FAZENDA SANTA ROSA
CAFE EAGUARDENTE
NA SERRA
A dfvida foi executada em 1852 pelo filho do
barao - Joao Pereira Darrigue Faro, que viria a ser
02° barao e visconde do Rio Bonito (0 pai havia
morrido em 1843) - e que vendeu a fazenda no
mesmo ano para Antonio Vieira Machado,
proprietario
da Fazenda Santo Antonio da
Cachoeira. Em 1856, urn filho e homonimo de
Antonio, que haviafalecido em 10.11.1853, fez os
"Registros de Terras" de duas fazendas pertencentes
ao esp6lio do pai: Santo Antonio da Cachoeira e
Santa Rosa, cada umadelas
com V2 sesmaria
(Presurnivelmente, 112,4 alqueires).
Em 1858, com a morte de Dona Rosa Maria de
Jesus, viuva de Vieira Machado, e por compra aos
seus herdeiros, entra em cena nas terras de Santa
Rosa 0 futuro comendador (da Ordem da Rosa)
Manoel Antonio Rodrigues Guiao, portugues, que
ja era proprietario de teITaSvizinhas desde a decada
de 1840 na Fazenda Sao Manoel (do Cambota).
Manoel Antonio, sua mulher, Dona Iria Umbelina
Vieira da Cunha, de velhos troncos rnineiros de Sao
Joao d'EI Rei emigrados para Aiuruoca, e os
primeiros filhos, passaram a habitar, e a reformar,
a casa construfda pol' Eleuterio e deram forte
impulso it propriedade, inclusive com 0 incremento
da produc;ao de aguardente, de infcio nos dois
alambiques
ali deixados pOl' Euleuterio.
A
comprovac;ao deste desenvolvimento baseia-se na
expressiva
agregac;ao de valor obtida pel0
comendador Guiao de forma que a fazenda, que
custou a Vieira Machado 60 contos de reis, com
130 alqueires, escravos, benfeitorias, casa de
vivenda assobradada, sftios anexos, etc, valia, no
3) JOAQUIM
MARQUES
DA SILVA
Joaquim Marques da Silva
CC.Faustina Angelica de Moura, pais de:
Ll) Patricio Marques Ferreira
1.2) Manoel Marques da Silva I.3)Joaquim Marques Ferreira
1.4) Sevelino Jose Marques
1.5) Francisco Marques Ferreira 1.6) Joaquina
1.7) Francisca
1.8) Nicolau
1.9) Anna
Ll 0) Claudina
Lll) Joao
4) ELEUTERIO
DELFIM
DA SILVA
Eleuterio Delfim da Silva
Cc
Pais de:
Ll)
Cc ..... Pais de:
ILl )Oz6rio Duque Estrada
5) MANOEL ANTONIO
RODRIGUES
GUIAO
Cust6dio Jose Vieira, Capitao de Ordenan<;as. N. S. Joao Del Rei .. C, las nupcias, corn,
Margarida Bernarda da Cunha
C, 2"' nupcias, corn
Anna Maria de Souza
Pais de (l" nupcias):
Ll -Manuel Custodio Vieira, Capitao da Guarda Nacional.
Cc. UmbeUina de Andrade Diniz Junqueira., filha do Capitao Mor Francisco Antonio
Diniz Junqueira e de Marianna Constan<;a de Andrade, ambos pertencentes a antigas
farrnlias de Minas Gerais. Cd.
1.2 -Iria Umbelliua Vieira
Corn a morte do rnarido, tomou a frente dos neg6cios, administrando corn firrneza, mas
corn crescentes dificuldades, as fazendas e 0 engenho de aguardente, corn exporta<;6es para
Sao Paulo e Minas Gerais. Em 1876, promoveu ern Valen<;a uma Festa do Divino Espfrito
Santo. imortalizada na hist6ria local pela grandiosidade corn que se revestiu. Nas palavras
de seu neto Alcides Palma Guiao, ern seulivro "Mem6rias de Wll professor nonagenario ",
era "politicamel2te de muito prestigio social, por suas virtudes, equilibrio psicol6gico e de
bom senso". N. cerca de 1817. F. Valen<;a, 25.03.1899. C.c.
Manuel Antonio Rodrigues Guiiio
Comendador e proprietario das fazendas S. Manuel do Canlbota e S. Rosa, e dos sftios
Escobar e Cachoeirinha, em Valen<;a. Destinado pela farrnlia a carreira religiosa, fugiu do
seminario e embarcou para 0 Brasil, pagando a passagem corn 0 seu trabalho. Trabalhou
no comercio do Rio de Janeiro, e esteve ern Minas Gerais, onde se casou, antes de vir para
Valen<;a, prestando ai relevantes contlibui<;6es para 0 progresso local: fez parte de uma
comissao organizada para angariar fundos para os invalidos da Guerra do Paraguai, doou
expressivas somas para 0 cal<;amento da cidade.N.Portugal. F. Valen<;a,20.08.1 872,Pais de:
ILl -Maria Leonor Rodrigues Guiao, N. Serranos, MG, .01.1850. F. Catanduva, SP,
C., RJ (Igreja de Santo Antonio dos Pobres), 28.05.1873, corn
Francisco Ribeiro Guimaraes
Proprietillio do sftio Santa Maria do Cambota.N. Freguesia de S. Sebastiao, Guimaraes,
Portugal.F.Valen<;a, 22. 10. 191 I.Filho de Joao Baptista Ribeiro e de Antonia Josepha
de Oliveira. Pais de:
IlLl -Raul Guiao Ribeiro, Hoteleiro ern Valen<;a. N. Valen<;a, 26.02.1874.F. Valen<;a,
13.12.1942.C, Valen<;a, 17.08.1895, corn,
Iria Umbellina
Soares Ramos, N. Valen<;a, 05.04.1874.F.
Valen<;a,
25.07.1959.Filha de Augusto de Azevedo Ramos e de Francisca Soares Diniz,
ele, descendente da tradicional fanulia Werneck, e, ela, neta paterna do Barao de
Santa Isabel. Cd.
IlL2 -Malia Guiao Guimaraes,
N. Valen<;a, 17.07.1877. Cc.
Joaquim Horacio Vieira. C d.
