RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA CNPq/PIBIC
REFERENCIAÇÃO E PROGRESSÃO TÓPICA EM UMA ENTREVISTA JORNALÍSTICA
Bolsista: Beatriz Ferreira Silva; RA: 070248.
Orientadora: Profª . Drª Anna Christina Bentes da Silva
Área: Linguística Textual/ Sociolinguística
Local de Execução: Universidade Estadual de Campinas
Vigência: 01 de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011
RESUMO: O presente projeto de pesquisa tem como objetivo analisar as estratégias de
referenciação relacionando-as com as estratégias de gerenciamento do tópico
mobilizadas pelos sujeitos. O corpus selecionado para análise é a entrevista concedida
pelo rapper Mano Brown ao programa de entrevistas Roda Viva, exibido na TV
Cultura. Nossa hipótese é a de que as estratégias de gerenciamento do tópico
encontram-se intrinsecamente relacionadas com as estratégias de construção e
representação do “eu” social mobilizadas pelos diferentes sujeitos participantes.
INTRODUÇÃO:
De acordo com Koch (2004) o processamento textual envolve a prática de
sistemas de conhecimento variados. Em seu curso, encontram-se mobilizações de ordem
cognitiva, sociointeracional e textualizadora. Desse modo, Koch (2004) afirma que o
processamento textual é essencialmente estratégico, pois – nas palavras da autora – os
indivíduos “realizam simultaneamente em vários níveis passos interpretativos
finalisticamente orientados, efetivos, eficientes, flexíveis, tentativos e extremamente
rápidos” (Koch, 2004, pg 26).
A autora acrescenta que certas características dos indivíduos, suas convicções,
seu conhecimento de mundo, bem como seus objetivos e atitudes no momento da
interação, também trariam implicações para o processamento textual. No intuito de que
a interação verbal ocorra em bons termos, os indivíduos – segundo Koch (2004) –
incorrem em atenuações, demonstrações de polidez e negociações “socioculturalmente
determinadas” que consistem em estratégias interacionais. Além disso, com vistas a
produzir determinados sentidos, em detrimentos de outros, também são realizadas
escolhas textuais, como as que ocorrem nos processos de referenciação (dentre outras).
Sob essa perspectiva, o uso da linguagem é tratado como prática
sociocognitiva** – salientando-se, aqui, seu caráter interacional – e as ações verbais são
tratadas como ações conjuntas, inevitavelmente permeadas de diferenças quanto ao seu
contexto, finalidade e mesmo quanto à diversidade de papéis sociais pertencentes aos
sujeitos participantes (Koch, 2004).
As entrevistas televisivas caracterizam-se como gênero discursivo*** bastante
diversificado: nesses espaços interacionais notamos que, não raro, vozes sociais bastante
díspares encontram-se reunidas, o que contribui para que as entrevistas constituam-se
como espaços discursivos marcados pela negociação de sentidos. É o que ocorre, por
exemplo, na entrevista concedida pelo rapper Mano Brown ao programa Roda Viva, da
TV Cultura (2007).
Consideramos que o discurso produzido sob a configuração do gênero
“entrevista” pode ser tido como “um processo interativo fundado na manutenção de
acordos a que se chega por meio de negociações” (Cf. Kerbrat-Orecchioni, 1984, apud
Aquino et. al. 2000, 69). Com base em Goffman (1967), Aquino et. al. (2000) afirmam
que a negociação nas interações é produto de uma divergência, sendo que ao longo da
interação a finalidade é a de se chegar a uma forma de acordo – mesmo que esse acordo
seja apenas a mera constatação de que se deveria chegar a um acordo, além de
reformulações serem constantemente feitas pelos participantes da interação na tentativa
de se chegar a um ponto convergente.
As negociações, nesse caso, podem ocorrer acerca do conhecimento e das
opiniões apresentadas pelos participantes, bem como sobre outros aspectos que dizem
respeito à forma ou ao conteúdo da interação (Cf. Aquino et. al., 2000). Sendo assim, no
caso das entrevistas televisivas, como as do programa Roda Viva, vemos, por exemplo,
uma intensa negociação no que diz respeito aos turnos de fala de entrevistadores e
entrevistados, e conseqüentemente, no que diz respeito ao modo como o tópico
discursivo é desenvolvido pelos participantes.
Neste trabalho, assumimos que o gerenciamento do tópico discursivo constituise como processo que evidencia o caráter interativo da linguagem – como postulado por
Koch e Penna, 2006, pg 23-32. Do mesmo modo, partimos da idéia de que a
referenciação, enquanto processo de estratégia textual, está relacionada ao modo como
se dá a progressão tópica.
Assim, procuraremos descrever aqui a maneira como as principais estratégias de
referenciação empregadas pelos sujeitos influem no gerenciamento tópico, mobilizado
pelos participantes da entrevista citada. Procuraremos, então, relacionar as estratégias de
gestão do tópico com as ações incorridas pelos participantes para a representação e
construção de um “eu” social, em uma das mais polêmicas entrevistas do Programa
Roda Viva.
Para fins de análise, apresentaremos aqui a metodologia adotada, além de
algumas considerações sobre o corpus que julgamos pertinentes à análise. Também será
feita uma comparação entre nossas propostas e hipóteses iniciais e os resultados obtidos.
