ATIVOS DO CAMPO AVICULTURA|Ano 2 – Edição 3 – 2º Semestre de 2015
AVICULTURA
Receita
com exportação de carne de frango é recorde na parcial de 2015
Por Prof. Dr. Sergio De Zen, Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea.
No acumulado de 2015, exportadores
brasileiros de carne de frango acumulam a maior
receita em Reais obtida para o período, de R$ 14,8
bilhões entre janeiro e agosto, quando comparada
com o mesmo período de anos anteriores. O
montante supera em 26% o obtido nos oito primeiros
meses de 2014, segundo dados da Secex (Gráfico 1).
Além da valorização do dólar frente ao Real, os casos
de influenza aviária nos Estados Unidos, principal
concorrente do Brasil nesse mercado, favoreceram
ainda mais os embarques nacionais da carne. As
perspectivas seguem positivas no curto prazo.
Gráfico 1. Volume e receita acumulados das exportações de carne de frango (in natura, salgadas e industrializadas), de janeiro a agosto
de 2014 e 2015.
Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
O dólar valorizado permite que exportadores
brasileiros recebam mais pelo produto em moeda
nacional. Na média de janeiro a agosto, o valor da
tonelada da carne de frango (in natura, salgadas e
industrializadas) em Reais foi de R$ 5,7 mil, aumento
de 17,7% em relação ao mesmo período de 2014, de
R$ 4,9 mil/tonelada, segundo dados da Secex. Já em
moeda norte-americana, o preço médio da tonelada
de carne na parcial de 2015 foi de US$ 1,9 mil, queda
de 12% no comparativo anual – de jan-ago/14, era de
US$ 2,1 mil (Gráfico 2).
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1
Gráfico 2. Preço médio, de janeiro a agosto de 2014 e 2015, da carne de frango (in natura, salgadas e industrializadas) exportada.
Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
Em volume, os embarques brasileiros de carne de
frango totalizaram 2,77 milhões de toneladas nos
oito primeiros meses de 2015, a maior quantidade
para o período e uma alta de 6,2% em relação às
vendas externas acumuladas de janeiro a agosto de
2014, de 2,6 milhões de toneladas.
Os países que mais aumentaram as compras do Brasil
em 2015 foram: Arábia Saudita, que, no
acumulado de janeiro a agosto já havia importado
512 mil toneladas, 78 mil a mais que em 2014; China
(aumento de 58 mil toneladas, totalizando 206 mil
toneladas em 2015); África do Sul (aumento de 52 mil
toneladas, para 155 mil toneladas); Coreia do Sul
(aumento de 36 mil toneladas, para 74 mil toneladas)
e Cuba (aumento de 31 mil toneladas, para 52 mil
toneladas) (Gráfico 3).
Gráfico 3. Aumentos e reduções mais expressivos das exportações de carne de frango (in natura e industrializados) por país, do
acumulado jan-ago de 2014 para jan-ago de 2015. Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
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Com esses aumentos, a Arábia Saudita se mantém
como o principal comprador da carne de frango
brasileira, seguida pelo Japão, que já importou 266,4
mil toneladas do produto neste ano, 3 mil a menos
que no mesmo período de 2014 (Tabela 1). O terceiro
lugar é da União Europeia, com 260,8 mil toneladas,
Arábia Saudita
Japão
União Europeia
China
Emirados Árabes Unidos
África do Sul
Hong Kong
Venezuela
Kuwait
Coreia do Sul
mesmo tendo reduzido suas importações em 16 mil
toneladas. A China, com aumento de 58 mil toneladas
de um ano para outro, assume a quarta posição, indo
para 206,3 mil toneladas. Os Emirados Árabes é o
quinto maior comprador, com 198,6 mil toneladas
importadas até agosto.
2015
(mil toneladas)
512,0
266,4
260,8
206,3
198,6
155,3
153,5
82,6
82,4
73,6
Tabela 1. Ranking dos maiores compradores de carne de frango brasileira, acumulado de janeiro a agosto de 2015. Fonte: MDIC/Secex.
Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
A África do Sul também ganha destaque, como sexto
maior comprador da carne de frango brasileira,
superando Hong Kong, que reduziu as aquisições em
58 mil toneladas de um ano para outro, totalizando
153,5 mil toneladas e caindo da terceira para a sexta
colocação. A redução por parte deste país asiático
está atrelada ao aumento das compras diretamente
pela China, dado que reduz a triangulação das
negociações antes feita por Hong Kong, que atuava
como entreposto comercial.
Outro país que perdeu posição foi a Venezuela, com
76 mil toneladas a menos nos primeiros oito meses
de 2015, comparado ao mesmo período do ano
passado, totalizando 82,6 mil toneladas. Para a
Angola, a redução nos embarques foi de 23 mil
toneladas e para o Iêmen, de 20 mil toneladas,
somando respectivos 34,8 mil toneladas e 26,7 mil
toneladas.
PERSPECTIVAS – Para os próximos meses, os
embarques brasileiros de carne de frango devem
seguir aquecidos. Tradicionalmente, as vendas
externas aumentam no segundo semestre, em
relação ao primeiro. Além disso, seguem como
fatores positivos às exportações o dólar alto.
Energia elétrica sobe 58% na média de MG, MT e SP
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Energia elétrica sobe 58% na média de MG, MT e SP
Por Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea.
A tarifa de energia elétrica subiu 58,2% de 2014 a
2015 na média das três regiões pesquisadas pelo
Cepea em parceria com a CNA: Uberlândia (MG),
Lucas do Rio Verde (MT) e Amparo (SP). O maior
aumento foi registrado na praça paulista, de 77,8%,
com o valor da tarifa passando de R$ 0,18/Kwh em
2014 para R$ 0,32/Kwh em 2015. Em segundo lugar,
aparece a região mineira, com aumento de 59,4% em
igual comparativo, de R$ 0,32/Kwh para R$ 0,51/Kwh.
Em MT, o aumento foi de 37,5% (de R$ 0,39/Kwh para
R$ 0,54/Kwh) (Gráfico 4).
Em termos de consumo, a região de Lucas do Rio
Verde segue liderando o uso de energia elétrica, com
média de 14.826 Kwh/mês (177.912 Kwh/ano), na
média de 2015. Em Uberlândia, o consumo médio fica
em 6.806 Kwh/mês (81.672 Kwh/ano) e, em Amparo,
em 4.100 Kwh/mês (42.200 Kwh/ano). Em relação a
2014, esses valores praticamente não se alteraram.
O maior consumo de energia em Lucas do Rio Verde
se deve à estrutura empregada na criação de aves
daquela região, com um número superior de animais
em relação às demais praças, além de um sistema
produtivo avançado. Na propriedade matogrossense, há quatro galpões de 2.073m² cada, todos
com sistema de pressão negativa, ou seja, com
isolamento de ar e iluminação (galpões climatizados
no modelo “dark house”). Esse sistema demanda
naturalmente mais energia para proporcionar um
ambiente térmico agradável às aves.
Já nas outras duas regiões analisadas (Amparo e
Uberlândia), cada propriedade conta com dois
galpões, sendo um convencional (com acionamento
de cortinas e ventiladores) e outro no sistema de
pressão negativa. Na região mineira, cada galpão tem,
em média, 1.500m² e, em São Paulo, 1.080m².
Assim, o consumo médio por ave em um lote de MT
corresponde a 0,2767 Kwh, valor 41,3% maior que o
registrado em MG (0,1958 Kwh/ave.lote) e 53,9%
superior ao de SP (0,1797 Kwh/ave.lote).
INSUMO –
A energia elétrica é um importante
insumo para a avicultura, podendo ser empregada no
funcionamento de painéis controladores de
climatização, acionamento de nebulizadores,
ventiladores, comedouros, bebedouros, painéis
evaporativos, iluminação e aquecimento dos animais,
entre outras atividades da granja.