IlI.3 -Ada Guiao Guimaraes, N. Valen<;a, 30.04.1879.F. Can1pinas, SP, 1978.Cc.
Raphael Leoni
Filho de Miguel Leoni e de Concetta Capozzoli, irmao do Comendador Nicolao
Leoni, benem6ito da Santa Cas a de Miselic6rdia de Valen<;a, e tio materna do
histOliador Jose Leoni Iorio, autor de "Valew;a de Oiltem e de Hoje".C d.
IlIA -I1ia Guiao Guimaraes, N. Valen<;a, 03.03.1881.
IlLS -Rosenda Guiao Guimaraes, N. Valen<;a, 01.03.1883.
IlI.6 -Francisco Guiao Guimaraes, N. Valen<;a, 02.01.1885.
IlI.7 -Antonia Guiao Guimaraes, N. Valen<;a, 24.08.1889.F.Catanduva,
SP.Cc.
Jorge Almeida C d.
IlL8 -Leon or Guiao Guimaraes N. Valen<;a, 17.05.1892.
IlI.9 -Cecilia Guiao Guimaraes, C, RJ, corn
Alberto Nogueira, C. d.
11.2 -Francisco Antonio Rodrigues Guiao, Cursou ate 0 5° ano a Escola Politecnica, no
RJ. N. Valen<;a, 07.10.1854.RJ, 21.04.1876. Solteiro.
inventano de Guiao em 1872, cerca de 74 contos (+
23%), embora registrasse metade da area ffsica da
que possuia anteriormente. Assim, e razoavel supor
ser desta epoca a implantac;ao da efetiva dicotomia
produtiva: cafe e pinga incrementando ou, pelo
menos, balanceando as receitas da propriedade
levan do-a a valer mais em uma quadra onde ja se
observava 0 imcio da decadencia do Ciclo Cafeeiro.
D.
V. DA CUNHA GUlAo
agricola deixado pelo comendador
Guiao continuou com a viuva ate 1889 de sorte que,
no Seculo XIX, foi esta farmlia que teve par mais
tempo a propriedade das terras de Santa Rosa: 31
anos ininterruptos. Dona Iria Umbelina, com todos
os filhos homens estudando na Corte ou em Sao
Paulo (medicina, direito e engenharia), administrou
com dificuldade as propriedades da farmlia: as duas
fazendas, varios sitios e casas em Valenc;a.
Com a abolic;ao da escravidao, a gota d'agua no
processo
de decHnio
do CicIo do Cafe
Valeparaibano, que representou para ela reduc;ao
patrimonial de cerca de 35% com a libertac;ao de
90 escravos, a tarefa ficou impraticavel e ela perdeu,
em meados de 1889, Santa Rosa e todas as outras
propriedades e bens para 15 credores atraves de
uma ac;ao de Execuc;ao de Divida que, iniciada em
1888, foi julgada em urn prazo extremamente
rapido. Todos os credores, ato contInuo e, tudo
indica, como parte de uma "operac;ao casada",
venderam, entre setembro de 1889 e fevereiro de
1890, todas as suas partes para 0 imigrante italiano
Vito Pentagna, radicado desde 1881 no comercio
valenciano onde fez fortuna, e para 0 socio dele, 0
lavrador Manuel Garcia Roza. Pouco tempo depois,
em dezembro de 1892, Vito Pentagna comprou os
50% do socio Roza Garcia e tornou-se
0
proprietario unico de toda a Fazenda Santa Rosa e
dos demais bens de Dona Iria Guiao. Todas as
operac;6es com os 15 credores estao devidamente
registradas em 4 escrituras de compra e venda no
cartorio do 1 Ofkio de Notas de Valenc;a e
estabelecem a verdade sobre como, quando e
porque Dona Iria Umbelina perdeu to do 0 seu
patrim6nio.
IRIA UMBELINA
o conjunto
0
II.3 -Manuel Antonio Rodrigues Guiao Filho, Cursou 0 "Collegio Almeida
Martins", ate
04° ano da Faculdade de Medicina, no RJ.N. Valen«a, 02.02.1860.Falecido
solteiro.
11.4 -Jose Rodrigues Guiao, Cursou 0 1° ana da Faculdade de Medicina, no RJ.N.
Valen«a,
1861. Falecido solteiro.
II.5 -Antonio Hygino Rodtigues Guiao, Cursou 0 colegio do professor Luiz Domingos do
Lage Junior, em Rio Preto, 0 "Atheneo Fluminense", no RJ e 0 "Collegio Paixao",
em Petropolis, diplomando-se pela Faculdade de Medicina do RJ. Retornando a
Valen«a, prestou relevantes servi«os pOI' ocasiao da epidemia de febre amarela, pelo
que recebeu um "voto de louvor", da Camara Municipal.N. Valen«a, 11.01.1863.C.c.
Elvira de Oliveira Figueiredo
Filha do Conselheiro Dr. Carlos Augusto de Oliveira Figueiredo, sobrinho paterno do
Barao de Alhandt'a, e sobrinho materno do Visconde de Sepetiba, que viveu pOI'alguns
anos em Valen«a, onde desfrutava de alta estima, como brilhante advogado e !ider
polftico, partindo dai para presidir a Provincia de Minas Gerais, e passando depois ao
Rio de Janeiro, onde foi ministro do Tribunal de Contas do estado, deputado, senador
e ministro do Supremo Tribunal Federal; e de Francisca Paes Leme.C. d.
II.6 -Joao Baptista Rodrigues Guiao
Cursou 0 "Collegio Sa Mene~es" e 0 "Collegio de Valenfa", em Valen«a. Ingressando
na Faculdade de Direito de Sao Paulo, colaborou na imprensa local sob 0 pseudonimo
de Ruy Flavio, fundou com outros colegas a "Revista Academica",
foi redator
proprietario do jornal "A Penna" e participou, ainda, do semanario "A Metralha".
Diplomando-se,
retornou a Valen«a, onde participou ativamente da vida social e
polftica, sendo proprietario e redator de "0 Conterraneo ", e depois do "Amigo do
Povo', periodico que fez a propaganda republicana.