TÓPICO DISCURSIVO – UMA CATEGORIA TEXTUAL-INTERATIVA:
Tomamos aqui a noção de tópico tal como postulada pelo grupo Organização
textual-interativa do PGPF e, posteriormente, revisitada em Jubran et al, 2006b, qual
seja: “tópico é tomado no sentido de ‘acerca de’ que se fala, isto é, um conjunto de
referente explícitos ou inferíveis concernentes entre si e em relevância num
determinado ponto da mensagem”. A análise do grupo envolveu o estabelecimento de
propriedades ao conceito de tópico: a propriedade de centração e a de organicidade. A
propriedade de centração diz respeito à referencialidade textual, abarcando, com isso,
três outras propriedades: concernência; relevância e pontualização. O traço de
concernência leva em conta a relação de interdependência entre elementos referenciais
do texto, proporcionada pelos processos de coesão. Já a relevância se refere ao
destacamento desses elementos textuais diante de todo um conjunto referencial. A
pontualização, enfim, seria a possibilidade de se localizar esse conjunto de elementos
referenciais num segmento específico do texto. Quanto à propriedade da organicidade,
esta se refere às relações de interdependência, de abrangência e continuidade, entre
tópicos, subtópicos e segmentos tópicos; tais relações podem ser resumidas em traços de
hierarquização e linearidade.
Jubran et al (2006b) atentam também para o fato de que a delimitação tópica
pode ser identificada através de alguns indícios. Através deles, os participantes
reconhecem sinais que podem lhes fazer orientar e modificar seu projeto de dizer. Para
isso, segundo os autores, os sujeitos se baseiam em marcas prosódicas, morfossintáticas,
léxico-semânticas, entre outros tipos de marcas discursivas que permitem identificar o
início de um tópico, bem como o momento em que tópicos estão sendo fechados.
Considera-se, então, que a inserção de novos tópicos pode ocorrer a partir de três
circunstâncias: (i) pelo esgotamento natural de um segmento tópico e a introdução de
outro (caso de continuidade); (ii) através de tópicos de transição, que não pertencem
somente a um tópico específico e que integram segmentos tópicos gradativamente; (iii)
e através de ruptura, quando há introdução de um novo tópico sem que o antecessor
tivesse se esgotado (caso de descontinuidade).
Ainda sobre as propriedades relativas ao conceito, Rezende (2006) atenta para o
fato de que a noção de tópico discursivo foi desenvolvida pelo grupo, simultaneamente,
como uma categoria discursiva capaz de considerar “fatores pragmático-contextuais
inerentes às práticas comunicativas em geral” e como uma unidade de base objetiva
que pudesse conter identificação e delimitação própria. Para Pinheiro (2006), o conceito
de tópico apresenta-se como uma categoria analítica, quando levamos em conta que a
unidade trata da organização global do texto, e também uma categoria interacional, pois
nos permite analisar os processos interacionais do discurso.
CORPUS E METODOLOGIA ADOTADA:
Transmitido em rede nacional pela TV Cultura, o Roda Viva consolidou-se como
um dos mais tradicionais programas de entrevistas da televisão brasileira. No programa,
são tratados temas de interesse do momento sócio-histórico nacional e internacional,
com questões voltadas à política, cultura, economia, etc. Ao longo de seus 21 anos de
exibição, os participantes convidados caracterizam-se como personalidades importantes,
profissionais do jornalismo, muitas vezes tidos como especialistas em suas áreas de
atuação (PALUMBO, 2007).
A entrevista selecionada para compor o corpus se trata da entrevista concedida
pelo rapper Mano Brown ao programa Roda Viva, da TV Cultura, com duração de
aproximadamente 85 minutos. Mano Brown é vocalista - e também um dos
compositores - do Racionais Mc's, o grupo de rap – formado em 1988 na periferia de
São Paulo - que ganhou maior projeção no cenário musical nacional, tendo vendido
mais de 4 milhões de cópias de seus CDs.
Para a análise do corpus procedemos à transcrição da entrevista selecionada, de
acordo com o sistema de notação utilizado pelo Grupo de Pesquisa COGITES 1,
instituído para tratar de dados da língua falada à luz de aspectos textuaisconversacionais.
Os dados transcritos apresentam-se em forma de lista, sendo feita a identificação
dos participantes através das letras iniciais de seu nome. Em casos em que o nome do
participante foi mencionado durante a fala, optou-se pela transcrição integral do nome,
visto que, sendo os participantes personalidades públicas, não haveria necessidade de se
preservar seus nomes.
ANÁLISE E RESULTADOS:
1COGITES - “Cognição, Interação e Significação”. Grupo de pesquisa coordenado pela Profª Drª.
Edwiges Morato, na Univerdade Estadual de Campinas (UNICAMP).
1. Gestão do tópico discursivo e referenciação:
Segundo Fávero et al (2010), as entrevistas televisivas caracterizam-se como
uma “criação coletiva”, cujos participantes constroem relações especiais de
“dominância ou igualdade, convivência ou conflito, familiaridade ou distância”. Para a
análise da entrevista concedida pelo rapper Mano Brown, foi selecionado um trecho em
que será possível observar as principais estratégias de gestão do tópico discursivo, bem
como as principais estratégias de referenciação empregadas pelos participantes. Trata-se
de um ponto em que vinha sendo tratada a cultura e o investimento monetário, na
periferia, por parte dos próprios moradores; o entrevistado Mano Brown afirma estar
usando um boné fabricado por uma grife da periferia, quando PLS, sobrepondo sua voz
com outros participantes, dá início a um novo tópico, sobre a questão da criminalidade
na periferia:
(01)
Linha:
Participante:
Fala:
1075
MB
1080
PLS
não esse boné é duma:::... duma família da Zona Leste... “DRR”... é um::: uma posse né?... que
inclui vários grupos de rap aqui de movimento cultural: né? do bairro... e “DRR” um salve pros
mano é Consciência Huma:na... o Negro::... eh:: e outros irmão né? (xxx Cri::me)... os mano de
São Matheus
[(xx)]
1082
(x)
[(xx)]
1084
PLS
[a criminalidade]
1086
MB
[foi pra] homenagear os cara mesmo
1088
PLS
a ques-a questão da criminalidade dos bandidos\ realmente... que tão ali de frente que... tão
armados\ que tá-ºtão lá... a gente vê que-que eu te-eu tenho vou fazer cinquenta anos... e::: trinta
de favela... né? e vi que mudou bastante... né?... e sobretudo pela questão das armas... né?
