ESCOLA SECUNDÁRIA DE PAÇOS
DE FERREIRA
PAÇOS DE FERREIRA
Datas da visita: 29 e 30 de Janeiro de 2008
Relatório de Avaliação Externa
I – Introdução
A Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação préescolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a auto-avaliação e para a avaliação
externa. Por sua vez, o programa do XVII Governo Constitucional estabeleceu o lançamento de um “programa
nacional de avaliação das escolas básicas e secundárias que considere as dimensões fundamentais do seu
trabalho”.
Após a realização de uma fase piloto, da responsabilidade de um Grupo de Trabalho (Despacho conjunto n.º
370/2006, de 3 de Maio), a Senhora Ministra da Educação incumbiu a Inspecção-Geral da Educação de acolher e
dar continuidade ao processo de avaliação externa das escolas. Neste sentido, apoiando-se no modelo construído
e na experiência adquirida durante a fase piloto, a IGE está a desenvolver esta actividade, entretanto consignada
como sua competência no Decreto Regulamentar n.º 81-B/2007, de 31 de Julho.
O presente relatório expressa os resultados da avaliação externa da Escola Secundária de Paços de Ferreira (ESPF)
realizada pela equipa de avaliação que visitou a escola entre 29 e 30 de Janeiro de 2008.
Os capítulos do relatório ― caracterização da escola, conclusões da avaliação por domínio, avaliação por factor e
considerações finais ― decorrem da análise dos documentos fundamentais da ESPF, da sua apresentação e da
realização de entrevistas em painel.
Espera-se que o processo de avaliação externa fomente a auto-avaliação e resulte numa oportunidade de melhoria
para a ESPF, constituindo este relatório um instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao identificar pontos
fortes e pontos fracos, bem como oportunidades e constrangimentos, a avaliação externa oferece elementos para
a construção ou o aperfeiçoamento de planos de melhoria e de desenvolvimento de cada escola, em articulação
com a administração educativa e com a comunidade em que se insere.
A equipa de avaliação externa congratula-se com a atitude de colaboração demonstrada pelas pessoas com quem
interagiu na preparação e no decurso da avaliação.
O texto integral deste relatório, bem como um eventual contraditório apresentado pela ESPF, será oportunamente
disponibilizado no sítio internet da IGE (www.ige.min-edu.pt).
Escala de avaliação utilizada
Níveis de classificação dos cinco domínios
Muito Bom ― Predominam os pontos fortes, evidenciando uma regulação sistemática, com base em
procedimentos explícitos, generalizados e eficazes. Apesar de alguns aspectos menos conseguidos, a
organização mobiliza-se para o aperfeiçoamento contínuo e a sua acção tem proporcionado um impacto
muito forte na melhoria dos resultados dos alunos.
Bom ― Revela bastantes pontos fortes decorrentes de uma acção intencional e frequente, com base em
procedimentos explícitos e eficazes. As actuações positivas são a norma, mas decorrem muitas vezes do
empenho e da iniciativa individuais. As acções desenvolvidas têm proporcionado um impacto forte na
melhoria dos resultados dos alunos.
Suficiente ― Os pontos fortes e os pontos fracos equilibram-se, revelando uma acção com alguns aspectos
positivos, mas pouco explícita e sistemática. As acções de aperfeiçoamento são pouco consistentes ao
longo do tempo e envolvem áreas limitadas do agrupamento/escola. No entanto, essas acções têm um
impacto positivo na melhoria dos resultados dos alunos.
Insuficiente ― Os pontos fracos sobrepõem-se aos pontos fortes. Não demonstra uma prática coerente e
não desenvolve suficientes acções positivas e coesas. A capacidade interna de melhoria é reduzida,
podendo existir alguns aspectos positivos, mas pouco relevantes para o desempenho global. As acções
desenvolvidas têm proporcionado um impacto limitado na melhoria dos resultados dos alunos.
Escola Secundária de Paços de Ferreira, Paços de Ferreira
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II – Caracterização da Escola
A ESPF, criada em 1975, localiza-se no centro da cidade e no concelho de Paços de Ferreira. De acordo com a
respectiva Carta Educativa, neste concelho vive uma população jovem, mas caracterizada por altas taxas de
escolaridade menor ou igual à obrigatória, de abandono escolar precoce, de saída antecipada do sistema de
ensino e de indivíduos que desempenham profissões desqualificadas. Os dados disponibilizados pelo Perfil de
Escola, embora nem sempre coincidam rigorosamente com os dados fornecidos pelo Conselho Executivo (CE),
parecem confirmar aquela afirmação, tendo em conta os seguintes indicadores: 24,5% dos alunos são subsidiados
pela Acção Social Escolar (17,9%, 5,6% e 1%, respectivamente, nos escalões A, B e C); 27% dos alunos não têm
computador nem acesso à Internet em casa; embora não sendo conhecida a habilitação académica de 10,5% dos
pais e/ou encarregados de educação dos alunos (EE), cerca de 64,6% não têm o 9.º Ano (5,9% tem formação pós
ensino secundário); 28,7% dos EE não têm profissão ou não têm profissão conhecida e os restantes são: 35,9% de
operários, 10,1% de quadros superiores, 5,8% de pessoal dos serviços e vendedores, 5,2% de empregados de
escritório, 3,9% de trabalhadores não qualificados, 3,9% de especialistas das profissões intelectuais e científicas,
3,1% de técnicos e profissionais de nível intermédio, 3% de operadores de instalações e máquinas e 0,4% de
agricultores. A composição da comunidade escolar é a seguinte: 1488 alunos (1392 no ensino diurno [30,5% do
3.º ciclo do ensino básico 1, 4% do Curso de Educação de Formação - Tipo 2 (CEF), 68,1% do nível secundário de
educação (ES)] e 96 no ensino nocturno [6,2% do 3.º ciclo recorrente, 21.9% da Educação e Formação de Adultos
(EFA) e 71,9% do ES]; 172 professores, dos quais 86% integram os quadros (de escola ou de zona pedagógica); 44
elementos de pessoal não docente (10 assistentes de administração escolar, 28 auxiliares de acção educativa, 4
cozinheiros, 1 guarda-nocturno e 1 psicólogo), dos quais 52,3% pertencem aos quadros. O espaço escolar
organiza-se em quatro blocos, um pavilhão com dois ginásios, dois espaços polivalentes exteriores para a prática
de educação física e zonas de recreio exteriores (uma com cobertura superior). Apesar de todas as intervenções de
conservação, manutenção e adaptação que têm sido realizadas, a ESPF apresenta alguns sinais de desgaste físico e
de desadequação funcional que dificultam o normal funcionamento da vida escolar. A oferta formativa da ESPF
passa pelo 3º ciclo, pelo CEF de Práticas Comerciais, pelos cursos científico-humanísticos (Ciências e Tecnologias,
Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades, Artes Visuais e Ciências Sociais e Humanas), profissionais
(Técnico de Marketing, Técnico de Contabilidade e Técnico de Secretariado) e tecnológico (Administração) do ES.
