XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL
EM EMPRESAS DE TRANSPORTE
PÚBLICO DE PASSAGEIROS. UM
ESTUDO DE CASO NAS EMPRESAS DE
ÔNIBUS DO RIO DE JANEIRO
Ronaldo da Silva Cavalheiro (LATEC)
[email protected]
Luis Celso da Silva (LATEC-UFF)
[email protected]
Osvaldo Luís Gonçalves Quelhas (LATEC-UFF)
[email protected]
Embora o segmento de transporte coletivo urbano de passageiros por
ônibus seja estratégico no desenvolvimento, as mudanças no ambiente
competitivo que ocorreram na ultima década foram mais rápidas e
mais profundas do que supunham os seus geestores. O ambiente
competitivo a que o setor esta sendo obrigado enfrentar, acrescido das
novas demandas, está determinando novos modelos gerenciais, de
forma a manter a sustentabilidade do setor e dos negócios. Neste
cenário observam-se entre outros importantes fatores as questões
ambientais como vetores que podem auxiliar na sustentabilidade do
negócio. Neste contexto, esta pesquisa verifica o nível de aderência às
questões ambientais e como isso pode influenciar na sustentabilidade
das empresas de transporte urbano no Rio de Janeiro. Como resultado
são relatadas as práticas e as dificuldades relevantes às essas questões
ambientais.
Palavras-chaves: Práticas de gestão ambiental, transporte coletivo por
ônibus, sustentabilidade do negócio
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A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
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1. Introdução
Embora se tenha vivido um dos mais longos períodos de estabilização da economia dos
últimos tempos, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
crescimento urbano continuou de forma desordenada e desestruturada, sendo que a
ineficiência do processo de gestão e de planejamento do sistema de transporte de passageiros,
principalmente o público, a instabilidade da legislação, a priorização de investimentos nos
transporte individual (carros e motos), o aumento do desemprego e do trabalho informal e a
disseminação do transporte clandestino afetaram sobre maneira as empresas de transporte de
passageiros.
O setor de transportes público de passageiros embora muitas vezes relegado ao segundo ou
terceiro plano na prioridade pela administração pública é de fundamental importância para o
Brasil, pois o mesmo contribui não só para a qualidade de vida da população, através do
aumento da oferta de empregos diretos e indiretos, como da geração de fluxo que permite a
acessibilidade aos locais de trabalho, comércio, lazer, educação e saúde, bem como é
elemento fundamental na organização do espaço urbano, contribuindo para possíveis
relevantes reduções da taxa de ocupação dos meios de transportes e dos custos de
deslocamento, o que significa contribuir com a cidadania.
No entanto, a melhoria da qualidade dos serviços, o aumento da eficiência da operação, a
redução dos custos e a garantia de tarifas que dêem suporte ao negócio são os grandes
desafios das empresas de transporte rodoviários urbano (ANTP, 2001).
Embora o segmento de transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus seja estratégico
no desenvolvimento, a mudança do ambiente competitivo que ocorreram na ultima década
foram mais rápidas e mais profundas do que suponham os seus gestores e a repercussão na
competitividade do setor foi logo sentida com a mudança gradativa e permanente de alguns
dos seus indicadores de eficiência. Entretanto as empresas não ficaram imobilizadas neste
período e algumas iniciaram alterações nos seus processos de gestão ao invés de se manterem
com o mesmo posicionamento histórico de pautarem a gestão exclusivamente nos requisitos
requeridos pela concessão ou permissão.
1.1 O novo desafio na gestão dessas empresas
Muitas empresas já fizeram as primeiras alterações em seus processos administrativos
alterando suas estratégias, como exemplo adicionando à mesma a dimensão “qualidade nos
serviços”, pois de acordo com Malavé e Bodmer citado em Schettino (2006), os usuários ao se
tornarem cada vez mais exigentes fazem com que as empresas precisem adaptar-se aos novos
modelos de gestão em busca da satisfação das “novas” demandas de transporte.
Gradativamente os usuários passam a serem considerados como clientes, tornando-se parte
importante dos objetivos da empresa, sendo que finalmente a empresa inicia seu olhar para o
mercado e não mais exclusivamente para sua operação. Decorrentes desta nova postura e
ações tomadas por algumas empresas podem ser evidenciadas a renovação da frota, a
colocação de novos modelos de veículos em circulação, como veículos opcionais com arcondicionado em algumas linhas, serviços como o micro ônibus, o treinamento dos motoristas
e cobradores com vista ao melhor atendimento a público usuário, aliando-se a isto uma grande
campanha publicitária com vista ao melhor esclarecimento da população.