antigamente pessoal resolvia com trinta e oito trinta\ e dois trinta/ e oito era o barra pesada... .h
como é que você vê assim: nesse tempo que você tem você tem de... você começou analisar a
vida... .h como é que a-a malandragem mudou muito a-a::: o traficante mudou muito? ladrão
mudou muito?... como é que tá hoje?
1096
MB
((sorrindo)) ô Mano... vou te falar (.) falar de traficante é foda eu eh::... mesmo porque é como
se a gente tivesse falando até dos nossos... entendeu? os nossos amigo da nossa família dos
nossos parceiro os cara tá lado a lado... muitas vezes é o traficante que nós tá falando...
1100
PLS
mas tô falando de sofrimento... por exemplo aqui assim:... hoje em dia... né? são mais novos são
mais velhos?... essa é a questão não é falar da-do traficante mas
De acordo com Fávero et al (2010), em entrevistas televisivas as perguntas são
responsáveis por direcionar o texto, sendo capazes também de modificar as relações
entre os sujeitos participantes. Dessa forma, em (01), é através de uma pergunta que o
entrevistador PLS (Paulo Lins) inicia um novo tópico, sobre a criminalidade presente na
periferia. A PLS, enquanto entrevistado, interessa a caracterização de sua participação
como positiva e, portanto, a formulação de tópicos que sejam acatados e desenvolvidos
por MB. No entanto, importa lembrar que, como afimam Fávero et al (2010), certos
tópicos se constituem como “mais ameaçadores” para certos entrevistados, fazendo com
que o entrevistador deva formular os enunciados relativos de forma mais estratégica e
polida. É em função disso que, como podemos notar, o entrevistador recorre a inserções
e reformulações para introduzir sua pergunta, apresentando exemplificações e
demonstrando seu conhecimento sobre o tópico a ser abordado, o que, por assim dizer,
lhe autorizaria a tratar sobre certo assunto (como em “vou fazer cinquenta anos... e
trinta de favela” e em “como é que você vê assim? (…) a malandragem mudou
muito?”).
Quanto aos processos de referenciação, vemos que PLS, quando inicia as
considerações que o levariam a pergunta e ao novo tópico, instaura a expressão
referencial “a questão da criminalidade dos bandidos”. Assim, PLS age nominalizando
o tópico que pretendia instaurar, através de uma expressão nominal definida – de acordo
com Koch (2006), o uso de expressões nominais definidas é um dos principais meios
pelos quais se constroem cadeias referenciais. Além disso, PLS finaliza recategorizando
sua pergunta e, simultaneamente, recategorizando os referentes envolvidos: “a
malandragem mudou muito? O traficante mudou muito? ladrão mudou muito?”
Como resposta, vemos que o entrevistado Mano Brown elege um referente
dentre os apresentados por PLS, afirmando que “falar de traficante é foda”. Assim MB
também explicita sua visão de que o tópico instaurado constitui-se como assunto
delicado. O entrevistado explica que ao falar do tópico proposto, estaria falando “dos
nossos” - destaca-se, aí, a omissão do nome na expressão referencial empregada por
MB, causando implicitude. Em seguida, MB opta por preencher o nome na expressão
referencial, afirmando que, para ele, falar de traficante seria como falar “dos nossos
amigo”, “da nossa família”, “dos nossos parceiro”.
Tendo em vista os aspectos trazidos pelo seu papel na interação em jogo, PLS,
então, opta por redirecionar o tópico, afirmando que o tema proposto é “sofrimento”.
Dessa forma, uma vez recategorizado o referente que dá nome ao tópico em questão,
MB poderia acatar o tópico proposto e desenvolvê-lo, sem conseqüências negativas para
a representação dos dois participantes e para a interação.
É possível notar, até aqui, a intensa negociação dos objetos de discurso quando
um tópico visto como delicado é instaurado. Fávero et al (2010), lembram que a
empatia entre os participantes é fundamental para o bom andamento da interação e que a
manutenção de um tópico está intimamente relacionada com o uso de estratégias de
polidez. Importa ressaltar, num segundo momento, algumas especificidades da relação
entrevistador-entrevistado no decorrer da entrevista:
(02)
Linha:
Participante:
Fala:
1107
1109
1111
MB
PLS
MB
1115
1117
PLS
MB
1122
1124
RL
MB
[os mais sábios]
[da (xxxx)]
[conseguiram] ficar mais velho... e::: os que conseguiram se manter... pegaram uma fase
diferente... eles com certeza eles acha mais fácil hoje os mais velho... eles acha mais fácil..
