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PROJETO A VEZ DO MESTRE
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EDUCAÇÃO INFANTIL: ESPAÇO PARA FORMAÇÃO DE
Por: Elizabeth Fátima dos Santos
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FUTUROS LEITORES
Orientadora
Professora: Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2008
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO INFANTIL: ESPAÇO PARA FORMAÇÃO DE
FUTUROS LEITORES
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como condição prévia para
a conclusão do curso de Pós-graduação
“Lato
Sensu”
em
Educação
Infantil
e
Desenvolvimento.
Por: Elizabeth Fátima dos Santos
2
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por mais
esta conquista acadêmica e a todos que, de
alguma forma, me incentivaram e ajudaram
no decorrer deste curso.
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, amigos
e aos alunos de Educação Infantil que foram
minha motivação para buscar a realização
deste curso.
4
RESUMO
Ao longo deste trabalho, procuramos demonstrar que um dos maiores
desafios da escola no Brasil é conseguir desenvolver no aluno o gosto pela
leitura, colaborando para que ele se transforme em um bom leitor no futuro.
Deste modo, consideramos a Educação Infantil como um espaço
dinâmico, rico, acolhedor e capaz de contribuir na formação de cidadãos éticos
e plenos de suas capacidades. Preocupamo-nos em mostrar que é possível
estimular o aluno a gostar da escola e de tudo que é relacionado ao mundo
letrado, e, para isso, observamos que é essencial que o professor estabeleça
com seus alunos a melhor rotina para a turma, conscientizando-se que a rotina
também educa e é útil para a vida dos estudantes. A criança aprende mais e
melhor quando sente que é ouvida e pode junto com o professor organizar as
tarefas diárias.
No Capítulo I, conhecemos a história da Literatura Infantil desde suas
primeiras publicações no final do século XVII, até os dias atuais com livros
destinados as diversas faixas etárias. Vimos, neste capítulo, que os livros de
histórias infantis são os melhores materiais que o professor dispõe para
incentivar o aluno a criação deste hábito e com prazer.
Rodas de leitura e leitura compartilhada são estratégias utilizadas na
formação de leitores e um momento ímpar no desenvolvimento da oralidade e
da expressão, além de permitirem que se desenvolvam diversos trabalhos
sobre os temas lidos.
Dentro desta mesma perspectiva de análise desenvolvemos o Capítulo
II, aonde vimos à importância do ambiente para a turma de Educação Infantil,
que necessita de espaço físico adequado para a exploração e descoberta,
facilitando seu desenvolvimento de forma plena.
Seguindo esta linha de abordagem, verificamos no Capítulo III a
necessidade da formação do professor que atuará na turma de Educação
Infantil. Este professor deverá ter a compreensão da importância de sua
atuação junto à criança pequena e ter a oportunidade de estar constantemente
se atualizando, melhorando a cada dia seu fazer educativo.
5
Essa questão está longe de ser esgotada. Nós professores de Educação
Infantil temos que colaborar para que novas reflexões e ações sejam possíveis
no processo de formação de um público leitor. Ao longo desta pesquisa
bibliográfica confrontamos informações, mostrando que a paixão pelos livros é
possível e fundamental. Quando a instituição investe em seu profissional, incita
este professor a criar estratégias eficientes de estímulo à leitura e, com isso o
aluno tem desde cedo acesso a várias informações e linguagens que
possibilitam desenvolver seu hábito de ler e o conseqüente gosto pela leitura.
6
METODOLOGIA
Este trabalho será realizado através de pesquisas bibliográficas de
autores diversos, como: Nazira Salem, Elvira de Souza Lima, Paulo Freire,
Tereza Casasanta e outros; de textos retirados da Internet, revistas Pátio e
Nova Escola, apostilas sobre o tema e a observação de uma turma de
Educação Infantil de quatro anos, na hora da Roda de Leitura, da Roda de
Conversa e nos exercícios posteriores.
7
SUMÁRIO
Introdução
08
Capítulo I – A História da Literatura Infantil
10
Capítulo II – O Ambiente de Educação Infantil
18
Capítulo III – A Formação do Professor de Educação Infantil
25
Conclusão
32
Bibliografia
33
8
INTRODUÇÃO
A formação de leitores na Educação Infantil é o tema escolhido para o
desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, que buscará mostrar ao leitor de
que forma a Educação Infantil poderá representar um espaço capaz de
propiciar a formação de futuros leitores.
A sala de aula deverá ser um espaço cheio de estímulos, fazendo com
que a criança tenha impulso de explorá-la de forma prazerosa, buscando novos
conhecimentos de modo lúdico.
O professor tem no espaço da sala de aula a oportunidade de estimular,
desde o princípio da vida escolar do aluno, o gosto pelo livro e, sendo assim, o
ambiente deverá favorecer a este hábito, oferecendo ao aluno o contato com o
livro, que deverá estar disponível para ser observado, folheado, instigando,
desta forma, a curiosidade do aluno, o qual ficará cada vez mais desejoso de
ter contato com a leitura.
Segundo Oliveira e Palmieri, no Caderno do Professor da Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, quando o professor conta uma história, o aluno viaja
pelo mundo da imaginação, interagindo com os personagens, podendo
elaborar conceitos éticos e morais, a partir das atividades secundárias que
serão realizadas após o contar da história, pois, neste momento, o professor
poderá trabalhar os valores transmitidos nas histórias infantis, com discussões,
dramatizações, comentários, etc., e, com isso, o aluno poderá refletir sobre os
comportamentos existentes nos personagens, percebendo o certo e o errado,
transferindo para a sua vida os valores trabalhados.