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Entretanto só há uma certeza, a de que o ambiente competitivo está em constantes mudanças.
Os legisladores e a sociedade, como cliente/usuário, continuarão buscando satisfazer suas
novas necessidades, agora com mais consciência do seu papel de consumidor e cidadão,
praticando mais seu poder de escolha, cada vez mais bem informado nesse novo cenário
social que se descortina. Todos começam a manifestar-se sobre questões que vão além dos
serviços ou produtos que lhe são oferecidos, preocupando-se cada vez mais com os assuntos
relacionados aos aspectos de proteção ao meio ambiente e as questões sociais.
Na outra ponta, objetivando sensibilizar os cidadãos, as empresas e a mídia também têm
aumentado a visibilidade para as questões da poluição ambiental encorajando desta forma que
as empresas venham a repensar seus serviços, produtos e seus métodos de gestão, de forma
que os mesmos apresentem um menor impacto ambiental e um maior valor agregado para o
cliente final.
Não basta que as empresas de transporte mostrem evidências que dispõe de novas estratégias
que englobam entre outros pontos o foco no cliente, e o atendimento a suas expectativas, mas
é importante que se inicie a apreciação de como estão executando e estruturando seus
negócios para a produção destes serviços. Elas devem estar atentas aos impactos ao meio
ambiente e conseqüentemente à sociedade que as mesmas causam na atualidade, além de estar
atualizada, buscando aplicar os conceitos de sustentabilidade para não trazer prejuízos para
gerações futuras.
Vários são os prováveis impactos ambientais e conseqüentemente sociais atribuídos à
atividade de transporte urbano, entre elas poderíamos ressaltar a poluição atmosférica,
causada principalmente pela emissão dos motores dos veículos, a contribuição para o ruído
urbano e outros como os relacionados ao gerenciamento da energia consumida, da água
principalmente a de lavagem dos fluidos (combustíveis e os lubrificantes) e dos resíduos
sólidos (pneus, baterias, peças inservíveis).
No Brasil a partir década 80 iniciou-se um processo de mudanças, principalmente nas
legislações. Na área ambiental, em 17/01/1981, foi sancionada a Lei n° 6938, que institui a
Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos para se fazer a gestão ambiental, e
outras importantes como a Lei 9605 em 12/02/1998, que dispõe sobre Crimes Ambientais, as
empresas e seus gestores se vêem na obrigatoriedade de repensar seus modelos de gestão
vigentes até então.
Desde então, mudanças baseadas no novo conceito de gestão com base no Desenvolvimento
Sustentável, que incluem os conceitos da teoria da qualidade total, processo de gestão
ambiental e das certificações de empresas (ISO 9000 e 14000) estão acontecendo. Temas
ambientais, de saúde e segurança se tornaram a exemplo da qualidade um dos caminhos
críticos para condução dos negócios independente do segmento de atuação.
No cenário descrito acima, este estudo foi realizado por meio de questionário e entrevistas em
quatro empresas do setor de transportes, com o objetivo de identificar o atual nível de
aderência do setor de transporte às questões ambientais e identificar os fatores internos e o
grau de influência destes sobre a sustentabilidade das empresas de transporte urbano do Rio
de Janeiro.
Do ponto de vista de seus objetivos, para Gil (1991) essa é uma pesquisa exploratória em uma
área em que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, a qual será realizada por
meio de procedimentos técnicos metodológicos que a caracterizam como um estudo de caso.
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2. Entendendo a gestão ambiental como parte da estratégia e vantagem competitiva para
se alcançar a sustentabilidade
É sabido que todas as atividades econômicas causam alguma forma de impacto sobre a
sociedade e o meio ambiente gerando custos sociais e ambientais. A economia convencional
trata esses custos, por mais vultosos que sejam como circunstâncias exteriores. Eles são
excluídos dos balanços econômicos e repassados para a população em geral, para o meio
ambiente e conseqüentemente para as futuras gerações.
Até os anos 60, a regulamentação ambiental mundial era praticamente inexistente. Segundo
Maimom (1996) o foco inicial da gestão ambiental passou a ser na conformidade às
regulamentações. Essas regulamentações normalmente avaliavam no final do processo o nível
de poluição e seguia um foco único, o dos principais estatutos federais. Normalmente, o que
ocorria era o atendimento às regulamentações no sentido de se evitar multas ou sanções,
geralmente reagindo aos acontecimentos sem procurar preveni-los (CAJAZEIRA, 1998).
