Seminário de Avaliação dos Resultados da
PNAD 2005
A Polarização da Qualidade do Emprego
na Agricultura Brasileira
Otavio Valentim Balsadi
Embrapa/SGE
Brasília, 07 de março de 2007
Estrutura da Apresentação

Contexto e Hipótese
 Procedimentos Metodológicos (IQE)
 Principais Resultados para Brasil, Grandes
Regiões e Culturas Selecionadas
 Conclusões
Contexto

Poucos estudos sobre o mercado de
trabalho na agricultura

Rurbano concentrou-se na PEA rural não
metropolitana

Empregados assalariados são a principal
categoria de ocupados na agricultura
brasileira

Desde os anos 90 o tema da polarização já
era estudado no mercado de trabalho urbano
Participação (em %)
Gráfico 1: Participação Relativa de cada Categoria no Total de
Ocupados na Agricultura em 2005, Brasil e Grandes Regiões
100%
95%
90%
85%
80%
75%
70%
65%
60%
55%
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Autoconsumo
Não Remunerados
Conta Própria
Empregado
Empregador
Brasil
Fonte: IBGE - Pnad 2005.
Norte
Nordeste
CentroOeste
Regiões
Sudeste
Sul
Hipótese

Os movimentos gerais da agricultura brasileira no período
recente provocaram uma polarização na qualidade do emprego,
reforçando os fortes contrastes presentes neste importante
setor econômico. Isto foi acarretado pelas grandes
discrepâncias na melhoria da qualidade do emprego agrícola
dos empregados permanentes vis-a-vis os temporários e
também nas culturas mais dinâmicas vis-a-vis as culturas
domésticas.
Procedimentos Metodológicos
IQE – 4 Dimensões da Qualidade do
Emprego





