretores. O professor tem que
abandonar o seu patamar de superioridade, não sendo o mestre absoluto de sua notas.
Assim, o professor estabelece claramente os objetivos de suas aulas e as
estratégias mais adequadas para que o processo seja sistematicamente reavaliado. Devese também analisar se os conteúdos propostos vêm ao encontro, e não de encontro aos
alunos, avaliando o contexto em que os mesmos estão inseridos, visando estabelecer
relações entre os conteúdos e as necessidades do grupo atendido.
Todos devem contribuir para que a avaliação seja realmente cooperativa. Os
alunos têm o dever e o direito de aprender a valorizar o que fazem. A avaliação, vista
dessa maneira, permite a eles refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem,
conhecer suas capacidades e desenvolver suas potencialidades, confrontar sua
24
aprendizagem com os objetivos pretendidos e situar-se em relação a si mesmo e em
relação aos outros alunos.
Cipriano Carlos Luckesi, professor de pós-graduação em Educação na
Universidade Federal da Bahia, diz que o processo de avaliar tem, basicamente, três
passos :
. conhecer o nível de desempenho do aluno ( constatação da realidade );
. comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no
processo educativo ( qualificação );
. tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.
Segundo Luckesi, a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados
relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar
decisões sobre seu trabalho.
Essa apreciação qualitativa dos dados relevantes às várias situações
didáticas nas quais os alunos e o próprio professor estão empenhados em atingir os
objetivos ( provas, exercícios, respostas dos alunos, realização de tarefas, etc. ),
possibilita uma tomada de decisão para o que deve ser feito em seguida.
“ Seja pontual ou contínua, a avaliação só faz sentido quando provoca o
desenvolvimento do educando”, afirma Luckesi.
Podemos dizer, então, que a avaliação, em seu sentido pleno, só será
possível na medida em que estiver efetivamente interessada na aprendizagem do
educando.
A avaliação tem que incidir sobre os aspectos globais do processo de
ensino-aprendizagem, portanto, sobre as questões ligadas tanto ao processo de
aprendizagem do educando como à intervenção docente. Deve-se considerar tanto o
resultado final como o processo. Assim sendo, deve-se avaliar cuidadosamente as
atitudes, os valores, as capacidades e não mais se restringir ao desempenho cognitivo do
aluno.
Porém nosso sistema educacional não demonstra estar tão interessado em
que o educando aprenda, visto que investe pouco na educação.
25
No caso da avaliação, normalmente, nós, professores, os alunos e os pais,
estamos mais interessados na aprovação ou reprovação dos educandos e pouco atentos
ao seu efetivo desenvolvimento. Mas, se ensinamos e os alunos não aprenderam e se
estamos realmente interessados em que aprendam, devemos ensinar até que aprendam.
Deve-se investir na construção dos resultados desejados.
A avaliação implica a retomada do curso de ação, se ele não tiver sido
satisfatório, ou a sua reorientação, caso esteja se desviando.
Avalia-se para compreender e explicar o processo de aprendizagem, para
entender por que esse processo se deu de determinada maneira, para identificar seus
problemas e avanços e para encontrar caminhos para superá-los. Dessa forma, a
avaliação subsidia a construção do processo de ensino-aprendizagem porque
fundamenta novas decisões. Assim, resgata-se a função formativa da avaliação, como
parte integrante do processo de aprendizagem, em contraposição à função
classificatória.
Nesse sentido, é essencial definir critérios : “Cabe ao professor listar os
itens realmente importantes, informá-los aos alunos e evitar mudanças sem
necessidade”, defende Léa Depresbiteris, Pedagoga Especialista em Tecnologia
Educacional e Psicologia Escolar ( Revista Nova Escola, Nov. 2001, p.16 ).
A escola cumpre uma função determinada socialmente, a de introduzir as
crianças e jovens no mundo da cultura e do trabalho; tal objetivo não surge
espontaneamente na experiência das crianças e jovens, mas supõe as perspectivas
traçadas pela sociedade e um controle por parte do professor, que deve organizar o
ensino, mas o seu objetivo maior deve ser o desenvolvimento autônomo e independente
dos alunos.
Para tal, a avaliação deve ser entendida como parte do processo. Deve ser
contínua, reveladora de toda a trajetória do aluno e não apenas centrada no produto.
Deve-se utilizar a maior quantidade e variedade de meios possíveis. Não bastam as
provas; é necessário buscar outros instrumentos, sempre ligados aos objetivos (
trabalhos, entrevistas, conversas, observações, práticas, etc).
