Unidade
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A estrutura social e as
desigualdades
As desigualdades sociais instalaram-se no Brasil
com a chegada dos portugueses. Os povos
indígenas foram vistos pelos europeus como
seres exóticos e ainda hoje são alvo de
preconceito. Seguiram-se os africanos
escravizados, cujos descendentes sofrem
discriminação pelo fato de serem negros.
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As desigualdades sociais no Brasil
Na segunda metade do século XIX, em razão da
iminente extinção do escravismo, incentivou-se a
imigração europeia, sobretudo para fornecer mão
de obra às lavouras de café.
Os imigrantes encontraram nas fazendas condições
semisservis de trabalho. Em muitos casos, as pessoas
não recebiam pagamento em dinheiro; só recebiam
casa, comida e outros pagamentos em espécie.
Acervo Iconographia
A industrialização no Brasil começou no início do
século XX e intensificou-se a partir da década de 1950.
Houve, então, um
crescimento vertiginoso
das cidades e o
esvaziamento da zona
rural, formando-se um
proletariado industrial.
São Paulo, 1956. O presidente Juscelino Kubitschek
em visita à fábrica da Mercedes-Benz. O Plano de
Metas, modelo desenvolvimentista adotado e
popularmente conhecido como “50 anos em 5”,
trouxe excelentes resultados em curto prazo.
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As desigualdades sociais no Brasil
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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As desigualdades sociais no Brasil
A força de trabalho disponível não foi totalmente
absorvida pela indústria ou por outras atividades
urbanas.
Disso resultou a grande
massa de desempregados
e de semiocupados, que
vivia e ainda vive à margem
do sistema produtivo.
Juazeirão, Piauí, às vésperas do século XXI. Sala de aula feita de
pau a pique, medindo 9 metros quadrados. O modelo
desenvolvimentista de Juscelino proporcionou a elevação das
taxas de crescimento econômico, mas não promoveu a redução
das desigualdades.
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As desigualdades sociais no Brasil
O processo de desenvolvimento do capitalismo no
Brasil foi criando as desigualdades, que se expressam
no desemprego, na pobreza e na fome.
As desigualdades também se expressam entre homens
e mulheres e brancos e negros, por exemplo.
Em contraposição, a produção agrícola e industrial
e o setor de comércio e serviços têm crescido. Isso
demonstra que a sociedade produz bens, serviços
e riquezas, mas que sua distribuição é desigual
entre os brasileiros.
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A desigualdade analisada no Brasil
Por que há pobreza no Brasil?
Desde o fim do século XIX, diversos estudiosos procuram
responder a essa questão. Naquela época, atribuía-se a
pobreza à preguiça do brasileiro: a natureza lhe dava
tudo, e era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa
que não havia necessidade de trabalhar.
Outra explicação envolvia a questão racial.
Autores como Euclides da Cunha, Sílvio Romero
e Capistrano de Abreu criticaram severamente a
mestiçagem. De acordo com eles, os mestiços
demonstravam a “degeneração e falência da
nação”, eram “decaídos, sem a energia física dos
ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual
dos ancestrais superiores”.
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As desigualdades sociais no Brasil
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As desigualdades sociais no Brasil
Nova Fronteira
Para outros escritores, como Joaquim Nabuco, graças
à raça negra havia surgido um povo do Brasil.
Os latifundiários seriam os responsáveis por manter
os mestiços na miséria e na ignorância.
Na visão de Manoel Bonfim, as
populações do interior destacavam-se
pela força, cordialidade e capacidade
de atuar coletivamente.
O abolicionismo, de Joaquim Nabuco, publicado em 1883,
foi uma das primeiras obras a analisar o sistema
escravocrata e a contestar teorias que atribuíam o atraso
do país à preguiça do povo ou à riqueza das terras.
A visão de base racista e determinista,
segundo a qual a pobreza no Brasil seria uma
decorrência da escravidão ou da mestiçagem,
foi a que predominou até a década de 1930.