nível educacional: INDEDUC = 0,19 INDALF + 0,36 INDESC1 +
0,45 INDESC2;
grau de formalidade: INDFORMAL = 0,24 NINF + 0,12 JORN +
0,35 CART + 0,29 PREV;
rendimento: INDREND = 0,60 NPOB + 0,40 REND;
auxílios recebidos (URB): INDAUX = 0,26 AUXMOR + 0,20
AUXALIM + 0,17 AUXTRANS + 0,14 AUXEDUC + 0,23
AUXSAU.
auxílios recebidos (RUR): INDAUX = 0,29 AUXMOR + 0,17
AUXALIM + 0,12 AUXTRANS + 0,20 AUXEDUC + 0,22
AUXSAU
IQE = 0,21 INDEDUC + 0,29 INDFORMAL + 0,35 INDREND +
0,15 INDAUX
Resultados
•Polarização no Grau de Formalidade
•Polarização nos Rendimentos do
Trabalho Principal
•Polarização no Nível Educacional
•Polarização nos Auxílios Recebidos
•Não Polarização na Utilização do
Trabalho Infantil
Polarização no Grau de
Formalidade
Participação (em %)
Participação dos Empregados com Carteira Assinada, segundo
a Categoria, Brasil e Grandes Regiões, 2005
70,0
65,0
60,0
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Brasil
N
NE
CO
Regiões
SE
S
Participação (em %)
Participação dos Empregados com Carteira Assinada, segundo
a Categoria, Culturas Selecionadas, 2005
90,0
85,0
80,0
75,0
70,0
65,0
60,0
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Arroz
Café
Cana
Mandioca
Culturas
Milho
Soja
Polarização nos Rendimentos do
Trabalho Principal
Rendimento (em Reais)
Rendimento Médio Mensal dos Empregados, segundo a Categoria, Brasil
e Grandes Regiões, 2005
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Brasil
N
Fonte: IBGE - Pnad 2005.
NE
CO
Regiões
SE
S
Rendimento (em Reais)
Rendimento Médio Mensal dos Empregados, segundo a Categoria,
Culturas Selecionadas, 2005
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Arroz
Fonte: IBGE - Pnad
Café
Cana
Mandioca
Culturas
Milho
Soja
Polarização no Nível Educacional
Participação dos Empregados com Oito Anos ou mais de
Estudo, segundo a Categoria, Brasil e Grandes Regiões, 2005
18,0
Participação (em %)
16,0
14,0
12,0
Empregado Permanente Urbano
10,0
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
8,0
Empregado Temporário Rural
6,0
4,0
2,0
0,0
Brasil
N
NE
CO
Regiões
SE
S
Participação dos Empregados com Oito Anos ou mais de Estudo,
segundo a Categoria, Culturas Selecionadas, 2005
30,0
27,0
Participação (em %)
24,0
21,0
Empregado Permanente Urbano
18,0
Empregado Permanente Rural
15,0
Empregado Temporário Urbano
12,0
Empregado Temporário Rural
9,0
6,0
3,0
0,0
Arroz
Café
Cana
Mandioca
Culturas
Milho
Soja
Polarização nos Auxílios Recebidos
Índice de Auxílios Recebidos pelos Empregados, segundo a Categoria,
Brasil e Grandes Regiões, 2005
Índice de Auxílios Recebidos
40,0
35,0
30,0
25,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
20,0
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
15,0
10,0
5,0
0,0
Brasil
N
NE
CO
Regiões
SE
S
Índice de Auxílios Recebidos pelos Empregados, segundo a Categoria,
Culturas Selecionadas, 2005
40,0
Índice de Auxílios Recebidos
35,0
30,0
25,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
20,0
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
15,0
10,0
5,0
0,0
Arroz
Café
Cana
Mandioca
Culturas
Milho
Soja
Não Polarização na Utilização do
Trabalho Infantil
Participação (em %)
Participação dos Empregados com mais de 15 Anos, segundo a
Categoria, Brasil e Grandes Regiões, 2005
100,0
95,0
90,0
85,0
80,0
75,0
70,0
65,0
60,0
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Brasil
N
NE
CO
Regiões
SE
S
Participação (em %)
Participação dos Empregados com mais de 15 Anos, segundo a
Categoria, Culturas Selecionadas, 2005
100,0
95,0
90,0
85,0
80,0
75,0
70,0
65,0
60,0
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Empregado Permanente Urbano
Empregado Permanente Rural
Empregado Temporário Urbano
Empregado Temporário Rural
Arroz
Café
Cana
Mandioca
Culturas
Milho
Soja
Evolução da Participação dos Empregados com Idade acima de 15 Anos (Trabalho
Não Infantil) nas Atividades Agrícolas
Brasil, Regiões e Culturas Selecionadas, 2001-2005
Empregado Permanente
Urbano
Rural
Brasil, Regiões e
20012001Culturas
2001 2004 2005 05 (1) 2001 2004 2005 05 (1)
Brasil
98,0
98,0
98,8
0,2
97,6
98,6
98,6
0,2
Grandes Regiões
Norte
97,0
99,6
98,1
0,3
98,1
98,0
Nordeste
97,3
97,8
98,1
0,2
97,5
97,8
98,7
0,3
Centro-Oeste
98,4
98,0
99,4
0,2
97,9
99,2
99,1
0,3
Sudeste
98,8
98,8
99,3
0,1
97,9
98,4
98,4
0,1
Sul
98,2
96,0
98,6
0,1
97,3
98,9
99,1
0,5
Culturas
Arroz
100,0 100,0 100,0
0,0
97,5 100,0 100,0
0,6
Café
100,0
99,2 100,0
0,0
98,7
98,1
99,5
0,2