Nesta oferta inclui-se ainda um curso EFA que apenas confere habilitação escolar. A ESPF é a escola associada do
Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira (EPPF), competindo-lhe organizar a sua oferta de ensino e
construir/acompanhar um projecto educativo próprio. No citado estabelecimento prisional, funcionam, para um
total de 175 alunos, três turmas do ensino básico (1.º e 3.º ciclos), três turmas do Curso de Ciências Sociais e
Humanas do ES e seis turmas de Cursos EFA que apenas conferem habilitação escolar. O Projecto Educativo da
ESPF (PE), elaborado em 2007, estabelece que todo o trabalho educativo deverá garantir: o saber ser autónomo,
responsável, solidário e tolerante; o saber pensar de forma crítica rigorosa e fundamentada; o saber estar de
forma activa e construtiva numa comunidade. Com base nas referidas orientações e no princípio de que a escola
tem de ser formadora de pessoas, o PE aponta 22 objectivos gerais que toda a comunidade educativa (docentes,
alunos, EE, não docentes e representantes da autarquia, da cultura local e das forças empresariais da região – art.º
4.º do Regulamento Interno da ESPF) deverá prosseguir até 2010.
III – Conclusões da avaliação por domínio
1. Resultados
Bom
A ESPF tem acesso a um conjunto de informação estatística sobre os resultados da avaliação sumativa interna e
externa, mas não tem sido feita uma análise profunda e alargada do sucesso/insucesso académico dos alunos. Em
2006/2007, a taxa de transição/conclusão nos ensinos básico e secundário diurno foi de 79,2% e no ensino
recorrente nocturno foi de 32,5%. Nos exames nacionais de 2007, a média interna dos resultados obtidos na
disciplina de Língua Portuguesa (9.º Ano)/Português (12.º Ano) foi superior à média das classificações nacionais,
mas na disciplina de Matemática (9.º e 12.º Anos) verificou-se o inverso. Não existem dados objectivos sobre a
tendência do abandono escolar ou da saída precoce do sistema de ensino (antes dos 18 anos). Na medida em que
se encontram efectivamente representados nos órgãos de administração e gestão, é possível afirmar que os
alunos foram envolvidos na construção do Projecto Educativo e na programação das actividades previstas no Plano
Anual de Actividades (PAA). A Associação de Estudantes demonstra preocupação em defender os interesses dos
alunos, para além de organizar eventos de natureza diversa. É opinião generalizada que os discentes têm um
comportamento disciplinado e foi possível apreciar que revelam uma assinalável postura cívica. Verifica-se um
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bom relacionamento interpessoal entre os alunos e entre estes e os restantes membros da comunidade escolar. É
manifesto que a generalidade dos membros da comunidade educativa reconhecem o significativo contributo da
ESPF ao nível do incremento da formação académica/capacitação profissional dos alunos que a frequentam e,
expressivamente, ao nível da subida das expectativas de escolaridade dos habitantes do concelho. Não pode
deixar de se salientar o importante trabalho desenvolvido pela ESPF enquanto escola associada do Estabelecimento
Prisional de Paços de Ferreira.
2. Prestação do serviço educativo
Suficiente
A ESPF, ao nível dos seus documentos internos, demonstra preocupações em relação à articulação e à
sequencialidade das aprendizagens dos seus alunos. Na prática, revela dificuldades na organização e no
funcionamento dos Departamentos Curriculares (Departamentos); não há articulação entre estas estruturas e os
Conselhos de Directores de Turma; não foram ainda constituídas equipas pedagógicas e não existe uma prática
regular de ligação a outras escolas básicas da região, de onde vem a maioria dos seus alunos. Assim, conclui-se
não se verificar articulação horizontal e vertical na gestão do processo de ensino-aprendizagem. Para além das
actividades dos agrupamentos de disciplinas (grupos disciplinares), o acompanhamento e a supervisão do
processo de ensino circunscrevem-se às actividades ligadas às competências do Director de Turma (DT) e ao
funcionamento dos Conselhos de Turma (CT). São disponibilizadas modalidades de apoio pedagógico, desde as
genéricas às mais especializadas, e de reforço positivo das aprendizagens, de acordo com as necessidades e
interesses de cada aluno e as disponibilidades físicas e humanas existentes. Sendo evidente, até ao momento,
uma maior procura dos cursos vocacionados para o prosseguimento de estudos, a ESPF não se fechou aos cursos
tecnológicos e profissionais, às actividades de enriquecimento curricular que possibilitam aos seus alunos
experiências alternativas de aprendizagem, ao estabelecimento prisional de Paços de Ferreira, e, neste ano lectivo,
ao curso de educação e formação, demonstrando que faz um esforço para responder às novas exigências do
sistema educativo e aos desafios que, a cada momento, se lhe colocam.
