PROVA DE SOCIOLOGIA - 3o TRIMESTRE 2013
PROF. PAULO
NOME________________________________________________________No______2a SÉRIE_____
• A compreensão do enunciado faz parte da questão. Não faça perguntas ao examinador.
• A prova deve ser feita com caneta azul ou preta.
• É terminantemente proibido o uso de corretor. Respostas com corretor serão anuladas.
• Esta prova é composta por TRÊS questões dispostas em TRÊS páginas.
• ESCREVA SEU NOME EM TODASAS FOLHAS DA PROVA.
• Valor 9,0
01. (3,0 - Uel 2013 - adaptado) Leia o texto a seguir.
Estava na primeira página: “O ESCANDALOSO ABANDONO DA BARRA”. Descompostura em regra, em
Alfredo Bastos, “deputado estadual eleito pelo povo de Ilhéus para defender os sagrados interesses da
região cacaueira” e cuja “eloquência franzina só se fazia ouvir para celebrar os atos do governo,
parlamentar do muito bem e do apoiado!”, um compadre do coronel Ramiro, “inútil mediocridade, servilismo
exemplar ao cacique, ao manda-chuva”, culpando os políticos no poder pelo abandono da barra de Ilhéus.
“O maior e mais premente problema da região, que significará riqueza e civilização ou atraso e miséria, o
problema da barra de Ilhéus, ou seja, o magno problema da exportação direta do cacau” que não existia
para os que haviam “em circunstâncias especiais, abocanhado os postos de mando”. E por aí vinha,
terminando numa evidente alusão a Mundinho, ao lembrar que, no entanto, “homens de elevado sentimento
cívico, estavam dispostos, ante o criminoso desinteresse das autoridades municipais, a tomar o problema
em suas mãos e a resolvê-lo”.
(Adaptado de: AMADO, J. Gabriela, cravo e canela: crônica de uma cidade do interior. São Paulo: Record, 1978. p.136-137.)
Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, publicado em 1942, defendia a tese de
que a origem do atraso da nação brasileira está vinculada ao tipo de colonização. O texto citado, do
escritor Jorge Amado, é referente a uma notícia do jornal de Ilhéus, em que a oposição da cidade
contesta os líderes políticos do local, sobre o descaso para com o porto da cidade.
a) Identifique e explique o tipo de economia vivida à época pelo País (década de 1920), ilustrado no texto
e reflita sobre a origem do atraso da nação brasileira segundo Caio Prado Jr.
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b) Aponte características de relações de poder formadas no País que aparecem descritas no trecho citado.
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02. (3,0 - Uel 2012) No debate sobre as cotas para o ingresso dos negros nas universidades públicas,
reapareceram, de forma recorrente, argumentos favoráveis e contrários à adoção dessa política
afirmativa. Os trechos reproduzidos a seguir constituem exemplos desses argumentos.
Em um país onde a maioria do povo se vê misturada, como combater as desigualdades com base em uma
interpretação do Brasil dividido em “negros” e “brancos”? Depois de divididos, poderão então lutar entre
si por cotas, não pelos direitos universais, mas por migalhas que sobraram do banquete que continuará
sendo servido à elite. Assim sendo, o foco na renda parece atender mais à questão racial e não introduzir
injustiça horizontal, ou seja, tratamento diferenciado de iguais.
(Adaptado de: Yvonne Maggie (Antropologa da UFRJ). O Estado de São Paulo. 7 mar. 2010. Este artigo de Yvonne Maggie serviu de
base para o seu pronunciamento lido por George Zarur na audiência pública sobre ações afirmativas convocada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) em março de 2010.)
Desde 1996 me posicionei a favor de ações afirmativas para negros na sociedade brasileira. Vieram as
cotas e as apoiei, como continuo fazendo, porque acho que vão na direção certa – incluir socialmente os
setores menos competitivos – embora saiba que o problema é muito maior e mais amplo. Tenho apoiado
todas as medidas que diminuam a pobreza ou favoreçam a mobilidade social e todas as que combatam
diretamente as discriminações raciais e a propagação dos preconceitos raciais. Em curto prazo, funcionam
as políticas de ação afirmativa; em longo prazo, funcionam políticas que efetivamente universalizem o
acesso a bens e serviços.
(Antônio Sérgio Guimarães (Sociólogo da USP) Entrevista concedida à Ação Educativa. Disponível em:
<http://www.acaoeducativa.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=633>. Acesso em: 30 jun. 2011.)
A divergência dessas duas posições reproduz, atualmente, o antagonismo existente no debate sobre a
questão racial na sociologia brasileira, exemplificado pela oposição entre os pensamentos de Gilberto
Freyre e Florestan Fernandes.
Identifique e explique, nos trechos reproduzidos, os argumentos favoráveis e desfavoráveis à política de
cotas para negros em universidades, comparando-os com as visões teóricas de Gilberto Freyre e
Florestan Fernandes.
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03. (3,0) Com efeito, já nos anos 1930, a noção elaborada pelo antropólogo Gilberto Freyre (1930), de que
esse era um país racial e culturalmente miscigenado, passava a vigorar como uma espécie de ideologia não
oficial do Estado, mantida acima das clivagens de raça e classe e dos conflitos sociais que se precipitam
na época. Nesse contexto, conceitos são reavaliados, imagens assentadas perdem sua mais antiga
conotação. Esse é o caso exemplar de Jeca Tatu, conhecida personagem de Monteiro Lobato, que
enquanto mestiço, pobre e ignorante, de certa forma representava a condição vivenciada pela maioria da
população brasileira. Em 1919, porém, em O problema vital, Lobato parece ter mudado de posição, quando,
desviando a atenção para o problema racial, apresentava Jeca Tatu não como o resultado de uma
formação híbrida, mas como o fruto de doenças epidêmicas.
SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 248-249.
A partir dessa concepção, julgue as afirmativas abaixo:
(
(
(
(
(
(
) A obra de Gilberto Freyre, na década de 1930, contribuiu para que a miscigenação fosse percebida
de forma positiva.
) O texto apresenta um período de mudança de visão sobre o país, expressa pela transformação do
significado da personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato.
) O Brasil herdou muito dessa visão da miscigenação. Com isso, a ideia de uma democracia racial
continua presente até hoje.
) Atualmente, o Brasil não é mais visto como uma nação miscigenada, e sim maculada pela guerra racial.
) O início do século XX representou um período histórico em que houve uma maior preocupação com a
saúde pública da população.
) O mito da democracia racial, criado por Gilberto Freyre, detém consenso científico até a atualidade.
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RASCUNHO
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