As chamadas “classes baixas” constituíam-se
de pessoas que normalmente, nas cidades,
eram consideradas perigosas e, no interior,
apáticas, doentes e tristes.
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Fome e coronelismo
A partir da década de 1940, a questão das
desigualdades sociais aparecia sob novo olhar.
O estudioso Josué de Castro analisou a
desnutrição e a fome com base no processo
de subdesenvolvimento, que gerava
desigualdades entre os povos que tinham
sido alvo de exploração colonial. Ele
defendia a educação e a reforma agrária
como elementos essenciais para resolver
o problema da fome no Brasil.
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Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
O jurista Victor Nunes
Leal apresentava o
“coronel” das grandes
propriedades rurais
como a base de uma
estrutura agrária que
mantinha os
trabalhadores em
situação de penúria,
de abandono e de
ausência de educação.
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As desigualdades sociais no Brasil
Charge de Storni, publicada na revista Careta, em 1927, ironizando o
chamado voto de cabresto, uma prática frequente na República Velha.
Como a votação não era secreta, o coronel mandava fiscalizar os eleitores
obrigados a votar nos candidatos que escolhia.
Raça e classes
A relação entre as desigualdades e as questões raciais
voltou a ser analisada nas décadas de 1950 e 1960.
Procurou-se desmontar o mito da democracia racial
brasileira, colocando o tema da raça no contexto das
classes sociais.
Autores como Florestan Fernandes, Octávio Ianni e
Fernando Henrique Cardoso procuraram demonstrar
que os ex-escravos foram integrados à sociedade de
forma precária, o que gerou uma desigualdade
constitutiva da situação que seus descendentes
vivem até hoje.
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Formação das classes e mudanças sociais
A partir da década de 1960, outras temáticas
que envolviam as desigualdades sociais foram
abordadas, com ênfase na análise das classes
sociais. Foram desenvolvidos trabalhos para
explicar como as classes sociais se constituíram
no Brasil e de que maneira participavam do
processo de mudanças econômicas, sociais e
políticas.
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As desigualdades sociais no Brasil
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As desigualdades sociais no Brasil
Nas décadas de 1970 e 1980, foi privilegiada a análise
das novas formas de participação, principalmente dos
novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.
Buscava-se entender
como os trabalhadores
e deserdados no Brasil
organizavam-se para
fazer valer seus direitos
de cidadãos.
Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, discursa
para trabalhadores na greve de 1979.
Irmo Celso/Editora Abril
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As desigualdades sociais no Brasil
No mesmo período e entrando na década de 1990, o
foco da análise centrou-se nas questões relacionadas
ao emprego e às condições de vida dos trabalhadores
e pobres das cidades.
A questão racial e das classes
sociais continuaram presentes.
A questão de gênero ganhou
espaço, destacando-se a situação
desigual das mulheres em relação
aos homens.
Thinkstock/Getty Images
Mercado de trabalho e condições de vida
Índices de desigualdade
Na década de 1990, organismos nacionais e
internacionais criaram índices para mensurar
a desigualdade e a pobreza.
Para obter esses índices, dispomos, por
exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e
do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
publicado pela ONU.
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As desigualdades sociais no Brasil
Esses índices apontam as mais variadas
formas de desigualdade, deixando de lado
a questão das classes sociais e a exploração
existente.
O objetivo central é descrever a realidade
em números para orientar políticas públicas
e investimentos.
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A questão racial-étnica segue presente nas análises
de índices demonstrativos e em nosso cotidiano.
Ela se expressa por meio do preconceito e apresenta
evidências empíricas: os negros e pardos, por
exemplo, recebem salários menores e têm acesso
restrito a boas condições de habitação, saúde,
trabalho e cultura.
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Exercício
Alexandre Campbell/Folha Imagem
Junte-se a um colega e discutam: como a questão das
desigualdades sociais na história do Brasil se relaciona
com a cena expressa nesta imagem?
Fila de credenciamento em programa social
governamental. Rio de Janeiro, 2004.
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As desigualdades sociais no Brasil Capítulo 9