Tenhamos mais adolescentes grávidas
Sábado, 21 de Septiembre, 2002
Frederica Mathewes-Green
Porque deveríamos nos casar mais cedo em lugar de fazê-lo mais tarde.
O verdadeiro amor espera. Espera estar preparado. Espera o que valha a
pena. Os lemas dos programas de abstinência juvenil revelam um fato
básico da natureza humana: os adolescentes, o sexo e a espera não formam
uma combinação natural.
Nos últimos cinqüenta anos a espera tem sido cada vez maior. Em 1950 as
moças casavam-se em média com 20 anos; em 1998 passou para 25, e seu
marido estava rondando os 27. Se esse noivo entrou na puberdade aos 12
anos, se manteve esperando mais da metade de sua vida.
Isto é, se na verdade ele se manteve esperando. O sexo é a cobertura do bolo
no impulso à reprodução, e esse impulso é quase irresistível. Supõe-se que
ascoisas sejam assim mesmo; é o motor da sobrevivência da raça humana. Lutar contra ele significa lutar
contra um instinto físico básico, semelhante a lutar contra a sede.
No entanto, apesar do conflito entre liberais e conservadores em quase todos os tópicos disponíveis, este é
um ponto em eles concordam firmemente: os jovens absolutamente não devem ter filhos. Ainda que estejam
em desacordo com respeito aos meios – os conservadores advogam a abstinência, os liberais favorecem a
contracepção – concordam nessa meta comum. A geração mais jovem não deve produzir uma geração mais
jovem ainda.
Porém a gravidez de adolescentes, em si mesmo, não é uma coisa tão ruim. Aos 18 anos o corpo de uma
mulher encontra-se bem preparado para a reprodução e o parto. Os rapazes estão igualmente qualificados
para fazer sua parte. Ambos podem ter maior êxito em enfrentar certos riscos, como uma cesárea ou a
síndrome de Down, por exemplo – que se incrementam a medida que passan os anos. (Por outro lado, os
perigos que associamos com a gravidez adolescente são relacionados com a conduta, não são biológicos: uso
de drogas, doenças sexualmente transmitidas, aborto, juventude extrema e falta de cuidado pré-natal.) A
fertilidade de uma mulher começa a declinar aos 25 anos. Ter filhos cedo tambem favorece a saúde da
mulher com uma proteção contra o câncer do seio.
Também, as mamães e os papais mais jovens provavelmente sejam mais hábeis na criação das crianças,
menos propensos a esgotar-se com o movimento permanente dos filhos que começam a caminhar. Suas
articulações não rangem quando eles têm de brincar com os filhos nas barras paralelas. Creio que os pais
jovens tambem serão mais pacientes com o bulício dos meninos, e menos propensos que aqueles pais de
quarenta e tantos anos que pedem aos pediatras que controlem com remédios alguma suposta hiperatividade
dos filhos. Os humanos são feitos para reproduzir-se em seus anos de adolescência, e são potencialmente
muito bons nisso. Esta é a razão pela qual desejam tanto isto.
A gravidez de adolescentes não é o problema. O problema é a gravidez de adolescentes não casadas. É o
nascimento de filhos fora do matrimênio que causa todo o problema. Restaure um entorno que apoie o
matrimônio mais precoce e não teremos que lutar contra a biologia durante uma década ou mais.
Muitos poderemos empalidecer diante do pensamento de nossos filhos casando-se com menos de 25 anos,
muito menos abaixo dos 20. A reação imediata é: “São muito imaturos.” Esperamos que os adolescentes
sejam auto-centrados e impulsivos, incapazes de suportar as responsabilidades da vida adulta. Porém as
coisas não foram sempre assim; durante muitos anos da história a norma era o matrimônio e o nascimento
dos filhos na adolescência. A maior parte de nós encontraríamos nossas árvores genealógicas salpicadas com
muitos matrimônios adolescentes.
Certamente, aqueles eram dias em que se presumia que os adolescentes já crescidos eram verdadeiramente
“jóvenes adultos.” É difícil imaginarmos tal coisa hoje. Não é que os jovens sejam inerentemente incapazes
de assumir responsabilidades – a história refuta isso – senão que já não esperamos isso deles. Há umas
F:\Família\Tenhamos mais adolescentes grávidas.doc - 30/12/08
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décadas um diploma da escola secundária era tido como prova de maturidade, ou ao menos como uma
promessa de que o rapazinho magro que o possuía estava pronto para começar a atuar como um adulto. Um
jovem saía da graduação para o mundo do trabalho diário que não deixaria até que seus cabelos estivessem
brancos; mais de uma jovem esposa começava a converter um cantinho de um pequeno apartamento em uma
bela sala. Talvez as expectativas sejam humildes, porém eram alcançáveis, e muitas boas famíias se
formaram desta maneira.
Oculta nesse cenário se encontra uma presuposição não declarada, que um jovem adulto pode ganhar o
suficiente para sustentar uma família. Ao longo do curso da história, a idade para o matrimônio geralmente
tem sido limitada por um lado pela puberdade, e a habilidade de sustentar uma familia por outro. Nos bons
tempos, as pessoas casavam cedo; quando as posibilidades são pobres, os casais lutam e poupam para o dia
de seu casamento.