26
“ O crescimento profissional do professor depende de sua habilidade
em garantir evidências de avaliação, informações e materiais, a fim de
constantemente melhorar seu ensino e a aprendizagem do aluno.”
( Bloom, Hasting, Madaus )
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CAPÍTULO V
A QUESTÃO DAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem vem se constituindo um sério problema
educacional desde de muito tempo. A partir da década de 60, no entanto, ganhou ênfase
em função do avanço da reflexão crítica que aponta os enormes estragos da prática
classificatória e excludente : os elevadíssimos índices de reprovação e evasão escolar,
aliados a um baixíssimo nível de qualidade da educação escolar em termos de
apropriação do conhecimento quanto de formação de uma cidadania ativa e crítica.
Mais recentemente, a avaliação está também muito em pauta em função das
várias iniciativas tomadas por mantenedoras, públicas ou privadas, no sentido de
reverter este quadro de fracasso escolar.
Porém, a discussão sobre avaliação não pode ser feita de forma isolada de
um Projeto Político-Pedagógico, inserido num projeto social mais amplo.
Tem se analisado bastante o papel político da avaliação, tem se criticado
muito as práticas avaliativas dos professores, tem se apontado alternativas mais
técnicas. Falta, contudo, apontar caminhos mais concretos na perspectiva crítica : o que
fazer a fim de superar as práticas autoritárias de avaliação ou, pelo menos, o que se pode
fazer em termos de preparação para uma mudança maior ? Como avançar para além do
novo discurso e traduzir em ações a nova visão da avaliação ?
O professor normalmente espera sugestões, propostas, orientações para sua
tão desafiadora prática. Muitos gostariam até de “receitas”. Sabemos , no entanto, que
estas não existem, dada a complexidade e dinâmica da tarefa educativa e entendemos
que é necessário o professor desenvolver um método de trabalho, justamente para não
ficar escravo de simples técnicas e procedimentos, que podem variar muito de acordo
com a “moda” do momento.
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que não existe um certo e um
errado quando se fala em avaliação. Os especialistas concordam que nenhum é melhor
que o outro. O ideal é mesclá-los, adaptando-os às necessidades ( e à realidade ) da
turma e aos objetivos de cada educador. No quadro 5.1, vemos as ferramentas mais
usadas nas escolas em se tratando de avaliação.
28
QUADRO 5.1 – Tipos de Avaliação
TIPO
Prova objetiva
Prova
dissertativa
Seminário
definição
Perguntas diretas,
respostas curtas,
uma solução
possível
Perguntas que
exijam capacidade
de estabelecer
relações, resumir,
analisar e julgar
Exposição oral
para público leigo,
utilizando a fala e
materiais de apoio
adequados ao
assunto
função
Avaliar quanto o
aluno apreendeu
sobre dados
singulares e
específicos do
conteúdo
Verificar a
capacidade de
analisar o
problema central,
abstrair fatos,
formular idéias e
redigi-las
Possibilitar a
transmissão verbal
das informações
pesquisadas de
forma eficaz
O aluno tem
liberdade para
expor os
pensamentos,
mostrando
habilidade de
organização,
interpretação e
expressão
Contribui para a
aprendizagem do
ouvinte e do
expositor, exige
pesquisa,
planejamento e
organização das
informações;
desenvolve a
oralidade em
público
vantagens
É familiar às
crianças, simples
de preparar e
responder e pode
abranger grande
parte do exposto
em sala de aula
Trabalho em
grupo
Debate
Relatório
individual
Auto-avaliação
Observação
Conselho de
classe
Atividade de
natureza diversa (
escrita, oral,
gráfica, corporal
etc.) realizadas
coletivamente
Discussão em que
os alunos expõem
seus pontos de
vista a respeito de
assunto polêmico
Texto produzido
pelo aluno depois
de atividades
práticas ou
projetos temáticos
Análise oral ou por
escrito, em
formato livre que o
aluno faz do
próprio processo
de aprendizado
Análise do
desempenho do
aluno em fatos do
cotidiano escolar ou
em situações
planejadas
Reunião liderada
pela equipe
pedagógica de
uma determinada
turma
Desenvolver o
espírito