3. Organização e gestão escolar
Bom
Os documentos estruturantes da ESPF são elaborados, essencialmente, com os contributos dos docentes, embora
na sua apreciação e aprovação os restantes membros da comunidade educativa, representados nos órgãos de
gestão escolar, tenham oportunidade de manifestar a sua opinião e de dar a sua contribuição para a concepção e
o planeamento da actividade escolar. O conjunto das actividades anualmente delineadas, embora se lhes
reconheça pertinência e diversidade, não demonstra articulação directa com os objectivos inscritos no Projecto
Educativo. Não foram evidentes conflitos na gestão dos recursos humanos e o Conselho Executivo, nesta tarefa,
tem em consideração as competências profissionais e as preferências de cada um. Contudo, não pode deixar de se
realçar que o princípio da continuidade pedagógica não é uma prioridade da distribuição do serviço docente. É por
todos valorizada a dimensão educativa dos auxiliares de acção educativa. Apesar de evidenciar inquestionáveis
sinais de desgaste e de sobrelotação, a ESPF dispõe de instalações e espaços educativos razoavelmente adequados
aos fins a que se destina e foi evidente uma preocupação generalizada da comunidade escolar em procurar
soluções convenientes para os problemas mais gritantes. É evidente a sensibilidade para as questões do conforto
visual, da habitabilidade, da segurança e da higiene pessoal dos alunos e dos espaços escolares em geral. A
participação dos encarregados de educação na vida escolar tem registado uma melhoria significativa e a sua
intervenção, assim como a de outros elementos da comunidade educativa, tem sido positiva e pertinente. É
opinião generalizada que a actuação dos diversos responsáveis escolares, no respeito pelas regras definidas, se
pauta por princípios de equidade e de justiça. É de salientar o importante trabalho de integração social realizado
pela comunidade escolar no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.
4. Liderança
Bom
O Projecto Educativo revela as linhas orientadoras que devem guiar a comunidade educativa. Contudo, a pouca
articulação entre os documentos que pretendem operacionalizar aquelas linhas, a falta de calendarização dos
objectivos definidos e a inexistência de metas claras a alcançar não permitem, por um lado, verificar claramente a
coerência das actividades desenvolvidas, nem, por outro, avaliar a eficiência e a eficácia das iniciativas
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implementadas. Os seus profissionais revelam motivação, demonstram prazer em trabalhar na sua escola e
acreditam que estão a realizar um trabalho exigente, contínuo e diversificado com vista ao sucesso pessoal e
escolar dos alunos. Por seu lado, o CE demonstra empenhamento e dedicação no tratamento dos assuntos da vida
escolar, estando progressivamente a mobilizar todos na concretização do seu programa de acção. Os restantes
responsáveis escolares, em geral, ainda revelam algumas dificuldades na afirmação das suas lideranças. A ESPF
demonstra abertura à inovação, em especial ligada às tecnologias de informação e comunicação (TIC). Neste
âmbito, tem desenvolvido projectos criativos e revela capacidade de mobilizar recursos necessários para garantir a
sua aplicação e a sua continuidade. A ESPF mostra-se dinâmica na adesão a projectos nacionais que contribuem
para aumentar os seus recursos e melhorar o serviço educativo prestado e procura parcerias activas a nível local,
com a Autarquia e/ou com empresas privadas, em áreas que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem e que
promovam a formação profissional dos seus alunos.
5. Capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola
Suficiente
A comunidade escolar, designadamente os docentes, elabora relatórios periódicos sobre o exercício das funções
dos coordenadores pedagógicos e sobre a realização de actividades e projectos em desenvolvimento. A
comunidade educativa, representada nos seus órgãos e estruturas pedagógicas, tem acesso a informações
estatísticas sobre os resultados escolares obtidos. Neste ano lectivo, o novo Conselho Executivo lançou uma
iniciativa de avaliação interna. Neste contexto, não pode deixar de se considerar que ainda não existe uma
estratégia global, intencional e consequente para avaliar o trabalho desenvolvido. A ESPF reúne condições que
garantem a possibilidade de um trabalho de progresso sustentado, desde logo, pelo reconhecimento de alguns
dos seus pontos fracos, mas também pela capacidade que vem demonstrando para aproveitar as oportunidades e
os desafios que o contexto lhe oferece. Com a consolidação deste processo de avaliação interna, a ESPF procura
melhorar o serviço educativo e formativo que vem realizando.
IV – Avaliação por factor
1.
Resultados
1.1. Sucesso académico
Os docentes e os restantes representantes nos órgãos de administração e gestão afirmaram que é habitual
apreciarem gráficos e quadros sobre os resultados académicos dos alunos. Contudo, a julgar pelos documentos
internos disponibilizados (texto de apresentação, PE e Projecto Curricular de Escola) e pelo (des)conhecimento
demonstrado pelos entrevistados, estas análises não têm sido muito aprofundadas. De acordo com os dados
disponíveis, em 2006/2007 e no ensino regular, as taxas de transição/conclusão foram de 79% no 3.º ciclo, 55,2%
nos cursos gerais do ES, 79,2% nos cursos científico-humanísticos do ES, 97,4% nos cursos profissionais e de
93,1% nos cursos tecnológicos do ES. No mesmo ano, mas no ensino recorrente, as referidas taxas foram de 18%
no 3.º ciclo e de 49,1% no ES. Nos exames nacionais de Língua Portuguesa/9.º Ano, os resultados dos alunos
registaram uma melhoria significativa de 2006 para 2007. Na verdade, em 2006, 50% dos alunos obtiveram níveis
iguais ou superiores a 3, ao passo que, em 2007, esta percentagem subiu para 89,6%. Por outro lado, neste último
ano a classificação média de escola (3,2) foi ligeiramente superior à classificação média nacional (3.1). Em sentido
inverso foram os resultados de Matemática/9.º Ano, já que, em 2006, 38,1% dos alunos obtiveram níveis iguais ou
superiores a 3, ao passo que, no ano seguinte, esta percentagem desceu para 19,3% e, ainda nesse mesmo ano, a
classificação média de escola (2,0) foi inferior à classificação média nacional (2,2). Entre 2005 e 2007, a ESPF
registou, nos exames nacionais do 12.º Ano, classificações internas superiores às médias nacionais em Português
(todos os anos), em Matemática (apenas em 2005), em História (em 2005 e 2006) e em Desenho A (em 2007). As
áreas de maior insucesso são as ligadas ao Português, à Matemática e às Ciências Físico-Químicas, no 3.º ciclo e
no ES, e a Inglês e Biologia/Geologia, no ES. Não existem dados que permitam conclusões firmes acerca da
tendência do abandono escolar dentro da escolaridade obrigatória; porém, segundo os dados do Perfil de Escola,
apenas 0,3% do total dos alunos do 3.º ciclo abandonaram a escola em 2007. As ameaças de abandono escolar, na
escolaridade obrigatória, são precocemente identificadas e acompanhadas, numa acção conjunta do CE, dos DT,
dos Serviços Especializados de Apoio Educativo (SEAE) e da docente que está representada na Comissão de
Protecção de Crianças e Jovens em Perigo do concelho de Paços de Ferreira. Embora não existam dados objectivos
sobre o abandono escolar no ES, o texto de apresentação refere que, dos alunos que anualmente iniciam o 10.º
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Ano, apenas 57,1% aparecem nos exames finais de 12.º Ano. Conjuntamente com a acção de prevenção
anteriormente referida, a ESPF, neste ano lectivo, dinamizou um projecto de tutorias e tem em funcionamento um
CEF, numa tentativa de resolver ou minorar os problemas do abandono escolar, das saídas precoces do sistema de
ensino e do insucesso académico que vem registando.