Radicando-se em Cajuni, SP,
tomou-se proprietario da fazenda Seltaozinho, um dos primeiros plantadores de cafe
daquela regiao do estado; promotor publico; vereador; presidente da Camara Municipal;
intendente, quando realizou estudos para instala«ao da luz eletrica e dos trilhos da
Estrada de Ferro Mogiana, abriu estradas e fundou 0 Club Renascen«a; deputado
constituinte em 1891, ocupando pOI'duas vezes a presidencia da Assembleia Legislativa
de SP, e proprietario dos jornais "0 Independente",
e de "A Vo~ de Cajuru".
Transferindo-se para Ribeirao Preto, adquiriu 0 "Diario da Manha", e foi procurador
da Camara Muncipal, juiz de Paz e eleito prefeito municipal, quando realizou uma
excelente e memoravel administra«ao, cal«ando a cidade de paralelepipedos, ampliando
a ilumina«ao, cuidando das estradas, organisando 0 Codigo de Posturas e novas leis
de administra«ao, apos 0 que retirou-se a dedica«ao exclusiva ao seu escritorio de
advocacia. Culto e inteligente, alem de competente advogado e combativo jornalista,
foi eximio pianista, deixando, entre outras as composi«oes "Recordando a Mocidade"
e "Saudade de Valenfa ", e escritor, tendo publicado entre romances, contos sertanejos,
comedias: "Dioguinho", "Memorial de um Morto", "Tribulafoes de WIl Carofo de
Cafe", "A Pensao de Dona Sophia", "A Flor do Cafe", "0 Casamento Civil",
"Ribeirao Preto no Centenario da Independencia",
"Organi::;afoes das Camaras
Mwzicipais de Sao Paulo", etc. N. Valen«a, 03.05.1864,F.
Ribeirao Preto, SP,
1O.03.1956.C., Santa Rita do Passa Quatro, SP, com sua prima,
Umbellina Vieira de Andrade Palma,c. d.
II.7 -Joaquim Rodrigues Guiao, N. Valen«a, 03.05.1866. Falecido crian«a.
1.3 -Francisco Custodio Vieira, c., com sua sobrinha,
Marianna Vieira, Filha do Capitao Manuel Custodio Vieira e de Umbellina de Andrade
Diniz Junqueira. C. d.
1.4 -Eulalia Rosa Vieira, c.c.
Joao Baptista Ferreira de Britto, N. Campanha, MG, 28.02.1807, filho do Capitao Jacintho
Ferreira de Britto e de Escholastica Cassiana Pereira. C. d.
Pais de (2" nupcias):
1.5 -Theodora Bernarda Vieira, C.,Serranos, MG, com seu cunhado,
Joao Baptista Ferreira de Britto, C. d.
6) VITO PENTAGNA
... Pentagna, c.c .... Pais de:
I.l) Saverio Pentagna, F. 1899.C.c.
Josephina Sorrentino, Pais de:
II. I )Cesar Pentagna, Padre.
II.2)Nicolao Pentagna
Desembarcou no Brasil com apenas quatorze anos, estabelecendo-se em Valen«a, em
1878, na pequena casa comercial "Nicolao Pentagna & Irmao". Mais tarde associouse ao portugues Manuel Pereira de Sampaio na "Pentagna & Sampaio ", que mantinha
a "Casa Sampaio ", onde nao tardou a prosperar. Sempre aliando 0 sucesso profissional
ao progresso da cidade, fundou a Societa Italiana de Beneficenza; pOI' ocasiao da
liberta«ao dos escravos organizou uma rede telefonica, ligando as fazendas do distrito
da cidade a sua casa comercial; aliado ao irmao Vito, patrocinou a vinda de uma
Congrega«ao de Padres Barnabitas, que mantiveram um colegio intemo e semi-intemo,
que foi 0 primeiro curso secundario da cidade; participou da funda«ao e foi diretor da
Companhia Fia«ao e Tecidos Santa Rosa; foi vice presidente da comissao encarregada
da reconstru«ao da Igreja do Rosario; compos a comissao fundadora da Diocese, etc.No
RJ, fundou uma casa de importa«ao "Nicolao Pentagna & Companhia" e 0 "Banco
Italia Bra::;ile", 0 primeiro estabelecimento de credito italiano no Brasil.. N. Scario,
Comuna de San Giovani Aspiro, Provincia
de Salerno,
Reino da Italia,
14.02.1849.F.Valen«a, 03.03.1930.C., MG, 02.05.1870, com,
Maria Clara de Castro, Filha de Jose Ribeiro de Castro, fazendeiro em S. Domingos
da Bocaina, Ibitipoca, MG, e de Maria Nicezia. Com descendencia.
II.3) Caetano Pentagna, Proprietario da fazenda do Pm'aiso, em Valen«a.
c., MG, 07.08.1875, com,
Marianna Philomena de Castro, Filha de Jose Ribeiro de Castro, e de Maria
A FAMILIA IELPO
7
Pedro Ielpo, conhecido como Mestre Pedro,
era 0 encarregado de obras na regiao de Scario,
onde faleceu em 1903.
Era casado com Anna Thereza Scaldaferri,
que faleceu em decorrencia de urn parto, em
agosto de 1898.
o casal teve onze filhos: Francesco
Sebastiano,
Carmello,
Nicola
Maria
Domenico, Antonia, Lucia Vincenza, Vincenzo
Antonio, Alexandre, Francesca, Giuseppina,
Maria Fidela Gaetana e Benjamin
o primogenito, Francesco Sebastiano
Scaldaferri Ielpo, aos 15 anos deixou sua terra
natal com destino ao Brasil, onde em Valen«a
o aguardava urn emprego junto a familia
Pentagna.
Francesco,
que a exemplo
dos seus
conterraneos,
nao tardou a prosperar,
incentivou e patrocinou a vinda dos demais
irmaos para 0 Brasil; na primeira decada do
seculo XX ja estavam todos no pais.
Assim que chegou a Valen«a, Francesco
Sebastiano Scaldaferri Ielpo foi empregado
pela familia Pentagna em urn armazem,
localizado estrategicamente a beira da estrada
de ferro que ligava Valen«a ao municipio de
Rio das Flores, pr6ximo a fazenda Santa Rosa.