Esse não é o caso hoje nos EUA. Em lugar disso temos uma situação artificial que faz com que o matrimônio
seja adiado. A idade com a qual um homem ou uma mulher, podem ganhar uma renda razoável tem
aumentado regularmente à medida que a educação tem rebaixado seu conteúdo. A condição básica de ser
capaz de ser empregado que usualmente se demonstrava por meio do diploma da escola secundária agora
requer um título de bacharelado, e as carreiras profissionais que geralmente eram acessíveis com um
bacharelado agora requerem um título de mestradoa ou mais. Os anos vão passando enquanto os jovens
tentam conseguir as credenciais necessitam para receber bons salários.
No entanto, a habilidade financeira não é o nosso único interesse; estamos convencidos que os jovens são
simplemente incapazes de assumir as responsabilidades de um adulto. Esperamos que tenham um pobre
controle de seus impulsos, que se centrem em si mesmos, que sejan emocionais e incapazes de prever as
conseqüências. (Não parece estranho que se espere que os adolescentes, de quem se pensa que são
demasiado irresponsáveis para o matrimônio, pratiquem uma abstinência heróica ou o controle de natalidade
responsável?) A presuposição de irresponsabilidade juvenil tem raízes mais amplas que somente nossa
concepção da natureza da adolescência; mescla-se com nossa idéia do propósito da infância.
Até a um século atrás se presumia que as crianças se encontravam em treinamento para ser adultos. Desde os
primeros anos as crianças ajudavam a nos serviços de casa ou no negócio ou na granja da familia,
assumindo mais responsabilidade a cada dia. Nos anos superiores da adolescência os filhos estavam prontos
para assumir a vida adulta plena, um status que eles recebiam como uma honra.
Porém não pensamos nos nossos filhos como adultos em progresso. A infância já não é um campo de
treinamento mas um parque de diversões, e como amamos a nossos filhos e sentimos nostalgia por nossa
própria infância, queremos que sejam capazes de permanecer nesse estado tanto tempo quanto seja possível.
Cultivamos a idéia de uma infância idílica e despreocupada, e a medida que os anos educativos se têm
alargado também o mesmo tem sido feito aos limites para o parque de diversões, de maneira que esperamos
até os “meninos” de vinte e mais anos evitem deixar o “parque”. Mais uma vez, não é que as pessoas dessa
idade não possam ser responsáveiss; seus ancestrais eram. É que a qualquer pessoa a quem se ofereça a
oportunidade de relaxar e continuar a diversão, geralmente aproveitará a oportunidade. Se nossa cultura
assumir que as pessoas ao atingir 50 anos vão descansar por um ano sem responsabilidades, fazer gastos que
serão pagos por outros, passar seu tempo divertindo-se e cometendo erros perdoáveis, nossos centros
comerciais estariam invadidos por delinqüuentes de meia idade.
Mas os casamentos de jovens não tendem a terminar em divórcio? Se estivermos sempre afiemando aos
jovens que pensamos que eles são incompetentes isso se tornará uma profecia de auto-cumprimento, porém
isto não foi sempre assim. De fato, em dias que as pessoas se casavam mais jovens, o divórcio era muito
mais raro. Durante a última metade do século 20, enquanto a idade das noivas se elevava de 20 para 25 anos,
a taxa de divórcio se duplicou. A tendêcia em direção a formação de casais mais velhos e presumivelmente
mais maduros não resultou em casamentos mais fortes. A durabilidade do matrimônio tem mais relação com
as expectativas e o apoio da sociedade circundante do que com as idades dos nubentes.
Um padrão de matrimônio mais tardio na realidade pode incrementarla taxa de divórcio. Durante essa
década inicial da vida adulta os jovens podem não estar casando, todavia estão se enamorando.
Enamoram-se e rompem, e passam por uma terrível dor, mas aprendem que “o tempo cura tudo”. Podem
fazer isto muitas vezes. Gradualmente se acostumam a isto; aprendem que podem entregar seus próprios
corações e logo tomá-los novamente; aprendem a resguardar o acesso a seus corações. Aprendem a
estabelecer uma relação com o objetivo de conseguir o que querem, e ter prontas suas malas ao lado da
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porta. Quando se casan podem ter tido muitas oportunidades de aprender como romper uma promessa.
Estiveram treinando para o divórcio.
Como muito bem sabemos um padrão social de matrimônios tardios não significa ausência de sexo. Em 1950
havia 14 nascimentos por mil mulheres não casadas; em 1998 a taxa havia disparado para 44. Mas esse
assombroso crescimento não relata toda a história. Em 1950 o número de nascimentos geralmente
correspondia com o número de gestações, porém para 1998 debemos acrescentar muitas gestações fora do
casamento que não chegaram ao nascimento, mas que terminaram em aborto, aproximadamente uma em
quatro gestações terminaram assim. A cidade onde vivo, Baltimore, ganha a “medalha de ouro” em
nascimentos fora do matrimônio: em 2001, 77% de todos os nascimentos ocorreram entre mães não casadas.