1.2 Participação e desenvolvimento cívico
Os alunos, através da sua presença nos órgãos e nas estruturas onde estão representados, têm sido chamados a
participar na definição das linhas orientadoras e na programação da actividade da ESPF. Porém, a estratégia
seguida para envolver toda a comunidade educativa, na elaboração do PE, levou a que apenas os docentes
tivessem uma palavra activa e não foi evidente que os alunos participem na programação das actividades previstas
no PAA, já que este é construído por iniciativa quase exclusiva dos professores. Os alunos entrevistados referiram
que se sentem ouvidos e que estão à vontade para manifestar as suas opiniões; no entanto o seu direito de
participação, através da assembleia dos delegados de turma, não está a ser exercido, por inexistência da mesma.
Ao contrário, a presença dos referidos delegados nos Conselhos de Turma (CT) é uma realidade e os próprios têm
a consciência da importância do seu contributo nas reuniões em que participam. Os alunos responsabilizam-se
mais directamente na vida escolar através da sua colaboração no jornal escolar (o “Pica Frio”), no funcionamento
da rádio-escola e na dinamização de actividades pela Associação de Estudantes. Esta associação, no seu programa
de acção, para além de outras iniciativas, prevê a criação de algumas rampas na escola para facilitar a deslocação
de pessoas com dificuldades motoras. Este facto, juntamente com outras intervenções dos alunos entrevistados e
a sua postura no espaço escolar (cf. ponto 1.3), prova que a ESPF está a trabalhar, com sucesso, o objectivo
inscrito no seu PE de educar para a cidadania através da assunção de valores como a solidariedade, a
responsabilidade e a autonomia. Os alunos, a par de se mostrarem identificados com a sua escola, não deixaram
de demonstrar uma consciência exigente e construtiva em relação a alguns problemas relacionados,
designadamente, com as instalações, os equipamentos educativos e, até, alguma falta de segurança visível na
vulnerabilidade do espaço escolar.
1.3 Comportamento e disciplina
É reconhecido pelos entrevistados que não há casos graves de indisciplina e de violência escolar. Os próprios
responsáveis escolares afirmam que se passam anos em que quase não há processos disciplinares. Existem regras
de funcionamento escolar que os alunos garantem conhecer e demonstram respeitar. Na ESPF, há uma grande
unanimidade em considerar que os alunos reconhecem e aceitam a autoridade estabelecida, salientado o papel
formativo dos professores e dos auxiliares de acção educativa. Foi evidente a adequada e responsável postura dos
alunos, em diversas situações e espaços escolares visitados (nas salas de aula, na cantina, nos balneários, na
biblioteca e nos espaços exteriores). Para este bom ambiente concorrem variados factores, desde a preocupação
de “vedar” o espaço escolar em relação ao exterior e a vigilância dos auxiliares de acção educativa, mas também o
facto de os alunos terem menos tempo livre na escola. Aspectos como a assiduidade, a pontualidade, o
cumprimento de tarefas, o respeito pelos outros e pela diferença são aspectos que são valorizados nos critérios de
avaliação definidos no Projecto Curricular de Escola (PCE).
1.4 Valorização e impacto das aprendizagens
A comunidade educativa – com especial destaque para os EE e para os representantes da Associação Empresarial e
da Câmara Municipal de Paços de Ferreira – é unânime em considerar, como francamente positivo, o contributo da
ESPF na melhoria das condições de vida da população que ela serve, quer ao nível do incremento da formação
académica/capacitação profissional dos alunos que a frequentam, quer, significativamente, ao nível da subida das
expectativas de escolaridade dos habitantes do concelho. Na verdade, foi referido por vários painéis que hoje já
não existe, pelo menos com a aceitação de que gozou no passado, a ideia de que uma fraca escolarização facilita
o acesso ao mercado de trabalho ou de que o acesso aos anos terminais do ES (eventualmente com
prosseguimento de estudos a nível superior) é naturalmente reservado a apenas uma escassa minoria, tendo sido
reconhecido o papel fundamental desta escola no combate a tal ideia, através de uma sensibilização generalizada
para a valorização do capital escolar, das necessidades de formação e da articulação entre qualificação escolar e
acesso a melhores postos de trabalho. Num domínio muito particular, que aqui merece destaque, outra vertente
do impacto social do papel desempenhado pela ESPF reside na valência que ocupa no EPPF, onde desempenha
uma função ímpar em prol da reabilitação social da população prisional que acede aos serviços educativos por ela
ali prestados, conforme é reconhecido pela representante da direcção do referido estabelecimento prisional ouvida
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e pelos docentes envolvidos nas tarefas educativas realizadas neste âmbito e conforme materializado em
resultados como, a título de exemplo, o respectivo grupo de teatro e o jornal escolar PriJornal, recentemente
galardoado, com uma Menção Honrosa, no Concurso Nacional de Jornais Escolares.