Gra«as a sua capacidade, logo estava a frente
do armazem.
Prosperando, de empregado passou a s6cio
dos Pentagna na tradicional "Casa Sampaio",
uma das maiores da cidade e adquiriu de
Joaquim de Mello Antunes, a "Casa Mingote".
Num investimento audacioso para a epoca,
quando os carros constituiam artigo raro e caro,
junto ao cunhado Francisco Di Biase, fundou
a "Agencia de Autom6veis Chevrolet".
Por fim, fundou uma loja de presentes "Ao
Pre«o Fixo", que durante anos liderou 0
mercado local na comercializa«ao de artigos
finos.
Foi ainda secretario da Sociedade Italiana
de Beneficencia
e do Club Recreativo
e
membro do Conselho Fiscal da Companhia
Industrial de Valen«a.
Apesar de sua vida ter transcorrido desde
cedo numa intensa dedica«ao ao trabalho,
possuia urn espirito fino e educado, com grande
inclina«ao para a vida em sociedade, na qual
desfrutava veneravel prestigio - nas querelas
politicas, nas quest6es de familia, no progresso
do comercio, sua opiniao era sempre solicitada
e acolhida com grande respeito.
Casou-se, sucessivamente, com duas irmas,
Noemi e Marietta, renomadas professoras,
pertencentes
a tradicional
familia Lopes
Domingues, entao proprietarios da fazenda Sao
Jose das Palmeiras, em Valen«a, das quais
deixou descendencia.
Nicola Maria Domenico Scaldaferri Ielpo
(Nicolino Ielpo, como se naturalizou), ap6s
diplomar-se
em guarda livros, esteve na
intendencia da marinha italiana, ingressando
depois como funcionario no Banco Frances
Italiano, a servi«o do qual transferiu-se para 0
Rio de Janeiro, em meados da decada de 1900.
Em 1913, estava noivo de Rosa Maria
Mazzeo, filha do maior comerciante de secos
e molhados do distrito de Parapeuna, Vicente
Mazzeo, quando foi prerniado atraves de urn
bilhete Loteria Federal, com a pequena fortuna
de 100 contos de reis. Investiu parte do
dinheiro em im6veis, em Valen«a, adiantou 0
casamento
e partiu para a Italia, onde
permaneceu por varios meses.
Por sua integridade
e competencia
profissional, foi convidado para integrar como
s6cio, e diretor da Contabilidade, a Fabrica de
Rendas e Tiras BOldadas Dr. Frontin, fundada
pelo Comendador Antonio Jannuzzi.
Foi ainda tesoureiro da Santa Casa de
Miseric6rdia
e contador da "Agencia de
Autom6veis Chevrolet" e do Coronel Cardoso,
o ultimo grande exportador de cafe da regiao.
Culto e amante da music a classic a, tocando
inclusive 0 bandolim, seu programa predileto
era ouvir discos de 6peras e comparecer as
temporadas liricas do Teatro Municipal do Rio
de Janeiro, quando mantinha
uma frisa
reservada.
Sua residencia, em Valen\a, era freqtientada
por gente da melhor sociedade da epoca como
o fazendeiro Francisco Martins Esteves, que
levava partituras de 6peras para Rosa Maria
Ielpo tocar ao piano; Luiz Damasceno Ferreira,
que ia ler os capitulos da sua "Hist6ria de
Valenr;a"; e 0 Comendador Nicolao Pentagna,
seu vizinho e parceiro no carteado.
Faleceu prematuramente, em 1933, vitima
de uma pneumonia.
Deixou duas filhas: Anna Thereza Mazzeo
Ielpo, normalista, casada com Luiz Carlos da
Costa Carvalho,
advogado,
professor
e
magistrado, que foi diretor da Faculdade de
Direito de Valen«a, sobrinho bisneto do barao
da Passagem; e Maria Apparecida Mazzeo
Ielpo, normalista,
casada com Francisco
Emmanuel Jannuzzi, advogado e professor,
juiz substituto da Comarca de Valen\a.
Lucia Vincenza Scaldaferri Ielpo casou-se,
em Scario, em 1907, com Francisco Di Biase.
Logo ap6s 0 casamento 0 casal se transferiu
para 0 Brasil, residindo inicialmente
em
Valen«a e depois em Barra do Pirai.
Foram pais, dentre outros, de:
Maria de Lourdes Di Biase, casada com 0
empresario carioca Heider Barros de Moraes
Rego, bisneto dos Bar6es de Penalva, e trineto
dos Bar6es de Turiassu e dos Viscondes de
Inhauma.
Geraldo Di Biase, advogado
e figura
proeminente da politica fluminense, foi prefeito
municipal de Barra do Pirai e deputado
estadual por cinco legislaturas, sempre com
louvaveis iniciativas,
dentre as quais se
destacam as funda\6es das faculdades da
Funda«ao Rosemar Pimentel, de Barra do Pirai,
da Faculdade de Filosofia, em Volta Redonda e
da Faculdade de Engenharia Civil, em Nova
Igua«u. No primeiro go verno estadual de
Leonel Brizola, foi secretario da Industria e
Comercio.
Benjamin Ielpo, cujo nascimento custou a
vida da mae, foi salvo gra\as a dedica\ao do
medico Ruggero Pentagna.
Criado pela irma Lucia Vincenza, foram os
ultimos da falllllia a irnigrarem para 0 Brasil,
aonde chegaram em novembro de 1907.
Aos dez anos era empregado da "Casa
Mingote", em Valen«a, passando depois uma
temporada no Rio de Janeiro.
Novamente em Valen«a, abriu seu pr6prio
neg6cio e contraiu nupcias, em 06 de julho de
1907, com Luiza de Almeida Kirk, rica
herdeira, venerada por sua erudi«ao e bondade,
que foi sempre sua incentivadora
e fiel
colaboradora.
Iniciou entao sua ascensao social e politica:
tesoureiro dos Correios, 1 suplente de Juiz de
Direito, delegado de Policia, vereador, duas
vezes prefeito e deputado estadual; por mais
de trinta anos foi urn dos lideres politicos da
regiao.