O professor de Educação Infantil deverá estar atento à necessidade de
estar constantemente se atualizando, investindo em sua formação, ficando,
então, mais qualificado para atuar com o seu público alvo.
Esta pesquisa tem como objetivo mostrar que é possível desenvolver no
aluno de Educação Infantil o gosto pela leitura e será desenvolvida em três
capítulos. No primeiro capítulo, será mostrada a história da Literatura Infantil.
No segundo capítulo, será abordada a importância de um ambiente de sala de
aula adequado, proporcionado à formação de futuros leitores de forma lúdica e
9
criativa, e, no terceiro e último capítulo, haverá a oportunidade de se repensar
a formação do professor, que atuará no público de Educação Infantil.
Será observada uma turma de Educação Infantil de quatro anos, da
Rede Pública Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, na hora do conto e no
trabalho desenvolvido pela professora da turma, após o contar da história.
10
Capítulo I
A História da Literatura Infantil
A história não acaba quando chega ao fim. Ela permanece
na mente da criança, que a incorpora como um alimento de
sua imaginação criadora. (Coelho, 1991, pág. 59)
Segundo Casasanta (1974), contar histórias é a mais antiga das artes,
pois, no passado, o povo sentava ao redor do fogo, não só para se esquentar,
mas também para conversar, contar casos, contar suas histórias, passando
assim suas tradições para todos que ali estavam. Pessoas que estavam longe
de seus países contavam suas histórias, guardando, portanto, suas tradições e
seus idiomas.
Contar histórias tornou-se uma profissão em vários países, e, com a
chegada da imprensa, os jornais e livros tornaram-se os grandes transmissores
de cultura dos povos. A história se incorporou definitivamente a nossa cultura,
ao entrar em nossas casas, encantando a todos.
Os primeiros livros para crianças foram produzidos ao final do século
XVII e durante o século XVIII, pois, antes disso, a infância não existia
(Zilberman, 1982), não havia uma consideração especial para a criança, que
era tratada como um adulto em miniatura. O espaço era compartilhado por
pequenos e grandes e a criança não era percebida como um ser em formação.
Foram as modificações acontecidas na Idade Moderna e solidificadas no
século XVIII que facilitaram o surgimento da Literatura Infantil. Salem (1970)
coloca-nos que a criança começa a ser considerada pelas Ciências –
psicológica, sociológica e educacional – como um ser diferente do adulto, com
capacidades e necessidades próprias ao seu gradativo desenvolvimento.
Baseadas nesses estudos surgem diversas obras destinadas à criança,
como Branca de Neve e os Sete Anões, O pássaro de Ouro, A Touca Mágica,
entre outros, que eram contos adultos adaptados ao gosto infantil.
11
Até o começo do século XIX, as obras infantis apresentavam uma feição
moral e didática, mas depois que Frobel apresentou sua reforma educacional,
caracterizada por uma acentuação da importância da criança e de seus
interesses, a Literatura Infantil apresentou um caráter recreativo, sem ter a
finalidade de dar lições de moral ou de instruir, mas buscando apenas
despertar o interesse da criança. Por isso, os autores começaram a utilizar o
elemento encantado, o fantástico, o maravilhoso, o faz-de-conta, e foram
buscá-los nos contos de ficção do passado.
Os autores infantis que surgiram não tiveram outra intenção que não
fosse a de recrear seus pequenos leitores.
Desde o seu início, a Literatura Infantil passou por várias etapas, até que
na segunda metade do século XX, os estudos da Pedagogia e da Psicologia
Infantil, se aperfeiçoaram de tal forma, que hoje em dia há livros de Literatura
para cada fase da infância, desde livros que só apresentam ilustrações
(destinados à 1ª infância), até os que apresentam somente a parte escrita,
destinada aos adolescentes e adultos.
A Literatura Infantil busca, hoje em dia, não só recrear, mas também
instruir a criança como ser em formação, pois é um veículo poderoso na
educação, auxiliando na formação da personalidade e do caráter das crianças,
futuros leitores e futuros dirigentes de nações.
Para Coelho (2002), a Literatura Infantil é, antes de tudo, literatura; é
arte: um fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida
através das palavras. A Literatura Infantil é uma comunicação histórica entre o
escritor e a criança, escritor este que buscará através dela incutir valores,
participando, assim, na formação de um adulto mais consciente de seus
direitos e deveres diante da sociedade, respeitando a tudo e a todos que
passarem no seu caminho.
Os professores sabem que a leitura é uma arte e, como tal, precisa ser
constantemente exercitada. Quanto maior for o interesse da criança pelos
livros, mais fácil lhe será adquirir experiência em leitura.
12
Proporcionar que a criança se interesse pela leitura, ajudá-la nas suas
escolhas pelas obras que satisfaça as suas necessidades e interesses, ajudála a perceber valores, a estabelecer comparações e a concluir por si mesma, é
a grande tarefa do professor.
Para alcançar estes objetivos é preciso que o professor faça um
planejamento cuidadoso de suas atividades de leitura. Segundo Casasanta
(1974), existem três aspectos bastante relevantes a serem considerados no
seu planejamento:
1. Organização do material adequado a ser utilizado pelos alunos –
Deve-se apresentar uma literatura variegada para enriquecer as
experiências da criança e para melhor satisfazê-la.
2. Criação de um ambiente educacional interessante e sugestivo – o
ambiente escolar deve ser o mais rico possível e esta riqueza não diz
respeito só ao material que ali se encontra, mas as relações
estabelecidas entre todos da turma.