2. Prestação do serviço educativo
2.1 Articulação e sequencialidade
Embora no Regulamento Interno (RI) se afirme, com toda a clareza, que o trabalho de articulação curricular é
assegurado pelos Departamentos, na prática são os grupos disciplinares que continuam a ser vistos como a
estrutura privilegiada para o trabalho conjunto dos docentes na gestão das aprendizagens e competências
definidas a nível nacional, na construção e partilha de materiais educativos e no planeamento de actividades a
incluir no PAA. Mesmo no trabalho dos referidos grupos, patente no PCE, são evidentes as fragilidades da prática
de análise global do currículo, tendo em vista encontrar pontos comuns para um ensino mais sequencial e
articulado e a total inexistência de definição de metas a atingir, ao nível dos resultados das aprendizagens. Por
outro lado, a não implementação de equipas pedagógicas, constituídas por docentes das diferentes disciplinas
que assegurem o acompanhamento das turmas ao logo de um ciclo/nível, dificultam ainda mais uma prática
lectiva coerente. Existem, ainda assim, algumas práticas de interdisciplinaridade no trabalho global da ESPF, que
se materializam nos trabalhos realizados na Área de Projecto e em algumas das actividades incluídas no PAA,
como é o caso do Planetário na Escola, o Dia Europeu das Línguas, a Feira Medieval e a visita de estudo sob o tema
“Relações Humanas em Ambiente Ecológico”. O PE define como objectivo geral valorizar a interligação entre os
ensinos básico e secundário. Percebe-se a definição deste objectivo, já que, para lá do que já se afirmou, a própria
ESPF já identificou falhas na comunicabilidade entre as várias escolas básicas e a secundária; contudo não ficaram
claras as estratégias que estão a ser implementadas para atingir o referido objectivo e para procurar garantir um
maior apoio aos alunos na transição entre ciclos e entre níveis de ensino.
2.2 Acompanhamento da prática lectiva em sala de aula
O acompanhamento e a supervisão do trabalho lectivo dos docentes são feitos, de forma indirecta, nas estruturas
pedagógicas onde estão representados. A articulação do trabalho lectivo é feita a vários níveis, designadamente
nos CT, onde se procura adoptar estratégias e definir prioridades face às características dos respectivos alunos.
Esta tarefa é facilitada, no 3º ciclo, com a construção do Projecto Curricular de Turma que se tem constituído num
instrumento de acompanhamento e supervisão do processo de ensino-aprendizagem. Contudo, é evidente que o
trabalho dos docentes ainda é muito individual e que ainda não existem práticas facilitadoras de um trabalho mais
eficiente (e provavelmente mais eficaz), como é o caso da constituição de equipas pedagógicas ou de um maior
trabalho cooperativo a nível departamental. Na ESPF, não se encontram instituídas práticas de acompanhamento
da prática lectiva em sala de aula. Foram definidos e estão expressos no PCE os critérios de avaliação interna das
aprendizagens. Os alunos e os encarregados de educação entrevistados afirmaram ter acesso aos referidos
critérios e manifestaram confiança na avaliação das aprendizagens que é feita. Contudo, não foram
implementadas estratégias de escola para garantir um maior acompanhamento e aferição da avaliação interna. O
desenvolvimento profissional dos docentes nas respectivas áreas científicas e didácticas está muito centrado nas
acções de formação dinamizadas pelo centro de formação da associação de escolas e nas actividades formativas
que os docentes frequentam individualmente. Para além de algumas acções de formação no âmbito da utilização
das TIC em contexto escolar (os quadros interactivos) e no âmbito do Projecto Escola Promotora de Saúde, não
foram referidas outras actividades formativas para docentes.
2.3 Diferenciação e apoios
A ESPF evidencia preocupação com a identificação das necessidades educativas (especiais ou não) dos seus alunos
e procura dar-lhes uma resposta específica. No encaminhamento dos alunos com necessidades educativas
especiais, que constituem 1,4% dos alunos, ganha uma centralidade acrescida o trabalho conjunto do Núcleo de
Apoio Educativo e o DT/CT. As medidas mais restritivas implementadas são três currículos alternativos e um
currículo escolar próprio. Dos SEAE, e mesmo do referido núcleo de apoio, faz parte o psicólogo escolar, de cujo
actual plano de trabalho constam actividades como a orientação/informação escolar e um trabalho de apoio
psicopedagógico em colaboração com os DT/CT. Não pode deixar de se estranhar que, embora tenha
disponibilizado duas horas no seu horário semanal para tal, o psicólogo escolar não tenha tido qualquer
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intervenção junto destes alunos, tanto mais tratando-se de alunos que têm revelado alguns problemas de
adaptação às regras estabelecidas. Para acompanhar alunos com problemas de absentismo e com necessidades de
apoio não pedagógico, foi criada, neste ano lectivo, a figura do professor-tutor. Como medida de reforço das
aprendizagens a algumas disciplinas específicas, a ESPF tem procurado encontrar soluções próprias, como, p. ex.,
a disponibilização de um tempo de apoio (de 45 minutos) para o 11.º Ano nas disciplinas de Física e Química A e
Biologia/Geologia e a atribuição, nos 7.º e 8.º Anos, do Estudo Acompanhado, com assessoria, aos professores de
Matemática (no âmbito do plano de acção para esta disciplina – o PAM). Os alunos ainda dispõem das actividades
dinamizadas pela Sala de Línguas e pelos Clubes de Matemática, da Terra e da Vida, das Experimentações, da
Física e da Química, do Desporto e de Geografia, porém, não foi evidente a eficácia destas iniciativas na melhoria
dos resultados. A Biblioteca Escolar/Centro de Recursos demonstra uma boa dinamização e, tendo em conta os
relatórios de actividades realizados em 2005/2006 e 2006/2007 e o actual plano de actividades, está a promover
os objectivos educativos definidos no PE. A diferenciação e a personalização do ensino, em sala de aula, são
tarefas em que os professores têm particulares dificuldades, devido, na sua opinião, ao elevado número de alunos
em algumas turmas.
2.4 Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem
A diversidade dos cursos do ES, a actual abertura aos CEF e aos EFA, o funcionamento do ensino recorrente
nocturno e o facto de ser escola associada do EPPF permitem afirmar que a ESPF oferece aprendizagens
diversificadas e significativas para todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, a procuram. A componente
experimental/laboratorial e o estímulo de uma atitude positiva face ao saber científico são preocupações evidentes
em todo o trabalho escolar desenvolvido em sala de aula, designadamente naquelas disciplinas com componente
experimental mais acentuada, e são vividas numa série de actividades educativas, como a participação no Projecto
Ciência Viva, a dinamização de “Um dia no Laboratório”, a participação do “Dia Aberto” do Departamento de
Biotecnologia da Universidade Católica – Porto e as iniciativas do Clube da Terra e da Vida. Por outro lado,
desenvolve um leque diversificado de actividades que abrangem áreas tão diversificadas como a saúde, as artes, o
desporto, a intervenção social e o empreendorismo. As regras de convivência social instituídas, o respeito pela
autoridade, o exercício da responsabilização e a valorização dos saberes académicos são princípios trabalhados
pela ESPF.