Na década de 70, a discussão das questões ambientais foi marcada pela Conferência de
Estocolmo, realizada em 1972. Esta foi a primeira conferência mundial onde foram discutidos
especificamente temas ambientais. Na época, as principais discussões centraram-se em temas
relacionados ao fenômeno da chuva ácida, à necessidade das nações estabelecerem políticas
de controle da poluição ambiental, principalmente do ar e da água, e à preocupação com o
consumo de recursos naturais não renováveis.
A partir da década de 80, difundiu-se rapidamente em muitos países europeus a consciência
de que os danos "cotidianos" ao ambiente poderiam ser substancialmente reduzidos por meio
de práticas de negócios ecologicamente corretas. Antes dos anos 80, a proteção ambiental era
vista como uma questão marginal, custosa e muito indesejável, a ser evitada; em geral, seus
opositores argumentavam que ela diminuía a vantagem competitiva da empresa. Assim, pode
se inferir que enquanto a década de 70 caracterizou-se pelo controle da poluição, a década de
80 foi marcada pelas ações de planejamento ambiental.
No Brasil, após a publicação da Lei 6938/81que instituiu a Política Nacional de Meio
Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, em 1986 foi publicada a
Resolução n° 01 do CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente pertencente a este
sistema, instituindo a obrigatoriedade da realização de Estudos de Impactos Ambientais para
qualquer empreendimento público ou privado que apresentasse impactos aos meios físico,
biológico ou sócio-econômico na região a ser implantado.
Desse moderno conceito de avaliação da poluição apresentado entende-se que o problema
ambiental gerado por um determinado processo ou por condição operacional deve ser evitado
não na saída da indústria ou empresa, mas investigando o próprio processo, detectando
ineficiências e falhas. Além disso, percebe-se que isso ocorre, normalmente, devido ao
modelo de gestão adotado, o que levou a busca de novas aplicações para os resíduos gerados
no processo e novas alternativas de energia e de matérias primas.
Andrade et al. (2000) acentua a problemática questionando, porque as empresas deveriam
adotar estratégias empresarias que levam em conta as questões ambientais? Não teria estas um
pesado ônus para os negócios e não seriam apenas preocupações passageiras? Entretanto, esse
mesmo autor ressalta que evidências recentes mostram que há uma clara tendência da
preocupação das empresas com a preservação ambiental, mostrando um interesse continuado
e definitivo e que os resultados econômicos passam a ser cada vez mais dependente de
decisões empresariais.
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As questões ambientais na atualidade, portanto, estão se tornando elementos cada vez mais
importantes na competição empresarial de todo o mundo e na sobrevivência das empresas,
assim elas devem ser consideradas como um dos mais importantes desafios que o mundo dos
negócios enfrentará nessa primeira década do novo milênio.
Diante deste novo quadro, as empresas assumem uma importância fundamental, devendo
considerar as práticas de gestão ambientais um dos mais importantes determinantes na
estratégia competitiva, demonstrando coerência com os valores estabelecidos pelo mercado e
pela sociedade.
A responsabilidade em relação ao meio ambiente, em muitos casos, passa a integrar o
posicionamento estratégico das organizações, assumindo características de atitude voluntária.
O enfoque estratégico de adesão a um sistema de gestão ambiental, que busca melhorias em
processos e tecnologias eleva o desempenho da empresa e pode constituir-se em uma
vantagem competitiva importante (PORTER & LINDE, 1995).
2.1 O sistema de gestão ambiental (SGA) como porta de entrada nas empresas
O gerenciamento ambiental, genericamente, é a forma com que uma empresa administra as
relações entre suas atividades e o meio ambiente que as abriga, atentando para as expectativas
das partes interessadas.
Para Donaire (1995) a Gestão Ambiental é definida como:
“O conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que
visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio
ambiente. O ciclo de atuação da Gestão Ambiental deve cobrir desde a fase de concepção do
projeto até a eliminação efetiva dos resíduos gerados pelo empreendimento”.
De acordo com a NBR ISO 14001 (2004) o sistema de gestão ambiental é definido como:
“A parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar
sua política ambienta e para gerenciar seus aspectos ambientais.”
Dessas afirmativas decorre que a gestão ambiental é um processo que apresenta como
objetivo, dentre as suas várias atribuições, identificar e promover a aderência às ações mais
adequadas ao atendimento das imposições legais aplicáveis aos aspectos e impactos
ambientais dos processos de produção ou serviço, bem como das expectativas das partes
interessadas, aplicando procedimentos que permitam o aprimoramento contínuo do próprio
SGA.