Mais tarde fundou a empresa Ielpo & Cia.
Ltda., e com Floriano Pellegrini, 0 Banco de
Valen«a S/A, procurando sempre incentivar 0
progresso da terra que tao bem 0 acolheu.
Foi ainda vice-provedor da Santa Casa de
Miseric6rdia;
presidente
da Associa\ao
Comercial, e do Club dos Coroados; s6cio
benemerito da Academia Valenciana de Letras
e membro da Sociedade Arnigos de Valen«a,
entre outros.
Por sua zelos a colabora«ao nas causas da
igreja cat61ica, foi condecorado pelo Papa
Paulo VI, com a comenda da Ordem de Sao
Silvestre. Nao deixou descendencia.
0
A FAMILIA JANNUZZI
N a decada de 1880, estabeleceu-se
no
comercio de Valen«a Joao Carelli, que era
casado com Anna Maria Jannuzzi.
Algum tempo depois, vindos de Napoles,
ber\o italiano da familia Jannuzzi, chegaram
os irmaos de Anna Maria, Francisco Jannuzzi
e Luiz Jannuzzi, com as respectivas familias.
Anna Maria Jannuzzi e Joao Carelli tiveram
varios filhos, dentre os quais Paulina Carelli,
casada com Paschoal Demarchi.
Vma das filhas deste casal, Anna Maria
Demarchi, se casou com Celso Chagas Gomes,
diretor da Companhia Industrial Ferreira
Guimaraes, e deixou vasta descendencia, na
qual se inclui Jose Gomes Graciosa, expresidente da Assembleia Legislativa, e atual
presidente do Tribunal de Contas, do Estado
do Rio de Janeiro.
Francisco Jannuzzi, conhecido como Chico
Pequeno, com sua confeitaria
era quem
garantia 0 pao diariamente entregue nas portas
das familias valencianas.
Homem simples e bondoso cativou os
••
valencianos com seus gestos carinhosos.
Casado com Maria Rosa Preciosa de Camilo,
tambem napoli tan a e que por seu espfrito
caridoso desfrutava de grande estima e respeito
na sociedade de Valenc,;a, que sinceramente
pranteou sua morte, ocorrida em 1912.
o casal teve os seguintes filhos: Paschoal,
Salvador, Cyro e Raphael.
Paschoal Jannuzzi no infcio de sua vida em
Valenc,;afoi auxiliar do pai na confeitaria, antes
de abrir urn armazem de secos e molhados.
Depois esteve por urn curto espac,;ode tempo
no Rio Preto, com uma fabric a de macarrao.
Retornando a Valenc,;a, abriu a "Padaria
Fluminense" e associou-se a Martinho Frank,
introdutor do cinema na cidade, no Cine Pathe.
Seduzido pela setima arte, constituiu com
Vicente Ielpo a empresaJannuzzi & Ielpo, para
explorar
0 antigo
Teatro
da Gloria,
transformando-o
no moderno Cine Roma;
dinfunico e com grande tino comercial, passou
a exibir com sucesso os filmes american os, em
sec,;6es que tempos depois se tornaram di:irias
- tamanho 0 interesse despertado na sociedade
valenciana
que lotava a plateia, frisas e
camarotes da bela casa de espetaculos. Em
1930, num empreendimento memoravel, fez
de Valenc,;a a primeira cidade do interior do
estado a ter filmes sonoros'
Se 0 empresario
decolava em grandes
projetos,
0 comerciante
nao esmorecia.
Tornou-se fornecedor de alimentos para 0
Exercito local, onde fez grandes e valiosas
amizades.
Em seus ultimos anos ainda gerenciou 0
Hotel de Ferias, da Central do Brasil.
Dedicou-se tambem a musica e 0 futebol.
Fundou
a Sociedade
Musical
Euterpe
Valenciana, promovendo em sua residencia
I»BIBLIOTECA
memoraveis saraus, quando tocando piston ou
piano, acompanhava os famosos musicos que
trazia de outras localidades, como registrado
pelo "Correia de Valen(;a ", em sua edic,;aode
19 de julho de 1923.
Foi casado com Adelia Celina de Araujo,
descendente de urn ramo colateral da fanlflia
Leite Ribeiro, os Machado de Azevedo; seus
antepassados
vieram de Andrelandia para
Valenc,;a, onde fundaram 0 distrito de Santa
Isabel do Rio Preto. Era tia materna de Lecticia
Abruzzini, casada com 0 jornalista e politico
fluminense Carlos Lacerda.
Deixaram grande descendencia.
Luiz J annuzzi, casado com Maria, ao
radicar-se em Valenc,;a,fundou uma confeitaria.
No infcio do secul0 XX, os filhos do casal,
Lourenc,;o, Raphael e Francisco Salvador
associaram-se naempresa "Lourenc,;o Jannuzzi
& Irrnaos", que exportava diariamente para 0
Rio de Janeiro 200 kg. de cafe "torrado e
moido", como informa uma edic,;aodo "Jamal
do Brasil" da epoca.
Posteriormente,
Lourenc,;o J annuzzi foi
proprietano da famosa "Confeitaria Jannuzzi",
onde eram vendidos doces feitos por sua
muTher, Emilia Domingas Maria Gioseffi, e
diretor da Companhia Fiac,;ao e Tecidos Santa
Rosa.
o casal teve cinco filhos, dos quais Luiz
Gioseffi Jannuzzi, diplomou-se em engenharia
civil no Rio de Janeiro e foi urn dos maiores
construtores da Capital Federal em meados do
secul0 XX.
Luiz Gioseffi Jannuzzi, apesar de sua intensa
atividade profissional, fez do desenvolvimento
de Valenc,;auma das metas da sua vida. Assim,
numa epoca em que nao podia ausentar-se do
RIO durante 0 dla, segUla para B de trem, &
noite, a fim de inspecionar as obras do Hospital
Geral, retornando na madrugada seguinte. Para
concretizar seus pIanos, elegeu-se prefeito e
conseguiu
fazer de Valenc,;a, Municipio
Modelo. Uma de suas maiores realizac,;6es foi
a Fundac,;ao Educacional D. Andre Arcoverde,
atraves da qual conseguiu instalar 0 ensino
universit:irio em Valenc,;a,usando para isso toda
sua obstinada forc,;ade vontade e prestfgio.