3. Organização e gestão escolar
3.1 Concepção, planeamento e desenvolvimento da actividade
O PE foi elaborado por uma comissão constituída exclusivamente por professores, a qual solicitou a apresentação
de sugestões aos diversos elementos da comunidade educativa. Das diversas entrevistas realizadas, foi possível
concluir que este documento não é conhecido da generalidade dos agentes que, de alguma forma, têm por missão
a sua concretização. O PAA é um conjunto diversificado de actividades significativas, da iniciativa e
responsabilidade de cada grupo disciplinar, mas cujo sentido global e estratégico não é, efectivamente, evidente.
Neste contexto, embora não se questionando que na concepção, no planeamento e no desenvolvimento das
actividades tenha existido a preocupação de assegurar a operacionalização do PE, a verdade é que as lógicas da
acção não se enunciam clara e devidamente articuladas nestes documentos orientadores de toda a actividade
escolar. A gestão do tempo escolar é feita tentando minorar os problemas relacionados com a sobrelotação dos
espaços e a rotatividade anual de todas as turmas pelos turnos manhã/tarde (turmas dos 8.º, 10.º e 12.º anos
preferencialmente de manhã e as turmas dos restantes anos de tarde). As áreas curriculares do 3.º ciclo, com
excepção da Formação Cívica, têm sido encaradas como uma medida de reforço das aprendizagens curriculares e,
no presente ano lectivo, o Estudo Acompanhado está a ser aproveitado para a implementação do PAM, nos 7.º e
8.º Anos.
3.2 Gestão dos recursos humanos
Na ESPF, não existem critérios escritos bem definidos para a distribuição de serviço docente, sendo esta função da
responsabilidade do CE. que tem em conta as preferências manifestadas pelos próprios e a lista de graduação
profissional. Foi particularmente significativo verificar que os alunos entrevistados, na sua esmagadora maioria,
afirmaram que todos os anos mudam de professores e de DT. Assim, parece não existir uma efectiva preocupação
com o estabelecimento de uma relação pedagógica estável, baseada num trabalho continuado do professor com o
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mesmo grupo de alunos. Os professores mais recentemente colocados na ESPF afirmaram que foram bem
acolhidos e a generalidade dos docentes e não docentes reconheceram a forma personalizada e atenta como o CE
os recebe. Os auxiliares de acção educativa compreendem a importância das funções que desempenham, estão
sensibilizados para o seu contributo no bom funcionamento escolar e consideram-se satisfeitos com o
reconhecimento do seu papel educativo, por parte de toda a comunidade escolar. Tendo em conta os dados
fornecidos pelo CE, o número destes profissionais tem diminuído muito (o rácio alunos/auxiliar, em 2004, era de
44, ao passo que, actualmente, é de 53,1). Na opinião da generalidade dos entrevistados, há falta destes
funcionários. Para tentar obviar situações de ruptura, o CE tem recorrido à contratação de tarefeiros e a
colaboradores dos programas ocupacionais do Centro de Emprego. Os serviços de administração escolar estão
organizados por gestores de processos e respondem às exigências das suas tarefas. Em relação ao
desenvolvimento de projectos de formação contínua centrada na escola destinada a funcionários não docentes,
apenas foram referenciadas iniciativas no âmbito da utilização das TIC.
3.3 Gestão dos recursos materiais e financeiros
A comunidade educativa, incluindo a Associação de Estudantes, parece convergir na procura de soluções, no
sentido de recuperar/modernizar as instalações e de as adaptar a pessoas com mobilidade condicionada. Na visita
às instalações, foi possível verificar que existem espaços modernos e bem apetrechados (a Biblioteca/Centro de
Recursos, os serviços de administração escolar, algumas das salas TIC e o Laboratório de Química) e outros
espaços recuperados e adaptados a novas exigências (o auditório apetrechado com material multimédia e o bufete
dos alunos). Porém, não pode deixar de se assinalar algumas situações a necessitar de intervenção como é o caso
da sala que se encontra desactivada e a servir de arrecadação (D19) e a sala utilizada para as aulas de Educação
Tecnológica (D20) com problemas de habitabilidade e sem que esteja devidamente equipada. Outro dos
problemas existentes é a insuficiência das instalações desportivas e para a prática de Educação Física (incluindo os
balneários). Para resolver esta situação, foi estabelecido com a Câmara Municipal protocolo para cedência do
Pavilhão Municipal que se situa perto das instalações escolares, muito embora não existam funcionários para
acompanhar os alunos nestas deslocações. Para fazer face a problemas de infiltração da água das chuvas e para as
substituir por placas de aço lacado com isolamento térmico e acústico, a Direcção Regional de Educação do Norte
está a substituir as coberturas. Os responsáveis escolares têm promovido a decoração das paredes com trabalhos
plásticos dos alunos ou com fotografias de escritores portugueses, o asseio do refeitório, a existência de produtos
de higiene pessoal em todos os WC dos alunos e a substituição, em todas as salas de aulas, dos quadros negros
por quadros brancos. Está em elaboração um novo plano de segurança escolar, que, segundo o CE, será ainda este
ano testado com simulacro. Porém, a equipa de avaliação constatou que os extintores se encontram fora do prazo
de validade. Foi constituído o Clube de Protecção Civil, que participa nas actividades do PAA. Os recursos
financeiros disponíveis não foram apresentados como um constrangimento à linha de actuação da ESPF e esta está
mobilizada para aproveitar as candidaturas aos programas do Ministério da Educação (PRODEP; Rede de
Bibliotecas Escolares; Projecto Ciência Viva; PAM; medidas da Equipa CRIE).
