ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO PARALELA – 1º Trimestre
2-º ano
DISCIPLINA:LITERATURA
Observações:
1- Antes de responder às atividades, releia o material entregue sobre Sugestão de Como Estudar.
2 - Os exercícios devem ser resolvidos em folha timbrada e entregues no dia da Prova de Recuperação.
CONTEÚDO:

Realismo-Naturalismo (Portugal e Brasil): Características gerais dos movimentos, semelhanças e diferenças
formais e temáticas, autores principais e respectivas obras estudadas em aula.

Características de Eça de Queirós e Machado de Assis - principais obras dos autores estudadas em aula.

O Cortiço, de Aluísio de Azevedo
EXERCÍCIOS:
Texto para a questão 1
―Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz
ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas;
(...) era o sapoti mais doce que o mel e a castanha do caju; (...) ela era a cobra verde e traiçoeira; (...) e espalhavam-se
pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.‖
01. Este trecho se refere a Rita Baiana, personagem do livro O Cortiço, um dos principais exemplos do naturalismo
brasileiro. Cite um elemento do texto que denuncie as características de Rita Baiana como personagem
naturalista.
02. À Questão Coimbrã, questão que abre caminho para a introdução do Realismo-Naturalismo em Portugal,
pode-se associar um nome: Antero de Quental.
a) Qual foi sua importância para este momento literário?
b) Como se deu a ―Questão Coimbrã‖ e qual sua importância para a literatura portuguesa?
O trecho abaixo foi retirado da obra ―O Cortiço‖ de Aluísio Azevedo. Leia-o atentamente.
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade, aproximou-se da grande
roda que se formara em torno dos dois mulatos. Ai, de
queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo
e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível,
carinhoso e traiçoeiro. E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para
dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da
mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de
paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a
cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que
a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se
fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como
se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo,
subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguendo e
abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra,
tirilando.
Em torno o entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplausos explodia de vez em quando, rubro e quente
como deve ser um grito saído do sangue. E as palmas insistiam, cadentes, certas, num ritmo nervoso, numa
persistência de loucura. E, arrastado por ela, pulou à arena o Firmo, ágil, de borracha, a fazer coisas fantásticas com
as pernas, a derreter-se todo, a sumir-se no chão, a ressurgir inteiro com um pulo, os pés no espaço, batendo os
calcanhares, os braços a querer fugirem-lhe dos ombros, a cabeça a querer saltar-lhe. E depois, surgiu também a
Florinda, e logo o Albino e até, quem diria! o grave e circunspecto Alexandre.
O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém
como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles
requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa,
arrogante, meiga e suplicante.
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o
grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o
calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar
gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era
a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as
artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de
gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se
pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. Isto era o que Jerônimo sentia, mas o que o tonto não podia conceber.
De todas as impressões daquele resto de domingo só lhe ficou no espírito o entorpecimento de uma
desconhecida embriaguez, não de vinho, mas de mel chuchurreado no cálice de flores americanas, dessas muito
alvas, cheirosas e úmidas, que ele na fazenda via debruçadas confidencialmente sobre os limosos pântanos sombrios,
onde as oiticicas trescalam um aroma que entristece de saudade.
03. Retire do texto exemplos das seguintes características do Naturalismo:
a)
b)
c)
d)
zoomorfização
sensualismo:
homem movido pelo instinto e incapaz de domina-los
caráter coletivo
04. Essa é a cena em que o pacato e trabalhador Jerônimo conhece Rita baiana. Sua vida modifica-se totalmente pela
atração incontrolável que sente por ela. Como esse fato ilustra o Determinismo (teoria filosófico-científica)?
05. O narrador caracteriza a personagem Rita com elementos referentes ao mundo animal e vegetal – uma
encarnação do sensualismo tropical. Transcreva quatro dessas metáforas.
06. U. Uberaba-MG Atente para a seguinte passagem do conto Conto de Escola, de Machado de Assis:
―Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os
soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram
andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o
tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que
cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e
acabei a manhã na praia de Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem
ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro
conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...‖
Para Gostar de Ler. vol. 9. Contos, Ática.
Evidencia-se, nesta passagem, um procedimento típico da expressão deste autor, identificado pela:
a) fantasia. Machado não é um realista comum. Apesar de original e independente, procura seguir de modo servil as
propostas do movimento literário a que pertence. Raimundo é, no conto, um personagem fascinado pelo tambor.
b) ironia. Machado faz sua personagem, após aprender dentro da sala de aula, lições de corrupção de delação,
reconhecer o valor do tambor e, portanto, voltar para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem
ressentimento na alma.
c) embriaguez da alma. Machado constrói os personagens, reunindo seus pequenos gestos, seus mínimos
pensamentos, suas contradições, revelando ao leitor, por esse processo detalhado, a segurança de quem sabe o que
está fazendo.
d) metalinguagem. Machado escreve sobre a problemática da esperança e aborda um personagem objetivo e
racional. Em vez de valorizar a ação interior, desenvolve, como todo escritor realista, uma maior preocupação com a
ação exterior.
e) Todas corretas
07. Assinale a alternativa correta a respeito das características da obra Machadiana:
a) Obra de caráter universalizante, marcado pelo pessimismo e pela exaltação das mulheres;
b) Relativização dos valores morais, ou seja, Machado de Assis não opera com uma distinção absoluta entre ―certo‖ e o
―errado‖, apresenta também certo otimismo na caracterização das virtudes dos personagens.
c) Obra de caráter universalizante, marcado pelo pessimismo, suas personagens possuem conflitos humanos e o
narrador esforça-se para analisar-lhe os detalhes da consciência.
d) Geralmente dialoga com o leitor e por isso apresenta um vocabulário coloquial, ou seja, o linguajar do dia a dia.
e) Nenhuma das alternativas.
08. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.
I.Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano,
respeitando os preceitos da literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do
lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens,
anulando o livre-arbítrio.
IV.O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o
talento para retratara grupamentos humanos.
Está(ão) correta(s)
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.
Texto para as questões 9 e 10.
Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita. — Vem pra cá... disse,
um pouco rouco. — Espera! espera! O café está quase pronto! E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena
fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores (...) Depois, atirou fora a saia e, só de
camisa, lançou-se contra o seu amado, num frenesi de desejo doido. Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao
sentir na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de
baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo colo de
cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e
borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente,
em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam
os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a
vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.
O Cortiço, Aluísio Azevedo
09. Ao ler o livro e conhecer a história de Jerônimo, sabemos que ao deixar a esposa Piedade e juntar-se com Rita
Baiana ele, passa a conhecer e viver dos costumes do Rio de Janeiro, cidade quente e tropical, diferente da Europa.
Tais mudanças podem ser relacionadas a uma das características naturalistas. Apresente-a e disserte a respeito dela.
10 . A parte grifada do texto apresenta outra característica naturalista. Apresente-a e disserte a respeito dela.
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1º Trimestre 2-º ano DISCIPLINA:LITERATURA