porque\ hoje:... eh::: cê tá falando sobre favela né? sobre vida
é::
dentro da favela... que que é uma favela? como é que é uma organização duma favela?... a
gente sabe que a favela precisa da organização co-como é a organização\ da favela hoje?...
quem é que:::... Sabe... dos problema da favela?... o governo sabe?... não sabe... o assistente
social... sabe o... setenta por cento... ciquenta... o cara da ONG?... sabe oitenta
e quem é que sabe?
quem tá lá dentro... e\ mora lá dentro que conhece todo mundo... que... conhece quem
nasceu... que... sabe dos proble:ma... sabe quem tá pre:so sabe quem tá precisando duma
aju:da... o filho de quem tá precisando... [eh::]
Em (02), observamos novamente o referente instaurado por PLS como
“traficante” sendo recategorizado por MB sem a presença de um nome nas expressões
referenciais relacionadas. É o que ocorre, por exemplo, em “os mais sábios” - onde se
tem o determinante ligado diretamente ao modificador – e em “os que conseguiram se
manter” - com a presença do determinante seguido de modificador com a oração
relativa. Também ocorre o emprego do pronome “eles” retomando o referente em
questão, de modo que a omissão do substantivo se torna mais aparente. Com isso,
considera-se que a escolha de omitir o nome, nesses casos, pode estar relacionada ao
fato de a negociação que incide sobre tal objeto de discurso ainda não ter sido concluída
ou esclarecida pelos sujeitos participantes.
Sendo a continuidade do trecho apresentando em (01), no trecho (02) vemos que
MB, após a reorientação tópica produzida, atende ao tópico proposto por PLS,
respondendo a partir da afirmação de que “os mais sábios” e “mais velhos” vêem a
criminalidade na periferia como mais fácil, nos tempos de hoje. Então, apesar de
inicialmente ter atendido ao proposto por PLS, MB acaba por redirecionar o tópico,
novamente, no momento em que usa a expressão “cê tá falando sobre favela né?”.
Nesse ponto, é produzida uma nova nominalização, sucedendo os referentes
“criminalidade” e “sofrimento” que outrora foram utilizados para nomear o tópico em
questão. Vemos, portanto, conforme descrito por Fávero et al (2010), que ao longo das
entrevistas televisivas as perguntas proporcionam uma reorganização do contexto e
conferem um caráter bastante dinâmico a organização seqüencial do tópico discursivo.
Além disso, é possível notar uma mudança na relação entre entrevistador-entrevistado,
considerando que MB, ao formular tal pergunta, pôde mudar o tópico discursivo em
questão e alterar, com isso, a direção da entrevista (cf. FÁVERO et al, 2010).
Ainda sobre os papéis dos participantes, vemos que a participação de MB
caracteriza-se, em vários momentos, pela inversão de papéis através de perguntas feitas
aos entrevistadores, não só redirecionando o tópico discursivo como também
procurando incitar reflexão nos entrevistadores. Considera-se que tal estratégia tem
consequências não apenas para os tópicos propostos e desenvolvidos, incidindo também
sobre a questão do ponto de vista dos sujeitos participantes.
Chegamos, então, ao fato de que a negociação dos objetos de discurso repercutiu,
por vezes, de modo bastante incisivo sobre a gestão do tópico discursivo, ao longo da
entrevista com o rapper Mano Brown. É o que mostra o trecho a seguir:
(03)
Linha:
1152
1154
1156
1158
1160
1162
Participante:
PM
MB
MR
MB
MR
MB
Fala:
você acha então você vê a coisa como se fosse uma guerra
não vejo como guerra... eu vejo como uma situação... [tá]
mas o [tra]ficante protege de quem? protege dele mesmo?
não
[(porque você fala muito nas suas letras)]
[ele protege do sistema ele prote-ele já é o]-o-o-o-o... o-o –- entre aspas – cê chama de
“traficante” (x) chama de “comerciante”... o cara que comercializa cocaí:na vamos\ dizer
assim já abertamente ou /a maco:nha... ou qualquer tipo de droga é um comerciante... como
qualquer outro
No excerto (03), vemos que a pergunta feita por PM (Paulo Markun) sobre a
questão da criminalidade na periferia - no intuito de direcionar o tópico - é respondida
de forma direta por MB (Mano Brown), quando o entrevistado explicita seu desacordo
(“não vejo como guerra... vejo como uma situação”). Além disso, pode ser observado o
fato de que os participantes procedem a diversas recategorizações dos referentes no
decorrer de sua fala. Ocorre, por parte de MR (Maria Rita Kehl), uma
contextualização/reformulação (em “porque você fala nas suas letras”) para participar
de modo estratégico do tópico que é tido como delicado.
Destaca-se, aqui, o desacordo de MB sobre as expressões referenciais
empregadas pelos entrevistadores. Assim, o referente “uma guerra”, proposto por PM
para demonstrar/ sumarizar a visão de MB sobre a questão da criminalidade é
explicitamente negado pelo entrevistado. MB, então, recategoriza empregando o
encapsulamento anafórico “uma situação”.
Observa-se que o entrevistado MB traz à tona a negociação dos referentes
quando propõe explicitamente a utilização do termo “comerciante” para o que vinha
sendo tratado como “traficante”. Vê-se, portanto, que referentes instaurados por MB
para tratar a questão da criminalidade se caracterizam por uma avaliação positiva,
quando comparados aos referentes, por assim dizer, negativos empregados pelos
entrevistadores para tratar da criminalidade na periferia.