2.2. Entendendo a certificação ISO 14001 como um instrumento de gestão
O início do processo de normatização pode ser considerando a partir de 1991, quando a
Câmara Internacional de Comércio (ICC) editou a Carta Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável, que estabelece 16 princípios de Gestão Ambiental. Assim com base nos
princípios da Carta Empresarial da ICC e na experiência desenvolvida durante a elaboração
dos Sistemas de Gestão da Qualidade, a British Stantadards Institution (BSi) lançou, em 1992,
a norma BS 7750 - Specification for Environmental Management Systems, onde se buscou
ordenar os procedimentos de gestão ambiental já existentes e, ao mesmo tempo, permitir a
Certificação dos Sistemas de Gestão Ambiental.
Anos depois surge a série de normas ISO 14000, sendo que a única norma objeto de
certificação é a ISO 14001 - Sistemas de Gestão Ambiental que trata do Sistema Gestão
Ambiental (SGA). De acordo com Cajazeira (1998), o conceito de certificação surge para
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atestar que uma organização é capaz de atender a uma série de requisitos descritos em um
padrão normativo.
A implantação do SGA se dá em cinco etapas sucessivas e contínuas, onde todas essas etapas
buscam a melhoria contínua, ou seja, um ciclo dinâmico no qual está se reavaliando
permanentemente o sistema de gestão e procurando a melhor relação possível com o meio
ambiente (MAIMON, 1996). Sendo que as etapas desse SGA baseado na ISO 14001 são:
Requisitos gerais e Política ambiental, Planejamento, Implementação e operação, Verificação
e Análise pela administração.
No entanto, é importante dizer que a implantação de um sistema de gestão ambiental baseado
na ISO 14001, da mesma forma que na gestão pela qualidade, representa um processo de
mudança comportamental e gerencial na organização. Para aquelas empresas que buscam
também a certificação de seus SGA parece que a conclusão tem sido a mesma, ou seja, há
evidências claras do rápido aumento das empresas por diferentes motivos, mas principalmente
por razões de ganho de competitividade.
Os números mostram essa realidade, pois somente no Brasil já são 2300 empresas certificadas
na ISO 14001 (POMBO e NEGRINI, 2008). Para Miles et al., 1997 citado por esses autores,
os custos associados à adoção dessa norma são similares aos da adoção da norma ISO 9000,
sendo que nas pequenas empresas essa adoção será dramática e onerosa, mas os benefícios do
aumento de reputação, melhor acesso a mercado e menor custo por ter processos mais
eficientes poderão compensar esse custo da certificação (MILES et al., 1999).
2.3. A estratégia ambiental como forma de competitividade nas empresas de transportes
O ambiente competitivo em que se inserem as empresas de transporte urbano de passageiros
na atualidade é o resultado direto da abertura da economia advindo do processo da
globalização crescente, somado ao cenário ainda persistente de instabilidade econômica e de
constantes reformas políticas, neste contexto são grandes os desafios a serem enfrentados por
todas as empresas.
É de fundamental importância o claro entendimento do que seja um planejamento estratégico
neste ambiente competitivo, sendo que o processo de planejamento tem por objetivo tornar
possível tomar decisões antecipadamente, com vistas a beneficiar-se das condições do
mercado.
De acordo com Porter (1996) a essência da estratégia está em desempenhar as suas atividades
diferentemente ou desempenhar diferentes atividades de seu concorrente. Ela deve ter por
objetivo estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a
concorrência naquele segmento.
Em seu livro Competição: Estratégias Competitivas Essenciais, Porter afirma que a
formulação de uma estratégia competitiva deve ser à busca de uma posição competitiva
favorável em um segmento, a arena fundamental onde se encontra a concorrência. Ele ainda
afirma que existem duas questões centrais ou pilares que norteiam a escolha da estratégia
competitiva: atratividade e a posição competitiva, sendo que nenhuma dessas por si só é
suficiente para orientar a escolha da estratégia competitiva.
Para Porter citado em Roy e Vézina (2001), o significativo incremento de empresas
preocupadas com a gestão ambiental, não motivada por pressões externas de legislação ou do
público, tem sido sugerido como a busca pela liderança ambiental. Essa liderança leva a
vantagem competitiva através da redução de custo, aumento de participação no mercado e de
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liderança em tecnologia. Devido a isto algumas companhias decidiram utilizar o desempenho
ambiental como forma de diferenciar seus produtos e ganhar vantagem competitiva sobre seus
competidores (ROY & VÉZINA, 2001).