colaborativo e a
socialização
Aprender a
defender uma
opinião,
fundamentando-a
em argumentos
convincentes
Averiguar se o
aluno adquiriu
conhecimento e se
conhece
estruturas de texto
Fazer o aluno
adquirir
capacidade de
analisar suas
aptidões e
atitudes, pontos
fortes e fracos
Seguir o
desenvolvimento do
aluno e ter
informações sobre
as áreas afetiva,
cognitiva e
psicomotora
Compartilhar
informações sobre
a classe e sobre
cada aluno para
embasar a
tomada de
decisões
É possível avaliar
o real nível de
apreensão de
conteúdos depois
de atividades
coletivas ou
individuais
O aluno torna-se
sujeito do
processo de
aprendizagem,
adquire
responsabilidade
sobre ele, aprende
a enfrentar
limitações e a
aperfeiçoar
potencialidades
Perceber como o
aluno constrói
conhecimento,
seguindo de perto
todos os passos
desse processo
Favorece a
integração entre
professores,
análise do
currículo e a
eficácia dos
métodos
utilizados;facilita a
compreensão dos
fatos com a
exposição de
diversos pontos de
vista
Possibilita o
trabalho
organizado em
classes
numerosas e a
abrangência de
diversos
conteúdos em
caso de escassez
de tempo
Desenvolve a
habilidade de
argumentação e a
oralidade; faz com
que o aluno
aprenda e escutar
com um propósito
29
TIPO
atenção
planejamento
Prova objetiva
Pode ser
respondida ao
acaso ou de
memória e sua
análise não
permite
constatar
quanto o aluno
adquiriu de
conhecimento
Selecione os
conteúdos para
elaborar as
questões e
faça as chaves
de
correção;elabor
e as instruções
sobre a maneira
adequada de
responder às
perguntas
Prova
dissertativa
Seminário
Não mede o
domínio do
conhecimento,
cobre amostra
pequena do
conteúdo e não
permite
amostragem
Conheça as
características
pessoais de
cada aluno para
evitar
comparações
na
apresentação
de um tímido ou
outro desinibido
Elabore poucas
questões e dê
tempo
sufuiciente para
que os alunos
possam pensar
e sistematizar
seus
pensamentos
Ajude na
delimitação do
tema, forneça
bibliografia e
fontes de
pesquisa,
esclareça os
procedimentos
apropriados de
apresentação;
defina a
duração e a
data da
apresentação;s
olicite relatório
individual de
todos os alunos
Trabalho em
grupo
Debate
Relatório
individual
Autoavaliação
Observação
Faça anotações
no momento em
que ocorre o
fato; evite
generalizações e
julgamentos
subjetivos;consid
ere somente os
dados
fundamentais do
processo de
aprendizagem
Faça sempre
observações
concretas e não
rotule o
aluno;cuidado
para que a
reunião não se
torne apenas
uma
confirmação de
aprovação ou
reprovação
Elabore uma ficha
organizada
(check-list,
escalas de
clasificação)
prevendo
atitudes,
habilidades e
competências
que serão
observadas. Isso
vai auxiliar na
percepção global
da turma e na
interpretação dos
dados
Conhecendo a
pauta de
discussão, liste
os itens que
pretende
comentar.
Todos os
participantes
devem ter
direito à palavra
para enriquecer
o diagnóstico
dos problemas,
suas causas e
soluções
Esse
procedimento
não tira do
professor a
necessidade de
buscar
informações
para orientar as
equipes. Não
deve substituir
os momentos
individuais de
aprendizagem
Como mediador,
dê chance de
participação a
todos e não
tente apontar
vencedores,
pois em um
debate deve-se
priorizar o fluxo
de informações
entre as
pessoas
Evite julgar a
opinião do aluno
O aluno só se
abrirá se sentir
que há um clima
de confiança
entre o
professor e ele
e que esse
instrumento
será usado
para ajudá-lo a
aprender
Proponha uma
série de
atividades
relacionadas ao
conteúdo a ser
trabalhado,
forneça fontes
de pesquisa,
ensine os
procedimentos
necessários e
indique os
materiais
básicos para a
consecução
dos objetivos
Defina o tema,
oriente a
pesquisa
prévia, combine
o tempo, as
regras e os
procedimentos;
mostre
exemplos de
bons debates.
No final, peça
relatórios que
contenham os
pontos
discutidos. Se
possível, filme a
discussão para
análise
posterior
Defina o tema e
oriente a turma
sobre a
estrutura
apropriada
(introdução,
desenvolviment
o, conclusão e
outros itens que
julgar
necessários
dependendo da
extensão do
trabalho);o
melhor modo de
apresentação e
o tamanho
aproximado.
