225 entre os indígenas (como assassinato, suicídio, entre outros). Tem como objetivo apresentar
a cultura indígena para o restante da população.
A cidade de Dourados faz fronteira com o estado de Paraná, e está próxima ao
Paraguai e é itinerário para à Bolívia, além de fazer parte das rotas para outros países sulamericanos. Vale ressaltar que a fronteira, em sua grande maioria, é seca, ou seja, é
permissiva ao fácil trânsito entre esses espaços, ora incertos. Assim, não apenas se pode
levar em consideração a fronteira como um ambiente, um local, um entre-lugar, mas
também como um estado de ser-fronteira. Essa periferia fronteiriça não configura somente
aquele espaço incerto, mas também a produção social e cultural. Para tanto, a
epistemologia centro/periferia suprirá o princípio de que a “periferia não qualifica nem
desqualifica um pensamento, mas o situa” (ACHUGAR, 2006, p. 90). Entendendo, portanto,
fronteira como um território onde os diferentes povos, as diferentes culturas se instigam, por
meio dos limites sociais impostos.
Os jovens indígenas do grupo Brô MC's, de etnia Guarani e Kaiowá, buscam, em
vista disto, demonstrar, através do gênero musical subalterno rap, que a população indígena
almeja conquistar e consolidar sua voz, por sua vez, subalterna e periférica. As letras, em
grande maioria, permeiam o bilinguajamento, ou seja, as ideias são verbalizadas tanto em
língua portuguesa, quanto em língua guarani; e, dessa forma, podem alcançar não apenas a
população indígena, mas o restante da população latina brasileira. Tendo em vista essa
característica, consideramos necessário, no desenvolvimento deste artigo, discussões sobre
tal teoria, valendo-se da premissa de que “a partir da fronteira do sistema mundial
colonial/moderno, trazendo à discussão a ‘dupla consciência’” (MIGNOLO, 2003, p. 83). A,
também, a imprescindibilidade em delimitar o lócus enunciativo do grupo, portanto, uma
“nova consciência mestiza, de Glória Anzaldúa, baseados nas experiências das áreas
fronteiriças” (MIGNOLO, 2003, p. 83). Partindo do bilinguajamento, não podemos deixar de
reiterar que a fronteira não trata apenas de limites geográficos, mas também o estado do
indivíduo numa epistemologia pós-colonial, e corrobora, então, em como se dá a identidade
do indígena a partir desse seu lócus enunciativo fronteiriço, subalterno e periférico.
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