3. Criação de atividades específicas que ajudem a criança a
desenvolver as habilidades de apreciação literária – Os professores
devem utilizar-se de variados recursos para enriquecer as experiências
de sua turma, como alguns em seguimento citados:
•
Contar diversos tipos de histórias, ilustrando-as no quadro de
giz ou flanelógrafo;
•
Promover dramatizações das histórias contadas;
•
Incentivar a turma a concluir uma história que não foi contada
integralmente;
•
Deixar que a turma desenhe livremente a história que acabou
de ser contada;
•
Eleger com a turma o livro da semana, do mês;
•
Incentivar a leitura dos livros pela turma, mesmo que a criança
ainda não tenha se apropriado do processo de leitura e
escrita;
13
Na publicação Using Literature With Young Children, Jacobs Leland,
professora da Universidade de Columbia, EUA, diz que os livros infantis podem
de modo geral ser classificados em quatro categorias:
1. Informativos – São aqueles que informam alguma coisa. A informação
pode ser sobre o mundo natural, o mundo científico ou o mundo
tecnológico. Qualquer que seja o seu conteúdo, os livros informativos
para crianças deveriam apresentar informações que foram selecionadas,
evitando generalizações desnecessárias ou fatos abordados sobre um
único ponto de vista. Devem ser escritos em estilo literário agradável,
com enredo atraente à faixa etária do leitor;
2. Sentimentais – Estes giram em torno de conceitos ou sentimentos, algo
em comum com a experiência da criança pequena. O livro sentimental
sensibiliza o espírito da criança para alguma coisa que ela já conhece,
mas de maneira que este conhecimento seja percebido de modo quase
inconsciente;
3. Ficção – Os livros de ficção apresentam sempre uma história
verdadeira. Um personagem, num ambiente real ou imaginário, move-se
por meio de uma série de ações tão complicadas que uma solução se
torna necessária. As ficções infantis abrangem histórias reais e do fazde-conta. Tanto podem ser histórias clássicas (Cinderela), como as
recentes (Harry Potter). Os livros de ficção devem ser escritos com
simplicidade e beleza, atingindo se possível, o maior número de
crianças;
4. Poesias – A poesia oferece a criança as melhores palavras em sua
melhor ordem. Desde os versos mais simples aos poemas mais
elaborados e selecionados de grandes poetas, a poesia merece lugar de
destaque num programa de Literatura Infantil. Poesias bem escolhidas,
que apresentem verdadeiro conteúdo poético, utilizem palavras
apropriadas ao sentimento que pretendem despertar e que tenham som,
ritmo e melodia, fazem à delícia das crianças.
14
A criança possui uma curiosidade natural, deseja saber sempre mais e a
prosa e a poesia podem auxiliá-la de vários modos:
•
Fornecendo-lhe informações sobre a natureza, o mundo, o homem e a
humanidade;
•
Ajudando-lhe a formar atitudes e a desenvolver conceitos;
•
Transportando-a a lugares e circunstâncias imaginárias, que vão lhe
proporcionar maior visão, que vão além da realidade familiar.
À medida que for apreciando a literatura, a criança irá ampliar e
aprofundar sua base de conhecimento e aperfeiçoar sua sensibilidade. Irá
adquirir, principalmente, uma atitude positiva em relação ao livro, que
perceberá como fonte de sabedoria e beleza, refletindo as muitas faces que irá
apresentar.
O professor de Educação Infantil deve colocar à disposição da criança
os livros que tenham muitas ilustrações, com poucas palavras, pois chamarão
mais atenção da criança pequena, favorecendo o gosto pela exploração do
livro.
As histórias podem ser apresentadas nas rodas de leitura, que
favorecerá o encaminhamento para uma roda de conversa, em que a criança
terá toda liberdade de se expressar, desenvolvendo sua oralidade, já que é um
espaço para colocar suas opiniões, falar sobre o livro que foi lido e sobre as
novidades de seu dia a dia familiar.
Na roda de leitura, o professor poderá trabalhar alguns aspectos como:
•
Desenvolver o gosto pela leitura e pelo livro;
•
O favorecimento ao aprendizado significativo da leitura e escrita;
•
Trabalhar as infinitas possibilidades de ler o mundo;
•
Trabalhar a habilidade de ouvir e interpretar;
•
Desenvolver a imaginação e liberar o pensamento;
•
Ler diferentes tipos de textos;
15
•
Desenvolver a oralidade, ampliando a capacidade de se comunicar da
criança;
•
Organizar o pensamento, para expressar suas idéias;
•
Desenvolver de forma progressiva a capacidade de argumentação,
elaboração e discussão das hipóteses;
•
Capacidade de ouvir o outro falar, refletir, questionar e argumentar;
•
Trabalhar os valores apresentados nas histórias contadas, fazendo uma
ligação com a vida da criança.
Segundo Coelho (1991), o professor poderá contar uma história de
várias formas para chamar a atenção de seus alunos. Poderá contar como uma
simples narrativa, com o auxílio do livro, com gravuras, com o uso do
flanelógrafo, com desenhos e com a interferência do narrador e dos ouvintes.
Para cada situação, ele deverá lançar mão de um recurso.
Segundo Malba Tahan (1957), existem algumas características que o
professor contador de história deve ter:
A. Sentir, viver a história; ter a expressão viva, ardente e
sugestiva – a história deve despertar a sensibilidade de quem
conta, sem emoção não terá sucesso.
B. Narrar com naturalidade sem afetação – o vocabulário utilizado
deve ser adequado ao público ouvinte. Na oralidade é preciso ser
claro e objetivo.
C. Conhecer com absoluta confiança o enredo – o professor tem
de estar seguro do que vai contar.