3. Estudo de caso: Analisando as empresas de transportes do Rio de Janeiro
No Estado do Rio de Janeiro, segundo levantamentos da Federação das Empresas de
Transporte de Passageiros – FETRANSPOR (2009), o sistema de transporte coletivo de
passageiros tem uma frota de 20,457 mil ônibus, com média de 5,5 anos de idade e transporta
aproximadamente 5,15 milhões de passageiros/dia, em 2350 linhas, entre transportes
municipal e intermunicipal. O número de empregados é de 100.000 diretos e 300.000
indiretos, o que também reforça a importância estratégica deste setor para o estado. Na região
metropolitana a exemplo do contexto do Brasil, esse tipo de transporte representa 90 % dos
passageiros transportados.
Neste trabalho foram selecionadas quatro empresas a serem pesquisadas, entre aquelas poucas
do segmento de transporte rodoviário urbano de passageiros que já demonstram evidências de
seu comprometimento e aderência aos modernos conceitos de gestão, que englobam além de
outros elementos as questões ambientais. Sendo que dessas empresas apenas três retornaram
os questionários enviados. Embora seja um número pequeno de empresas, as respostas obtidas
permitiram a geração de dados consistentes, satisfatórios e significativos para o objetivo da
pesquisa.
Já nessa pesquisa, o retorno de respostas foram três, o que representa 75% e sugere que as
quatro empresas pré-selecionadas possuem, em certa medida, o nível de aderência à gestão
ambiental e/ou à vontade intrínseca em perscrutar seus modelos atuais. Além disso, essa
pesquisa serviu para que essas empresas aproveitassem da ferramenta do questionário para ter
uma visão de seu atual nível de comprometimento com a sustentabilidade.
As respostas da pesquisa foram analisadas levando em consideração: a percepção e práticas
das questões ambientais, o desenvolvimento da gestão ambiental e as expectativas de atuação
governamental e de apoio.
Como a estratégia de sustentabilidade do negócio de uma empresa está intimamente atrelada a
como ela tem avançado o seu modelo de gestão e de sua forma de garantir que as futuras
mudanças estarão em conformidades com os novos e mais modernos modelos de gestão, essas
três empresas estão planejando a manutenção das atuais certificações, além da participação
nos principais processos de premiações do segmento.
Embora não tenham sido diretamente questionados sobre quais seriam os principais aspectos
ambientais relacionados às suas atividades, as empresas demonstraram ter conhecimento de
quais sejam estes aspectos e um grande grau de conscientização sobre a questão ambiental em
suas organizações.
Na pergunta como, por exemplo: quais são os procedimentos (práticas) gerenciais
relacionados aos principais aspectos ambientais? As respostas apresentaram um perfil
bastante similar ao da indústria em geral, como a preocupação delas com as questões
relacionadas ao gerenciamento de resíduos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas,
vibrações e ruídos, a conservação de energia, etc.
Estas respostas vêm corroborar as ações estratégicas que estão em curso com vistas não só a
otimização dos processos e sustentabilidade do negócio, mas também quanto à
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implementação e melhoria das práticas para manutenção e obtenção de certificações e
premiações, conforme já apontado acima.
Procurou-se identificar as práticas ambientais, ou seja, aquelas ações ou atitudes preventivas
relacionadas aos aspectos ambientais mais comuns, cujos resultados efetivos na
implementação sejam considerados adequados e compatíveis com a necessidade e
sustentabilidade do negócio.
A lista abaixo relaciona as práticas mais comuns apontadas pelas três empresas:










Reciclagem ou reaproveitamento de resíduos, sucatas e lixo;
Disposição adequada dos resíduos sólidos;
Controle das emissões atmosféricas;
Controle de ruídos e vibrações;
Redução do uso de fluidos veiculares;
Conservação de energia;
Conservação de água;
Controle e recuperação ou reciclagem das descargas (efluentes) líquidas;
A busca por fornecedores e parceiros com prática ambientais e;
Treinamento para os colaboradores em práticas ambientais.
Os resíduos tais como plásticos, papéis, papelão e materiais como couro, vinil e espumas
usados nos estofamentos são reciclados ou reaproveitados, mas as embalagens contaminadas,
as estopas contaminadas, as lonas de freio, as lâmpadas e os filtros de combustível e
lubrificante, ainda não dispõem de destinação adequada, embora algumas empresas julguem
que a atual disposição seja a adequada, pois ao enviar este material para o sistema de coleta
urbana, não há descumprimento legal. Entretanto para cada um destes itens as empresas estão
buscando soluções técnico/econômicas para a sua forma correta disposição ou tratamento.