3.4 Participação dos pais e outros elementos da comunidade educativa
Um dos objectivos gerais do PE é intensificar e diversificar a participação dos encarregados de educação na vida
escolar. Por seu lado, existe a consciência de que o apelo à participação dos encarregados de educação tem
merecido, por parte destes, uma resposta positiva. Os encarregados de educação dos novos alunos, no início do
ano lectivo, são convidados para uma reunião com vários objectivos: apresentar a Escola e os seus documentos
fundamentais; eleger os representantes nos CT e conhecer o respectivo DT. Os encarregados de educação
entrevistados confirmaram que são informados sobre os aspectos relevantes da vida escolar dos seus educandos e
consideraram que o seu papel na acção e orientação educativa é valorizado. Os DT constituem-se como o principal
mediador entre os pais e a escola e estes estão efectivamente representados nas reuniões dos CT. Foi referido, nas
diversas entrevistas realizadas, que a participação dos encarregados de educação nas reuniões com os DT tem
índices bastante elevados. Existe um bom relacionamento entre os dirigentes da Associação
de pais e
encarregados de educação com o CE e foi evidente que este procura envolvê-los nos seus projectos e acções. Facto
significativo é a representação da referida associação no Núcleo de Apoio Educativo. A participação da
generalidade dos encarregados de educação na vida da sua associação representativa foi, pelos próprios,
considerada muito reduzida. Os restantes elementos da comunidade educativa, designadamente os representantes
da Autarquia e da Associação Empresarial do concelho, estão formalmente representados nos órgãos e estruturas
existentes e a sua participação foi considerada positiva e relevante.
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Relatório de Avaliação Externa
3.5 Equidade e justiça
Segundo dados incluídos na Carta Educativa do concelho de Paços de Ferreira, a população escolar é
predominantemente proveniente de estratos socio-económicos baixo e médio-baixo, razão pela qual se pode
considerar que, na ESPF, não existem situações de grande heterogeneidade em termos socio-económicos e
culturais. Pese embora esta realidade, existe uma política activa de inclusão e de bem-estar dos alunos,
procurando-se que as regras, os direitos, os deveres, os apoios e as oportunidades de aprendizagem sejam,
efectivamente, iguais para todos. Os responsáveis escolares demonstram ter uma postura atenta em relação aos
problemas dos seus alunos e da população em geral e procuram dar-lhes resposta no dia-a-dia. São exemplos do
que se afirmou a aposta na multiplicação/diversificação dos apoios educativos mais generalizados, a atenção dada
às situações de alunos com necessidades educativas especiais, a recente aposta em formações escolares
alternativas e/ou profissionalizantes (CEF e EFA), a orientação/informação escolar proporcionada aos alunos dos
9.º, 11.º e 12.º Anos, o acesso indiscriminado a actividades/projectos de enriquecimento curricular. Toda a
comunidade educativa, ouvida nos diversos painéis, considera que os alunos são tratados e avaliados com justiça
e equidade. Ainda neste capítulo, é de realçar o esforço de integração entre a comunidade educativa alargada da
ESPF, enquanto escola associada do EPPF, através da realização de eventos desportivos comuns, o que poderá
potenciar a integração da população prisional no universo a que será devolvida no final das suas penas, bem como
a consciência cívica e humanista da população estritamente escolar.
4. Liderança
4.1 Visão e estratégia
O PE foi elaborado para o triénio 2007/2010. Este projecto identifica os principais problemas da ESPF – condições
físicas, organização da Escola e uma certa desatenção e a desvalorização do ensino básico – e enumera 22
objectivos gerais (desdobrados em 113 metodologias/estratégias). Embora não se possa dizer que estes nada
tenham a ver com os problemas identificados, dificilmente se pode considerar que constituam um plano de acção
estratégico para a sua resolução. Um claro exemplo do que se afirmou é a identificação da desvalorização do 3.º
ciclo como um dos principais problemas da ESPF, a pouca clareza do objectivo geral que, directamente, lhe
pretende dar resposta (“Valorizar a interligação entre o Ensino Básico e Secundário”), a falta de objectividade e
sentido estratégico das metodologias preconizadas para o ultrapassar e a inexistência de indicadores de
apreciação, bem como de metas objectivas, que permitam rigor na avaliação da eficácia das acções
implementadas. Das entrevistas realizadas e da análise de toda a documentação disponibilizada, percebe-se que
existe a noção de que se tem realizado um contínuo trabalho de aperfeiçoamento e que, de uma maneia geral, se
pretende apostar na melhoria contínua. É evidente a actual diversificação da oferta educativa e formativa, a
abertura a novos desafios, a procura de uma ligação cada vez mais próxima e consequente com as forças activas
da região e a preocupação de manter um bom relacionamento interpessoal de todos quantos estudam e trabalham
na ESPF. Aliás, estas parecem ser as marcas de qualidade pelas quais a ESPF pretende ser conhecida e procurada.
4.2 Motivação e empenho
Os docentes, os não docentes, os alunos e os representantes da EE ouvidos demonstram que estão motivados na
concretização de um trabalho de qualidade e de melhoria contínua dos resultados educativos que tornem a sua
escola ainda mais reconhecida e respeitada na comunidade local. Os responsáveis escolares valorizam e
promovem a complementaridade entre os diversos órgãos de administração e gestão e percebe-se que a
Assembleia de Escola está consciente da sua responsabilidade na definição das linhas orientadoras da actividade
da ESPF. O CE, no seu primeiro ano de funções, mostra-se muito empenhado, mas ainda não conseguiu “reunir” à
sua volta toda a ESPF. Contudo, tal como afirma a equipa de auto-avaliação no seu relatório, foi manifesto que,
face a uma vontade indómita de encarar os problemas e de lhes encontrar uma solução adequada, está a
encontrar os apoios indispensáveis para realizar os seus propósitos. As restantes lideranças demonstram algumas
dificuldades de afirmação e fragilidades na assunção plena das suas competências. Os níveis de assiduidade dos
funcionários não docentes foram considerados bons e foram apresentadas provas de que as faltas de assiduidade
dos docentes têm vindo claramente a diminuir.