D. Dominar o interesse do público – sempre buscar maneiras de
fazer com que os ouvintes permaneçam concentrados na história.
E. Contar dramaticamente – o professor pode se passar por um
dos personagens ou por todos.
F. Ser comedido nos gestos – se exagerar em gestos sem
objetivos, quando fizer um que seja necessário, para melhor
entender à história, não será notado.
16
G. Ter espírito inventivo e original – contar as histórias com suas
próprias palavras. Contar o que está velho de forma nova. Se a
história for de um livro, deve ser adaptada, pois a linguagem
escrita é diferente da oral.
É de suma importância que o professor seja, antes de tudo, um leitor,
pois só quem lê pode ensinar o gosto pela leitura. A criança, com raras
exceções, não poderá ser despertada para gostar dos livros, revistas, jornais e
tudo que estiver relacionado ao mundo das letras, se não tiver incentivo para
isso, se não tiver exemplos a seguir.
Se é praticando que se aprende a nadar,
Se é praticando que se aprende a trabalhar,
É praticando também que se aprende a ler e a escrever.
Vamos praticar para aprender melhor,
Vamos ler. (Freire, 2005, p.47)
Os pais devem ser envolvidos em todo processo de exploração,
descobrimento e aprendizagem da criança, pois é preciso compreender que a
criança deverá ter contato com os livros desde seus primeiros anos, e que eles,
pais, entendam que não devem deixar só por conta da escola o incentivo pela
leitura, e que também leiam para seus filhos.
Trabalhando atividades de leitura, desde a Educação Infantil, a escola
possibilitará a formação de um maior número de leitores no futuro. Segundo
Maricato (2007), é preciso deixar o aluno escolher o livro que será lido, seja
pelo gênero, pela imagem, pela capa, pelas letras, pelo tamanho, e não só por
indicação do professor. Sem dúvida, professores e pais que gostem de ler
estimularão mais a prática da leitura por parte da criança.
Capello, Coelho, Fernandez e Cabral (2005), dizem que é preciso
compreender que, quando lemos estamos nos posicionando diante do mundo;
mas, ao mesmo tempo, esta nossa posição depende do que construímos sobre
este mundo, a partir das possibilidades com que ele nos brindou e no que ele
17
deixou de nos presentear. Lemos de acordo com concepções que construímos
a partir de nossas condições objetivas de vida. Devido à condição étnica,
geográfica, cultural, podemos acumular experiências ou não, que nos
possibilitem ir além ou ficar aquém do texto lido.
Podemos dizer que a produção da leitura sofre a interferência de nossas
possibilidades sobre ela. Se tivemos determinado conhecimento sociocultural,
originado por diversos fatores que nos favoreceram durante a vida, nossas
leituras poderão ser mais profundas ao contrário se as condições que tivemos
foram adversas, nossa prática de leitura refletirá essa limitação.
Portanto, é necessário que a escola assuma o seu papel e perceba que
deve ter uma prática de inclusão de seus alunos ao mundo letrado, para que a
criança se aproprie cada vez mais do conhecimento e do saber e tenham mais
condições de refazer a leitura do mundo.
Fábulas, contos de fadas, poemas, romances, um verdadeiro manancial
de possibilidades, e todas deliciosas.
Séculos se passaram desde o surgimento da Literatura Infantil e outros
tantos anos nos separam das histórias de príncipes e princesas contadas de
geração em geração e ainda assim, continuamos não apenas lendo, mas
criando releituras desses textos ancestrais.
Em suma, são infindáveis as possibilidades de textos que o professor
tem para trabalhar, e nem precisa ir tão longe, basta procurar aqui mesmo,
entre os autores brasileiros, como Monteiro Lobato, Ziraldo, Ruth Rocha e
tantos outros que acrescentam tanto para a Literatura Infantil e para o
crescimento pessoal de cada criança.
18
Capítulo II
O Ambiente de Educação Infantil
Todas as crianças têm direito a um espaço digno e sadio,
ao
conhecimento,
à
educação
de
qualidade,
com
professores que também sejam tratados e vistos como
sujeitos sociais que produzam cultura e sejam sujeitos da
história. (KRAMER, 2003, p.13)
O ambiente de Educação Infantil não é só o espaço físico, mas a forma
como é utilizado. Ele é constituído não só por engenheiros, arquitetos e
operários, mas também pelas crianças e educadores, aqueles que vão lhe dar
vida (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil).
Lima (2002) nos diz que a criança de Educação Infantil precisa de
espaço amplo, onde possa expandir seus movimentos, pois a criança pequena
gosta e precisa explorar seu ambiente, seu corpo, os objetos e tudo que estiver
em sua sala de aula, posturas que facilitam a construção de sua autonomia.
É preciso planejar atividades que permitam a movimentação livre da
criança, a realização de brincadeiras, jogos e, especialmente, o faz-de-conta,
que pode ser estimulado através do contar de histórias e da disponibilidade de
roupas e objetos para este fim.
É muito importante que a criança de Educação Infantil tenha acesso em
sua sala de aula a livros, revistas, jornais, gibis e tudo que a incentive ao
mundo das letras.
Oliveira e Palmieri enfatizam que o livro, em especial, deverá ter um
espaço reservado a ele na sala de aula, aguçando, destarte, a curiosidade da
criança, que poderá observá-lo, folheá-lo, “lê-lo”, ficando cada vez mais
desejoso de ter contato com a leitura.
A estruturação do espaço, a organização dos materiais, sua qualidade e
adequação são elementos essenciais de um fazer educativo de qualidade. Os
19
professores preparam o ambiente para que a criança possa aprender de forma
ativa na interação com as outras crianças.