Há uma quantidade de razões que se entrelaçam para explicar este aumento de nascimentos entre pessoas não
casadas, porém um fator seguramente deve ser que quando as expectativas daquilo que se presume
necessário para que haja um casamento se elevam demasiadamente, algumas pessoas simplesmente erram o
alvo. Uma coisa é pedir aos rapazes nervosos que se abstenham até que terminem a escola secundária aos 18
anos. Outra coisa é pedir que esperem até os 25 ou 27, muitos não conseguirão esperar. Ficamos
entristecidos, mas já não nos surpreendemos quando vemos meninas com 12 ou 13 anos tendo bebês. Entre
1940 e 1998, a taxa de mães entre 10 e 14 anos quase dobrou. As experiências sexuais destas jovens mães
são geralmente classificadas como “não voluntárias” o “não desejadas.” Pedir aos rapazes que esperem até o
casamento é uma maneira mediante a qual uma cultura sã protege as meninas.
Porém, a idéia de retornar a uma era de matrimônios precoces parece ser desalentadora, por boas razões.
Não se trata somente de de celebrar bodas entre jovens de 18 anos com olhos sonhadores e logo jogá-los ao
mundo. Nossos ancestrais foram capazes de casarem jovens porque estavam envolvidos por uma rede de
apoio que lhes capacitava a dar esse passo. Os jovens não são intrinsecamente incompetentes, mas ainda têm
muitas coisas que aprender – como os recém-casados de qualquer idade. Nas gerações passadas um casal
jovem estaria rodeado por familiares e amigos que poderiam guiá-los e apoiá-los, não somente a navegar
pelo mar do matriônio, mas tambem nas habilidades práticas de executar as tarefas de uma família, fazer um
orçamento e manter-se dentro dele, reparar uma pia que goteja ou trocar uma fralda suja.
Não é bom que o homem esteja só; e tampouco é bom que um jovem casal esteja isolado. Nesta era de
educação prolongada os casais que casam cedo provavelmente o façam antes de terminar a universidade, e
isso requererá alguns sacrificios. Não pueden esperar “ter tudo.” Dos três fatores – viver por sua própria
conta, ter filhos e ambos estudarem – algo terá que ceder. Porém o matrimônio precoce pode ter sucesso, e
terá, com o apoio da familia e dos amigos.
Case-me uma semana despois de formada na universidade, e tanto meu esposo como eu imediatamente
ingressamos no mestrado. Vivíamos daquilo que recebíamos trabalhando como porteiros, limpando pisos e
lavando banheiros. Estávamos longe de nossos lares, porém nossa igreja era nosso lar, e por meio da
amabilidade de famílias maiss experimentadas tivemos muitos tipos de apoio – de fato, todo o apoio que
necesitávamos. Quando nosso primeiro filho nasceu tínhamos tantas fraldas, roupas e outros presentes que
nosso único gasto foi a fatura do hospital.
Nossa filha e nosso filho mais velho também casaram cedo. Não há facilidades para aqueles que seguem esta
norma, mas com a ajuda da família e da igreja e as familias jóvenes podem seguir adiante. O matrimônio
precoce não pode ocorrerr num vazio; requer apoio em muitos aspectos, e seria uma tolice dizer que os
custos não são altos.
As recompensas também são altas. É maravilhoso ver nossos filhos florescerem em casamentos fortes e
felizes, e um prazer inesperado de contar com uma nova filha e um novo filho em nosso círculo familiar.
Nosso cálice tambiem transborda de netos: já temos quatro netos, o mais velho tem apenas dois anos. Eu
tenho 49.
É interessante pensar no futuro. Se nosso neto mais velho também se casar jovem e tiver seu primeiro filho
com a idade de 20 anos? Eu seria bisavó com 67. E poderia ter um tataraneto aos 87 anos. Estaria longe de
entrar na velhice ssozinha. Meus netos e seus filhos estariam crescidos também, e disponíveis para rodear as
genações mais jovens com muitas mentes plenas de recursos e com corações carinhosos. Inclusive são
possíveis coisas mais extravagantes: provenho de uma família com muita longevidade, alguns de seus
membros ultrapassaram os 100 anos. Quanto eu poderia viver para ver uma família tão grande?
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Tal especulação cria um turbilhão – no entanto, estes sonhos não são impossíveis, e com certeza não são
feitos sem precedentes. As gerações intimamente entrelaçadas e que se ajudam mutuamente devem ter sido
um espectáculo comum nos dias antigos quando o matrimônio jovem era assegurado, permitindo aos jovens
realizar o que vinha naturalmente.
Frederica Mathewes-Green es una destacada escritora para Cristianismo Hoy, para la revistas Touchstone y Citizen del ministerio Enfoque a la
Familia y de otras numerosas publicaciones. Su sitio web es http://www.frederica.com/.
Este artículo fue tomado del sitio web http://www.christianculture.com/.
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