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4.3 Abertura à inovação
Na ESPF, tendo em conta o Plano TIC 2006/2007, encontram-se em execução projectos que procuram resolver
problemas persistentes no seio escolar (como é o caso das dificuldades de comunicação interna) e mobilizar as
novas tecnologias para o contexto escolar - p. ex., a Rede Wireless, a Página web da Escola, a Plataforma Moodle e
o cartão escolar electrónico. Pela sua originalidade, não pode deixar de ser realçado o Sistema de Difusão de
Informação (SDI) concebido, construído e instalado internamente, com o objectivo de difundir informação
multimédia através de um conjunto de monitores disponíveis em determinados locais do espaço escolar. A
formação do pessoal docente e não docente na área das TIC não foi esquecida, constituindo-se, inclusivamente, a
quase exclusiva formação contínua que é dinamizada internamente. Os alunos e encarregados de educação
demonstram conhecer estas dinâmicas e também eles foram “contagiados” por elas, tendo sido referido que a
utilização das TIC tem facilitado as comunicações escola/família, no âmbito das direcções de turma. Por seu lado,
a recente aposta em formações escolares alternativas demonstra que existe uma vontade de inovar e de responder
a novos desafios
4.4 Parcerias, protocolos e projectos
A ESPF tem estabelecido contactos/parcerias com entidades e instituições locais e nacionais, no sentido de gerar
mais-valias para os seus alunos e desenvolver os seus próprios projectos. Da responsabilidade do Ministério da
Educação, aderiu, p. ex., ao PAM, ao Desporto Escolar, à Rede de Bibliotecas Escolares, ao PRODEP (Acção 1.3 Cursos Profissionais), ao Projecto de Ciência Viva, à Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portáteis e ao
Projecto de Vídeo-Vigilância. Com entidades locais, tem estabelecido contactos estreitos com a CMPF (utilização
recíproca de instalações e colaboração de obras nas instalações escolares), com a Junta de Freguesia e com a
Associação Empresarial (ambas representadas na Assembleia), com o Centro de Emprego, com a Unidade de
Inserção na Vida Activa e com a Associação de Ensino Profissional do Vale do Sousa. O contacto com algumas
empresas da região tem facilitado a oferta de estágios profissionais para os alunos dos cursos profissionalizantes.
A ESPF afirma que a sua comunidade educativa é alargada aos representantes do poder e da cultura locais e às
forças empresariais da região e, assim sendo, tem procurado aumentar a articulação com estas entidades.
5. Capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola
5.1 Auto-avaliação
A ESPF tem acesso aos dados estatísticos sobre os resultados das aprendizagens e aos relatórios anuais dos
coordenadores das estruturas pedagógicas e dos responsáveis pelas diversas actividades e projectos constantes
do PAA. Contudo, a fragilidade dos critérios de apreciação, a inexistência de metas mensuráveis e a pouca
mobilização dos docentes para analisar a documentação referida não permitem conclusões muito consistentes e
consequentes. No presente ano lectivo, o CE considerou que era a altura adequada para aprofundar estas práticas
e, paralelamente a ter apresentado a candidatura à avaliação externa do Ministério da Educação, designou uma
comissão de avaliação interna, constituída apenas por professores, para iniciar e dinamizar o processo de autoavaliação. Esta comissão, logo no início dos seus trabalhos, elaborou um relatório preliminar que o CE assumiu
como sendo o texto de apresentação de escola. Da entrevista realizada com esta comissão, ficou a ideia de que,
apesar dos dados já recolhidos e do trabalho realizado, ainda não existe um trabalho de auto-avaliação rigoroso
capaz de permitir à ESPF aperfeiçoar a sua organização e o seu funcionamento global.
5.2 Sustentabilidade do progresso
A ESPF reúne condições indispensáveis – o bom clima interno que se vive, a motivação e empenho dos seus
profissionais; a estabilidade e a experiência do corpo docente; a relação de parceria activa com a sociedade
envolvente; as crescentes expectativas positivas que alunos e encarregados de educação têm revelado em relação
ao papel social da escola e a vontade de renovação que demonstrou – para melhorar o seu trabalho educativo,
superar os problemas que identificou no seu PE e atenuar os constrangimentos que a prejudicam. Neste contexto,
o facto de os responsáveis escolares sentirem a necessidade de introduzir um processo de auto-avaliação que
assegure uma prática reflexiva sustentada, capaz de gerar verdadeiros planos de melhoria com metas claras e
indicadores concretos que permitam a sua efectiva apreciação, é uma indispensável condição favorável de
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Relatório de Avaliação Externa
progresso em que a ESPF se pode apoiar. Contudo, não poderá descurar a ameaça da persistência de rotinas,
fortemente interiorizadas, que embaraçam a aposta na mudança e no progresso contínuo.
V – Considerações finais
Apresenta-se agora uma síntese dos atributos da Escola Secundária de Paços de Ferreira (pontos fortes e pontos
fracos) e das condições de desenvolvimento da sua actividade (oportunidades e constrangimentos) que poderá
orientar a sua estratégia de melhoria.
Neste âmbito, entende-se por ponto forte: atributo da organização que ajuda a alcançar os seus objectivos; ponto
fraco: atributo da organização que prejudica o cumprimento dos seus objectivos; oportunidade: condição externa
à organização que poderá ajudar a alcançar os seus objectivos; constrangimento: condição externa à organização
que poderá prejudicar o cumprimento dos seus objectivos.
Todos os tópicos seguidamente identificados foram objecto de uma abordagem mais detalhada ao longo deste
relatório.
Pontos fortes
ƒ
A conduta e o desenvolvimento cívico dos alunos;
ƒ
O clima de bom relacionamento e de respeito recíproco entre os alunos e os docentes/não docentes;
ƒ
O empenho do Conselho Executivo;
ƒ
A imagem positiva que a Escola Secundária de Paços de Ferreira tem junto da generalidade dos
elementos da comunidade educativa;
ƒ
A aposta na utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação em contexto escolar;
ƒ
O impacto da sua acção educativa e formativa no meio envolvente, nomeadamente na reabilitação dos
reclusos do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.
Pontos fracos
ƒ
A insuficiente articulação curricular;
ƒ
A falta de um trabalho conjunto, a nível interno e com as outras escolas da região, que assegure uma
maior sequencialidade inter-ciclos e na transição para o ensino secundário;
ƒ
A frágil assunção das lideranças pedagógicas, designadamente dos Departamentos e dos Conselhos de
Directores de Turma;
ƒ
A falta de supervisão da prática lectiva em sala de aula;
ƒ
A inexistência de metas quantificáveis e a debilidade das práticas de auto-avaliação.
Oportunidades
ƒ
O défice de integração escolar e de qualificações da população adulta poderá ser um desafio para um
maior investimento na Iniciativa Novas Oportunidades, designadamente na criação de cursos de dupla
certificação e no desenvolvimento de processos de reconhecimento, validação e certificação de
competências.
Constrangimentos
ƒ
A deficiente rede de transportes públicos, após as 19 horas, poderá ser um entrave ao aumento da
procura de formação e de validação de competências por parte de jovens e adultos trabalhadores;
ƒ
A falta de investimentos públicos na reabilitação e modernização das instalações escolares poderá
condicionar o crescimento futuro da Escola.
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