Cumpre observar, ainda neste exemplo, que MB responde explicitando seu
desacordo (em “não vejo como uma guerra”) e empregando formas bastante suscintas
(em, simplesmente, “não”, ao responder à pergunta de MR). Com isso, acredita-se que a
divergência, nesse caso, não se encontra apenas nos tópicos instaurados e no modo
como se desenvolvem, incidindo também sobre a questão dos pontos de vista de cada
sujeito participante.
Considerando que a gestão do tópico, bem como a negociação dos objetos de
discurso, trazem efeitos para as relações entre os sujeitos da interação em andamento,
importa analisar alguns aspectos do trecho abaixo.
(04)
Linha:
Participante:
Fala:
1167
1169
1171
MR
RL
MB
1177
1179
1181
1183
1185
MR
RL
MB
JN
MB
1188
1191
PL
MB
1196
1198
JN
MB
sim [mas eles tem um sistema de impo::r]
[que leva que leva as pessoas] pra cadeia e não pro cemitério né?
((olhando para RL)) agora o dono da “Ciquenta e Um” não leva cadeia pelos litro que ele
vende... a Ambev ninguém vai pra cadeia... toma quatro garrafa de cerveja cê vai ver se não
bate o carro cê vira o Super-Homem na marginal meu?... ele não vai tirar uma cadeia... o filho
dele não vai ficar manchado como o filho dos presidiário... que que faz mais mal uma dose de
Cinquenta e Um ou um cigarro de maconha?
[não mas a gente tem uma discussão aí que é sobre a legalização né (xx)?]
[não uso nenhuma das duas coisas]
[não mas eu não tô te perguntando se cê usa...]
[aí é entra a questão da (organização)]
[tô falando “você” porque certo?] o que que faz mais mal? tem um médico aqui... [se for falar
de droga tem que ter um médico]
[não nem precisa usar pra saber... isso dá pra responder]... é o Cinquenta e Um... disparado
(…) agora ((sorrindo)) um comerciante de maconha (.) ele vai preso um fumar um usuário
ele vai preso... agora não vai mais porque a justiça é flagrante
cê é a favor da legalização?
((suspiro)) se é pra negar todas as droga (.) nega todas... entendeu? [pra acabar a hipocrisia]
1200
1202
JN
MB
[°você° é a favor de legalizar]
&não não sou a favor de nada... vamos ser-dizer assim eu sou a favor que todo mundo vivesse
bem... não precisasse de droga nenhuma... pra entender nada que você conseguisse entender o
mundo que cê vive sem usar nada... eu sou a favor disso (…) quem sou eu pra dizer que ele
é isso ele é aquilo ele é b ele é c ele é traficante ele é usuário (...)
Cabe acrescentar que o trecho acima torna-se interessante a medida que nos
mostra também os meios pelos quais vão se construindo desacordos, a partir dos
enunciados. No momento da argumentação de MB, o entrevistado dirigia o olhar a RL,
responsável pela pergunta anterior. Dessa forma, no decorrer da argumentação de MB, é
feita uma pergunta, com vistas a incitar a reflexão de RL e acrescentar à argumentação
de MB (“que que faz mais mal uma dose de Cinqüenta e Um ou um cigarro de
maconha?”). Contudo, RL toma a pergunta em sentido estrito e, assim, dá origem a
expressão de um desacordo, com conseqüências para a interação em andamento.
Entretanto, acreditando que são outros os focos do presente trabalho, nos voltaremos
para a questão da gestão do tópico discursivo no trecho citado.
Ressaltando-se que o trecho acima é subseqüente ao trecho (03), em (04) vemos
que a própria negociação dos objetos de discurso, por ter se caracterizado como
conflituosa, torna-se o foco, e portanto o tópico em questão. Assim, MB argumenta em
favor da escolha do termo “comerciante” para se referir ao que vinha sendo tratado
como “traficante”, citando que pessoas relacionadas a venda de bebidas alcoólicas não
tem o mesmo tratamento e as mesmas conseqüências sofridas pelos “comerciantes” ou
“traficantes”. MR, então, sinaliza que a discussão levaria a um novo tópico, sobre a
“legalização” das drogas, utilizando um encapsulamento anafórico para se referir à
argumentação de MB.
O entrevistado continua com sua argumentação, de-ativando o referente
“comerciante” ao mesmo tempo em que acrescenta a ele o modificador “de maconha”,
quando JN (José Nêumanne) se vale do fim de sua fala para propor um novo tópico,
sobre a opinião de MB (“você é a favor da legalização?”). MB, entretanto, apesar de
não responder diretamente à questão, sinaliza em sua argumentação a opinião contida
sobre o tópico proposto. Com isso, vemos que JN insiste numa explicitação da posição
de MB, sobrepondo sua voz a do entrevistado e afirmando que MB é “a favor de
legalizar”. Nesse momento, o entrevistado MB novamente recorre à negação explícita
da fala de um entrevistador para esclarecer sua opinião (“não não sou a favor de nada”).
Assim, fica estabelecido o desacordo não só para o andamento da interação em si, mas
também entre o modo como os entrevistadores vêem a opinião de MB e a opinião que
MB de fato tem, ou pretende demonstrar. É interessante notar, ainda neste trecho, que
em sua resposta a JN, Mano Brown justifica sua posição voltando mais uma vez a
questão da categorização dos referentes, como podemos notar com “quem sou eu pra
dizer que ele é isso ele é aquilo ele é b ele é c ele é traficante ele é usuário”.