Lima (1989) diz que a instituição de Educação Infantil deverá ser espaço
que garanta o imprevisto e que possibilite o convívio das mais variadas
diferenças. Para a criança, existe ali o espaço-alegria, o espaço-medo, o
espaço-proteção, o espaço-mistério, o espaço-descoberta, enfim, os espaços
da liberdade ou da opressão.
O espaço físico assim concebido não se resume a sua metragem, e sim
ao seu ambiente, isto é, ambientar a criança, acolhendo-a, pois assim ela se
sentirá mais segura, confiante e aberta às novas experiências.
Rosemberg e Campos (1994) falam que a organização do espaço físico
das instituições de Educação Infantil deve levar em consideração todas as
dimensões humanas potencializadas nas crianças. O imaginário, o lúdico, o
artístico, o afetivo, o cognitivo e tudo mais que permita o pleno
desenvolvimento da criança, possibilitando-a crescer em todos os aspectos
humanos.
Os espaços a serem utilizados serão explorados durante todo o tempo e
devem ser pensados e estruturados de forma responsável, para que
possibilitem uma melhor movimentação e desenvolvimento da criança, de
forma segura, sem riscos de acidentes. O mobiliário deve ser leve e com
múltiplas funções, adequando-se a cada situação de ensino.
Deverão existir áreas internas, como as salas de aula e áreas externas,
como o pátio e onde funcionará o parque, local de suma importância para o
desenvolvimento psicomotor e emocional da criança de Educação Infantil. É
preciso haver uma reflexão no planejamento destas áreas, pois não basta ter
boa vontade em implementar a Educação Infantil na instituição de ensino, é
necessário que haja um investimento material e humano adequados às
necessidades da criança pequena, com professores qualificados para o
atendimento a estas turmas. O professor que trabalha no Ensino Fundamental
e que gostaria de atuar com as turmas de Educação Infantil deverá entender a
20
necessidade de participar de programas de formação continuada, pois nem
sempre compreendem a importância da Educação Infantil e acabam achando
que a criança está ali somente para brincar e não para se desenvolver com
plenitude. O professor deve ser o primeiro a compreender que toda brincadeira
feita na Educação Infantil tem objetivo e não é um simples brincar por brincar.
Segundo Borba (2006), na hora da brincadeira, a criança:
•
Desenvolve a criatividade, o imaginário, a organização, a socialização, a
integração, o respeito e a confiança;
•
Cria com a turma e o com o professor os combinados, que são as regras
de conduta;
•
Brinca com o corpo;
•
Expressa sua forma de ver o mundo e se organiza o tempo inteiro;
•
Faz o uso de várias linguagens, tão necessárias para o seu
desenvolvimento.
A decoração também deve ser pensada para facilitar a exploração e
aprendizagem da criança, pois estimula a imaginação e enriquece as
brincadeiras. As salas de aula devem ser pintadas com cores em tons pastéis,
com mobiliário leve, simples e em quantidade suficiente para as idas e vindas
da criança sem o perigo de ficarem esbarrando o tempo todo nos móveis. A
forma
de
organização
pode
comportar
ambientes
que
permitem
o
desenvolvimento das atividades diversificadas e simultâneas, os chamados
cantinhos ou áreas de atividades, que favorecem a escolha pela criança da
atividade que pretende participar.
Como exemplos de cantinhos, temos:
•
Cantinho da leitura - Deve-se dar uma atenção especial ao cantinho da
leitura, pois é ali que a criança começará a viajar pelo mundo do faz de
conta e a conhecer a importância das letras. Deve haver muitos livros,
revistas, jornais, encartes e tudo que puder facilitar a descoberta das
letras pela criança;
21
•
Cantinho da modelagem - No cantinho da modelagem, a criança irá
trabalhar os pequenos músculos e desenvolver a socialização;
•
Cantinho da dramatização – espaço que estimula a oralidade e a
criatividade;
•
Cantinho dos jogos – o jogo facilita a aprendizagem, possibilita a
socialização e a criação de regras de conduta;
•
Cantinho dos desenhos, pintura, recorte e colagem – a criança aqui
desenvolve os pequenos músculos, a criatividade, e expressa seus
sentimentos.
Cada cantinho é uma oportunidade que se dá a criança para se
desenvolver e o professor neste momento é o grande mediador de todo
processo, pois vai mostrar a criança que os combinados devem ser respeitados
e ela deverá esperar sua vez para mudar de área de atividade.
É preciso levar em consideração que a criança precisa de espaços
amplos onde possa se expandir e se movimentar, de liberdade para escolher o
cantinho que vai trabalhar, de materiais de fácil acesso e seguros que levem
em consideração sua idade e altura, de áreas destinadas à criatividade, ao faz
de conta, ao desenvolvimento de suas diferentes linguagens.
A sala de aula não deve estar totalmente pronta já no início do ano, pois
assim a turma poderá participar da estruturação de seu ambiente.
Quanto aos materiais, deve-se colocar a disposição tudo que é
necessário para que o faz-de-conta seja o mais real possível, como:
•
Chapéus, bolsas, bijuterias;
•
Sapatos, roupas de adulto, fantasias;
•
Bonecas de pano, bebês e barbies;
•
Utensílios domésticos;
•
Móveis de casinha;
•
Instrumentos musicais;
•
Carrinhos, caminhões, trens, aviões, navios.
22
O tema a ser utilizado na hora de brincar vai variar de acordo com os
interesses e as necessidades da criança e o professor deve criar espaços onde
determinadas situações são favorecidas.