A disposição adequada dos resíduos sólidos foi considerada como uma das práticas
ambientais de maior significância na gestão ambiental neste segmento. As empresas ainda
apontaram, que são tomadas ações de disposição adequada para as peças metálicas
inservíveis, pneus inservíveis, baterias, óleo queimado, sobras de tintas e resíduos de
solventes.
O controle das emissões atmosféricas decorrentes das emissões dos ônibus talvez seja a
prática mais comum entre as empresas de transporte, cujo controle está diretamente ligado ao
desempenho operacional dos veículos, podendo implicar, quando não adequadamente
monitorado, num aumento considerável dos custos operacionais.
As empresas estão cientes de que o sistema de transporte contribui com parcelas significativas
nas emissões de agentes poluidores do ar e que o uso crescente de combustíveis fósseis e a
demanda de transporte têm aumentando muito estas emissões atmosféricas. Contudo elas têm
procurado atender às legislações e programas que visam diretamente à redução das emissões
como o PROCONVE - Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos Automotores,
instituído pela resolução CONAMA nº 18 de 06/05/86, ou indiretamente através do estimulo
do uso racional da energia como o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos
Derivados do Petróleo e do Gás Natural (CONPET), que segue as diretrizes do Programa
Nacional de Racionalização da Produção e do Uso de Energia, conduzido pelo Ministério de
Minas e Energia criado em 18 de julho de 1991 e por último o Projeto EconomizAR, cuja
adesão é voluntária, lançado em 1996 em âmbito nacional, fruto de parcerias envolvendo a
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Petrobrás e as entidades filiadas à Confederação Nacional dos Transportes, onde os serviços
são oferecidos às empresas sem qualquer ônus direto para as mesmas.
A redução no uso de fluidos veiculares ou o controle na utilização de combustível,
lubrificante e outros fluidos, talvez seja a prática que receba maior atenção por parte da
maioria das empresas. Isto decorre do fato de que estes sejam um dos mais importantes
elementos de composição de custo operacional das empresas.
Praticamente todas as empresas são muito criteriosas quanto ao acompanhamento de
indicadores relativos à redução do consumo de Combustível. Observa-se que o controle de
estoque com vistas a um controle dos custos, embora seja uma das mais importantes
prioridades do negócio, precisa também ser melhor executado como importante fator para
garantir a integridade ambiental do negócio. Isto esta levando as empresas estabelecer
controles mais rígidos, implantando melhores práticas de controle ambiental e garantindo o
atendimento à legislação, em suma garantindo a sustentabilidade do negócio.
Na prática denominada conservação de energia, todas as empresas demonstraram possuir
iniciativas de conservação e redução do nível de consumo de energia elétrica. Na análise
observou-se que as empresas iniciaram realmente, mas eficazes principalmente depois do
racionamento de 2001 e que isto foi feito por ações simples para evitar desperdícios. Acreditase que os esforços nesta área são muito mais decorrentes da tentativa de manter o mais baixo
possível o nível de consumo e conseqüentemente os gastos com energia, do que um esforço
genuinamente alinhado com as questões ambientais.
Todas as empresas possuem ações efetivas de conservação e redução dos atuais níveis de
consumo de água, um importante insumo para operação de uma empresa de transporte, pois
os veículos são lavados praticamente diariamente, consumindo vários litros/veículo, as
empresas possuem sistemas de acompanhamento do consumo total e indicadores de
desempenho para esta atividade.
Entretanto, apenas uma das empresas dispõe neste momento efetivamente de sistema de
reutilização (reuso) de água, a adoção deste sistema por parte desta empresa foi motivado
principalmente pela expectativa de seus gestores quanto ao aumento do custo da água e a
possibilidade imediata de ganhos em qualidade no uso de equipamento e sistemas mais
modernos, as outras duas empresas já iniciaram projetos com vista ao reuso de forma a
alcançar patamares mais adequados de consumo/custo de água, contudo as avaliações de
“custo x benefícios” sob a ótica meramente econômica ainda não demonstraram vantagens
para estas empresas.
Todas demonstraram não ter claro conhecimento sobre como a Política de Nacional de
Recursos Hídricos, instituída pela lei 9433 de 08/01/97, conhecida como “Lei da Águas” e a
lei 9984 de 17/07/2000 que criou a Agência Nacional de Águas (ANA) cujo objetivo é a
implementação da Política de Nacional de Recursos Hídricos irão influenciar os custos e as
atuais sistemáticas de obtenção da água, pois parte da água consumida pelas empresas são de
fornecimento da Companhia Estadual de Água e Esgoto - CEDAE e parte são obtidas de
poços artesianos profundos, localizados nos próprios terrenos das empresas.