OBSERVAc;:Ao:
0 presellte artigo possue uma bem
documelltada
e extensa bibliograjia,
que sera
enviada para aqueles que a solicitarem
por
correspOildencia
C9l.!1(
dirigida
a Carta'MellSa!
CX9l. M'E9{S.!JI..£
Ano XVI-N° 72-SetiOut 2003
Boletim Informativo
COLEGIO BRASILEIRO DE
GENEALOGIA
Divulga~o Interna
Av. Augusto Severo, 8 - 12"
20021-040· Rio de Janeiro· RJ
Coordenador
Nelson V. Pamplona
I
A Biblioteca agradece:
• OLIVEIRA, Ricardo Costa de. 0 sil€~ncio
dos vencedores: genealogia,classe dominante
e estado no Parana. Curitiba: Moinho do Verbo,
2001. 447 p. (Doac,;ao do autoL)
• PARAIBANO,
Instituto
Historico
e
Geogratico. Boletim. Joao Pessoa: aX, n.129,
agosto 2003.
• SANTA CATARINA, Instituto Historico e
Geogratico de. Boletim. Florianopolis: a.VI,
n.66, setembro e 67, outubro 2003
• MINAS GERAIS, Instituto Historico e
Geogratico de. Boletim informativo. Belo
Horizonte:
junho
a agosto
de 2003.
• QUEIROZ, Alcides Francisco Vilar de. Vilar
& Cia: apontamentos de historia familiar - 2.
Rio de Janeiro: Fabrica de Livros, 2003. 352
p. (Doac,;ao do autor )
• PARAIBANO,
Instituto
Historico
e
Geogratico. Revista. Joao Pessoa: a.XCIV,
n.36, setembro 2002
• FUNDA\=AO
Cultural de Blumenau.
Blumenau
em cadernos
- XLIV, 7 / 8.
Blumenau: Cultura em Movimento, julho /
agosto 2003.
• NOBREGA,
Artur
Vaz-Osorio
da.
Compendio POltugUeSde Heraldica de Familia.
Lisboa: Medialivros
S.A., 2003. 239 p.
(Doac,;ao do autor e socio correspondente em
Portugal.)
Votos de boas vindas it nova socia Colaboradora
EVA LINS CORREA DE OLIVEIRA do Rio de
Janeiro
I»LIVROSAVENDA
»EVENTOS
15° ENCONTRO
DA FAMILIA COLLING
em Pareci Novo-RS - 16 Nov 2003
Contate Ilseu Inacio Colling - 51 568 2021
ou
96558051
I
• ALENCAR, Adauto -Roteiro Genealogico
de Mato Grosso Vol. I e II, cada
R$ 20,00
• BASTOS, Wilson de Lima - A Fazenda da
Borda de Campo e 0 Inconfidente Jose
Aires Gomes
20,00
Francisco Baptista de Oliveira - sua Vida,
sua Obra e sua Descendencia
20,00
• CBG - Bibliografia Preliminar sobre
Genealogia
40,00
• BREVES, Padre Renato - Santana do
Pirai e a sua Historia
25,00
• FERREIRA, Ottoni Barbosa - Os
Ottoni, Descendentes e Colaterais
30,00
• MIRANDA, Victorino Chermont de Iconografia e B. dos Titulares do
Imperio V Letras I e J
20,00
• LACERDA NETO, Artur Virmond
Um Italiano em Curitiba
5,00
• OLIVEIRA, Betty Antunes - North
American Imigration to Brazil
20,00
• RIBEIRO, Paulo Fernandes Telles e
LINHARES, Eliana - Comendador
Guilherme Telles Ribeiro
35,00
Pedidos para 0 CBG, acompanhado de cheque
cruzado
e nominal
ao Instituto
Hist6rico
e
Geografico Brasileiro no valor, acrescido de R$ 5.00
por volume.
»
UTILITARIOS
GENETICA E COR DA PELE
BIOLOGIA MODERNA E GENEALOGIA
Uma das mais notaveis transforma'roes cientificas das ultimas decadas
e, sem duvida, aquela ligada as chamadas ciencias biol6gicas,
especialmente ap6s a identifica'rao de sua base molecular e da rela'rao
entre tais moleculas, heran'ra genetic a e evolu'rao. Destaca-se a famosa
molecula de DNA (do ingles DeoxiriboNucleic Acid).
Para a genealogia, as conseqiiencias deste tipo de estudo serao,
certamente, imensas. Alem da possibilidade de ate star liga'roes incertas,
come'rando pelos mais 6bvios exames de paternidade e maternidade,
muitos outros caminhos se abrem.
Iii e possivel estabelecer-se a origem etnico-geogriifica das linhas
paternas e maternas de um individuo, atraves do estudo do cromossomoy e do DNA-mitocondrial, respectivanlente. Para a gera'rao de nossos
tatarav6s, isso implica em descobrir a origem de apenas dois individuos,
em um gropo de trinta e dois. Nao sera facil distingiiir cada um dos
demais, porem, a priori, nao pode ser completamente excluida tal
possibilidade.
Seja como for, os estudos das linhagens paternas e maternas ja tem
revelado aspectos ate entao pouco claros da hist6ria. Por exemplo,
estudos recentes vem comprovando
a diferenciada
forma'rao da
popula'rao brasileira. Assim, se a origem da ascendencia masculina da
popula'rao branca parece ser, majoritariamente europeia, a ascendencia
feminina apresenta grande equilibrio entre popula'roes europeias,
amerindias e africanas.
Por ser ainda tao nova, esta area de pesquisa ainda hii de evoluir,
modificar algumas de suas conclusoes atuais, e nos trazer inumeras
revela'roes surpreendentes, com a revisao completa de conceitos e teorias
ate entao tidas como intocaveis. De fato, existem, nesse campo, muito
mais questoes importantes a serem respondidas do que certeza a ser
propagada em massa. Em particular, uma explica'rao plenamente
satisfat6ria para 0 processo evolutivo ainda nao existe.