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4
35.000
R$0,50
30.000
25.000
R$0,40
20.000
R$0,30
15.000
R$0,20
10.000
R$0,10
5.000
R$-
Consumo de energia (Kwh/lote)
Valor da tarifa de energia (R$/Kwh)
R$0,60
0
Uberlândia (MG)
2014
Lucas do Rio Verde (MT)
2015
Amparo (SP)
Consumo médio (Kwh/lote):
Gráfico 4. Preço da tarifa média de energia elétrica e o consumo em MG, MT e SP em 2014 e 2015. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA
Rio Verde lidera investimentos na avicultura
Por Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea.
Os investimentos realizados na avicultura da região
de Rio Verde (GO) somam R$ 3,23 milhões,
distribuídos entre benfeitorias, equipamentos,
máquinas e implementos da granja típica local. Tratase do maior valor entre as regiões acompanhadas
pelo Cepea (que englobam, ainda, Uberlândia-MG,
Amparo-SP, Lucas do Rio Verde-MT e Feira de
Santana-BA). Em relação à média das praças
pesquisadas, de R$ 1,75 milhão, os investimentos em
Rio Verde são 85% superiores. Na outra ponta, a
praça baiana fica com o menor valor investido na
atividade, de R$ 572,7 mil (Gráfico 5).
R$3.500.000,00
Investimentos (R$)
R$3.000.000,00
R$2.500.000,00
R$2.000.000,00
R$1.500.000,00
R$1.000.000,00
R$500.000,00
R$Uberlândia (MG) Lucas do Rio Verde
(MT)
Benfeitorias
Máquinas
Equipamentos
Amparo (SP)
Implementos
Goiás (GO)
Utilitários
Feira de Santana
(BA)
Investimento total
Gráfico 5. Distribuição dos custos opercaionais (COE e COT) e produção anual de aves.Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA
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5
As benfeitorias correspondem à maior parte dos
investimentos de uma propriedade avícola (Gráfico
5). Em Rio Verde, esse valor chega a R$ 2,66
milhões, seguido de Lucas do Rio Verde (R$ 1,9
milhão), Uberlândia (R$ 1,3 mi), Feira de Santana
(R$ 475 mil) e Amparo (R$ 446 mil). Esse montante
pode ser aplicado na construção de galpões de
criação (parte civil e cortinas, desconsiderando
equipamentos), escritórios, arcos de desinfecção e
portarias, além de eventuais garagens,
almoxarifados, casas de máquinas, entre outras
estruturas.
investimento nas propriedades avícolas. Em
contrapartida, a maior demanda por reparos e
correções ao longo do ano em relação aos outros
itens, torna os custos com manutenção de
equipamentos significativamente representativos:
em MG participam com 32,02% desses custos, em
MT, com 36,47%, em SP, com 53,25%, em GO, com
34,15% e na BA, com 31,05%. Em Lucas do Rio
Verde e Amparo, inclusive, esse custo supera o
referente à manutenção de benfeitorias (34,37% e
13,51% do total dos custos com manutenções,
respectivamente) (Gráfico 6).
Em segundo lugar no ranking de
investimentos na avicultura, aparecem os
equipamentos: em SP, participam com 36,87% do
total investido na atividade, em MT, com 17,11%,
MG, com 15,04%, BA, 14,49%, e GO, 12,82%. Nessa
categoria,
encontram-se
os
comedouros,
bebedouros, sistemas de nebulização, ventiladores
industriais, sistemas de aquecimento, exaustores,
iluminação e geradores de energia.
No total, os gastos com manutenção em
Rio Verde somam R$ 61,9 mil/ano, seguido pelas
regiões mato-grossense, com R$ 55,3 mil/ano,
mineira (R$ 33,2 mil/ano), paulista (R$ 33 mil/ano)
e baiana (R$ 11,1 mil/ano).
MANUTENÇÃO – Os custos com a
manutenção de benfeitorias são superiores aos de
equipamentos, máquinas, implementos e
utilitários em todas as regiões, principalmente pelo
fato de representarem os maiores montantes de
A seguir encontra-se a distribuição dos
custos com manutenção dos itens de investimento
nas propriedades avícolas. Vale salientar que as
propriedades avícolas típicas das regiões de
Uberlândia e Feira de Santana não possuem
máquinas próprias (tratores) para as atividades
cotidianas. Nessas regiões, a limpeza dos galpões e
a capina - principais operações que demandam
apoio de máquinas - são realizadas manualmente.