Essas empresas possuem sistemas de separação de água de óleo com o objetivo de controle,
recuperação ou reciclagem das descargas ou efluentes líquidas, onde todo o óleo
eventualmente retido nas caixas separadoras é retirado por empresas especializadas e
comercializados para fins reciclagem da mesma forma que os óleos queimados ou óleos
lubrificantes usados.
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Cabe ressaltar que as empresas buscam em seus programas de treinamento de práticas
ambientais de seus colaboradores, enfatizar que é mais econômico e racional manter limpo e
desenvolver as atividades em conformidade com as instruções de trabalhos ou de processos do
que a chefia ter de mandar limpar. Outros programas similares ao 5S - Senso de
Utilização/Ordenação/Limpeza/Saúde/Autodisciplina favorecem para que as empresas
venham a ter baixos índices de desperdício e descontroles.
A maioria das empresas informou que busca soluções em seus parceiros e fornecedores, o que
reforça a estratégia apontada, onde as empresas afirmaram que preferem aqueles fornecedores
e parceiros com práticas ambientais.
O surpreendente foi o fato de que tanto os órgãos governamentais quanto os patronais,
representantes de classe, não terem sido apontados por duas das três empresas pesquisadas
como fontes de apoio técnico ou de orientação para solução dos problemas ambientais do
setor. Isto sinaliza que há uma defasagem entre o nível de abordagem com que o tema esteja
sendo conduzido por estes órgãos, devido aos diferentes níveis de engajamento das empresas
que compõe o setor e que isto esta em certa medida prejudicando aquelas empresas que estão
mais avançadas e que poderiam ser usadas até mesmo como “benchmarking” destas soluções.
De uma forma geral, as empresas tenham realizado várias ações ambientais e obtiveram
resultados satisfatórios, demonstrando com isto que estão empenhadas em solucionar seus
problemas ambientais. Além disso, é importante ressaltar que elas têm realizado práticas
como “a busca por parceiros ou fornecedores com práticas ambientais” e “treinamento para os
colaboradores em práticas ambientais”, o que reforça a estratégia da empresa por meio de uma
melhoria continua e um aprofundamento com estas questões.
As empresas foram unânimes em informar que todos os investimentos ambientais, o que
representa 100 %, são provenientes de recursos próprios. Embora os investimentos possam ser
considerados de pequeno e médio porte para o próprio segmento, não dispor de recursos de
terceiros é uma clara evidência da falta de apoio que o setor recebe das autoridades
governamentais e das próprias entidades de classe.
Uma única razão comum a todas empresas foi a fato delas não dispor de recursos técnicos
para implantar as soluções, ou que configura que as consultorias contratadas não estariam
disponibilizando soluções, que atendesse plenamente aqueles problemas já mapeados e que
ainda não tiveram solução. Contudo deve ser ressaltado que há vontade por parte destas para
resolvê-los, faltando apenas informações e disponibilidade de recursos técnicos para auxiliálas numa solução que seja adequada a sustentabilidade do negócio.
Conforme anteriormente já mencionado existe uma lacuna, no processo de gestão ambiental,
das empresas pesquisadas, que é a definição de soluções de determinados problemas já
identificados, e esta lacuna de recursos técnicos poderá ser preenchida pela própria empresa
através do aperfeiçoamento de seus recursos técnicos ou através de recursos técnicos de
parceiros e fornecedores ou através de recursos técnicos de entidades de classe ou mesmo por
empresas de consultorias.
Ainda existem duas categorias de dificuldades apontadas por maior parte dessas empresas:
 Aqueles problemas que embora já solucionados, mas que as empresas não dispõem de
recursos financeiros para implementação da solução;
 Aqueles problemas que ainda não foram solucionados, pois no julgamento da empresa não
são problemas graves que exigisse solução urgente.
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Todas as empresas alegaram não ter tido qualquer problema com o processo de licenciamento
ambiental, o que representa uma evidência importante de comprometimento com a legislação.
No entanto essas empresas informaram que não há uma unidade própria na estrutura
organizacional formal para cuidar da gestão ambiental. Possivelmente, essa falta de estrutura
ou de profissionais específicos para lidar com estas questões se deve ao porte das empresas e
a recente adoção de práticas ambientais.
As empresas apontam claramente suas intenções para com o futuro e com o compromisso
com a gestão ambiental, sendo que as três empresas ratificaram que: continuarão a expansão
do programa de investimentos em controle ambiental e o aperfeiçoamento de procedimentos
de acompanhamento e monitoramento da gestão ambiental e desenvolverão ou aperfeiçoarão
os seus sistemas de auditoria ambiental. Contudo estas previsões certamente implicarão na
expansão de investimentos ambientais próprios.