Cana-de-Açúcar
99,2 100,0 100,0
0,2
98,6
99,6 100,0
0,3
Mandioca
94,3
96,5 100,0
1,5 100,0
99,1
91,5
-2,2
Milho
96,1
96,8
98,1
0,5
95,7 100,0
96,7
0,3
Soja
97,7
97,1 100,0
0,6
99,0 100,0 100,0
0,2
Fonte: Elaboração do Autor a partir dos microdados da Pnad.
OBS: Conceito de PEA do IBGE (acima de 10 anos de idade).
Nota: (1) Taxa geométrica de crescimento, em %a.a.
Evolução da Participação dos Empregados com Idade acima de 15 Anos (Trabalho Não
Infantil) nas Atividades Agrícolas
Brasil, Regiões e Culturas Selecionadas, 2001-2005
Empregado Temporário
Urbano
Rural
20012001Brasil, Regiões e Culturas
2001
2004
2005 05 (1) 2001
2004
2005 05 (1)
Brasil
96,1
96,3
97,7
0,4
93,9
95,9
94,6
0,2
Grandes Regiões
Norte
96,3
97,8
97,2
0,2
93,4
94,9
Nordeste
94,2
96,3
97,2
0,8
92,9
95,8
94,9
0,5
Centro-Oeste
98,2
94,2
98,5
0,1
99,2
96,3
96,4
-0,7
Sudeste
97,7
97,9
98,1
0,1
92,8
95,1
95,0
0,6
Sul
94,1
95,1
96,9
0,7
90,8
96,3
93,4
0,7
Culturas
Arroz
100,0
96,0 100,0
0,0 100,0
95,5
88,8
-2,9
Café
96,4
98,6
99,6
0,8
92,8
98,6
97,8
1,3
Cana-de-Açúcar
98,4
98,8
99,5
0,3
95,1
99,2
96,7
0,4
Mandioca
96,2
95,4
99,1
0,8
93,0
95,1
98,5
1,4
Milho
98,0
98,2
94,1
-1,0
95,8
96,1
94,3
-0,4
Soja
100,0
98,2
97,2
-0,7 100,0
98,1
95,9
-1,0
Fonte: Elaboração do Autor a partir dos microdados da Pnad.
OBS: Conceito de PEA do IBGE (acima de 10 anos de idade).
Nota: (1) Taxa geométrica de crescimento, em %a.a.
Índice de Qualidade do Emprego (IQE) e Progresso Relativo dos Empregados Permanentes e dos
Temporários
Brasil, Grandes Regiões e Culturas, 2001-2005
Categorias
IQE
Prog. Rel.
2001 2004 2005 2001-05 (%)
Empregado Permanente Rural – Soja
60,9 60,8 67,4
16,5
Empregado Permanente Urbano – Soja
53,4 64,8 66,7
28,5
Empregado Permanente Rural – Centro-Oeste
55,6 58,0 58,4
6,3
Empregado Permanente Urbano – Centro-Oeste
52,2 55,9 58,0
12,1
Empregado Permanente Urbano – Cana
57,2 58,3 57,8
1,2
Empregado Permanente Urbano – Sul
47,5 53,9 55,3
15,0
Empregado Permanente Urbano – Sudeste
51,2 52,6 55,0
7,7
Empregado Permanente Rural – Arroz
42,7 59,4 53,9
19,4
Empregado Permanente Rural – Sul
48,9 52,2 52,9
7,8
Empregado Temporário Urbano – Cana
46,2 47,3 49,2
5,4
Empregado Permanente Urbano - Brasil
44,7 48,1 49,0
7,7
Empregado Permanente Rural – Café
42,8 41,7 46,9
7,2
Empregado Permanente Urbano – Arroz
47,7 50,0 45,9
-3,5
Empregado Permanente Rural – Sudeste
46,2 45,0 45,6
-1,2
Empregado Permanente Urbano – Café
43,4 46,0 45,5
3,8
Empregado Permanente Rural - Brasil
44,5 45,8 45,1
1,0
Empregado Permanente Urbano – Norte
40,1 45,6 43,5
5,7
Empregado Permanente Rural – Cana
41,4 42,5 41,9
0,8
Empregado Permanente Rural – Norte
... 40,6 41,2
Empregado Temporário Urbano – Soja
33,6 39,5 39,9
9,5
Empregado Temporário Urbano – Sudeste
36,1 41,7 39,8
5,8
Empregado Temporário Rural – Soja
25,2 29,4 38,6
17,8
Empregado Temporário Urbano – Centro-Oeste
36,3 35,7 37,4
1,7
Categorias
Empregado Temporário Rural – Cana
Empregado Permanente Urbano – Milho
Empregado Permanente Urbano – Mandioca
Empregado Permanente Urbano – Nordeste
Empregado Temporário Urbano – Café
Empregado Temporário Urbano - Brasil
Empregado Temporário Urbano – Norte
Empregado Permanente Rural – Nordeste
Empregado Temporário Rural – Centro-Oeste
Empregado Permanente Rural – Milho
Empregado Temporário Urbano – Sul
Empregado Temporário Rural – Sul
Empregado Temporário Rural – Sudeste
Empregado Temporário Rural – Café
Empregado Temporário Rural – Norte
Empregado Temporário Rural - Brasil
Empregado Permanente Rural – Mandioca
Empregado Temporário Rural – Arroz
Empregado Temporário Urbano – Milho
Empregado Temporário Urbano – Nordeste
Empregado Temporário Urbano – Arroz
Empregado Temporário Urbano – Mandioca
Empregado Temporário Rural – Nordeste
Empregado Temporário Rural – Milho
Empregado Temporário Rural – Mandioca
2001
28,1
36,1
29,1
32,8
27,8
29,4
29,9
30,2
29,8
30,3
26,7
25,3
23,2
22,9
...
23,3
27,4
21,2
22,0
19,4
21,6
18,5
17,3
18,5
15,5
IQE
2004
32,7
37,8
25,8
35,7
34,3
31,2
30,3
30,8
31,0
30,8
26,9
26,9
26,1
28,3
27,7
24,9
23,1
21,8
25,2
21,8
24,6
22,4
19,4
18,7
16,3
2005
35,5
35,2
34,0
33,6
32,8
31,6
31,0
30,8
30,8
29,9
29,6
28,3
27,5
26,7
25,4
25,2
23,3
22,6
22,6
21,9
21,4
21,2
19,7
19,3
17,1
Prog. Rel.
2001-05 (%)
10,3
-1,4
6,9
1,2
6,9
3,2
1,6
1,0
1,4
-0,6
3,9
4,0
5,6
4,9
2,5
-5,7
1,7
0,7
3,1
-0,3
3,3
2,9
1,0
1,9
Conclusões: A Polarização da Qualidade do
Emprego na Agricultura Brasileira