A área externa também deve receber toda atenção por parte da
instituição e do professor. Ela é a continuidade do espaço da sala de aula e por
isso também deve ser um espaço rico para exploração.
Os brinquedos do parque como os balanços, escorregas, casa de
bonecas, gangorras, são bastante relevantes no desenvolvimento da criança,
pois estimulam não só seu desenvolvimento psicomotor e sua socialização,
como também seu desenvolvimento emocional, pois o faz de conta mais uma
vez se instala e balanços se transformam em meios de transportes, naves
espaciais, a casa de bonecas fazem a criança imaginar que são pais, mães,
filhos e então suas vivências vêm à tona e a criança tem a oportunidade de se
reorganizar emocionalmente.
O professor que compreende que o espaço de Educação Infantil é de
grande valor para a formação de futuros leitores, deve se preocupar em
oferecer recursos visuais para que a criança tenha cada vez mais contato com
as letras e não pode abrir mão de ser um eterno contador de histórias.
Ouvir contos de fadas e incorporar imagens que ele
representa, pode ser comparado a espalhar sementes,
onde só algumas ficarão trabalhando na mente de
imediato,
outras
estimularão
processos
no
seu
inconsciente. Outras precisarão descansar muito até a
mente alcançar um estado adequado para sua germinação
e muitas criarão raízes. Mas as que caírem no solo se
transformarão em lindas flores e árvores robustas e com
isso enriquecerão a vida no momento e daí pra frente.
(Bettelheim, 1980, p. 198)
23
A criança está em contato com as letras desde que era bebê e na sala
de Educação Infantil este contato deve ser ampliado, para que seja assim
estimulada a “ler” o mundo. Estes estímulos podem ser através de: cartazes,
avisos, livros, revistas, jornais, gibis, encartes, alfabetários construídos junto
com a turma, e tudo mais que não poderá faltar em uma sala de aula.
A criança de 4 a 6 anos intensifica seu processo de letramento nas
turmas de Educação Infantil, passo importante para sua alfabetização no
Ensino Fundamental e por isso deve ser estimulada o tempo inteiro para que
este processo ocorra sem dificuldades. É nesta faixa etária que a criança
demonstrará maior interesse em compreender a linguagem escrita. Tentam ler
tudo que há para ser lido e iniciam suas experiências com a escrita. Neste
momento o professor deve utilizar na sala de aula de todos os recursos que
possam favorecê-la, como:
•
Calendário;
•
Mural do tempo;
•
Quadro de giz;
•
Relógio;
•
Quadro de pregas;
•
Blocão;
•
Livros, jornais, revistas, gibis;
•
Alfabetos móveis;
•
Jogos que estimulem a leitura e a escrita.
Nas interações que são criadas quando desenvolvem as atividades, a
criança pensa, imagina, constrói, cresce, desenvolvendo-se de forma plena,
ampliando sua aprendizagem dia a dia e o tempo que passa na escola deve
dar a esta criança a oportunidade de aprender, de conviver, de organizar, de se
reorganizar enquanto sujeito. A sala de aula deverá ser um espaço onde tenha
experiências diversificadas que não são possíveis em sua casa, ou em
qualquer outro espaço que não tenha a mediação de um professor qualificado.
24
Então concluímos que é necessário pensar em relação ao espaço das
salas de Educação Infantil, pois este espaço pode se tornar uma importante
ferramenta na prática pedagógica vigente em sala de aula e quando se
organizam os arranjos espaciais, deve-se pensar que em cada canto existe
uma oportunidade da criança desenvolver suas múltiplas inteligências e em
diversos ritmos, pois cada ser é único e tem seu próprio tempo aprendizagem.
Temos que entender que é ali que a criança tem a oportunidade de uma
educação formal de qualidade, e que um espaço físico interativo dará muito
mais chances da criança ter um desenvolvimento global de qualidade,
crescendo com valores éticos bem estabelecidos, tornando-se um adulto
saudável em todos os aspectos.
25
Capítulo III
A Formação do Professor de Educação Infantil
O profissional de Educação Infantil é aquele que sabe
mediar às experiências da criança pequena de modo a
contribuir positivamente para o seu desenvolvimento e sua
aprendizagem. (ORTIZ, 2007, p. 11)
O Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998) nos diz que
ainda hoje não temos acesso à realidade sobre os profissionais que atuam
diretamente com as crianças da Educação Infantil. Vários estudos mostram que
muitos destes profissionais ainda não têm formação adequada e trabalham sob
condições bastante precárias.
Segundo Barreto e Oliveira (1994), a formação do professor é um dos
fatores mais importantes para promover a qualidade na educação, qualquer
que seja o grau ou modalidade.
No caso da educação da criança pequena, a capacitação do profissional
é uma das variáveis que maior impacto causam sobre a qualidade do
atendimento. No Brasil, a relevância da questão, tem levado muitos estudiosos
e profissionais a promoverem discussões e elaborar propostas para a formação
do profissional de Educação Infantil.
Formação continuada, em serviço ou permanente, são termos muito
usados no momento, segundo Guimarães, Nunes e Leite (2005). Termos que
enfocam a formação como processo, pois têm um significado de incompletude
do sujeito humano e da dinâmica do processo de conhecer.
Estamos em um mundo onde a velocidade das informações se atropela
e baseado nesta realidade, o professor precisa compreender a necessidade de
estar constantemente se atualizando, buscando melhorar a cada dia o seu
fazer educativo.