Neste contexto, um tema e sempre prejudicado por toda uma hist6ria
de preconceitos, sofrimento e ressentimento, nao apenas devidos ao
pass ado, mas ainda muito presente em nossos dias. Trata-se da rela'rao
entre popula'roes, cor de pele, sua origem biol6gica e etnico-geogriifica,
bem como das conseqiiencias de todos estes aspectos com respeito a
hist6ria da humanidade, caracteristicas de gropos, doen'ras e fenomenos
relacionados.
BIOQUIMICA
DA COR DE PELE
Embora seja um dos aspectos ffsicos mais evidentes, ainda esta em
seu infcio a compreensao sobre as moleculas responsaveis pela gama
de tons de pele da popula'rao mundial. Mais especificamente, trata-se
de descobrir 0 papel de todas as proteinas (codificadas no DNA de cada
individuo) associadas a esta caracteristica. Sabemos que 0 resultado
final de uma cadeia de processos bioquimicos resulta na produ'rao de,
basicamente, dois tipos de "melaninas": a eumelanina, de cor preta/
marrom e a pheomelanina, de cor vermelha/amarela. A propor'rao de
produ'rao destes dois tipos resulta na cor de pele clara ou escura e na
cor de cabelos de mais escuros a loiros ou roivos. Como se sabe, a a'rao
dos raios solares gera diferentes respostas nos diversos individuos, sendo
algumas pessoas de pele mais clara capazes de produzir uma quantidade
muito grande de eumelanina, ficando "bronzeadas". Resta saber como
e bioquimicamente determinada a produ'rao de tais compostos.
Apenas uma proteina, conhecida pel a sigla MClR, apresenta
conhecida correla'rao com a produ'rao dos dois tipos de melanina e com
tra'r0s como cor de pele e cabelo. Alem disso, evidenciando mais uma
vez a complexidade da questao, ha correla'rao entre algumas formas
mutantes da proteina MCIR e 0 surgimento de melanomas, sem
correspondente liga'rao com cor de pele ou cabelo.
S6 para esclarecer, ou lembrar, cada individuo possui um conjunto
unico de moleculas. Para toda proteina, existem variedades mutantes, e
cada um de n6s ira carregar uma muito especffica cole'rao destes
mutantes. Ou seja, iremos carregar muitas moleculas exatamente iguais
as de nossos irmaos, parentes, assim como as de diferentes pessoas de
todas as origens. Porem, nao ha quem carregue identic a sele'rao e
propor'rao de proteinas. Na verdade, quando se fala na semelhan'ra
bioquimica entre humanos e outros animais, a compara'rao e feita,
normalmente,
pela semelhan'ra entre algumas protefnas comuns
presentes nestas especies.
Da intera'rao dinamica entre tais moleculas surge a base das
caracteristicas de cada individuo. Esta e mais uma das fascinantes areas
de fronteira na pesquisa em biologia, envolvendo outras areas de
conhecimento, notadamente a matematica e a ffsica.
A proteina MCIR participa de importantes processos bioquimicos.
Como uma das conseqiiencias de sua atividade, esta a determina'rao do
quanto de cada tipo de melanina sera produzido. Cada uma das formas
mutantes desta proteina irii resultar em uma propor'rao diferente de
eumelanina/pheomelanina.
Um trabalho publicado no ana 2000 na revista "American Journal of
Human Genetics", de autoria de Rosalind M. Harding e colaboradores,
intitulado "Evidence for Variable Selective Pressures as MC IR" tratou
de algumas questoes referidas anteriormente.
Neste trabalho, foi
mostrado que as popula'roes africanas de cor de pele mais escura
apresentam quase exclusivamente uma unica forma mutante desta
proteina. Poi tambem possivel reconhecer os diversos tipos de mutantes
presentes nas popula'roes de cor de pele mais clara. Neste ponto, vale
ressaltar que 0 tipo de mutante associado a popula'rao africana tambem
aparece com alta frequencia em todos os conjuntos de individuos com
cor de pele clara,evidenciando-se,
mais uma vez, a complexidade do
tema e a dificuldade de se estabelecer criterios evidentes de separa'rao e
classifica'rao dos diferentes gropos humanos.
Os autores deste trabalho concluem que a atividade solar levou a
necessidade de uma maior prote'rao nas regioes equatoriais africanas,
prote'rao essa oferecida pelo aumento na propor'rao de eumelanina. Este
teria side um fator de sele'rao decisivo, fazendo com que toda a popula'rao
possua uma unica forma da proteina MCIR, responsavel pelo refor'ro
na produ'rao de eumelanina. Ao contrario, sobre as popula'roes de cor
de pele mais clara nao houve nenhuma pressao seletiva, sendo a atual
distribui'rao de diferentes form as mutantes, da me sma proteina MCIR,
o resultado do acumulo inevitavel de muta'roes ao longo dos anos.
Alem disso, como referido anteriormente, ja sao conhecidas formas
mutantes desta protefna associadas tanto a uma melhor resistencia a
evolu'rao de melanomas quanto a sua facilita'rao. Uma das utilidades
deste tipo de conhecimento estaria na necessaria tomada de medidas de
precau'rao por parte dos portadores dos mutantes desfavoraveis,
especialmente para as pessoas que habitem regioes ensolaradas.
CONCLUSAO
Estudos como esses tem levado cada vez mais a conclusao de que as
diferen'ras entre os varios gropos humanos existem, mas sao, as vezes
surpreendentemente,
muito divers as do que parece a abordagem
superficial e preconceituosa dos fenomenos. Por exemplo, ao contrario
do que as vezes se ouve, as popula'roes africanas apresentam entre si
uma diferen'ra e uma variedade de gropos muito maior do que, por
exemplo, as popula'roes europeias ou asiaticas. De fato, estaja era uma
conclusao resultante dos estudos lingiiisticos, donde nao se trata de
anomalia do metodo, mas de um resultado consistente e coerente.