Afirmam Fávero et al (2010), que as entrevistas televisivas constituem-se como
situações interativas complexas, visto que os objetivos dos sujeitos têm como foco não
só os participantes presentes (entrevistadores), mas também os telespectadores que
formam a audiência. Dessa forma, consideramos que há interesse dos participantes em
explicitar ou preservar sua opinião sobre certos tópicos tido como “ameaçadores”, a
depender da representação que os sujeitos esperam ter perante a audiência. Fávero et al
(2010) destacam certos aspectos sobre a influência da audiência para os papéis de
entrevistadores e entrevistados, afirmando que ambos caracterizam-se como
“cúmplices, no que diz respeito à comunicação, e oponentes, quanto à conquista desse
mesmo público”.
Com os trechos apresentados para abordar a relação entre gestão do tópico
discursivo e processos de referenciação, demos enfoque a pontos onde ocorre uma
intensa negociação de sentidos por parte dos sujeitos participantes. Nesses pontos onde
ocorre maior negociação, foi possível que MB questiona os pressupostos envolvidos,
faz ressalvas sobre o que foi tematizado, por vezes em desacordo com a própria
categorização dos objetos de discurso, muitas vezes fazendo com que sequer se
desenvolva o tópico inicialmente proposto e ocasionando redirecionamentos. Entretanto,
faz-se necessário um olhar sob momentos em que a instauração do tópico se deu através
de outras formas, sob menor conflito, como em (05):
Linha:
Participante:
Fala:
1217
PM
1224
PM
1228
MB
[Mano eu... queri:a]... só pedir (.) licença a gente fazer um rápido intervalo nós vamos
continuar tratando desses e de outros assuntos... no Roda Viva que é ((lendo))
acompanhado na platéia por integrantes... de BANdas produzidas por Mano Brown...
Dom Pixote do grupo U-Time Negovando que\ é também do U-Time Do Bronxs/ e
Negreta ambos do grupo Rozana Bronxs ((corte de imagem))
((corte de imagem após o intervalo comercial)) Mano: ((lendo)) a pergunta é de: M.M.
ele pergunta o seguinte “você já cogitou... que preto pode pensar como branco e branco
pode pensar como preto?... e que/ as idéias podem acontecer independentemente da cor
de\ quem pensa?
na verdade °é isso mesmo°... agora as-são culturas diferentes né?... com a exceção
dos maninho que são branco e mora na quebrada mora ali dentro da favela ali: no
cotidiano que ouve samba curte rap já anda igual usa camisa listradinha bombetinha já
é preto também... fora do nosso mundo... você pode fa-aí você fala assim “o resto é
branco”... [da ponte pra lá]
O trecho acima é o que segue o excerto trazido em (04). Em (05), o mediadorentrevistador Paulo Markun (PM) interrompe a conversa entre os participantes
anunciando a necessidade de se fazer um intervalo comercial – de forma geral, os
intervalos comerciais, ao longo da entrevista em análise, proporcionaram
descontinuidades dos tópicos vigentes, de modo que em nenhum momento o mediadorentrevistador PM, ao anunciar a retomada da entrevista, propôs a retomada dos tópicos
interrompidos.
PM, então, traz ao entrevistado uma pergunta feita por um telespectador do
programa. Vemos que Mano Brown responde diretamente à pergunta, quando afirma
“na verdade é isso mesmo”. No entanto, a afirmação de MB é seguida pela utilização da
ressalva “agora as-são culturas diferentes né?”; a mesma ressalva encontra reforço
quando a argumentação de MB é iniciada pela expressão “com a exceção de...”. Assim,
considera-se que a resposta de MB vai novamente no sentido de pouco acatar as
proposições do tópico em questão, mesmo neste caso, em que o tópico foi proposto por
um participante da audiência, e não da situação interacional presencial.
COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS:
Acreditamos que o presente trabalho pôde demonstrar alguns aspectos
conclusivos quanto à gestão do tópico discursivo e à questão da referenciação para a
entrevista selecionada.
Primeiramente, em termos dos processos de referenciação, foi possível observar
que no decorrer da entrevista concedida pelo rapper Mano Brown, os sujeitos
participantes fazem inserções, reformulações redirecionando seus enunciados e
construindo cadeias referenciais bastante complexas ao longo da interação (cf. KOCH,
2006). Assim, nas estratégias referenciais verificadas, destacou-se o emprego das
expressões nominais definidas e das anáforas encapsuladoras.
De acordo com Koch (2006), as expressões nominais definidas são aquelas
formadas, de forma geral, por um determinante e um nome, (Det + Nome) ou sob a
configuração Det + Modificador + Nome (em que adjetivos, sintagmas preposicionais e
orações relativas agem como modificadores). Segundo a autora, as expressões definidas
são comumente atribuídas a ativação de novos referentes, apesar de tal fato não
contrariar sua utilização em processos de reativação e de-ativação. Além disso, afirma
Koch (2006) que as descrições definidas carregam informações importantes acerca das
opiniões e crenças dos sujeitos, sobretudo pelo fato de através dos modificadores, o
locutor transmitir diversas propriedades e fatos relacionados ao referente.