26
Na Revista Pátio (2003), vemos que o professor de Educação Infantil
deve preparar-se para ser um pesquisador capaz de avaliar as diversas formas
de aprendizagem que estimulam sua prática cotidiana. Ele é alguém cuja
riqueza de experiências vividas deve ser integrada ao conjunto de saberes que
elabora o seu fazer docente.
Nas múltiplas situações criadas na Educação Infantil, a criança tem no
professor alguém qualificado para mediar seu desenvolvimento, auxiliando-a a
ampliar as linguagens que usa para representar e exprimir sua forma de
compreender o mundo.
Para Ortiz (2007), o professor de Educação Infantil precisa de uma
sólida formação profissional, não só as advindas de cursos de magistério e
pedagogia, mas daquela formação que todo cidadão deveria ter acesso, como
os conhecimentos de história, filosofia, antropologia, que oferecem alicerces
básicos e sólidos para que possa construir, compreender e confrontar
ideologias, uma vez que o universo educacional é calcado em representações
ideológicas.
Também é importante que o professor conheça as teorias de
desenvolvimento e aprendizagem, já que, na verdade, ele as difunde quando
as utiliza nas suas decisões educativas.
É preciso proporcionar aos professores acesso à formação continuada,
onde ele tenha a possibilidade de trocar experiências que estimulem a sua
prática de ensino.
A formação continuada deve fazer parte da rotina das instituições e não
pode ocorrer esporadicamente (Referência curricular Nacional para a
Educação Infantil – 1998).
As instituições devem propiciar condições para que todos os
profissionais participem de momentos de formação de naturezas diversas como
reuniões, palestras, visitas, atualizações por meio de filmes, dvds, etc.
27
Mas o principal de tudo isso, é que o professor compreenda a
necessidade de estar constantemente se atualizando, percebendo que a
formação continuada tem como objetivos propor novas metodologias e colocar
os profissionais em contato com as discussões teóricas atuais, visando
contribuir para as mudanças que se fazem urgentes para a melhoria da ação
pedagógica na escola.
Segundo Lacerda (2008), para que o professor tenha assegurada a
oportunidade de aprimorar seu trabalho, se faz necessário que os programas
de atualização conjuguem alguns fatores de suma importância, como:
•
Conhecer a realidade local – Fazendo a consulta aos professores
para que possa haver um planejamento coerente com as
necessidades apresentadas;
•
Usar formadores com experiência – Quem já lecionou para um
determinado nível de ensino, tem mais facilidade para entender
quem está nessa posição;
•
Valorizar o contexto dos profissionais – É muito importante
agrupar os profissionais de acordo com sua área de atuação, suas
expectativas e objetivos;
•
Fazer a previsão de atualização para todos – é essencial que
todos os professores tenham acesso a programas de atualização de
seus estudos, garantindo assim melhores resultados para todos.
•
Ter o foco no conhecimento didático – o professor precisa saber o
quê e como ensinar; precisa saber intervir na hora certa, tornando-se
de fato um grande mediador no processo de ensino-aprendizagem.
A expansão da Educação Infantil, no Brasil e no mundo, tem ocorrido de
forma crescente nas últimas décadas, mostrando que a sociedade está mais
consciente da importância das experiências desta faixa etária, o que motiva
demandas por uma educação institucional de qualidade para a criança da Préescola.
28
Diante de toda essa expansão, as funções do profissional que atua junto
a Educação Infantil vêm passando por reformulações profundas. O que se
esperava dele há algumas décadas atrás, não corresponde mais aos dias de
hoje.
Os debates têm indicado a necessidade de uma formação inicial e
continuada mais abrangente e unificadora para esses profissionais, ao lado de
seus colegas que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sem,
contudo, perder as especificidades didáticas e procedimentais exigidas pela
criança da faixa etária atendida.
Para que a Educação Infantil se concretize como um segmento
importante no processo educativo, não bastam leis que a garantam e nem
diversas teorias elaboradas sobre o assunto. O educador que trabalha
diretamente com a criança pequena precisa estar continuamente se
atualizando, para exercer sua função da melhor maneira possível, de forma a
favorecer o desenvolvimento infantil de forma plena.
Este educador deverá estar em constante reflexão sobre sua prática,
debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e com toda
comunidade escolar, buscando assim, informações necessárias para que seu
trabalho tenha um melhor desenvolvimento.
É preciso que se amplie à reflexão a respeito das competências
fundamentais ao exercício da docência, tanto no âmbito da formação inicial
quanto no da formação continuada. Essas competências devem ser
desenvolvidas ao longo de processos de formação capazes de responder às
necessidades educacionais e culturais de todas as crianças que freqüentam a
Educação Infantil. Tal reflexão, além de fomentar a construção de processos de
formação continuada com qualidade, poderá orientar a elaboração de grades
curriculares para o ensino superior, de modo que responda às demandas do
novo perfil profissional.
29
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) inclui a Educação Infantil na educação
básica, sendo considerada como a primeira etapa desta e tendo como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos.
Para que se cumpram esses objetivos, de acordo com as Diretrizes
Nacionais para Formação Docente, é preciso partir do pressuposto que o bom
professor de Educação Infantil deve ser capaz de:
•
Construir um vínculo positivo com as crianças de Educação
Infantil;
•
Trabalhar com turmas de Educação Infantil, a partir da
compreensão
da
primeira
infância
como
uma
fase
de
aprendizagem e cuidados;
•
Proporcionar aos seus alunos acesso às diferentes linguagens
existentes, propiciando assim a construção de sua identidade e
conhecimento;
•
Organizar situações de aprendizagem adequadas a crianças de
Educação Infantil;
•
Planejar
pedagogicamente
a
Educação
Infantil,
elegendo
conteúdos a ensinar e suas didáticas;
•
Gerenciar o espaço escolar, levando em conta o desenvolvimento
e a aprendizagem específicos da faixa etária de seus alunos;
•
Trabalhar com crianças portadoras de necessidades especiais na
perspectiva da inclusão.