Forneça ao
aluno um roteiro
de autoavaliação,
definindo as
áreas sobre as
quais gostaria
que ele
discorresse;
liste habilidades
e
comportamentos
e peça para ele
indicar aquelas
em que se
considera apto
e aquelas em
que precisa de
reforço
Conselho de
classe
30
TIPO
Prova objetiva
análise
Defina o valor
de cada
questão e
multiplique-o
pelo número de
respostas
corretas
como utilizar
as
informações
Liste os
conteúdos que
os alunos
precisam
memorizar;ensin
e estratégias
que facilitem
associações,
como listas
agrupadas por
idéias, relações
com elementos
gráficos e
ligações com
conteúdos já
assimilados
Prova
dissertativa
Defina o valor
de cada
pergunta e
atribua pesos à
clareza das
idéias, para a
capacidade de
argumentação e
conclusão e a
apresentação
da prova
Se o
desempenho
não for
satisfatório, crie
experiências e
motivações que
permitam ao
aluno chegar à
formação dos
conceitos mais
importantes
Seminário
Atribua pesos à
abertura, ao
desenvolviment
o do tema, aos
materiais
utilizados e à
conclusão.
Estimule a
classe a fazer
perguntas e
emitir opiniões
Caso a
apresentação
não tenha sido
satisfatória,
planeje
atividades
específicas que
possam auxiliar
no
desenvolviment
o dos objetivos
não atingidos
Trabalho em
grupo
Observe se
houve
participação de
todos e
colaboração
entre os
colegas, atribua
valores às
diversas etapas
do processo e
ao produto final
Em caso de
haver
problemas de
socialização,
organize jogos
e atividades em
que a
colaboração
seja o elemento
principal
Debate
Estabeleça
peso para a
pertinência da
intervenção, à
adequação do
uso da palavra
e à obediência
às regras
combinadas
Crie outros
debates em
grupos
menores;
analise o filme e
aponte as
deficiências e
os momentos
positivos
Relatório
individual
Estabeleça
pesos para
cada item que
for avaliado (
estrutura do
texto,
gramática,
apresentação)
Só se aprende
a escrever
escrevendo.
Caso algum
aluno apresente
dificuldade em
itens
essenciais, crie
atividades
específicas,
indique bons
livros e solicite
mais trabalhos
escritos
Autoavaliação
Use esse
documento ou
depoimento
como uma das
principais fontes
para o
planejamento
dos próximos
conteúdos
Ao tomar
conhecimento
das
necessidades
do aluno, sugira
atividades
individuais ou
em grupo para
ajudá-lo a
superar a
dificuldade
Observação
Conselho de
classe
Compare as
anotações do
início do ano com
os dados mais
recentes para
perceber o que o
aluno já realiza
com autonomia e
o que ainda
precisa de
acompanhamento
O resultado final
deve levar a um
consenso da
equipe em
relação às
intervenções
necessárias no
proceso de
ensinoaprendizagem,
considerando
as áreas
afetiva,
cognitiva e
psicomotora dos
alunos
Esse instrumento
serve como uma
lupa sobre o
processo de
desenvolvimento
do aluno e
permite a
elaboração de
intervenções
específicas para
cada caso.
O professor
deve usar
essas reuniões
como
ferramenta de
auto-análise. A
equipe deve
prever
mudanças tanto
na prática diária
de cada
docente como
também no
currículo e na
dinâmica
escolar, sempre
que necessário
31
Falarmos em mudança é remetermo-nos às suas possibilidades : numa
sociedade seletiva, num sistema educacional marcado pelo autoritarismo, é possível
fazer algo ? Até que ponto seria possível avaliar de outra forma numa sociedade tão
competitiva ? As respostas a estas questões não podem ser dadas de forma idealista.
Objetivamente, “apesar do sistema”, pode-se constatar professores, escolas, redes de
ensino com novas práticas de avaliação.
Há que se ter em mente o seguinte : a avaliação, para assumir o caráter
transformador e não de mera constatação e classificação, antes de mais nada deve estar
comprometida com a promoção da aprendizagem ( e desenvolvimento ) por parte de
todos os alunos. Este é o seu sentido mais radical, é o que justifica sua existência no
processo educativo.
A avaliação deve marcar presença em todas as etapas do processo de
ensino-aprendizagem, uma vez que oferece ao professor as bases para as decisões
iniciais, em seu caráter de diagnóstico, já que possibilita uma decisão, uma interpretação
e uma explicação da situação concreta sobre a qual se vai operar.