R$70.000,00
Investimentos (R$)
R$60.000,00
R$50.000,00
R$40.000,00
R$30.000,00
R$20.000,00
R$10.000,00
R$Uberlândia
(MG)
Benfeitorias
Lucas do Rio
Verde (MT)
Máquinas
Amparo (SP)
Equipamentos
Goiás (GO)
Implementos
Feira de
Santana (BA)
Utilitários
Gráfico 6. Distribuição dos custos com manutenção de benfeitorias, máquinas, equipamentos, implementos e utilitários nas
propriedades típicas da avicultura em MG, MT, SP, GO e BA. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA.
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Insumos avícolas: preço da maravalha sobe 13% de jan-ago/15
Por Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea.
No acumulado dos oito primeiros meses de
2015, o preço da maravalha subiu 12,6% na média
das regiões pesquisadas pelo Cepea, em parceria
com a CNA (Uberlândia/MG, Amparo/SP e Lucas do
Rio Verde/MT). Proveniente do beneficiamento da
madeira, a maravalha é utilizada na composição da
cama de frango em aviários.
Preço da maravalha (R$/m³)
R$60,00
R$50,00
R$40,00
R$30,00
R$20,00
R$10,00
R$MG
MT
dez/14
SP
MÉDIA
ago/15
Gráfico 7: Evoluções dos preços da maravalha nas regiões de pesquisa, entre 2014 e 2015. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA.
A maior alta nos preços da maravalha no intervalo
de janeiro a agosto foi verificada em Uberlândia, de
17,47%, seguida por Lucas do Rio Verde, com
elevação de 14,07% e Amparo, de 6,3% (Gráfico 7).
O encarecimento deste insumo se deve
principalmente à valorização do frete, que
influencia a cotação do produto colocado nas
granjas (em função da distância para entrega).
Além disso, o mercado de madeiras (eucalipto e
pinus), amplamente impactado por setores como o
da construção civil, carvão, papel e celulose,
moveleiro, entre outros, também influencia os
valores da maravalha. Portanto, o desaquecimento
desses setores resultou na menor produção e
oferta do produto.
Nas propriedades típicas das regiões mineiras e
mato-grossenses pesquisadas, avicultores utilizam
a maravalha em 100% da composição da cama de
frango. Em SP, produtores também fazem uso de
materiais como casca de arroz, amendoim e café
para mesma finalidade, mas a tendência é a
utilização integral de maravalha.
Por se tratar de um material volumoso, demanda
muito espaço nos caminhões durante o transporte,
bem como, cuidados especiais com a umidade.
Atualmente, produtores de maravalha têm
comercializado o insumo ensacado ou em fardos,
facilitando o manejo na granja (carregamento e
descarregamento) e reduzindo desperdícios
(comprando a “granel”, pode haver sobra ou falta
de material ao distribuir nos galpões de criação).
UBERLÂNDIA – Na região de Uberlândia,
especificamente, avicultores encontram maior
dificuldade em adquirir maravalha, dada a
concorrência com a indústria cerâmica regional,
que também utiliza o insumo (na forma de
conglomerado) para “alimentar” as fornalhas. Pela
indústria, esse material é comprado em grandes
quantidades dos fornecedores locais, em um
consumo constante durante o ano. Já no setor
avícola, a demanda pelo insumo ocorre somente
na etapa de limpeza dos aviários, geralmente
realizada a cada 18 meses, em média.
Coordenação: Prof. Dr. Sergio De Zen ● Equipe: Camila Brito Ortelan, Marcos Debatin Iguma, Augusto Maia, Regina Mazzini
Rodrigues, Paola Garcia Ribeiro, Gustavo Tordin Fornazieri, Ananda Shieh Basotti, Letícia Harumi Nakamiti, Yan Nogueira Cobra.
Jornalista Responsável: Dra. Ana Paula Silva Ponchio – Mtb 27.368 ● Contatos: (19) 3429-8859 ● [email protected]
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