Felizmente, cada vez mais meninos e meninas têm acesso à Educação
Infantil. Chegam à escola em idades mais precoces e, embora ainda reste
muito por fazer, um número maior de famílias conta com uma escola para seus
filhos desde os primeiros anos, então outro aspecto bastante relevante é o de
saber relacionar-se com as famílias de seus alunos, uma vez que o professor
acolhe não só as crianças, mas também suas famílias. Seu papel neste
momento é interceder a favor da criança, favorecendo o fortalecimento do
vínculo entre ela e sua família, procurando valorizar os avanços e conquistas e
30
compartilhar com as famílias os diferentes momentos da vida escolar das
crianças.
As políticas educativas vêm sendo direcionadas no sentido de que todas
as crianças sejam educadas em meio formal, independente de suas condições
pessoais ou sociais. Esse maior acesso à escola de diferentes crianças e tipos
de famílias torna necessário ao professor modificar os antigos esquemas
utilizados, assim como colaborar com outros profissionais que atendam seus
alunos, e estarem dispostos a modificarem em parte sua ação educativa.
O profissional esperado para atuar junto às turmas de Educação Infantil,
é aquele que precisa comprometer-se com o bem-estar e o desenvolvimento
integral das crianças e com a qualidade do que apresenta a ela, fazendo uma
relação indissolúvel entre educar e cuidar, sendo preciso levar em conta que
em qualquer grupo, qualquer professor depara-se com uma ampla diversidade,
visto que as crianças são diferentes umas das outras em muitos aspectos,
como:
•
Diferença de idade dentro do próprio grupo;
•
Diferença de capacidades;
•
Diferença de estilos;
•
Diferença de oportunidades.
Deve-se ter um olhar bastante questionador em relação aos cursos de
formação de professores, pois a sociedade precisa de um professor que
eduque a criança contra as desigualdades, as formas historicamente impostas
de exclusão e contra todas as formas de violência, permitindo assim que seu
aluno seja capaz de exercer sua cidadania de forma plena, mas o que vemos
ainda hoje não é o ideal. Qualquer pessoa que decida ser professor tem atrás
de si uma experiência escolar, uma relação com seus próprios professores e
com o saber. Quando chega aos cursos de licenciatura, o que escuta vai,
exatamente, no sentido contrário de suas vivências. O ensino é incongruente
com o que se prega. Há um discurso que a escola deveria ser contrária ao que
a escola sempre foi e ainda é.
31
O corpo docente das universidades elogia com bastante entusiasmo
aqueles que avaliam seus alunos qualitativamente, porém ainda fazem suas
avaliações através de provas. Quem está saindo de um curso de licenciatura,
só fez prova a vida toda. Além disso, há muitos acadêmicos que nunca tiveram
uma experiência numa sala de aula de criança pequena, o que dificulta
bastante relacionar seus discursos com a realidade que seus alunos
encontrarão.
Finalmente, é importante considerar que para aprender o ofício docente,
o professor necessita, em primeiro lugar, construir uma atitude ética para com
sua função social, sendo capaz de enfrentar com segurança, ética, justiça e
solidariedade todas as questões atuais relativas ao direito universal de
educação para todos. Para isso é preciso que reflita sobre as representações,
teorias e os preconceitos que foram elaborados ao longo de sua vida. Que
respeite as diferentes crianças e suas famílias, tornando-se capaz de uma ação
educativa livre, abrangente e baseada em conceitos, procedimentos e atitudes
originárias de diversas áreas a que teve acesso, sendo então o grande
mediador entre a criança e o saber.
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CONCLUSÃO
O ato de ler é importante para o desenvolvimento da capacidade de
observar o mundo e, também, para despertar o senso crítico, a sensibilidade, a
imaginação para se escrever bem.
A leitura é um instrumento multidisciplinar, de conhecimento, descoberta
e entretenimento e possibilita que os professores utilizem este fundamento das
mais diferentes formas e para os mais variados fins.
A criança que aprende a gostar da leitura, aprende a vivenciar o que lê,
percebendo o real sentido daquilo que o texto está transmitindo.
Para que os alunos da Educação Infantil tenham interesse e apreciação
pela leitura, o professor deve estimular e tornar a leitura necessidade primordial
para a construção de conhecimentos e para o bom desenvolvimento da escrita.
O hábito da leitura é construído a partir das repetidas atividades propostas pelo
professor. Daí a grande importância das primeiras experiências, terem êxito e
serem dadas com prazer.
Os professores precisam acreditar na educação como possibilidade de
transformação. A partir do momento em que escolhem essa profissão, apesar
das dificuldades, os professores têm responsabilidades muito sérias a cumprir.
É na Educação Infantil, que o professor precisa perceber as diversas
potencialidades presentes em sua turma para que possa desenvolvê-las
tornando seus alunos multiplicadores dos conhecimentos e dos valores
sistematizados na escola.
O papel dos professores, em especial os da Educação Infantil, é ajudar a
fazer a diferença, tanto na sala de aula como na vida dos alunos e da
comunidade, realizando atividades que estimulem o gosto pela leitura em meio
a uma grande alegria experimentada por quem educa e por quem é educado.
Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa,
através do gosto pela leitura, será um grandioso e incomparável prêmio.
“Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas também
gratificante”. Paulo Freire
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Elizabeth Fátima dos Santos