Quanto ao encapsulamento anafórico, também largamente utilizado pelos
sujeitos participantes da entrevista, Conte (2003) afirma tratar-se de “um recurso
coesivo pelo qual um sintagma nominal funciona como uma paráfrase resumitiva de
uma porção precedente do texto”. O sintagma nominal que constitui esse recurso
apresenta como núcleo lexical um nome geral que, preferencialmente, tem um
demonstrativo como determinante. Além disso, um “nome geral”, como descreve a
autora, pode possuir valor axiológico, isto é, avaliativo. Dessa forma, a utilização de um
nome geral que sumariza a informação co-textual tem o poder de gerar uma avaliação
dos fatos ou eventos antes descritos. Por seu caráter avaliativo, o encapsulamento
anafórico, nas palavras de Conte, “pode ser um poderoso meio de manipulação do
leitor”, na medida em que a escolha dos nomes encapsuladores, ainda que sutil, é
também um complexo processo de inferência.
Sobre a gestão do tópico discursivo, verificamos a relevância das perguntas
formuladas pelos participantes para a instauração e direcionamento de novos tópicos.
Além disso, foi possível notar as especificidades na relação entrevistador-entrevistado
ao longo da entrevista, quando o rapper Mano Brown, a partir da recategorização dos
referentes em jogo ou através de perguntas, redireciona tópicos tidos como
“ameaçadores” propostos pelos entrevistadores. Observamos, também o modo como as
crenças, opiniões e pontos de vista dos sujeitos participantes influem na categorização
dos objetos de discurso e, por conseguinte, no desenvolvimento dos tópicos.
Podemos observar, com isso, que as estratégias de gestão do tópico se
aproximam das estratégias empregadas pelos sujeitos para a representação de seu “eu”
social (cf. GOFFMAN, 1995). A noção de interação evocada por autores como Koch
(2004), Marcuschi (2008) se apresenta de forma similar – ressalvando-se o termo
“equivalente” - para Goffman (1995), ao longo da obra “A representação do eu na vida
cotidiana”. Nas palavras do autor, a interação face-a-face pode ser definida como “a
influência recíproca dos indivíduos sobre as ações uns dos outros, quando em presença
física imediata” (pg 23). No trabalho mencionado, Goffman parte da metáfora da
representação teatral para descrever estratégias empregadas pelos indivíduos, em
situações do dia a dia, para apresentar a si mesmo e regular a imagem que ou outros têm
a seu respeito.
Dessa forma, de acordo com Goffman (1995), quando em presença de outros, os
indivíduos mobilizam e analisam os mais diversos tipos de informação uns sobre os
outros, na tentativa de ter para si uma definição da situação interacional em vigor.
Assim, através de uma definição da situação, os indivíduos são capazes de saber o que
esperar dos sujeitos e, simultaneamente, atender as expectativas que são produzidas
sobre si – construindo, para isso, sua representação. Consideramos que as
(re)categorizações referenciais feitas pelos participantes da entrevista, consistem na
mobilização e manuseio das informações e avaliações produzidas uns sobre os outros,
na tentativa que instaurar tópicos coerentes e convenientes às representações dos
indivíduos.
Além disso, segundo Goffman (1995), os atores incorrem em ações que
dramatizam e acentuam fatos confirmatórios e coerentes com sua fachada e incorporam
a ela valores reconhecidos pela sociedade para gerar uma idealização em torno de sua
representação. De modo semelhante, dissimula e esconde fatos e atividades
incompatíveis com a fachada empregada. Acreditamos que tais estratégias têm relação
direta com a gestão do tópico discursivo, a medida que os sujeitos - como foi possível
notar através de MB – acatam e desenvolvem tópicos tido como menos conflitantes para
suas representações e, como demonstrado ao longo deste trabalho, questionam
pressupostos, produzem ressalvas e resistem ao desenvolvimento de tópicos tido como
“mais ameaçadores” para suas representações.
Destaca-se, aqui, a possibilidade do próprio redirecionamento e da resistência
por parte de MB, quanto aos tópicos desenvolvidos pelos entrevistadores, se constituir
como estratégia constante em sua representação social. No entanto, para isso considerase fundamental a análise de situações interacionais diversas, com participantes e
contextos distintos, envolvendo o mesmo sujeito, Mano Brown. Assim, seria possível
comprovar se a reação de MB frente aos tópicos levantados pelos sujeitos durante a
entrevista para o programa Roda Viva se assemelha ou não a reação tida frente o que
Goffman chamou de diferentes “platéias”.
Por fim, esperamos que o presente trabalho tenha contribuído para demonstrar
não só a tessitura construída pelos elementos textuais, mas também tenha ajudado a
elucidar comos os conceitos de tópico discursivo e referenciação influem nas relações
entre os sujeitos ao longo das interações.
PERSPECTIVAS
TRABALHO:
DE
CONTINUIDADE
OU
DESDOBRAMENTO
DO
Apesar de considerarmos cumpridos os objetivos do presente trabalho,
acreditamos que um olhar ainda mais aprofundado sobre este tema faria emergir muitos
outros aspectos interessantes, não só pela peculiaridade do dado em si, como também
pela própria relação explorada aqui entre tópico-referenciação-interação – relação que
constatamos ser demasiado ampla para ter sido totalmente contemplada aqui. Com isso,
nossas perspectivas levam a produção de um projeto de mestrado, que será
encaminhado ainda este ano, com vistas a aprofundar a relação entre o gerenciamento
tópico e a dinâmica interacional, ainda sob as perspectivas de autores como Jubran et al,
2006, e Goffman (1995). Também está prevista a apresentação dos resultados do
presente trabalho no Congresso Interno de Iniciação Científica da Unicamp e no
Seminário de Pesquisas da Graduação, que será realizado no Instituto de Estudos da
Linguagem ainda este ano.