Ao longo do processo, deve permitir verificar o desenvolvimento da
proposta, novas necessidades e também seu redimensionamento. Para os educandos, a
avaliação perde seu caráter punitivo e passa a ser percebida como crítica, exercida por
todos os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Para obter bons resultados, o professor deve observar, anotar, planejar,
replanejar, envolver todos os alunos nas atividades de classe, fazer uma avaliação
precisa e permanente. Os resultados interessarão a quatro públicos:
• ao aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de
aprendizagem para se empenhar na superação das necessidades;
• aos pais, também responsáveis pela educação dos filhos e por parte
significativa dos estímulos que eles recebem;
• ao professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática;
• a equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso
escolar do aluno.
32
Ao ajudar o aluno no desenvolvimento de atitudes positivas e na construção
de sua auto-estima, o professor estará contribuindo para a socialização desse aluno e,
consequentemente, influindo no seu comportamento e na qualidade do processo ensinoaprendizagem.
33
“ Solidarizar-se com o educando não é um ato piegas, que considera
que tudo vale, mas sim um ato amoroso, ao mesmo tempo dedicado e exigente,
que tem como foco de atenção a busca do melhor possível.”
( Luckesi )
34
CONCLUSÃO
Prova, exame, verificação, avaliação...
Para a grande maioria das pessoas que passaram pela escola, esses termos
têm uma conotação negativa. Isso deve-se, sem dúvida, as experiências negativas com
relação à avaliação.
Mas, tem que ser assim ?
Não pode ser diferente ?
Estamos convencidos de que uma concepção demasiado “estreita”
de
avaliação por parte dos professores traz mais problemas do que ajuda o aluno.
A avaliação não pode ser vista como um fim, mas sim como um meio que
permita a verificação se os objetivos desejados foram alcançados, identificando os
alunos que necessitam de atenção individual e como meio para que se possa reformular,
se necessário, o trabalho até então realizado.
Ao avaliar, o professor deve ter em mente que uma avaliação autoritária
pode levar o aluno a uma baixa auto-estima e, consequentemente, gerar insegurança e
comprometer a sua capacidade de realização.
Entretanto, uma avaliação mais justa e feita com amor contribuirá para o
crescimento do educando.
Devemos compartilhar um novo olhar sobre os processos de aprendizagem e
rever constantemente posturas, atitudes, metodologias e instrumentos que possam dar
indicadores da evolução dos alunos.
O desafio maior é ampliar e estender essa discussão do interior das escolas
para toda a sociedade, pois, temos o compromisso de construir uma outra cultura de
avaliação para as gerações futuras: uma avaliação descaracterizada de sua função
autoritária, em busca de uma ação libertadora.
Compreender e reproduzir a avaliação numa perspectiva construtivista e
libertadora implica em uma ação consensual nas instituições educacionais, no sentido de
revisão do significado político das exigências burocráticas.
35
É preciso uma tomada de consciência por parte de todos os envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem dos alunos ( todo o corpo docente, pais e o próprio
aluno ) no sentido de entender que a avaliação não deve ser vista como um instrumento
de coação e punição, que exclui e deixa à margem aqueles que não se “encaixam” no
sistema imposto.
Por outro lado, avaliação deve servir como instrumento para a verificação
do processo, de forma que se possa aprimorar seus procedimentos, em busca de
melhores resultados no que tange a aprendizagem e crescimento do educando.
Ao ajudar o aluno a desenvolver suas competências, a conhecer seus
talentos, a desenvolver suas
habilidades e qualidades e não apenas compará-lo,
descobrindo suas deficiências e erros, o educador estará contribuindo para que seu aluno
possa usufruir melhor das coisas positivas da vida e tornar-se um indivíduo integrado ao
seu meio e, desta forma, contribuir para o sucesso do mesmo na escola e fora dela,
assim como, no seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e comportamental.
36
“ Os diversos fios que tecem o cotidiano escolar, as dobras que
ocultam e revelam, as palavras que falam e calam, vão nos indicando
simultaneamente o esgotamento dos processos de negação, seleção e exclusão, e
a emergência de possibilidades de ruptura com esses processos.”
( Maria Teresa Esteban)
37
BIBLIOGRAFIA
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Camargo. Revisão tipográfica Silvana Vieira. Revisão técnica José Cipolla Neto. 1. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1993. xviii, 135 p.
39
ANEXOS
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projeto a vez do mestre