Essas empresas possuem intenções futuras de realizar os seguintes investimentos:






Sistema de tratamento e controle de descarga de efluentes líquidos;
Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação ou recuperação de água;
Adoção de tecnologias ou procedimentos para reduzir perdas de pneus;
Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação de energia;
Cursos ou treinamentos da mão de obra para gestão ambiental;
Sistema de acompanhamento, monitoramento e gestão ambiental, inclusive de certificação.
No entanto devem ser ressaltados os itens para os quais a maioria das empresas informou que
não seriam feitos investimentos futuros:
 Sistema de tratamento e controle de emissão de fumaça negra;
 Sistema de tratamento e controle de emissão de particulados na cabine de pintura;
 Adoção de fonte de energia mais limpa.
Destaca-se ainda o fato de a maioria das empresas pretende usar a imagem ambiental da
empresa para fins de marketing institucional, pois elas acreditam que a gestão ambiental
estruturada seja um importante elemento de sustentabilidade do negócio e aumento de
competitividade.
A maior parte das empresas pesquisadas alegam dispor de sistema de gerenciamento
ambiental e ter interesse na certificação, assim embora as empresas disponham de práticas
ambientais robustas, estas por si só não caracterizam efetivamente a existência de um sistema
de gestão nos moldes das exigências estabelecidas na NBR 14001.
Várias ações sociais são realizadas durante todo o ano por estas empresas, estas ações isoladas
de iniciativa das próprias empresas, ou motivadas pelos órgãos de classe, ou como apoio as
ações do governo, embora extremamente relevantes devem ser consideradas campanhas, pois
não são projetos estruturados que objetivam alcançar resultados a médio ou longo prazo.
Porém as empresas informaram que já iniciaram estudos para avaliar alguns projetos e que
alguns deles estarão sendo implantados nos próximos anos, tendo em vista a importância que
as empresas estão cada vez mais dando a este tema.
As empresas informaram ter muito pouco ou apenas uma idéia relativa dos temas de cunho
ambiental internacional Agenda 21 e protocolo de Montreal, demonstrando um certo grau de
desinformação. Com isto as empresas deixam de compreender a evolução de algumas
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legislações que tiveram suas origens nestes acordos e a repercussão de maneira direta na
gestão ambiental de seus negócios.
4. Conclusão
Apesar dos registros sobre as práticas ambientais ainda serem pequenos no setor de
transporte, quando comparados a outros setores da industria, essa timidez de informação
retrata o quão recente é a atenção do setor para estas questões e a complexidade dos fatores
que o tema esta trazendo para a gestão deste negócio.
As empresas que escolheram ou estão escolhendo o caminho da gestão ambiental demonstram
com seus posicionamentos que houve uma significativa mudança de postura na condução de
diversos temas, incluindo-se aos relacionados às práticas ambientais, de segurança e de saúde
do trabalhador, bem como a projetos de responsabilidade social.
As empresas estão gradativamente e mais fortemente inserindo a gestão ambiental como parte
de sua estratégia de sustentabilidade, uma vez que elas decidiram sair da posição passiva e de
resistência às mudanças para um posicionamento pró-ativo, em alguns casos, antecipando-se a
legislação, buscando alinhamento com sua política e oportunidade de melhoria dos seus
processos.
Um fator importante de estímulo para adoção de práticas ambientais que está mobilizando as
empresas é a necessidade de atendimento à legislação e mais especificamente aos processos
de manutenção do mesmo, o que poderia representar grandes perdas financeiras quando não
atendidas corretamente.
Adicionalmente à legislação mais restritiva pode ser considerado como outros fatores de
estímulo, o engajamento dos atores sociais além do crescente interesse dos usuários e clientes
para as questões ambientais e a necessidade de melhorar a imagem perante a sociedade,
clientes e usuários.
De forma geral a pesquisa praticamente ratifica e ainda oferece outros elementos
complementares que reforçam de forma mais específica o engajamento do setor às questões
ambientais com vista a sustentabilidade.
Esta pesquisa sugere como proposta para trabalhos futuros, a realização de pesquisa mais
abrangente sobre os demais aspectos da sustentabilidade, tais como o econômico e social, de
forma a dar mais visibilidade às ações isoladas que estão sendo implementadas por varias
empresas. Além disso, há uma demanda reprimida por soluções e informações e mesmo por
processos mais eficazes de gestão ambiental, considerando que os problemas específicos do
setor ainda precisa ser mais bem explicitados e solucionados.
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