OUTRAS ATIVIDADES DE INTERESSE UNIVERSITÁRIO:
Ao longo desse semestre, cursei a disciplina Tópicos em Linguística I (HL090)
oferecida pela Profª. Drª. Anna Christina Bentes da Silva, cujo foco foram questões da
Sociolinguística. Além disso, participei com a orientadora de reuniões individuais e
conjuntas, onde foram expostas e discutidas alguns pontos deste trabalho, bem como
algumas questões teóricas e práticas envolvidas no projeto “É nóis na fita: a formação
de registros e a elaboração de estilos no campo da cultura urbana paulista, coordenado
pela Profª. Drª. Anna Christina Bentes da Silva. Também estive presente em defesas de
teses cujo quadro teórico está relacionado ao estudado por mim, tendo participado como
monitora do Encontro InterGTs da ANPOLL, realizado no Institudo de Estudos da
Linguagem, na Unicamp, e organizado pela Profª. Drª. Anna Christina Bentes da Silva.
Além disso, continuei minha participação como cuidadora, desenvolvendo
atividades e atendendo crianças com problemas de leitura e escrita que frequentam o
Centro de Convivência de Linguagens (CCAzinho), sediado no Laboratório de
Neurolinguística (LABONE), no Insitudo de Estudos da Linguagem.
APOIO:
O presente projeto deve sua realização à ajuda proporcionada pelo
financiamento da agência CNPq/PIBIC.
AGRADECIMENTOS:
Agradeço imensamente à Profª. Drª. Anna Christina Bentes da Silva que, na
orientação deste projeto, compartilhou comigo seu conhecimento e experiência.
Demonstro aqui a minha gratidão por suas indicações para o desenvolvimento do
presente trabalho e pela disposição e abertura em relação às reuniões necessárias.
Agradeço à agência financiadora do projeto, CNPq/PIBIC, sem a qual não seria
possível a sua realização. Meus agradecimentos também ao parecer do assessor sobre o
relatório parcial, possibilitando uma melhor visualização e encaminhamento dos pontos
deste projeto.
Por fim, explicito aqui meus agradecimentos contínuos aos meus pais, pelas
incontáveis e infindáveis contribuições.
BIBILIOGRAFIA:
AQUINO, Z; FÁVERO, L; ANDRADE, M. Papéis discursivos e estratégias de polidez
nas entrevistas de televisão. Revista Veredas, v. 4, n. 1, 2000. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/revistaveredas/edicoes-anteriores/volume-4-%E2%80%93-n
%C2%B0-1-%E2%80%93-2000/>. Data de acesso: 27/03/2010.
CONTE, Marie-Elisabeth. Encapsulamento anafórico. In: Referenciação. Orgs:
CAVALCANTE, Mônica Magalhães; RODRIGUES, Bernadete Biasi; CIULLA, Alena.
São Paulo: Contexto, 2003.
FÁVERO, L; JUBRAN, C; HILGERT, J; SAITO, K; TOSCANO, M. E.; ANDRADE,
M. L.; CRESCITELLI, M. F.; GALEMBECK, P; AQUINO, Z. Cap. “Interação em
diferentes contextos”. In: Linguística de textos e análise da conversação – Panorama
das pesquisas no Brasil. Orgs: BENTES, Anna Christina & LEITE, Marli Quadros. 1
ed. Cortez Editora: São Paulo, 2010.
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia
Santos Raposo. 6ªed. Petrópolis: Vozes, 1995.
JUBRAN, Clélia Cândida A. S. et al. Organização tópica da conversação. In: ILARI,
Rodolfo (org.). Gramática do Português Falado. Volume II: Níveis de Análise
Lingüística. Campinas: Editora da UNICAMP/FAPESP, 1990.
JUBRAN, C.C.A.S. Tópico discursivo. In: JUBRAN, C.C.A.S. e KOCH, I.G.V.(orgs.).
Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, 2006.
Vol. I – Construção do texto falado.
________. Revisitando a noção de tópico discursivo. Cadernos de Estudos Lingüísticos.
O Tópico Discursivo 48(1). Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2006b, p. 33-41.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto, 5. ed. - São Paulo:
Cortez, 2006.
______. Introdução à lingüística textual : trajetória e grandes temas. 1ª ed – São Paulo:
Martins Fontes, 2004.
______. O texto e a construção dos sentidos, 9. ed. – São Paulo: Contexto, 2008.
______. Como se constroem e reconstroem os objetos de discurso. Revista
Investigações,
v.
21,
n.
2,
jul./2008.
Disponível
em:
<http://www.ufpe.br/pgletras/Investigacoes//volume-21-N2.html>. Data de acesso:
14/03/2010.
KOCH, I.; PENNA, M.
A. Construção/reconstrução de objetos-de-discurso:
manutenção tópica e progressão textual. Cadernos de Estudos Lingüísticos, Campinas,
v. 48(1), p. 23-32, 2006.
PALUMBO, Renata. “Referenciação e Argumentação: a dinâmica nas orientações
argumentativas em debates políticos televisivos”. Tese de mestrado, Universidade de
São Paulo, 2007.
PINHEIRO, Clemilton Lopes. O tópico discursivo como categoria analítica textualinterativa. Cadernos de Estudos Lingüísticos, v. 48(1), p. 43-52, 2006.
REZENDE, R.C. “O tópico discursivo em questão: considerações teóricas e análise de
uma narrativa literária” in Caderno de Estudos Lingüísticos n.48, 2006.
Download

Referenciação e progressão tópica em uma entrevista jornalística