Outro resultado deste tipo de pesquisa esta em dissipar a possibilidade
da simples categoriza'rao das divers as popula'roes e a tentativa de se
estabelecer "aptidoes e inaptidoes" inerentes e fortemente diferenciadas
para cada uma delas a partir de uma base bioquirnica.
Evidentemente,
nesse debate devem ser descontadas as 6bvias
conseqiiencias do ambiente cultural e das condi'roes de desenvolvimento
de cada gropo humano. Seja como for, fica cada vez mais evidente a
riqueza relacionada as intera'r0es dinamicas entre as biomoleculas e e,
quase sempre, inutil tentar associar um unico gene, como costuma ser
alardeado pelos meios de comunica'rao, mesmo a fenomenos mais
simples e bem conhecidos, como a aparencia ffsica de cada ser humano.
Da mesma maneira como esta sendo estudada a proteina M C I R, suas
variantes regionais e liga'rao a problemas de saude, evolu'rao, lingiiistica
e hist6ria das migra'roes humanas, divers as outras proteinas estao sendo
mapeadas. Esperamos para os pr6ximos anos uma acumula'rao de
resultados e aniilises capazes de revelar muito sobre questoes para as
quais, ate entao, pouca evidencia existia.
Em todo caso, sempre hii quem consiga tomar as evidencias, cientificas
ou nao, a favor de suas teorias, por mais absurdas que soem aos demais.
Assim, nao parece possivel vir a ser eliminada, apenas atraves do
conhecimento cientifico, uma longa hist6ria de 6dios e lutas entre os
povos de diferentes origens. POl'em, estamos diante de fatos novos,
vivendo tempos nos quais se entende com muito mais profundidade a
hist6ria de nossa especie, sua rela'rao com as demais e com 0 pr6prio
planeta a nos abrigar.
ILKA DE GITrES NEVES
Faleceu em 11 de agosto do corrente, em Porto Alegre, RS, a S6cia
Titular da Cadeira n° 6 (Patrono Lufs Gonzaga da Silva Leme), assumida
em 10 de dezembro de 1998, a professora e psic610ga Ilka de Gittes
Neves; nascida em Pelotas, RS, em 1° de julho de 1927, ingressou no
Colegio em 29 de fevereiro de 1996; foi s6cia, tambem, do INGERS.
A prof.Ilka publicou divers as obras ligadas a sua formac;:ao e a
genealogia como, por exemplo: "Domingos Jose de Almeida e sua
descendencia - 1987", "Canguc;:u - primitivos habitantes, primeiros
batismos - 1994" e deixa, sem duvida, uma lacuna do quadro social do
CBG.
A Diretoria, em nome de todo 0 Quadro Social do CBG, lamenta 0
seu passamento e cumprimenta os familiares.
RUIVIEIRADA CUNHA
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em lOde outubro deste ano, 0
nosso S6cio Fundador e Membro Titular da Cadeira n° 1 - Patrono
Carlos da Silveira, assumida em 05.11.1968, 0 professor Rui Vieira da
Cunha.
Nascido em 12 de junho de 1926, em Castelo, ES, advogado e
especialista em administrac;:ao publica - cursou, inclusive, a "Ecole
d' Administration Publique", em Paris, Franc;:a,- pesquisador, historiador,
genealogist a e heraldista - membro da "Academie Internationale
d'Heraldique" - , teve uma produc;:ao proffcua em todos estes campos.
Pesquisador
minucioso, monarquista
- prestando, entretanto,
Acham-se abertas sete vagas no Quadro Social: duas para titulares Cadeiras nO 6 - pelo falecimento de Ilka de Gittes Neves, e n° 1 pelo
falecimento de Rui Vieira da Cunha e cinco vagas para adjuntos.
Os interessados deverao preencher as seguintes condic;:5es: a) para
titular: ter trabalho publicado no campo da genealogia ou ciencias afins
e b) para adjunto; identico requisito do item anterior ou estar
desenvolvendo pesquisa geneal6gica de significac;:ao ou abrangencia
para determinado perfodo local ou grupo social, a juizo da Diretoria.
significativos servic;:os como funciomirio do
Ministerio da Justic;:a ,-foi autor de obras de
vulto, entre elas, em varios tomos, 0 "Estudo
da nobreza brasileira": I - Cadetes, II - Fidalgos
de cota-de-armas (pelos dois recebeu 0 Premio
"Alfonso X el Sabio", do Institute Intemacional
de Genealogia y Henildica - Madri, Espanha,
1972), III - 0 parlamento e a nobreza Brasileira,
IV - Grandes do imperio, V - Tratamentos, VI
- Duques e VII - Bispos.
Inumeros artigos e obras como "A ilha da
Trindade e a desapropiac;:ao por utilidade
Rur, DISCURSANDO
internacional", merecedora do "Premio Ruy
NO ANIVERSARIO
Barbosa", foram publicados pelo incansavel e
prolffero articulista.
DE 50 ANOS DO CBG
Genealogista desde tenra idade, primo e
companheiro de pesquisas do tambem falecido Carlos G.Rheingantz fundador e presidente vitalfcio do CBG, grande incentivador das
atividades do Colegio por mais de cinqenta anos, Ruy e uma figura
inesquecfvel, quer como "gentleman" de invulgar cultura, quer como
companheiro das lides geneal6gicas
A familia, em nome de todo 0 Quadro Social, nossas homenagens e a
certeza de nao olvidarmos 0 privilegio de termos podido conviver com
Os s6cios que, preenchendo os requisitos acima, desejarem concorrer
a tais vagas deverao se manifestar, em carta a Diretoria , ate I° de
dezembro pr6ximo.
Fica assegurado aos s6cios titulares, sempre em conjunto de dois, a
faculdade de, no mesmo prazo, proceder a indicac;:aode nomes do quadro
social para concorrer, nas condic;:5es do Estatuto, as referidas vagas,
ficando igualmente assegurado aos s6cios adjuntos identic a faculdade
no tocante as vagas de sua categoria.
DESTINATARIO
REMETENTE
Colegio Bras. Genealogia
Av. Augusto Severo, 8 - 12°
20021-040-Rio
de Janeiro-RJ
IMPREssa
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FAZENDA SANTA ROSA - Colégio Brasileiro de Genealogia