os fatores mais abrangentes observados no mercado de
trabalho em geral

os fatores mais específicos da agricultura:
1.
a crescente especialização da produção nas principais commodities
internacionais;
2.
a marcante diferença de rentabilidade das atividades mais dinâmicas
vis-a-vis as mais tradicionais;
3.
processo de modernização e mecanização que se aprofundou na
agricultura de grande escala;
4.
a maior fiscalização por órgãos nacionais nas empresas agrícolas de
maior porte;
5.
a crescente busca por certificações (diversas modalidades da ISO);
6.
aparecimento e/ou expansão de algumas “novas profissões”;
7.
a grande importância que ainda tem a mão-de-obra temporária nas
atividades agropecuárias;
8.
a fraca representação e organização sindical desta categoria de
trabalhadores temporários.
9. o processo de externalização ou terceirização.
Conclusões
Relevante papel do Estado, das políticas públicas e das ações
coordenadas das organizações dos trabalhadores e dos
produtores no sentido de:
1. fomentar os investimentos em infra-estrutura básica nas
regiões mais pobres;
2. estimular a pluriatividade no interior das famílias;
3. propiciar a maior organização dos trabalhadores temporários
na busca por contratos de trabalho mais dignos;
4. incentivar os investimentos em atividades agrícolas e não
agrícolas mais dinâmicas nas regiões menos favorecidas, de
modo a gerar empregos de melhor qualidade e ampliar os
ganhos monetários das pessoas e das famílias;
Conclusões
5. fortalecer as políticas de desenvolvimento
local/regional que visem a redução das disparidades
e das desigualdades sociais;
6. eliminar os viés agrícola e urbano que está
fortemente impregnado nas políticas
macroeconômicas e setoriais no Brasil;
7. fortalecer uma efetiva política de emprego no país.
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